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Formação Sociocultural e Ética

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FORMAÇÃO 
SOCIOCULTURAL 
E ÉTICA
PROF.ª ME. ANDERSON CÊGA
SUMÁRIO
AULA 01 
AULA 02 
AULA 03 
AULA 04 
AULA 05 
AULA 06
AULA 07 
AULA 08 
AULA 09 
AULA 10 
AULA 11 
AULA 12
AULA 13 
AULA 14 
AULA 15 
AULA 16
EDUCAÇÃO AMBIENTAL - CONCEITOS 4
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – RESPONSABILIDADE POR DESASTRES AMBIENTAIS 15
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – CRIMES AMBIENTAIS 22
HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA 37
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS – DIVERSIDADE HUMANA 49
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS - CONCEITO 57
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA 66
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – DIREITO DAS MULHERES 79
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – DIREITO DAS CRIANÇAS 93
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – DIREITO DOS IDOSOS 104
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – IDENTIDADE DE GÊNERO 111
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – HOMOFOBIA 120
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS
 129
ÉTICA - CONCEITO 144
ÉTICA E O MUNDO GLOBALIZADO DE HOJE 157
ÉTICA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO 168
INTRODUÇÃO
O presente tem a finalidade de leva-lo a jornada do conhecimento desmitifican-
do muitas “verdades” aparentes do conhecimento popular. E assim ao longo da 
jornada iremos descobrir realmente do que se trata o direito ambiental, a cultura 
afro-brasileira, as relações étnico raciais, os direitos humanos e a ética.
A cada passo uma nova descoberta, um novo rumo que mudará completamen-
te todo o seu modo de ver e pensar a respeito de cada tema proposto. Espero que 
goste da forma apresentada, bem como a clareza desenhada no trajeto, para que 
ao final, possa refletir e considerar como sua mente, seu conhecimento e a forma 
como enxerga o presente se alterou. Lembre-se, deixe anotado o que pensa a 
respeito de cada tema, antes de iniciar os seus estudos, e ao final reveja como o 
enxerga após o conhecimento adquirido.
Parabéns por chegar até aqui, o primeiro passo, nos vemos ao final, e sincera-
mente espero que tenha repensado sua forma de enxergar o presente em uma 
perspectiva solidária global.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL - 
CONCEITOS
AULA 01
5
A Lei 6.938/1981 trouxe a definição legal de meio ambiente:
“Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
No entanto, trata-se de conceito restritivo, segundo aponta Vladimir Passos 
de Freitas, pois se limitaria aos recursos naturais, justificado pela época em que 
a lei foi editada.
O Supremo Tribunal Federal segue defende:
“a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por interesses em-
presariais nem ficar dependente de motivações de índole meramente econômica, 
ainda mais se se tiver presente que a atividade econômica, considerada a disciplina 
constitucional que a rege, está subordinada, dentre outros princípios gerais, àquele 
que privilegia a ‘defesa do meio ambiente’ (CF, art. 170, VI), que traduz conceito amplo 
e abrangente das noções de meio ambiente natural, de meio ambiente cultural, de 
meio ambiente artificial (espaço urbano) e de meio ambiente laboral”.
De qualquer sorte, assim restou consagrada em nosso país, mas que represen-
ta muito mais do que a imediata e precipitada conclusão de que seria apenas o 
meio ambiente natural, como ar, solo, água, fauna e flora conforme prevê o con-
ceito legal. Portanto, precisamos entender que temos um meio ambiente natural, 
cultural, artificial e do trabalho.
O objetivo da classificação é identificar a atividade degradante e o bem atingido 
pela agressão, mantendo a unidade conceitual de meio ambiente. Carlos Frederico 
Marés defende que:
“O meio ambiente, entendido em toda a sua plenitude e de um ponto de vista hu-
manista, compreende a natureza e as modificações que nela vem introduzindo o 
ser humano assim, meio ambiente é composto pela terra, a água, o ar, a flora e a 
fauna, as edificações, as obras-de-arte e os elementos subjetivos e evocativos como 
a beleza da paisagem ou a lembrança do passado, inscrições, marcos ou sinais de 
fatos naturais ou da passagem de seres humanos”.
6
Portanto, podemos facilmente observar que o conceito de ambiente vai além 
daquilo que foi definido pela legislação e podemos classificá-lo em quatro cate-
gorias distintas:
CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO
Ambiente Natural É a água, o ar, o solo, a flora e a fauna 
e o equilíbrio dinâmico entre todos os 
seres vivos o local onde
vivem. Ex.: § 1.º do art. 225 da CF.
Ambiente Artificial Está relacionado ao meio urbano, sendo 
o espaço construído (conjunto de edifica-
ções). Ex.: arts. 182 e 21,
XX, da CF e o Estatuto da Cidade – Lei 
10.257/2001.
Ambiente Cultural Descreve a história de um povo, sendo 
integrado pelo patrimônio artístico, paisa-
gístico, arqueológico,
turístico, etc. Ex.: art. 216 da CF.
Ambiente Laboral ou do Trabalho É o ambiente onde as pessoas realizam 
as suas atividades de trabalho, sejam 
elas remuneradas ou
gratuitas. As palavras-chave são salubri-
dade e saúde físico-psíquica. Ex.: arts. 7.º, 
XXIII, e 200, VII, da CF.
MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL
Entende-se como meio ambiente artificial o espaço urbano construído, con-
siderando as edificações (espaço urbano fechado) e os equipamentos públicos 
(espaço urbano aberto) – ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral. Re-
sumidamente, é a ação do homem consistente em transformar o meio ambiente 
natural em artificial. Também é chamado de meio ambiente construído por ser 
formado por todos os assentamentos humanos e seus reflexos urbanísticos.
O melhor exemplo de transformação é a cidade; daí todas as preocupações 
em relação à qualidade de vida, expressão utilizada tanto no caput do art. 225 
como no inciso V do seu § 1.º. Citando José Afonso da Silva, Elida Séguin aponta 
para uma disciplina autônoma do Direito Ambiental a partir do meio ambiente 
construído: o Direito Urbanístico. E com razão, pois as preocupações são as mes-
mas e o Estatuto da Cidade, que instituiu diretrizes gerais para política urbana, 
representa isso.
7
A poluição sonora, por exemplo, é uma das formas de degradação ao meio am-
biente artificial, conforme já decidiu o STJ ao admitir a legitimidade do Ministério 
Público para propor ação civil pública na defesa da segurança do trânsito, matéria 
relativa à ordem urbanística, com vistas à proteção de direitos difusos e coletivos.
Se nós tínhamos antes da Constituição Federal de 1988 uma política nacional 
do meio ambiente (natural), a partir dela, por meio do art. 182 do texto constitu-
cional, passamos a ter também uma política de desenvolvimento urbano para a 
tutela do meio ambiente artificial e regulamentada pelo Estatuto da Cidade (Lei 
10.257/2001).
Esta lei estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o 
uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar 
dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental (art. 1.°, parágrafo único). Den-
tre as diretrizes gerais da política urbana, aquelas que merecem destaque para o 
meio ambiente artificial são as seguintes:
• a garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito 
à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura 
urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, 
para as presentes e futuras gerações (art. 2.°, I);
• o planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição es-
pacial da população e das atividades econômicas do Município e do 
território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as dis-
torções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio 
ambiente (art. 2.°, IV);
• a ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inade-
quados em relação à infraestrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades quepossam fun-
cionar como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infraes-
trutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subu-
tilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; 
g) a poluição e a degradação ambiental (art. 2.°, VI);
8
• a adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de 
expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade am-
biental, social e econômica do Município e do território sob sua área de 
influência (art. 2.°, VIII);
• a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e 
construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e ar-
queológico (art. 2.°, XII);
• a audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos 
processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efei-
tos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou cons-
truído, o conforto ou a segurança da população (art. 2.°, XIII).
MEIO AMBIENTE CULTURAL
O patrimônio ambiental cultural ou meio ambiente cultural é aquele que abran-
ge, segundo Vladimir Passos de Freitas, as “obras de arte, imóveis históricos, 
museus, belas paisagens, enfim tudo o que possa contribuir para o bem-estar 
e a felicidade do ser humano” ou “aquilo que possui valor histórico, artísti-
co, arqueológico, turístico, paisagístico e natural”, nas palavras de Luís Paulo 
Sirvinskas.
O art. 216 da Constituição Federal conceitua o patrimônio cultural brasileiro 
como aqueles “bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente 
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos 
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” e nos quais se incluem:
I. as formas de expressão;
II. os modos de criar, fazer e viver;
III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados 
às manifestações artístico-culturais;
V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
A Emenda Constitucional 48/2005 veio a acrescentar a previsão de que a lei es-
tabelecerá o Plano Nacional de Cultura – PNC que, segundo o § 3.º do art. 215, terá 
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural brasileiro e à integração 
9
das ações do Poder Público que conduzem, entre outras, à defesa e valorização 
do patrimônio cultural brasileiro (inciso I). Este plano está em fase de elaboração 
na Câmara dos Deputados.
Por sua vez, o Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá 
e protegerá o patrimônio cultural brasileiro – art. 216, § 1.°, da CF – por meio de:
• inventários;
• registros;
• vigilância;
• tombamento;
• desapropriação, e
• de outras formas de acautelamento e preservação.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, autarquia fe-
deral, é o órgão responsável pela preservação, defesa e valorização do patrimônio 
cultural brasileiro.
Em dezembro de 2009, a Justiça Federal condenou o IPHAN por ter deixado de 
aplicar multas por danos ao patrimônio histórico e artístico nacional, previstas no 
Decreto-lei 25/1937, visto que o instituto tem poder de polícia para agir em defesa 
dos bens públicos tombados.
Segundo o art. 1.º do decreto referido, constitui o patrimônio histórico e artís-
tico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja con-
servação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis 
da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, 
bibliográfico ou artístico.
Em nível mundial de preservação do patrimônio histórico, cultural e natural, o 
principal órgão internacional é a Organização das Nações Unidas para a Educação, 
a Ciência e a Cultura – UNESCO.
Mas qualquer cidadão, desde que prove a sua cidadania com título eleitoral 
ou com documento que a ele corresponda, é parte legítima para propor ação po-
pular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o 
Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio 
histórico e cultural (art. 5.°, LXXIII, da CF). A ação popular está regulamentada pela 
Lei 4.717/1965 e considera patrimônio público para este fim os bens e direitos de 
valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico (art. 1.°, § 1.°).
Por sua vez, não podemos esquecer que o Ministério Público tem a função de 
promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio pú-
10
blico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos (ciência 
do inciso III do art. 129 da CF).
O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que:
“MEIO AMBIENTE. Patrimônio cultural. Destruição de dunas em sítios arqueológicos. 
Responsabilidade civil. Indenização. O autor da destruição de dunas que encobriam 
sítios arqueológicos deve indenizar pelos prejuízos causados ao meio ambiente, 
especificamente ao meio ambiente natural (dunas) e ao meio ambiente cultural 
(jazidas arqueológicas com cerâmica indígena da Fase Vieira). Recurso conhecido 
em parte e provido”.
Atente-se ainda que compete aos municípios, segundo o inciso IX do art. 30 
da CF, promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a 
legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. O inciso III do art. 23 também 
da Carta Magna distribui competência entre a União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios para proteger os documentos, as obras e outros bens de valor históri-
co, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios 
arqueológicos.
Por fim, a Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) prevê a proteção do meio am-
biente natural e artificial e também do patrimônio cultural, histórico, artístico, 
paisagístico e arqueológico (art. 2.º, XII).
MEIO AMBIENTE LABORAL OU DO TRABALHO
O meio ambiente laboral é aquele que envolve as condições do local onde 
é prestado o serviço pelo trabalhador, observada a sua saúde. Nas palavras de 
Wellington Pacheco Barros, “é o conjunto de condições, fatores físicos, climáticos 
ou qualquer outro que, interligados, ou não, estão presentes e envolvem o local 
de trabalho da pessoa humana”.
Ou seja, no meio ambiente laboral, é observada a salubridade no processo de 
produção e que envolvem fatores químicos, biológicos e físicos. Por exemplo, o 
STJ já decidiu, observando o meio ambiente do trabalho, que é aplicável sanção 
administrativa ao empregador que, embora coloque EPI (Equipamento de Prote-
ção Individual) à disposição do empregado, deixa de fiscalizar e fazer cumprir as 
11
normas de segurança, pois seu fornecimento e uso são obrigatórios.
Outro exemplo, o STJ decidiu que é cabível ação civil pública com o objetivo de 
afastar danos físicos a empregados de empresa em que muitos deles já ostenta-
vam lesões decorrentes de esforços repetitivos (LER), tendo o Ministério Público 
Estadual legitimidade para propô-la, pois se refere à “defesa de interesse di-
fusos, coletivos ou individuais homogêneos, em que se configura interesse 
social relevante, relacionados com o meio ambiente do trabalho”.
E por se tratar das condições de trabalho, o STF determinou que:
“COMPETÊNCIA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – CONDIÇÕES DE TRABALHO. Tendo a ação 
civil pública como causas de pedir disposições trabalhistas e pedidos voltados à pre-
servação do meio ambiente do trabalho e, portanto, aos interesses dos empregados, 
a competência para julgá-la é da Justiça do Trabalho”.
Portanto, o meio ambiente do trabalho está diretamente relacionado com a 
segurança do empregado em seu local de trabalho, conforme conclui Luís Paulo 
Sirvinskas, tendo em vista que o “direito ambiental não se preocupa somente 
com a poluição emitida pelas indústrias, mas também deve preocupar-se com a 
exposição direta dos trabalhadores aos agentes agressivos”.
Elida Séguin apontacomo riscos ambientais presentes nos ambientes de tra-
balho:
• Riscos físicos, como ruído, vibração, temperaturas extremas, pressões 
anormais,
• Radiações ionizantes e não ionizantes;
• Riscos químicos, como poeiras, fumos, gases, vapores, névoas e nebli-
nas, entre outros;
• Riscos biológicos, como fungos, helmitos, protozoários, vírus, bactérias, 
entre outros.
O inciso VIII do art. 200 da CF constitui o fundamento constitucional do meio 
ambiente do trabalho, senão vejamos:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos 
termos da lei:
…
12
VIII – Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do tra-
balho.
O próprio capítulo Dos Direitos Sociais aponta para a preocupação do consti-
tuinte naqueles direitos que buscam a redução dos riscos inerentes ao trabalho 
por meio de normas de saúde, higiene e segurança (art. 7.º, XXII). A Norma Regu-
lamentadora 15 (NR 15) trata das atividades e operações insalubres.
Isto está 
na rede
O Brasil figura como o 5º país do mundo em número de usuários com 
acesso à Internet, com o total de 75 milhões de internautas. Neste ranking, 
conforme dados do Internet World Stats , ficamos atrás da China, EUA, Japão 
e Índia, respectivamente. Um país com quase 200 milhões de habitantes 
poderia ter maior representatividade nesse panorama. Contudo, são mui-
tos os motivos que impedem os brasileiros de usarem mais a Internet e a 
tecnologia da informação. Entre os entraves, por exemplo, há a barreira do 
idioma, pois na rede predomina o inglês, o alto custo da banda larga que 
permite a conectividade, os valores expressivos dos produtos tecnológicos, 
como, computadores, notebooks, softwares e outros. E afinal, no âmbito 
digital, o cidadão é tratado com dignidade? Agora, estes e outros questiona-
mentos ganham uma nova perspectiva dentro do direito ambiental, trata-se 
do meio ambiente digital. Para abordar este novo ramo, o Observatório Eco 
entrevista o jurista Celso Antonio Pacheco Fiorillo, que acaba de ser desig-
nado pelo presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, para presidir 
o Comitê de Defesa da Dignidade da Pessoa Humana, no âmbito do Meio 
Ambiente Digital/Sociedade da Informação. Fiorillo defende a necessidade 
de darmos “relevância” à defesa da dignidade da pessoa humana no deno-
minado meio ambiente digital. Para o jurista, o Brasil precisa interpretar a 
“cultura digital” tendo como parâmetro a Constituição Federal, respeitando 
e aplicando, por exemplo, os importantes conceitos inseridos nos artigos 
215 e 216, que tratam da educação e da responsabilidade do Estado de 
garantir a todos o acesso à cultura.
Fonte: https://observatorio-eco.jusbrasil.com.br
https://observatorio-eco.jusbrasil.com.br/noticias/2574327/meio-ambiente-digital-a-nova-fronteira-do-direito-ambiental
13
Isto acontece 
na prática
“BRIGA DE GALOS” (AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nº 1.856/
RIO DE JANEIRO) Caso de notável relevância para o meio ambiente, em seu 
sentido ampliado, abordou a constitucionalidade da denominada “briga 
de galos”, assunto submetido ao crivo do Plenário do Supremo Tribunal 
Federal a partir do ajuizamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 
(ADI) nº 1.856/RJ (Brasil, 2011), proposta pelo procurador-geral da Repú-
blica, tendo como relator o ministro Celso de Mello, demanda julgada 
em 26.5.2011, quando se decidiu que a referida prática configura crime 
previsto no art. 32 da Lei nº 9.605/98, de 12.2.1998 (Brasil, 1998), sendo, 
ainda, atentatória à própria Constituição da República, não configuran-
do simples manifestação cultural, mas inquestionável ato de crueldade 
contra os animais empregados na disputa, cuja proteção jurídica, com 
nítido escopo socioambiental, encontra amparo na Lei Fundamental. Re-
sumidamente, no voto proferido pelo ministro relator, Celso de Mello 
(Brasil, 2011), reconheceu-se o impacto negativo que a legislação atacada 
representaria para a incolumidade do patrimônio ambiental dos seres 
humanos e para a preservação da fauna, razão pela qual se reconheceu a 
existência de conflito entre a Lei nº 2.895, de 20 de março de 1998 (Estado 
do Rio de Janeiro, 1998), a qual admitia e até mesmo regulava a chamada 
“briga de galos”), e a regra prevista no art. 225, caput, e § 1º, VII, da Cons-
tituição Federal (Brasil, 1988), dispositivo que veda qualquer crueldade 
contra os animais. Celso de Mello (Brasil, 2011), citando balizada doutrina 
da área ambiental, relembrou que o Constituinte, ao proteger a fauna 
e vedar práticas que submetam os animais a atos crueldade, objetivou 
tornar efetivo o direito fundamental à preservação da integridade do 
meio ambiente
14
Anote isso
MEIO AMBIENTE, se divide em Natural, Artificial, Cultural e Laboral. Não 
associe assim de agora em diante o Meio Ambiente apenas a grama, rios 
e animais.
15
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – 
RESPONSABILIDADE POR 
DESASTRES AMBIENTAIS
AULA 02
16
1984 - Vila Socó - uma falha em dutos subterrâneos da Petrobras espalhou 700 mil litros de gasoli-
na nos arredores dessa vila, localizada também em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio 
destruiu parte de uma comunidade local, deixando quase cem mortos. 
Vila Socó depois da tragédia | Foto: Reprodução | O popular
Fonte: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-
-e-no-mundo
Os desastres ambientais sempre chamam a atenção por sua extensão aos 
seres humanos, a exposição e a desapropriação forçada com que as pessoas são 
expostas pela destruição de seus bens, bens estes que muitos levaram a vida toda 
para conseguir reunir e assim propiciar conforto a seus entes queridos.
No entanto o que poucas pessoas sabem é que o Estado em nosso caso o 
Brasil, é o responsável direto pelos desastres ambientais 
O fundamento constitucional da responsabilização civil do Estado vem do pará-
grafo 6º, do artigo 37, o qual assegura que as pessoas jurídicas de direito público 
e as de direito privado prestadoras de serviço público respondem pelos danos 
que seus agentes causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra 
o agente causador, quando este atuar com dolo ou culpa.
A ideia central da responsabilização civil do Estado é a de que quem obtém 
o bônus, arca com o ônus, ou seja, como os serviços estatais a todos aproveita, 
nada mais justo que estes - a sociedade - respondam pelos danos decorrentes 
daquela atividade.
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo
https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres-ambientais-no-brasil-e-no-mundo
17
A Constituição Federal se refere a responsabilidade objetiva do estado para 
com os lesados, excepcionando, todavia, ao servidor público, a responsabilidade 
subjetiva.
A responsabilização objetiva do Estado existe desde a Constituição Federal de 
1.946 (artigo 194), e foi repetida nas Constituições seguintes, de 1.967 (artigo 105) 
até chegar ao texto atual do artigo 37, § 6º.Oportuno o destacar que “tal respon-
sabilidade não será elidida nem mesmo pela alegação de legalidade da atividade 
empreendida, tendo em vista caber ao Estado responder pelos danos decorrentes 
da consecução de suas políticas públicas”
Enquanto que no antigo liberalismo cabia ao Estado abster-se da sociedade, 
no pós-modernismo é seu dever realizar prestações positivas no campo social, 
haja vista que:
“…enquanto os ‘direitos individuais’ significam um não fazer do Estado e dos demais 
agentes públicos, os ‘direitos sociais’ devem ser vistos como aqueles que têm por 
objetivo ‘atividades positivas’ do Estado, do próximo e da sociedade, para subminis-
trar aos homens certos bens e condições. “
Assim, “no Estado Democrático de Direito a base do Direito Administrativo só 
pode ser o Direito Constitucional”. O artigo 225 da Constituição Federal determina 
à sociedade e ao Poder Público o deverde proteção ambiental e, seu artigo 170, 
IV, dispõe que as atividades econômicas só se legitimam quando preservam o 
meio ambiente.
Não restam dúvidas que o artigo 225, § 3º, da Constituição Federal recepcionou 
a norma insculpida no artigo 14 e seu parágrafo 1º, da Lei nº 6.938/81, que esta-
belece a Política Nacional do Meio Ambiente, dispondo expressamente que quem 
deixar de tomar as medidas necessárias à preservação ou correção de danos 
ambientais deverá, independentemente de sua culpa, repará-los ou indenizá-los:
Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, esta-
dual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação 
ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da quali-
dade ambiental sujeitará os transgressores:
…
§ 1º. - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor 
18
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os 
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. …
É expresso o caput do citado artigo sobre a possibilidade de responsabilização 
por omissão. O artigo 225, caput, da Constituição Federal, determina uma ação 
estatal e da sociedade, tanto preventiva como repressiva à proteção ambiental e, 
seu parágrafo primeiro reforça o dever do Poder Público a tal incumbência, daí a 
concluir que há uma obrigação pré-existente de tutela ambiental do Estado, sur-
gindo, consequentemente, a possibilidade de sua responsabilização por omissão.
Outrossim, o dispositivo legal acima mencionado usa a expressão poluidor 
que, segundo definição da própria Lei 6.938/81é toda “… pessoa física ou jurídi-
ca, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividade causadora de degradação ambiental” (Art. 3º, IV).
Decorrência disto é a legitimidade passiva solidária de todo aquele que con-
tribuir, direta ou indiretamente, para a degradação ambiental, ou seja, a pessoa 
física que emanou o ato também é responsável solidariamente à pessoa jurídica 
pela qual atuou.
Nota-se que o aludido dispositivo não faz distinção entre poluidor público ou 
privado, logo, da mesma forma que o administrador de uma empresa privada 
responde pelos danos ambientais por ela provocados, o administrador público 
responderá pelos danos ambientais provocados pela pessoa jurídica de direito 
público a qual representa, porém pela teoria subjetiva, conforme reza o artigo 37, 
§ 6º, da Constituição Federal.
Neste ponto discordamos de parte da doutrina que entende haver uma equipa-
ração isonômica entre o poluidor público e o privado, uma vez que a Constituição 
Federal expressamente excepcionou ao servidor público, a responsabilização nos 
casos de dolo ou culpa, ao passo que, em relação ao representante de pessoa 
jurídica de direito privado, a responsabilização por danos ambientais será inde-
pendentemente de culpa.
Não obstante se trate de um macro bem - meio ambiente - não há como pre-
valecer a legislação infraconstitucional em face de disposição expressa da Cons-
tituição Federal, devendo-se fazer uma interpretação conforme a constituição do 
artigo 3º, IV, da Lei 6.938/81.
Não há dúvidas, entretanto, ser cabível a responsabilização do agente público 
pelos danos ambientais, aos quais a pessoa jurídica de direito público que ele 
19
representa for poluidora direta ou indireta.
Isto porque, como ensina Paulo Affonso Leme Machado, os bens ambientais 
são valores constitucionais indisponíveis e, não raras vezes, a discricionariedade 
administrativa os interpreta em conformidade às suas expectativas - legítimas ou 
não - incorrendo em prejuízos aos seres humanos.
Aliás, a ação administrativa deve-se pautar pelos princípios da legalidade, mo-
ralidade, eficiência, impessoalidade e publicidade (Art. 37, caput, da Constituição 
Federal, e Art. 4º da Lei nº 8.429/92).
O parágrafo 4º, do artigo 37, da Constituição Federal, cumulado com sua re-
gulamentação infraconstitucional, a Lei nº 8.429/92, elenca atos considerados de 
improbidade administrativa e as respectivas sanções.
O ato improbo pode decorrer do recebimento de numa vantagem indevida 
para deixar de praticar algo que deveria fazer, ou para fazer algo que não deveria 
(Art. 9º da Lei nº 8.429/92). Pode decorrer também de qualquer dano ambiental 
gerado por ação ou omissão, dolosa ou culposa, que lese o erário público (Art. 10, 
da Lei nº 8.429/92). Além destes, pode decorrer até mesmo da infringência de um 
dos princípios da administração pública (Art. 11, da Lei nº 8.429/92), sujeitando, 
em qualquer dos casos, o responsável às penalidades previstas nos artigos 37, § 
4º da Constituição Federal, e 12º, da Lei nº 8.429/92.
Frisa-se, outrossim, que não cabe ao Estado escusar-se ao cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção dos danos ambientais alegando a 
cláusula da reserva do possível. A Declaração de Estocolmo sobre Meio Ambiente, 
da Organização das Nações Unidas, determina aos Estados em desenvolvimento 
obrigação de planejamento integrado para assegurar a compatibilidade entre 
desenvolvimento e preservação ambiental (princípio 13º) e, a questão já foi posta 
a apreciação do Supremo Tribunal Federal, que julgou incabível alegação da re-
serva do possível diante da omissão estatal na implantação de políticas públicas 
previstas na Constituição Federal, sempre que a omissão vier a comprometer a 
eficácia e integridade de direitos sociais.
Deve o Estado, portanto, priorizar políticas públicas definidas no texto consti-
tucional, dentre as quais está a preservação e defesa do meio ambiente ecologi-
camente equilibrado para as gerações presente e futuras (Art. 225).
O que vemos, no entanto, é o descaso do Poder Executivo para com a preser-
vação ambiental, haja vista o descompromisso com os órgãos ambientais respon-
sáveis, que não têm equipamentos modernos, tampouco quantidade e qualidade 
20
de pessoal necessários ao serviço de fiscalização e inspeção das obras e serviços 
potencialmente poluidores. Seus veículos estão sucateados e não há pessoal ha-
bilitado suficiente à demanda do país, o que se reflete na falha dos serviços de 
fiscalização ambiental e o grande número de danos ao meio ambiente.
Isto reforça a necessidade de responsabilização do Estado por omissão na 
preservação e proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado que, ape-
sar de ser direito fundamental do ser humano e dever constitucional expresso 
do Poder Público, é tratado com desaso pelo Poder Executivo que não a prioriza.
Assim, “se o Estado lesar um bem juridicamente protegido para satisfazer 
um interesse público, mediante conduta comissiva legítima, responderá com 
fundamento no princípio da isonomia, pois, se todos se beneficiam com con-
duta do Estado, também deverão arcar com seu ônus”, além de que, a repa-
ração do dano aproveitará a toda a sociedade e, na impossibilidade da repará-lo, 
a indenização deve ser destinada a um fundo de reparação do meio ambiente, 
uma vez que, em qualquer dos casos, a sanção imposta ao Estado se reverterá 
em benefício social.
O Estado, entretanto, não é um segurador universal, cabendo uma análise 
caso a caso sobre o seu dever fiscalizatório em relação ao dano causado, para ser 
legitimado passivo de uma ação reparatória, uma vez que:
Para que haja responsabilização em matéria ambiental, pois, é necessário ape-
nas verificar se, no caso concreto, o sujeito se caracteriza como poluidor direto ou 
indireto, o que passa pela ideia de nexo e, no caso de omissão do Estado, deverá 
considerar a natureza e os limites de seu dever fiscalizatório. Por isto é que, em 
casos tais, para que o Estado possa ser considerado poluidor indireto o intérpre-
te deverá perscrutar a existência de culpa administrativa, isto é, se a fiscalização 
podia ou não ser exigida da Administração (17).
Em suma, em se tratando de responsabilidade na reparação de dano ambien-tal por ação, basta a conduta, o resultado e o nexo causal, ainda que indireto, ao 
passo que, para a responsabilização por omissão, acresce-se aos elementos retro 
mencionados a culpa administrativa que, conforme narrado, significa o simples 
não funcionamento do serviço.
Esta culpa administrativa é mais facilmente identificada, e até presumida, na-
quelas atividades potencialmente poluidoras às quais a lei exige prévio licencia-
mento ambiental, podendo, entretanto, o Estado elidir a presunção da culpabili-
dade.
21
Isto está 
na rede
Desastres ambientais e mudanças climáticas marcam 1º dia do Fórum 
Mundial da Água, que ocorreu em março de 1998. Os dois últimos gran-
des desastres ambientais brasileiros, da barragem de Mariana, em 2015, 
e o de Barcarena, no início de março, foram lembrados em, pelo menos, 
cinco painéis realizados no primeiro dia de debates do Fórum Mundial 
da Água, em Brasília. 
Fonte: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/desastres-ambien-
tais-e-mudancas-climaticas-marcam-1-dia-do-forum-mundial-da-agua.
ghtml
Isto acontece 
na prática
2015 - Rompimento da barragem de Mariana - em 5 de novembro de 
2015, o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em Mariana 
(MG), provocou a liberação de uma onda de lama de mais de dez metros 
de altura, contendo 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Em Minas 
Gerais, na última década, ocorreram desastres ambientais com minera-
ção em Nova Lima (2001), em Miraí (2007), e em Itabirito (2014).
Anote isso
Dentre todos os desastre ambientais ocorridos no Brasil, quantas pessoas 
foram realmente condenadas até os dias de hoje? As pessoas jurídicas 
pagam as multas ambientais, mas na esfera penal, não são condenadas.
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/desastres-ambientais-e-mudancas-climaticas-marcam-1-dia-do-forum-mundial-da-agua.ghtml
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/desastres-ambientais-e-mudancas-climaticas-marcam-1-dia-do-forum-mundial-da-agua.ghtml
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/desastres-ambientais-e-mudancas-climaticas-marcam-1-dia-do-forum-mundial-da-agua.ghtml
22
EDUCAÇÃO AMBIENTAL – 
CRIMES AMBIENTAIS
AULA 03
23
O ambiente é o que somos em nós mesmos. Nós e o ambiente somos dois proces-
sos diferentes; nós somos o ambiente e o ambiente somos nós. Jiddu Krishnamurti
No momento em que o Brasil novamente se transforma em um circo dos 
horrores em matéria ambiental, em razão da tragédia consumada ocorrida na 
barragem em Brumadinho, bem como a anunciada pelo Governo Federal para a 
Amazônia em favor das empresas mineradoras em 2017
A principal lei sobre o meio ambiente é a atual Lei 9.605/98, conhecida como 
Lei Ambiental. No país de Chico Mendes, onde nem as freiras escapam da fúria 
predatória voltada contra as nossas riquezas naturais, não é difícil imaginar o grau 
de complexidade inerente ao processo legislativo para a provação e sanção do 
referido diploma legal. Embora não haja dúvida quanto ao avanço jurídico alcan-
çado pelo advento do novo ordenamento, estamos ainda bastante atrasados no 
tocante à necessária revisão, especialmente no que diz respeito à parte criminal.
A Lei Ambiental é uma lei de natureza mista, ou seja, possui conteúdo variado, 
disciplinando temas como o Direito Penal, Direito Processual Penal e Direito Admi-
nistrativo. Entretanto, dos oitenta e dois artigos que a compõem, sessenta e nove 
deles são de natureza criminal, que, por sua vez, criam trinta e quatro tipos penais 
incriminadores: seis contra a fauna; catorze contra a flora; mais cinco referentes à 
poluição; quatro em prejuízo do ordenamento urbano e do patrimônio cultural; e 
por fim, outros cinco que atentam contra a administração ambiental. Vamos ver 
os crimes propriamente ditos.
Contra a fauna
Os atentados que se relacionam à fauna, então previstos na Lei 5.197/67 (Có-
digo de Caça) e o Decreto-Lei 221/67 (Código de Pesca), foram consolidados então 
na Seção I do Capítulo V.
Cumpre salientar que as penas cominadas guardam, de certo modo, uma ade-
quação à gravidade dos fatos, distanciando-se do que foi outrora previsto que, 
por considerar como inafiançáveis os delitos cometidos contra a fauna silvestre e, 
por estabelecer sanções um tanto quanto rigorosas em demasia, tinha sua aplica-
ção prática um tanto quanto discreta. Aplica-se, na grande maioria dos casos, os 
princípios da insignificância e da irrelevância penal do fato (= delito de bagatela), 
24
absolvendo então os acusados.
Considerações acerca dos tipos penais em se tratando a fauna merecem des-
taque.
Inicialmente no art. 29 fez o legislador referência à “espécimes”, assim sendo, 
este deu sentido de que o tipo penal só se verificará com a ação em face de vários 
exemplares da fauna, ou seja, que o dano aplicado em relação a tão somente um 
exemplar não configuraria crime.
Com relação ao art. 30, verificou-se a utilização da expressão: “exportar para 
o exterior”, se não verificando-se essa redundante, ao menos restringiu a possi-
bilidade da prática de tal fato típico no comércio tão somente interno, fato muito 
comum em se tratando de Brasil.
Questão também relevante é a que se refere ao art. 32, que trata da prática 
de abuso contra os animas, haja vista não se ter definido legalmente o que se 
configura como sendo a “pratica de abusos”. “Maus-tratos” é o nome jurídico da 
conduta que consta o art. 136 do Código Penal, no entanto, praticada contra ani-
mais possui uma pena maior do que contra a pessoa.
Contra a flora
Dos crimes contra a flora, previstos na Seção II do Capítulo V, destaca-se a in-
corporação como sendo conduta criminosa a maioria das contravenções penais 
outrora previstas na Lei 4.771/65 (Código Florestal).
Em se tratando desta modalidade de crimes, sem dúvidas um dispositivo legal 
que merece destaque é o art. 42, que se refere ao fabrico, venda, transporte ou 
soltura de balão. O referido artigo é, sem dúvida, um comportamento adequado 
para figurar no rol das contravenções penais ou das infrações administrativas, 
haja vista, ter como escopo inibir conduta típica da cultura brasileira. Certamente 
a alegria propiciada pelas festas juninas, que em nada se dista das manifestações 
culturais fadará tal dispositivo ao desuso.
25
Da poluição
Em se tratando dos crimes previstos na Seção III do Capítulo V da Lei dos Crimes 
Ambientais, o legislador destacou no art. 54 os crimes de poluição, revogando en-
tão tipificação análoga prevista no art. 15 da Lei 6.938/81, em face de possui um 
conteúdo mais abrangente. Dispõe o referido artigo da seguinte redação: “Causar 
poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar 
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a 
destruição significativa da flora: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º Se o crime é culposo: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. § 
2º Se o crime: I - tomar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação 
humana; II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que mo-
mentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde 
da população; III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do 
abastecimento público de água de uma comunidade; IV - dificultar ou impedir o 
uso público das praias; V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou 
gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigên-
cias estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de 
adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução 
em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível”.
Destaca-se que o caput prevê a forma dolosa do crime. O tipo penal tutela en-
tão a saúde humana, podendo o crime ser figurado como de perigo ou de dano. 
A segundaparte, tara o artigo da incolumidade animal e vegetal, sendo o referido 
crime tão somente de dano, vez que, explicitamente tipifica a conduta capaz de 
provocar a mortandade de animais ou a efetiva destruição significativa da flora.
Tratou o § 1º da modalidade culposa do referido crime, em todas as suas 
modalidades. Já em seu § 2º cuida do crime qualificado pelo resultado, onde se 
permite a aplicação de uma pena mais severa. Por fim o § 3º, prevê a omissão na 
adoção de medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou 
irreversível, valorizando-se então os princípios de direito ambiental.
26
Da desconstituição da pessoa jurídica
Visualizada em diversos países a teoria da “desconsideração da personalidade 
jurídica” ou da “despersonificação da pessoa jurídica” vem, sem dúvidas, ganhando 
espaço na doutrina brasileira e aos poucos sendo aplicada nos Tribunais, não só 
no que se relaciona ao direito ambiental, mas também a outros ramos do direito.
A referida consiste em extinguir a personalidade jurídica sempre que a existên-
cia desta, porventura, obstar ao ressarcimento dos prejuízos causados á qualidade 
do meio ambiente, de acordo dispõe o art 4º da 9.605: “Poderá ser desconsiderada 
a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento 
de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente”.
A referida Lei dos Crimes Ambientais, no que se refere à desconsideração da 
personalidade jurídica (art. 4º), praticamente, reproduz o que aduz o artigo 28, § 
5º do Código de Defesa do Consumidor. O principal parâmetro da questão é sem 
dúvidas a necessidade de reparação dos prejuízos causados.
O que na realidade se depreende é que a “desconsideração” é enfim aplicada 
quando a pessoa jurídica em questão foge das finalidades a que foi criada ou, 
mesmo dentro dela, comete atos que, se analisados, demonstra fraude à lei ou 
ao contrato, em detrimento de terceiros.
Como objeto da possível desconsideração ou despersonalização é, indubita-
velmente, coibir a fraude, em todos os sentidos, bem como o abuso de direito, 
haja vista o cometimento de excessos. Há de se destacar, no entanto que a des-
personalização só anula os atos em questão impugnados, preservando então os 
demais que se verificarem alheios aos atos outrora impugnados.
Vislumbra-se que não é qualquer prática delituosa que motivará a desconsi-
deração. Destaca Valdir Sznick, que a desconsideração se dará “quando há uma 
ocultação da pessoa por trás da pessoa jurídica e ocorrendo o levantamento do 
véu do véu (lifting the corporate veil) se descobre o uso abusivo ou excessivo da 
pessoa jurídica, mascarando a verdadeira finalidade da mesma. A má direção da 
empresa (com o abuso ou o uso excessivo) constitui-se em uma infração e, pois, 
um comportamento ilícito, justificando a desconsideração”.
Em suma, grande parte da doutrina de direito ambiental entende que agiu bem 
o legislador ao inserir na Lei dos Crimes Ambientais a possibilidade da desconsi-
deração da personalidade jurídica, combatendo a fraude e o abuso de direito, por 
meio de seus sócios, agredindo o meio ambiente e locupletando-o.
27
A aplicação das penas
No que se relaciona à aplicação das penas, o referido diploma legal (lei. 
9.605/98) não dista em nada do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei. 2.848, de 
07 de dezembro de 1940), prevendo penas de multa, restritivas de liberdade e 
restritivas de direito.
Entretanto destaca-se a preferência legislativa em relação às penas restritivas 
de direito e as pecuniárias e isso se explica por dois motivos. Inicialmente as refe-
ridas penas aplicam-se a quaisquer pessoas, ou seja, às pessoas físicas e jurídicas; 
e, haja vista a enorme diferença entre os delinquentes ambientais e àqueles que 
tem ocupado o sistema prisional brasileiro. Ainda em relação a segunda situa-
ção notar-se-ia um contrassenso se o legislador optasse pela pena restritiva de 
liberdade, vez que a sociedade suportaria o dano causado e às custas no que se 
relaciona a privação de liberdade do delinquente.
Das penas aplicáveis às pessoas físicas
Ambas as penas do referido diploma legal aplica-se às pessoas físicas, sendo 
elas, as restritivas de liberdade, de direito e multa.
Penas restritivas de liberdade
As penas privativas de liberdade que se verificam no ordenamento jurídico 
nacional são as de detenção e as de reclusão, e prisão simples em se tratando de 
contravenção penal.
Diferencia-se a detenção e a reclusão por um aspecto meramente formal, de 
acordo com o art. 33 do Código Penal. Dispõe este da seguinte redação: “a pena 
de reclusão de ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de de-
tenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a 
regime fechado”. Assim sendo, tal diferença consiste tão somente no regime de 
cumprimento de pena.
Em se tratando da Lei dos Crimes Ambientais, como anteriormente citado, fez 
28
o legislador explicita preferência pela restritiva de direito, podendo até, em deter-
minados casos, ser substituída pelas restritivas de direito. Assim sendo, verifica-se 
que sua aplicabilidade se dá tão somente no último caso.
Penas Restritivas de direito
Face ao disposto no artigo 7º da Lei 9.605/98, que dispõe da seguinte redação: 
“as penas privativas de direitos são autônomas e substituem as privativas de li-
berdade quando: I – trata-se de crime culposo ou for aplicada pena privativa de 
liberdade, inferior a quatro anos; II – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta 
social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias 
do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação 
e prevenção do crime”, verifica-se como anteriormente referido, que o legislador 
brasileiro sem dúvida fez estrita opção pela pena restritiva de direito.
O fato acima descrito se deu face algumas características dos crimes ambien-
tais.
Inicialmente nota-se que há, indubitavelmente, uma diferença entre o perfil do 
delinquente que o comete em relação ao que comete um crime, como por exem-
plo, de homicídio, assim sendo, não é concebível a lei preveja a estes, a mesma 
cominação de pena, nem mesmo o regime de cumprimento.
De acordo ainda a disposição do art. 7º, parágrafo único, da Lei dos Crimes 
Ambientais, as penas restritivas de direito terão a mesma duração das restritivas 
de liberdade.
Sem dúvida é uma evolução do direito moderno, haja vista a busca incessante 
de se afastar as penas restritivas de liberdade em função do colapso que vive o 
sistema prisional brasileiro, e são elencadas de acordo dispõe o art. 8º do referido 
diploma legal: “I – prestação de serviços à comunidade; II – interdição temporária 
de direitos; III – suspensão parcial ou total de atividades; IV – prestação pecuniária; 
V – recolhimento domiciliar”.
Das penas acima citadas, é mister enfatizar que não se verifica uma sobreposi-
ção ou uma hierarquia entre elas, tendo o juiz discrionáriedade na aplicação das 
mesmas, no entanto verifica-se ao passo da atual conjuntura econômica nacional, 
a maior aplicação da pena de prestação de serviços à comunidade e a pena de 
prestação pecuniária, sendo que historicamente a primeira se deriva da segunda, 
29
ao passo que era aplicada àquelas pessoas que não reuniam condições de solver 
com as pecuniárias. 
Penas da Pessoa Jurídica
Após descrever as penas aplicáveis as pessoas físicas, a Lei dos Crimes Am-
bientais elucida acerca das penas cabíveis as pessoas jurídicas.
Dispõe o art. 21:
“as penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas ju-
rídicas, de acordo com o art. 3º são: I – multa; II – restritivas de direitos; III – 
prestação de serviços à comunidade”.
No que se relaciona à aplicação da pena, define o artigo anteriormente citado, 
três possibilidade. Inicialmente as penas são impostas: isoladas, assim sendo uma 
só pena a ser aplicada; alternativa, onde nota-se que há maisde uma pena, no 
entanto tão somente uma é aplicada, e; por fim as cumulativas, onde verifica-se 
mais de uma pena e sendo, então, aplicadas ambas em cumulo.
Em se tratando da pessoa jurídica a pena alternativa, ou seja, a restritiva de 
direito será aplicada como regra, vez que a Parte Especial do diploma legal em 
questão prevê tão somente penas privativas de liberdade, o que se verifica como 
sendo fator motivador de muitos contrários a punição penal da pessoa jurídica.
Ainda neste, foi citada as modalidades de penas no que se relaciona à sua 
aplicação. Na prática, quando, porventura, se verificar uma pena alternativa, apli-
car-se-á a restritiva de direito; quando notar-se a cumulativa, aplicar-se-á tão so-
mente a restritiva de direito.
Em face ao grau dos danos causados, os prejuízos causados e a extensão da 
degradação visualizada, entendem doutrinadores que ao lado da pena de multa, 
poderá ser aplicada outra restritiva de direito, como a prestação de serviços à 
comunidade.
A Lei 9.605/98 devidamente elencou as penas restritivas de direito a serem 
aplicadas à pessoa jurídica, sendo elas, de acordo com o art. 22: “as penas restriti-
vas de direito da pessoa jurídica são: I – suspensão parcial ou total das atividades; 
II – interdição temporária de estabelecimento, obra, atividades; III – proibição de 
30
contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou 
doações”.
Em se tratando da su8spensão das atividades, explicada no § 1º do artigo su-
pra citado, assim como se verifica no direito administrativo, constitui-se um ato 
punitivo. Dada a gravidade do dano, verificar-se-á a aplicação da suspensão par-
cial ou total, no entanto nota-se que a suspensão susta tão somente a execução 
(continuação).
Em se tratando da interdição, explica o § 2º: 
“a interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver 
funcionando sem a devida autorização ou em desacordo com a concedida, ou com 
a violação de disposição legal ou regulamentar”.
Nota-se que este acima traz de forma taxativa os casos onde caberá a aplicação 
da interdição.
São sujeitas a interdição em face das disposições legais: a) obra ou atividade – 
aqui, trata-se de qualquer execução, inclusive se esta tiver natureza tão somente 
de reparos, como, por exemplo, reforma em galerias de águas pluviais. Nota-se 
que para a sua aplicação há a necessidade de que esta esteja contrariando a lei 
ou a regulamento; b) estabelecimento – nota-se aqui que há a necessidade da 
participação de uma empresa ou firma que está a desenvolver atividades que não 
estão de acordo com as disposições legais.
No que se relaciona à interdição, verificar-se-á esta quando: 1 – autorização: 
tal verifica-se pôr em relação ao funcionamento, bem como a construção de uma 
obra. Em ambos os casos a não existência da autorização torna a atividade clan-
destina; 2 – em desacordo: aqui, há a autorização para realização de determinada 
atividade, no entanto, poderá ser verificada em duas situações distintas – a) con-
cedida: verifica-se quando a autorização é dada para a consecução de atividade 
diversa da que realmente se verifica ocorrendo; b) violação: quando apesar de 
ter autorização para realização daquela determinada atividade, não a executa de 
acordo com as disposições legais.
Por fim, a proibição de contratar com o Poder Público é aplicada às pessoas 
jurídicas de grande repercussão em suas áreas de atuação.
Dispõe o § 3º, do art. 22 da Lei dos Crimes Ambientais que: 
31
“A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções 
ou doações não poderá exceder a dez anos”.
No que se relaciona a pessoa física, tal restrição foi fixada de 03 (nos casos de 
crimes culposos) a 05 anos (nos casos de crimes dolosos). No caso da pessoa ju-
rídica, previu o legislador o prazo máximo de 10 anos. Sabe-se que as penas que 
vedam subsídios e adjacências repercutem em muito nas empresas, haja vista 
sua natureza financeira.
Do art. 23 ao art. 25, prevê a Lei dos Crimes Ambientais acerca da prestação 
de serviços, da liquidação forçada e da apreensão de produtos.
Inicialmente da prestação de serviços à comunidade tal se verificará num de-
senvolvimento por parte da pessoa jurídica condenada de programas e projetos 
de cunho social, bem como o desenvolvimento de recuperação de áreas degradas. 
Na impossibilidade de se verificar o cumprimento destas, poderá ser aplicada a 
contribuição a entidades, sendo que pela ordem, tais deverão ser: ambientais, 
culturais e públicas.
Isto está 
na rede
Desde o dia 25 de janeiro, a população brasileira acompanha as repercus-
sões de mais um crime ambiental de proporções incalculáveis. O rompi-
mento da barragem de “Brumadinho 1”, na região do Córrego do Feijão 
(MG) já entrou para a história em função do número de vítimas identi-
ficadas até o momento, sendo que as buscas ainda não se encerraram. 
“Um crime dessas proporções é sempre impactante, porque evidencia a 
permissividade do Estado brasileiro com o grande capital na exploração 
dos recursos naturais, negligenciando alertas emitidos por organismos 
internacionais, movimentos sociais e órgãos ambientais sobre os riscos de 
sua existência”, avalia a presidente do CFESS, Josiane Soares. Assim como 
o ocorrido em Mariana (MG) em 2015, também a mina de Brumadinho 
acumulava um histórico de problemas notificados por órgãos ambientais 
desde 1998, como multas por deslizamentos, despejo de efluentes nos 
rios e poluição do ar (conforme noticiado pelo Portal Terra – clique aqui 
para saber mais. “Em razão de tais fatos, o Conjunto CFESS-CRESS, 
32
Isto está 
na rede
alinhado com o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e ou-
tras organizações em defesa dos direitos humanos, reforça que não se 
pode naturalizar a retórica do ‘desastre’ ambiental, para qualificar o que 
ocorreu em Brumadinho, como também não foi ‘desastre’ a situação de 
Mariana, sobre a qual também nos manifestamos à época”, relembra a 
presidente do CFESS (clique para ler a nota sobre Mariana). Desastres 
são imprevistos e o rompimento dessa barragem já era uma tragédia 
anunciada, diante da qual não se registra nenhuma medida preventiva, 
nem voltada à população residente na região e, tampouco, voltada aos/
às trabalhadores/as da Vale, também atingidos/as. “Embora indeniza-
ções e reparações de quaisquer naturezas não possam suprimir as con-
sequências do ocorrido, responsabilizar esses empreendimentos tem o 
sentido político de mostrar que o valor econômico dessas atividades não 
pode se sobrepor ao valor das vidas que foram perdidas e prejudicadas 
pelo seu funcionamento. Tem também o sentido político de alertar para 
o movimento, fortemente presente na composição do atual Executivo 
Federal e do Congresso Nacional, que caminha de braços dados com as 
mais retrógradas frações da classe dominante brasileira interessada em 
flexibilizar os parcos dispositivos legais que regulam o avanço do capital 
sob o meio ambiente – o que inclui os direitos das populações que vivem 
e trabalham nessas localidades”, analisa a conselheira do CFESS Mariana 
Furtado. AÇÃO POLÍTICA E DEMANDAS AO TRABALHO DE ASSISTENTES 
SOCIAIS NA REGIÃO O Conselho Regional de Serviço Social de Minas Ge-
rais (CRESS-MG) vem desempenhando importantes ações em defesa dos 
direitos da população afetada pelo crime socioambiental de Brumadinho. 
O conselheiro Leonardo Koury Martins, coordenador da Comissão de Éti-
ca e Direitos Humanos, tem acompanhado diretamente as atividades do 
“gabinete de crise” em conjunto com o Conselho Regional de Psicologia 
(CRP), a Comissão de Direitos Humanos da OAB, o MAB e outras insti-
tuições do estado. Leonardo destaca que um dos avanços pactuados na 
última reunião, realizada em 30 de janeiro, foi o compromisso do poder 
público municipal de convocar os/as profissionais da região para uma 
reunião interdisciplinar de “alinhamento” com suasentidades
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Isto está 
na rede
representativas. “O trabalho em andamento busca assegurar o atendi-
mento emergencial, mas não deve se restringir a este. Precisamos acionar 
o conjunto mais amplo das políticas públicas, a exemplo das políticas de 
desenvolvimento territorial e habitação de interesse social, consideran-
do-se os diversificados impactos presentes numa situação como esta”, 
enfatiza o conselheiro. Para demarcar esse propósito, o CRESS-MG pro-
duziu uma nota de orientação à categoria profissional, disponibilizada 
em seu site. Outra questão importante é a organização administrativa do 
CRESS-MG, para atender à demanda emergencial de novos pedidos de 
inscrição em função de contratações temporárias que estão ocorrendo 
em decorrência da necessidade de recompor as equipes para atendimen-
to na região. “Organizamos um fluxo específico e mais célere, para agilizar 
a aprovação dessas novas inscrições e eventuais reinscrições, consideran-
do a necessidade de possibilitar o trabalho profissional com qualidade 
e prestado em condições legais por profissionais devidamente inscritos/
as no CRESS”, informa a conselheira vice-presidente, Ana Maria Bertelli. 
O CFESS reafirma que o compromisso de assistentes sociais em todo o 
Brasil é com a qualidade dos serviços prestados e o acesso da população 
aos direitos sociais e humanos. O Conselho Federal se solidariza com a 
população e com os/as trabalhadores/as da Vale afetados/as pelo que o 
CFESS considera um crime. “Conclamamos, juntamente com o CRESS-MG, 
as/os assistentes sociais da região a se empenharem na realização de 
suas atribuições, munidas/os de nossas bandeiras de luta, pois assegurar 
um trabalho competente e com direção política é essencial para combater 
as desumanidades e os impagáveis custos da exploração do trabalho no 
capitalismo”, completa a presidente do CFESS.
Fonte:http://cress-sc.org.br/2019/02/11/crime-ambiental-de-brumadinho-traz-
-desdobramentos-para-a-rede-socioassistencial 
http://cress-sc.org.br/2019/02/11/crime-ambiental-de-brumadinho-traz-desdobramentos-para-a-rede-socioassistencial
http://cress-sc.org.br/2019/02/11/crime-ambiental-de-brumadinho-traz-desdobramentos-para-a-rede-socioassistencial
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Isto acontece 
na prática
A pedido do Ministério Público Federal, um ex-cacique da etnia Guarani 
M’Bya foi sumariamente absolvido após ter sido acusado criminalmente 
por ter desmatado uma área para roçado e construção de ocas na região 
de Iguape (SP). A denúncia foi do Ministério Público do Estado de São Pau-
lo (MP-SP), que viu na conduta do indígena uma violação à Lei de Crimes 
Ambientais (nº 9.605/1998). Porém, quando o processo foi transferido 
para a Justiça Federal, o MPF defendeu a absolvição do acusado, com base 
em direitos que o ordenamento jurídico brasileiro garante às populações 
tradicionais – tese que prevaleceu. O indígena, liderança da aldeia Jeiyty, 
inserida na terra indígena Ka’aguy Hovy, no Vale do Ribeira, teria parti-
cipado, segundo a denúncia, de uma supressão de vegetação nativa em 
uma área de 0,753 ha, correspondente a um campo de futebol, voltada 
à instalação de pequenas moradias e ao plantio voltado à subsistência 
de sua comunidade. Inicialmente, a constatação desse fato deu origem a 
um inquérito policial e, em 2015, à denúncia do MP-SP. Entretanto, após 
o reconhecimento da competência da Justiça Federal para julgar o caso, 
o MPF passou a atuar, e, contrariando a interpretação dos promotores 
do MP-SP, destacou que a conduta apurada deveria ser analisada à luz 
não apenas da Lei de Crimes Ambientais, mas também da Constituição 
Federal e de outras normas que reconhecem direitos a comunidades 
tradicionais. Isso porque, embora, em tese, um desmatamento possa 
ser considerado um delito, a prática não resulta em significativo dano ao 
meio ambiente quando feita da forma tradicional dos povos indígenas, 
com baixo impacto e prevendo períodos de regeneração após o ciclo de 
desmate, plantio e colheita. O MPF lembrou que o direito das comuni-
dades indígenas à exploração de suas terras é previsto no artigo 231 da 
Constituição Federal e no Estatuto do Índio (Lei 6.001/73), que garantem 
a esses povos tradicionais a posse permanente das áreas ocupadas e o 
usufruto exclusivo do solo e dos rios que por elas passem. Pontuou, ainda, 
que a Fundação Nacional do Índio (Funai) reconheceu, no ano passado, 
os limites do território Ka’aguy Hovy e sua vinculação tradicional ao grupo 
Guarani. “Tanto a ordem constitucional quanto a legislação extrapenal 
asseguram aos povos indígenas seu modo de vida tradicional, e deixam 
35
Isto acontece 
na prática
explícito o reconhecimento às suas atividades produtivas concernentes 
à exploração dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e à 
reprodução física e cultural. Desta forma, todo manejo ambiental que se 
insira neste contexto de direito tradicional (e não esteja, por exemplo, vol-
tado à monetização da terra) deve ser considerado inserido em um plexo 
de direitos fundamentais indígenas”, afirmou o procurador da República 
Yuri Corrêa da Luz, autor do pedido que resultou na absolvição do ex-ca-
cique. O MPF argumentou que este vínculo entre o desmate e o modo 
de vida dos índios já seria suficiente para inocentá-lo. Mas, além disso, 
pontuou que, agindo de acordo com suas práticas tradicionais, o líder da 
aldeia não poderia ter clareza sobre a ilicitude de sua conduta, e por isso 
atuou, no mínimo, em “erro de proibição culturalmente condicionado”, 
capaz de eximi-lo de qualquer responsabilidade penal. A Justiça Federal, 
acolhendo os argumentos do MPF, absolveu sumariamente o indígena, 
reconhecendo sua inocência. Para o procurador da República atuante no 
caso, “trata-se de uma decisão relevante, que dá segurança aos indígenas 
da região do Vale do Ribeira, e reconhece seu direito constitucional de 
manejarem tradicionalmente seu território, buscando sua subsistência 
de forma ambientalmente sustentável e em harmonia com seus modos 
de ser, fazer e viver”. O número da ação é 0000058-94.2018.403.6129.
Fonte: http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/guarani-acusado-
-de-crime-ambiental-em-iguape-sp-e-absolvido-a-pedido-do-mpf
http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/guarani-acusado-de-crime-ambiental-em-iguape-sp-e-absolvido-a-pedido-do-mpf
http://www.mpf.mp.br/sp/sala-de-imprensa/noticias-sp/guarani-acusado-de-crime-ambiental-em-iguape-sp-e-absolvido-a-pedido-do-mpf
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Anote isso
Desmatamento criminoso, grilagem de terras e agressões contra animais 
silvestres são considerados crimes ambientais 
Interessados em denunciar crimes ou agressões ao meio ambiente podem 
entrar em contato com o serviço Linha Verde do Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pelo telefone 
0800-61-8080 ou pelo e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br. A ligação é 
gratuita de qualquer ponto do País e funciona de segunda a sexta-feira 
(exceto feriados), das 8h às 18h.
No site do Ibama também é disponibilizado um serviço para registro de 
ocorrências on-line. Para fazer a denúncia via internet (e/ou manifesto, 
reclamação, sugestão, informação) é preciso acessar a página específica 
do Instituto e preencher os dados corretamente. 
Por telefone ou pela internet, cabe ao informante citar com clareza qual o 
tipo de crime que está ocorrendo, exemplo: cativeiro de animais, desma-
tamento, poluição, caça, acidente com produtos químicos, degradação de 
área, maus tratos de animais, queimada, contra servidores, irregularidades 
administrativas, pesca predatória, entre outros.
São indispensáveis dados precisos sobre a localização para o registro da 
denúncia. A insuficiência de informações, na maioria das vezes, impossibi-
lita ou retarda o atendimento.
Cabe ressaltar que dados cadastrais do informante (nome, telefone, ende-
reço) são mantidos em sigilo, visando resguardar a sua integridade físicae conforme garante o direito individual dos cidadãos em relação à inviola-
bilidade de sua intimidade.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2014/08/saiba-como-de-
nunciar-crimes-e-agressoes-ao-meio-ambiente
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2014/08/saiba-como-denunciar-crimes-e-agressoes-ao-meio-ambiente
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambiente/2014/08/saiba-como-denunciar-crimes-e-agressoes-ao-meio-ambiente
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HISTÓRIA E CULTURA AFRO-
-BRASILEIRA E INDÍGENA
AULA 04
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“Nós temos que ter orgulho em ser quem somos. Almejar a excelência. Quando 
fizermos isso, a América estará pronta para nos ajudar.” Thabang – África do Sul
Nos dias de hoje, o território brasileiro concentra a maior população africa-
na fora da própria África. E é exatamente por conta desse motivo que a cultura 
oriunda desses povos exerce uma grande influência em nosso país, com destaque 
principalmente para o Nordeste do estado.
Porém, foi só junto com o início do século XX que grande parte das manifes-
tações, costumes, ritos e outros começaram a fazer parte também da cultura 
brasileira, sendo considerados expressões não essencialmente africanas, porém, 
artes genuinamente afro-brasileiras.
Sendo assim, hoje a cultura negra é também fundamental para formar a iden-
tidade de nossa nação, motivo pelo qual a cultura afro-brasileira se estabelece 
em todo nosso território. Vale destacar que ela é também o resultado das crenças 
dos indígenas e dos portugueses, que por muitos anos, nos influenciaram com 
suas músicas, culinária e religiões.
Características da Cultura Afro-Brasileira
Uma das principais características da cultura afro-brasileira é que não há ho-
mogeneidade cultural em todo território nacional.
A origem distinta dos africanos trazidos ao Brasil forçou-os a apropriações e 
adaptações para que suas práticas e representações culturais sobrevivessem. As-
sim, é comum encontrarmos a herança cultural africana representada em novas 
práticas culturais.
As manifestações, rituais e costumes africanos eram proibidos. Só deixaram 
de ser perseguidos pela lei na década de 1930, durante o Estado Novo de Getúlio 
Vargas. Assim, elas passaram a ser celebradas e valorizadas, até que, em 2003, é 
promulgada a lei nº 10.639 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Essa lei exigiu 
que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio tenham em seus cur-
rículos o ensino da história e cultura afro-brasileira.
Os dois grupos de maior destaque e influência no Brasil são:
• os Bantos, trazidos de Angola, Congo e Moçambique;
• os Sudaneses, oriundos da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné.
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Devemos ressaltar que as regiões mais povoadas com a mão de obra africa-
na foram: Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, 
Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul. Isso devido à grande quantidade 
de escravos recebidos (região Nordeste) ou pela migração dos escravos após o 
término do ciclo da cana-de-açúcar (região Sudeste).
Aspectos da Cultura Afro-Brasileira
De partida, temos de frisar que a cultura afro-brasileira é parte constituinte da 
memória e da história brasileira e que seus aspectos transbordam as margens 
desse texto.
Ela compõe os costumes e as tradições: a mitologia, o folclore, a língua (falada 
e escrita), a culinária, a música, a dança, a religião, enfim, o imaginário cultural 
brasileiro.
As Festividades Populares
Principais Características da Cultura Afro-Brasileira
• O Carnaval, a maior festa popular brasileira, celebrada no início do ano 
e mobilizando a nação.
• A Festa de São Benedito, principal festa do Congado (expressão da cul-
tura afro-brasileira), comemorada no final de semana após a Páscoa.
• E, por fim, a Festa de Yemanjá, realizada no dia 2 de fevereiro.
A influência afro-brasileira está patente em expressões como Samba, Jongo, 
Carimbó, Maxixe, Maculelê, Maracatu. Eles utilizam instrumentos variados, com 
destaque para Afoxé, Atabaque, Berimbau e Tambor. Não podemos perder de 
vista que estas expressões musicais são também corporais. Elas refletem nas 
formas de dançar, como no caso do Maculelê, uma dança folclórica brasileira, e 
do samba de roda, uma variação musical do samba.
Temos outras expressões de música e dança como as danças rituais, o tam-
bor de crioula, e os estilos mais contemporâneos, como o samba-reggae e o axé 
baiano.
Finalmente, merece destaque especial a Capoeira. Ela é uma mistura de dan-
ça, música e artes marciais proibida no Brasil durante muitos anos e declarada 
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Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2014.
A Culinária
A culinária é outro elemento típico da cultura afro-brasileira. Ela introduziu as 
panelas de barro, o leite de coco, o feijão preto, o quiabo, dentre muitos outros. 
Entretanto, os alimentos mais conhecidos são aqueles da culinária baiana, pre-
parados com azeite dendê e pimentas. Destacam-se Abará, Vatapá e o Acarajé, 
bem como o Quibebe nordestino, preparado com carne-de-sol ou charque; além 
dos doces de pamonha e cocada
E, por fim, o prato brasileiro mais conhecido de todos: a feijoada. Ela foi criada 
pelos escravos como uma apropriação da feijoada portuguesa e produzida a partir 
dos restos de carne que os senhores de engenho não consumiam.
A Religião
A religião afro-brasileira se caracterizou pelo sincretismo com o catolicismo, 
donde unia aspectos do cristianismo às suas tradições religiosas. Isso ocorreu para 
que eles pudessem realizar as práticas religiosas africanas secretamente (associa-
ção de santos com orixás), uma vez que a conversão era apenas aparente. Assim, 
nasceram do sincretismo Batuque, Xambá, Macumba e Umbanda, enquanto se 
preservaram algumas variações africanas da Quimbanda, Cabula e o Candomblé.
Características da Cultura Indígena
Os povos indígenas, pela diversidade étnica, contribuíram de formas diferentes 
em relação a muitos aspectos culturais. Calcula-se que existam mais de 230 povos 
indígenas no Brasil, com hábitos, línguas e crenças diversas. Eles estão espalhados 
em mais de 670 Terras Indígenas que já foram identificadas e homologadas ou 
encontram-se em processo de homologação.
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Religião e Crenças
As crenças religiosas e superstições tinham um importante papel dentro da 
cultura indígena. Fetichistas, os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom 
Deus – Tupã – e um espírito maligno, tenebroso, vingativo – Anhangá, ao sul e 
Jurupari, ao norte. Algumas tribos pareciam evoluir para a astrolatria, embora 
não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos viventes) e a Lua 
(Jaci – nossa mãe).
Tupã - Deus indígena
O culto dos mortos era rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, 
outras os devoravam, e a maioria, como não houvesse cemitérios, encerrava seus 
cadáveres na posição de fetos, em grandes potes de barro (igaçabas), encontrados 
suspensos tanto nos tetos de cabanas abandonadas como no interior de samba-
quis. Os mortos eram pranteados obedecendo-se a uma hierarquia. O comum 
dos mortais era chorado apenas por sua família; o guerreiro, conforme sua fama, 
poderia ser chorado pela taba ou pela tribo. No caso de um guerreiro notável, 
seria pranteado por todo o grupo.
Moradia
Como sabemos os indígenas tem costumes bem diferentes dos costumes de 
nos urbanos, um deles é morar em ocas ou malocas, que medem mais ou menos 
20 metros de comprimento por 10 metros de largura e 6 metros de altura, feitas de 
madeira e cobertas por folhas de palmeiras. Fazem uma espécie de parede dupla 
com um espaço entre ambas o que permite uma ventilação adequada, tornando o 
ambiente, no seu interior bastante agradável, seja no frio ou no calor. Uma aldeia 
é composta de várias malocas, onde habitam várias famílias. Cada maloca possui 
um chefe daquele grupo, que quando reunidos formam uma espécie de “colegia-
do”. As casas eram construídas em volta de um pátio, local de festas e de reunião. 
O conjunto de casas formavauma aldeia. Os moradores de várias aldeias, unidos 
por laços familiares e interesses comuns, formavam um povo ou uma nação.
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Modo de vida
Um outro costume que os índios tem de diferente de nós, é o modo de viver 
deles: vivem da caça, da pesca e coleta de vegetais silvestres, obedecendo aos 
ciclos de atividades de subsistência da Floresta Tropical: chuvas, enchentes, es-
tiagem e seca. Reúnem-se em grupos que podem ser: de casais, consanguíneos 
(parentesco), intercasamento e relações de servidão. Na maioria dos grupos o 
casamento pode ser dissolvido.
Preservam a infância da mulher que só pode se tornar esposa após a primeira 
menstruação (acompanhada de ritual especial, de acordo com a tribo). Não exis-
tem padrões morais de virgindade ou adultério, tudo se resolve com conversas 
entre parentes próximos e com acordos entre as famílias. Temos tribos matriar-
cais, patriarcais, monogamia (um só esposo ou esposa – com uniões que podem 
ser dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias esposas, ou uma esposa com 
vários maridos).
A chefia
Cada nação indígena tem um líder, que comanda a tribo nas caçadas e nas 
guerras ou na resolução de alguma disputa interna. Ele costuma conversar com as 
pessoas e ouvir suas opiniões e, sempre que precisa tomar uma decisão importan-
te, pede conselhos aos mais velhos. Além dele, há o pajé, que é o líder espiritual e 
possuí grande prestígio e poder entre os nativos, pois ele conhecia e manipulava 
as ervas curativas, faz as oferendas aos deuses e se comunica com as divindades.
O trabalho
Os índios trabalham para conseguir alimento, fazer uma casa, uma rede, uma 
festa, ou seja, para satisfazer às necessidades básicas do grupo. O trabalho nas 
aldeias é coletivo, dividido entre todos os membros que moram na tribo. Essa 
divisão era feita de acordo com o gênero (homens e mulheres) e por idade.
• Em geral, as tarefas masculinas são: caçar, pescar, preparar a terra para 
o plantio e defender a comunidade.
• As atividades femininas são: plantar, coletar frutos e raízes, cozinhar, 
fazer utensílios de cerâmica e cestos, além de cuidar dos filhos.
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Assim como outros povos, eles modificam o espaço geográfico para sobreviver 
e o fazem de acordo com a sua cultura, isto é, com o seu modo de viver, agir e 
pensar.
Acessórios e armas
Os índios costumam construir seus próprios acessórios, como suas armas, 
fabricam arcos perfeitos, instrumentos cortantes feitos com bicos de aves e en-
feites plumários.
A caça feita pelos índios é composta geralmente por venenos aplicados nas 
armas usadas. Dentre as armas, destaca-se a zarabatana, tubo comprido que 
funciona por compressão de ar. Suas setas são untadas com um veneno cha-
mado curare, extraído da casca de cipós. Os índios também utilizam a prática de 
envenenar os peixes por sufocação com o uso do timbó, cipó que é jogado em 
uma determinada parte do rio e, força os peixes a vir à tona e, assim, eles são 
facilmente capturados.
Artesanato
Hábeis artesãos, os índios produzem diversos tipos de artefatos para atender 
suas necessidades cotidianas e rituais, que assumem, hoje, o importante papel de 
gerador de recursos financeiros, beneficiando as Comunidades com uma renda 
complementar.
Assim surgem fantásticos trançados que tomam a forma de cestos, bolsas 
e esteiras, moldam a cerâmica que dá origem a panelas e esculturas, entalham 
a madeira da qual nascem armas, instrumentos musicais, máscaras e escultu-
ras, além das plumárias e adornos de materiais diversos como cocos, sementes, 
unhas, ossos, conchas que, com habilidade e tecnologia, são transformados em 
verdadeiras obras de arte. A produção de variados objetos da cultura indígena, 
como material, ferramentas, instrumentos, utensílios e ornamentos, com os quais 
um grupo humano busca facilitar sua sobrevivência, está ligada à escolha e utiliza-
ção das matérias-primas disponíveis; ao desenvolvimento da técnica adequada de 
manufatura; às atividades envolvidas na exploração do ambiente e na adaptação 
ecológica; à utilidade e finalidade prática dos objetos e instrumentos produzidos.
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Pintura
Os índios pintam seu corpo, sua cerâmica e seus tecidos com um estilo que 
podemos chamar “abstrato”. Observam a natureza mas não a desenham, mas 
ao contrário do que se pensa, não devemos chamá-la de primitiva. Partem do 
elemento natural para torná-lo geométrico. Usam diversos tipos de cocares, bra-
celetes, cintos, brincos. Geralmente não matam as aves para comer, usam apenas 
suas penas coloridas, que guardam enroladas em esteiras para conservar melhor, 
ou em caixas bem fechadas com cera e algodão. A Arte Plumária é exuberante e 
praticamente restrita aos homens. Nas tribos, onde as mulheres usam penas, são 
discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimônias especiais.
Tecidos
Alguns índios, como os Vaurá, plantam algodão e fazem vários enfeites, como 
os usados em seus pentes. Usam uma tinta preta extraída do suco de jenipapo.
As vestimentas usadas pelos índios estão relacionadas às necessidades climá-
ticas, à observação da natureza e aos seus ritos e festas. Esta é a razão de usarem 
quase nada para se cobrirem, uma vez que vivemos em país tropical. A sua ves-
timenta não está associada à aspectos morais. Algumas tribos como a dos índios 
tucuna (praticamente extintos) na região do Acre, recebiam correntes frias dos 
Andes e usavam o “cushmã” uma espécie de bata (as índias eram ótimas tecelãs). 
Em algumas tribos como a dos VAI-VAI (transamazônica) as mulheres tecem e 
usam uma tanga de miçangas.
Canoas
O indígena usa o leito dos rios ou o mar para transportar com rapidez, nave-
gando em canoas ou em jangadas. 
As canoas maiores são construídas de troncos de árvores rijas e chamam-se 
igaras, igaratés ou igaraçus. As canoas ligeiras – ubás – eram feitas de grossas 
cascas vegetais, e movidas a remo de palheta redonda ou oval ou ainda a vela.
As jangadas, pequenas e velozes, constituíam-se de vários paus amarrados uns 
aos outros por fibras vegetais.
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Música
São amantes da música, que praticam em festas de plantação e de colheita, 
nos ritos da puberdade e nas cerimônias de guerra e religiosas. Os instrumentos 
musicais são: toró (flauta de taquara), boré (flauta de osso), o mimbi (buzina) e o 
uaí (tambor de pele e de madeira).
Alimentação
A contribuição indígena para a dieta alimentar é enorme. Inúmeros alimentos 
consumidos pelos nativos são hoje levados às mesas de todo o mundo e, princi-
palmente, às brasileiras. A seguir, citaremos alguns alimentos que foram contri-
buições das populações nativas:
• Mandioca (também chamada de macaxeira ou aipim) – no início da co-
lonização foi chamada de “pão da terra” devido à sua importância e 
abundância.
• Milho – foi cultivado na América e existem inúmeros tipos cultivados. 
Batata-doce – é um alimento fácil de cultivar e que se reproduz em 
abundância. Os índios conhecem vinte variedades.
• Amendoim – originária do Brasil, seu consumo hoje se espalhou pelo 
mundo inteiro. Era cultivado e colhido pelas índias para grandes ceri-
mônias.
• Abacaxi – fruta totalmente desconhecida dos europeus, foi muito co-
mentada por cronistas em razão de seu aroma. Os índios a usavam para 
curar feridas e também para fazer bebidas fermentadas.
• Caju – foi muito cultivada e utilizada pelos índios para a fabricação do 
cauim, bebida fermentada. Foi muito apreciada pelos europeus. Além da 
fruta, a castanha do caju tem grande aceitação nos mercados mundiais.
Os indígenas também desenvolveram conhecimentos sobre plantas medici-
nais, as quais, atualmente estão presentes nas diversas áreas da América e algu-
mas são amplamente difundidas pelo mundo, tais como a erva-mate, o guaraná, 
o tabaco e coca.
46
Isto está 
na rede
Autores brasileiros resgatam a mitologia dos orixás, transformando-os 
em super-heróis e aproximando-os de jovens e crianças. Dentro de al-
gum tempo, 2018 quiçá seja lembrado como

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