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@paulapsantos1 BASES DA CIRURGIA AULA 1: PRINCÍPIOS DE CIRURGIA ASSÉPTICA - Os cuidados da cirurgia asséptica existem no sentido de prevenir infecções. - A infecção depende de uma correlação entre 3 agentes: 1. Ambiente → meio onde a infecção se desenvolverá. 2. Bactéria → patogenicidade da cepa e número de organismos presentes. 3. Hospedeiro → doenças pré-existentes e imunidade. Tipos de infecções: 1. Infecções hospitalares: ocorrem ainda dentro do hospital. 2. infecções pós operatórias: ocorrem no local da cirurgia. - A ferida operatória é uma causa comum de infecções → considera-se infecção da ferida operatória aquela que acontece até 30 dias após o procedimento. - Já no caso de colocação de prótese, a infecção pode ocorrer em até 90 dias. Fatores associados à ocorrência de infecções: - Duração do procedimento → quanto mais demorado, maior risco; - Caráter de urgência → ausência de preparo adequado, perda volêmica, hipóxia; - Terapia adjuvante para câncer → queda da imunidade; - Infecção à distância → risco de contaminação; - Desnutrição → imunossupressão; - Via de acesso → quanto maior a incisão, maior o risco de infecção; - Local da cirurgia → MMII têm mais estase, maior risco de infecção. Pacientes com maior risco de infecções: → avaliar o uso de antibiótico profilático. - Tabagistas; - Extremos de idade → senescência imune; - Desnutrição grave; - Diabetes → a hiperglicemia induz à disfunção da imunidade celular; - Infecções concomitantes; - Imunossupressão; - Terapia com corticoesteróides; - Cirurgia recente; - Hospitalização prolongada; - Colonização conhecida por bactérias resistentes. Preparo pré operatório - Envolve tanto o paciente quanto o profissional: 1. Preparo do paciente: - Interrupção do tabagismo 6-8 semanas antes da cirurgia → a nicotina causa vasoconstrição, prejudicando a diapedese e, consequentemente, favorecendo a proliferação bacteriana. @paulapsantos1 - Preparo do cólon: esvaziamento do cólon, eliminando as fezes, visando diminuição das bactérias locais. O uso de antibioticoprofilaxia nas cirurgias de cólon é obrigatório. - Preparo da pele: tricotomia realizada dentro da sala de cirurgia, com tricótomo elétrico (lâminas causam microlesões na pele), associada à aplicação de antissépticos tópicos (clorhexidina) de forma concêntrica (início próximo ao local e afastamento gradativo), se houver indicação. - Antibioticoprofilaxia: previne a infecção apenas na ferida operatória. Deve ser iniciada 1 a 2 horas antes da incisão cirúrgica (antes da indução anestésica), com a realização de repiques a cada 2 horas de cirurgia. O término da administração do profilático deve ser em até 24h desde a cirurgia. Além disso, deve-se observar a dose e o tempo ideal para atingir níveis plasmáticos no momento da incisão (geralmente, antibióticos de amplo espectro em doses altas). Essa administração em curto período reduz efeitos adversos, reduz o surgimento de resistência bacteriana e reduz custos. - Redução da morbimortalidade; - Redução do tempo de internação; - Redução dos custos hospitalares; - Mínimo efeito adverso sobre a flora residente; - Ação sobre a flora transitória e redução da população microbiana na ferida. - Outros cuidados: - Normotermia → manter o paciente a 37oC; - Oxigenação → quanto menor a oxigenação maior a chance de contaminação; - Controle glicêmico em diabéticos; - Evitar transfusões sanguíneas; - Reduzir o trânsito de pessoas; - Uso de fluxo laminar no ambiente → controle da quantidade de bactérias presentes em suspensão no ambiente. 2. Preparo do profissional: - Higienização das mãos: primeiro com detergente e depois com soluções alcoólicas. Equipe cirúrgica → lavagem e escovação das mãos. - Evitar adornos: unhas grandes, anéis e relógios, cabelo solto, etc. - Outros cuidados: - Uniforme cirúrgico não deve ser usado fora do hospital; - Roupas usadas em procedimentos contaminados devem ser trocadas para cirurgias subsequentes; @paulapsantos1 - Boca, nariz e cabelo devem estar cobertos durante procedimentos invasivos; - Uso de luvas duplas em procedimentos com risco aumentado. Flora residente x flora transitória - Flora residente: bactérias que ficam mais profundamente no tecido, em folículos pilosos e glândulas sebáceas, habitualmente em pequeno número. Geram danos somente em indivíduos imunocomprometidos. Ex.: S. aureus. “Microrganismos persistentemente presentes na pele da maioria das pessoas, os quais conseguem aderir, sobreviver e colonizar a superfície das células epiteliais. População estável que só pode ser removida parcial e temporariamente pela descamação celular”. - Flora transitória: bactérias que ficam na superfície da pele e que podem gerar danos se penetrarem mais profundamente. Ex.: E. coli. “Microrganismos isolados da pele, consequentes ao contato com o ambiente. Muito variáveis, não aderentes ao epitélio e facilmente transferidos a outros indivíduos”. Técnica operatória - A técnica operatória refinada gera menos lesão e é mais uma estratégia para a prevenção de infecções. - Uso de implantes impregnados com antimicrobianos. - Curativos. Classificação das feridas - Limpa: ferida cirúrgica em campo estéril preparado. Procedimentos cirúrgicos limpos afetam apenas estruturas da pele e outros tecidos de partes moles. Não há o uso de antibióticos profiláticos, a não ser que envolva órteses/próteses. Risco de infecção: 1 - 4%. Mo mais comum: S. aureus. - Potencialmente contaminada: nos procedimentos potencialmente contaminados ocorre manipulação/abertura de vísceras ocas, sob circunstâncias controladas. Quebra mínima de assepsia. Ex.: cirurgias eletivas do trato aerodigestivo ou geniturinário. Uso de antibióticos profiláticos. Risco de infecção: 5 - 15%. Mo mais comum: flora endógena da víscera penetrada (polimicrobiana) - Contaminada: os procedimentos contaminados introduzem um grande inóculo de bactérias em uma cavidade corporal normalmente estéril, em uma velocidade rápida e podendo estabelecer um quadro infeccioso durante o procedimento cirúrgico. Abertura não controlada de vísceras. Ex.: traumas abdominais penetrantes. Grande extravasamento de secreções de uma cavidade ou víscera oca, infecção pré existente à distância. Risco de infecção: 16 - 25%. Mo mais comum: depende da víscera e da doença subjacente. - Infectada / suja: procedimentos realizados para controlar uma infecção estabelecida. Contaminação contínua da ferida, cirurgia em cavidades com pus. Uso de antibióticos terapêuticos. Risco de infecção: 26 - 100%. Mo mais comum: depende da localização da ferida e da doença.
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