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Arboviroses na APS

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DENGUE 
DEFINIÇÃO 
• Dengue é uma doença febril aguda causada por um arbovírus e transmitida por 
mosquitos do gênero Aedes, especialmente pelo Aedes aegypti, com predomínio 
nas regiões tropicais. 
• É a doença viral febril aguda mais comum transmitida por mosquito nas Américas. 
• O diagnóstico sorológico pode apresentar reação cruzada entre anticorpos da 
dengue e vírus Zika, complicando a confirmação laboratorial e comprometendo a 
vigilância epidemiológica. 
• São conhecidos quatro sorotipos virais de dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. 
QUANDO PENSAR? 
• Deve-se pensar em Dengue em todo paciente com doença febril aguda com 
duração de até 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: 
o cefaleia, dor retro orbital, mialgia, artralgia, cansaço, exantema, associados 
ou não à presença de hemorragia. 
• Além desses sintomas, a pessoa deve ter estado, nos últimos 15 dias, em área com 
epidemiologia positiva para dengue ou que tenha sido registrada a presença de 
Aedes aegypti. 
O QUE FAZER? 
ANAMNESE 
• O primeiro passo é descobrir a duração da febre, pois a possibilidade de 
agravamento é maior na sua defervescência 
• O segundo passo é investigar a presença de sinais de alerta 
 
 EXAME FÍSICO 
• O exame físico deve ser completo, especialmente para detectar exantema, 
fenômenos hemorrágicos, sinais de alteração hemodinâmica e nível de 
consciência. 
• Fazer um exame minucioso, dando atenção a fenômenos hemorrágicos 
espontâneos em áreas não expostas, como conjuntivas, gengivas, narinas e 
petéquias em membros inferiores (MMII). 
 
• Caso não existam hemorragias espontâneas, há necessidade de se proceder à 
prova do laço. 
• Na avaliação hemodinâmica, devem ser avaliados: enchimento capilar, turgor, 
aferição de PA em duas posições, frequência cardíaca (FC) e de pulso; ausculta e 
frequência respiratória (FR). 
• Valorizar a presença de dor abdominal, principalmente em pediatria, e investigar 
ascite e hepatomegalia. 
PROVA DO LAÇO 
• Para verificação da “prova do laço”, aferir a pressão arterial (PA) e calcular o valor 
médio pela fórmula: pressão arterial sistólica (PAS) + pressão arterial diastólica 
(PAD)/2. 
• Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante 5 minutos nos adultos e 3 
minutos em crianças. 
• Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e contar o número de 
petéquias formadas dentro dele; a prova será positiva se houver 20 ou mais 
petéquias em adultos e 10 ou mais em crianças. 
• Se a prova do laço for positiva antes do tempo preconizado, ela pode e deve ser 
interrompida. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• O diagnóstico da dengue é feito a partir de dados clínicos e epidemiológicos com 
reforço de exames laboratoriais. 
• No acompanhamento de pacientes com dengue, os exames complementares são 
divididos em específicos e inespecíficos. 
• Específicos 
o No início dos sintomas até o 5° dia da doença, o vírus está presente. 
o Para detectar sua presença, podem-se utilizar: isolamento viral, pesquisa do 
genoma viral por reação em cadeia da polimerase (PCR) ou pesquisa do 
antígeno NS1. 
o A pesquisa de anticorpos imunoglobulina M (IgM) para Dengue é o exame 
preferencial para o diagnóstico, realizada em amostras coletadas do 7° ao 30° 
dia do início dos sintomas. 
o ELISA NS1 não reagente não descarta a doença dengue, sendo necessário 
coletar uma segunda amostra do 7° ao 30° dia para pesquisa de anticorpo IgM, 
a fim de descartar a doença. 
• Inespecíficos: 
o Hemograma, coagulograma, provas de função hepática, dosagem de 
albumina sérica e exames de imagem (sempre que houver indicação 
clínica). 
o Os exames complementares auxiliam no diagnóstico, no acompanhamento 
e na avaliação das possíveis complicações, daí a necessidade de exame 
clínico minucioso. 
o As alterações mais comuns encontradas no hemograma são: leucopenia 
com neutropenia, presença de linfócitos atípicos, plaquetopenia e 
hemoconcentração (aumento da porcentagem do hematócrito), mas 
podem ser encontrados exames normais ou leve leucocitose. 
 
o Geralmente, não há alterações importantes no hemograma antes das 
primeiras 48 horas de doença, portanto, quando solicitado precocemente, 
tal exame deve ser considerado a linha de base para o acompanhamento 
do paciente. 
o Outros exames inespecíficos podem ser requeridos, como a dosagem de 
eletrólitos, sendo a principal alteração a hiponatremia e dosagem de 
albumina sérica, pois a Hipoalbuminemia é encontrada na febre 
hemorrágica. 
 
CONDUTA PROPOSTA 
• A dengue é uma doença dinâmica e, portanto, necessita de seguimento 
adequado, independente do estadiamento no momento do diagnóstico. 
• O manejo clínico correto pode reduzir o agravamento. 
• O primeiro passo é notificar todo caso suspeito. → DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO 
COMPULSÓRIA 
• Durante a notificação, o paciente deve ser orientado quanto às possíveis 
complicações e quando retornar. 
• Um paciente bem orientado é garantia de melhor prognóstico. 
• Dicas → existe um processo simples em que quatro perguntas básicas são feitas: 
o Trata-se de um caso de dengue? 
o Tem algum fenômeno hemorrágico espontâneo ou provocado? 
o Apresenta sinais de alerta? 
o Tem hipotensão ou choque? 
 
 
QUANDO REFERENCIAR? 
• O conhecimento da evolução da doença, as possíveis complicações, o serviço que 
faz o melhor atendimento, a necessidade de exames complementares mais 
sofisticados e o estadiamento clínico indicam onde o paciente deve ser tratado. 
• Via de regra, os pacientes estadiados como A e B podem ser atendidos e 
acompanhados em UBS. 
• Os estadiados como C devem ter seu tratamento iniciado nas UBS e depois 
encaminhados para internação. 
• Os pacientes classificados como estadiamento D devem receber, primeiro, 
atendimento emergencial onde forem diagnosticados e, assim que possível, 
transferidos a hospitais com porte para atendimento intensivo. 
 
 
CHIKUNGUNYA 
DEFINIÇÃO 
• A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), 
da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. 
• A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas. 
• A transmissão se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e 
Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV. 
• Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que exclusivamente no 
intraparto de gestantes virêmicas e, muitas vezes, provoca infecção 
neonatal grave. 
• Pode ocorrer transmissão por via transfusional, todavia é rara se os protocolos fore
m observados. 
• Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início a
gudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. 
• A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, 
que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema → ARTRITE 
• Após a fase inicial a doença pode evoluir em duas etapas subsequentes: fase 
subaguda e crônica. 
• A chikungunya tem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade, associad
a à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e 
da qualidade de vida. 
QUANDO PENSAR? 
• A maioria dos indivíduos infectados pelo CHIKV desenvolve sintomas, alguns estudos 
mostram que até 70% apresentam infecção sintomática. 
• Esses valores são altos e significativos quando comparados às demais arboviroses. 
• Dessa forma, o número de pacientes que necessitarão de atendimento será 
elevado, gerando sobrecarga nos serviços de saúde. 
• A doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. 
• Após o período de incubação inicia-se a fase aguda ou febril, que dura até o 14º 
dia. 
• Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares após a fase 
aguda, caracterizando o início da fase subaguda, com duração de até três meses. 
 
FASE AGUDA (FEBRIL) 
• A fase aguda ou febril da doença é caracterizada principalmentepor febre de iní
cio súbito e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de 
 
dores nas costas, rash cutâneo (presente em mais de 50% dos casos) cefaleia e 
fadiga, com duração média de sete dias. 
• A febre pode ser contínua, intermitente ou bifásica, possui curta duração, porém a
 queda de temperatura não é associada à piora dos sintomas como na dengue. 
• Ocasionalmente, pode ser associada a uma bradicardia relativa. 
• A poliartralgia tem sido descrita em mais de 90% dos pacientes com chikungunya 
na fase aguda. Essa dor normalmente é poliarticular, bilateral e simétrica, mas pode 
haver assimetria. 
• Acomete grandes e pequenas articulações e abrange com maior frequência as 
regiões mais distais. 
• Pode haver edema, e este, quando presente, normalmente está associado à 
tenossinovite. 
• Na fase aguda também tem sido observado dor ligamentar. 
• A mialgia quando presente é, em geral, de intensidade leve a moderada. Sendo 
mais intensa na dengue. 
• O exantema normalmente é macular ou maculopapular, acomete cerca de 
metade dos doentes e surge, normalmente, do segundo ao quinto dia após o início 
da febre. 
o Atinge principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas e 
plantas), podendo atingir a face. 
• O prurido está presente em 25% dos pacientes e pode ser generalizado ou apenas 
localizado na região palmo-plantar. 
• Outros sinais e sintomas descritos na fase aguda de chikungunya são dor retro-
ocular, calafrios, conjuntivite sem secreção, faringite, náusea, vômitos, diarreia, dor 
abdominal e neurite. 
• As manifestações do trato gastrointestinal são mais presentes nas crianças. 
• Pode haver linfoadenomegalias cervical, retroauricular, inguinal associadas 
• Para os neonatos de mães infectadas há um risco de transmissão vertical de 
aproximadamente 50% no período intraparto. 
o O recém-nascido é assintomático nos primeiros dias, com surgimento de 
sintomas a partir do quarto dia (três a sete dias), que incluem a presença de 
febre, síndrome álgica, recusa da mamada, exantemas, descamação, 
hiperpigmentação cutânea e edema de extremidades 
o As formas graves são frequentes nesta faixa etária, como o surgimento de 
complicações neurológicas, hemorrágicas e acometimento miocárdico 
(miocardiopatia hipertrófica, disfunção ventricular, pericardite). 
o Os quadros neurológicos, também reconhecidos como sinal de gravidade 
nesta faixa etária, incluem meningoencefalites, edema cerebral, hemorragia 
intracraniana, convulsões e encefalopatias. 
 
 
 
 
 
 
 
FASE SUBAGUDA 
• Durante esta fase a febre normalmente desaparece, podendo haver persistência 
ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor 
articular nas regiões previamente acometidas na primeira fase e tenossinovite 
hipertrófica subaguda em mãos, mais frequentemente nas falanges, punhos e 
tornozelos. 
 
• Síndrome do túnel do carpo pode ocorrer como consequência da tenossinovite 
hipertrófica (sendo muito frequente nas fases subaguda e crônica). 
• O comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de 
intensidade variável. 
• Há relatos de recorrência da febre. 
• Podem estar presentes também, nesta fase, astenia, recorrência do prurido 
generalizado e exantema maculopapular, além do surgimento de lesões purpúricas, 
vesiculares e bolhosas. 
• Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga e sintomas 
depressivos. 
 
 
 
FASE CRÔNICA 
• A prevalência da fase crônica é muito variável entre os estudos, podendo atingir 
mais da metade dos pacientes. 
• Os principais fatores de risco para a cronificação são: idade acima de 45 anos, 
significativamente maior no sexo feminino, desordem articular preexistente e maior 
intensidade das lesões articulares na fase aguda. 
• O sintoma mais comum nesta fase crônica é o acometimento articular persistente 
ou recidivante nas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda, 
caracterizado por dor com ou sem edema, limitação de movimento, deformidade 
e ausência de eritema. 
 
• Normalmente, o acometimento é poliarticular e simétrico, mas pode ser assimétrico 
e monoarticular. 
• Também há relatos de dores nas regiões sacroilíaca, lombossacra e cervical. 
• Ocasionalmente, articulações incomuns como temporomandibulares (dor a 
movimentação mandibular) e esternoclaviculares estão acometidas. 
• Em frequência razoável são vistas manifestações decorrentes da síndrome do túnel 
do carpo, tais como dormência e formigamento das áreas inervadas pelo nervo 
mediano. 
• Alguns pacientes poderão evoluir com artropatia destrutiva semelhante à artrite 
psoriática ou reumatoide. 
• Outras manifestações descritas durante a fase crônica são: fadiga, cefaleia, prurido, 
alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, disestesias, parestesias, dor neuropática, 
fenômeno de Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, alterações da 
memória, déficit de atenção, alterações do humor, turvação visual e depressão. 
• Alguns trabalhos descrevem que esta fase pode durar até três anos, outros fazem 
menção a seis anos de duração. 
 
MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS 
 
GESTANTES 
• A infecção pelo CHIKV, no período gestacional, não está relacionada a efeitos 
teratogênicos, e há raros relatos de abortamento espontâneo. 
• Mães que adquirem chikungunya no período intraparto podem transmitir o vírus a 
recém-nascidos por via transplacentária. 
• A taxa de transmissão, neste período, pode chegar a aproximadamente 50%, 
destes, cerca de 90% podem evoluir para formas graves. 
• Não há evidências de que a cesariana altere o risco de transmissão. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• As alterações laboratoriais de chikungunya, durante a fase aguda, são 
inespecíficas. 
• Leucopenia com linfopenia menor que 1.000 cels/mm3 é a observação mais 
frequente. 
• A trombocitopenia inferior a 100.000 cels/mm3 é rara. 
• A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa encontram-se 
geralmente elevadas, podendo permanecer assim por algumas semanas. 
• Outras alterações podem ser detectadas como elevação discreta das enzimas 
hepáticas, da creatinina e da creatinofosfoquinase (CPK). 
• Considerando a necessidade de prescrição de corticoides e anti-inflamatórios não 
esteroides (AINE) na fase subaguda, os seguintes exames devem ser solicitados: 
o ureia, creatinina, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase 
(ALT), glicemia de jejum e hemograma 
• O diagnóstico laboratorial da infecção pelo CHIKV pode ser realizado de forma 
direta, por meio do isolamento viral e da pesquisa do RNA viral em diferentes 
amostras clínicas, ou de forma indireta por intermédio da pesquisa de anticorpos 
específicos. 
 
 
 
MANEJO CLÍNICO 
• Sinais de gravidade devem ser pesquisados em todo paciente com chikungunya e 
podem surgir nas fases aguda e subaguda. 
o Acometimento neurológico: sinais ou sintomas que possam indicar 
acometimento neurológico, incluindo irritabilidade, sonolência, dor de 
cabeça intensa e persistente, crises convulsivas e déficit de força (déficit de 
força pode estar relacionado também a miosite). 
o Dor torácica, palpitações e arritmias (taquicardia, bradicardia ou outras 
arritmias). 
o Dispneia, que pode significar acometimento cardíaco ou pulmonar por 
pneumonite ou decorrente de embolia secundária a trombose venosa 
profunda em pacientes com artralgia, edema e imobilidade significativa. 
o Redução de diurese ou elevação abrupta de ureia e creatinina. 
o Sinais de choque, instabilidade hemodinâmica. 
o Vômitos persistentes. 
o Sangramento de mucosas. 
o Descompensação de doença de base. 
 
 
 
 
ORIENTAÇÕES PARA O DOMICÍLIO 
 
 
 
ZIKA 
DEFINIÇÃO 
• O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus (siglas em inglês de arthropod-borne-virus) 
emergente, pertencente ao sorocomplexo Spondweni, gênero Flavivirus, família 
Flaviviridae, que apresentarelação genética e sorológica com outros flavivírus de 
importância em saúde pública como o vírus da dengue, o da febre amarela e o do 
oeste do Nilo. 
• O vírus Zika é usualmente transmitido ao homem pela picada de mosquitos do 
gênero Aedes. Nas Américas, o principal vetor é o Ae. aegypti. 
• Trata-se de uma doença de notificação compulsória. 
 
 
 
QUADRO CLÍNICO 
• A zika é uma doença febril autolimitada (com manifestação de sintomas por 3-6 
dias). 
• Os sintomas comuns da infecção pelo vírus incluem febre baixa (entre 37,8°C e 
38,5°C), conjuntivite não purulenta, dor de cabeça, artralgia normalmente em mãos 
e pés, em alguns casos com inflamações das articulações, fadiga ou mialgia, 
astenia, rash maculopapular e, com menos frequência, dor retro-orbital, anorexia, 
vômitos, diarreia e dor abdominal, aftas. 
• Astenia pós infecção é frequente. 
• Os sintomas desaparecem em até 7 dias. 
• A dor articular pode estar presente até um mês do início da doença; a artralgia não 
é tão intensa como a que ocorre em chikungunya e não apresenta a cronicidade 
características de chikungunya. 
• Em alguns pacientes pode ocorrer hematoespermia. 
• A doença gerada pelo vírus Zika era considerada sem complicações severas. 
Porém, na epidemia ocorrida na Polinésia Francesa, entre novembro de 2013 e 
fevereiro de 2014, foram relatados casos de pacientes infectados pelo vírus Zika que 
apresentaram a síndrome de Guillain-Barré (doença autoimune 
desmielinizante que causa paralisia flácida aguda ou subaguda). 
• Alguns deles desenvolveram outras complicações neurológicas (encefalite, 
meningoencefalite, parestesia, paralisia facial e mielite); pode ocorrer ainda: 
trombocitopenia púrpura, danos oftalmológicos e cardíacos 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• Informações sobre alterações típicas associadas com a infecção por vírus Zika 
incluem, durante o curso da doença, leucopenia, trombocitopenia, elevação da 
desidrogenase láctica sérica, gama glutamil transferase e de marcadores de 
atividade inflamatória (proteína C reativa, fibrinogênio e ferritina). 
• Não há relatos de infecção secundária, pelo fato de o vírus apresentar um único 
sorotipo. 
• O diagnóstico laboratorial específico baseia-se principalmente na detecção de RNA 
viral a partir de espécimes clínicos. 
• O período virêmico não foi estabelecido, mas se acredita que seja curto, o que 
permitiria, em tese, a detecção direta do vírus até 4-7 dias após o início dos sintomas, 
sendo, entretanto, ideal que o material a ser examinado seja até o 5º dia. 
• Os ácidos nucléicos do vírus foram detectados em humanos entre 1 e 11 dias após 
início dos sintomas e o vírus foi isolado em primata não-humano até 9 dias após 
inoculação experimental. 
 
 
 
 
 
 
MANEJO CLÍNICO 
• O tratamento dos casos sintomáticos é baseado no uso de acetaminofeno 
(paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de 
erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. 
• No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros 
drogas anti-inflamatórias devido ao risco aumentado de complicações 
hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome hemorrágica como ocorre com 
outros flavivírus. 
• Não há vacina contra o vírus Zika. 
• Independentemente da confirmação das amostras para o vírus Zika, é importante 
que os profissionais de saúde se mantenham atentos frente aos casos suspeitos de 
dengue nas unidades de saúde e adotem as recomendações para manejo clínico 
conforme o preconizado no protocolo vigente, na medida em que esse agravo 
apresenta elevado potencial de complicações e demanda medidas clínicas 
específicas, incluindo-se a classificação de risco, hidratação e monitoramento. 
QUANDO REFERENCIAR 
• Casos suspeitos de microcefalia devem ser referenciados a um pediatra. 
• Suspeita de aborto por infecção com ZIKV. 
• Casos graves com sinais de instabilidade. 
• Persistência da artralgia é mais comum em infecções pela Chikungunya, mas se 
mantida por mais de 3 meses, requer avaliação conjunta com reumatologia 
 
ZIKA VÍRUS E GESTAÇÃO 
• A gestante com exantema deve ser acompanhada no pré-natal de baixo risco, a 
infecção pelo vírus Zika não é condição para encaminhamento para o serviço de 
pré-natal de alto risco, salvo se ocorrerem agravos que justifiquem tal ação. 
• No entanto, como é uma condição que irá gerar uma grande carga emocional, o 
seguimento desta gestante deve incluir o suporte multiprofissional. 
• É fundamental informar a mãe e sua família que a confirmação de infecção pelo 
vírus Zika nesse período não é sinônimo de presença de microcefalia no concepto. 
• A rotina de vacinas e avaliação odontológica deve ser mantida como 
preconizado. 
• O aleitamento precisa ser estimulado e, se necessário, as mamas preparadas para 
tal finalidade. 
• Os exames que devem ser solicitados são aqueles indicados no pré 
natal além dos exames específicos para confirmação de infecção pelo vírus Zika. 
• É importante ressaltar que outras infecções virais podem cursar com sintomas 
semelhantes e também ser causa de microcefalia, estas infecções podem ser 
confirmadas ou não nos exames de rotina do pré-natal. 
 
O PARTO E O NASCIMENTO 
• A confirmação da infecção pelo vírus Zika ou a presença de microcefalia no 
concepto não são indicações para parto cesariana, devendo-se indicar o parto 
normal e proporcionar condições para o parto humanizado de acordo com as 
diretrizes vigentes. 
• A indicação pelo parto cesariana somente quando tiver risco à gestante ou ao feto. 
SÍNDROME CONGÊNITA RELACIONADA À INFECÇÃO PELO VÍRUS ZIKA (SCZ) 
• A transmissão vertical de infecções maternas pode ocorrer intra útero, durante o 
parto ou após o nascimento (pelo leite materno). 
• A infecção pode ser ascendente, da vagina até o líquido amniótico, 
frequentemente infectando o cordão umbilical e 
causando corioamnionite, podendo levar a ruptura prematura de membranas e 
desencadear um parto prematuro. 
• A transmissão também pode ocorrer por via hematogênica, durante viremia, 
bacteremia ou parasitemia materna, afetando a placenta. 
• As infecções congênitas podem ser assintomáticas ao nascimento ou com manifes
tações clínicas precoces ou tardias, com envolvimento multissistêmico e 
comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM). 
• Algumas alterações podem tornar-se evidentes anos depois, comprometendo o 
cognitivo na idade escolar, ou com outros prejuízos mais tardios. 
• A avaliação desses RNs tem evidenciado outras alterações, sugerindo que o vírus 
Zika, além de ser neurotrópico, apresenta tropismo para outros órgãos, como fígado, 
coração e sistema osteoarticular. 
• Alterações visuais importantes e relacionadas à audição também têm sido 
observadas. 
 
 
 
 
COMO FAZER A ABORDAGEM INICIAL NA APS DE CASOS S USPEITOS DE 
ARBOVIROSES (DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA)? 
 
 
 
 
 
 
 
FEBRE AMARELA 
DEFINIÇÃO 
• A febre amarela é uma doença imunoprevenível, causada pelo arbovírus amarílico 
flavivírus da família flaviviridae, distribuídos em regiões da África e América do Sul. 
• Pode ser transmitida pela picada das fêmeas do mosquito Aedes aegypti e Aedes 
albopictus (febre amarela urbana). 
• O período de incubação é de 3 a 6 dias, e o de transmissibilidade vai de 1 a 2 dias 
antes das manifestações clínicas a 3 a 5 dias após. 
• A maioria dos indivíduos infectados (90%) cursa de forma assintomática ou com 
sintomas leves a moderados. 
QUADRO CLÍNICO 
• O quadro clínico pode evoluir de forma leve ou abortiva, apenas com febre e 
cefaleia, para a forma moderada (período de infecção), com febre alta associada 
a pulso lento (sinal de Faget), calafrios, cefaleia, mialgias generalizadas, lombalgia, 
prostração, náuseas e vômitos, que podem durar 3 dias. 
• Após esse período, pode ocorrer melhora ou evolução para a fase grave ou de 
intoxicação (períodotoxêmico), com febre, icterícia verdínica, diarreia, 
hematêmese, melena, hematúria, epistaxe, sangramento oral e vestibular, oligúria, 
anúria e torpor, com letalidade superior a 50%. 
O QUE FAZER? 
• Na investigação, deve-se eleger a principal queixa (até no máximo 3) para ser o 
sintoma ou sinal guia que direcionará o restante da anamnese (em geral, a queixa 
de febre e cefaleia são comuns). 
• A história da doença atual deve incluir a caracterização das principais alterações 
semiológicas e a evolução clínica do quadro. 
• Deve-se questionar, também, sobre sintomas em outros sistemas que podem estar 
associados ou ajudar a elucidar o diagnóstico. 
 
 
SINAIS DE ALERTA 
 
EXAME FÍSICO 
• Realizar exame físico geral, com especial atenção a: 
o psiquismo (para avaliar comprometimento neurológico); 
o respiração (taquipneia pode ser um sinal de hemorragia pulmonar); 
o marcha (caso tenha mialgia com dor na panturrilha, esta pode ser 
hesitante); 
o pele e mucosas (para avaliar anemia, icterícia – rubínica da leptospirose e 
verdínica da febre amarela e exantemas maculopapulares); 
o musculatura (para verificar mialgia); 
o gânglios (linfadenopatia pode ser um sinal); 
o estado de hidratação (inclui diurese com oligúria ou anúria) e nutrição; 
o sangramentos (hemorragias em quadros mais graves) e 
o sinais vitais (temperatura, frequência cardíaca [FC], frequência respiratória 
[FR] e pressão arterial [PA]). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• GERAIS: 
o Hemograma 
o Coagulograma 
o Aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT) 
o Ureia, creatinina (Cr) 
o Sódio, potássio 
o Fosfocreatinocinase (CPK) 
o Fosfatase alcalina (FA) 
o Gama-glutamiltransferase (GGT) 
o Bilirrubinas 
o Exame de urina I 
• ESPECÍFICOS: 
o Solicitados para o diagnóstico etiológico 
o Sorologias: 
▪ ELISA-IgM (a partir do 5° a 7° dia de doença). 
▪ Inibição da hemaglutinação em amostras pareadas. 
▪ Pesquisa do vírus em sangue e culturas (mais na fase inicial). 
▪ Imuno-histoquímica para detecção do antígeno viral em amostras 
de tecido hepático. 
▪ Histopatologia do fígado. 
 
CONDUTA PROPOSTA 
• De acordo com a sintomatologia 
• Para a cura dessas doenças, é fundamental: hidratação, com água e sucos, 
alimentação regular, com fracionamento e balanceada entre carboidratos, 
proteínas, gorduras, frutas e vegetais, para manter o equilíbrio fisiológico e 
imunológico dos sistemas e do metabolismo. Devem-se evitar alimentos de difícil 
digestão e muito ácidos. 
• No caso de febre, orientar quanto à realização de compressas com água morna 
e/ou banho morno. É importante também dar orientações quanto à higiene do sono 
e à manutenção do repouso de acordo com a evolução do quadro. 
 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
• A vacinação contra febre amarela (17DD) deve ser realizada dos 9 meses aos 59 
anos de idade nas áreas recomendadas pelo Ministério da Saúde. 
• Indivíduos a partir dos 60 anos deverão ser vacinados somente se residirem ou se 
deslocarem para áreas com transmissão ativa da doença e que não se enquadrem 
nas contraindicações da vacina. 
• Gestantes e mulheres em amamentação só deverão ser vacinadas se residirem em 
local próximo de área com confirmação de circulação do vírus amarílico. 
o Quando em amamentação, deve-se suspender o aleitamento por 10 dias 
após a vacinação. 
• As contraindicações são: 
o Imunossupressão 
o Uso de medicamentos antimetabólicos ou modificadores de curso da 
doença (imunobiológico) 
o Transplantados 
o Paciente com doença oncológica em quimioterapia 
o Radioterapia em curso 
o Reação de hipersensibilidade grave ou doença neurológica após dose 
prévia da vacina 
o Paciente com história pregressa de doença do timo 
o Lúpus 
o Doença de Addison 
o Artrite reumatoide 
o HIV com imunodeficiência grave (CD4 < 200 células/mm)

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