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PROCESSO CRIATIVO Professora: Esp. Aline Cruz Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey Projeto Gráfico Thayla Guimarães Design Gráfico Thayla Guimarães Qualidade Textual Érica Fernanda Ortega DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; CRUZ, Aline; Introdução à Criatividade no Ambiente Organizacional . Aline Cruz; Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 28 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Introdução à Criatividade. 2. Ambiente Organizacional. 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 sumário 06| PROCESSO CRIATIVO: PREPARAÇÃO 10| PROCESSO CRIATIVO: INCUBAÇÃO 15| PROCESSO CRIATIVO: ILUMINAÇÃO 18| PROCESSO CRIATIVO: VERIFICAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender as condições e os passos que orientam a preparação. • Observar os critérios para análise e ideação culminam na eficiência da fase de incubação. • Identificar sob quais circunstâncias a iluminação acontece. • Comprovar de que maneira os resultados são validados mediante a verificação. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Processo Criativo: Etapa Preparação • Processo Criativo: Etapa Incubação • Processo Criativo: Etapa Iluminação • Processo Criativo: Etapa Verificação PROCESSO CRIATIVO INTRODUÇÃO introdução Neste estudo, veremos como ocorrem as etapas do processo criativo clássico e faremos um traçado explicativo sobre o que, especificamente, os períodos de preparação, incubação, iluminação e verificação oferecem para que consiga- mos chegar a uma ideia criativa. No primeiro tópico, abordaremos a fase da preparação, cuja premissa é diag- nosticar o contexto, as alternativas e os diferentes pontos de vista. Assim, para que o ponta pé inicial do processo criativo encontre condições para começar as investigações, fica a cargo do indivíduo combinar as pesquisas de materiais existentes com o exercício de imaginação e fantasia para reunir de maneira consistente, o repertório necessário para conduzir as análises e as práticas nas direções propostas. Contudo, no segundo tópico vamos destacar a importância do período de incubação como forma de processar, selecionar e categorizar os dados a partir de períodos de meditação sobre o problema. No terceiro tópico, ao buscar assimilar o uso de tais métodos e técnicas, veremos como uma mente bem nutrida de informações vai preenchendo as lacunas com os componentes fun- damentais para que a iluminação venha a surgir, e, por fim, discutiremos sobre os requisitos pertinentes à etapa final, em que ocorrerá a verificação da ideia e a análise dos resultados. Pós-Universo 6 Processo Criativo: Preparação O problema bem posto já está em parte resolvido. John Dewey Pós-Universo 7 Neste momento da nossa discussão, vamos tratar do processo criativo dividido em está- gios, o que demonstra que a impressão de que as ideias poderiam brotar repentinamente, sem algum esforço prévio, não passa de uma dedução simplista e bastante superficial. Seguindo essa premissa para chegarmos ao tão almejado Eureka, é preciso combinar um conjunto de fatores responsáveis pelo surgimento das ideias criativas. Sobre essas etapas, vamos abordar o processo criativo clássico - desenvolvido por Graham Wallas em 1926, cujo framework inclui as fases: Preparação; Incubação; Iluminação e Verificação. Etapas do Processo de Preparação: • Coleta de Informação. • Análise Inicial. • Trabalho Consciente. Framework: é uma abstração que une códigos comuns entre vários proje- tos, provendo uma funcionalidade genérica. Fonte: Wikipédia (2017, on-line)1. saiba mais A preparação é o ponto de partida seja para geração de uma ideia, da iniciação de um projeto criador ou para a solução de um problema. É neste período que começam as buscas preliminares por informações e são feitas as relações e associações sobre os conteúdos existentes, entre outros aspectos que trataremos no decorrer do per- curso. É, no entanto, o momento de abrir a mente e explorar as inúmeras alternativas que surgem à nossa frente. “O criador lê, anota, discute, indaga, coleciona, explora, propõe possíveis soluções e pondera suas forças e fraquezas” (KNELLER, 1976, p. 63). “ Fatos, teorias, conceitos, normas, informações, sentimentos e impressões são a matéria prima das novas ideias. E é disso que você precisa (OECH, 1987, p. 33). A fase dedicada ao garimpo tem como requisito transitar por diferentes territórios, e os olhos curiosos vão deparando com um campo inesgotável para investigar – o que, ao mesmo tempo, fascina e aterroriza quem está a procura de achados raros para compor suas ideias. Como é possível encontrar referências em todos os lugares, Pós-Universo 8 é preciso ajustar a visão do “modo paisagem” para o “modo perceptivo”. Nessa tarefa, recomenda-se diversificar as fontes, analisar criteriosamente os dados e praticar a ob- servação, mas, também, é hora de arregaçar as mangas e explorar. Para Oech (1987), um explorador de ideias deve: 1. Estar aberto a novas experiências. 2. Percorrer caminhos diferentes. 3. Estar atento a diferentes pontos de informação. 4. Não subestimar o óbvio. 5. Registrar as ideias. Contudo, a aventura da etapa de preparação referente ao processo não criativo não para por aí. Por isso que ao se expor a um novo desafio é preciso apreciar novos pontos de vista e ir tomando nota das informações. Para tanto, é preciso se entregar a uma atitude desprovida de julgamento precipitado, sem rigidez para abrir possibi- lidades de combinações e propiciar espaço para que a imaginação e conhecimento intelectual e material se entrosem o suficiente e para contarmos com um banco de dados rico em volume, variedade e raridade. “ Entretanto, para que um produto criativo seja gerado conhecimento e técnica não são suficientes. É necessário que o indivíduo desenvolva, também, ha- bilidades associadas à criatividade, tais como flexibilidade, originalidade, sensibilidade a problemas e imaginação (ALENCAR, 2003, p. 48). Veja que essas práticas sem restrições não querem dizer que estaríamos cedendo ao improviso ou dando brecha para atitudes superficiais ou amadoras, pelo contrário, demonstra que estamos desenvolvendo uma habilidade que permite desembaçar um olhar acostumado a enxergar apenas, mais do mesmo. Logo, quem convive em uma atmosfera sem mudanças de ângulos, recebe os mesmos estímulos e gera re- sultados semelhantes, pois não há milagres em se tratando de criatividade. “ Muita gente não parte para explorar – por vários motivos. Um deles é que é fácil se deixar atolar nas rotinas do cotidiano. Na verdade, quebrar a rotina exige esforço. Mas, se você não se empenhar, ficará trancafiado num mesmo lugar, incapaz de descobrir algo novo (OECH, 1987, p. 60). Pós-Universo 9 Todo resultado final, precede um esboço que carece que sejam coletadas referên- cias para que as comparações com as invenções existentes sejam realizadas, ou que as inspirações na natureza sejam vistas. Há que se admitir: são momentos muitas vezes angustiantes, mas compensadores quando se percebe a evolução rumo ao encontro de novas ideias. É comum que na etapa de preparaçãoo fato de investigar o problema em detalhes, o fenômeno de Baader Meinhof se faça presente, fazendo com que nossa atenção se torne seletiva para o foco pesquisado e assim passamos a ver o assunto a cada esquina, artigo, conversa – como uma espécie de coincidência. “ O pensamento criador melhora se relacionarmos o novo fato, com o antigo e todos os fatos entre si. É por isso que, além de procurar novos fatos, precisa- mos da análise para descobrir relações. Por exemplo, procurando semelhanças, podemos descobrir um fator comum que sirva de princípio, a fim de nos guiar no pensamento criador (OSBORN, 1987, p. 126). Figura 1 - Rascunhos da Máquina Voadora de Leonardo da Vinci Da Vinci, por exemplo, como vemos na Figura 1, foi um dos inventores que criaram soluções baseadas na dinâmica dos animais – neste caso, o inventor se inspirou no voo dos pássaros para conceber o que mais tarde viria a ser um paraquedas e o he- licóptero. Pode-se dizer, então, que a etapa de preparação no processo criativo tem a função de ir reunir pistas para ir tornando o estranho em algo possível e familiar. Pós-Universo 10 Processo Criativo: Incubação Quando nos afastamos as sementes continuam a germinar. Oech Pós-Universo 11 Durante a fase de preparação, nós nos abarrotamos de informações, como forma de reunir conteúdo vasto o suficiente para ajudar a mente a desabrochar ideias. Para isso, definimos o problema, fazemos as pesquisas preliminares, realizamos inúmeras com- parações e combinações e, por fim, formulamos diversas perguntas – afinal, para dar sequência ao trabalho, é preciso razoavelmente ir respondendo o “por que” e o “como” fazer. Por isso, na fase inicial, não se deve economizar na exploração do problema. Uma vez especificado o problema de forma clara, o direcionamento tende a seguir progredindo. Ao ter noção do por que fazer, o como fazer vai se delineando à medida que são inseridas novas combinações que surgem a partir de perguntas-chave: como dar melhor aparência? Como oferecer por um preço menor? Como tornar mais fácil de usar? Como cobrar mais caro? Como tornar mais leve? Como fazê-lo mais seguro? “ A boa prospecção exige espírito aberto e exposição ampla, e deve aprofun- dar-se mais do que simples tateando. Teremos de mergulhar no “como” e no “porquê”. A simples contemplação de novo tipo de caneta tinteiro traz muito pouco material para nossa meditação. Entretanto, descobrindo como funcio- na a caneta e qual o motivo de estarem comprando, podemos deparar com uma diretiva a imaginação transformará em ouro. A prospecção deve com- preender também as tentativas inúteis porque se descobrem muitas vezes boas ideias pesquisando causas do fracasso (OSBORN, 1987, p. 122). Assim, pouco a pouco vai sendo montado um esquema que vai guiando o caminho rumo ao encontro das respostas – lembrando que a primeira resposta quase nunca é a mais apropriada. Então, testar não é só válido como também obrigatório. “ O pensamento criador melhora se relacionarmos o novo fato, com o antigo e todos os fatos entre si. É por isso que, além de procurar novos fatos, precisa- mos da análise para descobrir relações. Por exemplo, procurando semelhanças, podemos descobrir um fator comum que sirva de princípio, a fim de nos guiar no pensamento criador (OSBORN, 1987, p. 126). É o momento de abarcar outros recursos e perspectivas da lei da contiguidade. É aí que podemos avaliar as sequências de informação, fazemos as devidas associações e consideramos os contrastes que as soluções atuais possuem em relação ao que pretendemos oferecer de novidade. É a oportunidade de elaborar muitas perguntas considerando as probabilidades mais atípicas, exóticas e até, aparentemente, inviáveis. Pós-Universo 12 Esquema da Lei da Contiguidade: • Sequência • Associação • Contraste Assim, a preparação é o momento de concentrar tempo e análise para detectar os indícios e perceber as chances de conexão para só depois relaxar e permitir que a incubação faça sua parte no processo criativo - deixar o problema descansar. Sim, neste período, é preciso reduzir o ritmo e confiar que todas as informações acumu- ladas serão processadas de maneira que os dados úteis serão preservados e, o que não for, poderão ser excluídos. O cérebro vai percebendo os pontos fracos, fortes, as ameaças e oportunidades, vai realizando uma espécie de análise Swot. Teoria da Contiguidade: indica que todo aprendizado é consequência de associação entre um determinado estímulo e a resposta. O autor defende que estímulos e respostas afetam padrões sensoriais-motores específicos. A teoria da Contiguidade destaca que a motivação tem o papel de criar um estado de excitamento que gera ação dos indivíduos. A teoria entende que recompensas ou punições não têm um papel significativo no aprendi- zado, já que ocorrem depois que a associação entre estímulo e a resposta gerada. Segundo Guthrie o que é aprendido são movimentos e não com- portamentos e sugere também, que o esquecimento ocorre em função de interferências e não do envelhecimento em si. (Edwin Ray Guthrie) reflita SWOT: a análise é um método de planejamento estratégico e gestão que tem o intuito de determinar fatores específicos que contribuam para um diagnóstico claro e eficaz sobre determinado negócio. Por ser extrema- mente útil, é conhecida e utilizada pela maioria dos empreendedores e administradores de empresas, dos mais jovens aos mais experientes. Fonte: http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-con- ceito-e-aplicacao.html saiba mais Pós-Universo 13 Etapas do Processo de Incubação: • Descanso. • Jogo Associativo Inconsciente. • Esquecimento de detalhes. Esse é um momento decisivo em que as associações continuarão a acontecer, agora de forma inconsciente e os pontos vão se identificado e se conectando mais facilmente. E, como em um processo de catalogação, cada pasta vai ocu- pando seu lugar para depois, ser acessada de maneira mais rápida, organizada e coerente. “ Depois de examinar minuciosamente todas as peças relevantes e forçar a mente ao máximo, você poderá deixar o problema “cozinhar em fogo brando”. Essa é a etapa da incubação, quando você digere aquilo que reuniu. Se a pre- paração exige trabalho ativo, a incubação é mais passiva: boa parte do que acontece, fora da sua consciência atenta, no inconsciente. Como se diz, você “dorme sobre o problema” (GOLEMAN, 2003, p.15). Veja que o mundo moderno envolto na sua concepção lógica, pelo excesso de ansiedade, distúrbios como a síndrome do pensamento acelerado, envolto em um ritmo frenético e automático não costuma dar crédito para dois fatores fun- damentais para a incubação: o exercício do devaneio e da intuição, porém, para e pense! Tratando especificamente da intuição, quando enfrentamos um dilema qualquer, ao confiar na intuição, estamos permitindo que as conexões neurais re- corram ao conhecimento armazenado no nosso inconsciente, para nos conduzir a uma resposta válida. Não é tão misterioso quanto parece. É como quando con- seguimos navegar em um site mesmo que nós nunca tenhamos visto antes. O site intuitivo, na verdade, agrupou uma estrutura de distribuição de elementos que nos é familiar e portanto, facilita o reconhecimento dos caminhos a percorrer. Pós-Universo 14 Síndrome do pensamento Acelerado: um mal que hoje provavelmen- te atinge mais de 80% dos indivíduos de todas as idades. Especialmente quem tem atividade intelectual intensa. Ser gestor da psique é saber filtrar estímulos estressantes, fazer a higiene psíquica, reciclar pensa- mentos, reeditar o filme do inconsciente e construir janelas paralelas para superar nossos conflitos. O Eu representa nossa autoconsciência, a consciência da essência humana (o que somos), da nossa identidade (quem somos), do nosso papel social (o que fazemos), da nossa locali- zação no tempo e espaço (onde estamos). Para evitar este mal: evite o excesso de informações;critique os estímulos visuais e sonoros; não se torne escravo da tecnologia; diminua o ritmo e cuidado com a compe- tição predatória. Fonte: Escola da Inteligência ([2017], on-line)2. reflita Assim, fica mais fácil assimilar a importância desses aspectos subjetivos se considerar- mos que apenas 1% do que temos depositado no inconsciente chega ao consciente – isso comprova que temos um depósito repleto de conteúdo da melhor qualidade à nossa disposição, só não está acessível a qualquer hora, é preciso induzí-lo, meditar no problema por meio da incubação. Desse modo, quando nos livramos da pressão exaustiva de pensar no pro- blema, nossa mente vai estabelecendo as conexões adequadas que destravam o acesso às respostas armazenadas nesses arquivos, para isso, como vimos aqui, é preciso garantir condições não só para gerá-las como para localizá-las. Então, me diga uma coisa: quantas vezes tentou achar algo quando estava com pressa ou estressado? Na maioria das vezes, só encontrou quando não esperava mais, não é? Já parou para pensar por que isso acontece? Simples! Ao interrompemos a ace- leração do cérebro, a urgência e a lógica excessiva, as coisas vão se encaixando. E isso só reforça que não à toa as ideias ou as lembranças aparecem nas horas mais inusitadas, seja durante o banho, enquanto dirigimos, caminhamos ou depois de tirarmos um cochilo. Pós-Universo 15 Processo Criativo: Iluminação Penso 99 vezes e nada descubro; deixo de pensar,mergulho em profundo silêncio e eis quea verdade se me revela. Albert Einsten. Pós-Universo 16 A incubação é um período que ao se afastar do problema permitimos que o in- consciente processe todas as informações que estão na superfície consciente, mas, sobretudo, as que estão alojadas no porão do inconsciente e, assim, podem realizar as devidas associações, combinações e eliminações. Em função da mente trabalhar com mais liberdade, durante a incubação o pro- cesso criativo acontece de maneira eficiente quanto a guardar, recuperar ou descartar os dados de acordo com o que, de fato, nos interessa para chegar a melhor alterna- tiva de resposta – a esse momento chamamos de iluminação. Etapas do Processo de Iluminação: • Experiência do Eureka • Surge a Ideia A iluminação se configura como o produto final do processo criativo. É a desco- berta da ideia em si. O insight que tanto se esperava para resolver o problema em questão – o Eureka. “ Com sorte, a imersão e o devaneio conduzem à iluminação, quando, de repente, a resposta surge como que do nada. É a fase que em geral merece toda a glória e atenção. É o momento longamente desejado e ardentemen- te perseguido, a sensação do “É isto!” (GOLEMAN, 2013, p. 18). Em seguida, o processo criativo passa para sua fase mais próxima do tangível. Até aqui muito tempo e esforço foram empregados na definição do problema, na pre- paração, nas inúmeras dúvidas e possibilidades de abordagens, sem contar nas frustrações que fazem parte de cada uma das escolhas para, então, na etapa de incubação, ser possível deixar o problema de molho para que, na sequência, a ilu- minação venha acontecer. Desse modo, fica ainda mais evidente que não se trata de dom, centelha divina ou qualquer coisa parecida. É, talvez, o maior agrupamento de elementos e des- dobramentos subjetivos e práticos em um processo simultâneo de que se tem conhecimento, mas para tanto foram investidos esforço, trabalho árduo e depois, com um intervalo, as peças vão se juntando até formar uma imagem, um impulso, uma solução. Acompanhe o que Mozart revela de seus instantes de iluminação: Pós-Universo 17 “ Quando eu sou completamente eu mesmo e estou inteiramente só e de bom humor – digamos, viajando em uma carruagem, dando uma caminha- da após uma boa refeição, ou durante a noite quando não consigo dormir -, é em tais situações que minhas ideias fluem melhor e com mais abundância. De onde e como elas vêm, eu não sei; nem posso forçá-las (MOZART apud OECH, 1987, p. 55). Normalmente, em um ritmo de trabalho intenso, vamos ficando exaustos até que se esgotam as possibilidades de gerar ideias. A essa altura, é comum que as pessoas apresentem certa irritabilidade, mas que, mesmo assim, insistam em terminar o que começaram. E aí está a falha. Não há tempo hábil para reiniciar o processo, perceber as lacunas. A sobrecarga não permite que as ondas neurais responsáveis pela atenção, pela pesquisa, pelo relaxamento, pelo sono profundo ou pelo insight se sintonizem. Caso a pausa fosse respeitada, o que estava difícil de encontrar, simplesmente emer- giria com passe de mágica. “ O sono acima de tudo tende a facilitar a iluminação, por isso, que promove a nossa faculdade de associação, tanto quanto torna a carregar energia mental (OSBORN, p. 141, 1987). De imediato, constatamos que, para artistas, cientistas, gestores ou para qual- quer outra ocupação que uma pessoa venha a ter, para obter êxito na geração de ideias, tão importante quanto pensar e agir com intensidade, é suspender as atividades por um tempo e deixar que as ideias fluam. Com isso, deve entender que descansar também faz parte do trabalho e interfere diretamente no resul- tado que se busca alcançar. Pós-Universo 18 Processo Criativo: Verificação O que foi elaborado em uma fase de arbor deve ser agora criti- camente examinado, aperfeiçoado, ampliado, condensado. Tchaikovsky Pós-Universo 19 Seguindo a metodologia proposta pelo modelo de processo criativo para geração de ideias e solução de problemas, depois de passada a etapa de preparação, in- cubação, iluminação, é o momento de validação e esse momento é decisivo – pois é nele que realmente avaliamos se a ideia de fato é útil e se será viável aplicá-la. A fase da verificação é uma etapa em que avaliação, redefinição e de- senvolvimento estão em pauta (LUBART, 2007). Etapas do Processo de Verificação: • Exame Crítico da ideia • Conclusão dos detalhes Os wicked problems estão por toda parte. Por inúmeros fatores os problemas complexos, mal estruturados e incompletos produzem uma tensão que gera ainda mais desafios e dificuldades a serem contornadas. Nesse caso, deve-se conferir se o uso da criatividade se expressa realmente, como ferramenta para solução de problemas. Bom, como vimos até aqui, a criatividade é algo construído e ideias inovadoras exigem pensamento não convencional. Por isso, o pensamento criador precisa for- mular questões que fujam do óbvio e, nessa direção, é válido ouvir o que as pessoas dizem sobre o problema, suas expectativas e necessidades. É na observação que pensamento germinativo se funde ao pensamento concreto para identificar uma solução com a proposta mais completa e viável. “ Após o período de produção da ideia, é importante testá-la. O objetivo é verificar a validade e a utilidade da solução proposta. Nessa etapa, o in- divíduo pode, ainda, refinar a ideia gerada. Nesse sentido, é necessário que o criador examine a ideia e decida sobre o melhor momento de co- locá-la em prática (ALENCAR, 2003, p. 55). Pós-Universo 20 Wicked Problems: são problemas incompletos, contraditórios e com re- quisitos mutáveis; as soluções para eles são frequentemente difíceis de reconhecer por conta de sua interdependência. Foi conceitualmente su- gerido por Horst Rittel, um pioneiro do design e professor da Universidade da Califórnia. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Wicked_problem saiba mais Nesse âmbito, a interpretação dos dados gera uma definição de ponto de vista que sintetiza o problema central, que dá os encaminhamentos para a ideação, e os pontos fortes são destacados e as alternativas menos convencionais são extraídas e avaliadas. Para Alencar (2003), os aspectos que devem ser avaliados durante a Etapa de verificação são: • Motivação intrínseca é um fator importante. • As etapas do processo não ocorrem na sequência linear e de maneira sis- temática e organizada do começo ao fim.• No decorrer deste processo, observa-se a conjugação de aspectos cogni- tivos e afetivos. • Bagagem de conhecimentos sobre a área investigada é essencial para o desenvolvido e para a implantação de novas ideias. • Estratégias metacognitivas, como monitoramento e avaliação, são utiliza- das em diferentes momentos do processo. • Condições favoráveis à criação, como disponibilidade de tempo e de recur- sos, devem ser levadas em consideração no processo criativo. E essa é uma etapa que dá ênfase à qualidade das ideias, mas também dos processos. Os resultados só são possíveis quando as definições dos objetivos das etapas de pre- paração, incubação e iluminação são praticáveis efetivamente. Para isso, a criatividade deve ser encarada como elemento chave e estratégico. E por falar em verificação, é chegada a hora de testar. https://pt.wikipedia.org/wiki/Horst_Rittel Pós-Universo 21 O conceito de MVP – mínimo produto viável – é a versão básica para a exposi- ção da ideia ou do projeto. Por meio de protótipos físicos ou visuais, podemos, então, experimentar a aceitação dando espaço para o pensamento concreto julgar se o que temos, literalmente, em mãos, tem chances de funcionar. A partir disso, abre-se espaço para, quando necessário, reestruturar a ideia ou parte-se para a implementação propriamente dita. Assim, podemos entender que o processo criativo precisa acontecer em uma lógica flexível para que as etapas possam ser revisitadas e o trabalho possa ser compatibilizado, aperfeiçoado e posto em prática com qualidade merecida e necessária. MVP: produto viável mínimo. Em empreendedorismo, principalmente no contexto de startups, um produto viável mínimo (MVP, de Minimum Viable Product) é a versão mais simples de um produto que pode ser lançada com uma quantidade mínima de esforço e desenvolvimento. Fonte: Wikipédia (2016, on-line)3. saiba mais atividades de estudo 1. Para chegar ao tão almejado Eureka, é preciso combinar um conjunto de fatores responsáveis pelo surgimento das ideias criativas. Sobre essas etapas, referente ao processo criativo clássico. Assinale a alternativa correta em relação ao frame- work - desenvolvido por Graham Wallas (1926). a) O Processo Criativo Clássico inclui as fases de Preparação; Incubação; Iluminação e Ideação. b) O Processo Criativo Clássico inclui as fases de Preparação; Incubação; Iluminação e Verificação. c) O Processo Criativo Clássico inclui as fases de Modo Paisagem; Modo Perceptivo; Iluminação e Verificação. d) O Processo Criativo Clássico inclui as fases de Preparação; Brainstorming; Baader Meinhof e Verificação. e) Nenhuma das alternativas está correta. 2. O período de investigação do problema é a oportunidade de elaborar muitas per- guntas considerando as probabilidades mais atípicas, exóticas e até, aparentemente, inviáveis. Entre outros recursos utilizados, o processo criativo é a lei da conti- guidade. Sobre as etapas desta lei, assinale a resposta correta. a) Sequência, Associação e Contraste. b) Verificação, Associação e Sequência. c) Incubação, Contraste e Verificação. d) Sequência, Associação e Verificação. e) Nenhuma das alternativas está correta. atividades de estudo 3. De acordo com Mozart (apud OECH, 1987), “Quando eu sou completamente eu mesmo e estou inteiramente só e de bom humor – digamos, viajando em uma car- ruagem, dando uma caminhada após uma boa refeição, ou durante a noite quando não consigo dormir -, é em tais situações que minhas ideias fluem melhor e com mais abundância. De onde e como elas vêm, eu não sei; nem posso forçá-las”. Com base nessa citação do autor, marque a alternativa correta de qual etapa do processo criativo ela melhor representa: a) Etapa de Preparação. b) Etapa de Verificação. c) Etapa de Incubação. d) Etapa de Iluminação. e) Nenhuma das alternativas está correta. resumo No desenrolar deste estudo, compreendemos como ocorrem as etapas do processo criati- vo clássico cunhado por Graham Wallas, da preparação à verificação das ideias. No primeiro tópico, observamos as condições e os passos que orientam a preparação a importância da pesquisa, mas também da imaginação para, de fato, preparar o terreno para as demais etapas que virão. Nesse sentido, ficou mais simples compreender a dinâmica e os critérios para análise e para ideação dos eventos psíquicos que culminam na eficiência da fase de incubação. Ficou nítido, também, a relevância de destinar tempo para que o problema amadureça para que novas respostas venham à tona. Diferente do que o senso comum propõe, não é perda de tempo tratar o ócio como parte do processo. Afinal de contas, toda máquina precisa de pausas para reiniciar o processo de desempenho de seus componentes – com nosso cérebro não poderia ser diferente. A partir disso, no terceiro tópico identificamos sob quais circunstâncias a iluminação encon- tra meios para acontecer, em geral nas situações mais inusitadas e inesperadas justamente pela incubação ter conseguido conduzir bem o processo. Notamos, por fim, que mediante a verificação estabelecida de maneira criteriosa e responsável, podemos ponderar a ideia proposta, no sentido de experimentar, testar, ajustar ou comprovar de que maneira os re- sultados podem ser validados e a solução ser efetivamente aplicada. material complementar The Art of Thought Autor: Graham Wallas Editora: Solis Press Sinopse: Sinopse: Graham Wallas (1858-1932) foi um psicólogo social e educacional que ajudou a fundar a London School of Economics. Esta edição baseia-se na primeira edição de 1926 e foi totalmente reiniciada em novo tipo. Wallas é claramente corajoso, tolerante, profundamente observador e amplamente experiente em assuntos sociais. Ele apresenta o processo criativo clássico composto pelas etapas de preparação, incubação, iluminação e verificação. Divergente Ano: 2016 Sinopse: a sociedade do futuro se divide em cinco facções. Beatrice cresceu na Abnegação, mas o teste por que passam todos os jovens aos 16 anos determina a que grupo querem se unir, revelando que ela é uma divergente. A jovem deve então decidir entre ficar com sua família ou ser quem ela realmente é. Na Web Austin Kleon é autor do livro Roube como um Artista (da Editora Rocco, 2013) e fala sobre cria- tividade como poucos, de forma prática, leve e bastante útil. Vale a pena passar pelo seu blog. Disponível em: http://austinkleon.com/. referências ALENCAR, Eunice Soriano de; FLEITH, Denise de Sousa. Criatividade: Múltiplas perspecti- vas. Brasília: Universidade de Brasília, 2003. GOLEMAN, Daniel. O Espírito Criativo. São Paulo: Editora Pensamento – Cultrix, 2013. KNELLER, George. Arte e Ciência da Criatividade São Paulo: IBRASA, 1976. LUBART, Toddy. Psicologia da Criatividade. Porto Alegre, Artmed, 2007. OECH, Roger Von. Um chute na Rotina: Os papéis do processo criativo. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1987. OSBORN, Alex F. O Poder Criador da Mente: Princípios e processos do pensamento criador e do “Brainstorming”. São Paulo, 1987. Referências on-line 1Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Framework>. Acesso em: 25 ago. 2017. 2Em: <https://escoladainteligencia.com.br/dica-ei-a-sindrome-do-pensamento-acelera- do/>. Acesso em: 12 set. 2017. 3 Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_vi%C3%A1vel_m%C3%ADnimo>. Acesso em: 28 ago. 2017. resolução de exercícios 1. b) O Processo Criativo Clássico inclui as fases de Preparação; Incubação; Iluminação e Verificação. 2. a) Sequência, Associação e Contraste. 3. d) Etapa de Iluminação. h.xlz246f6wljq h.efapaovhq5to h.wojrldyw2oye h.ctgj6aiaosst h.7e22whnbrbkb h.bbp44t58jpy2 h.w2i1rq7y7m1p h.njzl2tb31vxx h.s5bykv2vimop Processo Criativo: Preparação Processo Criativo: Incubação Processo Criativo: Iluminação Processo Criativo: Verificação
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