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Paraplegia Aguda em Cães

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Prévia do material em texto

Bruno Martins Araújo
MV, residente (R1)
HV/UFRPE
bmaraujo85@hotmail.com
Mônica Vicky Bahr Arias
MV, dra. profa. ass.
Depto. Clínicas Veterinárias UEL
vicky@uel.br
Eduardo Alberto Tudury
MV, dr. prof. ass. II
Depto. Medicina Veterinária UFRPE
eat@dmv.ufrpe.br
Paraplegia aguda com perda da 
percepção de dor profunda em cães: 
revisão de literatura
Resumo: A paraplegia aguda com perda da percepção de dor profunda indica lesão medu-
lar grave, capaz de lesionar fibras bastante resistentes à lesão e localizadas profundamente
na medula espinhal. Várias enfermidades são consideradas no diagnóstico diferencial de
cães com essa alteração, em que na maioria dos casos, a lesão ocorre por extrusão de disco
intervertebral, fraturas/luxações vertebrais e embolismo fibrocartilaginoso. O diagnóstico
baseia-se na resenha clínica, na anamnese, na evolução aguda dos sinais clínicos e nos
resultados do exame neurológico e de exames complementares, como imagens da coluna
vertebral e da medula espinhal. O tratamento deve ser direcionado na prevenção da destrui-
ção neuronal bioquímica, na descompressão da medula espinhal e/ou na estabilização da
coluna vertebral. O prognóstico varia de reservado a desfavorável, dependendo da etiologia
da lesão e das opções de tratamento disponíveis.
Unitermos: sistema nervoso, afecções da medula espinhal, analgesia
agudos, los resultados del examen neurológico y pruebas adicionales como la obtención de
imágenes de la columna vertebral y médula espinal. El tratamiento debe ser dirigido a la 
prevención de la destrucción neuronal bioquímica, la descompresión de la médula espinal y/o
en la estabilización de la columna vertebral. El pronóstico varía de reservado a desfavorable,
dependiendo de la etiología de las lesiones y las opciones de los tratamientos disponibles.
Palabras clave: sistema nervioso, enfermedades de la médula espinal, analgesia
Resumen: La paraplejia aguda con pérdida de la percepción del dolor profundo indica lesión
medular severa, capaz de lesionar fibras muy resistentes a lesiones y situadas 
profundamente en la médula espinal. Varias enfermedades deben ser consideradas en el
diagnóstico diferencial de esta alteración, que en la mayoría de los casos, tienen lesiones por
extrusión del disco intervertebral, fracturas / dislocaciones vertebrales o embolismo 
fibrocartilaginoso. El diagnóstico se basa en la reseña, la anamnesis, los signos clínicos 
Abstract: Acute paraplegia with loss of deep pain perception (DPP) indicates severe spinal
injury, capable of damaging resistant fibers that are deeply situated in the spinal cord. Several
conditions are considered for the differential diagnosis of dogs with this alteration. In most
cases, the lesion occurs by intervertebral disk extrusion, vertebral fractures/luxations and
fibrocartilaginous embolism 10,11. The initial mechanisms of acute spinal lesion correspond to
the primary injury. They occur at the moment of injury, with the partial or complete rupture of
nervous tissue and the loss of medullary tissue, which are considered untreatable lesions.
Afterwards, a series of vascular and metabolic alterations take place, which constitute the
events referred to as secondary lesions 12,13,14,15. The diagnosis is based on patient signalment,
history, on the acute evolution of clinical signs and on the results of the neurological exam and 
complementary exams, such as imaging of the vertebral column and the spinal cord. The
treatment must be directed towards preventing biochemical neuronal destruction 9,21, with the
use of neuroprotectors (substances which prevent or limit the mechanisms of secondary injury
to the spinal cord). Corticosteroids have been the most frequently employed drugs in 
decompression of the spinal cord and/or stabilization of the vertebral column, both in animals
and human beings 13,21,34,35. They are frequently associated with gastrointestinal complications
like hemorrhage, pancreatitis, ulcers and/or gastric perforations 7 , 11 , 1 9 , 3 9. The medical 
management of the intervertebral disk disease (IVDD) with loss of DPP still consists, for some
authors, in the administration of methylprednisolone sodium succinate (MPSS) during the
eight hours following trauma, and in the referral for emergency decompression 7,9,18,25,27.
Surgical treatment of these animals must be readily arranged, as it is considered a 
neuro logical emergency 9, and must entail: decompression of the spinal cord 
(hemilaminectomy or laminectomy), removal of the disk material extruded into the vertebral
canal, decrease of medullary edema and ischemia, macroscopic evaluation and 
intraoperatory irrigation of the spinal cord 7,18. Animals that present with spinal trauma and 
suspected vertebral instability must be placed in a firm surface to avoid movement and 
additional injury to the spinal cord, while proper treatment is initiated. Hypotension must be
controlled through the use of fluids, and followed by treatment with MPSS as soon as 
possible, within the first eight hours after trauma 9,15,19. Surgery is indicated for cases 
presenting with vertebral instability, in which animals must be evaluated through mielography
or magnetic ressonance to detect evidence of spinal cord transection or extensive necrosis.
If none of these alterations are present, the surgeon may perform a hemilaminectomy, to
decompress (in cases where there is extradural compression) and identify a possible 
progress ive hemorrhagic myelomalac ia (PHM). If the spinal cord is intact, surgical 
fixation takes place 3. There is no specific treatment for FCE 31, nor is there evidence that any
treatment possesses more value than the general nursing care for patients that remain 
recumbent 26. The prognosis varies from guarded to unfavorable, depending on the etiology of
the lesion and on the available treatment options. In IVDD, the main factor to be considered
is the presence or absence of DPP. Among dogs without DPP, the main parameters to be
evaluated are speed of occurrence and duration of analgesia, and the recovery time frame to
pain perception 7,27. Animals which have lost deep pain perception after suffering exogenous
vertebral trauma usually present an unfavorable prognosis for recovery 25, because in this type
of injury, the lack of nociception is frequently associated with the transection of the spinal cord
or to the rapid onset of PHM 56,57,58. For dogs suffering medullary infarction due to FCE, 
prognosis in terms of recovery of function is very unpredictable, reflecting the varying 
severity of the characteristic lesion of this disease 27,31. It is important to point out that some
animals manage to regain the ability to walk without recovering DPP. In these animals, the 
occurrence of involuntary motor activity may indicate the development of spinal cord reflex
walk, which originates from the mechanism of neural plasticity and the formation of local 
circuits 53. Paraplegic animals need intensive nursing care during their recovery period or 
during their entire life (in cases where there is irreparable spinal cord injury). Attention must
be given to the emptying of the bladder and intestines, by means of abdominal massage or
urinary catheter, and the use of an appropriate diet; to the prevention of skin sores and 
decubitus ulcers, by constantly cleaning the skin of urine and feces and changing position
every four hours; to the treatment of trauma related wounds (usually in case of car accidents)
and to the use of passive and active physical therapy, to avoid muscle atrophy and 
contracture and loss of articular and neuromuscular function 3,7,27.
Keywords: nervous system, spinal cord diseases, analgesia
Acute paraplegia with loss of deep pain 
perception in dogs: literature review
Paraplejia aguda con pérdida de la percepción
del dolor profundo en perros:
revisión de literatura
x
(Figura 1) é importante na determinação da
sintomatologia e do acompanhamento evo-
lutivo dos processos medulares, principal-
mente os traumático-compressivos2.
Fibras nervosas da medula espinhal e os
efeitos das lesões
Os tratos ascendentes e descendentes da
substância branca da medula espinhal são
compostos de fibras de diferentes tamanhos,
a maioria das quais tem bainha de mielina.
As fibras maiores são mielinizadas e são
condutores mais rápidos, transmitindo as in-
formações de propriocepção consciente e in-
consciente. As fibras motoras, que promo-
vem a movimentação voluntária, são de ta-
manho intermediário e mielinizadas. Já as
fibras menores e mielinizadas transmitem a
sensação dolorosa superficial, enquanto as
fibras menores e não mielinizadas transmi-
tem a sensação dolorosa profunda 2,3. A gra-
vidade das deficiências neurológicas depen-
derá de dois aspectos anatômicos: o diâme-
tro da fibra que transmite a função e a posi-
ção do trato na medula espinhal 3.
Diante de graus progressivos de lesão à
medula espinhal, ocorre aumento da isque-
mia e desmielinização, e algumas funções
neurológicas se perdem numa ordem previ-
sível, segundo o grau de mielinização e o
diâmetro das fibras que promovem a media-
ção de determinado tipo de função. As fibras
que transmitem as informações de proprio-
cepção consciente e inconsciente são as pri-
meiras a serem afetadas. As fibras que per-
mitem a mediação das funções motoras vo-
luntárias e as que promovem a mediação da
apreciação da dor superficial são afetadas
em seguida, e as pequenas fibras que promo-
vem a apreciação da dor profunda são as úl-
timas a serem acometidas. Quanto maior o
grau de deficiência neurológica, pior o prog-
nóstico em termos de recuperação funcional
(Figura 2). Durante a recuperação, as fun-
ções retornam na ordem inversa. A dor pro-
funda retorna em primeiro lugar, e a proprio-
cepção consciente, por último 5,6.
A posição dos tratos da medula espinhal
também contribui para a progressão dos
sinais clínicos. Os tratos ascendentes de pro-
priocepção consciente (fascículo grácil e cu-
neiforme) situam-se superficialmente no fu-
nículo dorsal da medula espinhal, sendo
mais susceptíveis a lesão medular. Em con-
traste, os tratos espinotalâmicos, que são os
mais resistentes a lesões, situam-se mais
profundamente 3.
Os animais nos quais a lesão se limita à
substância cinzenta da coluna toracolombar
podem permanecer assintomáticos. As le-
sões da substância cinzenta (com exceção das
localizadas nas intumescências) têm meno-
res consequências clínicas quando compara-
das com as lesões da substância branca, que
contêm os tratos ascendentes e descendentes 7.
Vias da dor
A percepção de dor profunda (PDP) é a
função mais resistente a lesões da medula
espinhal e é a última a desaparecer 8.
É o sistema espinotalâmico que transpor-
ta os estímulos de dor e de temperatura
advindos dos membros e do corpo nos ani-
mais 4, sendo essa uma via complexa, bilate-
ral, multissináptica, formada por fibras pe-
quenas mielinizadas e amielinizadas, muito
resistentes em comparação com as fibras de
outros tratos 9. Dessa forma, para abolir a
INTRODUÇÃO
O aparecimento súbito de paraplegia,
acompanhado de perda da percepção de dor
profunda, é de ocorrência frequente em cães,
gerando sofrimento tanto para os animais
quanto para seus proprietários e exigindo
por parte dos médicos veterinários conheci-
mentos neurológicos e neurocirúrgicos apu-
rados, que serão expostos nesta revisão, para
que se possa obter melhora do diagnóstico e
recuperação funcional desses pacientes. 
NEUROANATOMIA
Medula espinhal
A medula espinhal é a principal via de
transmissão de impulsos nervosos entre o
encéfalo e as extremidades 1,2. Situa-se no
canal vertebral e se estende desde o limite
caudal do bulbo, no forame magno, até a
porção caudal das vértebras lombares 3. Alo-
ja-se estreitamente na porção toracolombar
do canal vertebral, fato que explica a urgên-
cia do tratamento das lesões nessa região 2,3.
É composta pelas substâncias branca e
cinzenta, sendo a branca formada por grupos
ascendentes e descendentes de axônios de-
nominados tratos 4. Os tratos são geralmente
classificados conforme o local onde se origi-
nam e onde terminam, podendo ser dividi-
dos naqueles que ascendem para o encéfalo,
conduzindo informações sensitivas ( a f e r e n-
tes), e aqueles que advêm do cérebro e do
tronco encefálico (eferentes), e são motoras
para os músculos flexores e extensores 1,4.
Quatro tratos são considerados no siste-
ma eferente, sendo divididos em dois gru-
pos. O primeiro é formado pelos tratos que
facilitam os músculos flexores, permitindo
a movimentação voluntária (tratos cortico-
espinhal e rubroespinhal). O segundo grupo
é o formado pelos tratos que facilitam os
músculos extensores, contribuindo para a
postura e o suporte do peso contra a gravi-
dade (tratos vestibuloespinhal e reticuloes-
p i n h a l ) 1 , 4. Esses tratos são frequentemente
envolvidos nas lesões da medula espinhal,
impossibilitando os animais de sustentarem
o peso e de realizarem a movimentação vo-
luntária, tornando os membros parcial ou to-
talmente paralisados 4.
As vias aferentes são formadas pelos tra-
tos que transmitem informações de proprio-
cepção consciente (fascículos grácil e cunei-
forme), os que conduzem informações de
propriocepção inconsciente para o cerebelo
(tratos espinocerebelares ventral e dorsal), e
pelo sistema espinotalâmico, que conduzem
informações de dor, temperatura e tato 1,4.
O conhecimento da localização dos tratos
x
Figura 1 - Desenho esquemático da medula
espinhal mostrando a posição dos principais
tratos ascendentes e descendentes
Figura 2 - Progressão dos sinais neurológicos e prognóstico, em relação ao diâmetro das fibras e
ao grau de mielinização
Diâmetro da fibra/ Função Sinais de lesão Prognóstico
mielinização neurológica
grande e propriocepção déficitis proprioceptivos favorável
mielinizada
média e movimentação paresia/paralisia favorável
mielinizada voluntária a reservado
pequena e percepção de perda da percepção reservado
mielinizada dor superficial de dor superficial
pequena e percepção de perda da percepção reservado
amielinizada dor profunda de dor profunda a desfavorável
canal vertebral, devido ao componente hídri-
co da gordura epidural 15. Nos casos de fratu-
ras/luxações vertebrais, a compressão é na
maioria das vezes causada por fragmentos
ósseos e coágulos 1 9. Na extrusão de disco in-
tervertebral, a concussão e a compressão cos-
tumam ocorrer em conjunto. O material dis-
cal e o hematoma presentes no canal verte-
bral podem resultar em massa compressiva 6.
Ao contrário do que ocorre nas lesões con-
cussivas, a substância branca é mais suscep-
tível que a cinzenta nos eventos compressi-
vos, uma vez que, ao tentar preservar os cor-
pos neuronais, ocorre depleção da mielina e
dos axônios para acomodar a massa com-
pressiva 17,18.
A isquemia compreende a interrupção do
suprimento sanguíneo arterial para a medula
espinhal. É geralmente causada por embolis-
mo (na maioria das vezes por êmbolo fibro-
cartilaginoso), no qual a interrupção sanguí-
nea pode ser transitória ou permanente 17,18.
Quando ocorre a reperfusão tecidual, a rein-
trodução do oxigênio resulta em formação
de radicais livres, que inicia o processo de
peroxidação lipídica. A substância cinzenta é
mais sensível a essa lesão que a substância
branca, uma vez que em condições normais
a proporção da circulação em relação ás
substâncias cinzenta e branca é de 5:1. As
lesões celulares da isquemia iniciam na
substância cinzenta e se estendem circunfe-
rencialmente por todo um segmento da me-
dula espinhal 17,20,21.
Mecanismos secundários da lesão medular
Com exceção das lesões que causam la-
ceração da medula espinhal, as lesões primá-
rias que ocorrem no momento da lesão são
menos graves quando comparadas com os
eventos secundários, que se desenvolvem no
momento da lesão e podem persistir durante
as 48 horas seguintes 11,19.
Alterações vasculares
As lesões agudas da medula espinhal cau-
sam anormalidades vasculares sistêmicas e
locais, que resultam em progressivo decrés-
cimo na perfusão da medula espinhal, levan-
do à necrosedo segmento medular afetado 11.
Essas alterações hemodinâmicas são resulta-
do da perda da autorregulação, da destruição
da microvascularização, da agregação pla-
quetária com formação de trombos, da libe-
ração de substâncias vasoativas, da com-
pressão vascular e dos vasoespasmos causa-
dos pelo aumento intracelular de cálcio 11,18,19.
A medula espinhal normalmente mantém
constante o seu suprimento sanguíneo, inde-
pendentemente da pressão sistêmica, num
processo denominado de autorregulação 19.
Após uma lesão aguda da medula espinhal,
essa regulação se perde e o suprimento se
torna dependente da pressão sistêmica 11.
Considerando que muitos pacientes apresen-
tam hipotensão, provocada por politrauma-
tismo ou por bloqueio simpático espinhal, a
medula espinhal já comprometida favorece-
ria ainda mais a isquemia 15.
A compressão da medula espinhal decor-
rente de eventos primários é tipicamente
associada ao desenvolvimento de edema va-
sogênico, que ocorre devido à obstrução da
drenagem venosa. O edema vasogênico
associado à compressão aumenta a pressão
intraparenquimatosa, exacerbando os even-
tos isquêmicos 18.
Alterações eletrolíticas
Devido às alterações das membranas ce-
lulares causadas pelos eventos primários e
isquêmicos, ocorrerão alterações na permea-
bilidade celular (diminuição da atividade da
bomba Na+/K+ ATPase) e posterior concen-
tração de eletrólitos, aumentando a concen-
tração de sódio e cálcio no espaço intrace-
lular (EIC) e de potássio no espaço extrace-
lular (EEC) 15. O aumento de sódio no EIC
provoca edema citotóxico e acidose intrace-
lular, o que favorece a abertura dos canais de
cálcio, aumentando sua concentração no
EIC. A diminuição intracelular do potássio
modifica o potencial da membrana, resultan-
do em falha na condução dos neurônios afe-
tados 6,15,20.
Acredita-se que os íons cálcio desempe-
nham função fundamental na patogênese da
isquemia pós-traumática e na morte celular
i s q u ê m i c a 2 0 , 2 1. Além da falha da bomba
Na+/K+ ATPase, o aporte de cálcio para o
interior da célula pode ser causado pelo
evento mecânico traumático e pelo aumento
da concentração de glutamato na fenda siná-
p t i c a 1 5 , 2 2. O aumento da concentração de cál-
cio no EIC causa contração da musculatura
lisa e vasoespasmos, provocando maior is-
quemia tissular 15, diminuindo o funciona-
mento mitocondrial dos neurônios, promo-
vendo a produção de fosfolipase A e ecosa-
noides vasoativos e iniciando a resposta in-
flamatória pela cascata do ácido araquidôni-
co 18,20,21. O ácido araquidônico é metaboliza-
do pela lipoxigenase, produzindo leucotrie-
nos, e pela cicloxigenase, produzindo pros-
taglandinas 6,20,21 e tromboxanos 15. Tanto os
leucotrienos quanto as prostaglandinas são
vasoativos, e podem acentuar a isquemia da
medula espinhal e estimular a agregação p l a-
modalidade de dor profunda, é necessário
uma lesão medular grave, profunda e bilate-
ral 4, o que torna o prognóstico da lesão bas-
tante desfavorável.
ETIOPATOGENIA
Embora várias afecções possam ser con-
sideradas no diagnóstico diferencial de cães
com paraplegia aguda, na maioria dos casos,
a lesão à medula espinhal ocorre por extru-
são de disco intervertebral, fraturas, luxa-
ções e subluxações da coluna vertebral e in-
farto medular (geralmente por embolismo fi-
brocartilaginoso) 10,11.
Os mecanismos iniciais da lesão medular
aguda correspondem à lesão primária, ocor-
rendo no momento da lesão, em que pode
ocorrer a ruptura parcial ou total do tecido
nervoso e a perda de tecido medular, consi-
deradas lesões intratáveis. Posteriormente
ocorre uma série de alterações vasculares e
metabólicas, que constituem os eventos de-
nominados lesões secundárias 12,13,14,15.
Mecanismos primários de lesão medular
A medula espinhal pode ser lesionada de
forma aguda por meio de quatro mecanis-
mos básicos, que incluem: a interrupção
anatômica, a concussão, a compressão e a
isquemia 16,17.
A interrupção anatômica é a destruição
física (total ou parcial) do tecido nervoso,
ocorrendo mais frequentemente nos casos
de fraturas, luxações e subluxações verte-
b r a i s 1 7 , 1 8.
A concussão é o impacto agudo na me-
dula espinhal, com ou sem compressão resi-
dual, geralmente causado por extrusão de
disco intervertebral, fraturas e luxações ver-
tebrais 17,18, e ocasiona o início imediato da
cascata de eventos que levam à progressiva
disfunção da medula espinhal. Em relação à
extrusão de disco intervertebral, a gravidade
da lesão concussiva primária depende da
massa e da velocidade da extrusão do disco
intervertebral no canal vertebral. A substân-
cia cinzenta é mais rígida e frágil que a subs-
tância branca, sendo portanto mais susceptí-
vel à lesão concussiva 6.
A compressão é um efeito em massa, fre-
quentemente causado por extrusão de disco
intervertebral, causando aumento da pres-
são no interior do canal vertebral 1 8. O grau
de compressão na doença do disco interver-
tebral (DDIV) depende do volume da massa,
do diâmetro do canal (sendo mais grave na
região torácica) e do grau de desidratação da
massa do núcleo pulposo 12,15, no qual o mate-
rial de disco voltará a se hidratar dentro do
x
agentes protetores. As células microgliais li-
beram citocinas, interleucina-1, fator alfa de
necrose tumoral e produtos tóxicos potentes,
como peróxido de hidrogênio, óxido nítrico
e proteinases minutos após a lesão 11,18. Os
mediadores inflamatórios podem afetar dire-
tamente a função neuronal, através de altera-
ções iônicas na transmissão sináptica 14, ao
passo que o óxido nítrico pode atuar em
nível de microcirculação 18.
Dias após a lesão medular, é evidente a
concentração de neutrófilos e macrófagos no
sítio da lesão 6. Inicialmente há um aporte de
neutrófilos, que atingem o nível máximo den-
tro de poucas horas. Posteriormente, há um
aporte de macrófagos, que atingem o nível
máximo dentro de cinco a sete dias 14,15,18. As
enzimas produzidas por essas células infla-
matórias podem aumentar a lesão tecidual,
resultando em cavitações nas substâncias
branca e cinzenta, que formam uma barreira
mecânica, impedindo a regeneração axonal 6.
Lesões histológicas e implicações clínicas
Conforme visto anteriormente, a lesão
aguda da medula espinhal inicia uma série
progressiva de eventos patológicos que con-
duzem à necrose tecidual e a uma disfunção
neurológica em graus variáveis, que estão
relacionados com o grau da lesão 20,21.
Dependendo da gravidade do traumatis-
mo, as lesões histológicas da substância cin-
zenta variam de hemorragias petequiais a
grave necrose hemorrágica e cavitação. Na
substância branca, os achados variam de
leve desmielinização a grave necrose he-
morrágica e cavitação. As lesões são mais
bem estabelecidas nas primeiras oito horas,
progredindo durante 48 horas após a lesão
inicial, e a lesão geralmente se expande nos
planos radial e longitudinal nos segmentos
da medula espinhal, mas em casos menos
graves de lesão medular aguda, as alterações
não são tão marcantes 6 , 2 0 , 2 1 , 2 2.
Em alguns animais, após lesão concussi-
va grave, a cascata de eventos continua, ge-
rando progressão longitudinal das alterações
patológicas da medula espinhal em direção
cranial e caudal, resultando em mielomalá-
cia hemorrágica progressiva (MHP) ascen-
dente-descendente poucos dias após a lesão
inicial 6,22.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico das enfermidades que cau-
sam lesões agudas na medula espinhal ba-
seia-se na resenha clínica, na anamnese, nos
sinais clínicos agudos, nos resultados do exa-
me neurológico e de exames complementares,
como obtenção de imagens da coluna verte-
bral e da medula espinhal.
Diagnóstico clínico
A extrusão de disco intervertebral ocorre
principalmente nos animais de raças condro-
distróficas 9 e de raças com tendências con-
d r o d i s t r o f o i d e s 8, acometendo tipicamente
cães de três a sete anos de idade 3,5,9,23,24 que
geralmente não têm histórico de traumatis-
mos. No início, os sinais clínicos podem ser
hiperagudos (minutos) ou agudos, progre-
dindo lentamente por vários dias,ou pode
haver períodos de melhora e subsequente
agravamento 8.
No caso de fratura/luxação vertebral, os
pacientes se apresentam devido a um trauma-
tismo associado na maioria das vezes a aci-
dentes automobilísticos, e sofrem graus va-
riáveis de dor na região dorsal e paresia/para-
lisia, dependendo da gravidade da lesão 2 4. A
história clínica, somada aos achados físicos,
como a área de depressão no dorso, o deslo-
camento lateral do processo espinhoso e a
presença de crepitações, são importantes no
diagnóstico diferencial 18.
Num animal com suspeita de traumatis-
mo vertebral, antes de outros procedimentos,
é fundamental proteger a medula espinhal de
lesões adicionais, através da fixação do ani-
mal numa superfície rígida (Figura 3A) ou
por meio de imobilização externa (Figura
3B), devendo-se posteriormente investigar
outras lesões concomitantes, como pneumo-
tórax, contusão pulmonar, hérnia diafragmá-
tica e fratura de outros ossos 24.
Os cães com embolismo fibrocartilagi-
noso (EFC) possuem idade de juvenil a ge-
riátrica (média de três a sete anos) 2 5 e mani-
festam tipicamente um histórico clínico de
início hiperagudo a agudo de disfunção neu-
rológica espinhal focal assimétrica ou bila-
t e r a l 2 6 , 2 7, em que os sinais clínicos se desen-
volvem intensamente e progridem rápido,
de uma a duas horas, da dor inicial à parali-
sia unilateral ou bilateral 9 , 2 5 , 2 8.
Deve-se suspeitar de MHP quando há des-
locamento cranial progressivo da linha de de-
marcação da perda do reflexo cutâneo do
tronco, ou quando ocorre a perda de reflexos
previamente existentes nos membros pélvi-
c o s 9 , 2 5. Hiperestesia profunda e toxemia são
as marcas características dessa condição 3, fa-
zendo com que o animal fique muito inquie-
to, com dor considerável e aumento da tem-
peratura corporal 8,25.
Quando o infarto e a necrose hemorrági-
ca atingirem a porção cervical da medula es-
pinhal, pode-se observar paralisia respirató-
q u e t á r i a 6 , 2 0 , 2 1. A entrada excessiva de cálcio no
EIC ainda ativa proteases intracelulares,
como a calpaína e a caspase, que destroem o
citoesqueleto e o DNA cromossomal, ini-
c i a ndo a necrose (calpaína) e a morte celular
programada (calpaína e caspase) 1 8.
Peroxidação de lipídios
Na lesão aguda da medula espinhal, há
acúmulo de metabólitos e enzimas que, ao
entrarem em contato com o oxigênio, geral-
mente após a reperfusão capilar, resultam
em formação e acúmulo de radicais livres
extremamente reativos que, quando reagem
com moléculas normais, levam à formação
de outras espécies de radicais livres, criando
desse modo uma reação em cadeia 17,18.
Foi proposto que a peroxidação lipídica é
o maior meio de destruição secundária após
lesão aguda à medula espinhal 11, causando
transtornos aos neurônios e às células gliais
e endoteliais 6. O tecido neuronal é particu-
larmente sensível à lesão mediada por radi-
cais livres 18, pois os ácidos poli-insaturados
ligados aos fosfolipídios da membrana são
especialmente susceptíveis ao ataque dos ra-
dicais livres 20,21. Ao reagirem com o compo-
nente lipídico das membranas celulares, um
processo de peroxidação leva à sua disfun-
ção e à morte celular 18.
Imediatamente após a lesão da medula
espinhal, os níveis teciduais dos subprodutos
dos ácidos graxos poli-insaturados da mem-
brana celular ficam aumentados, enquanto
os níveis de antioxidantes endógenos como
o alfa-tocoferol sofrem depleção 20,21.
Após hemorragia devida a uma lesão me-
dular, ocorre extravasamento de componen-
tes sanguíneos, como o ferro e o cobre, e
produtos da degradação da hemoglobina,
como a hematina, que catalisam o processo
de peroxidação da membrana celular 6,20,21.
Liberação de opioides endógenos
Foi proposto que os opioides endógenos
contribuem para a isquemia da medula espi-
nhal através de ações sobre o fluxo sanguí-
neo microcirculatório 2 0 , 2 1. Lesões experi-
mentais da medula espinhal resultaram em
hipotensão, possivelmente deflagrada pela
liberação desses compostos 10. Os fatores que
deflagram a liberação e a atividade dos
opioides endógenos ou dos receptores de
opioides ainda não estão completamente es-
clarecidos 15,20,21.
Reação inflamatória
As respostas inflamatórias resultam na
produção de uma variedade de citocinas e
x
dade, tentativa de fugir, virar a cabeça, voca-
lizar, rosnar e tentar morder o examinad o r
indica percepção dolorosa superficial7 , 9 , 2 6. Es-
tando a dor superficial presente, não há ne-
cessidade de induzir a dor profunda, uma
vez que ela também estará presente 9. No en-
tanto, se não há resposta comportamental,
deve-se testar a dor profunda, aplicando-se
pressão com uma pinça na base da unha, nos
dígitos e na cauda 26,27.
É de importância vital compreender que a
percepção de dor significa reconhecimento
do córtex cerebral à resposta ao estímulo no-
civo, e que o reflexo flexor de uma parte do
corpo não indica percepção dolorosa. O pa-
ciente deve apresentar alguma reação com-
portamental para que se considere normal a
percepção dolorosa consciente 7,27.
Nos casos em que a sensação de dor cons-
ciente está presente, há boa possibilidade de
os cães recuperarem a capacidade de deam-
bulação normal ou próxima do normal. Mas
se a sensação dolorosa profunda estiver au-
sente, a possibilidade de recuperação da
deambulação satisfatória é reservada ou des-
favorável, dependendo da natureza e da d u-
ração da lesão e das opções de tratamento 26. A
razão para isso é que os tratos espinhais que
possuem fibras sensitivas para dor profunda
são bilaterais, multissinápticos, compostos
de fibras de pequeno diâmetro, amieliniza-
das, distribuídas por toda a medula espinhal
e portanto muito resistentes a lesões 9,26.
Diagnóstico baseado em imagens
Uma vez que o diagnóstico neuroanatô-
mico tenha sido feito, deve-se utilizar técni-
cas de diagnóstico por imagem.
Exame radiográfico simples
O estudo radiográfico de animais para-
plégicos com suspeita de extrusão de disco
intervertebral deve incluir, no mínimo, sob
anestesia geral, as projeções lateral e ventro-
dorsal da coluna toracolombar/lombar, cen-
trando o feixe de raios no espaço interverte-
bral sob suspeita 5,23,29. Nem todos os discos
intervertebrais herniados são aparentes nas
radiografias simples, mesmo quando se
obtém o posicionamento e a técnica ideal 23.
A evidência radiográfica de extrusão de
disco intervertebral toracolombar inclui es-
tenose e encunhamento de espaço interverte-
bral, estenose ou obscurecimento/mascara-
mento do forame intervertebral, estreitamen-
to do espaço das facetas articulares e mate-
ria por lesão nas origens da inervação inter-
costal e frênica 8,27.
Exame neurológico
É fundamental para determinar a etiolo-
gia da lesão, a localização neuroanatômica e
a extensão da lesão e para identificar lesões
medulares múltiplas, além de ajudar a deter-
minar a terapia adequada e estabelecer o
prognóstico da lesão. Deve-se realizar o exa-
me com cautela, principalmente em animais
com suspeita de fraturas/luxações vertebrais,
para evitar lesão adicional na medula espi-
nhal. Nesses animais, deve-se realizar o exa-
me neurológico numa superfície plana e rígi-
da, preferencialmente com o animal fixo (Fi-
gura 3).
Inicialmente, avaliam-se as funções vitais
e o estado mental. É possível que um animal
vítima de fratura/luxação vertebral que este-
ja apresentando diminuição da consciência
e/ou deficiências em nervos cranianos tam-
bém tenha sofrido traumatismo cranioence-
fálico concomitante.
Durante o exame, deve-se observar a
ocorrência de qualquer movimento voluntá-
rio, que se associa a melhor prognóstico. A
postura de Schiff-Sherrington (Figura 4) ge-
ralmente ocorre em lesões agudas graves da
porção toracolombar da coluna, estando mui-
tas vezes associada a mau prognóstico.O re-
flexo cutâneo do tronco pode ser útil para de-
terminar o nível da lesão na medula espinhal.
A palpação cuidadosa da coluna vertebral
pode ajudar a identificar áreas de instabili-
dade, depressão, desnível e/ou crepitação ver-
tebral sugestivos defraturas/luxações verte-
brais, áreas de hiperpatia em animais com
s u speita de DDIV, e pode até mesmo eviden-
ciar a ausência de dor, que é útil no diagnós-
tico de EFC.
Por fim, testa-se a sensibilidade dolorosa
nos membros locomotores, sendo este o
principal meio de estabelecer o prognóstico
em cães com lesões medulares na região to-
racolombar.
Exame sensorial 
Testa-se a sensibilidade dolorosa super-
ficial comprimindo o espaço interdigital
com as unhas 2 6. Quando não há resposta,
utiliza-se uma pinça hemostática, devendo-
se comprimir lentamente a prega da pele
existente entre os dedos 2 , 9 , 2 6. Duas respostas
devem ser observadas: a resposta de retirada
do membro e a comportamental. A resposta
de retirada é apenas um reflexo normal e in-
dica que o arco reflexo está intacto. A res-
posta comportamental, como mostrar ansie-
x
Figura 3 - A) Animal contido em decúbito lateral
numa superfície rígida com fitas adesivas. B)
Imobilização externa da coluna vertebral (fotos
obtidas no HV-UEL)
Figura 4 - A) Cão com traumatismo agudo na região toracolombar da medula espinhal, apresentan-
do desnível vertebral (seta) e postura de Schiff-Sherrington. B) Imagem radiográfica da coluna verte-
bral do cão com Schiff-Sherrington evidenciando grave luxação entre as vértebras T12 e T13 (seta)
A
rência de convulsões 27,30.
A mielografia é importante para determi-
nar o local (ou os locais) de extrusão do
disco e a lateralização do material discal
dentro do canal vertebral, antes da descom-
pressão cirúrgica. Os achados mielográficos
característicos de extrusão de disco no canal
medular são compressão extradural da me-
dula espinhal com deslocamento dela e es-
treitamento do espaço subaracnoide. Extru-
sões de disco em geral são acompanhadas
de edema e tumefação da medula espinhal e
raramente de laceração dural. A m e d u l a
pode estar edemaciada por vários segmen-
tos espinhais, e o aspecto mielográfico é
semelhante a uma massa intramedular, difi-
cultando a determinação exata do local da
e x t r u s ã o 8. 
Nos pacientes com fraturas/luxações ver-
tebrais, a mielografia permite uma avaliação
definitiva da compressão da medula espinhal
e de sua possível transecção. Em caso de fra-
tura, a medula pode ser comprimida por
fragmentos ósseos ou por hematoma, carac-
terizando uma compressão extradural. Em
casos de contusão, pode-se verificar somen-
te edema medular. Por vezes, pode-se notar
infiltração de contraste no parênquima me-
dular, possivelmente devido à laceração da
dura-máter 19.
Nos animais com suspeita de EFC, a
mielografia permanece frequentemente
n o r m a l 9 , 2 5 , 2 6 , 2 7 , 3 1, embora alguns animais, na
fase aguda, possam exibir tumefação medu-
lar focal 2 5 , 2 6 , 3 1 como resultado de edema se-
c u n d á r i o 2 6.
Os achados mielográficos de cães que de-
senvolveram MHP compreendem a interrup-
ção da progressão das linhas de contraste ou
uma opacificação central difusa, com o acú-
mulo do meio de contraste de forma irregu-
lar dentro da medula espinhal 18 (Figura 8).
Tomografia computadorizada (TC)/
ressonância magnética (RM)
Anormalidades ósseas, tais como fraturas/
luxações vertebrais e alterações de disco in-
tervertebral são mais bem vistas por meio da
TC. Nos casos de fraturas, a TC pode ser útil
para identificar fragmentos ósseos que pode-
riam estar lesionando a medula espinhal e
que não são vistos em radiografias 1 8 , 1 9. Na ex-
trusão de disco, a TC fornece informações
úteis em relação à localização das extrusões 8.
A RM é útil na visualização de tecidos
moles e se mostrou superior à TC e à mielo-
grafia para detectar alterações da medula es-
pinhal, como o EFC 15,19,32.
TRATAMENTO
O tratamento deve ser direcionado para a
prevenção da destruição neuronal bioquími-
ca, a descompressão da medula espinhal e/ou
a estabilização da coluna vertebral 1 3 , 1 4 , 1 8 , 3 3.
Tratamento farmacológico da lesão
medular aguda
Lesões agudas na medula espinhal são
verdadeiras emergências em medicina vete-
rinária. O período crítico – chamado de
rial calcificado no interior do canal vertebral
(Figura 5) 5,29.
Em pacientes com suspeita de traumatis-
mo vertebral, a anestesia geral ou sedação
profunda devem ser evitadas, pois elas redu-
zem o efeito estabilizador do espasmo dos
músculos paravertebrais 3, sendo que o exa-
me radiográfico simples pode demonstrar
fraturas ou luxações e a gravidade do deslo-
camento no momento em que as radiografias
são obtidas 24.
Para minimizar a movimentação da colu-
na vertebral, a projeção ventrodorsal será
realizada com o animal em decúbito lateral,
com o cabeçote do aparelho de raios-x abai-
xado até ficar em posição horizontal na altu-
ra do abdome do animal e o chassi situado
na região dorsal (Figura 6) 29.
Os achados radiográficos dos pacientes
com fratura/luxação vertebral incluem des-
continuidade das estruturas ósseas, desali-
nhamento do canal vertebral, espaços inter-
vertebrais ou facetas articulares anormais,
linha de fratura no corpo, na lâmina, proces-
sos espinhosos ou transversos ou combina-
ções das lesões 24,29.
Para avaliar radiograficamente a instabi-
lidade da fratura, divide-se o segmento ver-
tebral em três compartimentos: dorsal,
médio e ventral. A fratura é considerada ins-
tável quando dois ou mais compartimentos
estão comprometidos (Figura 7). Essa classi-
ficação é de grande importância no momen-
to de decidir o esquema terapêutico de elei-
ção para o animal 15, uma vez que um fator-
chave para determinar o tratamento clínico
ou cirúrgico é o grau de instabilidade verte-
bral 19.
No EFC, as radiografias da coluna são
normais e ajudam no descarte de discoes-
pondilite, fraturas, luxações, neoplasias ver-
tebrais osteolíticas e discopatia interverte-
bral 25, que poderiam causar sinais semelhan-
tes ao EFC.
Mielografia
Deve-se coletar o líquido cefalorraquidia-
no (LCR) antes da mielografia, uma vez que
algumas lesões inflamatórias e neoplásicas
podem resultar em sinais clínicos muito si-
milares àqueles observados em animais com
extrusão de disco intervertebral 8,25.
Como as lesões medulares de cães com
paraplegia aguda se localizam mais comu-
mente nas regiões toracolombar/lombar, re-
comenda-se a realização de mielografia lom-
bar, uma vez que essa técnica é mais eficien-
te na visualização de alterações nesses seg-
mentos, além de diminuir o risco de ocor-
Figura 5 - A) imagem fotográfica de radiografia da coluna vertebral de cão com extrusão de disco
intervertebral entre L1-L2 (seta) evidenciando a aproximação dos corpos vertebrais e das facetas
articulares, e material de disco radiopaco dentro do canal vertebral opacificando o forame inter-
vertebral deformado. B) imagem fotográfica de radiografia da coluna vertebral de cão com extrusão
de disco intervertebral entre T13-L1 evidenciando aproximação dos corpos vertebrais
Figura 6 - Projeções radiográficas para minimi-
zar a movimentação da coluna vertebral deses-
tabilizada. A) projeção ventrodorsal. B) proje-
ção lateral
x
x
utilizado nos seres humanos e esses resulta-
dos têm sido extrapolados para a medicina
veterinária. Quando administrado dentro das
primeiras oito horas após a lesão, é o único
fármaco que tem demonstrado benefícios
significativos à medula espinhal 19. A admi-
nistração de SSMP após oito horas da lesão
tem resultados considerados prejudiciais 11,19,
uma vez que, após esse prazo, os corticoste-
roides interferem com a regeneração neuro-
nal e aumentam a neurodegeneração por ini-
bição da captação neuronal de glicose diante
da isquemia 11.
O SSMP tem sido eficaz em casos de
lesão medular aguda e grave quando utiliza-
do em altas dosagens 35, sendo propostos
vários protocolos de tratamento, dentre os
quais os resultados mais significativos, que
mostraram melhor recuperação clínica em
animais com lesões medulares foram obtidos
por meio da administração de 30mg/kg in-
travenoso (IV), seguida de duas aplicações
de 15mg/kg IV duas e seis horas após a apli-
cação inicial, seguida de infusão contínua de
2,5mg/kg/hora IV por até48 horas após a
lesão 7,37. Se a primeira aplicação for admi-
nistrada num intervalo de até três horas após
a lesão, a infusão deve ser feita por 24 horas;
e se a primeira administração for feita no in-
tervalo de três a oito horas após lesão, a in-
fusão deve continuar por 48 horas 38. Essas
doses de SSMP devem ser administradas
lentamente, num período de cinco a dez mi-
nutos, uma vez que podem ocorrer bradicar-
dia, hipotensão e vômitos quando o fármaco
é administrado rapidamente 19.
A dexametasona, por vezes utilizada,
principalmente pelo seu baixo custo, não é
apropriada, sendo ao seu uso atribuídos efei-
tos adversos maiores, como hemorragias
gastrintestinais e perfuração do cólon 1 5.
Além de que, em gatos, não foi observada
diferença entre a utilização de dexametasona
e de placebo na melhora das funções neuro-
lógicas 39.
A utilização de corticosteroides sempre
foi controversa entre os autores, devido à
falta de reais evidências de benefício em
cães, em comparação com os graves efeitos
colaterais. Em trabalhos atuais, alguns auto-
res 40,41,42,43,44 concluíram que mesmo diante da
evidência dos efeitos protetores a favor da
medula espinhal, não há diferença significa-
tiva na reabilitação funcional ou tempo de
recuperação entre animais acometidos por
lesão medular aguda que recebem ou não
tratamento com essas drogas. 
O uso de corticosteroides em altas doses
em animais com lesões neurológicas está
associado com complicações gastrintestinais
como a hemorragia, a pancreatite, úlceras
e/ou perfurações gástricas 7 , 11 , 1 9 , 3 9. Em um es-
tudo retrospectivo com 105 cães com lesões
neurológicas tratados com altas doses de
S S M P (30mg/kg IV, mais duas aplicações
após seis e 36 horas), foram observados
distúrbios gastrintestinais em 33,3% dos ani-
mais, embora nenhuma alteração tenha sido
considerada grave 4 5.
Tratamento da doença do disco interver-
tebral (DDIV)
Tratamento clínico
O tratamento clínico da DDIV com per-
da da PDP ainda consiste, para alguns au-
tores, na administração de SSMP até oito
horas após o traumatismo e no concomi-
tante encaminhamento para descompressão
de emerg ê n c i a 7 , 9 , 1 8 , 2 5 , 2 7. Durante esse inter-
valo, deve-se realizar a monitoração da
pressão sanguínea sistêmica, e os casos de
hipotensão devem ser tratados com fluido-
terapia intravenosa, para prevenir a dimi-
nuição da perfusão da medula espinhal 7.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico para animais com
“horas de ouro” – são as primeiras horas
após o traumatismo. Durante esse intervalo
de tempo, os tratamentos clínicos e cirúrg i-
cos são mais efetivos contra os eventos se-
cundários e a subsequente liquefação autolí-
tica do parênquima medular, até então pre-
servado. A demora no manejo correto pode
resultar em um período de recuperação pro-
longado ou em paralisia permanente 9 , 2 1.
Na atualidade, o tratamento farmacológi-
co para a lesão medular aguda consiste na
aplicação de neuroprotetores (substâncias
que visam prevenir ou limitar os mecanis-
mos de lesão secundária na medula espinhal)
como antioxidantes, antagonistas dos canais
de cálcio ou dos opiáceos, anti-inflamatórios
não esteroides, hormônio liberador da tireo-
tropina, aminoesteroides, quelantes do ferro,
dentre outros, sendo os corticosteroides os
fármacos tradicionalmente mais utilizados
em animais e em seres humanos 13,21,34,35.
Corticosteroides na lesão medular aguda
Acredita-se que o efeito benéfico dos
corticosteroides na lesão aguda grave da
medula espinhal se baseie na inibição da
peroxidação lipídica induzida por radicais
livres; na melhora do fluxo sanguíneo pós-
traumático à medula espinhal; no bloqueio
da liberação de ácidos graxos livres e de ei-
cosanóides; na perda de colesterol; na
facilitação da remoção de cálcio intracelu-
lar acumulado; na promoção da atividade
da Na+/K+ ATPase; na inibição da resposta
inflamatória; na prevenção da liberação de
enzimas lisossomais; e na redução do ede-
ma 1 0 , 1 5 , 1 9 , 2 1 , 3 6.
O succinato sódico de metilpredinisolona
(SSMP) é o corticosteroide de eleição para a
terapia da lesão aguda e grave da medula es-
pinhal 15. Esse fármaco tem sido amplamente
Figura 7 - A) Representação dos três compartimentos em um segmento vertebral. O comparti-
mento dorsal inclui o processo espinhoso, os processos articulares, a lâmina, os pedículos e os
ligamentos de sustentação. O compartimento médio contém o ligamento longitudinal dorsal, o
ânulo fibroso dorsal e o assoalho do canal vertebral. O compartimento ventral consiste no restante
do corpo vertebral e no ânulo fibroso. B) Fratura vertebral instável, com comprometimento dos três
compartimentos
Figura 8 - Mielografia com acúmulo do meio de
contraste de forma irregular dentro da medula
espinhal (seta) de um cão com sinais clínicos
sugestivos de MHP
Tratamento cirúrgico
A cirurgia é indicada para estabilizar e
descomprimir a medula espinhal 25. O fator-
chave para determinar o tratamento clínico
ou cirúrgico é o grau de instabilidade, que
deve ser avaliado pela teoria dos três com-
p a r t i m e n t o s 1 9 (Figura 7).
Cães com traumatismo vertebral instável
e com ausência de PDP devem ser avaliados
por meio de mielografia ou de ressonância
magnética para detectar evidências de
transecção da medula espinhal ou extensa
necrose. Não havendo nenhuma dessas alte-
rações, o cirurgião pode praticar hemilami-
nectomia, a fim de descomprimir (nos casos
em que há compressão extradural) e identifi-
car uma possível MHP. Caso a medula espi-
nhal esteja íntegra, procede-se à fixação ci-
rúrgica 3.
Os procedimentos cirúrgicos descom-
pressivos podem ser a hemilaminectomia
uni ou bilateral e a laminectomia dorsal 18,
sendo a hemilaminectomia preferível, por
promover menor instabilidade adicional que
a laminectomia dorsal 9,15. Os procedimentos
cirúrgicos para estabilização vertebral tora-
colombar incluem a fixação dos processos
espinhosos dorsais com placas plásticas ou
metálicas; a fixação dos corpos vertebrais
com pinos de Steinman ou parafusos interli-
gados com polimetilmetacrilato, ou ainda
com placas plásticas ou metálicas; e a fixa-
ção segmentar dorsal modificada, dentre ou-
tras técnicas 3,18,48,49, sendo que a escolha vai
depender do tipo de fratura, da idade, do
peso, dos materiais disponíveis e da prefe-
rência do cirurgião.
Tratamento do infarto medular por
embolismo fibrocartilaginoso
Não há nenhum tratamento específico
contra esta afecção 3 1, nem evidência de que
qualquer tratamento possua maior valor que
os cuidados gerais de enfermagem para os
pacientes que permanecem em decúbito 2 6. Se
o animal for atendido nas primeiras seis
horas após a paralisia, pode ser instituído o
tratamento com corticosteroides, igual ao r e-
comendando para o traumatismo espinhal
a g u d o 9 , 2 6 , 3 1, com o objetivo de diminuir o ede-
ma e a inflamação da medula espinhal 9.
PROGNÓSTICO
Prognóstico em cães com extrusão de
disco intervertebral 
O principal fator a ser considerado é a
presença ou a ausência de PDP. Dentre os
cães sem PDP, os principais parâmetros a
serem avaliados são a velocidade do apare-
cimento e a duração da analgesia e o perío-
do de tempo para que ocorra a recuperação
da percepção dolorosa 7 , 2 7.
A perda hiperaguda (menos de uma hora)
da função motora voluntária e da PDP foi
associada a um prognóstico estatisticamente
pior (apenas 22% se recuperaram), em com-
paração com os animais que perderam a
PDP de forma aguda, entre uma a 24 horas
(67% obtiveram sucesso no tratamento), ou
de forma gradual, com tempo superior a 24
horas (taxa da sucesso de 90%) 50. Semelhan-
temente, em outro trabalho, dos quize cães
que desenvolveram os sinais clínicos de
forma aguda, seis (40%) se recuperaram, e
dos catorze animais que desenvolveram os
sinais clínicos de forma gradual, doze (86%)
obtiveram sucesso no tratamento 51. No en-
tanto, outros autores obtiveram resultados
contrários, sendo que a taxa de sucesso foi
maior entre os animais que perderam a sen-
sibilidade de forma hiperaguda (71,4%), ao
passo que nos animaiscuja evolução foi
aguda e gradual as taxas de recuperação
foram de 32% e 50%, respectivamente 41.
Outro importante fator é o intervalo de
tempo decorrido entre a perda da PDP e o
tratamento cirúrgico. Há uma tendência
para melhores resultados funcionais quando
os cães são operados dentro das primeiras
doze horas após a perda da sensibilidade do-
l o r o s a 2 7. A cirurgia dos cães sem PDP deve
ser realizada dentro das primeiras duas horas
para a possível recuperação funcional, sendo
a taxa de recuperação dos animais operados
após 48 horas de apenas 5% 9. A taxa de su-
cesso entre animais operados nas primeiras
doze horas após a perda da sensibilidade à
dor profunda foi de 85%. Nos operados
entre 12 e 24 horas, a taxa de recuperação de
50%, e entre 24 e 48 horas, de 33%. Nos
cães operados entre 48 e 72 horas, o sucesso
foi de 50%, e o único cão operado 72 horas
após a perda da PDP obteve sucesso total no
tratamento cirúrgico 50. Dentre outros cães
operados 48 horas após a perda da PDP,
77,4% obtiveram sucesso no retorno à
deambulação 52. Em outro trabalho que en-
volvia 28 cães sem PDP, dez foram operados
com menos de 48 horas, e a taxa de sucesso
foi de 50%. Catorze cães foram operados
entre dois e sete dias, dos quais nove cães
(64%) se recuperaram, e todos os quatro
cães operados mais de sete dias após a perda
da PDP obtiveram sucesso no tratamento 51.
Dentre oito cães com analgesia dos mem-
bros pélvicos tratados cirurgicamente, todos
retornaram à deambulação. Os cães foram
operados entre dois e cinco dias após o iní-
D D I V na região toracolombar e perda da
P D P deve ser realizado sem demora, sendo
considerado uma emergência neurológica 9,
e deve compreender: descompressão da me-
dula espinhal (hemilaminectomia ou lami-
nectomia), remoção do material do disco
extravasado no canal vertebral, redução do
edema e da isquemia medular, avaliação
macroscópica e irrigação intraoperatória da
medula espinhal 7 , 1 8. A hemilaminectomia é
mais indicada nas lesões craniais do seg-
mento L3 da medula espinhal. Nas lesões
caudais do segmento medular L3, a la-
minectomia dorsal previne lesão iatrogênica
de importantes nervos do plexo lom-
b o s s a c r o 7.
Cães com paralisia aguda por DDIV e
sem resposta a dor profunda devem sofrer
descompressão dentro de duas horas para
a melhor recuperação funcional possível.
A c i r u rgia também é recomendada para
cães com ausência de PDP há mais de 48
horas; entretanto, as taxas e a qualidade
da recuperação são muito menos previsí-
v e i s 9.
A durotomia é indicada para cães com
ausência de dor profunda por DDIV e tem
como objetivo permitir a inspeção direta
da medula espinhal a fim de detectar ede-
ma, contusões e mielomalacia, não ofere-
cendo benefícios quanto à recuperação
f u n c i o n a l 7,46.
A irrigação da medula espinhal com solu-
ção salina normotérmica ou resfriada tam-
bém é recomendada para cães com trauma-
tismo da medula espinhal e perda de PDP,
com o objetivo de diminuir a peroxidação li-
pídica, oferecendo benefícios na recupera-
ção funcional 7,47.
Tratamento do traumatismo da coluna
vertebral
Tratamento clínico
Junto com a estabilização orgânica do
paciente, aqueles que permanecerem em
decúbito, incapazes de se mover, com sus-
peita de instabilidade vertebral, devem ser
postos em uma superfície firme, como uma
tábua ou uma mesa, e serem fixados com
fitas adesivas (Figura 3A), ou receber uma
imobilização externa com talas (Figura
3B), para imp edir a movimentação e lesão
adicional da medula espinhal, enquanto se
inicia o tratamento adequado. Deve-se
controlar a possível hipotensão com flui-
doterapia, e em seguida instituir o trata-
mento com SSMP, o mais rápido possível,
dentro das primeiras oito horas após o trau-
m a t i s m o 9 , 1 5 , 1 9.
x
x
ma), em imagens T2-ponderadas, maiores
ou iguais ao comprimento da segunda vérte-
bra lombar obtiveram piores resultados
(55% de recuperação) em relação aos que
não apresentavam áreas hiperintensas
(100% de recuperação) 51.
Prognóstico em cães com fraturas/
luxações vertebrais 
Os animais que perderam a sensibilidade
dolorosa profunda após sofrerem traumatis-
mos vertebrais exógenos apresentam comu-
mente um prognóstico de recuperação des-
f a v o r á v e l 2 5, pois nesse tipo de lesão, a au-
sência de nocicepção está frequentemente
associada à transecção da medula espinhal
ou ao rápido desenvolvimento de mieloma-
l a c i a 5 6 , 5 7 , 5 8.
A determinação do prognóstico por meio
de imagens radiográficas se baseia no grau
de estreitamento do canal vertebral e do des-
locamento vertebral 59. Cães sem PDP que
apresentam algum grau de deslocamento
vertebral possuem menos de 5% de possibi-
lidade de recuperação funcional, ao passo
que nos animais sem PDP e sem desloca-
mento vertebral, as possibilidades sobem
para 25% 60.
Os animais que perderam a PDP enquan-
to sofreram deslocamento de 100% do canal
vertebral não terão possibilidade alguma de
retorno funcional, devido à transecção total
da medula espinhal (Figura 9) 18,25. O critério
de prognóstico grave para cães sem PDP é
de deslocamento igual ou superior a 30% do
canal vertebral 59, enquanto outros autores
observaram ser de 60% o grau máximo de
deslocamento na região lombar para m a n t e r
a PDP intacta nos membros pélvicos 5 6. No en-
tanto, a utilização de imagens radiográficas
para determinar o prognóstico de cães com
traumatismo vertebral tem uma série de li-
mitações, pois a radiografia revela o grau de
lesão da coluna vertebral, e não da medula
espinhal 59. Sinais neurológicos como a pos-
tura de Schiff-Sherrington, a presença do re-
flexo extensor cruzado (extensão do mem-
bro oposto ao membro estimulado) e do
sinal de Babinski (extensão dos dígitos
quando ocorre a estimulação da superfície
caudolateral, a partir do jarrete em direção
aos dígitos) estão mais relacionados com
lesões graves da medula espinhal 9,56,60.
Prognóstico em cães com embolismo
fibrocartilaginoso
Para cães acometidos por infarto medular
causado por embolismo fibrocartilaginoso,
o prognóstico em termos de recuperação
funcional é muito imprevisível, refletindo a
variável gravidade da lesão característica
dessa afecção 2 7 , 3 1. O prognóstico é favorável
para os cães com sensibilidade intacta à dor
profunda, sinais estritamente atribuídos ao
NMS e que recuperaram a condição funcio-
nal dentro das duas primeiras semanas após
a lesão da medula espinhal2 5 , 2 7 , 6 0. Entretanto,
uma minoria poderá se recuperar entre 15 e
45 dias 6 1. Para cães incapacitados de cami-
n h a r, especialmente os de raças de grande
porte e gigantes, o prognóstico é reservado 27.
Os sinais clínicos de paralisia simétrica,
com envolvimento do NMI e perda da PDP,
apresentam um prognóstico desfavorável no
sentido de uma recuperação satisfatória da
E F C 2 5 , 6 1.
CAMINHAR ESPINHAL
É importante ressaltar que alguns ani-
mais conseguem readquirir a capacidade de
caminhar sem recuperar a PDP. Em um tra-
balho que envolvia cães sem PDP, dois
(22,2%) dos nove animais vítimas de trau-
matismo vertebral não recuperaram a dor
profunda, mas readquiriram a capacidade de
c a m i n h a r 5 4. Nesse mesmo trabalho, dezoito
cães acometidos por DDIV também não re-
cuperaram a sensibilidade dolorosa, mas
sete (38%) recuperaram a capacidade de ca-
minhar em até um ano e meio. O surg i m e n-
to de atividade motora involuntária em cães
que permanecem sem PDP pode ser indica-
tivo do desenvolvimento do caminhar espi-
nhal reflexo, originado do mecanismo de
plasticidade neuronal e da formação de cir-
cuitos locais 5 3.
Basicamente dois pontos são utilizados
para a caracterização do reflexo: a percep-
ção de dor profunda está ausente nesses
cães, e o tipo característico de marcha
(quando os membros pélvicos não acompa-
nham os torácicos, com dificuldades bem
manifestadas nas curvas e inaptidão de ca-
minhar para trás) 2.
CUIDADOS E MANEJO COM O CÃO
PA R A P L É G I C O
Os animais paraplégicos necessitam de
cuidados de enfermagem intensivos durante
o período de recuperação ou durante toda a
vida(nos casos de lesão irreversível da me-
dula espinhal). Deve-se dar atenção ao esva-
ziamento vesical e intestinal, por meio de
massagem abdominal ou sondagem vesical
quatro vezes ao dia, e do fornecimento de
dieta adequada; à prevenção de assaduras na
pele e ulcerações cutâneas por decúbito, por
meio de limpeza cutânea constante de urina
cio dos sinais clínicos (média de três dias),
sendo seis animais operados com mais de 48
horas (média de 3,5 dias) e dois operados
dois dias após início dos sinais 5 3. De acordo
com esse estudo, embora a ausência de PDP
indique lesão medular grave, a perda da fun-
ção neurológica não é necessariamente irre-
versível, e em muitos casos, devido ao pre-
conceito existente quanto à recuperação ou
não de cães sem PDP, os animais não são
operados ou são submetidos à eutanásia.
Atualmente, o indicador mais sensível
para a recuperação funcional dos casos de
paraplegia com perda da PDP causada por
extrusão de disco intervertebral é a recupe-
ração dessa sensibilidade num intervalo de
até duas semanas após a descompressão ci-
r ú rg i c a 7.
Dos cães que recuperaram a sensibilidade
dolorosa até duas semanas após a cirurgia,
66,7% se recuperaram completamente, ao
passo que dos animais que permaneceram
sem dor profunda por mais de duas semanas
após a descompressão, apenas 10% se recu-
peraram 41. Outros autores observaram que
95% dos cães que recuperaram a dor profun-
da até duas semanas após a descompressão
obtiveram sucesso no tratamento, enquanto
somente 16,6% dos cães que permaneceram
sem dor profunda por mais de catorze dias se
recuperaram 50. Em outro trabalho, entretan-
to, dos animais que responderam positiva-
mente ao tratamento cirúrgico e voltaram a
caminhar, 41% readquiriram a PDP durante
a primeira semana de pós-operatório, 38%
durante a segunda semana e 17%, durante a
terceira semana 54.
A mielografia tem sido utilizada para de-
terminar o prognóstico de cães com DDIV.
Foi proposto que cães acometidos por extru-
são de disco intervertebral sem PDP que
apresentavam diminuição da coluna de con-
traste por um espaço maior que cinco vezes
o comprimento da segunda vértebra lombar
tinham pior prognóstico (taxa de recupera-
ção de 26%) em comparação com os cães
em que a coluna de contraste diminuía num
intervalo menor que o anterior (recuperação
em 61% dos casos), devido à extensão da
lesão e a edema da medula espinhal 55. No
entanto, posteriormente, foi possível con-
cluir que esse parâmetro de avaliação não
tinha relação com os resultados funcionais
finais 50.
Em um estudo envolvendo 77 cães aco-
metidos por DDIV submetidos à RM, os a n i-
mais que apresentaram áreas hiperintensas na
medula espinhal (necrose, mielomalacia, he-
morragia intramedular, inflamação e ede-
reto pode resultar em um período de recu-
peração prolongado ou em paralisia perma-
n e n t e .
O parâmetro isolado da perda da percep-
ção de dor profunda não deve desencorajar a
realização da terapia, pois, conforme a lite-
ratura e a experiência dos autores desta revi-
são, há ocorrência de recuperação da deam-
bulação, voluntária ou involuntária, nesses
casos.
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e fezes e mudança de decúbito a cada quatro
horas; ao tratamento de feridas inerentes ao
traumatismo (geralmente nos casos de atro-
pelamentos) e à realização de fisioterapia
passiva e ativa, para evitar atrofia e contratu-
ra muscular e perda da função articular e
neuromuscular 3,7,27.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A paraplegia aguda com perda da percep-
ção de dor profunda, independentemente da
causa, é uma ocorrência frequente dentro da
neurologia em animais da espécie canina.
Dessa forma, o conhecimento dos mecanis-
mos de lesão, das diversas opções terapêuti-
cas e dos fatores que influenciam no resulta-
do final é de fundamental importância para
se obter sucesso no tratamento e, desta ma-
neira, contribuir para a recuperação do
maior número possível de animais e para a
satisfação dos proprietários.
Os tratamentos clínico e cirúrgico para
animais com perda da PDP causada por e x-
trusão de disco intervertebral ou por t r a u-
matismo vertebral devem ser realizados
sem demora, sendo considerados emerg ê n-
cias neurológicas. O retardo no manejo cor-
Figura 9 - Fratura vertebral instável, com deslo-
camento de 100% do canal vertebral, entre T9
e T10 em um cão com ausência de PDP
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