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CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTAL Metabolismo hepático: 1. É a única fonte de albumina e de muitas outras proteínas plasmáticas 2. É a principal fonte de glicose sérica ( g l i c o g ê n i o a r m a z e n a d o / gliconeogênese) 3. É a f o n t e d a s l i p o p r o t e í n a s plasmáticas (sintetiza lipídios) 4. É local de eliminação de substâncias tóxicas e de ativação / inativação de vários medicamentos Grandes vasos que nutrem o fígado: • Veia porta, responsável por 70% da nutrição do fígado. Composta pela veia esplênica e mesentérica superior • Artéria hepática Unidade funcional do fígado: lobo hepático, composto por milhares de hepatócitos. Distribuído de forma linear, entre um espaço de hepatócito e outro tem o espaço sinusoidal, onde o sangue que provém da veia porta fica. O sangue banha as células para poder fazer todas as funções que o fígado faz. FÍGADO Capac idade ext raord inár ia de se regenerar Insulto agudo X Insulto crônico Se o insulto for agudo, o fígado regenera. Porém no insulto crônico, ao longo do tempo, o fígado progride para uma hepatopatia, não mais regenerativa. Hepatite A não cronifica, ou causa insulto agudo e leva a uma hepatite fulminante ou regenera e fica bem. As demais hepatites, pode cronificar, levando a agressões múltiplas. Assim como o consumo de álcool e outras doenças. CIRROSE C i r r o s e é d e fi n i d a c o m o o desenvolvimento histológico de nódulos de regeneração cercado por bandas de fibrose em resposta à lesão hepática crônica Normalmente se dá em pacientes mais velhos (50, 60 anos em média), um paciente que teve um insulto crônico ao longo da vida dele. FISIOPATOLOGIA No meio dos hepatócitos existe a luz sinusoidal, entre os sinusóides dos hepatócitos tem um espaço denominado espaço de Disse. No espaço de Disse, tem a célula de Ito, que tem a função de armazenar a vitamina A, porém se agredida cronicamente, essa célula muda sua função passando a p r o d u z i r c o l á g e n o e c i t o c i n a s inflamatórias. Quando ocorre a deposição de colágeno, leva a fibrose. Dessa forma, o espaço que era fenestrado para receber sangue fica com uma banda de fibrose, prejudicando toda a circulação hepática. Além disso, essas citocinas inflamatórias produzidas, geram uma agressão ao hepatócito. Quando ocorre a regeneração do fígado, ele regenera em meio inapropriado, prejudicando a regeneração do fígado, levando a falta de nutrientes, baixo aporte sanguíneo e consequente atrofia hepática. EPIDEMIOLOGIA É uma das principais causas de doença h e p á t i c a c r ô n i c a e , e m p a í s e s desenvolvidos, está entre as dez principais causas de óbito. Estima-se que a cirrose seja responsável por 1,1% das mortes no mundo. Os homens são 2x mais afetados do que as mulheres A maioria dos pacientes tem entre 40 e 60 anos No Brasil, estudos epidemiológicos sobre cirrose hepática são escassos. POSSÍVEIS CAUSAS • Hepatite B/C • Álcool • Doença hepát ica gordurosa não alcoólica - NASH • Hepatite autoimune • Doenças colestáticas autoimunes (CBP, CEP) ou não • Drogas - Amiodarona, Nitrofurantoína, Metotrexato • D o e n ç a s m e t a b ó l i c a s ( W i l s o n , Hemocromatose, Deficiência de alfa 1 anti tripsina) • Criptogênica MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Maioria assintomático. Quando começam a ter manifestações: • Anorexia • Perda ponderal • Fraqueza • Fadiga • Alterações hormônios sexuais - estigmas periféricos • Ginecomastia, aranhas vasculares (dependendo da quantidade, é um fator de mau prognóstico), eritema palmar (região tenar e hipotenar), atrofia testicular, disfunção erétil. CONSEQUÊNCIAS DA CIRROSE • Hipertensão portal (HDA, Ascite, Hiperesplenismo) • Encefalopatia hepática (teste de flapping) • CHC (Carcinoma Hepatocelular) Alterações específicas associadas à cirrose: • Hemocromatose - acúmulo de ferro, paciente fica todo hiperemiado • Wilson - depósito de cobre, inclusive no olho (Anel de Kayser - Fleisher) • Contratura de Dupuytren HIPERTENSÃO PORTAL • Aumento da pressão hidrostática no sistema porta • Pressão da veia hepática está mais de 5mmHg acima da pressão da veia cava inferior • Aumento do fluxo sanguíneo na veia porta ou aumento da resistência ao fluxo dentro do sistema Como consequência da hipertensão portal, o sangue arruma outra forma para chegar no seu destino final - coração. - Te n t a t i v a p e l a v e i a u m b i l i c a l : recanalização da veia umbilical - Hipertrofia de veias colaterais na tentativa de chegar na Cava - Hipertrofia do Plexo hemorroidário - paciente cirrótico faz mais hemorroida. - Alteração do plexo ázigos (formação de varizes) Principal causa de morte de um cirrótico é a HDA, pois a varizes formada no plexo ázigos se rompe. ASCITE Acúmulo de líquido livre ou septado na cavidade peritoneal Complicação mais comum da cirrose. A patogênese da ascite envolve diversos mecanismos, é uma consequência da hipertensão portal. VARIZES ESÔFAGO-GÁSTRICAS Consequência da hipertensão portal que leva a hipertrofia do sistema ázigos Pode levar a HDA, uma das principais causas de morte em cirróticos. Varizes de estômago (de fundo gástrico) também podem acontecer. POLOS DO CIRRÓTICO Hipertensão Portal: • Varizes de esôfago • Circulação colateral • Esplenomegalia • Plaquetopenia • Hemorroidal • Ascite Insuficiência hepática: • Hiperandrogenismo (ginecomastia, eritema palmar, telangectasias) • Coagulopatias • Hipoalbuminemias ALTERAÇÕES LABORATORIAIS - CIRROSE HEPÁTICA • Aminotransferase (AST / ALT > 1) • Fosfatase alcalina (2 a 3x) e GamaGT • Bilirrubinas (elevadas) • Hipooalbuminemia • Alargamento do tempo de protrombina (fator VII) • Hipergamaglobulinemia • Plaquetopenia / anemia / leucopenia (pancitopenia) • Na+ Baixo DIAGNÓSTICO - CIRROSE O diagnóstico definitivo é por biópsia. Porém, achados clínicos e laboratoriais + imagem (USG, Elastográficos, RNM) pode dar diagnóstico. Marcadores de função hepática: albumina + TAP + bilirrubina Enzimas hepática: TGO / TGP, FA, GamaGT Para diagnóstico, avaliar função hepática + imagens Elastografia: consegue avaliar grau de “dureza” do fígado. Tem boa relação com biópsia. Exame recente e moderno. USG: pode mostrar atrofia e hipertrofias. Com doppler, pode mostrar se há hipertensão portal. CLASSIFICAÇÃO DO CIRRÓTICO Escore de Child Pugh • 2 dados clínicos e 3 laboratoriais • Comunicação / Classificação / Melhora ou Piora • Usado à nível ambulatorial Child A: compensado Child B/C: descompensado Escore de Meld: • usado para transplante do fígado • Fórmula: Bilirrubina, Creatinina e INR • Usado para indicado de transplante (MELD de 15) • Usado na descompensação FATORES DE MAU PROGNÓSTICO • Elementos do escore Child-Pugh • Idade do paciente • MELD • Hiponatremia (<130 Mm/L) • Gradiente venoso de pressão hepática • IMC elevado COMPLICAÇÕES • Ascite • Encefalopatia • Hepatocarcinoma (CHC) • Hipertensão porto pulmonar • Peritonite bacteriana espontânea (PBE) • Sangramento digestivo • Síndrome hepatopulmonar • Síndrome hepatorrenal TRATAMENTO Dieta: 35-40kcal e 1,2-1,5g de proteína/ kg/dia Estimular atividade física Cuidado com sobrepeso / obesidade e DM2 O tratamento da etiologia da cirrose depende de cada doença • Cuidados gerais e tratamento das complicações • Evitar AINES • Paracetamol 2g/24h no máximo • E v i t a r i n f e c ç õ e s - p a c i e n t e imunossuprimido. • Vacinar pacientes cirróticos. RESUMO DO TRATAMENTO • Vacinação hepatites A e B • Vacinação pneumococo e influenza • Cuidado com medicações • Sulfato quinino para cãibras • Classificação periódica com o escore Child-Pugh • Prevenção do Carcinoma hepatocelular a cada 6 meses • Prevenção de sangramento de varizes • Tratamento da etiologia • Estado nutricional Tratamento da Etiologia Ci r r o s e b i l i a r p r i m á r i a : á c i d o ursodesoxicólico Doença de Wilson: quelante de cobre Doença hepática alcoólica: abstinência alcoólica Hemocromatose genética: sangrias Infecção por HBV e/ou HCV: IFN e/ou antivirais DHGNA/NASH: perda de peso, controle do DM e dislipidemia Hepatite autoimune: imunossupressão Siderose secundária: sangrias e quelação de ferro
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