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Diabetes Mellitus Alteração persistente da glicemia com possíveis repercussões sistêmicas 1) Hipoglicemia: glicemia < 70 mg/mL de glicose 2) Pré-diabetes: tolerância à glicose diminuída + glicemia de jejum alterada (> 100 mg/dL - < 126 mg/dL) · Para toda glicemia acima do normal é recomendado solicitar o TOTG 75 para descartar DM “oculto” - Se glicemia pós-2h de TOTG 75 > ou = 200 mg/dL DM - Se glicemia pós-2h de TOTG 75 entre 180-199 mg/dL Intolerância à glicose grave - Se glicemia pós-2h de TOTG < 180 mg/dL glicemia de jejum alterada Diabetes Mellitus 1) 1 DM I: 9 DM II (desses mais da metade não sabe que estão doentes) a. DM I insulinoterapia (sempre) Obs.: atenção ao quadro agudo de Cetoacidose Diabética (CAD), condição na qual se costuma fazer o diagnóstico de DM I. Pois, é comum que o paciente se apresente desidratado, dispneico/taquipneico, com dor abdominal (pela desidratação dos folhetos peritoneais e atrito entre eles) e glicemia capilar elevada. Sobre a desidratação em especial, é muito importante que esta seja tratada primeiro que a deficiência de insulina. Pois, a reposição de insulina sem esta primeira medida provavelmente vai fazer com que a glicose internalizada leve consigo líquido agravando a hipovolemia. **Edema cerebral (principal complicação DO TRATAMENTO! Principalmente em crianças) · Idiopática (tipo B) · destruição autoimune de células beta (tipo A) - Risco aumentado de outras doenças autoimunes - Anticorpos que podem ser dosados: anti-Znt8; anti-GAD, anti-ilhota, anti-insulina, anti-IA2 - ESTÁGIOS DM IA Estágio 1: Predisposição Estágio 2: Fator desencadeante + autoimunidade (anticorpos) Estágio 3: início da redução de células-beta Estágio 4: baixíssimos níveis de insulina - O DM I pode estar associado a outras doenças autoimunes, por isso é recomendado investigar doenças da tireóide, deficiência de B12 e doença celíaca neste tipo de diabetes OBS: LADA (diabetes autoimune latente do adulto): > 30 anos + presença de pelo menos 1 anticorpo b. DM II: resistência à insulina + falência de células beta (por sobrecarga). Na fase inicial, há uma hiperinsulinemia absoluta, com hipoinsulinemia relativa (por conta da resistência). A gravidez, na fase inicial melhora a resistência à insulina (atenção à hipoglicemia na gestação) – Os pacientes podem ser oligossintomáticos por longo período de tempo · Quando rastrear DM II? - 1) TODOS > 45 anos - 2) IMC > 25 + fatores de risco · Pré-DM · Antecedente familiar evidente (predisposição) · Aumento do peso/obesidade · Idade mais tardia (idade aumenta a resistência à insulina) · Epigenética: tabagismo, sedentarismo, disruptores (plástico que libera bisfenol A – que aumenta a resistência à insulina) 2) Outros tipos a. MODY: alteração nos genes de secreção da insulina, e pelo fato da produção não ser tão afetada a sintomatologia é mais tardia do que o DM I e mais branda – alteração de células-beta b. Pós-transplante Fisiopatologia DM II: secreção insuficiente + resistência hepática à insulina, com isso não há entrada de glicose no hepatócito ativando a gliconeogênese hepática (mantém normalmente 3/4 da glicemia no jejum, sendo o outro ¼ pelos rins). Por outro lado, a insulina mesmo aumentada, provoca lipólise pois há resistência do tecido gorduroso que não é permissivo aos efeitos anabólicos da insulina. Dessa forma há mais corpos cetônicos e substrato lipídico para a gliconeogênese 1) Maior secreção de glucagon: por não haver manifestação dos efeitos insulínicos (seja pela alta resistência dos receptores, seja pela baixa produção hormonal) os hormônios contra-insulínicos, como o glucagon passam a predominar para promover o catabolismo e fornecimento de substratos para a gliconeogênese hiperglicemia mesmo no estado de jejum 2) Diminui incretinas (GLP-1 e GIP): por feedback negativo da alta de insulina? 3) Secreção neurossináptica alterada = desregulação do apetite, com a baixa das incretinas que impediriam o esvaziamento gástrico (e assim reduziriam o apetite) o paciente diabético passa a ter o apetite aumentado (esse é um dos fatores que contribuem) Alimentos Liberação de incretinas estímulo para liberação de insulina e inibição da liberação de glucagon 4) Maior reabsorção renal de glicose e glicosúria Diabetes X Síndrome Metabólica 1) Obesidade visceral (“barriga”): é a gordura intra-abdominal que está relacionada à resistência insulínica (mesmo com IMC normal) => Hiperinsulinemia a. Hiperinsulinemia · Aumento da retenção renal de Na e Hipertrofia do músculo liso => hipertensão · Aumento de TGs e baixo HDL: dislipidemia aterogênica - Presente já no pré-diabetes - Mecanismo: pelo aumento dos TGs essas moléculas passam a ser carreadas não apenas pelo VLDL e LDL, mas também pelo HDL. Com isso há disfunção do fluxo reverso (periferia -> fígado do HDL) e maior degradação de LDL (repleto de TGs) pelas lipases hepáticas ou lipoproteínas lipases · Aumento de PAI 1 e fibrinogênio => disfibrinólise b. Obeso tem um estado pró-trombótico e pró-inflamatório (muitas citocinas) · Um dos motivos dos obesos terem maior morbimortalidade para covid-19 · Maior risco cardiovascular em diabéticos! Pois há um estado aterogênico mais exacerbado 2) Predisposição genética apoptose acelerada de células beta 3) Definição de Sd. Metabólica (centralização de gordura + 2 critérios) a. H: > 90 cm de quadril / M: 80 cm de quadril b. TGs > 150 mg/dL c. HDL < 40 mg/dL (homem) ou < 50 mg/dL (mulher) d. PA > 130 x 85 mmHg e. Glicemia de jejum > 100 mg/dL (pré-diabetes) Diagnóstico de diabetes 1) Glicemia de jejum alterada (> ou = 126 mg/dL) ou 2) Glicemia 2 horas pós-TOTG > ou = 200 mg/dL ou 3) HbA1c (limites pré-diabético - 5,7-6,4 %) > ou = 6,5% ou 4) Glicemia ao acaso > ou = 200 mg/dL em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia OBS: os estados pré-diabéticos são importantes pela potencial reversibilidade e redução da resistência à insulina com atividade física e adequação da dieta Quadro clínico (na DM I os sintomas são mais abruptos, enquanto na DM II o progresso é mais lento por isso tem maior probabilidade de complicações) 1) Poliúria e polidipsia (muita sede, boca seca e urina muito) 2) Nictúria 3) Fadiga 4) Muita fome 5) Perda abrupta de peso 6) Visão embaçada 7) Formigamento e alteração da sensibilidade (mais DM II) Acantose nigricante 1) Marcador clínico de resistência à insulina: a insulina provoca hiperqueratose e escurecimento de pele (principalmente pescoço e axilas) Complicações agudas 1) Hipoglicemia 2) Cetoacidose diabética (DM I) Complicações crônicas 1) Doença vascular periférica 2) ICC, AVC e Doença coronariana (50-60% dos pacientes diabéticos morrem de infarto) 3) Microangiopatias: cegueira, nefropatia diabética (insuficiência renal) 4) Neuropatias: diarreia crônica, disfunção erétil, hipotensão postural, neuropatia periférica Daniel Lucio Willing – Escola Paulista de Medicina/Unifesp @danielwilling.med