Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

ESPORTE NO BRASIL: INCLUSÃO SOCIAL OU MERITOCRACIA EXCLUDENTE?
Uma vez precárias, as práticas desportivas de inclusão no Brasil evidenciam uma violação ao estado democrático de direito. Pois, em virtude de fatores como a falta de investimentos governamentais efetivos e a intensa disparidade socioeconômica, aliados à ideia do merecimento pessoal, é indubitável que o exercício dos direitos sociais é rompido, haja vista que, consoante Rousseau, cabe ao Estado agir em nome da soberania popular. Diante de tal perspectiva, infere-se que a falha institucional e o discurso da meritocracia viabilizam a marginalização no âmbito esportivo.
Nesse viés, o caráter da aristocracia contemporânea, cerne das relações sociais, exerce influência no contexto de desigualdade atuante. Assim, o esporte, apesar de ser ferramenta de inclusão, é moldado para atender a um sistema estruturalmente elitista, o qual desconsidera os fatos sociais que determinam a realidade das camadas desfavorecidas. Dado que, segundo Durkheim, tais circunstâncias operam de modo a obrigar os indivíduos a cederem às regras da sociedade. Desse modo, salienta-se que essas contradições inibem a igualdade de oportunidades entre os atletas e, consequentemente, aqueles que não usufruem do direito às atividades esportivas, como promotoras de ressocialização, permanecem em estado de inércia nas margens da convivência social. Por isso, o papel inclusivo proporcionado pelo esporte adquire uma natureza seletiva na medida em que o investimento existente não promove uma equiparação.
Ademais, a falácia do mérito pessoal disseminada por essa mesma classe dominante termina por encobrir as mazelas sociais do ambiente esportivo. Posto que, ao utilizarem de exemplos de atletas que ascenderam em condições adversas, a visão segregacionista meritocrática é generalizada e inviabiliza a compreensão do esporte como direito garantido constitucionalmente. Logo, depreende-se que a concepção durkheimiana é desmerecida em detrimento do darwinismo social, o qual decreta o individualismo e afirma que o sujeito com a melhor aptidão, por seu esforço, se destaca perante os demais. Todavia, representar o todo pela exceção e tornar verdadeira a ideia da meritocracia é inviável no meio de desigualdades. Sendo assim, ações pseudoinclusivas não suficientes para determinar o fim da dualidade inserida na problemática do esporte no Brasil.
Dessarte, torna-se imprescindível o discernimento de tal direito social para a democratização do acesso às práticas esportivas. Em vista disso, o Governo Federal, por intermédio do Ministério da educação, deve fomentar políticas públicas de inclusão eficazes, como a adesão de intervenções pedagógicas que potencializem a formação esportiva no cotidiano escolar, a fim de auxiliar no combate às disparidades vigentes. De maneira análoga, através do Ministério do Esporte, cabe oferecer adequadamente apoio financeiro aos atletas que convivem com a marginalização, com intenção de erradicar a ilusão do mérito individual e propiciar a soberania popular defendida por Rousseau.

Mais conteúdos dessa disciplina