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FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES PÉLVICAS FEMININA Ana Eulina Araújo Fisioterapeuta Especialidade em Saúde da Mulher – HC/UFPE Mestre em Fisioterapia UFPE ASPECTOS GERAIS DA TERAPIA FÍSICA NAS DISFUNÇÕES PÉLVICAS ▪ Sinergia do MAP’s com as musculaturas do tronco ▪ Avaliação minunciosa + Atenção inter/multiprofissional ▪ Estabelecimento de metas terapêuticas Bø, 2004a OBJETIVOS ▪Otimizar funções do assoalho pélvico ▪Conscientizar sobre a Musculatura do Assoalho Pélvico (MAP) ▪Diminuir episódios de perda urinária e ou fecal ▪Melhorar a força, resistência, mobilidade e coordenação da MAP ▪Integrar a atuação da MAP na dinâmica de controle da micção e ou evacuação ▪Otimizar o suporte às vísceras pélvicas ▪Aumentar ou manter a pressão de fechamento uretral e anal ▪Automatizar a resposta da MAP ao esforço ▪Promover ativação de vias reflexas inibitórias da micção/evacuação ▪Promover o controle vesical durante as AVD’s ▪Reduzir o risco infeccioso ▪Favorecer a reeducação vesical e as mudanças comportamentais ▪Favorecer a melhora na qualidade de vida sexual ▪Orientar/educar a paciente ABORDAGEM COM A PACIENTE ▪Preservação máxima possível da intimidade do paciente ▪Ambiente reservado ▪Solicitar permissão ao paciente a procedimentos mais invasivos ▪Informar o passo a passo ▪Linguagem do terapeuta importante Lembrando.... FASES DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ▪Fase 1 ▪ Orientação/Educação ▪Fase 2 ▪ Conscientização muscular ▪Fase 3 ▪ Reeducação muscular ▪Fase 4 ▪ Automatização da atividade perineal durante AVD’s EDUCAÇÃO DA PACIENTE Anatomia do Assoalho Pélvico Patologia Tratamento → Importância dos MAPs Importância da participação do paciente Material educativo – cartilhas/folders... CONSCIENTIZAÇÃO PERINEAL ▪Posição do paciente ▪ MMII relaxados ▪ Postura de rã ▪ Tronco elevado a 45º ▪Identificação da musculatura perineal Toque vaginal / perineal pelo terapeuta Auto-palpação do corpo perineal pela paciente Visualização da contração dos MAPs - Espelho (biofeedback visual) Biofeedback Eletroestimulação Inicialmente CONSCIENTIZAÇÃO PERINEAL ▪Dissociação da musculatura perineal e secundária Contração perineal - relaxamento - contração isolada do grupo muscular parasita ▪Treino de respiração (diafragmática) ▪Treino da associação entre contração perineal e respiração Expiração + contração perineal • Abdominais • Adutores • Glúteos 1 2 CINESIOTERAPIA ▪Kegel (1948) ▪Cinesioterapia ▪Aumento da força da musculatura perineal ▪Recrutamento de unidades motoras ▪Frequência de exercícios ▪ Intensidade das contrações ▪Associação de posturas ao trabalho do assoalho pélvico ▪Menor incidência de efeitos adversos ▪ Baixo custo ▪ Não inviabiliza outras opções de tratamento Sinônimos: ▪ Exercícios de Kegel ▪ Exercícios/ treinamento do MAPs ▪ Exercícios perineais CINESIOTERAPIA ▪Parâmetros: Tipo de contração Intensidade Posição da paciente Frequência e duração ▪Progressão dos exercícios ▪Posição da paciente ▪Modificações no tempo de contração/repouso (intensidade/frequência) ▪Associar à atividades mais funcionais e de acordo com a QP REEDUCAÇÃO MUSCULAR Reforço muscular ▪ Fibras tipo I (lentas) ▪Contração mantida de 4 segundos.... ▪Relação tempo contração / repouso → 1:1 .... 1:2 ▪ Fibras tipo II (rápidas) ▪Contrações rápidas de 1 segundos a 3 segundos ▪Relação tempo contração / repouso → 1:2 ou 1:3 C R C R AUTOMATIZAÇÃO DA ATIVIDADE PERINEAL DURANTE AVD’S ▪Atividades: ▪Laborativas ▪Domésticas ▪Esportivas BLOQUEIO PERINEAL SOB ESFORÇO Contração ativa dos MAPs TERAPIA MANUAL ▪Massagem perineal ▪Estiramento-reflexo do MAP ▪Informação proprioceptiva – cinestésica ▪Alongamentos/ liberações miofasciais BIOFEEDBACK Kegel (1951) / Facilitação Proprioceptiva / Aplicabilidade com outras técnicas reeducativas Aprendizagem correta da contração Treinamento cognitivo da musculatura perineal Terapeuta BIOFEEDBACK Reeducação perineal através de sinais visuais e/ou auditivos Utilizado como avaliação e tratamento Participação ativa e interativa entre: Paciente Terapeuta Equipamento Modalidades: Manométrico / pressórico Eletromiográfico Necessita de cognição do paciente UTILIZAÇÃO ▪Conscientização perineal ▪Hipertrofia muscular ▪Relaxamento da musculatura perineal Protocolo de Exercícios Depende do caso de cada paciente Associar à cinesioterapia BIOFEEDBACK MANOMÉTRICO ▪ Registro em cmH2O ou mmHg ▪ Fácil aplicação ▪ Menor custo ▪ Sensibilidade a períneos fracos ▪ Detecta variação de pressão suficiente para gerar movimentos ▪ Representa as fibras fásicas e tônicas ▪ Trabalha em vários níveis de acordo com volume insuflado ▪ Não influenciado por variações da mucosa ou hormônios BIOFEEDBACK MANOMÉTRICO DESVANTAGENS ▪Pode ter interferências por variações: ▪Temperatura ▪ Pressões e superfície do balonete ▪ Enrijecimento do látex ▪ Variações não controladas da pressão abdominal ▪ Diversos tipos de escalas ▪Falta de seletividade muscular ABORDAGEM COM A PACIENTE ▪Uso do preservativo masculino não lubrificado ▪ Uso do gel eletrolítico ou lubrificante para introdução da sonda (pequena quantidade) ▪ Insuflação lenta e controlada da sonda BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO ▪ Registro da contração muscular em gráfico em Micro volts (µv) ▪Específico para as fibras musculares ▪Monitorização da contração dos MAPs e dos MM parasitas ▪ Usado em combinação com outras terapias: ▪ Cinesioterapia: Pilates, cama elástica, step, esteira, treinos funcionais...) ▪ Não influenciado por variações da pressão ou temperatura DESVANTAGENS ▪Profissional precisa de treinamento específico ▪ Não permite trabalho de alongamento de unidades motoras ▪ Impregnação hormonal provoca alteração na impedância ▪ Casos de abertura vaginal geram informações alteradas ABORDAGEM COM A PACIENTE ▪ Preparação da pele ▪ Remoção da oleosidade (impedância) ▪ Tricotomia (retirada dos pelos) ▪ Uso do gel eletrolítico ▪ Eletrodos: ▪ Superfície ▪ Endocavitário BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO BIOFEEDBACK ELETROMIOGRÁFICO Associação com jogos digitais que podem simular situações mais funcionais e reais ELETROTERAPIA ▪ Favorece a conscientização perineal e a contração da MAP (contração involuntária) ▪ Hipertrofia da fibra muscular ▪ Pressão intra-uretral ▪ Força muscular ▪ Resistência à fadiga ELETROTERAPIA ▪ Objetivos ▪ Melhorar conscientização perineal ▪ Fortalecer dos MAPs ▪ Inibição vesical ▪ Analgesia ▪ Indicação ▪Força funcional do AP < 3 ▪Complicações ▪ Irritação local ▪Dor ▪ Infecções ▪Sangramentos Parâmetros Eletroanalgesia ▪ F: 100HZ ▪ LP:100 µs ▪ T:20-30 min Eletroestimulação ▪ F: 50-80HZ ▪ LP:100 – 500 µs ▪ T:10-30 min Corrente circulatória ▪ F: 8HZ ▪ LP:80 µs ▪ T:15-20 min Tempo de trabalho/repouso ▪ Tipo 1 → 1:1 ▪ Tipo 2 → 1:2 ou 1:3 ELETROTERAPIA Vias de tratamento ▪ Endocavitária (endovaginal, endoanal) ▪ Eletrodos endocavitários ▪ Extracavitária (corpo perineal, abdominal, sacral...) ▪ Eletrodos de superfície ▪ Carbono ▪ Autoadesivos Abordagem com a paciente ▪ Preparação da pele ▪ Tricotomia ▪ Remoção da oleosidade (impedância) ▪ Gel eletrolítico (endovaginais ou de superfície eletrodos de carbono) CONTRAINDICAÇÕES ▪ Período menstrual ▪ Gravidez ▪ Lesões ou infecções urinárias / vaginais ▪ Câncer colo de útero, reto, genito-urinário ▪ Diminuição da função cognitiva ▪ Marcapasso cardíaco ▪ Implantes metálicos na região do quadril ou MMII ▪ Marcapasso cardíaco CONES VAGINAIS ▪ Pesos que podem variar de 20 a 70/100 gramas com forma e tamanhos iguais ▪ Capacidade da mulher em manter o cone dentro da vagina ▪ Oferece feedback sensorial e resistência aos MAPs ▪ Iniciar do mais leve e progredir a carga – Graduação da capacidade CONES VAGINAIS Cone passivo Recrutamento de fibras tipo I: Há contração REFLEXA do AP. Introduz-se o cone demaior peso que a paciente consegue sustentar e deambula por 10/15’, com realização das AVD’s Cone ativo Recrutamento de fibras tipo II: Há contração VOLUNTÁRIA do AP. Introduz-se do cone de maior peso que a paciente consegue sustentar e realiza-se contrações voluntárias. VANTAGENS ▪ Baixo custo ▪ Efeitos colaterais mínimos ▪ Uso em domicílio ▪ Troca de peso como estímulo a paciente ▪ Exercícios estáticos e dinâmicos GINASTICA ABDOMINAL HIPOPRESSIVA ▪ GINÁSTICA ABDOMINAL HIPOPRESSIVA - A associação entre a apnéia expiratória e a elevação das costelas inferiores promove uma elevação da cúpula diafragmática, reduzindo a PIA e a sobrecarga sobre os MAP Contração dos MAP como resposta reflexa a ginástica abdominal hipopressiva GINÁSTICA ABDOMINAL HIPOPRESSIVA Abdominais tradicionais Ginástica abdominal hipopressiva ▪ Manobra de contração limitada do transverso do abdome ▪ Elevação das vísceras ▪ Depressão da cavidade abdominal ▪ Contração reflexa da MAP (tipo 1) ▪ Ativação reflexa de cinta abdominal FASES 1. Inspiração diafragmática lenta e profunda 2. Expiração completa 3. Aspiração diafragmática, em que ocorre progressiva contração dos MM. abdominais com a abertura de costelas GINÁSTICA ABDOMINAL HIPOPRESSIVA TERAPIA COMPORTAMENTAL ▪ Detecção dos hábitos da paciente ▪ Correções entre os sintomas e ambiente para o tratamento de padrões de micção alterados ▪ Pode ser adquirido pela modificação do comportamento e/ou ambiente ▪ Associação de técnicas para minimizar ou eliminar IU através de mudanças no hábito de vida da paciente MESQUITA et al., 2010 Condição Resposta cognitiva Importante Motivação TERAPIA COMPORTAMENTAL ▪Ingesta hídrica ▪ Ingesta de líquidos durante o dia (BH 1,5 L/dia) ▪ Evitar ingesta líquida durante a noite ▪Substâncias irritativas ▪Normalizar o sistema digestivo ▪ Modificações na dieta ▪ Prática de atividade física ▪Higiene íntima ▪ Troca de protetores ▪ Limpeza DIÁRIO MICCIONAL ▪ Comparação entre o volume urinado e o volume de líquido ingerido, em um período mínimo de 3 dias ▪ Avalia os sintomas urinários como: ▪ Ingesta hídrica ▪ Frequência urinária ▪ Noctúria ▪ Volume urinado ▪ Volume urinado períodos diurnos e noturnos ▪Trocas de absorventes... Parâmetro para orientar quanto o impacto que as mudanças no estilo de vida DIÁRIO MICCIONAL Hora Ingestão hídrica* Urgência Perda urinária** Micção Volume urinado Troca de absorventes Evacuação * Quantidade ingerida, ** Momento da perda e quantidade + Pequena quantidade / ++ moderada quantidade / +++ grande quantidade TREINAMENTO/REEDUCAÇÃO VESICAL OBJETIVO ▪ Aumentar a capacidade funcional da bexiga ▪ Treinamento melhora a inibição cortical sobre funcionamento do trato urinário inferior ▪ Primariamente utilizada para o tratamento da hiperatividade do detrusor ▪ A partir do diário miccional, inicia-se o processo de reeducação vesical ▪ Visa a normalização dos hábitos miccionais ▪ Orientação de micções programadas com aumento progressivo de seus intervalos MESQUITA et al., 2010 TREINAMENTO/REEDUCAÇÃO VESICAL ▪Intervalo ideal entre as micções ▪ 3 a 4 horas ▪Verificar diário miccional ▪Programação dos horários das micções ▪Aumentar gradativamente de 15 em 15 minutos MESQUITA et al., 2010 TREINAMENTO/REEDUCAÇÃO VESICAL ▪Técnicas para inibir a urgência ▪ Contração da MAP ▪ Relaxamento induzido ▪ Respiração profunda ▪ Distração mental ▪Durante as micções ▪ Evitar realizar Manobra de Valsalva ▪ Utilizar outras técnicas REFERÊNCIAS ABRAMS P, CARDOZO L, FALL M, GRIFFITHS D, ROSIER P, ULMSTEN U, VAN KERREBROECK P, VICTOR A, WEIN A. The Standardisation Of Terminology Of Lower Urinary Tract Function. Report From The Standardisation Sub-committee Of The ICS.. Joint Publication: Neurourol.Urodyn 21(2):167-178 (2002 Wiley) Urology 61: 37–49, (2003 Elsevier) HAYLEN, BERNARD T., DIRK DE RIDDER, ROBERT M. FREEMAN, STEVEN E. SWIFT, BARY BERGHMANS, JOSEPH LEE, ASH MONGA, ECKHARD PETRI, DIAA E. RIZK, PETER K. SAND, GABRIEL. N. SCHAER. IUGA/ICS Joint Report on the Terminology for Female Pelvic Floor Dysfunction. Standardisation and Terminology Committees IUGA and ICS, Joint IUGA/ICS Working Group On Female Terminology. Neurourol Urodyn. 2010;29(1):4-20. Doi: 10.1002/Nau.20798. Int Urogynecol J (2010) 21:5-26 Doi: 10.1007/S00192-009-0976-9 BØ, K.; BERGHMANS, B.; MØRKVED, S.; KAMPEN, M. V. Evidence-Based Physical Therapy for the Pelvic Floor: Bridging Science and Clinical Practice. 2 Ed. Elsevier, 2015 MESQUITA LA, CÉSAR PM, MONTEIRO MVC, SILVA FILHO AL. Terapia comportamental na abordagem primária da hiperatividade do detrusor. FEMINA 38 (1):23-29 (2010) FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES PÉLVICAS FEMININA Ana Eulina Araújo Fisioterapeuta Especialidade em Saúde da Mulher Mestre em Fisioterapia UFPE