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Apostila-TDAH-Life-Ead

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1) Esse é um transtorno novo, descrito recentemente pela 
medicina? 
 
A primeira descrição oficial do que hoje chamamos TDAH data de 1902, 
quando um pediatra inglês, George Still, apresentou casos clínicos de 
crianças com hiperatividade e outras alterações de comportamento, que 
na sua opinião não podiam ser explicadas por falhas educacionais ou 
ambientais, mas que deveriam ser provocadas por algum transtorno 
cerebral na época desconhecido. 
 
2) A medicina já conheceu esse transtorno com outros nomes? 
 
Algumas das denominações com as quais se conheceu esse mesmo 
transtorno foram: síndrome da criança hiperativa, lesão cerebral mínima, 
disfunção cerebral mínima, transtorno hipercinético, transtorno primário 
da atenção. 
 
3) O que é o TDAH? 
 
O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação 
genética (isto é, existem chances maiores de ele ser herdado), que tem 
início na infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o 
funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se 
caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade 
e desatenção. 
 
4) O que se entende por hiperatividade? 
 
 Hiperatividade é o aumento 
da atividade motora. A 
pessoa hiperativa é inquieta 
e está quase constantemente 
em movimento. Quando se 
trata de criança, os 
professores descrevem que 
ela se levanta da carteira a todo instante, mexe com um ou com outro, 
fala muito. Parece que é elétrica, ou que está com um motorzinho ligado 
o tempo todo. Raramente consegue ficar sentada, mas se é obrigada a 
permanecer sentada, se revira, bate com os pés, mexe com as mãos, 
ou então acaba adormecendo. Dificilmente consegue se interessar por 
uma brincadeira em que tenha que ficar quieta, mas está sempre 
correndo, subindo em móveis, árvores, e frequentemente em locais 
perigosos. Uma criança mais hiperativa nem mesmo para comer 
consegue sentar, quanto mais para assistir a um programa de televisão, 
ler um livro ou uma revista. 
 
 
5) Como aparece a hiperatividade num adolescente ou num adulto? 
 
Adolescentes e adultos hiperativos costumam se mostrar de forma um 
pouco diferente das crianças, pois é próprio dessas idades mais 
avançadas uma redução normal da atividade motora. Então, muitas 
vezes o que predomina no adolescente e no adulto é uma sensação 
interna de inquietação, ou eles se mostram sempre 6 TRANSTORNO 
DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE ocupados com 
alguma coisa, dando a impressão de estarem sempre muito atarefados, 
quando na verdade o que ocorre é uma dificuldade em diminuir o nível 
de atividade. Adultos têm dificuldade em sair de férias, ou comumente 
se ocupam com várias atividades ao mesmo tempo, na maior parte das 
vezes sem conseguir completar nenhuma delas. 
 
 
6) Hiperatividade é sinônimo de TDAH? 
 
Não, a rigor, hiperatividade significa apenas o aumento da atividade 
motora, que pode ser encontrada em diversos transtornos psíquicos, 
como o autismo, o transtorno bipolar e em certos quadros ansiosos. A 
hiperatividade também pode ocorrer em decorrência de certas doenças 
físicas (por exemplo, o hipertireoidismo), mas raramente pode ser 
causada por alguns medicamentos. 
 
7) O que é impulsividade? 
 
Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de 
pensar”. Podemos entender impulso como a resposta automática e 
imediata a um estímulo. Por exemplo, se vemos alguma coisa apetitosa, 
queremos comê-la; se estamos de dieta, temos que controlar o impulso. 
Se alguém nos incomoda ou agride, nosso impulso é afastá-lo ou 
revidar, agredindo-o de volta; mas isto pode ser algo ruim para todos e 
deve ser controlado. Se observarmos uma criança pequena, fica fácil ter 
uma ideia do que é impulsividade, porque nessa fase ela naturalmente 
ainda não desenvolveu nenhum controle dos seus impulsos. Em outras 
palavras, ela não tem freio. Somente à medida que a criança cresce é 
que a educação vai criando esse freio interno, através de um processo 
de inibição da resposta imediata. No TDAH, as reações tendem a ser 
imediatas, sem reflexão. 
 
 
 
 
 
 
 
9) E a desatenção, como se apresenta? 
 
A falha da atenção pode aparecer de diversas formas. A pessoa não 
consegue manter a concentração por muito tempo, se começar a ler um 
livro, na metade da página não consegue lembrar o que acabou de ler. 
Até mesmo numa conversa é capaz de perder o fio da meada. A 
desatenção é responsável por 
erros tolos que o estudante 
comete em matérias que ele 
seguramente domina, mas que no 
momento da prova sua atenção 
caiu. Outras vezes, a mente da 
pessoa com TDAH parece que 
não tem um “filtro”, e por isso 
qualquer estímulo é capaz de 
desviar sua atenção. Assim é que 
numa aula, por exemplo, basta passar alguém no corredor ou acontecer 
um ruído na rua para deixar a pessoa perdida em relação ao que está 
sendo falado pelo professor. Outra forma de falha da atenção é quando 
a pessoa não é capaz de dar um recado, simplesmente por não se 
lembrar disso no exato momento em que encontra a pessoa a quem 
deve dar o recado. 
 
 No entanto, basta alguém perguntar qual o recado que ela ficou de 
transmitir que frequentemente irá lembrá-lo. Dito de outra forma, sua 
memória está conservada, a questão é que essa pessoa não consegue 
se lembrar de algo no momento em que deveria fazê-lo. Bastante 
comum também é uma pessoa sair de uma parte da casa para outra a 
fim de pegar algo, mas ao chegar lá não conseguir recordar o que foi 
procurar. Ou então, pensar em dizer alguma coisa e logo em seguida já 
não ter a menor ideia do que ia falar. O que falha nessas pessoas é um 
tipo de memória denominada memória de curto prazo ou memória 
operacional. 
 
 
 
 
10) A desorganização é comum no TDAH ? 
 
 A pessoa com TDAH é comumente muito desorganizada, graças, em 
primeiro lugar, à falha da atenção, mas também devido à sua 
hiperatividade. Por isso, frequentemente 
perde ou não sabe onde colocou objetos 
tais como canetas, óculos, livros, chaves, 
telefone celular, etc., e não é raro depois 
achar esses mesmos objetos nos locais 
mais estranhos, porque foram 
inadvertidamente colocados ali num 
momento de distração, quando outro 
estímulo desviou a atenção do que a 
pessoa estava fazendo. 
 
 
11) O TDAH sempre se acompanha de hiperatividade? 
 
Na questão 6, ficou claro que TDAH e hiperatividade não são sinônimos, 
embora seja comum se dizer que uma determinada pessoa é hiperativa 
quando se quer dizer que ela apresenta TDAH. Por outro lado, toda 
pessoa com TDAH é desatenta (embora exista desatenção em vários 
outros transtornos, como a depressão e a ansiedade). Na maioria das 
vezes, a pessoa com TDAH é hiperativa sim, mas nem sempre isso 
acontece. Em muitos casos, o TDAH se apresenta sem muitos sinais de 
hiperatividade. 
 
12) Então existem diferentes formas de TDAH? 
 
Até recentemente, falava-se em “subtipos”: com predomínio de 
desatenção, com predomínio de hiperatividade-impulsividade e subtipo 
combinado. Com a publicação do sistema americano de diagnóstico, o 
DSM-V, passou-se a dizer que o TDAH tem “apresentações” diferentes. 
Isto porque um indivíduo que tem predomínio de desatenção neste 
momento poderá passar a ter sintomas combinados após alguns anos e 
vice-versa. Por isso, os pesquisadores acreditaram ser mais apropriado 
falar em “apresentação” atual do TDAH e não em “subtipo”. 
 
13) A apresentação com Predomínio de Desatenção costuma 
passar mais despercebida? 
 
Sim, porque neste caso as crianças são erroneamente consideradas 
pelos professores e até mesmo pelos pais como pouco inteligentes, sem 
aptidão para os estudos. Outras vezes são vistas como preguiçosas ou 
apenas muito tímidas. Como não são hiperativas, não “incomodam” em 
sala de aula e não são tão facilmente encaminhadas para uma 
avaliação como aquelas com sintomas de hiperatividade. Vale lembrar 
que a desatenção pode estar presente em vários outros transtornos que 
não o TDAH (como ansiedade, depressão, etc.) 
 
14) Os sinais do TDAHcostumam desaparecer após a 
adolescência? 
 
Antigamente, era exatamente isso que a ciência acreditava: que as 
manifestações clínicas desapareciam espontaneamente quando a 
pessoa alcançava a adolescência ou se aproximava da idade adulta. 
Todavia, estudos mais recentes vieram comprovar que as 
características desse transtorno persistem na adolescência e chegam 
até a idade adulta, perdurando em maior ou menor grau por toda a vida 
da pessoa. 
 
15) Por que se pensava então que os sinais do TDAH desapareciam 
no final da adolescência? 
 
O que ocorre quase sempre é que os sinais de hiperatividade e 
impulsividade costumam “perder força” com o passar dos anos. Em 
razão disso, a sintomatologia do TDAH difere de acordo com a idade: 
quanto mais jovem maior a chance de ter sintomas de hiperatividade. 
Cabe lembrar que, mesmo nas pessoas consideradas normais, é 
diferente o nível de atividade motora e de controle dos impulsos, nas 
diversas fases da vida. Dizemos que existe um desenvolvimento, uma 
evolução normal da atividade motora e do controle de impulsos, de 
acordo com as diferentes faixas de idade. 
 
 
 
16) O fator mais importante é o hereditário? 
 
Tanto isso é verdade que quando identificamos uma pessoa com TDAH, 
se pesquisarmos na mesma família, invariavelmente encontraremos 
outras pessoas com o mesmo problema, com frequência um dos pais ou 
algum irmão. 
 
17) Em que idade começa o TDAH? 
 
As manifestações desse problema sempre têm início na infância. 
Ninguém adquire o transtorno na adolescência ou idade adulta. Muitas 
vezes os pais contam que desde o berço notavam que aquela criança 
era mais agitada e inquieta que os irmãos, que tinha uma dificuldade 
maior para adormecer ou então que era muito chorona e não tolerava 
nenhuma frustração. Para o sistema DSM-V, é necessário que os 
sintomas estejam presentes na história do indivíduo antes dos 12 anos 
de idade. 
 
18) Com que frequência ocorre o TDAH? 
 
Existem diversas estatísticas, e a 
frequência com que se observa o 
transtorno entre as crianças varia de 3 a 
10 % da população infantil. Nos adultos, 
estima-se que deve ser em torno de 
4%. Pensa-se que em cada sala de aula 
deva-se existir pelo menos uma criança 
com esse problema. Antes se pensava 
que era mais comum nos meninos que 
nas meninas, na proporção de 3 para 1, 
mas esta proporção vale apenas para 
as situações de consultório ou ambulatório, pois na população em geral 
as diferenças entre meninos e meninas com TDAH são menores. 
 
19) Como é feito o diagnóstico? 
 
Não existe nenhum exame ou teste psicológico que permita fazer o 
diagnóstico desse transtorno. Assim sendo, o profissional chega ao 
diagnóstico colhendo uma história da vida da pessoa, geralmente com a 
ajuda dos pais (no caso de crianças) e com a ajuda do marido ou da 
mulher (no caso de adultos). Auxilia a investigação lançar mão de 
questionários que podem ser listas de verificação de sintomas ou 
escalas de avaliação. 
 
20) Como o diagnóstico é feito sem a ajuda de exames, não existe 
o risco de se rotular todas as pessoas como portadoras de TDAH? 
 
Não é diferente quando se trata de diagnosticar outros transtornos, 
como a síndrome do pânico, a fobia social, o transtorno obsessivo, o 
autismo, etc. Também não existem exames que permitam fazer tais 
diagnósticos. Além disso, o profissional sempre procura verificar se o 
caso que ele está examinando atende a determinados critérios que se 
trata desse ou daquele transtorno. Estes critérios diagnósticos são 
estabelecidos pela Associação Psiquiátrica Americana (DSM-V) ou pela 
Organização Mundial de Saúde (CID-10). 
 
21) Quais são os critérios diagnósticos para o TDAH propostos 
pela Associação Americana de Psiquiatria? 
 
A Associação Americana de Psiquiatria, através de uma publicação 
oficial chamada Diagnostic and Statistic Manual (DSM, que está na sua 
quinta edição, a DSM-V), propõe que para se diagnosticar TDAH devem 
estar presentes no mínimo 6 de uma lista de 9 sintomas de desatenção 
e/ou, no mínimo, 6 de uma lista de 9 sintomas de hiperatividade e 
impulsividade. 
 
22) Quais são os sinais de desatenção que o DSM-V menciona? 
 
 A pessoa apresenta com frequência (não apenas uma vez ou outra) as 
características abaixo: 
 
1. Deixa de prestar atenção em detalhes e comete erros por descuido 
em atividades escolares, no trabalho, ou em outras atividades. É o caso 
do estudante que sai da prova e percebe que errou muita coisa que ele 
próprio considera fácil. 
 
2. Tem dificuldade para manter a atenção 
em tarefas ou jogos. Isso fica muito claro 
na dificuldade de ler. Certas pessoas com 
TDAH jamais leram um livro até o final. 
 
3. Parece não escutar quando lhe dirigem 
a palavra. As mães e esposas acham até 
que a pessoa parece surda. 
 
4. Não segue instruções e não termina deveres escolares, tarefas 
domésticas ou deveres profissionais. O estudante não lê o que pede a 
questão e tentar adivinhá-la. O adulto não é capaz de ler um manual de 
instrução de um novo aparelho. 
 
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades. A 
desorganização é quase sempre muito grande. 
 
6. Evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam 
esforço mental constante, como tarefas escolares ou deveres de casa. 
O estudante com TDAH quase nunca consegue fazer os deveres por 
conta própria e os adia até a última hora. 
 
7. Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades, por exemplo, 
brinquedos, lápis, livros. Nunca sabem onde guardaram as coisas. 
 
8. Distrai-se com estímulos alheios à tarefa. Basta, às vezes, o menor 
ruído para que a pessoa perca o fio do que estava fazendo ou ouvindo. 
 
9. Apresenta esquecimento nas atividades diárias. Quando recebem um 
recado, dificilmente o transmitem corretamente. Se lhes é pedido para 
comprar duas ou três coisas, fatalmente, alguma delas será esquecida. 
 
23) E quais são os sinais de Hiperatividade mencionados no 
DSM-V? 
 
A pessoa apresenta com frequência (e não apenas ocasionalmente) as 
seguintes características: 
 
 1. Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira. É característico o 
balançar constante das pernas ou o bater com a ponta dos pés no chão. 
 
2. Abandona sua cadeira na sala de aula ou em outras situações em 
que deveria permanecer sentado. 
 
3. Corre ou escala objetos e móveis, de forma não apropriada. Em 
adolescentes e adultos pode se limitar a uma sensação subjetiva de 
inquietação. 
 
4. Está “a mil” ou age como se estivesse “a todo vapor”. Nossas avós 
diziam que a criança parecia que tinha “bicho no corpo inteiro”, que por 
vício de linguagem acabou em “bicho carpinteiro”. 
 
5. Falam em demasia e não são bons ouvintes, mas, por outro lado, são 
a alegria de uma reunião porque nunca deixam haver um minuto de 
silêncio. 
 
 
 
24) E os sinais de Impulsividade, de acordo com o DSM-V? 
 
A presença frequente dos sinais: 
 
1. Dá respostas precipitadas antes de ouvir a pergunta inteira. 
 
2. Tem dificuldade para esperar sua vez. Não consegue esperar numa 
fila de banco, ou quando está dirigindo um carro. É difícil também que 
espere o melhor momento para falar sua opinião ou para tomar uma 
decisão qualquer. 
 
3. Interrompe ou se intromete em assuntos dos outros, como conversas 
ou brincadeiras de outras pessoas. 
 
25) Que outras exigências faz a Associação Psiquiátrica Americana 
para se diagnosticar o TDAH? 
 
1. A primeira como já vimos, é que esses sintomas ocorram em número 
mínimo de 6 do grupo de sintomas de Desatenção e/ou em número 
mínimo de 6 para o grupo de sintomas de Hiperatividade/ Impulsividade. 
É importante que estes sintomas ocorram em níveis que não são 
observados em outras pessoas da mesma idade. Os adultos costumam 
apresentar menor número de sintomas que as crianças. 
 
2. Em segundo lugar, também já vimos que é necessário que a 
ocorrência desses sintomas seja frequente, porque é fácil de perceber 
que todas as pessoas podem apresentar uma vez ou outra na vida um 
ou vários dossintomas mencionados, e não seria possível dizer que 
quase todas as pessoas apresentam TDAH. 
 
3. Depois, é necessário que esses sintomas existam desde a infância ou 
início da adolescência. 
 
4. Também se requer que esses sintomas estejam causando prejuízo 
no funcionamento da pessoa em duas ou mais áreas de sua vida, como 
no trabalho ou na escola ou no relacionamento afetivo. 
 
5. Por último, outra condição é que esses sintomas não estejam sendo 
provocados por nenhum outro transtorno conhecido. Como vemos, 
então, não é qualquer pessoa que apresente alguns dos traços 
descritos que preenche os critérios diagnósticos fixados pela 
Associação Psiquiátrica Americana. 
 
26) Que outros transtornos se parecem com o TDAH e podem ser 
confundidos com ele? 
 
Ao avaliar uma pessoa na intenção de fazer diagnóstico de TDAH, o 
profissional tem em mente algumas outras condições que podem se 
confundir com esse transtorno: 
 
1. Situações familiares desfavoráveis, como, por exemplo, um casal em 
briga ou em vias de separação ou a existência de um pai alcoolista, 
podem causar sintomas parecidos aos do TDAH em uma criança. 
 
2. Dificuldades sensoriais, como uma diminuição da audição ou da 
visão, às vezes ainda não detectadas, são capazes de deixar uma 
criança desinteressada e desatenta, e até mesmo inquieta. 
 
3. O uso de certos medicamentos e algumas doenças clínicas também 
podem provocar hiperatividade. 
 
4. Alguns transtornos psíquicos, como o autismo, a depressão, o 
transtorno bipolar e os quadros de ansiedade com frequência se 
confundem bastante com o TDAH. 
 
 
27) Até alguns anos atrás, o TDAH era considerado um transtorno 
benigno, quer dizer, que não trazia maiores complicações para a 
vida da criança. Hoje ainda se pensa assim? 
 
É verdade que uma pessoa com TDAH, quando não é muito acentuado, 
pode passar pela vida sem maiores complicações. Todavia, o mais 
comum é que os sintomas do TDAH (desatenção, hiperatividade e 
impulsividade) tragam alguns comprometimentos: 
 
1. Dificuldades no rendimento escolar são umas das primeiras 
consequências desse transtorno. Esse transtorno é considerado a 
principal causa de fracasso nos estudos. 
 
2. Dificuldades de relacionamento são frequentes. 
 
3. Em função dessas situações expostas nos dois itens anteriores, a 
regra é a pessoa desenvolver uma baixa autoestima. 
 
4. Problemas profissionais, como mudanças frequentes de trabalho, 
demissões e nível de realização abaixo da sua capacidade não são 
raros. 
 
5. As pessoas com TDAH são mais propensas ao uso de álcool e 
drogas, até porque essas substâncias podem atenuar passageiramente 
alguns sintomas do transtorno. 
 
6. Estatisticamente, sabe-se também que essas pessoas são mais 
propensas a vários tipos de acidentes, em particular os acidentes de 
trânsito. 
 
7. Essas pessoas apresentam um risco maior de desenvolverem outros 
transtornos, como depressão, transtornos ansiosos, etc. 
 
 
28) Quer dizer que o TDAH frequentemente ocorre acompanhado 
de outros transtornos? 
 
(COMORBIDADES) Uma das características do TDAH é exatamente 
essa alta coincidência com outros transtornos que chamamos de 
comorbidades. Estima-se que até 70% das crianças com TDAH 
apresentam simultaneamente outros transtornos, assim como os adultos 
que também costumam apresentar um número elevado de outros 
transtornos simultâneos. 
 
29) Quais são os transtornos que se associam mais 
frequentemente com o TDAH? 
 
1. Transtornos do Aprendizado (dos quais os mais comuns são os 
transtornos de leitura, de escrita e de matemática). 
 
2. Transtorno de Desafio e Oposição e Transtorno de Conduta. 
 
3. Tiques. 
 
4. Transtornos Ansiosos (Pânico, Fobia Social, Transtorno de 
Ansiedade Generalizada). 
 
5. Transtornos do Humor (Depressão, Distimia, Transtorno Bipolar). 6. 
Abuso de Drogas e Alcoolismo. 
 
30) Qual é o primeiro passo no tratamento do TDAH? 
 
O primeiro passo e talvez o mais importante de todos é o conhecimento. 
A própria pessoa, os pais, os maridos, as esposas, os professores, 
enfim, todos precisam aprender sobre TDAH, saber como ele se 
apresenta, como isso compromete o modo da pessoa ser e agir no 
cotidiano, suas reações e, principalmente, que isso não é culpa de 
ninguém, nem da pessoa e nem de seus pais Alguém pode ser culpado 
se uma criança nasce com diabetes ou miopia, por exemplo? 
31) Como as pessoas podem adquirir esse conhecimento? 
 
Conversando com quem conhece (sendo que infelizmente até muitos 
médicos ignoram essa questão) ou lendo sobre o assunto. Sugerimos 
os livros que se encontram no site da Associação Brasileira do Déficit de 
Atenção: www.tdah. org.br. Lá você também terá links para outros sites 
sobre TDAH 
 
 
 
 
32) Quais são os outros recursos para tratar o TDAH? 
 
O programa de tratamento, de modo geral, deve sempre incluir esses 3 
componentes: 
 
1. Informação e conhecimento. 
2. Medicação. 
3. Recursos psicoterápicos. 
 
 
 
33) Quais são os medicamentos mais comumente usados no 
tratamento do TDAH? 
 
A necessidade de uso de medicamentos deve sempre ser decidida pelo 
médico. Existem vários medicamentos para o tratamento e eles devem 
ser escolhidos de acordo com as particularidades de cada caso: o 
medicamento que serve para um pode não servir para o outro. Os 
medicamentos mais utilizados e recomendados como primeira opção 
em consensos de especialistas são os estimulantes, como o 
metilfenidato e a lisdexanfetamina. Outros medicamentos são a 
atomoxetina, a clonidina e os antidepressivos (nem todo antidepressivo 
é utilizado para o tratamento do TDAH). Vale lembrar que a presença de 
comorbidades (como vimos na questão 28) pode exigir o uso de outros 
medicamentos, mesmo que eles não sejam indicados para tratar os 
sintomas de TDAH. Você pode conhecer mais sobre os medicamentos 
usados no tratamento do TDAH no site da ABDA: www. tdah.org.br. 
 
34) Os estimulantes podem provocar efeitos colaterais? 
 
Como qualquer medicamento, os estimulantes também podem causar 
efeitos colaterais e, por isso, devem sempre ser prescritos por um 
médico, que também deve acompanhar o uso ao longo do tempo. O 
medicamento que é seguro para um paciente pode não ser seguro para 
outro. Nunca faça uso de medicamento sem supervisão médica. 
 
35) Por quanto tempo é necessário que se faça uso da medicação? 
Por toda a vida? 
 
O tratamento, incluindo ou não medicamentos, deve ser longo o 
suficiente para o controle dos sintomas durante um período maior, 
contornando ou minimizando os problemas na vida escolar, profissional, 
familiar e social. Como foi dito, o TDAH pode ser crônico em alguns 
casos e persistir na vida adulta. Muitas vezes, com a conscientização 
acerca do transtorno e com o aprendizado de certas estratégias de 
comportamento, é possível, depois de algum tempo, reavaliar a 
necessidade de se manter o medicamento ou não. 
 
36) Do ponto de vista psicológico, o que pode ser feito para ajudar 
a pessoa com TDAH? 
 
O primeiro passo, e muitas vezes o mais importante, é dar à pessoa 
conhecimentos científicos sobre o transtorno, porque só isso já modifica 
a baixa autoestima e a certa carga de culpa que o portador 
provavelmente carrega. Muitos sintomas de TDAH (e suas 
consequências) são interpretados erroneamente pelos demais (e às 
vezes também pelo próprio portador) ao longo de toda a vida: “só 
lembra o que interessa”, “não tem persistência em nada”, “não leva 
nada a sério”, “não se dedica”, “se realmente se importasse com os 
outros, teria lembrado”, “é vagabundo”, etc. Em seguida, pode ser útil 
aprender certas estratégias de comportamento para administrar os 
sintomas do TDAH. Por exemplo, quando o portador sofre de dificuldade 
crônica de organização e por causa disso acaba se esquecendo de 
compromissos, torna-se muito útil estimular o uso de agenda, mural e 
outros recursos (especialmente eletrônicos, quando possível). Existem 
algumas estratégias para quando a pessoa tem dificuldade em manter a 
atenção em leiturasou em aulas; também existem estratégias para 
minimizar a impulsividade. O professor pode ser um grande aliado no 
tratamento. Quando ele tem conhecimentos sobre TDAH, ele se torna 
capaz de adotar estratégias de ensino capazes de favorecer o 
aprendizado dos alunos com TDAH. A psicoterapia também pode ser 
útil, seja ela familiar, individual ou de casal (no caso de adultos 
casados), quando é necessário tratar as consequências do TDAH na 
vida do portador e das pessoas importantes em sua vida. A Associação 
Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA) congrega profissionais 
estudiosos do assunto, pais e portadores e tem como objetivos divulgar 
informação cientificamente correta e orientar pais, portadores e escolas 
no reconhecimento e tratamento do TDAH. 
 
 
 
 
O Tratamento do TDAH deve ser ​multimodal​, ou seja, uma combinação 
de medicamentos, orientação aos pais e professores, além de técnicas 
específicas que são ensinadas ao portador. A medicação, na maioria 
dos casos, faz parte do tratamento. 
A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se 
Terapia Cognitivo Comportamental ​que no Brasil é uma atribuição 
exclusiva de psicólogos. Não existe até o momento nenhuma evidência 
científica de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de 
TDAH. 
O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado em casos 
específicos onde existem, simultaneamente, Transtorno de Leitura 
(Dislexia) ou Transtorno da Expressão Escrita (Disortografia). O TDAH 
não é um problema de aprendizado, como a Dislexia e a Disortografia, 
mas as dificuldades em manter a atenção, a desorganização e a 
inquietude atrapalham bastante o rendimento dos estudos. É necessário 
que os professores conheçam técnicas que auxiliem os alunos com 
TDAH a ter melhor desempenho (Obs: A ABDA oferece cursos anuais 
para professores). Em alguns casos é necessário ensinar ao aluno 
técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades. 
Veja a seguir a tabela com os medicamentos utilizados no 
tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEDICAÇÕES UTILIZADAS NO TRATAMENTO DO TDAH 
MEDICAMENTOS RECOMENDADOS EM CONSENSOS DE ESPECIALISTAS 
NOME QUÍMICO 
NOME 
COMERCIAL 
DOSAGEM 
DURAÇÃO 
APROXIMA
DA 
DO EFEITO 
PRIMEIRA ESCOLHA: ESTIMULANTES (em ordem alfabética) 
Lis-dexanfeta
mina 
Venvanse 30, 50 ou 70mg pela manhã 12 horas 
Metilfenidato 
(ação curta) 
Ritalina 5 a 20mg de 2 a 3 vezes ao 
dia 
3 a 5 
horas 
Metilfenidato 
(ação 
prolongada) 
Concerta 
Ritalina LA 
18, 36 ou 54mg pela manhã 
20, 30 ou 40mg pela manhã 
12 horas 
8 horas 
SEGUNDA ESCOLHA: caso o primeiro estimulante não tenha obtido o 
resultado esperado, deve-se tentar o segundo estimulante 
TERCEIRA ESCOLHA 
Atomoxetina 
(1) 
 
Strattera 
10,18,25,40 e 60mg 1 vez ao 
dia 
24 horas 
QUARTA ESCOLHA: antidepressivos 
Imipramina 
(antidepressiv
o) 
Tofranil 2,5 a 5mg por kg de peso 
divididos em 2 doses 
 
Nortriptilina 
(antidepressiv
o) 
Pamelor 1 a 2,5mg por kg de peso 
divididos em 2 doses 
 
Bupropiona 
(antidepressiv
o) 
Wellbutrin SR 150mg 2 vezes ao dia 
QUINTA ESCOLHA: caso o primeiro antidepressivo não tenha obtido o 
resultado esperado, deve-se tentar o segundo antidepressivo 
SEXTA ESCOLHA: alfa-agonistas 
Clonidina 
(medicamento 
anti-hipertensi
vo) (2) 
Atensina 0,05mg ao deitar ou 2 vezes 
ao dia 
12 a 24 
horas 
OUTROS MEDICAMENTOS 
Modafinila 
(medicamento 
para distúrbio 
do sono) 
Stavigile 100 a 200mg por dia, no café 
Outros medicamentos que ainda não existem no Brasil: 
Focalin ​– um “derivado” do metilfenidato (na verdade, uma parte da 
própria molécula) 
Daytrana ​– um adesivo (para colocar na pele) de metilfenidato 
Dexedrine ​– uma anfetamina (Dextroanfetamina); existe a formulação 
de ação curta e de ação prolongada 
Adderall​ – uma mistura de anfetaminas; existe a formulação de ação 
curta e de ação prolongada 
Os tratamentos acima descritos possuem caráter meramente informativo e não substituem a consulta ao médico 
de confiança. 
Não é finalidade desta apostila a análise, comentário ou emissão de qualquer tipo de parecer ou diagnóstico aos 
leitores, tarefa esta que é reservada exclusivamente a profissionais de saúde especializados. 
 
Fatores ambientais. 
 
 Agentes psicossociais que atuam no funcionamento adaptativo e na 
saúde emocional geral da criança, como desentendimentos familiares e 
presença de transtornos mentais nos pais, parecem ter participação 
importante no surgimento e manutenção da doença, pelo menos em 
alguns casos. Biederman encontraram uma associação positiva entre 
algumas adversidades psicossociais (discórdia marital severa, classe 
social baixa, família muito numerosa, criminalidade dos pais, 
psicopatologia materna e colocação em lar adotivo) e o TDAH. A 
procura pela associação entre TDAH e complicações na gestação ou no 
parto tem resultado em conclusões divergentes, mas tende a suportar a 
idéia de que tais complicações (toxemia, eclâmpsia, pós-maturidade 
fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia 
pré-parto, má saúde materna) predisponham ao transtorno. 
Recentemente, documentaram uma associação significativa entre 
exposição a fumo e álcool durante a gravidez e a presença de TDAH 
nos filhos, a qual se manteve mesmo após controle para psicopatologia 
familiar (incluindo TDAH), adversidades sociais e comorbidade com 
transtorno de conduta. Outros fatores, como danos cerebrais perinatais 
no lobo frontal, podem afetar processos de atenção, motivação e 
planejamento, relacionando-se indiretamente com a doença. É 
importante ressaltar que a maioria dos estudos sobre possíveis agentes 
ambientais apenas evidenciaram uma associação desses fatores com o 
TDAH, não sendo possível estabelecer uma relação clara de causa e 
efeito entre eles. 
 
 
Fatores genéticos. 
 
 Uma contribuição genética substancial no TDAH é sugerida pelos 
estudos genéticos clássicos. Numerosos estudos de famílias já foram 
realizados com o TDAH, os quais mostraram consistentemente uma 
recorrência familial significante para este transtorno. O risco para o 
TDAH parece ser de duas a oito vezes maior nos pais das crianças 
afetadas do que na população em geral. Todas as evidências obtidas 
nos estudos com famílias não excluem, porém, a possibilidade de que a 
transmissão familial do TDAH tenha origem ambiental. Nesse sentido, 
os estudos com gêmeos e adotados são fundamentais para determinar 
se uma característica é de fato influenciada por fatores genéticos. A 
concordância obtida entre os pares de gêmeos nada mais é do que uma 
medida da herdabilidade, que, por sua vez, representa uma estimativa 
de qual porção do fenótipo é influenciada por fatores genéticos. A 
maioria dessas investigações encontrou grande concordância para esta 
patologia, significativamente maior entre gêmeos monozigóticos do que 
entre dizigóticos. A herdabilidade estimada é bastante alta, 
ultrapassando 0,70 em vários destes estudos, o que sugere uma forte 
influência genética. Evidências mais fortes da herdabilidade do TDAH 
são fornecidas pelos estudos com adotados, uma vez que estes 
conseguem distinguir melhor efeitos genéticos de efeitos ambientais. 
Pesquisas iniciais com adotados encontraram uma freqüência 
significativamente maior de TDAH entre os pais biológicos de crianças 
afetadas do que entre os pais adotivos. Uma prevalência de cerca de 
três vezes mais TDAH entre pais biológicos de pacientes comparados a 
pais adotivos também foi observada recentemente. Essa maior 
prevalência de TDAH entre os parentes biológicos em relação aos 
parentes adotivos dos probandos confirma a existência de importantes 
fatores genéticos contribuindo para a etiologia do transtorno. 
 
Nos últimos anos, um interesse crescente vem surgindo em relação aos 
estudos de genética molecular no TDAH. O principal alvo dessas 
pesquisas são genes que codificam componentes dos sistemas 
dopaminérgico, noradrenérgicoe, mais recentemente, serotoninérgico, 
uma vez que dados de estudos neurobiológicos sugerem fortemente o 
envolvimento desses neurotransmissores na patofisiologia do 
transtorno18. O sistema dopaminérgico vem sendo o foco da maioria 
dos estudos moleculares com o TDAH. O gene do transportador de 
dopamina (DAT1) foi o candidato inicial para essas investigações, visto 
que a proteína transportadora é inibida pelos estimulantes usados no 
tratamento do TDAH19. O primeiro relato de associação do gene DAT1 
com a doença foi feito por Cook et al.20. Esses autores investigaram um 
polimorfismo de número variável de repetições em tandem (VNTR) 
localizado na região 3​ do gene. Através do método risco relativo de 
haplótipos (HRR), foi detectada uma associação com o alelo de 480 pb 
(pares de base), que corresponde a 10 cópias da unidade de repetição 
de 40 pb (alelo 10R). Posteriormente, vários estudos tentaram replicar 
essa associação. Embora existam alguns relatos negativos, a maioria 
das investigações conseguiu detectar um efeito do gene DAT1 no 
TDAH. O efeito estimado para o gene DAT1 é bastante pequeno, com 
uma razão de chances variando de 1,6 a 2,821. Outro gene do sistema 
dopaminérgico intensamente investigado neste transtorno é o gene do 
receptor D4 de dopamina (DRD4). O grande interesse por este gene 
surgiu a partir da observação de sua associação com a dimensão de 
personalidade busca de novidades, provavelmente relacionada ao 
TDAH22. Além disso, o produto deste gene concentra-se em áreas do 
cérebro cujas funções estão prejudicadas na doença. O principal 
polimorfismo investigado no gene DRD4 é um VNTR de 48 pb, 
localizado no éxon 3, região que supostamente codifica um domínio 
funcional importante da proteína foram os primeiros a detectar a 
associação deste gene com o TDAH. O alelo com sete cópias da 
unidade de repetição de 48 pb (alelo 7R), o mesmo relacionado com a 
dimensão busca de novidades, foi sugerido como alelo de risco. Embora 
muitas investigações posteriores tenham replicado a associação com o 
gene DRD4, os resultados são controversos. Uma meta-análise recente 
sugeriu uma razão de chances combinada de 1,4 para os estudos 
baseados em famílias e de 1,9 para os estudos que utilizaram controles 
populacionais. Praticamente todos os demais genes conhecidos do 
sistema dopaminérgico já foram objeto de estudos de associação com o 
TDAH, incluindo genes que codificam os receptores D2, D3 e D5, e 
genes de enzimas relacionadas ao metabolismo da dopamina. Destes, o 
mais promissor parece ser o gene do receptor D5 de dopamina (DRD5). 
Lowe et al.27 conduziram uma análise conjunta de amostras de 12 
centros de pesquisa, documentando um efeito pequeno, mas 
significativo (razão de chances = 1,24; p < 0,001) para o gene DRD5 no 
TDAH combinado e com predominância de desatenção. Entretanto, o 
número de investigações para a maioria desses marcadores é ainda 
bastante reduzido, o que impede conclusões definitivas. Poucos estudos 
moleculares foram realizados até o momento com genes do sistema 
noradrenérgico. Esses estudos concentraram-se principalmente no gene 
que codifica a enzima dopamina-beta-hidroxilase (DßH), ou lócus DßH, 
sendo objeto de investigação um sítio de restrição TaqI localizado no 
íntron 5 do gene. Embora o significado funcional do sítio de restrição 
TaqI sobre a enzima DßH e desta sobre o TDAH ainda não sejam 
conhecidos, o relato de associação em duas amostras independentes 
sugere a contribuição do gene DßH na suscetibilidade a este 
transtorno28. Genes de alguns dos receptores adrenérgicos também já 
foram investigados no TDAH. Associações dos genes que codificam os 
receptores α2A (ADRA2A) e α2C (ADRA2C) com escores elevados de 
TDAH foram sugeridas na literatura. Investigações adicionais com esses 
genes são necessárias antes que se possa confirmar ou não sua 
influência na etiologia do 
TDAH. 
 
Recentemente, uma possível 
influência do sistema 
serotoninérgico na etiologia do 
TDAH também foi investigada. 
Resultados positivos em 
pacientes com este transtorno 
foram obtidos para os genes do 
receptor 2A de serotonina (HTR2A)30 e do transportador de serotonina, 
enquanto que nenhuma associação foi verificada para o gene que 
codifica a enzima triptofano hidroxilase (TPH), reguladora da síntese de 
serotonina. Efeitos de interação entre os genes 5-HTT e DRD4 sobre a 
atenção sustentada em bebês de 1 ano de idade e sobre a resposta ao 
metilfenidato foram observados em outros estudos. Todos esses 
achados, embora bastante iniciais, indicam que a análise destes e de 
outros genes do sistema serotoninérgico em diferentes grupos de 
pacientes com TDAH pode resultar em uma contribuição importante 
para o entendimento de sua etiologia. Assim, o estudo da etiologia do 
TDAH ainda está no início. 
 
Mesmo em relação à genética, intensamente investigada, os resultados 
são bastante contraditórios. Nenhum dos genes investigados, nem 
mesmo o DRD4 ou o DAT1, pode ser considerado como necessário ou 
suficiente ao desenvolvimento do transtorno. Este panorama se deve, 
em grande parte, a uma heterogeneidade etiológica ímpar, representada 
pela alta complexidade clínica da doença. O futuro do estudo da 
etiologia do TDAH vai envolver, certamente, a definição de possíveis 
subfenótipos ou endofenótipos onde essa heterogeneidade esteja 
reduzida. 
 
Tipos de TDAH O DSM-IV subdivide o TDAH em três tipos, quais 
sejam: 
 
a) TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; 
 
b) TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade; 
 
c) TDAH combinado. O tipo com predomínio de sintomas de desatenção 
é mais freqüente no sexo feminino e parece apresentar, conjuntamente 
com o tipo combinado, uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico. 
As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de 
hiperatividade/impulsividade são, por outro lado, mais agressivas e 
impulsivas do que aquelas com que os outros dois tipos e tendem a 
apresentar altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas. O 
tipo combinado apresenta um maior prejuízo no funcionamento global 
quando comparado aos dois outros grupos. 
 
 
Etiologia 
A etiologia do TDAH é vista como um conjunto de interações de 
diversos fatores ambientais e genéticos. (COUTO; MELO-JUNIOR; 
GOMES, 2010). Rohde e Halpern (2004) afirmam que mesmo se 
conhecendo as características de desatenção, hiperatividade e 
impulsividade presentes no TDAH, este por sua vez se manifesta de 
forma heterogênea. 
Sobre os fatores ambientais, afirma-se que crianças vivendo em 
ambientes que atuam de forma negativa em sua saúde emocional, seja 
porque são tumultuados e existem conflitos entre a família ou porque os 
pais possuem algum sofrimento mental, podem vir a desenvolver o 
transtorno. Existe uma possível associação de certos fatores que geram 
problemas psicossociais, tais como, baixa renda, família com muitos 
membros, pais criminosos e mesmo a inserção em uma família adotiva, 
com o TDAH. (ROHDE; HALPERN, 2004). 
A literatura também aponta que algumas complicações na gravidez ou 
no parto podem vir a acarretar o transtorno. (ROHDE; HALPERN, 2004). 
Durante a gravidez e logo após o nascimento, o bebê que apresenta 
características como baixo peso ou tenha sido exposto a cigarro e/ou 
álcool ainda no período gestacional, têm possibilidades de desenvolver 
o transtorno. Porém, esses problemas não afetam igualmente todos os 
recém-nascidos nessas condições, sendo então insuficientes para que 
se explique o aparecimento do TDAH igualmente em todos os 
portadores. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010). Rohde e Halpern 
(2004) frisam que os estudos feitos nessa área, em sua grande maioria, 
só comprovam que há uma associação desses fatores com a causa, 
mas que não são suficientes para afirmar que eles próprios são a causa. 
Sob um ponto de vista genético, há uma confirmação tida através de 
estudos de que, entre irmãos e pais, há uma possibilidade cinco vezes 
maior de que o transtorno se repita em relação ao restanteda 
população. Mesmo com a confirmação de que há uma contribuição 
genética para o desenvolvimento do TDAH não existem evidências de 
um gene responsável pelo transtorno. Isso se explica devido a sua 
complexidade. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 2010). 
 
Rohde e Halpern (2004), falam sobre um possível motivo: 
A contribuição genética é substancial; assim como ocorre na maioria dos 
transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários genes de pequeno efeito 
sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade) genética ao 
transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais. (ROHDE; 
HALPERN, 2004, p. 62). 
 
 
Estudos realizados comprovaram que 57% das crianças com transtorno 
têm pais que também o possuem, quando se trata de irmãos, o número 
é de 15%. As pesquisas também levantaram que entre irmãos gêmeos 
monozigotos (idênticos) há uma concordância de 51%, sendo que, para 
gêmeos dizigotos (não idênticos) o número cai para 33%, tendo uma 
incidência maior do transtorno com parentes de primeiro grau. (COUTO; 
MELO-JUNIOR; GOMES, 2010). 
Couto, Melo-Junior e Gomes (2010) pontuam que existem evidências de 
que o TDAH é um distúrbio neurobiológico. Pesquisas consideram duas 
causas possíveis: uma tem relação com um déficit funcional localizado 
no lobo frontal (figura 1), sendo de forma mais precisa no córtex 
cerebral; outra está relacionada a um déficit funcional de 
neurotransmissores específicos. (COUTO; MELO-JUNIOR; GOMES, 
2010). 
 
Os dados que relacionam o TDAH como tendo uma característica 
neurobiológica são obtidos através de estudos da neuropsicologia e por 
recursos de neuroimagem. Pesquisas relacionam o TDAH com ações 
dos neurotransmissores, sendo que os principais envolvidos são: 
dopamina e noradrenalina. (ROHDE; HALPER, 2004). 
 
 
Este distúrbio pode apresentar tanto uma causa com um único sintoma, 
quanto a soma de diversos fatores ao mesmo tempo. Desse modo, é 
importante que haja um diagnóstico minucioso e compartilhado por um 
conjunto de profissionais de diferentes áreas / especialidades. Mesmo 
com a ação de vários fatores envolvidos, o TDAH é visto como fruto de 
uma etiologia “neuro-genético-ambiental”. (COUTO; MELO-JUNIOR; 
GOMES, 2010). 
 
 
Multidisciplinaridade 
Como se pode observar, a multidisciplinaridade no tratamento do TDAH 
é algo que deve ser visto como essencial para o alcance do seu correto 
diagnóstico, pois as comorbidades fazem com que as possíveis causas 
para o déficit de atenção sejam muito abrangentes, dificultando o seu 
diagnóstico. 
Considerando as especialidades envolvidas no diagnóstico do TDAH, 
citadas na pesquisa “As várias formas de avaliação do TDAH na cidade 
de Joinville”, da Psicóloga Gislene Carla Erbs (2010), destaca-se as 
seguintes atuações: 
 
 
Profissional Tratamento 
Psicólogo O profissional levará em consideração 
o transtorno comportamental, o estado 
emocional e psicológico do indivíduo e 
o ambiente em que se encontra 
inserido; 
Psicopedagogo Acompanhamento do aluno junto à 
área acadêmica, seu trabalho é 
identificar possíveis problemas que 
estejam atrapalhando o rendimento 
escolar, que por sua vez, podem ser 
de fundo objetivo ou subjetivo, ou 
seja, tanto relacionado a fatores 
psicossociais quanto físicos. É o 
principal responsável pela 
identificação e encaminhamento para 
o devido tratamento de TDAH. 
Neurologista​ / ​Neuropsicólogo O fator genético está muito presente 
nas causas desse transtorno, fazendo 
com que a participação desse 
profissional seja muito importante para 
o seu correto diagnóstico. 
Psiquiatra Uma vez confirmado que a causa do 
transtorno é neurológico, fica a cargo 
do profissional em psiquiatria, indicar 
e prescrever o seu correto tratamento 
através de psicotrópicos. 
Terapeuta Ocupacional O terapeuta ocupacional tem pouca 
participação no processo de 
avaliação, no entanto, também tem a 
sua importância no processo 
multidisciplinar. Atua no “brincar”, no 
treino cognitivo da atenção e atuação 
referente às funções executivas. 
 
Infelizmente observamos que, apesar de sua importância, não existe 
uma interatividade entre as diversas especialidades para que se alcance 
um diagnóstico satisfatório em relação ao TDAH, trazendo prejuízos 
para o seu portador, como mostra pesquisa realizada pela Psicóloga 
Gislene Carla Erbs, em Joinville, junto a profissionais de diferentes 
áreas (Psiquiatras, Psicólogos(as), Neuropsicólogos(as), 
Psicopedagogos(as), Terapeutas Ocupacionais, Fonoaudiólogos(as) e 
Neurologistas). 
Em artigo internacional de autoria do Dr. Alberto Fernández-Jaén e Dra. 
Beatriz Calleja Pérez (2006), que aborda diversos aspectos sobre o 
transtorno, desde psicológicos, ambientais até genéticos, destacam a 
importância da multidisciplinaridade, confirmando a questão como uma 
necessidade global: 
 
“Como conclusión, insistimos en el enfoque multidisciplinar e integrador 
que debe tener la evaluación del Trastorno de hiperactividad con déficit 
atencional que atienda y especifique el nivel de desarrollo alcanzado por el 
niño en todas las áreas, cognitiva, de aprendizaje y social y que considere el 
papel del entorno familiar y escolar.” (FERNANDEZ-JAÉN; CALLEJA, 
2006) 
 
Este trabalho alerta sobre a necessidade de atualização dos 
profissionais envolvidos no diagnóstico do TDAH, visando a 
conscientização de que o bem estar do indivíduo está diretamente 
ligado na eficiente integração entre os especialistas, cujos pareceres 
isolados pouco tem a dizer sobre o transtorno como um todo. A 
impossibilidade de um diagnóstico fidedigno com a realidade poderá 
causar ou estender o sofrimento do indivíduo. 
 
 
Atuação do Psicólogo no Tratamento do TDAH 
 
Como mencionado no 
capítulo anterior, o 
tratamento do TDAH requer 
uma abordagem 
multidisciplinar (Academia 
Americana de Pediatria, 
2001) de forma que vários 
profissionais da saúde, 
médicos, neurologistas, 
psicólogos e psiquiatras possam orientar os pais ou responsáveis pela 
criança com o diagnóstico do transtorno. Geralmente, o TDAH é 
percebido por um médico pediatra que irá encaminhar o paciente para 
um Psicólogo e se necessário, para um Psiquiatra. 
Segundo Faraone, Sergeant, Gilbert & Bierderman (2003), o transtorno 
de déficit de atenção e hiperatividade é uma das principais causas de 
procura por atendimento em ambulatórios de saúde mental da criança e 
adolescentes, apesar de que algumas pesquisas apontam que o 
número de investigações com pré-escolares, adolescentes e adultos é 
significativamente menor (Rohde e Mattos, 2003). Segundo Knapp, 
Rohde, Lyszkowski & Johannpeter (2002), estima-se que 3 a 6 % de 
crianças e adolescentes apresentam o transtorno. A intenção deste 
capítulo será mostrar como se dá o tratamento terapêutico e como a 
família irá ajudar na melhora da criança que é diagnosticada com TDAH. 
(DOYLE, 2006) 
Os tratamentos comprovadamente eficazes para o manejo do TDAH, 
além da farmacoterapia, incluem a orientação dos pais em manejo de 
contingências, onde se faz necessário a combinação e aplicação destas 
também em salas de aula, para que seja obtido o resultado esperado 
(Barkley, 1988). Dessa forma, a Terapia Cognitivo Comportamental 
(TCC) será descrita como intervenção no TDAH por apresentar bons 
índices de sucesso terapêutico. Não obstante, mesmo quando o 
transtorno é tratado com medicação, muitos indivíduos continuam a 
apresentar alguns sintomas residuais e estes podem ser amenizados 
com a TCC, tais como depressão e ansiedade (SEGENREICH & 
MATTOS, 2004) . 
As intervenções cognitivo-comportamentais no TDAH têm sido usadas 
clinicamente há bastante tempo (Knapp, Rohde, Lyszkowski & 
Johannpeter, 2002). A TCC é apontadacomo modalidade psicoterápica 
com maior evidencia científica de eficácia para os sintomas nucleares. 
Segundo Doyle (2006), a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) 
consiste em quatro etapas: a psicoeducação, a psicoterapia em si, a 
avaliação das comorbidades e as intervenções no ambiente. 
Na Psicoeducação, o cliente irá receber informações sobre o TDAH, 
permitir que o indivíduo reconheça os sintomas e interprete os danos 
que estes sintomas causam, desta forma, poderão obter novas 
maneiras ou estratégias para o manejo destes. (Barkley, 2002; Doley, 
2006; Knapp, Rohde, Lyszkowski e Johannepeter, 2002). Na etapa 2, ou 
seja, na Psicoterapia é de extrema importância identificar as crenças 
dos paciente, pois podem estar relacionadas ao desconhecimento da 
doença de forma que o mesmo acredite ser incapaz de realizar qualquer 
tipo de tarefa e se julgue inútil. (DOLEY, 2006; RATEI, 1999; ROHDE E 
MATTOS, 2003). A psicoterapia também é muito indicada quando há 
presença de comorbidades associadas ao TDAH, embora todos os 
casos de TDAH requererem orientações. (KLEIN & ABIKOFF, 1997). Já 
a etapa seguinte consiste na avaliação das comorbidades, ou seja 
identificar outros transtornos que estão associados ao TDAH, tais como: 
Transtorno de Depressão, Transtorno Desafiador Opositivo e Transtorno 
de Conduta, embora o Transtorno da Ansiedade seja mais comum. 
(KLEIN & ABIKOFF, 1997). Por fim, as Intervenções no Ambiente que 
são realizadas no início do tratamento ajudam o paciente a encontrar 
um equilíbrio entre estrutura e liberdade (DOYLE, 2006). Nesta etapa, o 
psicólogo mostra à criança que ela pode realizar as tarefas que lhe são 
impostas e que é possível conviver melhor com os outros de sua idade. 
Deste modo, o terapeuta irá orientar a criança a usar lembretes, 
bilhetes, quadros de avisos, cronogramas, procurar lugares silenciosos 
para estudar e sempre que necessário, realizar intervalos entre uma 
tarefa e outra. (HALLOUWELL & RATEY, 1999; ROHDE& MATTOS, 
2003) 
 
Para o sucesso do tratamento, a ajuda dos pais é de extrema 
importância para que as instruções dadas ao cliente sejam seguidas, 
uma vez que os aspectos sociais e emocionais dos pais, assim como os 
métodos utilizados por eles na educação de seu filho, influenciam nas 
atitudes e comportamentos apresentados pela criança e possibilitam a 
sua compreensão do comportamento diferenciado da criança portadora 
do TDAH em relação às outras crianças. (AMERICAN ACADEMY OF 
PEDIATRICS, 2003) 
Segundo Jones (2004), a família é o melhor contexto onde possa 
compreender e auxiliar em qualquer dificuldade vivenciada por um de 
seus membros. As exigências de uma criança com TDAH podem 
provocar conflitos na família como divórcios, brigas entre os familiares a 
respeito da educação da criança, entre outros. Sobre esta perspectiva, 
diz-se que a comunicação é o elemento chave que une os indivíduos, o 
comportamento verbal ou não, individual ou em grupo, tem valor de 
comunicação de alto nível, de forma que se pode entender em um 
sentido ambíguo de significados e sentidos. O psicólogo ao abordar a 
família da criança com o Transtorno de Déficit de Atenção / 
Hiperatividade irá disseminar as dúvidas dos responsáveis, de forma 
que fique claro que o diálogo com a criança deve ser objetivo, franco e 
direto. (WATZLAWUICK, HELMIK & JACKSON, 1967) 
Por meio da TCC – Terapia Cognitivo Comportamental, o cliente irá 
encontrar maneiras de redirecionar sua atenção, reconstruir suas 
crenças de maneiras mais adaptativas, mudar o modo de como se sente 
visto que, antes de descobrir o transtorno, acreditava ser incapaz de 
realizar determinadas tarefas e até mesmo de ser sociável com outras 
pessoas, o individuo irá aprender estratégias de resolução de 
problemas, monitorias, controle de tempo e de raiva, assim como 
controle de agressividade. (BARKEY, 2002; DOYLE, 2006; 
HALLOWELL & RATEY, 1999; KNAPP E COLS., 2002) 
A seguir, será descrito com mais clareza as etapas do processo 
terapêutico por meio da TCC, como será realizado o atendimento da 
criança feito por psicólogo, envolvendo 16 sessões, assim como os 
métodos que serão trabalhados para que a criança com TDAH consiga, 
de certa forma, controlar seu tempo e se reintegrar socialmente. 
 
Atuação do Psicólogo na Escola 
A psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 1970 onde, nesta 
época, as dificuldades de aprendizado apresentadas eram associadas a 
uma disfunção neurológica, chamada disfunção cerebral mínima. Os 
primeiros centros pedagógicos foram fundados na Europa em 1946, por 
J Boutonier e George Mauco, 
com direção médica e 
pedagógica.’’. Estes Centros 
uniam conhecimento da área 
de Psicologia, Psicanálise e 
Pedagogia, onde tentavam 
readaptar crianças com 
comportamentos socialmente 
inadequados na escola ou no 
lar, e atender crianças com dificuldade de aprendizado apesar de serem 
inteligentes. (BATISTA, apud MERY, apud BOSSA, 2000, p.39). 
 
A psicopedagogia é um campo de atuação onde podemos identificar a 
“ação” da pedagogia juntamente com a psicologia, no intuito de 
desenvolver estratégias para serem trabalhadas com crianças com 
dificuldade no aprendizado, tanto no âmbito escolar quanto no social e 
comportamental. (BATISTA). Esta área de profissional procura refletir e 
auxiliar na aprendizagem do aluno, estudando com mais atenção o seu 
caso, buscando diagnósticos e a aplicação da prática em sala de aula, 
juntamente com os professores e pedagogos. (BATISTA). Com o devido 
apoio, estes profissionais são os agentes que mais tem condições de 
proporcionar uma melhor qualidade na vida acadêmica das crianças que 
possuem o TDAH. Este trabalho é um novo espaço, onde pode-se 
perceber as dificuldades dos alunos, identificar o transtorno e com isso 
auxiliá-los da melhor maneira possível. (BONOTO, 2008) 
 
Um dos principais problemas encontrados em sala de aula com crianças 
que apresentam o TDAH são as lições de casa não feitas, pois não 
conseguem se prender a atividades em casa, ficando 
consequentemente “atrasados” em relação aos outros alunos da turma. 
(TONELOTTO, 2002). Além da dificuldade na realização dos exercícios 
propostos para a elaboração em casa, outro agravante é a falta de 
informação sobre o transtorno dentro da escola. Infelizmente, muitos 
professores desconhecem o Transtorno de Déficit de Atenção e 
Hiperatividade ou estão desatualizados quanto ao assunto e seu 
controle. (BONOTO, 2008) 
 
A psicopedagogia é uma grande aliada no auxílio ao indivíduo portador 
desse transtorno, pois trabalhará, juntamente com os pais e a 
professora, as “lacunas” que ainda existem na aprendizagem, 
trabalhando os processos sociais, cognitivos, afetivos e escolares. 
(BATISTA). Sendo assim, é muito importante que haja um 
psicopedagogo qualificado nas escolas para auxiliar as crianças com 
TDAH onde, com o convívio diário, possa criar-se um vínculo, uma 
proximidade do profissional com o aluno, possibilitando um melhor 
resultado acadêmico. (BATISTA) 
 
 
 
 
Abordagens Psicológicas 
A pesquisa sobre as abordagens e detalhamento das sessões a seguir 
foram totalmente extraídas do livro “Terapia Cognitivo Comportamental no 
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Manual do Terapeuta.” 
Cujos autores Paulo Knapp, Luiz Augusto Rohde, Liseane Lyszkowsi e Juliana 
Johannpeter (2002) apresentam um leque de abordagens e sessões para tratar o 
transtorno. 
A educação sobre o transtorno é um passo muito importante para tratar o 
paciente portador, seja criança, adolescente ou adulto. Em casos de crianças e 
adolescentes portadores do transtorno, é fundamental a educação não só dos 
pacientes como também dos pais e das escolas, para que ambas compreendam o 
que é a doença e assim, lidar com esses indivíduos porque, antes de serem 
devidamente diagnosticadas, recebem muitos rótulos a respeito de seu 
comportamento como, por exemplo: preguiçosa,desleixada, incapaz, 
desordeiras, entre outros. Portanto, as intervenções psicoeducativas também são 
importantes para ajudar a desfazer esses rótulos e ajudar, também, na melhora 
da auto-estima da criança. 
A autoinstrução é uma das abordagens mais utilizadas para o tratamento 
do TDAH. Geralmente, as crianças em idade pré-escolar aprendem a controlar 
seu comportamento por meio de internalizações dos pais, ou seja, aceitam como 
verdade o que seus pais ensinam, já as crianças com TDAH não internalizam 
esses aprendizados tão facilmente. Desta forma, o terapeuta engloba as 
estratégias que incluem os seguintes passos: 
1. O terapeuta modela uma atividade em voz alta enquanto a criança observa; 
2. A criança faz uma atividade similar enquanto instrui a si mesma; 
3. O terapeuta modela uma atividade enquanto sussurra as auto-instruções; 
4. A criança faz uma atividade similar enquanto sussurra as auto-instruções; 
5. O terapeuta realiza uma atividade usando a linguagem internalizada, com 
sinais e comportamentos de que esta pensando (coça o queixo); 
6. A criança realiza uma atividade similar utilizando a linguagem internalizada. 
Esse processo é treinado várias vezes com a criança em inúmeras tarefas. 
Embora o treinamento de auto-instrução seja bastante interessante, o 
treinamento em si não é suficiente para o tratamento do TDAH. 
O Registro de Pensamento Disfuncional (RPD) é uma outra abordagem 
utilizada no tratamento cognitivo-comportamental, ela procura proporcionar ao 
paciente uma relação entre as situações ambientais, pensamentos disfuncionais, 
sentimentos, comportamentos e reações fisiológicas. Sabe-se que no TDAH, 
lida-se mais com deficiência de estratégia cognitiva do que com distorção 
cognitiva, logo o espaço do RPD no tratamento de TDAH é restrito. Contudo, 
vale lembrar que crianças com TDAH agem antes de pensar, de modo que a 
oportunidade, mesmo que breve, de perceberem que existe uma série de etapas 
por trás das ações e comportamentos, pode ser valiosa para algumas delas. 
A solução de problemas é a abordagem mais utilizada no tratamento do 
transtorno, ela vai operar sobre o comportamento inibitório do deficitário que o 
leva a agir antes de pensar ou de avaliar todas as possibilidades. Desta forma, a 
estratégia visa que a criança siga tais procedimentos que inclui cinco etapas: 1 – 
Identificação do problema; 2 – geração de alternativas possíveis; 3 – exames das 
consequências possíveis de cada alternativa; 4 – escolha de uma das 
alternativas; 5 – avaliação dos resultados obtidos com a alternativa escolhida. O 
treinamento pode ser inserido previamente por situações selecionadas pelo 
terapeuta ou por situações relatadas pela criança durante as sessões, no entanto, 
somente o treinamento de soluções de problemas não é suficiente para tratar o 
transtorno, uma vez que este treinamento, isoladamente, tem resultados pobres. 
Automonitoramento e Autoavaliação 
Como já foi mencionado, as crianças com TDAH apresentam grande 
dificuldade de observar e avaliar seus comportamentos. Logo, pode ser útil 
treina-las para observar e avaliar determinados comportamentos e atitudes a fim 
de melhorar na construção do autocontrole. Da mesma forma, isso pode fazer 
parte do contrato psicoterápico com a criança, o fato de que ela irá monitorar e 
avaliar seus comportamentos em cada sessão (avaliando seus comportamentos 
com notas de 0 a 10), mas a criança precisa saber exatamente o que deve avaliar 
e pontuar para que, no final do atendimento, ela possa falar porque se avaliou 
daquela forma. O terapeuta também irá fazer sua avaliação e ambos discutirão 
suas pontuações, principalmente se os pontos forem muito diferentes. Essa 
atividade tende melhorar a capacidade da criança de olhar para si mesma. 
Planejamento e Cronograma 
A criança com o déficit de atenção tem dificuldade de planejar atividades 
futuras, é normal que elas subestimam o tempo estipulado para realizar 
determinada tarefa, principalmente se esta não for de seu interesse. Geralmente, 
quando recebem a data de uma prova não conseguem se planejar para realizar o 
teste. 
Uma estratégia que tem se mostrado bastante eficiente para lidar com 
esse problema é a construção de um calendário semanal de estudos, que podem 
ser reavidos nas sessões. É importante que estimule a criança a construir o 
calendário contendo todos os dias da semana e que ela o deixe em algum lugar 
visível em seu quarto. Deve-se estabelecer, também, um horário de estudo que 
vai de 30 minutos a 1 hora por dia, de segunda a sexta-feira, sendo necessário a 
ativa participação da criança na elaboração desses horários. Eles também podem 
variar nos dias da semana, conforme os compromissos da criança, como por 
exemplo: segunda de 14:00 as 15:00 horas, na terça de 17:00 as 18:00. 
Estipulados os horários de estudo, é importante que eles sejam mantidos. Ainda 
na sessão anterior, pedir que a criança escolha uma matéria por dia para ser 
estudada, conforme suas necessidades na escola. É fundamental que tenha 
alguém em casa nos horários de estudo dessa criança para auxiliá-la com as 
dificuldades. Essa estratégia, em conjunto com as demais, apresenta um melhor 
resultado no tratamento desse indivíduo. 
Sistema de Pontos 
O sistema de pontos é uma técnica utilizada para premiar a criança 
quando ela tem algum comportamento desejado pelos pais ou terapeuta. As 
crianças com TDAH precisam dessa recompensa para que o rótulo de “incapaz”, 
para a realização de qualquer objetivo, seja desfeito. 
O sistema de pontos recompensa a criança, mas não imediatamente. 
Conforme ela vai realizando as tarefas, vai acumulando pontos para trocar por 
algo que lhe agrade. É de extrema importância que o sistema de pontos seja 
implantado em casa e que os pais acompanhem a criança no tratamento. As 
recompensas em casa não devem incluir apenas recompensas materiais, mas 
também algo como uma tarde no parque, um passeio no cinema ou no 
zoológico, algo que seja de interesse da criança e esteja dentro dos pontos 
acumulados por ela na semana. A tabela com os valores de cada comportamento 
desejado deve ser estabelecido no início do tratamento. 
Custo de Resposta 
A resposta de custo é utilizada para impedir determinados 
comportamentos inaceitáveis durante as sessões, como por exemplo: agredir 
verbalmente outros participantes no caso de atendimento em grupo. O próprio 
grupo deve, no início do tratamento, estipular quais comportamentos são 
inaceitáveis e quantos pontos serão tirados do ‘’agressor’’. É importante que os 
pais façam o mesmo em casa. 
Tarefa de Casa 
Como qualquer outra abordagem para tratar o TDAH, a tarefa de casa 
também é uma técnica muito boa quando combinada com outras técnicas. Ela 
serve para que a criança exercite em casa o que aprendeu na terapia. Como 
geralmente há resistência por parte da criança de realizar as atividades, é 
importante que ela venha com um reforçador do comportamento, assim, é 
trabalhado a noção de responsabilidade nas sessões. 
Punições 
A punição só será necessária caso haja agressão física, uma maneira depunição é a retirada deste indivíduo do grupo. O terapeuta deve ter cuidado 
quando for aplicar a punição porque quando o grupo está realizando uma 
atividade que exige maior persistência, essas crianças/adolescentes podem 
utilizar de um mal comportamento justamente para não realizar a atividade 
proposta pelo terapeuta, deixando de ser, então, uma punição e passando a ser 
um reforço positivo. Sempre que este indivíduo se ausenta do grupo um 
terapeuta deve acompanhá-lo para saber os motivos que o levaram a tal 
comportamento. 
Modelação e Dramatização 
A modelação ocorre quando há exposição dos problemas do paciente a 
um terapeuta e esse, por sua vez, demonstra o comportamento a ser aprendido 
pelo paciente. 
Mesmo com outras estratégias em uso, é importante que o terapeuta fique 
atento às situações que surgirem durante as sessões para que ele possa 
demonstrar como resolveria tal problema, utilizando a auto-instrução e a 
resolução de problemas. É importante frisar que o terapeuta não resolverá o 
problema para a criança ou adolescente, mais sim, demonstrará um modelo para 
solução. 
Uma estratégia complementar à modelação é a dramatização. Em um 
primeiro momento, situações predeterminadas podem ser usadas, como por 
exemplo: O terapeuta pergunta para a criança: “O que você faria se estivesse 
jogando vídeo game e seu irmão desligasse o jogo porque quer ver um filme? 
Vamos fazer de conta que sou ele e vamos encenar essa situação’’. Situações 
hipotéticas permitem que as crianças trabalhem sem maiores resistências no 
inicio, mas no decorrer das sessões, o terapeuta deve substituir essas situações 
por situações reais do dia-a-dia da criança ou por aquelas que ocorrem durante 
as sessões. 
Seleção dos Pacientes para o Tratamento 
Na seleção de pacientes para o tratamento e estabelecimento do contrato 
é importante limitar-se aos que apresentam o transtorno sem comorbidades e 
com comorbidades, com transtorno de conduta ou desafiador de oposição de 
leve intensidade e com comorbidades com transtorno de ansiedade. Um recente 
estudo demonstra que as comorbidades com transtorno de ansiedade apresentam 
uma melhor resposta às intervenções cognitivo-comportamentais. Quanto menor 
a experiência do terapeuta com a técnica cognitivo-comportamental mais 
importante será a seleção de pacientes com menor número de comorbidades e 
sintomatologia menos grave. É fundamental uma avaliação cognitiva da criança. 
A idade também é um fator muito importante porque ela vai medir a 
contribuição da família na terapia, quando as crianças mais novas são 
selecionadas para o atendimento, elas recebem mais ênfase no componente 
comportamental e no atendimento com os pais, já as crianças maiores e 
adolescentes parecem se beneficiar mais com as intervenções cognitivos por 
possuir um maior raciocínio com elementos abstratos. 
Estabelecimento do Contrato 
Antes do inicio da intervenção propriamente dita, é fundamental discutir 
o contrato psicoterápico com os pais e a criança. Entre os assuntos a serem 
discutidos estão os objetivos do atendimento, o horário, o local, o número de 
sessões, o número de sessões do tratamento da criança ou adolescente com os 
pais, o manual da terapia, o processo de automonitoramento, o sistema de 
pontos, o sistema de recompensas, o manejo de faltas e atrasos e o certificado de 
participação. 
Sessões 
Sessão 1 
(1ª Sessão 
com o Paciente) 
A primeira sessão é, basicamente, para educação da 
criança/adolescente e seus pais a respeito do transtorno de 
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), desta forma, 
os sintomas básicos do transtorno como as causas, a 
prevalência e os rótulos aplicados às crianças/adolescentes 
são discutidos na segunda sessão. Exemplos de rotulação 
comportamental: preguiçoso, burro, incapaz. O terapeuta 
precisa trabalhar a motivação desse paciente para que este 
possa se vincular ao tratamento e aos outros pacientes (em 
caso de terapia em grupo), porque os adolescentes com 
TDAH apresentam uma baixa capacidade de motivação 
associados aos prejuízos dos rótulos que lhe são postos, 
com uma grande dificuldade de se empenhar nas 
atividades que lhes exijam um maior nível de persistência 
e não lhes ofereça algo altamente motivador. 
Sessão 2 
(2ª Sessão 
com o Paciente) 
O foco da segunda sessão também é a educação 
sobre o transtorno. O terapeuta precisa ser cuidadoso ao 
apresentar os conceitos básicos sobre o TDAH, 
procurando sempre deixar o paciente à vontade para expor 
suas experiências e como lidam com os sintomas. 
É importante que, na segunda sessão, já esteja 
disponível para o paciente uma serie de reforços do 
comportamento, previamente escolhidos na primeira 
sessão. Principalmente os de baixo valor (que já estejam 
disponíveis ao número de pontos acumulado pelo 
paciente). 
É fundamental o acompanhamento da agenda 
proposta para cada sessão. Passando-se o aquecimento e a 
revisão da sessão anterior, o indivíduo inicia 
sua revisão da tarefa de casa, onde começa uma 
ampla discussão sobre as vantagens e desvantagens de se 
participar dos atendimentos, incluindo uma conversa 
sobre o conceito do TDAH e seus componentes 
biológicos. Em seguida, procura identificar as áreas do 
cérebro onde está localizada o transtorno e a prevalência 
do TDAH na população de crianças e adolescentes (3 a 
6%), permitindo que elas tomem conhecimento de que 
não são os únicos a terem o transtorno. É essencial que o 
terapeuta trabalhe com a criança a importância da tarefa 
de casa e sinalize com ele quais são seus principais 
problemas, pedindo que faça um a lista de problemas e 
uma lista de recompensas. É importante que as 
recompensas em casa não sejam apenas materiais mas 
inclua, também, um tempo maior em alguma atividade 
prazerosa com os pais. 
A sessão se encerra com o exercício de auto 
monitoramento, a contagem de pontos e possíveis trocas e 
o resumo da sessão. 
Sessão 3 
(1ª Sessão 
com os Pais) 
A primeira sessão com os pais é em paralelo à 2° e 
3° sessões com a criança/adolescente e serve para 
orientá-los na educação do transtorno e no esclarecimento 
dos sentimentos dos pais em relação à doença, no impacto 
familiar. É fundamental a presença de ambos nos 
atendimentos, mesmo que os pais estejam separados, por 
isso o terapeuta precisa ter uma flexibilidade de dias e 
horários para atender esses casos. Esses dias e horários de 
atendimento deverão ser discutidos na sessão de 
fechamento da avaliação. 
Na primeira parte da sessão o tema é livre para 
discussão sobre interesses em comum, como os sintomas 
do TDAH e os prejuízos causados na vida da 
criança/adolescente e da família. O terapeuta aborda as 
expectativas dos pais com relação ao tratamento a fim de 
conter frustrações futuras que podem prejudicar o 
andamento do tratamento. 
Repassa-se rapidamente o contrato psicoterápico 
com os pais e logo se inicia uma conversa sobre a 
implantação do sistema de pontos em casa. 
Sessão 4 
(3ª Sessão 
com o Paciente) 
A educação continua sendotema da terceira sessão. 
Depois de revisada a tarefa de casa e a discussão dos 
pontos positivos e negativos de se participar dos 
atendimentos, passam-se, então, para a parte final da 
educação sobre o transtorno. 
Discutem-se as causas do transtorno e as 
vulnerabilidades (problemas perinatais) biológicas, ou 
seja, crianças com essa vulnerabilidade apresentam uma 
maior chance de ter o transtorno. Discute-se também a 
importância do tratamento combinado (farmacológico e 
terapêutico) para uma melhora na qualidade de vida do 
paciente e da família. 
É fundamental que o paciente fale da sua 
experiência com os tratamentos. 
Logo após este momento, é a hora dos pais e sua 
criança conciliarem as listas de problemas e recompensas 
que fizeram separados, à partir daí, se constrói uma única 
lista. Este é também o momento para o terapeuta observar 
como a família lida com negociações e administrações de 
conflitos e auxiliar na comunicação entre pais e filhos. 
Assim que termina essa etapa, passa-se, então, para a 
tarefa de casa e pede-se para que os pais e a criança 
terminem a lista de recompensas em casa para que o 
paciente, na quarta sessão, traga a lista para o terapeuta 
conhecer. Mais uma vez sem a presença dos pais é 
realizado o auto monitoramento e os pontos que ele 
adquiriu na sessão são contabilizados e o terapeuta 
questiona se gostaria de trocar seus pontos em algo. E 
assim se finaliza a sessão pedindo para que ele faça um 
resumo da sessão. 
Sessão 5 
(4ª Sessão 
com o Paciente) 
Depois que passa o período de aquecimento e a 
revisão da tarefa de casa, o terapeuta apresenta o ​modelo 
cognitivo​, que pode ser o esquema do BAC proposto de 
Ellis ou registro de pensamento disfuncional, isso fica a 
critério do terapeuta. No esquema de Ellis, o fato 
vivenciado pelo individuo pode ser representado através 
de um esquema tríplice, tal qual se tem uma ação 
ativadora, uma instância do pensamento e outra das 
consequências que podem ser fisiológicas, emocionais ou 
comportamentais. 
Depois da apresentação do ​modelo cognitivo 
pode-se trabalhar exemplos para que a criança 
compreenda que existe um intermédio entre ação e 
consequência, o pensamento. Por isso é muito importante 
que o terapeuta motive esse paciente a bancar o 
‘’detetive’’, com a finalidade de reconhecer o pensamento 
quando está em alguma situação ativadora e a relação de 
pensamento-sentimentos também é trabalhada. Como 
tarefa de casa pede-se que ele descreva pelo menos três 
situações ativadoras acontecidas no meio da semana 
aplicando o modelo cognitivo aprendido. 
A sessão se encerra com o exercício de auto 
monitoramento, a contagem de pontos e possíveis trocas e 
o resumo da sessão. 
https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-cognitiva/introducao-ao-modelo-cognitivo
https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-cognitiva/introducao-ao-modelo-cognitivo
https://psicologado.com.br/abordagens/psicologia-cognitiva/introducao-ao-modelo-cognitivo
Sessão 6 
(5ª Sessão 
com o Paciente) 
Depois que passa o período de aquecimento e a 
revisão da tarefa de casa. 
O terapeuta continua trabalhando o modelo 
cognitivo, que desta vez vai ser através da dramatização, 
ele vai utilizar de cartões com situações ativadoras, 
pensamentos automáticos e pensamentos alternativos e 
pede para que a criança tire um cartão, para que juntos, 
possam dramatizar cada etapa do modelo cognitivo. 
Como tarefa de casa pede que a criança utilize a 
tarefa de casa anterior, para criar possíveis pensamentos 
alternativos e também o que aconteceria em termos de 
comportamento e sentimentos se houvesse mudança de 
sentimentos. 
Como sempre a sessão é finalizada com a atividade 
de auto monitoramento, soma de pontos e possíveis trocas 
e o resumo da sessão. 
Sessão 7 
(6ª Sessão 
com o Paciente) 
A sexta sessão marca a metade do tratamento, por 
esse motivo gasta-se um tempo maior no aquecimento, 
discutindo coisas da vida do paciente e problemas no 
atendimento. Mas ela também serve para aplicar a técnica 
de problemas que consiste em cinco passos: 
1. Identificar o problema; 
2. Gerar alternativas; 
3. Analisar consequências; 
4. Escolher alternativa; 
5. Avaliar resultados. 
Depois do período de aquecimento da revisão da 
sessão anterior e da tarefa de casa, são apresentados os 5 
passos da técnica e, fazendo que a criança traga exemplos 
de sua vida cotidiana, a técnica de solução de problemas é 
treinado. 
Como tarefa de casa o terapeuta pede que a criança 
aplique a técnica a duas situações vivenciadas durante a 
semana. Por fim, encerra a sessão com exercício de 
automonitoramento, soma de pontos, possíveis trocas e 
resumo da sessão. 
Sessão 8 
(2ª Sessão 
com os Pais) 
A segunda sessão com os pais tem dois objetivos 
centrais, primeiro uma vasta revisão do funcionamento 
das técnicas implantadas em casa e a avaliação dessa 
implantação. O terapeuta não pode esquecer que a última 
sessão com os pais foi há quatro semanas (em caso de 
atendimento semanal), por isso uma revisão deve ser feita 
com bastante cuidado. 
Em segundo lugar, é apresentado e discutido a 
técnica de solução de problemas para que os pais 
compreendam e ajudem seu filho a implantá-la fora do 
ambulatório terapêutico. 
O momento de aquecimento é fundamental para 
que os pais possam expor dúvidas e angústias, já que 
existe um intervalo de quatro semanas de um atendimento 
para o outro. Após este momento, vem a revisão do 
resumo da sessão anterior e da tarefa de casa. A 
implantação do sistema de pontos consiste numa lista de 
problemas e recompensas, deve ser muito bem investigada 
pelo terapeuta, depois apresentada a técnica da solução de 
problemas, os cinco passos e são incitados a relatar 
exemplos se seus filhos. 
Como tarefa de casa é requisitado para os pais que 
identifiquem situações nos quais conseguiriam aplicar a 
técnica juntamente com o filho. E finaliza a sessão 
pedindo para que alguém faça o resumo. 
Sessão 9 
(7ª Sessão 
com o Paciente) 
Esta sessão é principalmente o exercício da técnica 
de solução de problemas, por ela ser considerada 
fundamental na Terapia Cognitivo Comportamental do 
TDAH, a criança precisa estar familiarizada e bem à 
vontade para praticá-la. 
Depois que passa o período de aquecimento e a 
revisão da tarefa de casa, começam as atividades de 
solução de problemas. O terapeuta pode usar como 
atividade histórias em quadrinhos em que a criança deve 
preencher os balões, assim, ela irá utilizar dos cinco 
passos da solução de problemas. Como tarefa de casa 
pede-se que o paciente empregue os passos da solução de 
problemas na lista de problemas consensual. 
E finaliza a sessão com a atividade de auto 
monitoramento, soma de pontos e possíveis trocas e o 
resumo da sessão. 
Sessão 10 
(8ª Sessão 
com o Paciente) 
A oitava sessão é basicamente para se trabalhar a 
solução de problemas na utilização das dificuldades 
atencionais, uma vez que muito do que foi trabalhado está 
relacionado a situações de relacionamento interpessoal da 
criança.