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Bruno Martins Araújo MV, residente (R1) HV/UFRPE bmaraujo85@hotmail.com Mônica Vicky Bahr Arias MV, dra. profa. ass. Depto. Clínicas Veterinárias UEL vicky@uel.br Eduardo Alberto Tudury MV, dr. prof. ass. II Depto. Medicina Veterinária UFRPE eat@dmv.ufrpe.br Paraplegia aguda com perda da percepção de dor profunda em cães: revisão de literatura Resumo: A paraplegia aguda com perda da percepção de dor profunda indica lesão medu- lar grave, capaz de lesionar fibras bastante resistentes à lesão e localizadas profundamente na medula espinhal. Várias enfermidades são consideradas no diagnóstico diferencial de cães com essa alteração, em que na maioria dos casos, a lesão ocorre por extrusão de disco intervertebral, fraturas/luxações vertebrais e embolismo fibrocartilaginoso. O diagnóstico baseia-se na resenha clínica, na anamnese, na evolução aguda dos sinais clínicos e nos resultados do exame neurológico e de exames complementares, como imagens da coluna vertebral e da medula espinhal. O tratamento deve ser direcionado na prevenção da destrui- ção neuronal bioquímica, na descompressão da medula espinhal e/ou na estabilização da coluna vertebral. O prognóstico varia de reservado a desfavorável, dependendo da etiologia da lesão e das opções de tratamento disponíveis. Unitermos: sistema nervoso, afecções da medula espinhal, analgesia agudos, los resultados del examen neurológico y pruebas adicionales como la obtención de imágenes de la columna vertebral y médula espinal. El tratamiento debe ser dirigido a la prevención de la destrucción neuronal bioquímica, la descompresión de la médula espinal y/o en la estabilización de la columna vertebral. El pronóstico varía de reservado a desfavorable, dependiendo de la etiología de las lesiones y las opciones de los tratamientos disponibles. Palabras clave: sistema nervioso, enfermedades de la médula espinal, analgesia Resumen: La paraplejia aguda con pérdida de la percepción del dolor profundo indica lesión medular severa, capaz de lesionar fibras muy resistentes a lesiones y situadas profundamente en la médula espinal. Varias enfermedades deben ser consideradas en el diagnóstico diferencial de esta alteración, que en la mayoría de los casos, tienen lesiones por extrusión del disco intervertebral, fracturas / dislocaciones vertebrales o embolismo fibrocartilaginoso. El diagnóstico se basa en la reseña, la anamnesis, los signos clínicos Abstract: Acute paraplegia with loss of deep pain perception (DPP) indicates severe spinal injury, capable of damaging resistant fibers that are deeply situated in the spinal cord. Several conditions are considered for the differential diagnosis of dogs with this alteration. In most cases, the lesion occurs by intervertebral disk extrusion, vertebral fractures/luxations and fibrocartilaginous embolism 10,11. The initial mechanisms of acute spinal lesion correspond to the primary injury. They occur at the moment of injury, with the partial or complete rupture of nervous tissue and the loss of medullary tissue, which are considered untreatable lesions. Afterwards, a series of vascular and metabolic alterations take place, which constitute the events referred to as secondary lesions 12,13,14,15. The diagnosis is based on patient signalment, history, on the acute evolution of clinical signs and on the results of the neurological exam and complementary exams, such as imaging of the vertebral column and the spinal cord. The treatment must be directed towards preventing biochemical neuronal destruction 9,21, with the use of neuroprotectors (substances which prevent or limit the mechanisms of secondary injury to the spinal cord). Corticosteroids have been the most frequently employed drugs in decompression of the spinal cord and/or stabilization of the vertebral column, both in animals and human beings 13,21,34,35. They are frequently associated with gastrointestinal complications like hemorrhage, pancreatitis, ulcers and/or gastric perforations 7 , 11 , 1 9 , 3 9. The medical management of the intervertebral disk disease (IVDD) with loss of DPP still consists, for some authors, in the administration of methylprednisolone sodium succinate (MPSS) during the eight hours following trauma, and in the referral for emergency decompression 7,9,18,25,27. Surgical treatment of these animals must be readily arranged, as it is considered a neuro logical emergency 9, and must entail: decompression of the spinal cord (hemilaminectomy or laminectomy), removal of the disk material extruded into the vertebral canal, decrease of medullary edema and ischemia, macroscopic evaluation and intraoperatory irrigation of the spinal cord 7,18. Animals that present with spinal trauma and suspected vertebral instability must be placed in a firm surface to avoid movement and additional injury to the spinal cord, while proper treatment is initiated. Hypotension must be controlled through the use of fluids, and followed by treatment with MPSS as soon as possible, within the first eight hours after trauma 9,15,19. Surgery is indicated for cases presenting with vertebral instability, in which animals must be evaluated through mielography or magnetic ressonance to detect evidence of spinal cord transection or extensive necrosis. If none of these alterations are present, the surgeon may perform a hemilaminectomy, to decompress (in cases where there is extradural compression) and identify a possible progress ive hemorrhagic myelomalac ia (PHM). If the spinal cord is intact, surgical fixation takes place 3. There is no specific treatment for FCE 31, nor is there evidence that any treatment possesses more value than the general nursing care for patients that remain recumbent 26. The prognosis varies from guarded to unfavorable, depending on the etiology of the lesion and on the available treatment options. In IVDD, the main factor to be considered is the presence or absence of DPP. Among dogs without DPP, the main parameters to be evaluated are speed of occurrence and duration of analgesia, and the recovery time frame to pain perception 7,27. Animals which have lost deep pain perception after suffering exogenous vertebral trauma usually present an unfavorable prognosis for recovery 25, because in this type of injury, the lack of nociception is frequently associated with the transection of the spinal cord or to the rapid onset of PHM 56,57,58. For dogs suffering medullary infarction due to FCE, prognosis in terms of recovery of function is very unpredictable, reflecting the varying severity of the characteristic lesion of this disease 27,31. It is important to point out that some animals manage to regain the ability to walk without recovering DPP. In these animals, the occurrence of involuntary motor activity may indicate the development of spinal cord reflex walk, which originates from the mechanism of neural plasticity and the formation of local circuits 53. Paraplegic animals need intensive nursing care during their recovery period or during their entire life (in cases where there is irreparable spinal cord injury). Attention must be given to the emptying of the bladder and intestines, by means of abdominal massage or urinary catheter, and the use of an appropriate diet; to the prevention of skin sores and decubitus ulcers, by constantly cleaning the skin of urine and feces and changing position every four hours; to the treatment of trauma related wounds (usually in case of car accidents) and to the use of passive and active physical therapy, to avoid muscle atrophy and contracture and loss of articular and neuromuscular function 3,7,27. Keywords: nervous system, spinal cord diseases, analgesia Acute paraplegia with loss of deep pain perception in dogs: literature review Paraplejia aguda con pérdida de la percepción del dolor profundo en perros: revisión de literatura x (Figura 1) é importante na determinação da sintomatologia e do acompanhamento evo- lutivo dos processos medulares, principal- mente os traumático-compressivos2. Fibras nervosas da medula espinhal e os efeitos das lesões Os tratos ascendentes e descendentes da substância branca da medula espinhal são compostos de fibras de diferentes tamanhos, a maioria das quais tem bainha de mielina. As fibras maiores são mielinizadas e são condutores mais rápidos, transmitindo as in- formações de propriocepção consciente e in- consciente. As fibras motoras, que promo- vem a movimentação voluntária, são de ta- manho intermediário e mielinizadas. Já as fibras menores e mielinizadas transmitem a sensação dolorosa superficial, enquanto as fibras menores e não mielinizadas transmi- tem a sensação dolorosa profunda 2,3. A gra- vidade das deficiências neurológicas depen- derá de dois aspectos anatômicos: o diâme- tro da fibra que transmite a função e a posi- ção do trato na medula espinhal 3. Diante de graus progressivos de lesão à medula espinhal, ocorre aumento da isque- mia e desmielinização, e algumas funções neurológicas se perdem numa ordem previ- sível, segundo o grau de mielinização e o diâmetro das fibras que promovem a media- ção de determinado tipo de função. As fibras que transmitem as informações de proprio- cepção consciente e inconsciente são as pri- meiras a serem afetadas. As fibras que per- mitem a mediação das funções motoras vo- luntárias e as que promovem a mediação da apreciação da dor superficial são afetadas em seguida, e as pequenas fibras que promo- vem a apreciação da dor profunda são as úl- timas a serem acometidas. Quanto maior o grau de deficiência neurológica, pior o prog- nóstico em termos de recuperação funcional (Figura 2). Durante a recuperação, as fun- ções retornam na ordem inversa. A dor pro- funda retorna em primeiro lugar, e a proprio- cepção consciente, por último 5,6. A posição dos tratos da medula espinhal também contribui para a progressão dos sinais clínicos. Os tratos ascendentes de pro- priocepção consciente (fascículo grácil e cu- neiforme) situam-se superficialmente no fu- nículo dorsal da medula espinhal, sendo mais susceptíveis a lesão medular. Em con- traste, os tratos espinotalâmicos, que são os mais resistentes a lesões, situam-se mais profundamente 3. Os animais nos quais a lesão se limita à substância cinzenta da coluna toracolombar podem permanecer assintomáticos. As le- sões da substância cinzenta (com exceção das localizadas nas intumescências) têm meno- res consequências clínicas quando compara- das com as lesões da substância branca, que contêm os tratos ascendentes e descendentes 7. Vias da dor A percepção de dor profunda (PDP) é a função mais resistente a lesões da medula espinhal e é a última a desaparecer 8. É o sistema espinotalâmico que transpor- ta os estímulos de dor e de temperatura advindos dos membros e do corpo nos ani- mais 4, sendo essa uma via complexa, bilate- ral, multissináptica, formada por fibras pe- quenas mielinizadas e amielinizadas, muito resistentes em comparação com as fibras de outros tratos 9. Dessa forma, para abolir a INTRODUÇÃO O aparecimento súbito de paraplegia, acompanhado de perda da percepção de dor profunda, é de ocorrência frequente em cães, gerando sofrimento tanto para os animais quanto para seus proprietários e exigindo por parte dos médicos veterinários conheci- mentos neurológicos e neurocirúrgicos apu- rados, que serão expostos nesta revisão, para que se possa obter melhora do diagnóstico e recuperação funcional desses pacientes. NEUROANATOMIA Medula espinhal A medula espinhal é a principal via de transmissão de impulsos nervosos entre o encéfalo e as extremidades 1,2. Situa-se no canal vertebral e se estende desde o limite caudal do bulbo, no forame magno, até a porção caudal das vértebras lombares 3. Alo- ja-se estreitamente na porção toracolombar do canal vertebral, fato que explica a urgên- cia do tratamento das lesões nessa região 2,3. É composta pelas substâncias branca e cinzenta, sendo a branca formada por grupos ascendentes e descendentes de axônios de- nominados tratos 4. Os tratos são geralmente classificados conforme o local onde se origi- nam e onde terminam, podendo ser dividi- dos naqueles que ascendem para o encéfalo, conduzindo informações sensitivas ( a f e r e n- tes), e aqueles que advêm do cérebro e do tronco encefálico (eferentes), e são motoras para os músculos flexores e extensores 1,4. Quatro tratos são considerados no siste- ma eferente, sendo divididos em dois gru- pos. O primeiro é formado pelos tratos que facilitam os músculos flexores, permitindo a movimentação voluntária (tratos cortico- espinhal e rubroespinhal). O segundo grupo é o formado pelos tratos que facilitam os músculos extensores, contribuindo para a postura e o suporte do peso contra a gravi- dade (tratos vestibuloespinhal e reticuloes- p i n h a l ) 1 , 4. Esses tratos são frequentemente envolvidos nas lesões da medula espinhal, impossibilitando os animais de sustentarem o peso e de realizarem a movimentação vo- luntária, tornando os membros parcial ou to- talmente paralisados 4. As vias aferentes são formadas pelos tra- tos que transmitem informações de proprio- cepção consciente (fascículos grácil e cunei- forme), os que conduzem informações de propriocepção inconsciente para o cerebelo (tratos espinocerebelares ventral e dorsal), e pelo sistema espinotalâmico, que conduzem informações de dor, temperatura e tato 1,4. O conhecimento da localização dos tratos x Figura 1 - Desenho esquemático da medula espinhal mostrando a posição dos principais tratos ascendentes e descendentes Figura 2 - Progressão dos sinais neurológicos e prognóstico, em relação ao diâmetro das fibras e ao grau de mielinização Diâmetro da fibra/ Função Sinais de lesão Prognóstico mielinização neurológica grande e propriocepção déficitis proprioceptivos favorável mielinizada média e movimentação paresia/paralisia favorável mielinizada voluntária a reservado pequena e percepção de perda da percepção reservado mielinizada dor superficial de dor superficial pequena e percepção de perda da percepção reservado amielinizada dor profunda de dor profunda a desfavorável canal vertebral, devido ao componente hídri- co da gordura epidural 15. Nos casos de fratu- ras/luxações vertebrais, a compressão é na maioria das vezes causada por fragmentos ósseos e coágulos 1 9. Na extrusão de disco in- tervertebral, a concussão e a compressão cos- tumam ocorrer em conjunto. O material dis- cal e o hematoma presentes no canal verte- bral podem resultar em massa compressiva 6. Ao contrário do que ocorre nas lesões con- cussivas, a substância branca é mais suscep- tível que a cinzenta nos eventos compressi- vos, uma vez que, ao tentar preservar os cor- pos neuronais, ocorre depleção da mielina e dos axônios para acomodar a massa com- pressiva 17,18. A isquemia compreende a interrupção do suprimento sanguíneo arterial para a medula espinhal. É geralmente causada por embolis- mo (na maioria das vezes por êmbolo fibro- cartilaginoso), no qual a interrupção sanguí- nea pode ser transitória ou permanente 17,18. Quando ocorre a reperfusão tecidual, a rein- trodução do oxigênio resulta em formação de radicais livres, que inicia o processo de peroxidação lipídica. A substância cinzenta é mais sensível a essa lesão que a substância branca, uma vez que em condições normais a proporção da circulação em relação ás substâncias cinzenta e branca é de 5:1. As lesões celulares da isquemia iniciam na substância cinzenta e se estendem circunfe- rencialmente por todo um segmento da me- dula espinhal 17,20,21. Mecanismos secundários da lesão medular Com exceção das lesões que causam la- ceração da medula espinhal, as lesões primá- rias que ocorrem no momento da lesão são menos graves quando comparadas com os eventos secundários, que se desenvolvem no momento da lesão e podem persistir durante as 48 horas seguintes 11,19. Alterações vasculares As lesões agudas da medula espinhal cau- sam anormalidades vasculares sistêmicas e locais, que resultam em progressivo decrés- cimo na perfusão da medula espinhal, levan- do à necrosedo segmento medular afetado 11. Essas alterações hemodinâmicas são resulta- do da perda da autorregulação, da destruição da microvascularização, da agregação pla- quetária com formação de trombos, da libe- ração de substâncias vasoativas, da com- pressão vascular e dos vasoespasmos causa- dos pelo aumento intracelular de cálcio 11,18,19. A medula espinhal normalmente mantém constante o seu suprimento sanguíneo, inde- pendentemente da pressão sistêmica, num processo denominado de autorregulação 19. Após uma lesão aguda da medula espinhal, essa regulação se perde e o suprimento se torna dependente da pressão sistêmica 11. Considerando que muitos pacientes apresen- tam hipotensão, provocada por politrauma- tismo ou por bloqueio simpático espinhal, a medula espinhal já comprometida favorece- ria ainda mais a isquemia 15. A compressão da medula espinhal decor- rente de eventos primários é tipicamente associada ao desenvolvimento de edema va- sogênico, que ocorre devido à obstrução da drenagem venosa. O edema vasogênico associado à compressão aumenta a pressão intraparenquimatosa, exacerbando os even- tos isquêmicos 18. Alterações eletrolíticas Devido às alterações das membranas ce- lulares causadas pelos eventos primários e isquêmicos, ocorrerão alterações na permea- bilidade celular (diminuição da atividade da bomba Na+/K+ ATPase) e posterior concen- tração de eletrólitos, aumentando a concen- tração de sódio e cálcio no espaço intrace- lular (EIC) e de potássio no espaço extrace- lular (EEC) 15. O aumento de sódio no EIC provoca edema citotóxico e acidose intrace- lular, o que favorece a abertura dos canais de cálcio, aumentando sua concentração no EIC. A diminuição intracelular do potássio modifica o potencial da membrana, resultan- do em falha na condução dos neurônios afe- tados 6,15,20. Acredita-se que os íons cálcio desempe- nham função fundamental na patogênese da isquemia pós-traumática e na morte celular i s q u ê m i c a 2 0 , 2 1. Além da falha da bomba Na+/K+ ATPase, o aporte de cálcio para o interior da célula pode ser causado pelo evento mecânico traumático e pelo aumento da concentração de glutamato na fenda siná- p t i c a 1 5 , 2 2. O aumento da concentração de cál- cio no EIC causa contração da musculatura lisa e vasoespasmos, provocando maior is- quemia tissular 15, diminuindo o funciona- mento mitocondrial dos neurônios, promo- vendo a produção de fosfolipase A e ecosa- noides vasoativos e iniciando a resposta in- flamatória pela cascata do ácido araquidôni- co 18,20,21. O ácido araquidônico é metaboliza- do pela lipoxigenase, produzindo leucotrie- nos, e pela cicloxigenase, produzindo pros- taglandinas 6,20,21 e tromboxanos 15. Tanto os leucotrienos quanto as prostaglandinas são vasoativos, e podem acentuar a isquemia da medula espinhal e estimular a agregação p l a- modalidade de dor profunda, é necessário uma lesão medular grave, profunda e bilate- ral 4, o que torna o prognóstico da lesão bas- tante desfavorável. ETIOPATOGENIA Embora várias afecções possam ser con- sideradas no diagnóstico diferencial de cães com paraplegia aguda, na maioria dos casos, a lesão à medula espinhal ocorre por extru- são de disco intervertebral, fraturas, luxa- ções e subluxações da coluna vertebral e in- farto medular (geralmente por embolismo fi- brocartilaginoso) 10,11. Os mecanismos iniciais da lesão medular aguda correspondem à lesão primária, ocor- rendo no momento da lesão, em que pode ocorrer a ruptura parcial ou total do tecido nervoso e a perda de tecido medular, consi- deradas lesões intratáveis. Posteriormente ocorre uma série de alterações vasculares e metabólicas, que constituem os eventos de- nominados lesões secundárias 12,13,14,15. Mecanismos primários de lesão medular A medula espinhal pode ser lesionada de forma aguda por meio de quatro mecanis- mos básicos, que incluem: a interrupção anatômica, a concussão, a compressão e a isquemia 16,17. A interrupção anatômica é a destruição física (total ou parcial) do tecido nervoso, ocorrendo mais frequentemente nos casos de fraturas, luxações e subluxações verte- b r a i s 1 7 , 1 8. A concussão é o impacto agudo na me- dula espinhal, com ou sem compressão resi- dual, geralmente causado por extrusão de disco intervertebral, fraturas e luxações ver- tebrais 17,18, e ocasiona o início imediato da cascata de eventos que levam à progressiva disfunção da medula espinhal. Em relação à extrusão de disco intervertebral, a gravidade da lesão concussiva primária depende da massa e da velocidade da extrusão do disco intervertebral no canal vertebral. A substân- cia cinzenta é mais rígida e frágil que a subs- tância branca, sendo portanto mais susceptí- vel à lesão concussiva 6. A compressão é um efeito em massa, fre- quentemente causado por extrusão de disco intervertebral, causando aumento da pres- são no interior do canal vertebral 1 8. O grau de compressão na doença do disco interver- tebral (DDIV) depende do volume da massa, do diâmetro do canal (sendo mais grave na região torácica) e do grau de desidratação da massa do núcleo pulposo 12,15, no qual o mate- rial de disco voltará a se hidratar dentro do x agentes protetores. As células microgliais li- beram citocinas, interleucina-1, fator alfa de necrose tumoral e produtos tóxicos potentes, como peróxido de hidrogênio, óxido nítrico e proteinases minutos após a lesão 11,18. Os mediadores inflamatórios podem afetar dire- tamente a função neuronal, através de altera- ções iônicas na transmissão sináptica 14, ao passo que o óxido nítrico pode atuar em nível de microcirculação 18. Dias após a lesão medular, é evidente a concentração de neutrófilos e macrófagos no sítio da lesão 6. Inicialmente há um aporte de neutrófilos, que atingem o nível máximo den- tro de poucas horas. Posteriormente, há um aporte de macrófagos, que atingem o nível máximo dentro de cinco a sete dias 14,15,18. As enzimas produzidas por essas células infla- matórias podem aumentar a lesão tecidual, resultando em cavitações nas substâncias branca e cinzenta, que formam uma barreira mecânica, impedindo a regeneração axonal 6. Lesões histológicas e implicações clínicas Conforme visto anteriormente, a lesão aguda da medula espinhal inicia uma série progressiva de eventos patológicos que con- duzem à necrose tecidual e a uma disfunção neurológica em graus variáveis, que estão relacionados com o grau da lesão 20,21. Dependendo da gravidade do traumatis- mo, as lesões histológicas da substância cin- zenta variam de hemorragias petequiais a grave necrose hemorrágica e cavitação. Na substância branca, os achados variam de leve desmielinização a grave necrose he- morrágica e cavitação. As lesões são mais bem estabelecidas nas primeiras oito horas, progredindo durante 48 horas após a lesão inicial, e a lesão geralmente se expande nos planos radial e longitudinal nos segmentos da medula espinhal, mas em casos menos graves de lesão medular aguda, as alterações não são tão marcantes 6 , 2 0 , 2 1 , 2 2. Em alguns animais, após lesão concussi- va grave, a cascata de eventos continua, ge- rando progressão longitudinal das alterações patológicas da medula espinhal em direção cranial e caudal, resultando em mielomalá- cia hemorrágica progressiva (MHP) ascen- dente-descendente poucos dias após a lesão inicial 6,22. DIAGNÓSTICO O diagnóstico das enfermidades que cau- sam lesões agudas na medula espinhal ba- seia-se na resenha clínica, na anamnese, nos sinais clínicos agudos, nos resultados do exa- me neurológico e de exames complementares, como obtenção de imagens da coluna verte- bral e da medula espinhal. Diagnóstico clínico A extrusão de disco intervertebral ocorre principalmente nos animais de raças condro- distróficas 9 e de raças com tendências con- d r o d i s t r o f o i d e s 8, acometendo tipicamente cães de três a sete anos de idade 3,5,9,23,24 que geralmente não têm histórico de traumatis- mos. No início, os sinais clínicos podem ser hiperagudos (minutos) ou agudos, progre- dindo lentamente por vários dias,ou pode haver períodos de melhora e subsequente agravamento 8. No caso de fratura/luxação vertebral, os pacientes se apresentam devido a um trauma- tismo associado na maioria das vezes a aci- dentes automobilísticos, e sofrem graus va- riáveis de dor na região dorsal e paresia/para- lisia, dependendo da gravidade da lesão 2 4. A história clínica, somada aos achados físicos, como a área de depressão no dorso, o deslo- camento lateral do processo espinhoso e a presença de crepitações, são importantes no diagnóstico diferencial 18. Num animal com suspeita de traumatis- mo vertebral, antes de outros procedimentos, é fundamental proteger a medula espinhal de lesões adicionais, através da fixação do ani- mal numa superfície rígida (Figura 3A) ou por meio de imobilização externa (Figura 3B), devendo-se posteriormente investigar outras lesões concomitantes, como pneumo- tórax, contusão pulmonar, hérnia diafragmá- tica e fratura de outros ossos 24. Os cães com embolismo fibrocartilagi- noso (EFC) possuem idade de juvenil a ge- riátrica (média de três a sete anos) 2 5 e mani- festam tipicamente um histórico clínico de início hiperagudo a agudo de disfunção neu- rológica espinhal focal assimétrica ou bila- t e r a l 2 6 , 2 7, em que os sinais clínicos se desen- volvem intensamente e progridem rápido, de uma a duas horas, da dor inicial à parali- sia unilateral ou bilateral 9 , 2 5 , 2 8. Deve-se suspeitar de MHP quando há des- locamento cranial progressivo da linha de de- marcação da perda do reflexo cutâneo do tronco, ou quando ocorre a perda de reflexos previamente existentes nos membros pélvi- c o s 9 , 2 5. Hiperestesia profunda e toxemia são as marcas características dessa condição 3, fa- zendo com que o animal fique muito inquie- to, com dor considerável e aumento da tem- peratura corporal 8,25. Quando o infarto e a necrose hemorrági- ca atingirem a porção cervical da medula es- pinhal, pode-se observar paralisia respirató- q u e t á r i a 6 , 2 0 , 2 1. A entrada excessiva de cálcio no EIC ainda ativa proteases intracelulares, como a calpaína e a caspase, que destroem o citoesqueleto e o DNA cromossomal, ini- c i a ndo a necrose (calpaína) e a morte celular programada (calpaína e caspase) 1 8. Peroxidação de lipídios Na lesão aguda da medula espinhal, há acúmulo de metabólitos e enzimas que, ao entrarem em contato com o oxigênio, geral- mente após a reperfusão capilar, resultam em formação e acúmulo de radicais livres extremamente reativos que, quando reagem com moléculas normais, levam à formação de outras espécies de radicais livres, criando desse modo uma reação em cadeia 17,18. Foi proposto que a peroxidação lipídica é o maior meio de destruição secundária após lesão aguda à medula espinhal 11, causando transtornos aos neurônios e às células gliais e endoteliais 6. O tecido neuronal é particu- larmente sensível à lesão mediada por radi- cais livres 18, pois os ácidos poli-insaturados ligados aos fosfolipídios da membrana são especialmente susceptíveis ao ataque dos ra- dicais livres 20,21. Ao reagirem com o compo- nente lipídico das membranas celulares, um processo de peroxidação leva à sua disfun- ção e à morte celular 18. Imediatamente após a lesão da medula espinhal, os níveis teciduais dos subprodutos dos ácidos graxos poli-insaturados da mem- brana celular ficam aumentados, enquanto os níveis de antioxidantes endógenos como o alfa-tocoferol sofrem depleção 20,21. Após hemorragia devida a uma lesão me- dular, ocorre extravasamento de componen- tes sanguíneos, como o ferro e o cobre, e produtos da degradação da hemoglobina, como a hematina, que catalisam o processo de peroxidação da membrana celular 6,20,21. Liberação de opioides endógenos Foi proposto que os opioides endógenos contribuem para a isquemia da medula espi- nhal através de ações sobre o fluxo sanguí- neo microcirculatório 2 0 , 2 1. Lesões experi- mentais da medula espinhal resultaram em hipotensão, possivelmente deflagrada pela liberação desses compostos 10. Os fatores que deflagram a liberação e a atividade dos opioides endógenos ou dos receptores de opioides ainda não estão completamente es- clarecidos 15,20,21. Reação inflamatória As respostas inflamatórias resultam na produção de uma variedade de citocinas e x dade, tentativa de fugir, virar a cabeça, voca- lizar, rosnar e tentar morder o examinad o r indica percepção dolorosa superficial7 , 9 , 2 6. Es- tando a dor superficial presente, não há ne- cessidade de induzir a dor profunda, uma vez que ela também estará presente 9. No en- tanto, se não há resposta comportamental, deve-se testar a dor profunda, aplicando-se pressão com uma pinça na base da unha, nos dígitos e na cauda 26,27. É de importância vital compreender que a percepção de dor significa reconhecimento do córtex cerebral à resposta ao estímulo no- civo, e que o reflexo flexor de uma parte do corpo não indica percepção dolorosa. O pa- ciente deve apresentar alguma reação com- portamental para que se considere normal a percepção dolorosa consciente 7,27. Nos casos em que a sensação de dor cons- ciente está presente, há boa possibilidade de os cães recuperarem a capacidade de deam- bulação normal ou próxima do normal. Mas se a sensação dolorosa profunda estiver au- sente, a possibilidade de recuperação da deambulação satisfatória é reservada ou des- favorável, dependendo da natureza e da d u- ração da lesão e das opções de tratamento 26. A razão para isso é que os tratos espinhais que possuem fibras sensitivas para dor profunda são bilaterais, multissinápticos, compostos de fibras de pequeno diâmetro, amieliniza- das, distribuídas por toda a medula espinhal e portanto muito resistentes a lesões 9,26. Diagnóstico baseado em imagens Uma vez que o diagnóstico neuroanatô- mico tenha sido feito, deve-se utilizar técni- cas de diagnóstico por imagem. Exame radiográfico simples O estudo radiográfico de animais para- plégicos com suspeita de extrusão de disco intervertebral deve incluir, no mínimo, sob anestesia geral, as projeções lateral e ventro- dorsal da coluna toracolombar/lombar, cen- trando o feixe de raios no espaço interverte- bral sob suspeita 5,23,29. Nem todos os discos intervertebrais herniados são aparentes nas radiografias simples, mesmo quando se obtém o posicionamento e a técnica ideal 23. A evidência radiográfica de extrusão de disco intervertebral toracolombar inclui es- tenose e encunhamento de espaço interverte- bral, estenose ou obscurecimento/mascara- mento do forame intervertebral, estreitamen- to do espaço das facetas articulares e mate- ria por lesão nas origens da inervação inter- costal e frênica 8,27. Exame neurológico É fundamental para determinar a etiolo- gia da lesão, a localização neuroanatômica e a extensão da lesão e para identificar lesões medulares múltiplas, além de ajudar a deter- minar a terapia adequada e estabelecer o prognóstico da lesão. Deve-se realizar o exa- me com cautela, principalmente em animais com suspeita de fraturas/luxações vertebrais, para evitar lesão adicional na medula espi- nhal. Nesses animais, deve-se realizar o exa- me neurológico numa superfície plana e rígi- da, preferencialmente com o animal fixo (Fi- gura 3). Inicialmente, avaliam-se as funções vitais e o estado mental. É possível que um animal vítima de fratura/luxação vertebral que este- ja apresentando diminuição da consciência e/ou deficiências em nervos cranianos tam- bém tenha sofrido traumatismo cranioence- fálico concomitante. Durante o exame, deve-se observar a ocorrência de qualquer movimento voluntá- rio, que se associa a melhor prognóstico. A postura de Schiff-Sherrington (Figura 4) ge- ralmente ocorre em lesões agudas graves da porção toracolombar da coluna, estando mui- tas vezes associada a mau prognóstico.O re- flexo cutâneo do tronco pode ser útil para de- terminar o nível da lesão na medula espinhal. A palpação cuidadosa da coluna vertebral pode ajudar a identificar áreas de instabili- dade, depressão, desnível e/ou crepitação ver- tebral sugestivos defraturas/luxações verte- brais, áreas de hiperpatia em animais com s u speita de DDIV, e pode até mesmo eviden- ciar a ausência de dor, que é útil no diagnós- tico de EFC. Por fim, testa-se a sensibilidade dolorosa nos membros locomotores, sendo este o principal meio de estabelecer o prognóstico em cães com lesões medulares na região to- racolombar. Exame sensorial Testa-se a sensibilidade dolorosa super- ficial comprimindo o espaço interdigital com as unhas 2 6. Quando não há resposta, utiliza-se uma pinça hemostática, devendo- se comprimir lentamente a prega da pele existente entre os dedos 2 , 9 , 2 6. Duas respostas devem ser observadas: a resposta de retirada do membro e a comportamental. A resposta de retirada é apenas um reflexo normal e in- dica que o arco reflexo está intacto. A res- posta comportamental, como mostrar ansie- x Figura 3 - A) Animal contido em decúbito lateral numa superfície rígida com fitas adesivas. B) Imobilização externa da coluna vertebral (fotos obtidas no HV-UEL) Figura 4 - A) Cão com traumatismo agudo na região toracolombar da medula espinhal, apresentan- do desnível vertebral (seta) e postura de Schiff-Sherrington. B) Imagem radiográfica da coluna verte- bral do cão com Schiff-Sherrington evidenciando grave luxação entre as vértebras T12 e T13 (seta) A rência de convulsões 27,30. A mielografia é importante para determi- nar o local (ou os locais) de extrusão do disco e a lateralização do material discal dentro do canal vertebral, antes da descom- pressão cirúrgica. Os achados mielográficos característicos de extrusão de disco no canal medular são compressão extradural da me- dula espinhal com deslocamento dela e es- treitamento do espaço subaracnoide. Extru- sões de disco em geral são acompanhadas de edema e tumefação da medula espinhal e raramente de laceração dural. A m e d u l a pode estar edemaciada por vários segmen- tos espinhais, e o aspecto mielográfico é semelhante a uma massa intramedular, difi- cultando a determinação exata do local da e x t r u s ã o 8. Nos pacientes com fraturas/luxações ver- tebrais, a mielografia permite uma avaliação definitiva da compressão da medula espinhal e de sua possível transecção. Em caso de fra- tura, a medula pode ser comprimida por fragmentos ósseos ou por hematoma, carac- terizando uma compressão extradural. Em casos de contusão, pode-se verificar somen- te edema medular. Por vezes, pode-se notar infiltração de contraste no parênquima me- dular, possivelmente devido à laceração da dura-máter 19. Nos animais com suspeita de EFC, a mielografia permanece frequentemente n o r m a l 9 , 2 5 , 2 6 , 2 7 , 3 1, embora alguns animais, na fase aguda, possam exibir tumefação medu- lar focal 2 5 , 2 6 , 3 1 como resultado de edema se- c u n d á r i o 2 6. Os achados mielográficos de cães que de- senvolveram MHP compreendem a interrup- ção da progressão das linhas de contraste ou uma opacificação central difusa, com o acú- mulo do meio de contraste de forma irregu- lar dentro da medula espinhal 18 (Figura 8). Tomografia computadorizada (TC)/ ressonância magnética (RM) Anormalidades ósseas, tais como fraturas/ luxações vertebrais e alterações de disco in- tervertebral são mais bem vistas por meio da TC. Nos casos de fraturas, a TC pode ser útil para identificar fragmentos ósseos que pode- riam estar lesionando a medula espinhal e que não são vistos em radiografias 1 8 , 1 9. Na ex- trusão de disco, a TC fornece informações úteis em relação à localização das extrusões 8. A RM é útil na visualização de tecidos moles e se mostrou superior à TC e à mielo- grafia para detectar alterações da medula es- pinhal, como o EFC 15,19,32. TRATAMENTO O tratamento deve ser direcionado para a prevenção da destruição neuronal bioquími- ca, a descompressão da medula espinhal e/ou a estabilização da coluna vertebral 1 3 , 1 4 , 1 8 , 3 3. Tratamento farmacológico da lesão medular aguda Lesões agudas na medula espinhal são verdadeiras emergências em medicina vete- rinária. O período crítico – chamado de rial calcificado no interior do canal vertebral (Figura 5) 5,29. Em pacientes com suspeita de traumatis- mo vertebral, a anestesia geral ou sedação profunda devem ser evitadas, pois elas redu- zem o efeito estabilizador do espasmo dos músculos paravertebrais 3, sendo que o exa- me radiográfico simples pode demonstrar fraturas ou luxações e a gravidade do deslo- camento no momento em que as radiografias são obtidas 24. Para minimizar a movimentação da colu- na vertebral, a projeção ventrodorsal será realizada com o animal em decúbito lateral, com o cabeçote do aparelho de raios-x abai- xado até ficar em posição horizontal na altu- ra do abdome do animal e o chassi situado na região dorsal (Figura 6) 29. Os achados radiográficos dos pacientes com fratura/luxação vertebral incluem des- continuidade das estruturas ósseas, desali- nhamento do canal vertebral, espaços inter- vertebrais ou facetas articulares anormais, linha de fratura no corpo, na lâmina, proces- sos espinhosos ou transversos ou combina- ções das lesões 24,29. Para avaliar radiograficamente a instabi- lidade da fratura, divide-se o segmento ver- tebral em três compartimentos: dorsal, médio e ventral. A fratura é considerada ins- tável quando dois ou mais compartimentos estão comprometidos (Figura 7). Essa classi- ficação é de grande importância no momen- to de decidir o esquema terapêutico de elei- ção para o animal 15, uma vez que um fator- chave para determinar o tratamento clínico ou cirúrgico é o grau de instabilidade verte- bral 19. No EFC, as radiografias da coluna são normais e ajudam no descarte de discoes- pondilite, fraturas, luxações, neoplasias ver- tebrais osteolíticas e discopatia interverte- bral 25, que poderiam causar sinais semelhan- tes ao EFC. Mielografia Deve-se coletar o líquido cefalorraquidia- no (LCR) antes da mielografia, uma vez que algumas lesões inflamatórias e neoplásicas podem resultar em sinais clínicos muito si- milares àqueles observados em animais com extrusão de disco intervertebral 8,25. Como as lesões medulares de cães com paraplegia aguda se localizam mais comu- mente nas regiões toracolombar/lombar, re- comenda-se a realização de mielografia lom- bar, uma vez que essa técnica é mais eficien- te na visualização de alterações nesses seg- mentos, além de diminuir o risco de ocor- Figura 5 - A) imagem fotográfica de radiografia da coluna vertebral de cão com extrusão de disco intervertebral entre L1-L2 (seta) evidenciando a aproximação dos corpos vertebrais e das facetas articulares, e material de disco radiopaco dentro do canal vertebral opacificando o forame inter- vertebral deformado. B) imagem fotográfica de radiografia da coluna vertebral de cão com extrusão de disco intervertebral entre T13-L1 evidenciando aproximação dos corpos vertebrais Figura 6 - Projeções radiográficas para minimi- zar a movimentação da coluna vertebral deses- tabilizada. A) projeção ventrodorsal. B) proje- ção lateral x x utilizado nos seres humanos e esses resulta- dos têm sido extrapolados para a medicina veterinária. Quando administrado dentro das primeiras oito horas após a lesão, é o único fármaco que tem demonstrado benefícios significativos à medula espinhal 19. A admi- nistração de SSMP após oito horas da lesão tem resultados considerados prejudiciais 11,19, uma vez que, após esse prazo, os corticoste- roides interferem com a regeneração neuro- nal e aumentam a neurodegeneração por ini- bição da captação neuronal de glicose diante da isquemia 11. O SSMP tem sido eficaz em casos de lesão medular aguda e grave quando utiliza- do em altas dosagens 35, sendo propostos vários protocolos de tratamento, dentre os quais os resultados mais significativos, que mostraram melhor recuperação clínica em animais com lesões medulares foram obtidos por meio da administração de 30mg/kg in- travenoso (IV), seguida de duas aplicações de 15mg/kg IV duas e seis horas após a apli- cação inicial, seguida de infusão contínua de 2,5mg/kg/hora IV por até48 horas após a lesão 7,37. Se a primeira aplicação for admi- nistrada num intervalo de até três horas após a lesão, a infusão deve ser feita por 24 horas; e se a primeira administração for feita no in- tervalo de três a oito horas após lesão, a in- fusão deve continuar por 48 horas 38. Essas doses de SSMP devem ser administradas lentamente, num período de cinco a dez mi- nutos, uma vez que podem ocorrer bradicar- dia, hipotensão e vômitos quando o fármaco é administrado rapidamente 19. A dexametasona, por vezes utilizada, principalmente pelo seu baixo custo, não é apropriada, sendo ao seu uso atribuídos efei- tos adversos maiores, como hemorragias gastrintestinais e perfuração do cólon 1 5. Além de que, em gatos, não foi observada diferença entre a utilização de dexametasona e de placebo na melhora das funções neuro- lógicas 39. A utilização de corticosteroides sempre foi controversa entre os autores, devido à falta de reais evidências de benefício em cães, em comparação com os graves efeitos colaterais. Em trabalhos atuais, alguns auto- res 40,41,42,43,44 concluíram que mesmo diante da evidência dos efeitos protetores a favor da medula espinhal, não há diferença significa- tiva na reabilitação funcional ou tempo de recuperação entre animais acometidos por lesão medular aguda que recebem ou não tratamento com essas drogas. O uso de corticosteroides em altas doses em animais com lesões neurológicas está associado com complicações gastrintestinais como a hemorragia, a pancreatite, úlceras e/ou perfurações gástricas 7 , 11 , 1 9 , 3 9. Em um es- tudo retrospectivo com 105 cães com lesões neurológicas tratados com altas doses de S S M P (30mg/kg IV, mais duas aplicações após seis e 36 horas), foram observados distúrbios gastrintestinais em 33,3% dos ani- mais, embora nenhuma alteração tenha sido considerada grave 4 5. Tratamento da doença do disco interver- tebral (DDIV) Tratamento clínico O tratamento clínico da DDIV com per- da da PDP ainda consiste, para alguns au- tores, na administração de SSMP até oito horas após o traumatismo e no concomi- tante encaminhamento para descompressão de emerg ê n c i a 7 , 9 , 1 8 , 2 5 , 2 7. Durante esse inter- valo, deve-se realizar a monitoração da pressão sanguínea sistêmica, e os casos de hipotensão devem ser tratados com fluido- terapia intravenosa, para prevenir a dimi- nuição da perfusão da medula espinhal 7. Tratamento cirúrgico O tratamento cirúrgico para animais com “horas de ouro” – são as primeiras horas após o traumatismo. Durante esse intervalo de tempo, os tratamentos clínicos e cirúrg i- cos são mais efetivos contra os eventos se- cundários e a subsequente liquefação autolí- tica do parênquima medular, até então pre- servado. A demora no manejo correto pode resultar em um período de recuperação pro- longado ou em paralisia permanente 9 , 2 1. Na atualidade, o tratamento farmacológi- co para a lesão medular aguda consiste na aplicação de neuroprotetores (substâncias que visam prevenir ou limitar os mecanis- mos de lesão secundária na medula espinhal) como antioxidantes, antagonistas dos canais de cálcio ou dos opiáceos, anti-inflamatórios não esteroides, hormônio liberador da tireo- tropina, aminoesteroides, quelantes do ferro, dentre outros, sendo os corticosteroides os fármacos tradicionalmente mais utilizados em animais e em seres humanos 13,21,34,35. Corticosteroides na lesão medular aguda Acredita-se que o efeito benéfico dos corticosteroides na lesão aguda grave da medula espinhal se baseie na inibição da peroxidação lipídica induzida por radicais livres; na melhora do fluxo sanguíneo pós- traumático à medula espinhal; no bloqueio da liberação de ácidos graxos livres e de ei- cosanóides; na perda de colesterol; na facilitação da remoção de cálcio intracelu- lar acumulado; na promoção da atividade da Na+/K+ ATPase; na inibição da resposta inflamatória; na prevenção da liberação de enzimas lisossomais; e na redução do ede- ma 1 0 , 1 5 , 1 9 , 2 1 , 3 6. O succinato sódico de metilpredinisolona (SSMP) é o corticosteroide de eleição para a terapia da lesão aguda e grave da medula es- pinhal 15. Esse fármaco tem sido amplamente Figura 7 - A) Representação dos três compartimentos em um segmento vertebral. O comparti- mento dorsal inclui o processo espinhoso, os processos articulares, a lâmina, os pedículos e os ligamentos de sustentação. O compartimento médio contém o ligamento longitudinal dorsal, o ânulo fibroso dorsal e o assoalho do canal vertebral. O compartimento ventral consiste no restante do corpo vertebral e no ânulo fibroso. B) Fratura vertebral instável, com comprometimento dos três compartimentos Figura 8 - Mielografia com acúmulo do meio de contraste de forma irregular dentro da medula espinhal (seta) de um cão com sinais clínicos sugestivos de MHP Tratamento cirúrgico A cirurgia é indicada para estabilizar e descomprimir a medula espinhal 25. O fator- chave para determinar o tratamento clínico ou cirúrgico é o grau de instabilidade, que deve ser avaliado pela teoria dos três com- p a r t i m e n t o s 1 9 (Figura 7). Cães com traumatismo vertebral instável e com ausência de PDP devem ser avaliados por meio de mielografia ou de ressonância magnética para detectar evidências de transecção da medula espinhal ou extensa necrose. Não havendo nenhuma dessas alte- rações, o cirurgião pode praticar hemilami- nectomia, a fim de descomprimir (nos casos em que há compressão extradural) e identifi- car uma possível MHP. Caso a medula espi- nhal esteja íntegra, procede-se à fixação ci- rúrgica 3. Os procedimentos cirúrgicos descom- pressivos podem ser a hemilaminectomia uni ou bilateral e a laminectomia dorsal 18, sendo a hemilaminectomia preferível, por promover menor instabilidade adicional que a laminectomia dorsal 9,15. Os procedimentos cirúrgicos para estabilização vertebral tora- colombar incluem a fixação dos processos espinhosos dorsais com placas plásticas ou metálicas; a fixação dos corpos vertebrais com pinos de Steinman ou parafusos interli- gados com polimetilmetacrilato, ou ainda com placas plásticas ou metálicas; e a fixa- ção segmentar dorsal modificada, dentre ou- tras técnicas 3,18,48,49, sendo que a escolha vai depender do tipo de fratura, da idade, do peso, dos materiais disponíveis e da prefe- rência do cirurgião. Tratamento do infarto medular por embolismo fibrocartilaginoso Não há nenhum tratamento específico contra esta afecção 3 1, nem evidência de que qualquer tratamento possua maior valor que os cuidados gerais de enfermagem para os pacientes que permanecem em decúbito 2 6. Se o animal for atendido nas primeiras seis horas após a paralisia, pode ser instituído o tratamento com corticosteroides, igual ao r e- comendando para o traumatismo espinhal a g u d o 9 , 2 6 , 3 1, com o objetivo de diminuir o ede- ma e a inflamação da medula espinhal 9. PROGNÓSTICO Prognóstico em cães com extrusão de disco intervertebral O principal fator a ser considerado é a presença ou a ausência de PDP. Dentre os cães sem PDP, os principais parâmetros a serem avaliados são a velocidade do apare- cimento e a duração da analgesia e o perío- do de tempo para que ocorra a recuperação da percepção dolorosa 7 , 2 7. A perda hiperaguda (menos de uma hora) da função motora voluntária e da PDP foi associada a um prognóstico estatisticamente pior (apenas 22% se recuperaram), em com- paração com os animais que perderam a PDP de forma aguda, entre uma a 24 horas (67% obtiveram sucesso no tratamento), ou de forma gradual, com tempo superior a 24 horas (taxa da sucesso de 90%) 50. Semelhan- temente, em outro trabalho, dos quize cães que desenvolveram os sinais clínicos de forma aguda, seis (40%) se recuperaram, e dos catorze animais que desenvolveram os sinais clínicos de forma gradual, doze (86%) obtiveram sucesso no tratamento 51. No en- tanto, outros autores obtiveram resultados contrários, sendo que a taxa de sucesso foi maior entre os animais que perderam a sen- sibilidade de forma hiperaguda (71,4%), ao passo que nos animaiscuja evolução foi aguda e gradual as taxas de recuperação foram de 32% e 50%, respectivamente 41. Outro importante fator é o intervalo de tempo decorrido entre a perda da PDP e o tratamento cirúrgico. Há uma tendência para melhores resultados funcionais quando os cães são operados dentro das primeiras doze horas após a perda da sensibilidade do- l o r o s a 2 7. A cirurgia dos cães sem PDP deve ser realizada dentro das primeiras duas horas para a possível recuperação funcional, sendo a taxa de recuperação dos animais operados após 48 horas de apenas 5% 9. A taxa de su- cesso entre animais operados nas primeiras doze horas após a perda da sensibilidade à dor profunda foi de 85%. Nos operados entre 12 e 24 horas, a taxa de recuperação de 50%, e entre 24 e 48 horas, de 33%. Nos cães operados entre 48 e 72 horas, o sucesso foi de 50%, e o único cão operado 72 horas após a perda da PDP obteve sucesso total no tratamento cirúrgico 50. Dentre outros cães operados 48 horas após a perda da PDP, 77,4% obtiveram sucesso no retorno à deambulação 52. Em outro trabalho que en- volvia 28 cães sem PDP, dez foram operados com menos de 48 horas, e a taxa de sucesso foi de 50%. Catorze cães foram operados entre dois e sete dias, dos quais nove cães (64%) se recuperaram, e todos os quatro cães operados mais de sete dias após a perda da PDP obtiveram sucesso no tratamento 51. Dentre oito cães com analgesia dos mem- bros pélvicos tratados cirurgicamente, todos retornaram à deambulação. Os cães foram operados entre dois e cinco dias após o iní- D D I V na região toracolombar e perda da P D P deve ser realizado sem demora, sendo considerado uma emergência neurológica 9, e deve compreender: descompressão da me- dula espinhal (hemilaminectomia ou lami- nectomia), remoção do material do disco extravasado no canal vertebral, redução do edema e da isquemia medular, avaliação macroscópica e irrigação intraoperatória da medula espinhal 7 , 1 8. A hemilaminectomia é mais indicada nas lesões craniais do seg- mento L3 da medula espinhal. Nas lesões caudais do segmento medular L3, a la- minectomia dorsal previne lesão iatrogênica de importantes nervos do plexo lom- b o s s a c r o 7. Cães com paralisia aguda por DDIV e sem resposta a dor profunda devem sofrer descompressão dentro de duas horas para a melhor recuperação funcional possível. A c i r u rgia também é recomendada para cães com ausência de PDP há mais de 48 horas; entretanto, as taxas e a qualidade da recuperação são muito menos previsí- v e i s 9. A durotomia é indicada para cães com ausência de dor profunda por DDIV e tem como objetivo permitir a inspeção direta da medula espinhal a fim de detectar ede- ma, contusões e mielomalacia, não ofere- cendo benefícios quanto à recuperação f u n c i o n a l 7,46. A irrigação da medula espinhal com solu- ção salina normotérmica ou resfriada tam- bém é recomendada para cães com trauma- tismo da medula espinhal e perda de PDP, com o objetivo de diminuir a peroxidação li- pídica, oferecendo benefícios na recupera- ção funcional 7,47. Tratamento do traumatismo da coluna vertebral Tratamento clínico Junto com a estabilização orgânica do paciente, aqueles que permanecerem em decúbito, incapazes de se mover, com sus- peita de instabilidade vertebral, devem ser postos em uma superfície firme, como uma tábua ou uma mesa, e serem fixados com fitas adesivas (Figura 3A), ou receber uma imobilização externa com talas (Figura 3B), para imp edir a movimentação e lesão adicional da medula espinhal, enquanto se inicia o tratamento adequado. Deve-se controlar a possível hipotensão com flui- doterapia, e em seguida instituir o trata- mento com SSMP, o mais rápido possível, dentro das primeiras oito horas após o trau- m a t i s m o 9 , 1 5 , 1 9. x x ma), em imagens T2-ponderadas, maiores ou iguais ao comprimento da segunda vérte- bra lombar obtiveram piores resultados (55% de recuperação) em relação aos que não apresentavam áreas hiperintensas (100% de recuperação) 51. Prognóstico em cães com fraturas/ luxações vertebrais Os animais que perderam a sensibilidade dolorosa profunda após sofrerem traumatis- mos vertebrais exógenos apresentam comu- mente um prognóstico de recuperação des- f a v o r á v e l 2 5, pois nesse tipo de lesão, a au- sência de nocicepção está frequentemente associada à transecção da medula espinhal ou ao rápido desenvolvimento de mieloma- l a c i a 5 6 , 5 7 , 5 8. A determinação do prognóstico por meio de imagens radiográficas se baseia no grau de estreitamento do canal vertebral e do des- locamento vertebral 59. Cães sem PDP que apresentam algum grau de deslocamento vertebral possuem menos de 5% de possibi- lidade de recuperação funcional, ao passo que nos animais sem PDP e sem desloca- mento vertebral, as possibilidades sobem para 25% 60. Os animais que perderam a PDP enquan- to sofreram deslocamento de 100% do canal vertebral não terão possibilidade alguma de retorno funcional, devido à transecção total da medula espinhal (Figura 9) 18,25. O critério de prognóstico grave para cães sem PDP é de deslocamento igual ou superior a 30% do canal vertebral 59, enquanto outros autores observaram ser de 60% o grau máximo de deslocamento na região lombar para m a n t e r a PDP intacta nos membros pélvicos 5 6. No en- tanto, a utilização de imagens radiográficas para determinar o prognóstico de cães com traumatismo vertebral tem uma série de li- mitações, pois a radiografia revela o grau de lesão da coluna vertebral, e não da medula espinhal 59. Sinais neurológicos como a pos- tura de Schiff-Sherrington, a presença do re- flexo extensor cruzado (extensão do mem- bro oposto ao membro estimulado) e do sinal de Babinski (extensão dos dígitos quando ocorre a estimulação da superfície caudolateral, a partir do jarrete em direção aos dígitos) estão mais relacionados com lesões graves da medula espinhal 9,56,60. Prognóstico em cães com embolismo fibrocartilaginoso Para cães acometidos por infarto medular causado por embolismo fibrocartilaginoso, o prognóstico em termos de recuperação funcional é muito imprevisível, refletindo a variável gravidade da lesão característica dessa afecção 2 7 , 3 1. O prognóstico é favorável para os cães com sensibilidade intacta à dor profunda, sinais estritamente atribuídos ao NMS e que recuperaram a condição funcio- nal dentro das duas primeiras semanas após a lesão da medula espinhal2 5 , 2 7 , 6 0. Entretanto, uma minoria poderá se recuperar entre 15 e 45 dias 6 1. Para cães incapacitados de cami- n h a r, especialmente os de raças de grande porte e gigantes, o prognóstico é reservado 27. Os sinais clínicos de paralisia simétrica, com envolvimento do NMI e perda da PDP, apresentam um prognóstico desfavorável no sentido de uma recuperação satisfatória da E F C 2 5 , 6 1. CAMINHAR ESPINHAL É importante ressaltar que alguns ani- mais conseguem readquirir a capacidade de caminhar sem recuperar a PDP. Em um tra- balho que envolvia cães sem PDP, dois (22,2%) dos nove animais vítimas de trau- matismo vertebral não recuperaram a dor profunda, mas readquiriram a capacidade de c a m i n h a r 5 4. Nesse mesmo trabalho, dezoito cães acometidos por DDIV também não re- cuperaram a sensibilidade dolorosa, mas sete (38%) recuperaram a capacidade de ca- minhar em até um ano e meio. O surg i m e n- to de atividade motora involuntária em cães que permanecem sem PDP pode ser indica- tivo do desenvolvimento do caminhar espi- nhal reflexo, originado do mecanismo de plasticidade neuronal e da formação de cir- cuitos locais 5 3. Basicamente dois pontos são utilizados para a caracterização do reflexo: a percep- ção de dor profunda está ausente nesses cães, e o tipo característico de marcha (quando os membros pélvicos não acompa- nham os torácicos, com dificuldades bem manifestadas nas curvas e inaptidão de ca- minhar para trás) 2. CUIDADOS E MANEJO COM O CÃO PA R A P L É G I C O Os animais paraplégicos necessitam de cuidados de enfermagem intensivos durante o período de recuperação ou durante toda a vida(nos casos de lesão irreversível da me- dula espinhal). Deve-se dar atenção ao esva- ziamento vesical e intestinal, por meio de massagem abdominal ou sondagem vesical quatro vezes ao dia, e do fornecimento de dieta adequada; à prevenção de assaduras na pele e ulcerações cutâneas por decúbito, por meio de limpeza cutânea constante de urina cio dos sinais clínicos (média de três dias), sendo seis animais operados com mais de 48 horas (média de 3,5 dias) e dois operados dois dias após início dos sinais 5 3. De acordo com esse estudo, embora a ausência de PDP indique lesão medular grave, a perda da fun- ção neurológica não é necessariamente irre- versível, e em muitos casos, devido ao pre- conceito existente quanto à recuperação ou não de cães sem PDP, os animais não são operados ou são submetidos à eutanásia. Atualmente, o indicador mais sensível para a recuperação funcional dos casos de paraplegia com perda da PDP causada por extrusão de disco intervertebral é a recupe- ração dessa sensibilidade num intervalo de até duas semanas após a descompressão ci- r ú rg i c a 7. Dos cães que recuperaram a sensibilidade dolorosa até duas semanas após a cirurgia, 66,7% se recuperaram completamente, ao passo que dos animais que permaneceram sem dor profunda por mais de duas semanas após a descompressão, apenas 10% se recu- peraram 41. Outros autores observaram que 95% dos cães que recuperaram a dor profun- da até duas semanas após a descompressão obtiveram sucesso no tratamento, enquanto somente 16,6% dos cães que permaneceram sem dor profunda por mais de catorze dias se recuperaram 50. Em outro trabalho, entretan- to, dos animais que responderam positiva- mente ao tratamento cirúrgico e voltaram a caminhar, 41% readquiriram a PDP durante a primeira semana de pós-operatório, 38% durante a segunda semana e 17%, durante a terceira semana 54. A mielografia tem sido utilizada para de- terminar o prognóstico de cães com DDIV. Foi proposto que cães acometidos por extru- são de disco intervertebral sem PDP que apresentavam diminuição da coluna de con- traste por um espaço maior que cinco vezes o comprimento da segunda vértebra lombar tinham pior prognóstico (taxa de recupera- ção de 26%) em comparação com os cães em que a coluna de contraste diminuía num intervalo menor que o anterior (recuperação em 61% dos casos), devido à extensão da lesão e a edema da medula espinhal 55. No entanto, posteriormente, foi possível con- cluir que esse parâmetro de avaliação não tinha relação com os resultados funcionais finais 50. Em um estudo envolvendo 77 cães aco- metidos por DDIV submetidos à RM, os a n i- mais que apresentaram áreas hiperintensas na medula espinhal (necrose, mielomalacia, he- morragia intramedular, inflamação e ede- reto pode resultar em um período de recu- peração prolongado ou em paralisia perma- n e n t e . O parâmetro isolado da perda da percep- ção de dor profunda não deve desencorajar a realização da terapia, pois, conforme a lite- ratura e a experiência dos autores desta revi- são, há ocorrência de recuperação da deam- bulação, voluntária ou involuntária, nesses casos. REFERÊNCIAS 01-BURKE, M. J. ; COLTER, S. B. A practical review of canine and feline spinal cord anatomy. Progress in Veterinary Neurology, Montreal, v. 1, n. 4, p. 358- 370, 1990. 02-CORDEIRO, J. M. C. A medula espinhal. In:__. Exame neurológico de pequenos animais. Pelotas: EDUCAT, 1996. p. 151-166. 03-WHEELER, S. J. ; SHARP, N. J. H. Diagnóstico e tratamento cirúrgico das afecções espinhais do cão e do gato. 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Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, Princeton, v. 25, n. 4, p. 266-275, 2003. e fezes e mudança de decúbito a cada quatro horas; ao tratamento de feridas inerentes ao traumatismo (geralmente nos casos de atro- pelamentos) e à realização de fisioterapia passiva e ativa, para evitar atrofia e contratu- ra muscular e perda da função articular e neuromuscular 3,7,27. CONSIDERAÇÕES FINAIS A paraplegia aguda com perda da percep- ção de dor profunda, independentemente da causa, é uma ocorrência frequente dentro da neurologia em animais da espécie canina. Dessa forma, o conhecimento dos mecanis- mos de lesão, das diversas opções terapêuti- cas e dos fatores que influenciam no resulta- do final é de fundamental importância para se obter sucesso no tratamento e, desta ma- neira, contribuir para a recuperação do maior número possível de animais e para a satisfação dos proprietários. Os tratamentos clínico e cirúrgico para animais com perda da PDP causada por e x- trusão de disco intervertebral ou por t r a u- matismo vertebral devem ser realizados sem demora, sendo considerados emerg ê n- cias neurológicas. O retardo no manejo cor- Figura 9 - Fratura vertebral instável, com deslo- camento de 100% do canal vertebral, entre T9 e T10 em um cão com ausência de PDP x 16-SHORES, A. Spinal trauma. Pathophysiology and management of traumatic spinal injuries. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 22, n. 4, p. 859-888, 1992. 17-KRAUS, K. H. Medical management of acute spinal cord disease. In: KIRK, R. W. C u r rent veterinary therapy XIII: small animal practice. Philadelphia: Saunders, 2000. p.186-190. 18-PEDRO NETO, O. Traumatismo espinhal agudo. In: RABELO, R. C. ; CROWE, D. T. Fundamentos da terapia intensiva veterinária em pequenos animais: condutas no paciente crítico. Rio de Janeiro: L. F. 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