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INCLUSÃO-E-EXCLUSÃO-SOCIAL

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MATERIAL DIDÁTICO 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
 
2 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 EXCLUSÃO SOCIAL .................................................................................. 4 
2.1 O conceito “exclusão” ........................................................................... 4 
2.2 Fatores que favorecem a exclusão e a inclusão social ...................... 10 
2.3 Combate à exclusão social ................................................................. 11 
2.4 Exclusão Social e Pobreza ................................................................. 14 
2.5 Exclusão Social e violência ................................................................ 16 
3 INCLUSÃO SOCIAL ................................................................................. 21 
3.1 O conceito de inclusão ....................................................................... 21 
3.2 Políticas Públicas e Inclusão .............................................................. 22 
3.3 Grupos em situação de exclusão social ............................................. 25 
4 DA EXCLUSÃO À INCLUSÃO EDUCACIONAL ....................................... 26 
4.1 As pessoas com deficiência ao longo da história ............................... 26 
4.2 Da exclusão à inclusão no brasil ........................................................ 30 
4.3 Nomenclaturas utilizadas para as pessoas com deficiência............... 33 
4.4 A prática inclusiva e educação aberta à diversidade .......................... 35 
5 DESAFIOS DA PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL ................................. 38 
5.1 Psicologia Social e Políticas Públicas ................................................ 43 
6 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 46 
 
 
 
 
 
 
3 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
2 EXCLUSÃO SOCIAL 
 
Fonte: https://conceitos.com/exclusao-social/ 
 
2.1 O conceito “exclusão” 
A literatura concorda em que o termo exclusão foi sofrendo alterações nas últimas 
décadas e que precisa recuperar seus pressupostos teóricos. Para alguns autores o 
termo acabou sendo utilizado de maneira excessiva, provocando sua indefinição. 
Oliveira (2004) escreve a seu respeito o seguinte: 
 
Na verdade, a partir do último quarto do século XX, o termo exclusão 
começou, gradualmente, a ocupar espaços na literatura social, 
especialmente a partir da área das políticas públicas. Hoje, está fortemente 
presente em todas as áreas. Na maioria das ciências sociais, é empregado 
como se fosse um conceito científico de uso corrente, que já não mais 
precisasse ser definido; no campo das políticas públicas e da assistência 
social, constitui-se, inconfundivelmente, em alvo prioritário das ações; até 
mesmo certos movimentos religiosos, cujo conceito de “pobre” transcende o 
significado sociológico, renderam-se ao magnetismo do “excluído” 
(OLIVEIRA, 2004, p. 160). 
 
 
5 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
O autor discorre sobre o assunto se perguntando quem seriam de fatos os 
excluídos. Ele afirma que, por vezes, o termo faz referência 
 
às minorias étnicas, ora aos segregados pela cor; por vezes aos 
desempregados de longa duração, outras vezes aos sem-moradia; em certos 
casos, aos que fazem opções existenciais contrárias à moral vigente, em 
outros aos portadores de deficiências, aos aidéticos, aos velhos ou mesmo 
aos jovens. Excluídos, entre nós, são os desempregados, os 
subempregados, os trabalhadores do mercado informal, os sem-terra, os 
moradores de rua, os favelados, os que não têm acesso a saúde, educação, 
previdência etc., os negros, os índios, as mulheres, os jovens, os velhos, os 
homossexuais, os alternativos, os portadores de necessidades especiais, 
enfim, uma relação quase interminável (OLIVEIRA, 2004, p. 160). 
 
A problemática levantada em torno da definição e do alcance do termo exclusão 
despertou o interesse sobre o assunto de vários pesquisadores, entre eles, 
apresentamos a seguir a pesquisa realizada por Avelino da Rosa Oliveira (2004), de 
Zione (2006) e de Alvino-Borba & Mata-Lima (2011). 
Em relação ao aparecimento do termo exclusão, a pesquisa de Oliveira (2004) 
aponta pelo menos três posições diferentes. Por um lado, identifica um primeiro grupo 
com os seguintes pesquisadores: Jacques Donzelot e François-Xavier Merrien. Os 
estudos de Jacques Donzelot localizaram nos anos de 1970, na França, o surgimento 
do conceito de exclusão, associado a assuntos relacionados com políticas públicas 
por meio da denúncia realizada no trabalho de René Lenoir sobre as pessoas 
esquecidas pelo progresso. 
Da mesma forma, François-Xavier Merrien encontra o termo sendo utilizada na 
França e nos países anglo-saxônicos, especialmente nos Estados Unidos. Haveria, 
entretanto, enfoques diferentes do uso. Nos Estados Unidos o interesse seriam grupos 
caracterizados por comportamentos desviantes, marginais e ilícitos. Já na França, o 
foco é nos processos. Esse autor também reconhece o começo da tematização da 
exclusão social com a obra de René Lenoir, de 1974 (Oliveira, 2004). 
 O segundo grupo que trata sobre o assunto foi associado aos seguintes autores: 
Paugam (1996), Oliveira (1997), Gilberto Dupas (1999) e Ferraro (1999). Eles 
consideram que o termo é um conceito recente e colocam em dúvida a paternidade 
do termo a um único autor. Nesse sentido, afirma-se que Paugam recordou que o 
próprio Lenoir confessou que não foi ele o autor do título de seu livro. Oliveira (2004) 
explica, ao mesmo tempo, que essa relativização do tema não nega a época do 
aparecimento do termo. Numa linha semelhante de arguição, Oliveira (1997) sinaliza 
 
6 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
que, a temática é recente, mas que Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto, Lúcio 
Kowarick, Alba Zaluar, Hélio Jaguaribe e Cristovam Buarque já discutiam sobre ela 
nas suas obras. 
Um outro autor deste grupo é Gilberto Dupas. Ele associa o surgimento do termo 
à complexa conjuntura internacional e a vários fatores decorrentes dessa situação e 
não tanto a um autor específico. Por fim, Ferraro (1999) afirma que fatos novos 
produzem a frequência do uso e seria isso o que teria acontecido com o termo 
exclusão. Sendo assim, o autor não parece interessado na criação do termo em si. 
Ele se mostrou mais interessado em resgatar o significado de exclusão à luz das obras 
de Marx (Oliveira, 2004). 
O terceiro grupo, preocupado com a criação do termo, está integrado por Julien 
Freund, quem sustenta a ideia de que o termo já estava presente em outras 
sociedades e tempos nas nomenclaturas como exílio, ostracismo ateniense, 
proscrição ou desterro em Roma, na condição de pária na cultura hindu,ou no gueto 
(Oliveira, 2004). 
Os estudos de Oliveira (2004) concluem que o termo foi ganhando espaço e 
substituindo o termo pobreza bem como a identificação dos excluídos para focalizar 
na identificação dos processos de exclusão. Em relação à pluralidade conceitual que 
o termo foi alcançando, o autor afirma que: 
 
A esta imprecisão que, por um lado, permite que o termo seja usado para 
descrever populações que não têm nada em comum e, por outro, torna-o 
disponível a intencionalidades bem distintas, soma-se ainda o pavor social de 
uma luta contra o desconhecido [...] Se, por um lado, é evidente a falta de 
clareza em algumas formulações atuais, não se pode deixar de reconhecer o 
grande esforço teórico que vem sendo empreendido e os inegáveis avanços 
já obtidos, no sentido de uma afirmação mais precisa do conceito “exclusão”. 
 
O trabalho de Oliveira nos leva a entender que a novidade do conceito exclusão 
social está em tornar-se de alguma forma um conceito organizador de um novo 
paradigma social, sem ser capaz de esgotá-lo, porem que retrata o aparecimento 
contemporâneo da lógica capitalista. Portanto, o alcance conceitual deste termo 
depende da linha teórica à qual seja integrado. 
Sobre a mesma temática, Zione (2006) afirma que um dos problemas centrais da 
sociedade contemporânea são os milhões de seres humanos depostos de suas 
condições de vida e a falta de acesso aos direitos universais, tornando-se um dos 
 
7 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
temas emergentes no campo de pesquisas sociológicas, políticas, económicas, entre 
outras. 
A autora explica que foi na década de 1980 que o termo exclusão alcançou 
maior visibilidade nos debates de política e teórico internacional. Essa situação pode 
ser explicada pelo próprio fenômeno de pobreza nos países europeus pós-guerra 
mundial. Com o tempo essa terminologia começou a ser revista e criticada, pois, o 
seu uso passou a ser abusivo, o que levou a uma busca pela sua ressignificação nos 
diversos campos do pensamento. Pautando-se na obra de Fretigné (1999), Zione 
(2006) apresenta os quatro momentos históricos de constituição do conceito de 
exclusão. Eles são: a) Explicações Psicológicas, Condições de Moradia e Pobreza, b) 
Os Irredutíveis: inaptos para o progresso, c) Deficientes ou Marginais, d) Os Novos 
Pobres e a Consolidação do Termo Exclusão Social. 
Para o primeiro momento, Zione (2006) descreve as condições de moradia 
existentes na França, no período posterior à Guerra Mundial. A França adotou 
medidas estruturantes no quesito habitacional para possibilitar a reconstrução das 
casas, conforme os cânones urbanísticos. Nesse sentido a autora afirma: 
 
Os pobres, depois do conflito mundial, não mais eram percebidos como 
totalmente responsáveis pela sua situação. Eram trabalhadores vivendo em 
péssimas condições: em meados da década de 1950, um recenseamento 
sobre moradias mostrava que existiam na França cerca de 250 mil habitações 
precárias, insalubres e mal-conservadas, em um universo de 12 milhões de 
edifícios (ZIONE, 2006, p. 15-16). 
 
 
 
No segundo momento de retrospectiva histórica do conceito de exclusão, a 
professora Fabiola nos conta que mesmo com a inserção das camadas empobrecidas 
no projeto de moradia e a diminuição do déficit habitacional, ainda estão aqueles 
considerados como: 
 
“inaptos para o progresso”, pessoas e grupos sobre os quais os poderes 
públicos não sabem como agir, são apresentados como “pobres de longa 
data, pessoas mentalmente desequilibradas, infelizes desprovidos de toda 
esperança, homens e mulheres enfraquecidos ou corrompidos pela vida, cuja 
readaptação à sociedade constitui-se como tarefa imprescindível” (Fretigné, 
1999, p. 53) (ZIONE, 2006, p. 15-16, aspas da autora). 
 
Para resolver essa situação, formam construídos diversos edifícios para 
acolher os assim chamados de “inadaptados”. Esses lugares receberam o nome de 
 
8 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
“cidades de urgência ‘e/ou’ de passagem”, deveriam se constituir também como 
espaços para desenvolvimento de ações pedagógicas e de acompanhamento social” 
(ZIONE, 2006, p. 16). Uma observação feita pela autora é que foram essas 
construções as que levaram ao preconceito e a estigmatizacão desses indivíduos, 
pois, formam considerados lugares de readaptação ou corretivos. Ela explica que para 
a maioria das pessoas, essas casas 
 
remontam a práticas medievais de confinamento dos devedores, dos 
doentes, dos pobres. Nesse sentido, aqueles que foram colocados de lado o 
foram porque eram loucos, pobres, ladrões ou tarados. Para os que vivem no 
habitat dos pobres, a desconfiança dos comerciantes e empregadores não 
tem fim jamais (Paugam, 1996) (ZIONE, 2006, p. 16). 
 
 
Para além dessa memória social e histórica, neste momento de reconstrução e 
início do crescimento econômico, a pobreza - simbolicamente – correspondia “a uma 
situação de inadaptação social” (ZIONE, 2006, p. 16). 
O terceiro momento contemplado por Zione (2006) é chamado de “Deficientes 
ou Marginais”, pois, 
 
Do imediato pós-guerra até os anos 1970, de acordo com Paugam (1996), 
situações atípicas de moradia, emprego e de estilo de vida eram vistas como 
enfermidade, anormalidade ou amoralidade; a inserção das populações “com 
problemas” apelava a uma terapêutica social que tomava a forma de um 
acompanhamento psicológico e clínico. A partir dos anos 1970, porém, 
inverteu-se a causalidade, e a sociedade foi colocada sob suspeita; a nova 
pobreza e depois a exclusão serão interpretadas como “uma consequência 
direta da incapacidade por parte da sociedade em inserir seus membros e 
não mais como o fruto de uma incapacidade individual em se solidarizar com 
o todo social (ZIONE, 2006, p. 16). 
 
 
 Nesta retrospectiva histórica, a autora nos lembra, ainda que nesse momento, 
o conceito de marginalidade ficou mais reforçado pelas correntes de contracultura de 
1968 e que incentivaram “uma noção de marginalidade por opção pessoal pelo desvio, 
em oposição à noção anterior pela qual a situação de marginalidade era entendida 
como resultante de uma inaptidão individual” (ZIONE, 2006, p. 16). 
Zione (2006) considera que o termo de exclusão se consolida com a obra de 
René Lenoir (1974), intitulada Les exclus, un français sur dix. 
 
9 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
O último momento dessa retrospectiva, Zione (2006) foi chamado de “Os Novos 
Pobres e a Consolidação do Termo Exclusão Social”. As mudanças produzidas pelas 
inovações tecnológicas depois dos anos’80 e com a crise de petróleo, trouxeram 
consequências graves no campo do trabalho. Gerou-se um cenário de desemprego 
bastante complexo, atrelado à condição de precariedade trabalhista, de salários 
alterados negativamente e de marginalidade (ZIONE, 2006). 
Um terceiro trabalho escolhido para tratar sobre o conceito de exclusão 
corresponde a Alvino; Mata (2011). Os autores interpretam que o distanciamento feito 
pelas sociedades contemporâneas às políticas de bem-estar social contribuíram para 
o surgimento das diversas situações de vulnerabilidade social. Foram essas situações 
as que provocaram a exclusão social. Nesse sentido, caberia ao Estado combate-las 
com programas de inclusão. Portanto, eles entendem que a abordagem desse 
assunto exige um aprofundamento de tais conceitos, ou seja, o de exclusão e de 
inclusão. 
Em relação ao conceito de exclusão, Alvino; Mata (2011, p. 221) apresentam 
um quadro com as principais concepções de diversos autores mais recentes, algumas 
delas definem que: 
 
Exclusão social não é um conceito, é uma nova questão social. Esta situação 
está sendo produzida pela conjunção das transformações no processo 
produtivo, com as políticas neoliberais e com a globalização (LESBAUPIN, 
2000, p. 36). 
 
Exclusão social pode ser definida como múltiplas privações resultantes da 
falta de oportunidades pessoais, sociais, políticas ou financeiras. A noção de 
exclusão socialvisa a participação social inadequada, a falta de integração 
social e a falta de energia (HUNTER, 2000, p. 2-3). 
 
É um processo através do qual certos indivíduos são empurrados para a 
margem da sociedade e impedidos de nela participarem plenamente em 
virtude da sua pobreza ou da falta de competências básicas e de 
oportunidades de aprendiza- gem ao longo da vida, ou ainda em resultado de 
discriminação (COM, 2003, p. 9). 
 
A exclusão social de um grupo, ou dos indivíduos que pertencem a esse 
grupo é, antes de tudo, uma negação de respeito, reconhecimento e direitos 
(SILVER, 2005, p. 138). 
 
Exclusão social significa grupos socialmente excluídos. Portanto, são aqueles 
que estão em situação de pobreza, desemprego e carências múltiplas 
associadas e que são privados de seus direitos como cidadãos, ou cujos 
laços sociais estão danificados ou quebrados (SHEPPARD, 2006, p. 10). 
 
 
10 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
Em relação ao conceito de inclusão social, Alvino; Mata (2011, p. 222) 
identificaram algumas das seguintes definições: 
 
Processo que visa promover a inclusão dos segmentos em vulnerabilidade 
social, destacando a cidade, a escola, o emprego e a proteção social. 
(KOWARICK, 2003, p. 75) 
 
Processo que garante que as pessoas em risco de pobreza e exclusão social 
acedam às oportunidades e aos recursos necessários para participarem 
plena- mente nas esferas económica, social e cultural e beneficiem de um 
nível de vida e bem-estar considerado normal na sociedade em que vivem. 
(COM, 2003, p. 9) 
 
A inclusão social de grupos não é meramente simbólica, já que também 
contém implicações económicas (SILVER, 2005, p. 138). 
 
Processo pelo qual a exclusão social é amenizada. Caracteriza-se pela busca 
da redução da desigualdade através de objetivos estabelecidos que 
contribuam para o aumento da renda e do emprego (WIXEY et al., 2005, p. 
16) 
 
É uma questão de abertura e de gestão: abertura, entendida como 
sensibilidade para identificar e recolher as manifestações de insatisfação e 
dissensos sociais, para reconhecer a “diversidade” social e cultural; gestão, 
entendida como crença no caráter quantificável, operacionalizável, de tais 
demandas e questionamentos, administráveis por meio de técnicas 
gerenciais e da alocação de recursos em projetos e programas (as políticas 
públicas) (LACLAU, 2006, p. 28). 
 
São as políticas sociais contemporâneas que priorizam, equivocadamente, 
atingir os excluídos que estão no limite das privações através de programas 
focalizados que sustentam rótulos de “inclusão social” (LOPES, 2006, p. 22). 
 
2.2 Fatores que favorecem a exclusão e a inclusão social 
Ao se debruçar sobre os fatores que favorecem os processos de exclusão 
social, os supracitados autores sinalizam que alguns deles são, entre outras: 
 
o desemprego estrutural, a precarização do trabalho, a desqualificação social, 
a desagregação identitária, a desumanização do outro, a anulação da 
alteridade, a população de rua, a fome, a violência, a falta de acesso a bens 
e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania [...] Pobreza, fome, 
desigualdade educacional, violação da justiça social e solidariedade social 
[...] Inacessibilidade ao mercado de trabalho — a incapacidade de gerar uma 
renda familiar de subsistência, a desvalorização ou falta de reconhecimento 
do trabalho diário do indivíduo, a discriminação e a ausência de proteções 
legais básicas do trabalho. Esses efeitos incluem a segregação física em 
comunidades marginais, o estigma social associado à baixa qualidade dos 
empregos, condições de trabalho inseguras e o abandono prematuro da 
escola [...] (ALVINO; MATA, 2011, p. 223). 
 
 
 
11 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
Já, em relação aos fatores que contribuem com os processos de inclusão social 
são, entre outros: 
 
Justiça social e solidariedade social [...] Segurança, proteção, segurança 
social, direitos democráticos e oportunidades comuns de participação política 
[...] A melhoria de capital humano por meio da educação, do treinamento e 
de empregos de melhor qualidade pode contribuir significativamente para o 
aumento da inclusão social [...] Valorização das pessoas e grupos 
independentes de religião, etnia, género ou diferença de idade; estruturas que 
possibilite possibilidades de escolhas; envolvimento nas decisões que afetam 
a si em qualquer escala; disponibilidade de oportunidades e recursos 
necessários para que todos possam participar plenamente na sociedade 
(ALVINO; MATA, 2011, p. 223). 
 
2.3 Combate à exclusão social 
Alvino; Mata (2011) consideram que a exclusão social pela sua abrangência e 
amplitude impulsiona, de alguma forma, novas dinâmicas de problemas sociais. Por 
isso, é preciso combater novos problema com novas soluções. Eles afirmam: “A 
transformação social requer uma dinâmica mais criativa de intervenção social na 
medida em que não existe um padrão de resposta “ (ALVINO; MATA, 2011, p. 226). 
 Os combates à exclusão social se realizam através de programas de 
assistência social que visam atender as demandas das pessoas em situação de 
vulnerabilidade. Porém, existem limitações nas políticas que as sustentam. As autoras 
analisam, nesse sentido, algumas medidas que diminuem os fatores que ajudam no 
aumento das vulnerabilidades sociais, tais como: o desemprego, a pobreza, a 
educação, a saúde e a população idosa. 
A pobreza implica a falta de recursos financeiros. Entretanto, para alguns 
autores, ela também pode ser abordada sob outros aspectos, ou seja, como privação 
social, económica, cultural e política. Nesse sentido, podem se estabelecer duas 
categorias: a pobreza relativa e a absoluta. A pobreza absoluta pode ser entendida 
como a privação extrema das necessidades humanas básicas, incluindo a 
alimentação, segurança, água potável, saneamento básico, saúde, moradia, 
educação e informação. Já a pobreza relativa é compreendida como a 
incompatibilidade entre os recursos que uma pessoa ou comunidade possuem e o 
padrão de vida considerado aceitável pela sociedade onde estão inseridos. Em 
consequência, podem surgir a falta de emprego, os baixos salários, precariedade de 
 
12 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
moradia, falta de cuidados com a própria saúde, impedimentos de acesso à educação 
e cultura, atividade física e lazer. Alvino; Mata (2011) sugerem que: 
 
A erradicação da pobreza requer um planeamento da atual inserção social 
através de programas que permitam debelar as fragilidades sociais e, dessa 
forma, desenvolver a sociedade. No entanto, a dimensão desses programas 
de inserção exige uma resolução a longo prazo através de reformas 
profundas [...]. É inviável combater a pobreza e a exclusão social sem fazer 
uma análise das desigualdades económicas e sociais. De assinalar que, nos 
programas políticos observa-se uma tendência em tentar resolver esse 
problema, tornando-o uma das prioridades em campanhas políticas [...]. 
(ALVINO; MATA, 2011, p. 228). 
 
Sobre a questão do desemprego, os autores afirmam que para combatê-lo: 
é primordial assegurar as condições para a plenitude do trabalho através de 
políticas fiscais e legislação laboral que estimulem os empregadores a 
promoverem investimentos que criem empregos. A inclusão social através do 
trabalho gera maior envolvimento participativo do indivíduo na sociedade, 
visto que o emprego possibilita a capacidade de decisão, de escolhas 
relativamente à utilização dos recursos sociais e de pleno exercício da 
cidadania. Por outro lado, o desemprego, sobretudo de lon- ga duração, 
causa danos psicossociais, tais como a perda de competência e autoestima 
(COM, 2003, p. 24; Silva, 2008, p. 5) (ALVINO; MATA, 2011, p. 230). 
 
Os Estados precisam garantir o trabalho principalmente para aqueles que se 
encontram na condição de imigrantes, dependência química, ex-detentos, deficientes, 
jovens desempregados, etc. Por isso, torna-se fundamental a adoção de políticas que 
propiciem a criação de novas empresas,bem como, favorecer a igualdade de 
oportunidade laboral e de gênero através dos programas de formação profissional 
para jovens e adultos. 
No âmbito da educação, entende-se que exista uma relação entre o baixo 
rendimento escolar e o desemprego, embora não determinantes, mas condicionantes 
e que levam a situações de exclusão. Nesse sentido, de acordo com a COM (2003) , 
“a implementação de projetos [...] é uma opção para contribuir para a qualidade do 
ensino e estímulo à aprendizagem, proporcionando oportunidades de aprendizagem 
contínua ao longo da vida” ( ALVINO; MATA, 2011, p. 232). 
Em relação à saúde, pode ser afirmar que ela é consequência de uma boa 
qualidade de vida e de acesso aos meios para seu cuidado. Situações de exclusão 
social podem levar à falta de saúde. Para resolver os problemas com os serviços de 
saúde, se faz necessário um trabalho de identificação tanto das necessidades como 
dos riscos e dos custos envolvidos. Nesse sentido, os programas de saúde da família 
 
13 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
e as campanhas preventivas são relevantes para que a possam ser garantidos não só 
a qualidade no atendimento, mas o próprio direito universal e gratuito à saúde. 
O aumento da população idosa e a diminuição da natalidade, bem como da 
população juvenil com menos de 15 anos, exige planejamentos específicos que 
favoreçam a qualidade de vida dos idosos. Esse planejamento deve contemplar 
atividades de ordem física, de lazer, de cultura, etc. Dentre as situações que precisam 
ser prevenidas encontram-se a de solidão e abandono do idos, pois, notícias sobre 
idosos encontrados sem vida em suas casas tem se tornada eventos comuns. Nesse 
sentido, afirma-se que: 
 
O problema não é só a velhice, agrega-se também a dependência. 
Destaca-se, ainda, a rotura dos laços de vizinhança nas sociedades 
contemporâneas, contribuindo para a solidão [...] O atual planeamento urbano 
exclui os idosos. Cabe um planeamento que possibilite organizar funções 
para os idosos viverem de forma menos cruel. É essencial o apoio direto, a 
humanização não de forma vazia, mas na tentativa de encontrar dispositivo 
de apoio ao voluntariado. As medidas de minimização ao combate à exclusão 
não são inovadoras, mas continuam sendo urgentes. A efetivação e o 
acompanhamento de todos os planos inclusivos não devem permanecer 
apenas em relatório (ALVINO; MATA, 2011, p. 236). 
. 
Os três trabalhos apresentados nos colocaram diante de alguns aspectos 
associados ao conceito de exclusão, nos mostrando as possíveis abordagens sobre 
a temática. O presente material não pretende esgotar o assunto, mas se debruçar 
sobre os desdobramentos considerados mais relevantes para este estudo. A seguir, 
ainda, neste capítulo, discutiremos a pobreza e a violência na perspectiva da exclusão 
social. 
 
 
 
Fonte: ttps://www.noticiasaominuto.com/ 
 
14 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
2.4 Exclusão Social e Pobreza 
 
Fonte: https://valorinveste.globo.com/ 
 
Os conceitos de pobreza e exclusão social são distintos, remetendo-nos para 
formas de analisar a sociedade diferentes, se bem que aparentadas entre si. Para 
quem se preocupa com o problema social da pobreza, esta é uma questão importante, 
dado que diferentes noções do que é ser pobre (ou excluído) podem implicar o recorte 
de diferentes conjuntos de indivíduos na realidade, como vários autores referem (no 
que à pobreza diz respeito) (Glewwe e Gaag, 1989; Townsend, 1993). 
 A designação dos indivíduos como pobres ou excluídos não é inocente dado 
que tem importantes efeitos ao nível da identidade social e da reprodução das 
desigualdades. As formas de definição destes dois conceitos são inúmeras, refletindo 
coisas tão distintas como a mudança social, as diferentes tradições de investigação, 
os objetivos políticos e as simples opiniões pessoais, dado que são construções 
sociais (Paugam, 1995). 
É necessário frisar que pobreza e exclusão social, é uma problemática que é 
alvo de consideráveis preocupações políticas e institucionais (para complicar, é 
preciso não esquecer que a ideia de pobreza é anterior e exterior à própria ciência), 
 
15 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
sendo de uso comum. Por outro lado, a própria evolução histórica das sociedades leva 
a mudanças sociais na sua estruturação e funcionamento, designadamente nos 
processos e fenómenos que habitualmente se designam por pobreza. 
A própria génese do conceito de exclusão social é exemplo da criação de um 
novo conceito para, entre outras coisas, responder à emergência de fenómenos e 
processos inéditos na modernidade. A mesma coisa poderá ser dita relativamente à 
variação da pobreza entre espaços sociais e culturais distintos. Isto significa que a 
mesma palavra pode significar coisas diversas em função de tempos e espaços 
diferentes. 
No caso da pobreza, o núcleo central é a ideia de escassez de recursos, 
escassez, em primeiro lugar, de recursos monetários (é, aliás, a partir desta ideia que 
se desenvolvem os primeiros trabalhos que se reivindicam “científicos” sobre a 
pobreza), mas é necessário não esquecer que é também escassez de vários tipos de 
recursos. Neste sentido, a analogia de Bourdieu em relação ao capital económico, 
encontrando quatro tipos de recursos, parece-nos ser particularmente fecunda quando 
aplicada à questão das desigualdades e, em particular, à questão da pobreza. 
A noção de exclusão social surgiu, por vezes em complemento e por vezes em 
confronto com a noção de pobreza, para explicar a emergência de processos e 
fenómenos inéditos na modernidade, designadamente em relação com as novas 
formas de pobreza que colocavam em causa a coesão social (Paugam, 1996 e Silva, 
1998), em particular a relação dos indivíduos com o trabalho e com os laços sociais. 
O que a distingue e singulariza é o enfoque na exclusão dos indivíduos dos modos de 
vida dominantes de uma dada sociedade. 
Essa exclusão é multidimensional, mas o seu cerne é a exclusão do mercado 
de trabalho (Paugam, 1996), (desemprego e desemprego de longa duração) ou a 
relegação para o mercado de trabalho secundário, designadamente para formas de 
precariedade ou para estatutos difusos entre emprego e desemprego. 
Enfocar a questão da exclusão social como exclusão de direitos de cidadania 
ou que se enfatize a dimensão de individualização social. No entanto, a questão 
essencial se joga ao nível do trabalho e do emprego na sua dupla dimensão de 
proporcionador de recursos financeiros para a sobrevivência física e social dos 
indivíduos. Além disso, os recursos em causa são também recursos indenitários, 
fundamentais para definir a posição na sociedade e a identidade social. 
 
16 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
2.5 Exclusão Social e violência 
 
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/ 
 
 
Como você já sabe, o Brasil apresenta grandes desigualdades sociais. Assim, 
muitas pessoas são excluídas das possibilidades de concorrer e competir por 
melhores condições de trabalho e emprego. 
A exclusão social se manifesta de forma cruel. Muitas vezes, ela faz com que 
o processo de formação das identidades de crianças e jovens se constitua a partir de 
exemplos negativos, desonestos e associados ao crime. Isso ocorre porque o crime 
aparece como alternativa para que se viva em igualdade de condições de consumo e 
com a garantia da satisfação das necessidades básicas de sobrevivência. Dessa 
forma, “[...] a exclusão social tem sido uma categoria importante e presente nas 
análises que buscam relacionar violência e direitos civis. Enfatiza--se o fato de que os 
excluídos dos direitos tornam-se alvos, ou atores, mais imediatos da violência [...]” 
(PORTO, 2000, p. 187). Ao mesmo tempo em que ocorre a organização de grupos 
étnico-culturais minoritários em busca de seus direitos de cidadãos, há, por outro lado, 
 
17 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
uma reação conservadora contra essas identidades culturais,que, por vezes, se 
manifesta de forma violenta. 
Para resolver ou amenizar tais problemas, são necessários “[...] espaços de 
manifestação das diferenças e do conflito, enquanto mecanismos de ‘prevenção’ 
contra a violência [...]” (PORTO, 2000, p. 199). As iniciativas de educação multicultural 
e de relações étnico-raciais, que buscam trabalhar a diversidade e a interculturalidade, 
têm grande importância para essa prevenção. 
A seguir, você pode ver alguns dos principais tipos de violência que acometem 
a sociedade brasileira na atualidade: 
 
 violência de gênero; 
 violência sexual; 
 etnocídio. 
 
A violência de gênero é a violência relacionada com os diferentes papéis 
atribuídos ao homem e à mulher. Historicamente, o homem adquiriu maior poder e 
prestígio do que a mulher. É justamente contra esse posicionamento superior 
masculino, que relega a mulher ao segundo plano, que o movimento feminista tem se 
articulado. No Brasil, embora exista uma rede que procura coibir os casos de violência 
contra a mulher, os casos de feminicídios têm aumentado. 
Segundo a Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340/2006), em seu art. 7º, são formas 
de violência doméstica e familiar contra a mulher a violência física, a violência 
psicológica, a violência sexual, a violência patrimonial e a violência moral. Dessa 
forma, a mulher se encontra sujeita a vários tipos de violências. A violência física 
atenta contra a integridade de seu corpo. A violência psicológica lhe causa danos 
emocionais e diminuição da autoestima. É o caso de ameaças, humilhações e 
constrangimentos cotidianos, insultos e cerceamento de ações. 
Já a violência sexual se manifesta quando a mulher é forçada a manter relações 
sexuais não desejadas, envolvendo também o aborto e a prostituição mediante 
coação. Por sua vez, a violência patrimonial refere-se à retenção ou à subtração de 
bens, valores e direitos ou recursos econômicos. Por fim, a violência moral envolve 
condutas que caracterizam injúria e calúnia. 
 
18 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
Segundo os dados estatísticos do Ligue 180 — Central de Atendimento à 
Mulher, iniciativa do Governo Federal, no primeiro semestre de 2018, foram recebidas 
as denúncias apresentadas no Quadro 2 (BRASIL, 2018). 
 
 
 
Nem todos os casos de violência são denunciados e ainda existem outras 
formas de violência contra a mulher além das analisadas. Portanto, você pode 
perceber o quanto a situação é séria. O número de feminicídios para esse mesmo 
período foi de 14 casos denunciados, sendo que houve 3.018 tentativas de morte que 
não se consumaram, o que é alarmante. Os casos de violência sexual não se referem 
somente às mulheres. Todos aqueles que se desviam do padrão heterossexual, como 
lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBTT), sofrem com a violência 
conhecida como homofóbica. 
Essa violência se caracteriza por ações que manifestam rejeição irracional ou 
ódio em relação aos homossexuais. Tais ações ocorrem de forma arbitrária e 
procuram desqualificar o outro enquadrando-o como inferior ou anormal. Um 
levantamento realizado pelo órgão não governamental Grupo. Gay da Bahia, a partir 
de dados de grupos LGBTT dos demais estados brasileiros, registrou 126 mortes 
somente no primeiro trimestre de 2018 (Figura 2). 
 
 
19 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
 
 
Ao referir-se às formas de exclusão social vivenciadas pelos sujeitos da 
comunidade LGBTT, Peres (2004, p. 25) destaca que: 
 
...] as exclusões e as formas de opressão experimentadas pela população 
homossexual, e em especial as travestis, desfavorecem qualquer 
possibilidade de oportunidades à população gay, dentro da configuração 
social em que vivemos, colocando essa população exposta a uma maior 
vulnerabilidade e riscos diante do HIV e da AIDS, tanto no plano individual 
[...] como no plano social, que estigmatiza, discrimina e violenta os direitos 
humanos, assim como o direito fundamental à singularidade, condição básica 
para que a pessoa possa sentir um mínimo de dignidade enquanto ser 
humano. 
 
A violência étnica também se faz presente no Brasil. Ela normalmente é 
praticada contra as etnias que passaram por um processo histórico de assimetria de 
 
20 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
poder desde a época da colonização brasileira, como é o caso da etnia 
afrodescendente (negra) e da indígena. Ambas sofrem com o preconceito, o racismo 
e a discriminação. As populações indígenas são as que têm sofrido com os crimes de 
etnocídio no Brasil contemporâneo. 
Um dos problemas enfrentados pela população indígena são os conflitos com 
grandes latifundiários pela posse das terras que seriam de direito originário das etnias 
indígenas segundo a Constituição. Para as etnias indígenas, a terra não representa 
propriedade como para a cultura capitalista. Em vez disso, a terra tem conotação 
espiritual e sagrada para que os homens desenvolvam todo o seu potencial. Segundo 
os dados do relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil: dados de 2017, 
elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI, 2017), houve 110 casos de 
assassinato e mais 27 tentativas de homicídio no período analisado, além de demais 
ameaças e lesões corporais. Como você pode perceber a partir dessa cartografia de 
algumas das principais formas de violência que ocorrem no Brasil e que estão 
relacionadas com a exclusão social, o País ainda tem muito a evoluir como nação. 
A ideia é buscar melhorias estruturais que forneçam condições similares de 
cidadania a todos os grupos étnico-culturais que compõem a nação. Para reverter 
esse quadro, é necessária tanto a participação mais consistente e planejada do 
Estado e de suas instituições quanto o empenho da sociedade civil organizada, em 
busca de uma convivência intercultural equitativa e com justiça social. 
 
 
Fonte: https://domtotal.com/ 
 
21 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
3 INCLUSÃO SOCIAL 
 
Fonte: https://blog.playkids.com/ 
 
3.1 O conceito de inclusão 
 
A inclusão é o processo no qual pessoas com algum tipo de limitação ou 
deficiência integram a sociedade e todos os seus espaços com igual grau de 
participação e protagonismo. Essa inclusão social é uma preocupação eminente e 
deve ser observada em todas as esferas da sociedade, como na educação, no 
trabalho, no lazer, na saúde, na cultura, etc. 
O conceito de inclusão social é forjado em resposta à concepção teórica e 
metodológica da exclusão social, tendo esse conceito surgido na Europa e servido 
como conceito inaugural de uma outra possibilidade de análise crítica da sociedade. 
Serge Paugam (2004) discute o conceito de exclusão e aponta que sua primeira 
aplicação na França foi em 1974. Porém, foi só na década de 1980 que passou a ser 
tema de pesquisas sociológicas e, depois, categoria estruturante no exame crítico da 
sociedade contemporânea (SPOSATI, 2006). 
Conforme Aldaíza Sposati (2006), o conceito de exclusão social foi elaborado 
para expor o conjunto de mazelas sociais que recaem sobre a vida do indivíduo que 
 
22 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
está à margem da sociedade. Esse conceito coloca como central um modo de vida 
baseado nos anseios e nas vivências da classe dominante, imprimindo uma visão 
dicotômica de mundo segundo a qual apenas existem aqueles que estão seguindo o 
seu modo de viver e consumir e aqueles que ficam fora desse grupo, sujeitos às mais 
variadas formas de expressão da questão social, pois, para alguns segmentos da 
classe trabalhadora, viver como excluídos sociais é a sua única forma de inclusão 
nessa sociedade que produz a riqueza a partir da reprodução da pobreza. 
Os conceitos de exclusão social e de inclusão social são, portanto, 
essencialmente atrelados, visto que apenas uma sociedade que produz de maneira 
ineliminável a exclusão social de grande parte dos indivíduos pertencentes à classe 
trabalhadora pode gerar, como reflexos de suasinerentes contradição e luta de 
classes, instrumentos públicos de inclusão social que visam a equalizar as 
desigualdades manifestas na vida dos indivíduos. 
Compreendemos, então, que o conceito de inclusão social pode ser entendido 
como a possibilidade de o indivíduo estar em situação de segurança e justiça social, 
tendo as suas condições de reprodução social garantidas e protegidas. Ainda segundo 
Sposati (2006, documento on-line), “Ninguém é plenamente excluído ou 
permanentemente incluído”; portanto, na sociedade do capital, o binômio 
exclusão/inclusão social constitui-se de elementos em constante disputa tanto no 
campo da produção e reprodução da materialidade da vida, quanto no campo da 
análise da sociedade e, por conseguinte, das políticas públicas. 
A inclusão na sociedade, a luta contra a discriminação e a busca por igualdade 
de oportunidades são temas inerentes aos direitos humanos e à sua discussão atual. 
No Brasil, esses temas são ligados a inúmeros grupos relacionados a questões de 
gênero, classe, etnias e, também, de pessoas com deficiência. Esses últimos ainda 
buscam uma inclusão digna e que atenda às suas necessidades; nesse sentido, o 
governo tem criado políticas públicas para promover a inclusão social desses 
indivíduos. Mas, afinal, você sabe o que são políticas públicas? 
3.2 Políticas Públicas e Inclusão 
O conceito de Políticas Públicas surge nos Estados Unidos e, de acordo com 
Souza (2006), não existe uma única nem melhor definição sobre o que seja Política 
 
23 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
Pública, mas a maioria das concepções a seu respeito está bastante relacionada ao 
papel do Estado e às ações governamentais. Segundo Santos (2012, p. 5), “Políticas 
públicas são ações geradas na esfera do Estado e que têm como objetivo atingir a 
sociedade como um todo ou partes dela [...]”. 
Já Adams (2006) apresenta uma definição mais completa, entendendo Política 
Pública como um conjunto de ações permanentes que asseguram e ampliam direitos 
civis, econômicos, sociais e coletivos de todos, que devem ser amparados em lei, 
sendo de responsabilidade do Estado (financiamento e gestão) e com controle e 
participação da sociedade civil. 
Por essas definições, as Políticas Públicas são responsabilidade do Estado, 
mas também dos cidadãos, ou seja, as Políticas Públicas só atingirão seus objetivos 
a partir da compreensão e da ajuda dos cidadãos em seu desenvolvimento. Para que 
as elas sejam mais efetivas, são necessários os seguintes estágios: 
 
As políticas públicas possuem um processo de formação de longo e médio 
prazo consistente nas fases de reconhecimento do problema público; 
formação de uma agenda pública; formulação da Política Pública em si; 
processo político de tomada de decisão e de implementação da Política 
Pública; execução da Política Pública; acompanhamento, monitoramento e 
avaliação da Política Pública e, por fim, a decisão sobre a continuidade, 
reestruturação ou extinção da Política Pública (BENEDITO; MENEZES, 2013, 
p. 58). 
 
 
Assim, o governo forma uma agenda, na qual identifica e organiza os 
problemas existentes. A partir disso, começa a formulação da Política Pública em si, 
a tomada de decisão, a sua execução e, por fim, ocorre a avaliação. 
De acordo com os estudos de Silva (2010), as Políticas Públicas “são a 
materialização do Estado por meio de diretrizes, programas, projetos e atividades que 
tenham por fim atender às demandas da sociedade” (SILVA, 2010, p.170-171). Elas 
podem ser classificadas em: 
 
a) Políticas distributivas: consistem na distribuição de recursos da sociedade 
a regiões ou determinados segmentos sociais e, em geral, requerem o 
controle social por meio de conselhos ou outro tipo de participação popular. 
Ex.: política de desenvolvimento regional; 
b) Políticas redistributivas: consistem na redistribuição de renda mediante o 
deslocamento de recursos das camadas mais abastadas da sociedade para 
as camadas mais pobres, incluindo-se aqui a política da seguridade social. 
Em regra, as camadas mais abastadas tendem a oferecer resistência, mas 
há outras formas, mais suaves, de realizá-las que evitam essa resistência que 
 
24 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
é quando feito por meio de realocação do próprio orçamento público. Ex.: 
Bolsa-família; 
c) Políticas regulatórias: criam normas para o funcionamento de serviços e 
instalação de equipamentos públicos por meio de ordens, proibições, 
decretos, portarias, etc. Pode ocorrer por meio da distribuição de custos e 
benefícios entre grupos e setores sociais, de forma equilibrada ou por meio 
do atendimento de interesses particulares. Ex.: plano diretor urbano, políticas 
de circulação, política de uso do solo etc. 
d) Políticas constitutivas ou estruturadoras: definem procedimentos gerais da 
política; determinam as estruturas e os processos da política, por isso têm a 
característica de afetar as condições como são negociadas as demais 
políticas; em regra não propiciam um envolvimento da população. Ex.: 
reforma política, definição do sistema de governo, etc. (SILVA, 2010, p. 171-
172). 
 
Compreende-se que para além dessa classificação, o comum denominador de 
qualquer Política Pública é a sociedade. Por isso, é prioritário levar em consideração 
todas as suas necessidades, identificar e definir os seus problemas mais relevantes e 
formular políticas que tragam soluções eficientes (SILVA, 2010). A autora conclui que 
a consolidação de uma verdadeira inclusão social a partir das políticas públicas exige 
a implementação dos seguintes mecanismos: 
a) A formação de capital social: “quando se identifica uma sociedade cujos 
componentes são efetivos cidadãos, no sentido da participação, da reivindicação de 
direitos, do compartilhamento de resultados e da interação constante entre seus 
membros [...]” (p. 172). 
b) Uma efetiva avaliação das políticas públicas e aplicação dos resultados: 
“a avaliação é uma operação na qual se julga o valor de uma iniciativa organizacional, 
[...] visa constatar [...] um valor desejado nos resultados de uma ação empreendida 
para obtê-lo, partindo-se de um quadro referencial [...]” (p.179). 
c) A implementação de controle sobre os grupos de interesse (lobby): “a 
influência dos grupos de pressão inclui desde o contato pessoal direto com os agentes 
do governo, até as ações coletivas e formas mais sutis de propaganda para formação 
de uma opinião pública favorável às reivindicações dos grupos “ (p. 186). 
d) O controle das interferências decorrentes da globalização: “a 
globalização [...] tem trazido, e trará muito mais transformações [...], gerando uma 
multiplicidade de conexões e relações entre Estados e sociedade, alterando e 
quebrando os esquemas da ordem sociopolítica [...] (p. 198-199). 
Silva (2010) entende que a convergência desses mecanismos pode contribuir 
para a efetividade, eficácia e eficiência na execução das políticas públicas, em direção 
a uma efetiva inclusão social. 
 
25 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
3.3 Grupos em situação de exclusão social 
Desde o ponto de vista histórico, o surgimento dos grupos considerados em 
situação de exclusão social ou à margem da sociedade datam da época colonial e de 
escravidão. Dentro desses grupos encontramos os afrodescendentes, os indígenas, 
os deficientes, as pessoas em situação de pobreza, pessoas LGBTQI+. Em 
decorrência desses processos históricos de exclusão, as iniciativas voltadas para sua 
inclusão social visam garantir os seus direitos. 
As pessoas deficientes sofreram desde sempre processos de exclusão e foram 
privados de todo tipo de acesso: a educação, a trabalho, a lazer, a esporte, à cultura, 
à mobilidade. Era uma prática socialmente aceitável que as famílias mantivessem 
essas pessoas em casa numa situação análoga a cárcere privado, impedidas de 
contato social porque chegava a ser constrangedor ou vergonhoso ter um filho, ou 
filha com deficiência. 
Aspessoas LGBTQI+ carregam o estigma da degeneração moral, 
principalmente, desde o ponto de vista da moral religiosa. Durante muito tempo suas 
orientações sexuais foram consideradas doenças. Ainda, hoje, ouve-se falar da cura 
gay. Essas situações de exclusão se consolidaram em atos de violência, de 
marginalização e até de morte como já explicitado no capítulo anterior sobre exclusão 
social e violência. Desprovidas do acesso digno a moradia e educação, sem 
escolaridade e sem emprego, essas pessoas foram forçadas a entrar, na maioria das 
vezes, no caminho da prostituição e tráfico para poderem sobreviver. 
As pessoas em situação de pobreza ou de baixa renda ficaram e ficam à 
margem de todo acesso, tais como, atenção da saúde, alimentação saudável, casa, 
educação de qualidade e emprego. Considera-se que as pessoas que vivem na zona 
rural ficam ainda mais vulneráveis, pois, a maioria dos centros de saúde, de escolas 
e de outros serviços ficam concentrados nas zonas urbanas, o que torna a situação 
delas mais problemáticas. 
 
Fonte: http://exclus-o-social.blogspot.com/ 
 
26 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
4 DA EXCLUSÃO À INCLUSÃO EDUCACIONAL 
 
Fonte: https://novaescola.org.br/ 
 
A construção de uma trajetória da exclusão para a inclusão é processual e se 
dá principalmente por meio da educação — de uma educação para a inclusão. Desse 
modo, é importante conhecer a deficiência ao longo do tempo e da história, 
especialmente no que concerne ao desenvolvimento de práticas inclusivas. 
4.1 As pessoas com deficiência ao longo da história 
 
Ao longo da história da humanidade, as pessoas com deficiência foram vistas 
das mais variadas formas, acompanhando a evolução do pensamento humano 
característico de cada época. Elas foram sujeitas a situações que iam desde uma 
visão divina sobre as suas condições até métodos de correção e cura por meio de 
torturas e sacrifícios. Dessa maneira, as pessoas com deficiência ficaram à mercê das 
 
27 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
resoluções alheias, discriminadas e pouco ou nada compreendidas ao longo da 
história. 
Já nos tempos mais remotos, em civilizações arcaicas, é possível encontrar 
registros sobre os métodos adotados para o manejo com as pessoas com deficiência, 
levando muitas vezes à sua aniquilação. Como exemplo, podemos citar Esparta, 
onde, conforme a legislação instaurada, as crianças nascidas com alguma 
deformidade ou diferença anatômica não eram consideradas pessoas e, portanto, 
eram levadas ao alto de montes e atiradas de lá. Imaginava-se que essas crianças 
deveriam ser imediatamente eliminadas por representarem impedimentos para a 
procriação de sujeitos que se encaixavam em um padrão de “normalidade” 
(LORENTZ, 2006). 
Métodos semelhantes são encontrados em estudos antropológicos sobre tribos 
indígenas de diversas regiões do planeta, demonstrando visivelmente um estigma 
criado em relação àqueles que possuíam alguma diferença. Mesmo pessoas nascidas 
com um padrão anatômico aceitável ou não muito discrepante dos demais, ao 
desenvolverem e demonstrarem qualquer dificuldade, eram afastadas do grupo e 
deixadas à própria sorte em locais afastados, em meio às florestas. 
Demonstra-se assim que as pessoas com deficiência carregam consigo, ao 
longo de toda a história da civilização, marcas e estigmas engendrados para excluí-
las e segregá-las, sendo essas condutas justificadas por ideias hegemônicas e 
preconceituosas (GOFFMAN, 1978). 
Tais métodos eram justificados por códigos e escritos que relatavam os modos 
de viver da época, conforme os registros de Aristóteles e Platão, sobre legislações 
ideais na Antiguidade Clássica. Nesses registros, fica claro que os direitos individuais 
não eram reconhecidos e, portanto, eram colocados em segundo plano em relação ao 
direito público coletivo. Dessa forma, o Estado tinha o direito de não tolerar as 
deformidades ou monstruosidades de seus cidadãos (COULANGES, 2003). 
As religiões contribuíram para o entendimento de que as pessoas com 
deficiência deveriam ser vistas como pessoas em uma situação passível de cuidado 
e atenção, ainda que essa perspectiva tenha seus aspectos excludentes, por meio da 
criação de instituições como asilos e hospitais, onde as pessoas acabavam ficando 
confinadas sob a alegação de que deveriam receber assistência. Tal perspectiva 
contribuiu para um olhar mais orgânico sobre as deficiências, inserindo a ideia de que 
 
28 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
a pessoa com deficiência poderia ser curada, tratada ou desenvolvida de alguma 
maneira que a aproximasse de um padrão de normalidade, atribuindo funcionalidade 
e independência aos sujeitos (PIOVESAN, 2012). 
No decorrer de todos os momentos históricos, da civilização mais arcaica até 
bem recentemente, há registros de condutas excludentes e exterminadoras de 
pessoas com deficiência. Esses indivíduos foram eliminados por meio de 
assassinatos, abandonados sem qualquer cuidado, encarcerados e expostos a 
experimentos e pesquisas desumanas — como visto em relatos da Segunda Guerra 
Mundial (LORENTZ, 2006). 
O período entre guerras da primeira metade do século XX e a escassez da mão 
de obra qualificada oportunizaram a necessidade de educar e desenvolver, de 
maneira a construir a autonomia e as competências das pessoas com deficiência. 
Além disso, também possibilitaram o surgimento de classes especiais de educação 
dentro de escolas regulares, bem como o desenvolvimento de centros de reabilitação 
para as mais variadas deficiências. 
De acordo com Canziani (1995), foi somente a partir da segunda metade do 
século XX que as pessoas com deficiência puderam escapar da concepção de 
invalidez e ser vistas como pessoas aptas ou inaptas — ideia que coincidiu com a 
expansão do modelo econômico capitalista. Conforme indica Lorentz (2006), a 
educação especial começou a ser delineada por meio do assistencialismo de clínicas 
e locais para o desenvolvimento das pessoas com deficiência. 
Nesses espaços, era priorizada a necessidade de ajustar, moldar, condicionar 
e, ainda, almejar a cura das pessoas com deficiência, para somente depois promover 
a sua inserção na sociedade. Nesse sentido, mesmo quando começaram a surgir 
classes especiais dentro das escolas regulares, estas ainda tinham o intuito de 
segregar, pois, se compreendia, nessa época, que era preciso preparar a pessoa com 
deficiência para o convívio social, para, numa fase posterior, permitir o seu convívio 
com a sociedade. 
 A década de 1980 foi um marco importante para as pessoas com deficiência, 
em especial para a construção de considerações relacionadas à sua educação. O ano 
de 1981 foi declarado como o Ano Internacional da Pessoa Deficiente (como era 
denominada a pessoa com deficiência nessa época) e deu o primeiro pontapé para 
as tessituras da efetivação dos direitos humanos das pessoas com deficiência. Esse 
 
29 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
fato produziu nas pessoas com deficiência consciência de si e de suas condições e 
potencialidades, possibilitando, a partir disso, uma organização política (FIGUEIRA, 
2008). Somente em 1986, a expressão “alunos excepcionais” foi substituída por 
“alunos portadores de necessidades especiais”, conforme Bueno (1993). 
Nesse sentido, a partir dessa apropriação das pessoas com deficiência, a 
sociedade passou a desenvolver a sua aceitação e respeito, buscando superar a ideia 
de que esses indivíduos deveriam ter superado as suas diferenças, para somente 
depois se inserirem no convívio social. 
Gradualmente, em meio ao crescente interesse de diversos estudiosos para a 
construção de teorias da educação e a consciência de uma impossibilidade de cura 
para muitas deficiências, foi se potencializando a necessidade de abertura de 
oportunidades para as pessoas com deficiência, para a construção de seus direitos 
basilares a partir de seus próprios discursos. 
Dessa maneira, a tolerânciaà pessoa com deficiência também foi 
consubstanciada na proteção e no paternalismo da sociedade em relação esse grupo 
de pessoas, por meio de declarações como a de Salamanca, em 1994, sobre 
princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais, e as 
convenções internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1996 e 
1997. 
As lutas pelos direitos das pessoas com deficiência implicaram fortemente na 
construção e no delineamento da educação especial. Contudo, apesar de todo o 
embasamento legislativo e da conquista dos direitos das pessoas com deficiência, 
ainda se contemplava a ideia de que era a pessoa com deficiência que precisava se 
adaptar à sociedade, e não a sociedade que lhe propiciaria meios de acessibilidade 
(PIOVESAN, 2012). 
Assim, as pessoas com deficiência foram percebidas como pessoas somente 
na história bem recente, ao fim do século XX e início do século XXI. Todavia, ainda 
são pouco escutadas e contempladas de acordo com as suas singularidades, sendo 
muitas vezes encaixadas em códigos que só visualizam a doença, beirando a negação 
da existência de uma pessoa única e pluralizada em sua subjetividade (SAVIANI, 
1992). O Quadro 1 apresenta as diferenças entre os conceitos de inclusão, exclusão 
e segregação. 
 
 
30 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
 
 
4.2 Da exclusão à inclusão no brasil 
No Brasil, conforme Saviani (1992) a situação da educação ainda apresenta 
como agravante o reflexo da carência das políticas públicas. Em outras palavras, a 
educação das classes mais baixas era inexistente ou precária, pois as minorias eram 
usadas como mão de obra em zonas rurais ou fábricas. Dessa forma, as pessoas com 
deficiência que não tinham grande dificuldade de locomoção eram condicionadas ao 
trabalho desde muito cedo, deixando passar despercebidas muitas das suas 
necessidades educacionais especiais. 
A pessoa com deficiência passou (e ainda passa) por estigmas relacionados à 
sua aparência ou apresentação, à sua maneira de se comportar e de pensar ou 
reproduzir o seu pensamento por meio da comunicação. Pensando no sujeito em 
integração com o meio, a pessoa com deficiência sofre de maneira mais significativa 
as carências do contexto no qual está inserida. Ela é atingida de forma que impede 
ou limita o seu desenvolvimento, conforme as vulnerabilidades às quais está exposta, 
sejam elas econômicas (com situações de pobreza e miséria), culturais (acesso 
restrito à educação), sociais (pelas violências), entre outras. 
As condutas excludentes infelizmente são reflexo de uma formação carente de 
humanidade da nossa sociedade e das políticas públicas. Ainda pouco tolerantes com 
as diferenças e diversidades, as instituições de ensino equilibram-se entre o manejo 
 
31 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
com o público de pessoas com deficiência e das sem deficiências. Embora essa 
realidade esteja aos poucos se transformando, ainda há muitas pessoas com 
deficiência que se veem excluídas da sociedade. 
A educação especial de desenvolveu de maneira a considerar as 
peculiaridades educacionais de cada sujeito e teve seu início por meio de turmas de 
classe especial. Nessas classes, as pessoas com deficiência conviviam entre si, de 
acordo com a sua idade e as fases do desenvolvimento, em uma instituição de ensino 
regular com outras turmas de classes regulares. Essa modalidade educacional 
ofertava espaço para que as turmas ocupassem um mesmo território, mas sem que 
houvesse uma integração entre os alunos, impossibilitando o convívio mais efetivo 
entre as pessoas com e as sem deficiência, salvo em momentos de chegada ou 
partida — ainda que algumas instituições realizassem até mesmo esses momentos 
em horários separados (BUENO, 1993). 
A educação especial pretendia, dessa maneira, proteger a pessoa com 
deficiência e ainda oportunizar o seu desenvolvimento. Todavia, essa proteção ficava 
à sombra de uma segregação ou exclusão e, por esses motivos, essa modalidade de 
educação especial não é mais mantida na atualidade. 
Outra modalidade da educação especial foi a criação de escolas específicas e 
exclusivas para as pessoas com deficiência. Hoje essas instituições ainda existem, 
mas são raras, e visam o pleno desenvolvimento educacional das pessoas com 
deficiência, possibilitando o convívio com os seus pares e estimulando a socialização. 
Por contarem com um espaço mais amplo do que somente uma sala, como ocorria 
nas instituições com classes especiais, as pessoas com deficiência podem ter acesso 
a uma estrutura com adaptações arquitetônicas e acessibilidade plena, podendo 
exercer livre circulação, exploração e apropriação dos espaços. 
Desde os anos 1990, como explica Sassaki (1997), existe um esforço da 
sociedade para que se possibilite a efetiva inclusão das pessoas com deficiência. A 
partir desse ideal, construiu-se a ideia da educação inclusiva, na qual pessoas com 
deficiência convivem na mesma turma de educação regular, mas com ensino 
adaptado às suas singularidades, mediante a consecução de projetos de 
desenvolvimento específicos para cada sujeito. 
Essa acepção favoreceu transformações na mentalidade social, não só com 
relação às famílias das pessoas com deficiência, como também com todas as pessoas 
 
32 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
com deficiência (SASSAKI, 1997). No entanto, a trajetória inclusiva da prática 
educativa encontrou alguns percalços. As pessoas com deficiência precisam ser 
compreendidas em sua individualidade, e algumas necessitam de atenção integral e 
exclusiva de um agente educador. O agente educador como mediador do processo 
educacional pode atuar de múltiplas maneiras, podendo facilitar o processo e 
estimular o desenvolvimento. No entanto, também pode causar prejuízos, como 
pressupor condutas vitimizadoras e limitantes das pessoas com deficiência ou ainda 
inibir o convívio entre os pares. 
 
 
Fonte: https://redacaonline.com.br/ 
 
A educação inclusiva em instituições regulares de ensino precisa ser 
acompanhada caso a caso, com todas as considerações singulares e subjetivas 
implicadas no processo educativo de cada sujeito (PIOVESAN, 2012). A educação 
inclusiva estimula o olhar sobre a diversidade social, que passa a ser objeto de 
aceitação e desejo em um novo modelo de inclusão social. 
Assim, para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, deve haver 
a aceitação da diversidade social como um aspecto do direito à igualdade, sobretudo 
nas atuais sociedades multiculturais, nas quais a diversidade é a tônica social medular 
(ASSIS; POZZOLI, 2005). Uma consideração bem importante para a educação da 
pessoa com deficiência é que ela deve, necessariamente, ser agente condutor de sua 
autonomia, e não mero recebedor passivo de prestações alheias (FIGUEIRA, 2008). 
 
33 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
Em resumo, a pessoa com deficiência deve ser protagonista e condutor de seu 
processo de inclusão. 
Assis e Pozzoli (2005) inserem que a educação deve preferencialmente ser 
vista como um todo, entre as pessoas com deficiência e as pessoas sem deficiência. 
Ela necessita de uma integração verdadeira desde a sua base, na educação infantil, 
estimulando as virtudes, a tolerância, a empatia e o apoio mútuo, assim como 
promovendo e desenvolvendo a coletividade e a equidade. Conforme Lorentz (2006), 
a mera tolerância da pessoa com deficiência não proporciona a dignidade humana. A 
verdadeira inclusão é proveniente do tratamento de respeito pleno, da admiração e do 
sentimento de amor entre as pessoas, com base na igualdade e na aceitação plena. 
4.3 Nomenclaturas utilizadas para as pessoas com deficiência 
A inclusão social se refere a um processo no qual a sociedade se adapta para 
poder incluir em seus sistemas sociais as diferenças e diversidades apresentadas 
pelos sujeitos, entre os quais estão as pessoas com deficiência, ao mesmo tempo em 
que estes se preparampara assumir os seus papéis sociais. Para Sassaki (1997), a 
inclusão social se configura a partir de uma cooperação entre pessoa com deficiência 
e sociedade, com o objetivo de buscar soluções viáveis para problemas mútuos e 
estabelecer equidade de oportunidades e relações. 
 Assim, para se estabelecer meios em que sejam oportunizadas trocas íntegras 
e equânimes entre os membros da sociedade, faz-se necessária a problematização 
de estigmas e do engessamento de ideias que limitem a compreensão do outro em 
sua singularidade. Nesse sentido, o modo como as pessoas são vistas e nomeadas 
reflete a sua integridade, o respeito, a atuação e apropriação de uma efetiva inclusão 
social. 
As terminologias designadas para nomear as pessoas com deficiência 
acompanharam o desenvolvimento de sua compreensão e respeito ao longo da 
trajetória histórica da sociedade. Assim, esses indivíduos já foram apontados como 
aleijados, retardados, mongoloides excepcionais, entre outros. Excepcional, por 
exemplo, foi o termo utilizado nas décadas de 1950, 1960 e 1970 para se referir às 
pessoas com deficiência — especificamente a deficiência intelectual. No entanto, com 
o desenvolvimento de estudos e práticas educacionais referentes às altas habilidades, 
 
34 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
nas décadas de 1980 e 1990, esse termo passou a se referir a pessoas com 
inteligência lógico-matemática abaixo da média, ou excepcionais negativos, assim 
como a pessoas com inteligências múltiplas acima da média, ou excepcionais 
positivos (SASSAKI, 2003). 
Por fazer inferências pejorativas e discriminatórias, tais termos são raramente 
usados e não são recomendados. “Deficiente” é outro termo pejorativo 
reconhecidamente associado à incapacidade e ineficiência, que não deve ser 
utilizado. Já o termo “pessoa com necessidades especiais” engloba um conceito muito 
amplo, pois compreende idosos, gestantes, obesos e outras pessoas que possam ter 
dificuldade para realizar alguma atividade. Por contemplar um grupo muito vasto, 
considerando que todas as pessoas possuem alguma necessidade especial em algum 
nível, não é recomendado para se referir especificamente às pessoas com deficiência 
(SASSAKI, 2003). 
Outra terminologia bastante utilizada entre 1986 e 1996, como refere Sassaki 
(2003), foi a expressão “portador de deficiência”. Todavia, não é adequado o uso 
desse termo, já que a deficiência não é algo que possa ser portado, pois portar algo 
implica a possibilidade de não portar, se assim se desejar, como uma bolsa ou outro 
objeto. O termo mais adequado é, portanto, “pessoa com deficiência”. Sassaki (2003) 
orienta que, ao proferir o termo “pessoa com deficiência”, a pessoa se posiciona antes 
da deficiência. Essa simples inferência destaca que o sujeito, com as suas 
características singulares, é mais importante do que a deficiência. Assim, é correto 
afirmar que existem pessoas com deficiência auditiva, pessoas com deficiência visual, 
pessoas com deficiência física, pessoas com deficiência intelectual. 
É importante destacar que, para haver inclusão, as pessoas e a sociedade 
como um todo — e o reflexo de seu espírito coletivo — devem preferencialmente se 
propor à mudança, a ponto de compreender que, para aceitar as diferenças e 
oportunizar a expansão da diversidade, faz-se imprescindível estar atento às formas 
de comunicação. Dessa forma, elas se colocam a favor de construções e trocas 
permanentemente mútuas. Por meio dessa relação plena entre as pessoas — as suas 
diferenças e diversidades, os seus modos de ser e existir singulares — e a sociedade, 
a criação de oportunidades torna-se a base para se estabelecer o equilíbrio social. É 
por meio dela que se asseguram os princípios da igualdade e da dignidade da pessoa 
enquanto sujeito individual e coletivo, como está previsto na Constituição. 
 
35 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
4.4 A prática inclusiva e educação aberta à diversidade 
Diversidade e inclusão são termos frequentemente utilizados no discurso 
daqueles que se empenham em desenvolver uma proposta de ensino que acolha 
todos os estudantes. Educar para a diversidade representa inserir alunos, professores 
e familiares no mundo das diferenças. Para isso, é necessário: 
 compreender a diversidade como uma característica da existência 
humana; 
 refletir sobre modelos e agrupamentos ideias de alunos; 
 abandonar antigos padrões que julgavam os alunos como aptos ou não 
a frequentar a escola regular; 
 desfazer ideias padronizadas; 
 identificar representações do outro para então desconstruir os “pré-
conceitos”; 
 conceber a prática pedagógica como um processo de trocas e 
interações recíprocas; 
 compreender que o aluno da educação inclusiva não representa uma 
identidade única e determinada por modelos e padrões 
preestabelecidos; 
 oportunizar diferentes espaços de aprendizagem e temáticas 
adequadas aos diferentes estilos de aprender (um desafio para a gestão 
da escola inclusiva). 
 
Todos esses aspectos reafirmam a educação como um direito natural e 
indispensável. Esse fundamento critica a “normalização” e impulsiona o 
desencadeamento de ideias e atitudes em prol do direito às diferenças. Essas 
transformações podem ser representadas pelas políticas educacionais inclusivas, e 
consequentemente, pela proposta de educação inclusiva. Seguindo esse 
pensamento, Mantoan e Pietro (2006, p. 40) comentam sobre um dos objetivos da 
educação inclusiva: 
 
[...] é tornar reconhecida e valorizada a diversidade como condição humana 
favorecedora de aprendizagem. Nesse caso, as limitações dos sujeitos 
devem ser consideradas apenas como uma informação sobre eles, que, 
assim, não pode ser desprezada na elaboração dos planejamentos de ensino. 
 
36 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
A ênfase deve recair sobre a identificação de suas possibilidades, culminando 
com a construção de alternativas para garantir condições favoráveis a sua 
autonomia escolar e social, enfim, para que se tornem cidadãos de iguais 
direito. 
 
Uma educação aberta à diversidade identifica as necessidades dos alunos e as 
considera na hora de planejar a ação pedagógica. Essa ação deverá contemplar 
alternativas que possibilitem que o aluno com deficiência acesse o currículo, 
respeitando as suas condições de aprendizagem. Para isso, a realização de uma 
avaliação pedagógica é fundamental. Nessa avaliação, será possível identificar as 
barreiras que impedem ou dificultam o processo de aprendizagem, bem como as 
potencialidades a serem investidas. Além disso, é importante que se reflita sobre as 
condições e a estrutura do ambiente escolar para atender esses alunos e desenvolver 
as atividades pedagógicas. 
As informações relativas às necessidades especiais do aluno são tão 
importantes quanto a formação do professor para desenvolver e utilizar as tecnologias 
assistivas no espaço escolar. Vale lembrar que é o professor que observa as barreiras 
que o aluno com deficiência enfrenta no acesso e na participação nas atividades 
escolares. Também é ele que vai ensinar o aluno a utilizar os recursos de tecnologia 
assistida, como tecnologias da informação e da comunicação, a comunicação 
alternativa e aumentativa, a informática acessível, o soroban, os recursos ópticos e 
não ópticos, os softwares específicos, os códigos e linguagens, as atividades de 
orientação e mobilidade (BRASIL, 2009b). 
A Tecnologia Assistiva (TA) pode ser utilizada para auxiliar a escrita 
(engrossadores de lápis, fixadores de mão, pulseira com peso, computadores), a 
leitura (livro em relevo, material ampliado, vocalizadores, mouse e acionadores, 
teclado com colmeias, linha Braille, plano inclinado), a comunicação (prancha de 
comunicação, sintetizadores de voz), a locomoção (cadeira de rodas, andadores), 
promoção de maior independência e autonomia nas atividades da vida diária 
(adaptação para talheres, utensílios pessoais). Além disso,essas tecnologias podem 
ser utilizadas em brincadeiras de carrinho, de boneca, de faz de conta, entre tantas 
outras atividades. 
De acordo com Bersch e Machado (2012), a TA é toda a gama de recursos e 
serviços que visam a proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com 
deficiência, promovendo independência e inclusão. Selecionar a tecnologia assistiva 
 
37 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
que atende à demanda do aluno pressupõe que o professor do ensino comum ou do 
atendimento educacional especializado (AEE) conheça o potencial motor desse aluno, 
de forma a definir a competência operacional que a TA poderá promover. 
A promoção do uso de TA no ambiente escolar envolve tanto a organização da 
escola para investir nessas tecnologias como o interesse do professor em buscar 
essas soluções para as necessidades que ele observa no seu aluno. Alguns recursos 
de TA têm baixo custo e outros podem ser produzidos pelo professor com material de 
sucata. A escola que considera a perspectiva inclusiva reconstrói as suas práticas nos 
desafios diários, na flexibilização do currículo, na implementação de recursos 
tecnológicos, na organização do ambiente e mobiliário, na adequação da iluminação 
e nos pequenos ajustes realizados pelo professor no planejamento pedagógico. 
 Todas essas mudanças ampliam a participação dos alunos no processo de 
aprender e tornam o ambiente escolar acolhedor e acessível a todos. Ropoli et al. 
(2010, p. 9) complementam essa ideia afirmando que “[...] a escola comum se torna 
inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do processo educativo e 
busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas 
[...]”. Quando o aluno tem liberdade para participar ativamente do seu processo de 
aprendizagem, com as suas habilidades e características, as diferenças não 
representam exclusão, e sim desafio. Essa perspectiva significa a adoção de práticas 
da escola inclusiva. 
Redimensionar o ensino requer dos profissionais o desejo de fazer parte desse 
novo projeto de escola. Nesse sentido, é necessário que haja estudo, formação e 
atualização do professor, para que este construa conceitos de ensinar e aprender 
compatíveis com a inclusão. O desafio de fazer esse projeto acontecer é de todos os 
que compõem o sistema escolar 
 
 
Fonte: https://www.olimpia24horas.com.br/ 
https://www.olimpia24horas.com.br/
 
38 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
5 DESAFIOS DA PSICOLOGIA SOCIAL NO BRASIL 
 
Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/ 
 
A psicologia social, como vimos, ganhou espaço de discussão no Brasil 
principalmente após a década de 1980, propondo um modelo de atuação muito 
diferente do modelo da psicologia tradicional. Essa diferença se nota tanto no espaço 
de atuação, que tradicionalmente se reconhece como a clínica, as escolas e as 
organizações, quanto na perspectiva de atuação, saindo do individual para as 
relações sociais e propondo, em vez de atendimento apenas às elites, uma 
intervenção em contextos e realidades sociais distintas (GONÇALVES; PORTUGAL, 
2016). 
Culturalmente, a representação social do psicólogo está vinculada a um 
profissional liberal e autônomo que atua com a psicoterapia individual (DIMENSTEIN, 
2000). Além disso, a psicologia foi se legitimando ao longo do tempo associada à 
patologização da sociedade, sistematizando técnicas para definir padrões de 
comportamento, com a ideia de adequar as pessoas a um estilo de vida, num processo 
de normatização social (DIMENSTEIN, 2000; SILVA; CARVALHAES, 2016). 
 
39 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
Com isso, outras disciplinas passaram a utilizar o conhecimento científico da 
psicologia relacionando-a a esse padrão de normalidade. Na educação, por exemplo, 
a psicologia subsidia a patologização, culpabilizando o aluno no processo de 
aprendizagem. Com relação ao trabalho, a psicologia avalia e identifica os mais aptos 
para a função. No poder judiciário, identifica transtornos e delinquências que auxiliem 
numa definição judicial. Assim, a psicologia acaba auxiliando na categorização dos 
indivíduos como normais — aqueles que estão dentro de um padrão de 
comportamento — e anormais — os desviantes, inaptos, perversos —, justificando 
tratamentos e internações (AMENDOLA, 2014; SILVA; CARVALHAES, 2016). 
Esse reconhecimento da psicologia está em prol de uma ideologia dominante 
em atender a demandas sociais por meio de atividades avaliativas e com práticas de 
adaptação, controle e disciplina (DIMENSTEIN, 2000; SILVA; CARVALHAES, 2016). 
A formação do psicólogo brasileiro pretende ser apolítica, neutra e acrítica, propondo 
o ensino de práticas padronizadas desvinculadas da realidade social. A base do 
ensino valoriza um modelo tradicional, clínico e de psicoterapia individual, auxiliando 
na determinação de uma representação social do psicólogo limitada a esse perfil. Isso, 
porém, é um “entrave para o exercício de atividades em novas áreas que envolvem 
atividades para as quais o psicólogo não foi preparado” (DIMENSTEIN, 2000, p. 104). 
A valorização demasiada da atuação clínica implica a invisibilidade de outros 
campos de atuação, não preparando os profissionais para outros contextos, além de 
propor uma simples transposição do modelo clínico para as demais áreas mais 
abrangentes do que a relação dual e privativa do atendimento clínico (AMENDOLA, 
2014; DIMENSTEIN, 2000; GONÇALVES; PORTUGAL, 2016). 
Identifica-se, por vezes, um desconforto do profissional de psicologia na 
atuação junto a comunidades, pois muitos deles não se apropriam das problemáticas 
sociais e das nuances desse campo de atuação durante a formação (GONÇALVES; 
PORTUGAL, 2016). Discute-se a necessidade de mudanças paradigmáticas na 
formação em psicologia, que permitam que o estudante compreenda seu papel na 
realidade social e na superação das problemáticas sociais. Essa perspectiva muito se 
diferencia do viés de neutralidade com ênfase na atuação clínica individual. 
A psicologia social visa a estabelecer relações horizontais com a população 
atendida e a compreender as dinâmicas sociais considerando os aspectos históricos, 
sociais, políticos e ideológicos que determinam a prática da psicologia (FREITAS, 
 
40 
 
INCLUSÃO E EXCLUSÃO SOCIAL 
2015). Desde os primeiros registros de atuação da psicologia social no Brasil, por volta 
de 1970, sua proposta era se aproximar de contextos menos elitizados e ofertar 
atendimento psicológico à população menos favorecida financeiramente. 
A abordagem, porém, estava pautada em replicar a forma tradicional da 
psicologia, com atendimentos individualizados na perspectiva clínica terapêutica e na 
adequação da população aos padrões considerados normais. Não havia um 
comprometimento profissional em buscar formas mais adequadas à realidade social 
(FREITAS, 2016). 
Hoje, o que se pergunta é se esse modelo hegemônico de atendimento 
psicológico às camadas populares é a melhor maneira de atender às demandas dessa 
população. A prática psicológica ofertada não parece estar alinhada com essas 
demandas. Também a visão de mundo, a cultura e a forma de lidar com a subjetivação 
não está alinhada entre os psicólogos e a comunidade atendida (YAMAMOTO, 2007). 
Não se trata, porém, de uma crítica à psicoterapia e ao atendimento individual, 
mas de questionar sua eficácia quando transpostos à realidade da sociedade. O 
trabalho no campo social deve ser reinventado e questionado, refletindo-se sobre os 
conceitos teóricos e a prática psicológica para construir uma psicologia crítica e 
comprometida com as demandas da população. 
Além disso, a postura do psicólogo social precisa ser observada, de modo que 
ele compreenda que não detém o conhecimento sobre a vida das pessoas, mas que 
considere a participação ativa dos indivíduos como agentes transformadores de suas 
vidas. Isso significa que não deve apenas identificar inadequações na forma

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