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CC 2 QUESTÃO J.H.S., 40 anos, trabalhador rural, pesa 90kg e é atendido na emergência do Hospital Regional de Porto Nacional com lesão térmica por incêndio que ocorreu no depósito de grãos da fazenda onde trabalha há 3 horas. Os acompanhantes relatam que a vítima ficou em confinamento no depósito por alguns minutos. Ao atender o paciente, ele aparentar estar desorientado, pois não consegue responder as perguntas direcionadas a ele. Você observa que o paciente apresenta queimaduras em toda a circunferência do tronco, cabeça e pescoço e todo o membro superior esquerdo. Há presença de chamuscamento de vibrissas nasais, rouquidão e tosse com expectoração de coloração enegrecida. O paciente apresenta-se dispneico. 1. Qual deve ser a ordem de atendimento ao paciente queimado? – politraumatizado com abcde quando é um poliqueimado, suspeita de lesão por inalação. ABCDE do trauma e internar A: Visualizar via aérea, se houver indícios de inalação ou de queimadura de via aérea SEMPRE intubar, mesmo estando o paciente ventilando bem. Lembrar de transferir para Centro de Queimados. B: Observar padrão respiratório e sempre que alterado proceder a Intubação. C: Qualquer vítima com mais de 20% de SCQ necessita de reposição volêmica. Como todo trauma deve-se estabelecer 2 acessos calibrosos (abocath 16) e infundir ringer lactato usando a fórmula de Parkland de 2-4 ml/kg /%SCQ dessa total metade deve ser infundido nas primeiras 8 horas da queimadura e o restante nas outras 16 horas. Lembrar que se deve monitorar diurese para que permaneça entre 0,5-1 ml/kg/h. Em pacientes com queimadura elétrica sempre monitorizar atividade cardíaca. Se o paciente tem várias áreas queimadas, variando em profundidade, as de primeiro grau não entram na contagem para reposição. D: estado neurológico. Avaliar pela escala de Glasgow E: exposição de toda superfície corporal. Este passo é muito importante, uma vez que permite identificar o tipo de queimadura e a profundidade da lesão. QUEIMADURA = TRAUMA = ATLS − ABCDE • A: airways (vias aéreas e cervical) • B: breathing (respiração) • C: circulation (circulação) • D: disability (disfunção neurológica) • E: exposure (exposição) SINAIS DE QUEIMADURA POR INALAÇÃO • Queimaduras de vibrissas nasais ou sobrancelhas • Depósitos de fuligem na boca/nariz • Expectoração de secreção carbonácea • Rouquidão e sibilo 2. Esse paciente tem indicação de intubação? Intubação profilática = pra não fazer edema de via aérea e não iria conseguir entubar depois. Intubação terapêutica = paciente que tem comprometimento pulmonar, lesão pulmonar = Escarro carbonáceo, vibrissas nasais queimadas, expectoração de coloração enegrecida. Eminencia de edema de vias aéreas = rouquidão. Sinais de queimaduras de VA, mas não evolui com obstrução de VA. Nesse caso ele tem indicação absoluta, pq tem queimadura de cabeça e pescoço. Se for discreta a queimadura e você puder ficar observando o paciente pode manegar o paciente sem intubar, mas por duvidas é melhor intubar. INDICAÇÃO DE INTUBAÇÃO 1. Alteração do nível de consciência: proteção das vias aéreas. Intubar um paciente com TCE, por exemplo, não tem reflexo da tosse e pode broncoaspirar. A saturação até pode estar + de 90%. Pneumonite química por broncoaspiração é grave e pode acontecer se não fizer a intubação. Edema na orofaringe. Se o paciente esta dispneico, tem dificuldade respiratória e uso da musculatura acessória, saturação baixa. 2. Queimaduras com grande extensão: aérea queimada total > 40 a 50% 3. Sinais de obstrução das vias aéreas: estridor, rouquidão, uso de musculatura acessória, retração esternal CC 2 4. Sinais de comprometimento respiratório: inabilidade de mobilização de secreções, fadiga respiratória, má ventilação/oxigenação 5. Queimaduras faciais profundas e extensas 6. Queimaduras cervicais circunferenciais de espessura total 7. Queimadura de orofaringe 8. Edema significativo ou risco de edema 9. Queimaduras de vibrassas nasais ou sobrancelhas, depósitos de fuligem na boca/nariz, expectoração de secreção carbonácea; 10. Dificuldade de deglutição 11. Risco de lesão por inalação: níveis de carboxihemoglobina > 10% em paciente vítima de incêndio (local confinado) 12. Antecipação de transferência de paciente para centro de queimados, sem equipe adequadamente qualificada para casos de emergência durante o transporte. A: AIRWAY – VIA AEREA • Verificar sinais de obstrução de via aérea (edema): estridor, rouquidão, usa de musculatura acessória, retração esternal • Verificar sinais de iminência de obstrução de vias aéreas • Trauma ou explosão com colar cervical • Queimaduras ou exposição a gases aquecidos/fumaça podem provocar edema → edema de glote → obstrução da via aérea • Os sinais dessa obstrução podem ser sutis, até o pct entrar em crise • Avaliar IOT • Fatores de risco para obstrução: → Maior profundidade e extensão da queimadura (>40%) → Acometimento de cabeça e face → Lesões inalatórias → Queimaduras de orofaringe PROBLEMAS • Lesão por inalação • Edema • Intoxicação por CO 3. Quais os achados na história clínica sugerem intoxicação por monóxido de carbono devido ao confinamento? Desorientação + local fechado (confinamento) Hipoxia e choque, TCE pode ficar desorientado. Confinamento mais alteração do nível de consciência = ficar de olho. QUADRO CLÍNICO DA INTOXICAÇÃO POR CO: • CO < 20%: sem sinais e sintomas • CO > 20%: • Cefaleia e náuseas (20-30%) • Confusão (30-40%) • Coma (40-60%) • Morte (60%) INTOXICAÇÃO POR CO • Exame físico: coloração cutânea rosácea (raro, comum no paciente moribundo) • Exames complementares: níveis de HbCO na gasometria arterial (> 15%) • A oximetria não deve ser utilizada nestes pacientes, pois está falsamente normal: colete uma gasometria! • TTO: O2 em alto fluxo em mascara de valvula unidirecional e inalação de oxigênio a 100% até o CO ser diluído/exalado, o que leva, em média, 4 a 6 horas Deixar a carboxihemoglobina sair da hemácia – não é igual intubação. Precisa colocar O2 100%. O paciente apresenta sinais de lesão inalatória pulmonar? Se sim, cite quais! Sim, há presença de chamuscamento de vibrissas nasais, rouquidão, tosse com expectoração de coloração enegrecida, local fechado. Escarro carbonáceo, dispneia, chamuscamento das vibrissas (pode ser que tenha queimado pra baixo). Tem que fazer broncoscopia para ter ctz. QUANDO SUSPEITAR? • Exposição a fumaça em ambiente fechado • Rouquidão • Sibilo • Escarros carbonáceos • Pelos nasais queimados • Queimadura facial QUEIMADURA POR INALAÇÃO • Lesão primariamente se deve a toxinas inaladas (natureza química) • O calor é dispersado nas VAS, enquanto as toxinas e a fumaça atingem os brônquios • Raramente a lesão pulmonar se deve ao calor, exceto por inalação de vapor em alta pressão . Qual o exame padrão ouro para confirmar diagnóstico de lesão inalatória? Broncoscopia CC 2 Se há presença de lesão inalatória pulmonar, qual a conduta mais eficaz? Intubação precoce e ventilação protetora (manutenção das vias aéreas e maximizar a troca gasosa enquanto o pulmão cicatriza). Intubamos pq tava com rouquidão e edema de VA, faz broncoscopia e não tem lesão inalatória, (só intubou pelo risco do edema de VAI), depois que cessa o edema, extuba o paciente (1-2 dias). Se tiver lesão inalatória , mantem o paciente intubado mesmo que o edema tenha melhorado. • Manutenção das VA e maximizar as trocas gasosas enquanto o pulmão cicatriza -> IOT (ate o pulmão se cicatrizar sozinho). TRATAMENTO • Broncoscopias podem ser necessárias para remover secreções • Corticoide: não • ATB profilático: não• Restrição volêmica para evitar edema: não Apesar da HV piorar o edema, a HV inadequada agrava a lesão pulmonar, aumentando a taxa de mortalidade • Edema das VAS geralmente regride em 1-2 dias • Extubar o mais precoce possível De acordo com a regra dos 9, qual o percentual de superfície corporal queimada? Justifique! 54%, sendo 36% a circunferência do tronco (anterior e posterior 18% cada) 9% cabeça e pescoço e 9% todo membro superior esquerdo. SUPERFICIE CORPOREA QUEIMADA REGRA DOS 9 • Fácil memorização • Superestima a SCQ • Observações • Cada palma da mão do pcte corresponde a 1% da SCT • Util para queimaduras pequenas, escaldantes ou difusas. Ou é 9 ou múltiplos de 9, MSS grandes. • Crianças tem mais superfície corporal na cabeça e no pescoço • Cabeça + pescoço = 21% SCT. Qual deve ser a reposição volêmica inicial desse paciente nas primeiras 24h? e como administrar esse volume? Justifique! 2 X SCQ X PESO Deve fazer reposição volêmica de ringer lactato de 9720 ml (2ml X 54% X 90kg = 9720 ml) administrados metade em 5h pq já passou 3h do ocorrido (4860 ml) e a outra metade em 16h. Volume total (PAKLAND ADAPTADA) 50% -> 8 H 50% -> 16 H 9720/2 = 3960mL -> correr 4860 mL em 5H (já se passou 3h) e 4860 em 16 h. Qual solução usaria para reposição volêmica? Ringer Lactato – soluções cristaloides – aquecido de preferencia Soro fisiológico em grandes quantidades porque ele faz acidose hipercloremica – fazendo INSUFIENCIA RENAL AGUDA Por qual via deve ser feita a reposição? Via parenteral C) CIRCULAÇÃO – REPOSIÇÃO VOLÊMICA INDICAÇÃO: 2º ou 3º grau • >20% SCQ (em adultos) • >10% SCQ (em crianças) • 2 acessos calibrosos (mínimo 18G) periféricos, preferencialmente em MMSS CC 2 • Se não tiver acesso periférico, é preferível a dissecção da safena do que um acesso profundo • E o acesso central? Menos indicada pois transfunde menor quantidade de líquido • Solução: Ringer lactato aquecido (soluções cristaloides) • APH: 1.000 ml • Formula de Parkland: 2ml x peso (kg) x SCQ • Queimadura elétrica: 4ml x peso (kg) x SCQ • Evitar soro fisiológico 0,9%: necessidade de volume, o que pode levar ao quadro de acidose hiperclorêmica e injúria renal aguda • Objetivo da reposição: • Débito urinário 0,5 ml/kg/h (geral) ou 1.0 ml/kg/h (peso <30 kg ou lesão por inalação) • DU 1 a 1,5 ml/kg/h em queimadura elétrica até a urina clarear • Manutenção da PAM > 65 mmHg Debridar só se o tecido estiver desvitalizado. Alguns queimados vao para o CC para trocar o curativo, porque não aguentam a dor. Tem ir para lugares que tem médico o tempo todo, (UTI), pq tem medico o tempo todo. Reposição volêmica é acima 20% TS queimado Qual o melhor parâmetro e valores de referência para avaliar a efetividade da reposição volêmica? Débito Urinário, através da sonda vesical de demora deve-se monitorar a produção de urina usando uma sonda vesical de demora (deve ser mantida em 0,5 ml/kg em adultos), paciente deve ter pelo menos 45 ml/h. OBJETIVO DA REPOSIÇÃO • DU 0,5 mL/kg/h (geral) ou 1,0 mL/Kg/h (peso <30 kg ou lesão por inalação) • DU 1 a 1,5 mL/kg/h em queimadura elétrica até a urina clarear – diurese abundante por causa da mioglobuniuria – mais vigorosa. • Manutenção de PAM >65mmHg Paciente foi entubado, e começou a apresentar queda da saturação, com dificuldade de expansão da caixa torácica durante a ventilação Qual a provável causa da piora da insuficiência respiratória? Escara, rigidez do tórax o que dificulta a expansibilidade pulmonar por causa da queimadura circunferencial do tórax, paciente começa entrar em insufiencia respiratória por que não consegue expandir a caixa torácica. Dai tem que fazer escarotomia. Qual a medida cirúrgica deve ser adotada? O tratamento instituído é a escarotomia da lesão, ou seja, a incisão da área queimada até o subcutâneo; este procedimento restabelece de imediato a expansibilidade do tórax. ESCAROTOMIA • Segundo grau profunda ou de 3º grau circunferencial • Afeta a drenagem venosa, mas raramente a arterial • Quadro clinico quando em MMII: → Insensibilidade dos membros → Parestesia → Hiperestesia dos dedos Fasciotomia – o problema é no musculo, mas clinicamente é o mesmo sintoma. Mais interno Escarotomia – é na pele. MEMBROS • Lateral e medial, eminência tenar e hipotenar • Face dorsolateral dos dedos • Se o comprometimento vascular for prolongado, pode causar hiperemia reativa e edema muscular → observar síndrome compartimental e realizar fasciotomia se necessário • Complicações → Sangramentos → Hipotensão transitória • Observação: se a perfusão não melhorar, deve suspeitar de hipotensão por hipovolemia. TRONCO • Mediana no esterno até o apêndice e depois em direção oblíqua Após a estabilização do paciente: É indicado antibiótico para os pacientes? Se sim, qual a melhor opção? Não tem indicação de ATB sistêmico profilático, somente tópico. AGENTES TOPICOS CURATIVOS • A queimadura não tratada se torna rapidamente colonizada por bacterias e fungos, devido a perda de mecanismos de barreira da pele CC 2 • Podem penetrar no tecido viável, levando a infecção sistêmica e quase sempre ao obito • ATB tópico e sistêmico • ATB sistêmico é utilizado como profilático no pré operatório, cobrir estafilococos e pseudomonas que são os mais prevalentes na queimadura • Aloe vera: promove re-epitelização • Cobertura com agentes que mantenham a ferida umida e ação antibacteriana • Cobertura com agentes que protejam a escara da colonização microbiana • Desbridamento • Enxerto SULFADIAZINA DE PRATA • Amplo espectro • Excelente cobertura contra estafilococos e estreptococos • Não penetra escara: inadequada para queimaduras infectadas • Incoveniente: leucopenia (auto limitada e não deve ser descontinuada) ACETATO DE MAFENIDE • Amplo espectro • Gram positivo e negativo • Penetra escara • Orelhas e nariz • Inconvenientes: inibidor da anidrase carbônica (acidose metabólica) e dor • Raros casos: metemoglobinemia. A.V.S, masculino, 37 anos, pesando 70kg, chega até a Unidade de Pronto Atendimento acompanhado da esposa que relata queimaduras quando o marido foi queimar o lixo no quintal da casa com álcool 70%. Ao examinar o paciente você avaliar que há presença de queimaduras em todo o membro superior esquerdo, todo o tórax anterior e todo o membro inferior esquerdo. Analise as imagens abaixo e responda corretamente as questões. 3º grau 1º grau 2º grau superficial,, de base vermelha PROFUNDIDADE DAS LESÕES • 1º grau: epiderme • 2º grau superficial: epiderme e derme superficial (base vermelha) • 2º grau profundo: epiderme e derme profunda • 3º grau: até gordura subcutânea, espessura total • 4º grau: ossos ou músculos PRIMEIRO GRAU • Dolorosas • Vermelhas (eritema) • Empalidecem ao toque • Barreira epidérmica intacta • Não deixa cicatriz • Ex: exposição solar, água quente • Tratamento sintomático: → Pomadas emolientes → Analgésico SEGUNDO GRAU SUPERCIAL • Eritematosas • Dolorosa • Empalidecem ao toque • Forma bolhas • Reepitelizam espontaneamente por estruturas retidas no sulco vascular (folículos pilosos e glândulas sudoríparas) em 7-14 dias • Podem seguir com leve descoloração a longo prazo. SEGUNDO GRAU PROFUNDA • Derme reticular • Pálidas e mosqueadas • Não empalidecem ao toque • Dolorosas ao toque • Cicatrizam em 14-35 dias por reepitalização a partir de queratinócitos no folículo piloso e glândulas sudoríparas • Pode deixar cicatriz CC 2 TERCEIRO GRAU • Escarificação dura, parece couro • Indolor • Preta, branca oucereja • Não tem apêndice dérmico ou epidérmico • Reepitelizam a partir das bordas da ferida • As queimaduras dérmicas profundas e de espessura total requerem enxerto - retração cicatricial – melhor fazer enxerto Classifique as lesões quanto ao grau de acometimento de profundidade MIE = 2º grau superficial (base vermelha) Tórax anterior = 1º grau MSE = 3º grau Qual a porcentagem queimada acometida? MIE = 18% MSE=9% Tórax anterior= 13% Total = 40% Qual a reposição volêmica nas primeiras 24h? 2 x 70 x 27 (2º e 3º grau) = 4320 ml, sendo 2160 ml nas primeiras 8h e 2160 nas 16h de ringer lactato. Foi avaliado o coletor da sonda vesical de demora do paciente e avaliou-se uma diurese em torno de 32mL por hora. O que isso significa? Qual sua conduta em relação a isso? É aconselhável passagem de cateter vesical de Foley para a medida da diurese horária, que representa o melhor parâmetro para acompanharmos a reposição de volume. O débito urinário deve ser mantido em torno de 0,5 a 1 ml/ kg/h que corresponde de 35 a 70 ml/h então necessita de mais reposição volêmica com bolus de volume. Qual o tratamento indicado para cada caso? A limpeza adequada e desbridamento são feitos com água corrente ou solução fisiológica aquecida e Clorexidina degermante 2% (pode-se utilizar sabão neutro), com o auxílio de materiais suaves para não provocar dano ao tecido sadio. O desbridamento cirúrgico deve ser estudado. Um das antimicrobianos tópicos mais utilizados para o controle da infecção local é a Sulfadiazina de Prata 1%, que também provoca um desbridamento de tecidos necrosados Após, o curativo oclusivo é aplicado visando proteger, reduzir a colonização bacteriana, reduzir a perda calórica e imobilizar o membro na posição funcional (evitando as contraturas cicatriciais) ESTATÍSTICAS NO BRASIL 1.000.000 de acidentes por ano • 2.500 irão a óbito diretamente (queimadura) ou indiretamente (infecções associadas) • Único país do mundo com estatística de queimadura por álcool (40%) • Maioria leve e com tto ambulatorial • Morte bimodal • Imediatamente após a lesão • Semana após, devido a MODS • 2/3 ocorrem em casa • Homens jovens, crianças <15ª, idosos • 75% das mortes decorrem de incêndio domiciliar • Adulto jovem se queima com produtos inflamáveis • Crianças se queimam com líquidos quentes • Maioria evitável DIVISÃO DA AREA DA LESÃO CUTANEA ZONA DE COAGULAÇÃO • Mais superficial • Irreversível (células destruídas) ZONA DE ESTASE • Lesão moderada • Perfusão diminuída • Pode sobreviver ou sofrer necrose de coagulação • Se associa ao dano vascular ZONA DE HIPEREMIA • Mais interno, na derme • Vasodilatação • Tecido viável onde se inicia a cicatrização • Gte não necrosa • As zonas de estase e de hiperemia são definidas em resposta a lesão • O tto imediato pode preservar a zona de estase → Observação: as zonas de estase e de hiperemia são definidas em resposta a lesão → O tt imediato pode prevervar a zona de estase ALTERAÇÃO NO SISTEMA IMUNE • Depressão global da função imune • Alto risco de complicações infecciosas: • Infecção da queimadura • BCP (pulmonar) • Fúngicas e virais HIPERMETABOLISMO • Taquicardia • Aumento do DC • Aumento do gasto energético • Aumento do consumo de O2 CC 2 • Proteólise • Lipólise • Perda grave de nitrogênio PRINCIPAL CAUSA DE ÓBITO: SEPSE E MODS (DISFUNÇÃO DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS) • MODS: pode ser secundaria a SIRS ou infecção • Maioria ocorre por infecção, que no caso das queimaduras ocorre infecção invasiva a partir da lesão do pulmão PREVENÇÃO DA MODS: Tratar precocemente – abordagem agressiva e rápida. 1. Excisão precoce e abordagem cirúrgica agressiva nas queimaduras profundas: • Previne infecção • Excisão nas primeiras 48h 2. Reposição volêmica precoce e agressiva: • Inicio da reposição é mais importante do que o volume 3. ATB tópico e sistêmico • Diminui a incidência da sepse invasiva • ATB pré-operatória tem beneficio em pcte com lesões >30% da SCT 4. Troca de cateter a cada 3 dias 5. Vigilância e tto da BCP • Retirar o pcte o mais cedo possível do ventilador 6. Nutrição enteral precoce Não vai se alimentar -> enteral, não parenteral, pq ela tem mais riscos. NUTRIÇÃO • O metabolismo pode aumentar em até 200% e so volta ao normal com o fechamento da lesão • Desnutrição leva a: • MODS • Cicatrização anormal e lenta • Imunodeficiência • Formula de Curreri: 25 kcal/kg/dia + 40 kcal/% SCQ TRATAMENTO CUIDADOS INICIAIS • Interrupção do processo de queimadura • Toda roupa deve ser removida, porém, a roupa aderida a pele não deve ser arrancada • Qualquer roupa impregnada com substancia química deve ser removida com cuidado • Joias também devem ser removidas → previne constrição por edema B) RESPIRAÇÃO • Preocupações com a ventilação estão relacionadas a 3 fatores: • Hipóxia • Intoxicação por CO • Lesão direta por inalação de fumaça CAUSAS DE HIPÓXIA: • Ambientes nos quais há consumo do oxigênio pela combustão • Intoxicação por monóxido de carbono • Restrição torácica (tardio após 12 a 18 horas) • Intoxicação por cianeto (raro): associado com acidose metabólica persistente • Lesão pulmonar por inalação de fumaça • Trauma torácico associado C) CIRCULAÇÃO • Coloides em geral são apenas utilizados após nas primeiras 24 horas devido o risco de aumentar o edema intersticial • Crianças < 30 kg devem receber fluidos de manutenção com glicose a 5% junto dos cristaloides de reanimação • Profilaxia para TETANO. (queimaduras tem alto risco para tétano) NÃO DAR ALBUMINA NAS PRIMEIRAS 24H D) DISFUNÇÃO NEUROLOGICA • Causas de comprometimento do nível de consciência 1. Choque circulatório 2. Hipoxemia 3. Intoxicação alcoólica/CO 4. Trauma cranioencefálico associado E) EXPOSIÇÃO • Controle da temperatura corpórea • Não romper as bolhas • Investigação e exame físico secundário • Vacinação antitetânica • Preparo para curativos PROFILAXIA DO TETANO CC 2 • A queimadura é considerada uma lesão de grande risco para o tétano • Realizar nas primeiras 48 horas • Somente em queimaduras de 2º e 3º grau • Depende dos status imunológico prévio do paciente e características do ferimento: • Vacinação completa previa (lesão contaminada ou > 5 anos): dT 0,5 ml IM • Imunização parcial previa: dT 0,5 ml IM • Não imunizados/desconhecido/ ultima dose> 10 anos: dT 0,5 ml IM = 250 unidades imunoglobulina EV SINDROME COMPARTIMENTAL • Atenção para queimaduras de extremidades 1. Pulso reduzido 2. Enchimento capilar lento 3. Parestesias 4. Dor refratária e/ou desproporcional 5. Dor muscular que piora ao estendê-lo Mais comum em queimaduras elétricas, a queimadura em si não tem mt relação QUEIMADURAS ELETRICAS • Rabdomiólise (destruição muscular maciça levando a insuficiência renal) • Síndrome compartimental • Corresponde de 3-5% das queimaduras • Pele é resistente a corrente elétrica, por isso geralmente é poupada • Corrente deixa o corpo através de uma área “aterrada” (gte os pés) • Quem mais sofre lesões são os músculos • Os vãos podem trombosar levando a morte do tecido por isquemia • Alta e baixa voltagem • Danos teciduais são mais graves que o tamanho da lesão de entrada e saída, tendendo a ser mais profundos LESÕES RELACIONADAS: • Nervosas: parestesias, paralisias • Vasculares: tromboses, isquemias • Cardíacas: arritmias, necrose miocárdica • Musculares: rabdomiólise (com mioglobinúria e injúria renal aguda), síndrome compartimental LESÕES DE BAIXA VOLTAGEM • Similar as queimaduras térmicas • Não transmite aos tecidos profundos • Choque domiciliar• Danos locais • A pior é a que envolve a comissura labial quando crianças mordem fios elétricos LESÕES DE ALTA VOLTAGEM Queimaduras profundas que não conseguimos ver. • Destruição oculta de tecidos profundos • Comum a queimadura cutânea • Pode fazer FV • Se houver alteração no ECG ou história de PCR associada, deve ser monitorizado com ECG • As anormalidades mais graves ocorrem nas primeiras 24h • As contrações musculares devido a corrente alternada podem provocar fraturas e luxações INDICAÇÃO DE MONITORIZAÇÃO COM ECG: • Perda de consciência • Arritmias durante a reanimação • Lesões associadas pela queimadura • Exposição a alta voltagem (>1000V) AVALIAÇÃO • Avaliar comprometimento vascular dista a lesão • Avaliar lesão muscular → Pode produzir edema e necessitar de escarotomia e fasciotomia • Exploração precoce dos leitos musculares afetados e desbridamento de tecidos desvitalizados • A extensão da necrose pode aumentar após desbridamento, por isquemia devido a trombose de vasos • A liberação de mioglobinas pode causar nefropatia obstrutiva TRATAMENTO • Hidratação venosa rigorosa • Bicarbonato • Manitol 25g 6/6h - pra diurese • Manter diurese de 2ml/kg/h • Necessitam de maior volume que a calculada pela formula, devido a lesão de tecidos profundos. INDICAÇÃO DE TRANSFERENCIA • Queimaduras 2º e 3º graus > 10% SCQ • Queimaduras 3º grau em qualquer idade ou de qualquer extensão • Queimaduras de 2º e 3º em: face, mãos, pés, genitália, períneo, grandes articulações • Queimaduras significantes de etiologias especiais: elétrica (incluindo raios), química • Lesão por inalação • Queimaduras 3º grau circunferencial nas extremidades ou tórax CC 2 • Trauma concomitante com grande risco de morbimortalidade (ex: trauma por explosão) • Comorbidades pré existentes importantes que possam comprometer o tto, prolongar a recuperação ou afetar a mortalidade • Queimadas que exijam suporte de reabilitação social e emocional especial (incluindo suspeita por negligência ou maus tratos) • Crianças queimadas admitidas em locais sem o adequado suporte humano QUANDO INTERNAR? • Queimaduras leves (sem indicação) → 1º grau em qualquer extensão → 2º grau menores que 10% → 3º grau menores que 2% • Queimaduras moderadas (indicação depende de outros fatores) → 2º grau entre 10 a 20% → 3º grau entre 3 a 10% • Queimaduras graves (SEMPRE INTERNAR!!!) → 2º grau >20% → 3º grau > 10% TRATAMENTO CIRÚRGICO • Desbridamento precoces e contínuos • Enxertia precoce • Tto das sequelas: → Retrações cicatriciais: “degola” e ELP; zatoplastias → Úlceras de Marjolin → Cicatrizes hipertróficas → Alopécias COMPLICAÇÕES • Infecção da ferida • SIRS/ sepse • Rabdomiólise e insuficiencia renal • Dor crônica • Cicatrização hipertrófica, contração de feridas e comprometimento funcional • Síndrome compartimental de membros • Intoxicação exógena (CO, cianeto) • Desnutrição proteico- calórica • Distúrbios psicológicos • Transformação maligna de lesões crônicas; ulcera de Marjolin (carcinoma epidermoide) • Óbito • Ulcera de Curling: ulcera péptica após queimadura grave (todo paciente com queimadura grave - usar IBP em pacientes graves)
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