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499Matemática Matemática Conjunto dos números reais ( ) O conjunto dos números reais contém os conjuntos dos números racionais, irracionais, inteiros e naturais: Os reais √ 2 , √ 3 e π estão dispostos na reta real da seguinte ma- neira: SUBCONJUNTOS DE Além de , e , são também subconjuntos de : *, +, –, +* e –* , que podem facilmente ser determinados. Outros subconjuntos de podem ser de� nidos de acordo com uma propriedade: {x � x < 3} conjunto dos números reais tal que x é menor que 3 {x � | 0 ≤ x ≤ 7} conjunto dos números reais tal que x está entre 0 e 7 Intervalos: O intervalo é um subconjunto de que pode substituir a notação utilizada anteriormente, ou seja, dados dois números reais a e b, o conjunto de números reais que está entre a e b é: [a; b] – Intervalo fechado (os extremos a e b estão incluídos; pode ser substituído por a ≤ x ≤ b); Na reta real: ou ]a; b[ – Intervalo aberto (os extremos a e b não estão incluídos; pode ser substituído por a < x < b); Na reta real: ou [a; b[ – Intervalo fechado em a e aberto em b (o extremo a está in- cluído e b não está, ou a ≤ x < b); Na reta real: ou ]a; b] – Intervalo aberto em a e fechado em b (o extremo a não está incluído e b está, ou a < x ≤ b). Na reta real: UNIÃO E INTERSECÇÃO DE INTERVALOS Consideremos os conjuntos: A = [–3; 1[ e B = ]–2; 3]. Obteremos A B e A B. A é o c o n j u n t o d e n ú m e r o s r e a i s q u e e s t ã o e n t r e –3 e 1. Observe que o intervalo é fechado em –3; nesse caso, representa- remos o –3 com uma bolinha preta, e aberto em 1, que será representa- do com uma bolinha branca. Isso signi� ca que o –3 pertence ao inter- valo, enquanto o 1 não pertence. A parte em preto indica os números reais que pertencem ao inter- valo. Do mesmo modo: B Observe que em A B temos todos os reais que estão em A ou em B. A B representa apenas os reais comuns a A e B, simultaneamente, e, por esse motivo, os extremos, simbolizados pelas bolinhas brancas, não estão na intersecção. Podemos concluir a seguinte regra: bolinha branca bolinha preta = bolinha preta bolinha branca bolinha preta = bolinha branca Relações e funções Observamos em jornais e revistas a presença constante de grá� cos, os quais nos auxiliam na compreensão das informações de uma manei- ra concisa e precisa. Embora já se � zesse uso dessa ferramenta matemática há muito tem- po, foi Jean Bernoulli (1667-1748) o primeiro a denominar como função as relações entre conjuntos de grandezas diferentes. RELAÇÃO Consideramos relação de A em B todo subconjunto de A × B que obedece a uma lei de formação. Exemplo Considere os conjuntos: A = {–1, 0, 2, 3, 4} e B = {0, 1, 2}, então: A × B = {(–1, 0), (–1, 1), (–1, 2), (0, 0), (0, 1), (0, 2), (2, 0), (2, 1), (2, 2), (3, 0), (3, 1), (3, 2), (4, 0), (4, 1), (4, 2)} Vamos determinar o conjunto R A × B tal que × < y, onde x é abscissa e y é ordenada: R = {(–1, 0), (–1, 1), (–1, 2), (0, 1), (0, 2)} 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 499 13.08.09 12:29:52 500 Matemática FUNÇÃO Função matemática é a relação de A em B em que, para todo x em A temos um único y em B, onde x e y obedecem a uma lei de formação. Exemplo Nos diagramas a seguir, identifi camos algumas funções: a) é função, pois cada elemento de A está associado a um único em B e não sobram elementos em A. b) não é função, pois a ∈ A está associado a dois elementos distintos em B. DOMÍNIO DE UMA FUNÇÃO Domínio da função é o conjunto de valores que podem ser atribuídos a x. No diagrama a seguir, o domínio é o conjunto A e representa-se: D = A = {1, 2, 3} CONTRADOMÍNIO DE UMA FUNÇÃO Contradomínio é o conjunto onde estão os valores corresponden- tes a x quando aplicamos a fórmula de� nida pela função f. No exemplo: CD = B = {3, 4, 5, 6, 7, 8} Sendo f uma função de domínio A e contradomínio B, representa- mos esta relação como: f: A B, lê-se f de A em B f(x) = x + 2, lê-se f de x é igual a x mais 2 IMAGEM DE UMA FUNÇÃO Imagem é o conjunto de valores obtidos da aplicação da fórmula da função f. Assim, em f: A B, Im = {3, 4, 5} Os elementos do conjunto imagem podem ser representados por y ou f(x). Dizemos, por exemplo, que o valor numérico da função quan- do x = 1 é 3, ou que a imagem de 1 é 3, ou se x = 1, então y = 3. Função do 1o grau Por volta de 2000 a.C., egípcios e babilônios já possuíam métodos para a resolução de equações do 1o grau. Entre os egípcios, destacou-se Diofanto de Alexandria, cuja principal obra, Arithmetica, procurava a generalização dos métodos a partir de problemas numéricos. Contudo, foi Leonardo Fibonacci, in� uenciado pelas técnicas desenvolvidas pelos árabes, quem documentou soluções gerais para a resolução de equações do 1o grau em sua obra Liber Abacci. Mas para facilitar o trabalho com as funções que estudaremos a se- guir, recordaremos alguns conceitos de álgebra. PRODUTOS NOTÁVEIS Propriedades Exemplos (a + b)2 = a2 + 2ab + b2 (x + 2)2 = x2 + 4x + 4 (a – b)2 = a2 – 2ab + b2 (x – 3)2 = x2 – 6x + 9 (a + b) . (a – b) = a2 – b2 (x + 5) . (x – 5) = x2 – 25 (a + b)3 = a3 + 3a2b +3ab2 + b3 (x + 4)3 = x3 + 12x2 + 48x + 64 (a – b)3 = a3 – 3a2b + 3a2b + b3 (x – 4)3 = x3 – 12x2 + 48x – 64 FATORAÇÃO O processo de fatoração consiste em transformar uma expressão algé- brica em produto. Em aritmética essa operação é bastante simples, veja: • fatorar o número 120 = 23 . 3 . 5 • fatorar o número 250 = 2 . 53 Observe, nos exemplos a seguir, as expressões algébricas fatoradas: 2x2 + 16xy = 2x . (x + 8y) x2 – 9 = (x + 3) . (x – 3) x2 + 6x + 9 = (x + 3) . (x + 3) = (x + 3)2 A B Números perfeitos Não se sabe quando aconteceram os primeiros estudos sobre os números perfeitos, embora haja indícios de que A B A B os egípcios já os conhecessem. Os números perfeitos foram estudados por Pitágoras e seus seguidores, principalmen- te por suas propriedades místicas. Um número perfeito é aquele cuja soma de seus divisores é o próprio número. Por exemplo, o número 6 é perfeito, pois se somarmos seus di- visores 1 + 2 + 3 = 6. Outros exemplos conhecidos desde há muito tempo são o 28, 496 e o 8 128. 28 = 1 + 2 + 4 + 7 + 14. 496 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 31 + 62 + 124 + 248. 8 128 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 + 127 + 254 + 508 + 1 016 + 2 032 + 4 064. O primeiro registro de que se tem notícia sobre os núme- ros perfeitos aparece nos Elementos de Euclides em cerca de 300 a.C. Na Proposição 36 do Livro IX dos Elementos, Eucli- des escreve que se um número puder ser obtido pela soma de seus divisores, sendo o segundo divisor igual ao dobro do primeiro, o terceiro igual ao dobro do segundo e assim por diante, este número multiplicado pelo último divisor será um número perfeito. Exemplo: 1 + 2 + 4 = 7, então 7 x 4 = 28, que é um número perfeito. O que você acha de tentar encontrar outros? 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 500 13.08.09 12:29:54 501Matemática √ Observe que, se aplicarmos a propriedade distributiva ao 2o mem- bro, obtemos a expressão do 1o membro. Para fatorar expressões algébricas, a análise deve ser feita tendo em vista os seguintes casos: a) Fator comum: Aqui, devemos observar se cada parcela apresen- ta um fator comum, que deverá ser colocado em evidência, con- forme os exemplos: Exemplo 3ax + 9a2x fator comum: 3ax 3ax + 9a2x = 3ax (1 + 3a) Os resultados obtidos dentro dos parênteses são provenientes da divi- são de cada parcela pelo fator comum, ou seja: b) Agrupamento: Aqui, os fatores comuns aparecem em gru- pos, observe: Observe que, se aplicarmos a propriedade distributiva à última igual- dade, obteremos a expressão algébrica inicial. c) Diferença de dois quadrados: Nos exemplos seguintes, pode- mos extrair a raiz quadrada dos dois termos da expressão algé- brica e, como se trata de uma diferença, fatoramos utilizando o produto da soma pela diferença de dois termos. Exemplox2 – 16 = (x + 4) . (x – 4) x2 = x 16 = 4 d) Trinômio quadrado perfeito: Trinômio quadrado perfeito é a expressão algébrica que, na forma fatorada, representa o quadra- do da soma (ou diferença) de dois termos. Para identi� cá-lo, deve- mos observar se: 1o) dois termos são quadrados; 2o) o terceiro é o dobro do produto das raízes quadradas desses termos. Exemplo x2 + 6x + 9 então: x2 + 6x + 9 = (x +3)2 2 . × . 3 Concluindo aqui nossa revisão sobre alguns conceitos de álgebra, vamos retornar às funções de 1o grau. As funções do 1o grau estão presentes em diversas situações do dia-a-dia. Por exemplo: √ Uma loja de eletrodomésticos contrata vendedores com as se- guintes condições salariais: um fixo de R$ 100,00 mais 5% sobre as vendas efetuadas. Vamos procurar uma fórmula que forneça o salário no final de cada mês. Lembremos que: 5% = 0,05. Chamemos o total do salário de y. Se o vendedor fizer uma venda de R$ 500,00, receberá: y = 100 + 0,05 . 500 = 125 Façamos uma tabela para visualizar melhor a situação: Salário fi xo Venda % Total 100 500 5 125 100 1 000 5 150 100 2 000 5 200 De modo geral, se o vendedor vender x, temos que: y = 100 + 0,05x A fórmula y = 100 + 0,05x expressa uma função de 1o grau. A repre- sentação grá� ca de uma função deste tipo sempre será uma reta: Defi nição: Chama-se função do 1o grau a função f: defi nida por y = ax + b, com a e b números reais e a ≠ 0. a é o coefi ciente angular da reta e determina sua inclinação. b é o coefi ciente linear da reta e determina a intersecção da reta com o eixo Oy. A função de 1o grau pode ser classi� cada de acordo com seus grá� - cos. Considere sempre a forma genérica y = ax + b. a) Função constante: se a = 0, então y = b, b ∈ . Dessa maneira, y = 4 é função constante, pois, para qualquer valor de x, o valor de y ou f(x) será sempre 4. b) Função identidade: se a = 1 e b = 0, então y = x. Nessa função, x e y têm sempre os mesmos valores. Gra� camente temos: 1o quadrante 3o quadrante 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 501 13.08.09 12:29:56 502 Matemática A reta y = x ou f(x) = x é denominada bissetriz dos quadrantes ím- pares. Mas, se a = –1 e b = 0, temos então y = –x. A reta determinada por esta função é a bissetriz dos quadrantes pares, conforme mostra o grá� co: x e y têm valores iguais em módulo, porém com sinais contrários. c) Função linear: é a função de lo grau quando b = 0, a ≠ 0 e a ≠ 1, a e b ∈ . Exemplos: f(x) = 5x, y = x; f(x) = –2x, y = 10x d) Função afim: é a função de 1o grau quando a ≠ 0, b ≠ 0, a e b ∈ . Exemplos: f(x) = 3x + 1 . y = 4x – 2; f(x) = –x + 5 GRÁFICO DA FUNÇÃO DE 1O GRAU A representação geométrica da função de 1o grau é uma reta, por- tanto, para determinar o grá� co é necessário obter dois pontos dessa reta. Em particular, procuraremos os pontos em que a reta corta os ei- xos Ox e Oy. Por exemplo, na função y = 2x + 1, o ponto do eixo Ox é determina- do pela equação 2x + 1 = 0, de onde x = – . O ponto procurado é, portanto, . Analogamente, para determinar o ponto do eixo Oy, y = 2 . 0 + 1 ⇒ y = 1. O ponto procurado é (0,1) e o grá� co dessa função é o mostrado a seguir: Da mesma maneira, na função f(x) = –2x + 4, temos: –2x + 4 = 0 ⇒ –2x = –4 x = 2 o ponto do eixo Ox é (2,0), e y = –2 . 0 + 4 = 4; o ponto do eixo Oy é (0,4). De modo geral, dada a função f(x) = ax + b, para determinarmos a intersecção da reta com os eixos, procedemos do seguinte modo: 1o) igualamos y a zero, então ax + b = 0 ⇒ x = – , no eixo Ox encon- tramos o ponto . 2o) igualamos x a zero, então f(x) = a . 0 + b ⇒ f(x) = b, no eixo Oy encontramos o ponto (0, b). Agora, comparemos os dois exemplos anteriores: • em f(x) = 2x + 1, temos o coefi ciente de x igual a 2, ou a = 2, e o grá� co representa uma função crescente; • em f(x) = 22x + 4, temos o coefi ciente de x igual a 22, ou a = 22, e o grá� co representa uma função decrescente. De onde concluímos que: • f(x) é crescente se a é um número positivo (a > 0); • f(x) é decrescente se a é um número negativo (a < 0). RAIZ OU ZERO DA FUNÇÃO A raiz ou zero da função de 1o grau é o valor de x para o qual y = f(x) = 0. Gra� camente é o ponto em que a reta “corta” o eixo Ox. Portan- to, para determinar a raiz da função basta igualarmos a zero: f(x) = ax + b ⇒ ax + b = 0 ⇒ ax =– b ⇒ x = – Exemplo: Determine a raiz da função f: tal que f(x) = 3x +1. Igualamos f(x) a zero, portanto: 3x + 1 = 0 ⇒ x = – Ao encontrarmos a raiz ou raízes de uma função, o(s) valor(es) encontrado(s) deve(m) ser expresso(s) sob a forma de conjunto, de- nominado conjunto-verdade (V) ou conjunto-solução (S), da seguin- te maneira: SINAL DA FUNÇÃO DE 1O GRAU Estudar o sinal de uma função de 1o grau é determinar os valores de x para que y seja positivo, negativo ou zero. Regra prática para o estudo de sinal da função: f(x) = ax + b 1o) Determinamos a raiz da função, igualando-a a zero: raiz: x = – 2o) Veri� camos se a função é crescente (a > 0) ou decrescente (a < 0); e temos então duas possibilidades: 2o quadrante a função é decrescentea função é crescente 4o quadrante 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 502 13.08.09 12:29:58 503Matemática Exemplos 1. Estude o sinal das funções: a) y = 3x + 1 Resolução: raiz da função: 3x + 1 = 0 ⇒ x = – ; o coefi ciente de x é positivo (a = 3), portanto, a função é crescente. Fa- çamos o esboço: x = , então y = 0, se x < , então y < 0, se x > , então y > 0. b) f(x) = + 1 Resolução: raiz da função: + 1 = 0 ⇒ = –1 ⇒ –x = – 2 ⇒ x = 2, o coefi ciente de x é negativo , portanto, a função é decrescente; temos então: INEQUAÇÃO DO 1O GRAU A inequação se caracteriza pela presença de um dos seguintes sinais de desigualdade: > , < , ≤ ou ≥. Recordaremos algumas propriedades das desigualdades: 1o) Somando ou subtraindo um número a cada um dos membros, a desigualdade não se altera: –1 < 2 3 > –7 –1 + 2 < 2 + 2 3 – 5 > –7 – 5 1 < 4 –2 > –12 2o) Multiplicando ou dividindo os dois membros da desigualdade por um número positivo, a desigualdade não se altera: –2 < 8 5 > –10 –2 . (2) < 8 . (2) –4 < 16 1 > –2 3o) Multiplicando ou dividindo os dois membros da desigualdade por um número negativo, é necessário inverter a desigualdade para que a sentença seja verdadeira. Veja a seguir: –7 < 0 3 > –9 –7 . (– 2) > 0 . (–2) 14 > 0 –1 < 3 Essas propriedades são válidas para a resolução de inequações do 1o grau. Exemplo Resolver, em , a inequação 2x – 1 > 3. Resolução: Resolver essa inequação é determinar o conjunto de nú- meros que, substituídos por x, forneçam números maiores que 3. Temos então de isolar x no 1o membro da inequação: 2x – 1 > 3 ⇒ 2x > 3 + 1 ⇒ 2x > 4 ⇒ x > 2 ⇒ ⇒ V = { x ∈ | x > 2 } INEQUAÇÃO–PRODUTO E INEQUAÇÃO–QUOCIENTE Para resolver uma inequação-produto ou uma inequação-quo- ciente, devemos estudar os sinais das funções separadamente, transpor- tar os resultados para um quadro e, a seguir, efetuar o produto dos si- nais. Assim, determinamos os valores numéricos de x que satisfazem à desigualdade. Exemplos Vamos resolver em a inequação: (x + 1) (2x – 3) > 0. Chamemos as funções de f(x) e h(x), então: f(x) = x + 1 h(x) = 2x – 3 Queremos determinar o conjunto de valores de x tal que o produto f(x) . h(x) seja positivo. Façamos o estudo do sinal das funções separadamente: f(x) = x + 1, raiz de f(x): x + 1 = 0 ⇒ × = –1 O coefi ciente de x é positivo (a = 1), então f(x) é crescente. Portanto: Observeque: se x é menor que –1, y é negativo; se x é maior que –1, y é positivo. Os sinais de y deverão ser colocados no quadro de sinais. h(x) = 2x – 3, raiz de h(x): 2x – 3 = 0 ⇒ 2x = 3 ⇒ x = O coefi ciente de x é positivo (a = 2), então h(x) é crescente. Portanto: se x é menor que , y é negativo; se x é maior que , y é positivo. Os sinais de y deverão ser colocados no quadro de sinais. sinais de f(x)) x x 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 503 13.08.09 12:30:00 504 Matemática RAÍZES DA FUNÇÃO DE 2O GRAU Analogamente à função do 1o grau, para encontrar as raízes da função quadrática, devemos igualar f(x) a zero. Teremos então: ax2 + bx + c = 0. A expressão assim obtida denomina-se equação do 2o grau. As raí- zes da equação são determinadas utilizando-se a fórmula de Bhaskara: Δ é chamado de discriminante dessa equação e pode obedecer a três condições distintas: Δ > 0 ⇒ duas raízes reais e distintas; Δ = 0 ⇒ duas raízes reais e iguais; Δ < 0 ⇒ não existem raízes reais (∃ x ∈ ). Exemplo Resolva a equação do 2o grau: –7x2 + 6x + 1 = 0 Resolução: Sempre que tivermos uma equação completa, utilizaremos a fórmula de Bhaskara para resolver: GRÁFICO DA FUNÇÃO DE 2O GRAU a) Concavidade da parábola: Gra� camente, a função de 2o grau, de domínio , é representada por uma curva denominada pa- rábola. Dada a função y = ax2 + bx + c, cujo grá� co é uma parábola, se: b) O termo independente: Na função y = ax2 + bx + c, se x = 0, te- mos y = c. Os pontos em que x = 0 estão no eixo 0y, isto signi� ca que o ponto (0, c) é onde a parábola “corta” o eixo 0y. a < 0 → concavidade voltada para cima a < 0 → concavidade voltada para baixo f(x) h(x) f(x) . g(x) Agora que sabemos os sinais de cada função separadamente, vamos transportá-los para um quadro de sinais. O quadro terá três linhas: uma para f(x), uma para h(x) e a terceira para a solução f(x) · h(x). As raízes devem ser colocadas em ordem crescente e indicadas por uma bolinha branca, porque elas apenas delimitam os intervalos do conjunto-solu- ção, já que na inequação original não consta o sinal de igualdade (o si- nal usado é >, e não ù). Observe que na primeira linha são colocados os sinais de f(x): + para x maior que –1 e – para x menor que –1. Na segunda linha são colocados os sinais de h(x): + para x maior que e – para x menor que Na terceira linha são colocados os sinais do produto, como inicialmen- te queríamos: f(x) . h(x) > 0. As soluções serão os intervalos com sinal positivo. S = {x ∈ | x < –1 ou x > } Função do 2o grau Em cerca de 2000 a.C., matemáticos babilônios já resolviam algu- mas equações do 2o grau. Nessa época, utilizavam regras ou � guras nas resoluções, já que não se utilizavam de letras para representar números e, assim, não possuíam fórmulas. Foi o matemático hindu Bhaskara que encontrou a resolução da equação de 2o grau sem recorrer a figuras. Porém, somente no século XVI, quando o matemático francês François Viète começou a usar letras simbolizando coe� cientes e incógnitas, a fórmula de Bhaskara ad- quiriu o formato que conhecemos hoje. Chama-se função do 2o grau ou função quadrática, de domí- nio e contra-domínio , a função f(x) = ax2 + bx + c, onde: a, b e c são números reais e a ≠ 0 a é o coe� ciente de x2 b é o coe� ciente de x c é o termo independente Chama-se função completa aquela em que a, b e c não são nu- los, e função incompleta aquela em que b ou c é nulo. Exemplos 1) f(x) = x2 + 2x – 1 é função quadrática completa, onde a = 1, b = 2 e c = –1. 2) y = 2x2 – 8 é função quadrática incompleta, onde a = 2, b = 0 e c = – 8. 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 504 13.08.09 12:30:02 505Matemática c) Raízes da função: Gra� camente, as raízes da função de 2o grau são os pontos onde a parábola corta o eixo 0x. Temos então três casos a considerar: • se Δ > 0, a função tem duas raízes reais e distintas; nesse caso a pa- rábola “corta” o eixo 0x em dois pontos. • se Δ = 0, a função tem duas raízes reais e iguais; nesse caso a pará- bola “corta” o eixo 0x em um único ponto. • se Δ < 0, a função não tem raízes reais; nesse caso a parábola não “corta” o eixo 0x. Exemplo Analisando cada um dos gráfi cos de funções quadráticas, identifi que: o sinal do discriminante; as raízes da função e o valor do ter- mo independente. a) b) c) Resolução: a) como a parábola intercepta o eixo 0x em dois pontos, o discrimi- nante é positivo (Δ > 0); as raízes são 0 e 4; a parábola corta o eixo 0y no ponto (0, 0), então c = 0. b) a parábola não “corta” o eixo 0x, então Δ < 0; sendo Δ , 0 a função não possui raízes reais; c = 27. c) a parábola intercepta o eixo 0x em um único ponto, então Δ = 0; o ponto de intersecção da parábola com o eixo COORDENADAS DO VÉRTICE CONJUNTO IMAGEM Conhecendo a ordenada do vértice da parábola é possível determi- nar o conjunto imagem da função. Na � gura anterior, a parábola tem concavidade voltada para cima, portanto, o vértice é o ponto mínimo da função. Se projetarmos qualquer ponto da parábola sobre o eixo 0y, obteremos valores de y maiores ou igual a –1, conforme mostra a � gura a seguir; nesse caso o conjunto imagem é: Im = {y ∈ | y ≥ – 1} Exemplo Uma bola colocada no chão é chutada para o alto, percorrendo uma tra- jetória descrita por y = 22x2 + 12x, onde y é a altura, dada em metros. A altura máxima atingida pela bola é de: a) 36 m b) 18 m c) 12 m d) 6 m e) 3 m Resolução: Observe que a = 22, portanto, a parábola que representa a trajetória da bola tem concavidade voltada para baixo. Nesse caso, a ordenada do vértice (yv) será a altura máxima atingida pela bola (valor máximo da função), conforme mostra a fi gura: Altura máxima ⇒ INEQUAÇÃO DO 2O GRAU Considere a função f(x) = ax2 + bx + c, onde a ≠ 0 e a, b e c são nú- meros reais. A inequação do 2o grau é toda desigualdade tal que: f(x) > 0, f(x) < 0, f(x) > 0, ou f(x) ≤ 0. Resolver uma inequação quadrática é determinar o conjunto de va- lores de x que satisfaçam a desigualdade pedida. Exemplo Resolva a inequação: x2 – 4x + 3 > 0 Resolução: Para resolver essa inequação devemos fazer o estudo do sinal da função e determinar os valores de x para que a função seja positiva. Estudo do sinal: começamos por determinar as raízes, igualando a fun- ção a zero: Resposta: b Jogo de futebol. C am ila G ar ci a 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 505 13.08.09 12:30:05 506 Matemática As raízes são 1 e 3 e, como a = 1, a concavidade da parábola é voltada para cima. Os sinais da função são: Na inequação inicial x2 – 4x + 3 > 0, queremos os valores de x para que a função seja positiva, portanto, a solução são os intervalos em que aparece esse sinal. S = {x ∈ | x < 1 ou x > 3} Resposta: INEQUAÇÃO-PRODUTO E INEQUAÇÃO-QUOCIENTE Para resolver uma inequação-produto ou uma inequação-quo- ciente, devemos estudar os sinais das funções separadamente, transpor- tar os resultados para um quadro e, a seguir, efetuar o produto dos si- nais. Assim, determinamos os valores numéricos de x que satisfazem à desigualdade. Exemplos Resolva a inequação: Resolução: Sejam f(x) = 3x – 1 e g(x) = x2. Observe que nesse exercício f(x) é função do 1o grau. Vamos analisar os sinais das funções: Sinais de f(x): negativo para x < positivo para x > Sinais de g(x): observe que se x = 0 a função se anula; se x < 0 ou x > 0 a função é sempre positiva. Colocando os sinais no quadro, devemos lembrar que a função g(x) está no denominador; portanto, sua raiz, x = 0, deve ser indicada com uma bolinha branca. Sinais de f(x): negativo para x < positivo para x > Sinais de g(x): sempre positivo Produto dos sinais: como queremos que o quociente das fun- ções seja menor ou igual a zero, a solução são os intervalos que têm o sinalnegativo, lembrando que x ≠ 0, pois esse valor anula o denomi- nador da fração. S = {x � | x ≤ ou x ≠ 0} Função modular O módulo ou valor absoluto de um número real surgiu como con- sequência do desenvolvimento teórico dos números inteiros. Na lingua- gem coloquial, não utilizamos números negativos, mas sim palavras que os simbolizam. Por exemplo: (Fuvest-92) Num terreno, na forma de um triângulo re- tângulo com catetos com medidas 20 e 30 metros, deseja- se construir uma casa retangular de dimensões x e y, como indicado na fi gura adiante. a) Exprima y em função de x. b) Para que valores de x e de y a área ocupada pela casa será máxima? Resolução: O ponto máximo é dado por x máx = = = 15 metros e y máx . 15 + 20 = 10 + 20 = 10 metros. a) Para exprimirmos y em função de x usamos a semelhança de triângulos: b) Para encontrarmos a área máxima substituímos a ex- pressão na fórmula da área do retângulo, iguala- mos a zero, e resolvemos a equação do 2o grau: 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 506 13.08.09 12:30:08 507Matemática • dizemos que a temperatura atingiu 5° C abaixo de zero e não –5° C; • dizemos que uma conta bancária tem saldo devedor de R$ 100,00 e não –R$ 100,00; • dizemos que o mergulhador chegou a 20 m abaixo do nível do mar e não a –20 m. MÓDULO DE UM NÚMERO REAL Utilizamos os números em módulo acrescentando palavras que loca- lizam sua posição em relação à origem. Portanto, o conceito de módulo de um número é basicamente geométrico. Observe a reta real: O módulo de um número real é a distância do ponto correspon- dente a ele até a origem, portanto o módulo de um número é sempre positivo. Observe: – o módulo de –3 é 3. Para representar usamos a notação: |–3| = 3 – o módulo de –1 é 1, ou |–1| = 1 – o módulo de –5 é 5, ou |–5| = 5 De modo geral, para calcular o módulo de um número procedemos da seguinte maneira: • se o número é positivo, conserva-se o sinal; • se o número é negativo, troca-se o sinal. Exemplos Calcule: a) |–5,7| b) |91| c) |2x| d) |5x + 10| e) |x2 – 1| Resolução: a) |–5,7| = 5,7 b) |91| = 91 c) Nesse caso, o valor numérico depende da incógnita x. Como não sabe- mos se 2x é positivo ou negativo, temos de considerar os dois casos. 1o caso: Se 2x for positivo ou zero, conserva-se o sinal. Assim, |2x| = 2x 2o caso: Se 2x for negativo, troca-se o sinal. Assim, |2x| = –2x Resumindo, temos: d) Novamente, como não temos um valor numérico para 5x + 10, te- mos de determinar x considerando que 5x + 10 possa ser positivo ou negativo: De� nição: |x| = x se x ≥ 0 –x se x < 0 |2x| = 2x se 2x ≥ 0 ⇒ x ≥ 0 –2x se 2x < 0 ⇒ x < 0 1o caso: Se 5x + 10 for positivo ou zero, conserva-se o sinal. 5x + 10 ≥ 0 ⇒ 5x ≥ –10 ⇒ x ≥ –2 Então, |5x + 10| = 5x + 10 para x ≥ –2. 2o caso: Se 5x + 10 for negativo, troca-se o sinal. 5x + 10 < 0 ⇒ 5x < –10 ⇒ x < –2 Então, |5x + 10| = –5x – 10 para x < –2. Resumindo, temos: e) Vamos considerar os dois casos. 1o caso: Se x2 – 1 for positivo ou zero, conserva-se o sinal. x2 – 1 ≥ 0 ⇒ x – 1 ou x ≥ 1 Então, |x2 – 1| = x2 – 1 para x < – 1 e x > 1 2o caso: Se x2 – 1 for negativo, troca-se o sinal. x2 – 1 < 0 ⇒ – 1 < x < 1 Portanto |x2 – 1| = –x2 + 1 para –1 < x < 1 Resumindo, temos: GRÁFICO DA FUNÇÃO MODULAR Função modular é toda função f, de domínio e contradomínio , tal que f(x) = |x| ou y = |x|. O grá� co da função modular pode ser obtido de dois modos: 1o modo: a partir da de� nição de módulo; 2o modo: por simetria em relação ao eixo x. Exemplos a) Esboce o gráfi co de y = |x + 1|. Resolução: 1o modo: Aplicando a defi nição de módulo: se x + 1 é positivo ou zero, conservamos o sinal. x + 1 ≥ 0 ⇒ x ≥ –1 Então |x + 1| = x + 1 se x ≥ –1 se x + 1 é negativo, troca-se o sinal. x + 1 < 0 ⇒ x < –1 Então |x + 1| = –x – 1 se x < –1 Assim, temos: |x2 – 1| = x2 – 1 se x –1 ou x ≥ 1 –x2 +1 se –1 < x < 1 |5x + 10| = 5x + 10 se x ≥ –2 –5x – 10 se x < –2 |x + 1| = x + 1 se x ≥ –1 (I) –x – 1 se x – 1 (II) 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 507 13.08.09 12:30:10 508 Matemática Substituímos x por –1, e por valores maiores que –1 na equação (I): y = x + 1 se x = –1, então y = –1 + 1 = 0 ⇒ ponto (–1, 0) se x = 0, então y = 0 + 1 = 1 ⇒ ponto (0 ,1) Marcamos os pontos obtidos no plano cartesiano, traçando uma semirreta com origem no ponto (–1, 0): Atribuímos a x valores menores que –1, substituindo na função (II): y = – x – 1 se x = –2, então y = –(–2) – 1 = 2 – 1 = 1 ⇒ ponto ( –2, 1) Marcamos esse ponto no plano cartesiano, unindo-o ao ponto (–1, 0): 2o modo: Queremos o gráfi co de y = |x + 1|, para isso traçamos o grá- fi co de y = x + 1: Como o módulo de um número é sempre positivo, os pontos abaixo do eixo x, onde y é negativo, não pertencem ao gráfi co de |x + 1|. Tomamos, então, pontos simétricos em relação ao eixo x ou, em outras palavras, “rebatemos” o gráfi co. Observe abaixo: b) Dado o gráfi co de f(x) esboce o gráfi co de |f(x)|. Resolução: Quando não conhecemos a função mas temos o gráfi co, é mais fácil “rebater” os pontos abaixo do eixo x. EQUAÇÕES MODULARES Para resolver equações modulares, utilizamos basicamente a de- finição de módulo. Sempre que tivermos uma função modular, de- vemos considerar que, dependendo do valor da incógnita, o valor numérico da função (entre as barras do módulo) poderá ser posi- tivo ou negativo. Exemplos a) Resolva a equação |2x| = 14. Resolução: Se o módulo de 2x é 14, então a função y = 2x pode ser 14 ou –14, pois: |14| = 14 e |–14| = 14 Então: 2x = 14 ⇒ x = 7 ou 2x = – 14 ⇒ x = –7 ⇒ S = {–7, 7} b) Resolva a equação |–2x + 1| = . Resolução: Como = ou |– | = , então: –2x + 1 = ⇒ x = ou –2x + 1 = ⇒ x = c) Resolva a equação |x2| + |x| – 12 = 0. Resolução: Observe que, nesse exercício, temos uma equação do 2º grau onde a incógnita é |x|. Para facilitar a resolução, podemos utilizar uma mudança de variável, substituindo |x|, por exemplo, por m, então |x| = m. Em função de m, temos a seguinte equação: m2 + m – 12 = 0 = b2 – 4ac ⇒ (1)2 – 4 . 1 . (–12) = 1 + 48 ⇒ 49 ⇒ Agora que temos os valores de m, podemos calcular |x|. Como |x| = m, então: |x| = 3 ⇒ x = 3 ou x = – 3 ou |x| = – 4 ⇒ ∃ x ∈ , pois o módulo de 1 número é sempre positivo. S = {– 3, 3} 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 508 13.08.09 12:30:12 509Matemática INEQUAÇÕES MODULARES As inequações modulares se caracterizam pela presença de um dos sinais de desigualdade: >, ≥, < ou ≤. Observe a resolução dos exercícios seguintes. Exemplos a) Resolva em a inequação |x| ≥ 5. Resolução: Vamos analisar os intervalos com extremidades em –5 e 5. Observe que, como o sinal de desigualdade é ≥, os pontos –5 e 5 são representados com uma bolinha preta: Substituindo x por –5 e por números menores que –5, temos: se x = –7, então |x| = 7, portanto maior ou igual a 5; se x = –6, então |x| = 6, portanto maior ou igual a 5; se x = –5, então |x| = 5, portanto maior ou igual a 5. Concluímos que os valores menores ou iguais a –5 satisfazem a ine- quação |x| ≥ 5. Substituindo x por 5 e por números maiores que 5, temos: se x = 5, então |x| = 5, portanto maior ou igual a 5; se x = 6, então |x| = 6, portanto maior ou igual a 5; se x = 7, então |x| = 7, portanto maior ou igual a 5. Portanto, valores de x maiores ou iguais a 5 satisfazem a inequação |x| ≥ 5. S = {x ∈ | x ≤ –5 ou x ≥ 5} De modo geral, se a é um número positivo, então: Propriedade 1: |x| < a ⇒ –a < x < a Propriedade 2: |x| > a ⇒ x < –a ou x > a b) Resolva a inequação |2x – 4| ≤ 10. Resolução: Inicialmente, procedemos como nos exercícios anterio- res,aplicando a propriedade 1: –10 ≤ 2x – 4 ≤ 10 Porém, precisamos determinar x. Para isto, utilizamos proprieda- des operatórias de modo a isolar x no termo central da inequação: –10 ≤ 2x – 4 ≤ 10 Somamos 4 nos três membros da inequação –10 + 4 ≤ 2x – 4 + 4 ≤ 10 + 4 ⇒ –6 ≤ 2x ≤ 14 dividimos por 2: S = {x ∈ | – 3 ≤ x ≤ 7} c) Resolva a inequação |x + 7| > –3. Resolução: Nos exercícios anteriores, tínhamos números positivos no segundo membro das inequações. Nesse exercício, temos um nú- mero negativo (–3). Devemos, portanto, analisar para obter a solução. Queremos determinar um conjunto de valores para x que, quando subs- tituídos em |x + 7|, forneçam resultados maiores que –3. Por defi nição, o módulo de um número é sempre positivo, então, para qualquer x, temos que |x + 7| será positivo e, neste caso, será maior que –3. O conjunto-solução é, portanto: S = d) Determine os valores de x que satisfazem a inequação: |3x – 4| ≤ –1. Resolução: Novamente, temos um número negativo (–1) no segun- do membro da inequação. Analogamente ao exercício anterior, como |3x – 4| é positivo qualquer que seja o valor de x, então não é possível ser menor que um núme- ro negativo. Nesse caso, o conjunto solução é vazio: S = ∅ De modo geral, se m é um número negativo, então: |x| > m ⇒ ∀ x ∈ ⇒ S = |x| < m ⇒ ∃ x ∈ ⇒ S = ∅ Função exponencial Ao longo da história da matemática, o homem sempre procurou meios que facilitassem os cálculos. Na Antiguidade, os matemáticos pro- curavam construir tabelas para simpli� car a aritmética, mais especi� ca- mente para o cálculo com potências. Os primeiros registros sobre potên- cias datam de 1 000 a.C., porém somente no século XVII encontramos a notação de potências que utilizamos hoje. POTÊNCIAS A potência n de um número é o produto de n fatores desse número: an = a . a . a . a . a ..., onde n ∈ e a é chamado de base e n é chamado de expoente. Exemplos 23 = 2 . 2 . 2 = 8 34 = 3 . 3 . 3 . 3 = 81 (–5)3 = (–5) – (–5) . (–5) = –125 61 = 6 (–8)2 = (–8) . (–8) = 64 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 509 13.08.09 12:30:13 510 Matemática Podemos notar que, se a base é um número positivo, qualquer que seja o expoente, a potência é positiva. Porém, se a base é um número ne- gativo, a potência será positiva se o expoente for um número par e ne- gativa se o expoente for um número ímpar. Como n é um número inteiro, podemos ter expoentes negativos. Nes- ses casos usamos a seguinte propriedade para calcular a potência: Exemplos PROPRIEDADES DAS POTÊNCIAS Considere a e b bases reais e diferentes de zero, e m e n expoentes inteiros. Temos: Propriedades Exemplos am . an = am + n 23 . 22 = 25 = 32 ao = 1 259o = 1 (am)n = am . n (22)5 = 22–5 = 210 = 1 024 EQUAÇÃO EXPONENCIAL A equação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente. Alguns exemplos são: 2x = 32 3x + 1 = 243 52 –x +4 = 125 3x + 3x+1 – 3x–2 = 52x – 2 . 5x – 3 = 0 Vamos então, utilizando as propriedades, resolver as duas primei- ras equações. Exemplos Resolva as equações exponenciais em : a) 2x = 32 Resolução: Como 32 = 25, substituiremos na equação. Observe que, ao reduzir os dois membros da igualdade à mesma base (2), podemos igualar os expoentes: 2x = 32 ⇒ 2x = 25 ⇒ x = 5 ⇒ S = {5} x y = 3x –2 –1 0 1 1 3 2 9 x y = –2 9 –1 3 0 1 1 2 b) 3x + 1 = 243 Resolução: Procedemos da mesma maneira que no exercício ante- rior. Substituímos 243 por 35, reduzimos os dois membros da equa- ção à base 3, igualamos os expoentes e encontramos o valor de x: 3x + 1 = 243 ⇒ 3x + 1 = 35 ⇒ x + 1 = 5⇒ x = 4 ⇒ S = {4} GRÁFICOS DA FUNÇÃO EXPONENCIAL A função exponencial f, de domínio e contra domínio , é de� - nida por y = ax, onde a > 0 e a ≠1. f : e y = ax onde a > 0 > e a ≠1. São exemplos de funções exponenciais: Exemplos 1) Considere a função y = 3x. Vamos atribuir valores a x, calcular y e a seguir construir o gráfi co: 2) Vamos agora construir o gráfi co da função exponencial: y = 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 510 13.08.09 12:30:17 511Matemática De modo geral, dada a função: y = ax: se a > 1 a função exponencial é crescente; se 0 < a < 1 a função é decrescente. INEQUAÇÃO EXPONENCIAL A inequação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤. São exemplos de inequações exponenciais: Antes de resolvê-las, vamos analisar os grá� cos a seguir. f(x) é crescente f(x) é decrescente ⇒ a > 1 ⇒ 0 < a < 1 Observando os grá� cos, temos que: Na função crescente, conservamos o sinal da desigualdade para comparar os expoentes: an > am ⇔ n > m e am < an ⇔ m < n Na função decrescente, “invertemos” o sinal da desigualdade para comparar os expoentes: ap > aq ⇔ p < q e aq < ap ⇔ q > p desde que as bases sejam iguais. Exemplos Resolva as inequações: a) 2x > 32 Resolução: Para comparar os expoentes, é necessário reduzir os dois membros da inequação à mesma base, lembrando que 25 = 32. Temos: 2x > 32 ⇒ 2x > 25 Como a = 2 (função crescente), conservamos o sinal: x > 5 S = {x ∈ | x > 5} b) Resolução: Substituímos 3x < 9 2 x + 4 ≥ 32 reduzindo os dois membros à mesma base: Como 0 < < 1 (função decrescente), invertemos o sinal: x ≥ 3. S = {x ∈ | x ≥ 3} A Matemática descobrindo planetas Os planetas, de Mercúrio até Urano, foram descobertos por meio de observações telescópicas. Entretanto, com os planetas Plutão e Netuno, a história foi bem diferente. A primeira pessoa que quase descobriu a existência des- ses planetas foi Galileu Galilei, enquanto observava as luas de Júpiter em seu telescópio. Netuno em particular, foi re- gistrado diversas vezes em observações, sem entretanto ser reconhecido como um planeta. A descoberta de Netuno resultou da análise matemática dos desvios de Urano de sua órbita prevista, dados estes obti- dos a partir da Lei da Gravitação Universal de Isaac Newton. Embora esse planeta estivesse muito distante para que pudes- se ser observado com clareza por meio dos telescópios disponí- veis na época, era possível perceber que a órbita de Urano não correspondia aos cálculos realizados. Primeiro pensou-se que a Lei da Gravitação Universal era falha quando se tratava de longas distâncias. Porém, outros conjecturaram que esses des- vios podiam estar ocorrendo devido à infl uência de um outro planeta desconhecido. Com base nessa hipótese e nos dados disponíveis, foi possível calcular qual seria a órbita desse novo planeta, que agora sabemos tratar-se de Netuno, e até deter- minar sua massa, sem que ele tivesse sido visto. Uma vez aceita a descoberta de Netuno pela comunida- de científi ca, outras observações confrontadas com os dados calculados apresentavam novamente discrepâncias, e assim como aconteceu na descoberta de Netuno, descobriu-se a existência de Plutão. Há especulações que afi rmam existir mais um plane- ta no Sistema Solar, depois de Plutão, mas ainda não fo- ram confi rmadas. Representação parcial do sistema solar. N as a 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 511 13.08.09 12:30:19 512 Matemática Exemplos logx – 1 2x O logaritmando e a base devem ser positivos, e a base não deve ser igual a 1: 2x > 0 ⇒ x > 0 e x –1 > 0 ⇒ x > 1, então x – 1 ≠ 1 ⇒ x ≠ 2 Como existem três condições sobre o valor de x, devemos determinar a intersecção: x > 1 e x ≠ 2 Propriedades 1) loga a m = m, a > 0 e a ≠ 1 2) loga 1 = 0, a > 0 e a ≠ 1 3) aloga b = b, b > 0, a > 0 e a ≠ 1 Propriedades operatórias dos logaritmos 1) Logaritmo do produto loga m . n = logam + logan Exemplo: log10 6 = log10 2 . 3= log10 2 + log103 2) Logaritmo do quociente loga = loga m – loga n Exemplo: log5 = log5 3 – log5 2 3) Logaritmo de potência loga m p = p . logam Exemplo: log3 8 = log3 2 3 = 3 log3 2 4) Cologaritmo De� ne-se cologaritmo como o oposto do logaritmo: cologab = –logab Exemplo: log7 = 2 log7 = 2 log7 = – log7 7 –3 = = 3 log7 7 = 3 5) Mudança de base Para mudar a base do logaritmo, usamos a seguinte proprie- dade: lognm = , sendo m > 0, n > 0, n ≠ 1, a > 0 e a ≠ 1 Função logarítmica Durante o Renascimento, com o advento da astronomia e das gran- des navegações, foi necessário simpli� car os cálculos, transformando multiplicações e divisões em somas e subtrações. A ideia inicial é sim- ples. Suponha, por exemplo, que se queira determinar o valor de x tal que 10x = 5. O que faziam os matemáticos? Procuravam encontrar um valor aproximado de x, em geral um número irracional, tal que fosse verda- deira a igualdade. Procediam da mesma maneira para outras equações exponenciais e tabelavam os valores determinados. Quando necessário, bastava consultar a tabela. Por mais de dois séculos as tabelas logarítmicas representaram um poderoso instrumento de cálculo e somente deixaram de ser utilizadas com a invenção das calculadoras ele- trônicas. Por outro lado, ainda hoje, a teoria logarítmica tem importância fundamental no estudo das ciências, em que surgem os logaritmos natu- rais. A base desses logaritmos é o nú- mero e, e foram tabelados por John Napier (1550-1617), por isso são tam- bém conhecidos por logaritmos ne- perianos. Os logaritmos naturais são utilizados, por exemplo, para calcular o crescimento populacional, taxas de juros de aplicações � nanceiras, desin- tegração radioativa, etc. LOGARITMO O logaritmo de um número b, na base a, onde a e b são positivos e a é diferente de 1, é um número x, tal que x é o expoente de a para se obter b, então: logab = x ⇔ a x = b, sendo b > 0, a > 0, a ≠1 onde: b é chamado de logaritmando, a é chamado de base e x é o logaritmo. Exemplos Se 24 = 16, então 4 é o logaritmo de 16 na base 2, ou: log2 16 = 4 ⇔ 2 4 = 16 De modo geral, loga a = 1, sendo a > 0 e a ≠1. Observação: Nos logaritmos decimais, ou seja, aqueles em que a base é 10, esta frequentemente é omitida. Exemplo: logaritmo de 2 na base 10, notação: log 2. PROPRIEDADES DOS LOGARITMOS Domínio (condição de existência): Segundo a de� nição, o loga- ritmando e a base devem ser positivos, e a base deve ser diferente de 1. Portanto, sempre que encontramos incógnitas no logaritmando ou na base, devemos garantir a existência do logaritmo. Ph o to d is c A calculadora faz parte do dia-a-dia. 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 512 13.08.09 12:30:21 513Matemática Exemplo: Seja a expressão P = log3 . log2710. Sendo 27 um múltiplo de 3, é con- veniente mudar a base deste logaritmo. Utilizaremos a base 10, pois essa é a base de log 3. Temos, então: Substituindo na expressão dada, temos: FUNÇÃO LOGARÍTMICA Função logarítmica é a função f, de domínio *+ e contradomínio , que associa cada número real e positivo x ao logaritmo de x na base a, onde a é um número real, positivo e diferente de 1. f: *+ x y = loga x, a > 0 e a ≠ 1 GRÁFICO DA FUNÇÃO LOGARÍTMICA a) y = log3 x: Para traçarmos o grá� co, começamos atribuindo va- lores convenientes a x, calculamos y, conforme mostra a tabela abaixo. Em seguida, localizamos os pontos no plano cartesiano, obtendo a cur- va que representa a função. b) y 5log x: Do mesmo modo, vamos tabelar valores convenientes de x, calculando y. Localizamos os pontos no plano cartesiano, determi- nando a curva correspondente à função: Concluindo: se a > 1, a função é crescente; se 0 < a < 1, a função é decrescente. EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS Equações logarítmicas A equação logarítmica caracteriza-se pela presença do sinal de igual- dade e da incógnita no logaritmando. Para resolver uma equação, inicialmente devemos estabelecer a condição de existência do logaritmo, determinando os valores da in- cógnita para que o logaritmando e a base sejam positivos, e a base di- ferente de 1. (Unaerp-1996) Se log 2 b – log 2 a = 5 o quociente , vale: a) 10 b) 32 c) 25 d) 64 e) 128 Resolução: log 2 a – log 2 b = 5 Com base na propriedade dos logaritmos: Pela defi nição de logaritmos: 25 = Resposta: B x y –1 1 0 3 1 9 2 x y 1 1 0 3 –1 9 –2 A escala de pH Todos nós, em determinada situação, já comentamos que um suco está ácido ou já pedimos em uma farmácia algum “antiácido” para combater dores de estômago. Em química existe uma escala desenvolvida pelo bioquími- co dinamarquês Soren Peter L. Sorensen chamada escala de pH, a qual nos fornece uma ferramenta prática para quantifi car o quão ácida ou básica é uma determinada substância. Para utilizar a escala é necessário conhecer a concentra- ção de íons de H+ da solução. Exemplo: Suco de laranja: [H+] = 1 . 1023 mol/L. Como o pH = 2log [H+] então pHsuco de laranja = 2log 10 23 = = 2(23) log 10 = 3. Vejamos a seguir o pH de algumas substâncias: pH Substâncias 0 1 Ácido da bateria de um automóvel 2 Suco de limão; suco gástrico 3 Vinagre; suco de laranja 4 Suco de tomate 5 Café; chuva; vinho 6 Leite; saliva 7 Água pura; sangue 8 Xampu; água do mar 9 Bicarbonato de sódio 10 Leite de magnésia; sabão líquido 11 Produto de limpeza com amônia 12 Barrilha 13 Limpa-forno 14 (Minimanual Compacto de Química. São Paulo, Rideel.) x y x y 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 513 13.08.09 12:30:23 514 Matemática Funções circulares – trigonometria A trigonometria teve seu desenvolvimento re- lacionado aos estudos de astronomia, à medida que surgiu a necessidade de se estudar as fases da lua, eclipses, distância entre planetas, etc. O conheci- mento cientí� co e preciso de todos esses fenômenos facilitava a determinação de rotas de navega- ção e, consequentemente, a expansão territorial. Com o desenvolvimento da matemática, a trigonometria tornou-se independente da astronomia e passou a ser aplicada em outras áreas da ciência, destacando-se na física, por exemplo, nos movimentos circula- res, no movimento de oscilação de um pêndulo, na óptica, na cinemá- tica vetorial etc. A palavra trigonometria tem origem grega e signi� ca medida de três ângulos. Basicamente, o que se estuda na trigonometria é a relação entre ângulos e distâncias. Por conta disso é imprescindível o conhecimento das relações entre ângulos e lados do triângulo retângulo. TRIÂNGULO RETÂNGULO Chamamos de triângulo retângulo aquele que possui ângulo reto (ângulo de 90°). Dizemos que os outros ângulos são agudos (menores que 90°). Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180°, no triângulo retângulo os ângulos agudos são complementares, pois somam 90°. RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS Exemplos Determinar as razões trigonométricas do triângulo TEOREMA DE PITÁGORAS Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados das medi- das dos catetos é igual ao quadrado da medida da hipotenusa. Exemplo log3(x–1) = 3 Condição de existência: x – 1 > 0 ⇒ x > 1. Substituímos o número 3 por um logaritmo de base 3; obtendo logarit- mos de mesma base, igualamos os logaritmandos, resolvendo a equa- ção obtida: log3(x – 1) = 3 ⇒ x – 1 = 3 3 ⇒ x – 1= 27 ⇒ x = 28. Como x = 28 satisfaz a condição de existência (x > 1), temos: S = {28} Ph o to d is c Eclipse lunar. Os logaritmos e a escala Richter A escala Richter foi desenvolvida por Charles Francis Richter em 1935, no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Richter utilizou a fórmula a seguir para determinar a magnitude M dos terremotos: M = log A + 3 log [8 t] – 2,92, onde A é a amplitude em milímetros medida e t, o intervalo de tempo em segundos entre as ondas S e P, que são ondas estudadas em profundi- dade pela Geologia.Nessa fórmula cada acréscimo de uma unidade corresponde a um aumento de 10 vezes na mag- nitude do terremoto. Se fi zermos a essa fórmula a seguinte aproximação: M = log A e tomarmos A como 1 mm temos M = log 1 = 0. M igual a 0 equivale aproximadamente ao choque entre o homem e o chão quando este salta de uma cadeira. O valor de A e t são obtidos por meio de sismógra- fos, que, ao serem substituídos na fórmula anterior, pro- duzem os valores da tabela a seguir: Gravidade do terremoto Efeitos do terremoto Menor que 3,5 Em geral não percebido, mas registrado. 3,5 a 5,4 Quase sempre percebido, mas raramente causa danos. Menor que 6,0 Pequenos prejuízos em construções bem projetadas. Os danos maiores são percebidos em construções frágeis. 6,1 a 6,9 Pode ser destrutivo em área de até 100 quilômetros de raio. 7,0 a 7,9 Terremoto grave. Causa grandes estragos. 8,0 ou maior Causa grandes prejuízos e danos fatais em área de vários quilômetros de raio. Na história, temos constantes relatos de terremotos. Alguns dos grandes terremotos da história foram: • Equador, em 1.906, com magnitude 8,9 e que resultou em 2.000 mortes. • Cidade do México, em 1.985, com magnitude 8,1 e que resultou em 12.000 mortes. • Messina, Itália, em 1.908, com magnitude 8,0 e que re- sultou em 82.000 mortes. 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 514 13.08.09 12:30:25 515Matemática ARCO DE CIRCUNFERÊNCIA Tomando dois pontos distintos sobre uma circunferência, estamos determinando dois arcos: Um ângulo com vértice no centro de uma circunferência é chama- do ângulo central. Portanto, unindo as extremidades dos arcos ao cen- tro da circunferência encontramos o ângulo central corresponden- te ao arco . Como cada arco possui um ângulo central correspondente, dize- mos que o ângulo e o arco possuem medidas iguais. Portanto, o número que exprime a medida do ângulo Q P é o mesmo que exprime a me- dida do arco . α é ângulo central medida = medida Q P = Utilizam-se duas unidades de medida para arcos de circunferência: o grau e o radiano. Obtém-se 1 grau dividindo a circunferência em 360 partes iguais. Obtém-se 1 radiano tomando sobre a circunferência um arco que tenha a mesma medida que o raio. Em uma circunferência de raio 1, temos que o comprimento é: C = 2r ⇒ C = 2 1 rad = 1 radiano Em outras palavras, uma volta completa (360°) sobre a circunferên- cia de raio 1 equivale ao arco 2 rad. Exemplos Em uma circunferência de 5 cm de raio, determine o arco cujo ângulo central mede 60°. De acordo com o enunciado, r = 5 cm e = 60°; portanto; devemos determinar . Para tanto, recorremos à fórmula Porém, é importante lembrar que, para utilizar essa fórmula, o ângulo deve estar em radianos; portanto, temos de transformar 60° em radianos: Substituindo na fórmula: R aq u el R an ie ri Exemplos Encontre o valor da hipotenusa no triângulo a seguir: h2 = 42 + 32 h2 = 16 + 9 h2 = 25 h = 5 Um observador de 1,70 m vê um pássaro no alto de um prédio sob um ângulo de 60°. Sabendo que o observador está a 30 m do prédio, de- termine sua altura. Resolução: De acordo com os dados do problema, po- demos, por meio de um de- senho, verifi car que a altura do prédio (h) é a soma da altura do observador e do cateto oposto ao ângulo de 60°, que chamamos de x: h = x + 1,70 Aplicamos a defi nição de tangente para encontrarmos o valor de x: CIRCUNFERÊNCIA Circunferência é o conjunto de pontos que estão a mesma distân- cia de um ponto � xo do plano; esse ponto é o centro da circunferência e a distância é o raio. Diâmetro é o segmento que tem extremidades na circunferência e que passa pelo centro. O = centro da circunferência r = raio da circunferência COMPRIMENTO DA CIRCUNFERÊNCIA Faça o seguinte experimento: contorne uma moeda com um peda- ço de linha. Corte o excesso, fazendo com que as extremidades coinci- dam. Estique a linha e veja seu comprimento. A medida encontrada é o comprimento da circunferência da moeda. Por exemplo, para uma moeda de 1 real temos aproximadamente 7,55 cm de comprimento. O seu raio é aproximadamente 1,2 cm; portanto, o diâmetro é 2,4 cm. Simbolizamos o comprimento por C e o diâmetro por d. Vamos então determinar o quociente entre o comprimento da circunferência da moeda e seu diâmetro. Podemos determinar esse quo- ciente para diversas circunferências, variando o comprimento e toman- do o respectivo diâmetro. Utilizando métodos mais precisos para medir o comprimento, veri� camos que esse quociente é constante para qualquer circunferência. Essa constante é o número irracional . = 3,141592... ⇒ 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 515 13.08.09 12:30:28 516 Matemática SENO Como o ciclo trigonométrico tem raio 1, para qualquer arco α, te- mos que: – 1 ≤ sen α ≤ 1 Observe que: sen = 1 sen = –1 sen 0 = sen π = sen π = sen 2π = 0 Exemplo Calcular sen Resolução: É necessário determinar o arco côngruo entre 0 e 2π rad: COSSENO Como o raio do ciclo trigonométrico é 1, para qualquer arco α, temos: – 1 ≤ cos ≤ 1 Observe os valores do cosseno para os arcos que têm a extremida- de sobre os eixos: cos 0 = cos 2π = 1 cos π = – 1 cos = cos = 0 RELAÇÃO FUNDAMENTAL DA TRIGONOMETRIA No triângulo retângulo OPM, sendo o raio 1, temos que: sen α = PM cos α = OP Aplicando o teorema de Pitágoras: PM2 + OP2 = 1 Substituindo: sen2 α = cos2 α = 1 Essa igualdade é a relação fundamental da trigonometria. CICLO TRIGONOMÉTRICO O ciclo trigonométrico é uma circunferência orientada de raio 1. A orientação é: O ciclo trigonométrico é dividido em quadrantes, determinados pelos eixos cartesianos. O primeiro quadrante contém a extremidade dos arcos entre 0 e 90° ou 0 e rad. O segundo quadrante contém a extremidade dos arcos entre 90° e 180° ou e p rad. O terceiro quadrante contém a ex- tremidade dos arcos entre 180° e 270° ou p e rad. O quarto quadrante contém a extremidade dos arcos entre 270° e 360° ou e 2p rad. A origem dos arcos no ciclo trigonomé- trico é o ponto A, que corresponde a 0. Ca- minhando no sentido positivo, encontra- mos os arcos positivos, por exemplo, o arco rad. Para localizar os arcos negativos, caminha- mos, a partir de A, no sentido negativo. Observe a localização do arco de – rad. Exemplo Para obter a expressão geral dos arcos com extremidades em rad procedemos da seguinte maneira. A partir de rad, podemos obter outro arco com extremidade nes- se ponto da circunferência se efetuarmos uma volta completa, ou seja, 2 rad. Portanto, a expressão geral dos arcos côn- gruos a é dada por positiva no sentido anti-horário; negativa no sentido horário. ^ 29π 12π 6 6 24 π 2 6 5π 6 – 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 516 13.08.09 12:30:31 517Matemática Exemplo Defi na os valores de x para sen x = . Resolução: Queremos encontrar os arcos que tenham seno igual a . No eixo dos senos do ciclo trigonométrico procuramos esse valor e, traçando uma reta paralela ao eixo dos cos- senos, temos as extremidades dos arcos procurados. Veja a fi gura. Note que entre 0 e 2π rad existem dois arcos, sendo que no primeiro qua- drante o arco é rad e, utilizando a simetria do ciclo, no segundo quadrante o arco Como existem infi nitos arcos com essas extremidades, e no enunciado não é dado um intervalo para x, temos que dar a solução pela expres- são geral. Assim: Exemplo Defi na os valores de x para sen Resolução: Procuramos valores de x que, substituídos na inequação, tenham senos menores ou iguais a . No eixo dos senos localizamos esse intervalo. Traçando a paralela, determinamos toda a região de arcos que satisfa- zem a inequação. Veja a fi gura. Note que a leitura dos arcos deve partir de zero, então:Exemplo Dado que sen α = , determine a tg α, sabendo que 0 < α < . Resolução: Sabendo que , precisamos determinar o valor de cos α. Dado o sen α = , recorremos à relação fundamental: Como 0 < α < tem extremidade no primeiro quadrante, nesse caso o cosseno é positivo: TANGENTE – COTANGENTE – SECANTE – COSSECANTE De� ne-se tangente como a razão entre o seno e o cosseno: . A cotangente de um arco é . A secante de um arco é . A cossecante de um arco é . EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS Equação trigonométrica é toda equação em que a incógnita é uma função trigonométrica; porém, nem todos os arcos satisfazem essas equa- ções. Para determinar esses arcos, recorremos ao ciclo trigonométrico sempre que necessário. As inequações se caracterizam pela presença de algum dos sinais de desigualdade. ÂNGULOS NOTÁVEIS Graus Radianos sen cos tan cotg sec cossec 0 0 0 0 0 1 30 2 45 1 1 60 2 90 1 0 0 1 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 517 13.08.09 12:30:35 518 Matemática TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS DA SOMA E DA DIFERENÇA DE DOIS ARCOS cos (α + β) = cos α . cos β – sen α . sen β cos (α – β) = cos α . cos β + sen α . sen β sen (α + β) = sen α . cos β + cos α . cos β sen (α – β) = sen α . cos β – cos α . cos β com α, β e α + β ≠ + k . π, k ∈ com α, β e α – β ≠ + k . π, k ∈ Exemplo Calcular cossec 75°. Resolução: Devemos obter uma soma ou diferença que resulte em 75° utilizando apenas os arcos notáveis. Por exemplo: 75° = 45° + 30°. Procedemos dessa maneira porque conhecemos o seno desses arcos. Então: sen 75° = sen (45° + 30°). Aplicamos a fórmula do seno da soma de dois arcos: sen (45° + 30°) = sen 45° . cos 30° + cos 45° . sen 30° sen (45o +30o) = . = . ⇒ sen 75o = Em seguida, aplicamos a defi nição de cossecante: ARCO DUPLO cos 2α = cos2 α – sen2 α sen 2α = sen2 α – cos2 α tg 2α = Exemplo Dado, α = – , π < α < , determine: sen 2α, cos 2α, tg 2α, sec 2α e cossec 2α. Resolução: Para determinar as relações pedidas, precisamos dos valo- res de cos α e tg α. Podemos obter o cos α por meio da relação fun- damental: sen2 α + cos2 α = 1. Como π < α < , a extremidade do arco α está no terceiro qua- drante, o cosseno de α é negativo: cos α = – Podemos calcular o sen 2α aplicando a fórmula: Aplicamos, também, a fórmula para calcular cos 2α: cos 2α = cos2 α – sen2 α = Faremos o mesmo para tg 2α: Aplicamos as defi nições de secante e cossecante: ARCO METADE Exemplo Dado cos α = – , π < α < , determine sen , cos , tg , sec , cotg Resolução: Inicialmente, precisamos determinar em que quadrante está a extremidade do arco , a fi m de saber os sinais do seno e do cos- seno. Para isso, partimos da restrição ao arco x: π < α < Dividindo por 2: < < 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 518 13.08.09 12:30:39 519Matemática Como está no segundo quadrante, sabemos que o seno é positivo, e o cosseno e a tangente são negativos. Aplicamos as fórmulas: Para o cosseno e a tangente, temos: Para secante e cotangente, aplicamos as defi nições: TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO Exemplo Transforme em produto: sen 5m – sen m. Resolução: Aplicando a fórmula, temos: FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS FUNÇÃO SENO A função seno é a função que associa a cada número real x o seno de x: f(x) = sen x Como x é um número real, dizemos que o domínio da função é . Os valores de sen x estão entre –1 e 1. Nesse caso, a imagem da função é o intervalo [–1, 1]. Todos os valores do seno se repetem após uma volta completa, en- tão o período da função seno é 2π. Para traçar o grá� co, tabelamos alguns valores do seno entre 0 e 2π. A partir da tabela, construímos o grá� co. A curva obtida é chamada de senoide. FUNÇÃO COSSENO É toda função que associa um número real x ao cos x: f(x) = cos x. O domínio da função é , e o conjunto imagem é o intervalo [–1, 1]. Assim como na função seno, o período da função cosseno é 2π. O grá� co da função cosseno é chamado de cossenoide. FUNÇÃO TANGENTE É toda função que associa um número real x tg x: f(x) = tg x. Devemos lembrar que a função tangente não está de� nida para ar- cos que têm como arcos côngruos e . Observe, portanto, que esses devem ser excluídos do domínio da função. Na função tangente, note que os valores se repetem a cada π rad; en- tão, o período da função tangente é π. A curva que representa a função é chamada de tangentoide. 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 519 13.08.09 12:30:41 520 Matemática Estatística Diariamente, tentamos prever acontecimentos que podem interferir, de alguma maneira, em nossas vidas. Algumas dessas previsões podem ser me- ramente intuitivas, outras, entretanto, são feitas sobre uma base numérica. A Estatística é a ciência que faz uso de números para descrever fatos. Por meio dela, esses dados númericos nos permitem descrever e avaliar os fatos para fazermos previsões, estimativas ou tomadas de decisões. Os dados estatísticos podem ser representados por meio de tabe- las ou grá� cos. a) Tabelas: Elas dispõem os dados estatísticos de modo comparativo. Exemplo: para determinar a preferência pelos jornais A, B ou C, fo- ram entrevistadas 2 000 pessoas. A pesquisa revelou o seguinte: Jornais No de páginas % das pessoas A 1 400 70% B 240 12% C 360 18% Total 2 000 100% Com base nesta pesquisa, os jornais B e C podem concluir que seus produtos devem sofrer algum tipo de modi� cação para ganhar o pú- blico-leitor. b) Grá� co: facilitam a “leitura” dos resultados, que se tornam bem mais práticos do que em tabelas. Os grá� cos mais utilizados são: Gráficos de segmento de reta Grá� cos de barras ou histograma: MÉDIA ARITMÉTICA, MODA E MEDIANA Uma maneira útil de descrever um grupo como um todo consiste em encontrar um único número que represente o que é “médio” ou ca- racterístico naquele conjunto especí� co de dados. Quando se trata de pesquisa, esse valor é conhecido por medida de tendência central, pois ela geralmente se localiza em torno do meio ou centro de uma distribuição. As três medidas de tendência central mais conhecidas são: média aritmética, moda e mediana. Grá� co setorial: A representa 70% B representa 12% C representa 18% Arquitetura e Matemática Uma das primeiras estruturas arquitetônicas que se tem notícia são as pirâmides do Egito. As formas geométricas re- gulares eram consideradas sagradas pelos Egípcios e eram reservadas na arquitetura para construção de templos. A grande pirâmide de Gizé foi construída em cerca de 2550 a.C. pelo faraó Kufu. Tem-se especulado muito sobre suas medidas, mas há várias coincidências que envolvem o número de ouro (1 + )/2 = 1,618033989 e sua raiz quadra- da. Uma dessas coincidências envolve o ângulo no qual os lados da Grande Pirâmide se encontram que é de 51o 50´. O arcsec(1,618033989) = 51o 50´. Se os egípcios conheciam ou não tão profundamente a geometria, é algo que ainda não se sabe, mas para muitos esses números não são mera coin- cidência. Certamente, o primeiro a trazer a matemática para a arquitetura foi Pitágoras, que afi rmava que “tudo é núme- ro”, portanto, a arquitetura não seria exceção. Outro exemplo do uso da matemática na arquitetura pode ser observado no templo de Atenas, na Grécia. A ra- zão 2 : 3 e seu quadrado 4 : 9 é fundamental nessa estrutu- ra arquitetônica. Um triângulo retângulo de 4 : 9 foi cons- truído a partir de três triângulos retângulos de lados 3 e 4 e, portanto, de diagonal 5, de modo que os ângulos retos fi cassem perfeitamente determinados. O comprimento do templo é de 69,5 metros, sua largura é de 30,88 metros e sua altura de 13,72. Assim, a razão en- tre comprimento e altura é de 4 : 9 e a razão entre altura e largura é novamente igual a 4 : 9. Várias outras relações de medidas nesse mesmo templo respeitam esta razão. Muitas das ideias matemáticas de simetria e repetição de padrões são observadas na arquitetura. Portanto, daqui por diante, vamos observar com mais cuidadoo mundo que nos cerca e ver, assim como Pitágoras, as relações matemáticas. C o re l P ro fe ss io n al P h o to s Partenon, templo da deusa Palas Atena, na Grécia. a) Média aritmética (Ma): É a medida de tendência central mais usada. A média aritmética é o quociente entre a soma de n valores e o número n de valores desse conjunto. Exemplo Maísa teve as seguintes notas nas provas de Matemática do 1o bimes- tre: 6,5; 7,0; 9,5; 4,0 e 8,0. Para obter uma nota que representará seu aproveitamento no bimestre, calculamos a média aritmética (Ma) de suas notas: b) Moda (Mo): em um conjunto de n números é o valor que ocor- re com maior frequência, isto é, o valor mais comum. 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 520 13.08.09 12:30:43 521Matemática Exemplo Na sequência numérica: 2, 2, 5, 7, 9, 9, 9, 10, 10, 11, 12, 18, a moda é 9, pois é o número que aparece com maior frequência (Mo = 9). Há casos em que pode haver mais de uma moda, por exemplo, na sequência: 5, 7, 7, 7, 8, 9, 9, 10, 10, 10, há duas modas: 7 e 10. Portan- to: Mo = 7 e 10. E, em outros, pode não existir a moda. c) Mediana (Md): Mediana de um conjunto de n valores é o valor que ocupa a posição central quando esses dados são colocados em or- dem crescente ou decrescente. Exemplo Nos números: 126, 198, 164, 460 e 188, temos cinco elementos que, colocados em ordem crescente, nos fornecerão a mediana: 126, 164, 188, 198 e 460. Como a mediana é o termo central da sequência nu- mérica, temos: Md = 188. Se o número de elementos for par, a mediana será a média aritmética entre os dois termos centrais: 68, 72, 78, 84, 87, 91 (termos centrais) A mediana é a média aritmética entre 78 e 84; portanto, temos: Para complementar o estudo das médias, vale ainda acrescentar: d) Média aritmética ponderada: É a somatória do produto de cada elemento pelo seu respectivo peso, dividida pela soma dos pesos totais: Exemplo Para calcular a média ponderada de 3, 5, 8 e 1 com seus respectivos pe- sos: 2, 3, 1 e 4, temos: e) Média geométrica: É dada por G = Exemplo Calculemos a média geométrica de, por exemplo, 5, 2, 4 e 10, da seguinte maneira: PORCENTAGEM É uma razão centesimal ou porcentual em que o denominador é igual a 100. Essa razão pode ser representada de três formas, por exemplo: 25% (lê-se “vinte e cinco por cento”), , ou 0,25. Exemplo a) Um colégio tem 2 000 alunos. Quantos por cento do total de alunos representa a 5a série A, que tem 40 alunos? Resolução: Temos: = 0,02 = (0,02 . 100)% = 2% Então, para determinar “quantos por cento” 40 representa de 2.000, basta dividir 40 por 2.000 e multiplicar o quociente obtido por 100. Como i é a taxa porcentual, então: i = 2% b) Em uma cidade, 30% da população são homens e 40% são mulhe- res. Sabendo-se que há 4 500 crianças, pergunta-se: qual a quanti- dade de homens e mulheres e qual a população da cidade? Resolução: 30% são homens e 40% são mulheres: 30% + 40% = 70% Logo, as crianças (4 500) representam 30% da população (100% – 70%). Como os homens também representam 30% da população, eles corres- pondem a 4 500 indivíduos Somando-se o número de homens e crianças, estabelecemos a seguinte correspondência: 60% ⇔ 9 000 Pela regra de três, temos: 60% ——————— 9 000 40% ——————— x 60x = 9 000 . 40 ⇒ x ⇒ x = 6 000 mulheres A população da cidade é dada pela soma de homens, mulheres e crian- ças, ou seja: 4 500 + 6 000 + 4 500 = 15 000 habitantes Para se obter 1,5 kg de dióxido de urânio puro, maté- ria-prima para a produção de combustível nuclear, é neces- sário extrair-se e tratar-se 1,0 tonelada de minério. Assim, o rendimento (dado em % em massa) do tratamento do mi- nério até chegar ao dióxido de urânio puro é de a) 0,10%. b) 0,15%. c) 0,20%. d) 1,5%. e) 2,0%. Resposta: O rendimento do tratamento do minério será dado pela divisão: Ou ainda 0,15%. Resposta: B Matemática fi nanceira Quando entramos em uma loja que oferece um produto com mais de uma forma de pagamento, como saber qual a melhor opção de compra? É nesse sentido que a matemática � nanceira é útil em nosso dia-a-dia, pois compreendendo-a teremos em mãos as ferramentas para enten- der os sistemas atuais de � nanciamento ou as mudanças na política econômica. 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 521 13.08.09 12:30:45 522 Matemática LUCRO E PREJUÍZO Nas transações comerciais pode ocorrer lucro ou prejuízo. Designando por V o preço de venda, C o preço de custo ou de com- pra, L o lucro e P o prejuízo, temos: • para uma transação com lucro: V = C + L; • para uma transação com prejuízo: V = C – P. Exemplos a) Um equipamento comprado por R$ 3.000,00 deverá ser vendido a que preço, para que proporcione o lucro de 25% sobre a venda? Resolução: Temos: C = R$ 3.000,00 L = 25% de C ⇒ L = 0,25 . 3.000,00 ⇒ L = R$ 750,00 Portanto, o equipamento deverá ser vendido por: V = C + L ⇒ V = 3.000,00 + 750,00 ⇒ V = R$ 3.750,00 b) Mercedes vendeu uma bicicleta por R$ 300,00, tendo um lucro nessa transação de 30% sobre a venda. Quanto ela pagou pela bicicleta? Resolução: V = R$ 300,00 L = 30% de V ⇒ L = 0,30 . 300,00 ⇒ L = R$ 90,00 Como V = C + L, então temos: 300,00 = C + 90,00 ⇒ C = R$ 210,00 Portanto, Mercedes pagou R$ 210,00 pela bicicleta, vendendo-a por R$ 300,00, tendo um lucro sobre a venda de R$ 90,00 c) Um comerciante vai vender seus produtos, que custaram R$ 500,00, com um prejuízo de 15% do preço de custo. Nessas condições, qual será o preço de venda de seus produtos? Resolução: Temos: C = 500,00 P = 15% de C ⇒ P = 0,15 . 500,00 ⇒ P = R$ 75,00 Como V = C – P, temos: V = 500,00 – 75,00 ⇒ V = R$ 425,00 Portanto, o comerciante venderá seus produtos por R$ 425,00, com um prejuízo de R$ 75,00. d) Vendi um aparelho eletrônico por R$ 300,00 com prejuízo de 25% do preço de custo. Quanto eu havia pago por ele? Resolução: Temos: V = 300,00 e P = 25% de C ⇒ P = 0,25 . C Como: V = C – P ⇒ 300,00 = C – 0,25 . C ⇒ ⇒ 0,75 . C = 300,00 ⇒ C = R$ 400,00 Logo, eu paguei R$ 400,00 pelo aparelho eletrônico. DESCONTOS E ACRÉSCIMOS Quando um valor é aumentado, dizemos que sofreu um acrésci- mo; quando, em vez disso, sofre uma diminuição, trata-se de um des- conto. Assim, para calcularmos acréscimos e descontos, fazemos uso de duas fórmulas denominadas, respectivamente, fator de aumento e fator de desconto. • fator de aumento: N é o valor com o acréscimo N = A . (1 + i) , onde A é o valor do bem (1 + i) é o fator de aumento • fator de desconto: N é o valor com o desconto N = A . (1 – i) , onde A é o valor do bem (1 – i) é o fator de desconto Exemplos a) Um funcionário ganha, mensalmente, R$ 500,00. No próximo mês, esse funcionário receberá um reajuste salarial de 30% sobre seu sa- lário atual. Calcule: 1) o valor do novo salário; 2) o valor do reajuste salarial. Resolução: Temos: A = 500 e i . A = 30% de A 1) N é o valor do novo salário, dado por: N = A . (1 + i) ⇒ N = 500 . (1 + 0,30) ⇒ N = R$ 650,00 O fator de aumento utilizado foi: 1,30 2) O valor do reajuste salarial é: i . A = 30% de A = 0,30 . 500 ⇒ R$ 150,00 b) Um funcionário ganha, por mês, R$ 500,00. Em cada mês, seu salá- rio é descontado, em média 10% a título de previdência social e im- posto sobre a renda. Qual é o valor do salário líquido desse funcio- nário? Qual o valor descontado mensalmente? Resolução: Temos: A = 500 e i . A = 10% de A = 0,10 de A Então: N = A . (1 – i) ⇒ N = 500 . (1 – 0,10) ⇒ N = R$ 450,00 i . A = 10% de A = 0,10 . 500 = R$ 50,00 Portanto, o valor líquido do salário desse funcionário é de R$ 450,00 e o desconto mensal, R$ 50,00. c) O preço do produto de uma loja sofreu um desconto de 8% e fi cou reduzido a R$ 115,00. Qual era o seu valor antes do desconto? Resolução: N = 115 e i . A = 8% de A = 0,08 de A. Então: N = A . (1 – i) ⇒115= A . (1 – 0,08) ⇒ A = R$ 125,00 Logo, o preço antes do desconto era de R$ 125,00 ACRÉSCIMOS E DESCONTOS SUCESSIVOS Acréscimos e descontos sucessivos, como diz o próprio nome, são valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para entendermos melhor, observemos atentamente os exercícios resolvidos. Exemplos a) O preço de um aparelho eletrônico era de R$ 1.000,00, mas sofreu acréscimos sucessivos de 20% e 30%. Quanto passou a custar esse aparelho eletrônico? Resolução: Temos: F1 = 1 + 0,20 = 1,20; F2 = 1 + 0,30 = 1,30 Então: N = A . (1 + i) ⇒N = 1.000 . 1,20 . 1,30 ⇒ N = R$ 1.560,00 O aparelho eletrônico passou a custar R$ 1.560,00, e teve um aumen- to total de 56% 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 522 13.08.09 12:30:46 523Matemática b) Um objeto de arte teve seu preço aumentado, sucessivamente, em 20% e 50%, passando a custar R$ 1.440,00. Qual era o preço desse objeto de arte antes desses aumentos? Resolução: Temos: F1 = 1 + 0,20 = 1,20; F2 = 1 + 0,50 = 1,50 Então: N = A . (1 + i) ⇒ 1.440 = A . 1,20 . 1,50 ⇒ A = R$ 800,00 Logo, o preço praticado antes desses aumentos era de R$ 800,00. c) Uma mercadoria de R$ 3.000,00 sofreu descontos sucessivos de 10%, 5% e 4%. A quanto fi cou reduzido o preço dessa mercadoria e qual foi o valor do desconto? Resolução: Trata-se, agora, de desconto, então: F1 = 1 – 0,10 = 0,90; F2 = 1 – 0,05 = 0,95; F3 = 1 – 0,04 = 0,96 Logo: N = A . (1 – i) ⇒ N = 3.000 . 0,90 . 0,95 . 0,96 N = 2.462,40 Portanto, o novo preço da mercadoria é R$ 2.462,40. O valor do des- conto é dado por: A – N = 3.000 – 2.462,40 Assim, o valor do desconto foi de R$ 537,60. d) Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acrésci- mo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual o preço des- se produto após esse acréscimo e desconto? Resolução: Temos acréscimo e desconto, então: F1 = 1 + 0,30 = 1,30; F2 = 1 – 0,20 = 0,80 Logo: N = 3.000 . 1,30 . 0,80 ⇒ N = R$ 5.200,00 O preço do produto, após o acréscimo e o desconto, ficou em R$ 5.200,00. JURO Para de� nirmos as variáveis relacionadas aos juros, consideremos o seguinte exemplo: Jarbas pede emprestado de Maria Ângela a quantia de R$ 60,00, para ser paga depois de três meses, comprometendo-se a pagar, naquela data, além dos R$ 60,00, a quantia de R$ 15,00. Com base nessa situação, de� nimos: • Juro: é a quantia que se paga a título de compensação pelo uso do dinheiro emprestado. Assim, no exemplo, os juros serão os R$ 15,00 que Jarbas pagará a Maria Ângela no � nal de três meses. • Capital: é o dinheiro sobre o qual recairão os juros. No exemplo, o capital é representado pelos R$ 60,00 que Jarbas empresta de Maria Ângela. • Taxa de juro: é a razão entre o juro produzido e o capital emprega- do na unidade de tempo. A taxa de juro que Jarbas pagará a Maria Ângela ao � m de três meses será de 25%. A taxa de juro é dada pela fórmula: onde i é a taxa de juro, j é o juro, c é o capital. UNIDADE DE TEMPO Também conhecida como período � nanceiro ou período de ca- pitalização, é o intervalo de tempo após o qual aplicam-se os juros so- bre o capital inicial, somando-se os valores. É preciso lembrar que os juros sempre são estabelecidos segundo um período de tempo e uma porcentagem. Assim, juros de 7% ao mês signi- � cam que, a cada mês, são aplicados juros de 7% sobre o valor anterior. MONTANTE O montante (M) é o capital resultante da soma do capital inicial (c) e do juro aplicado (j) ao � m do período � nanceiro. Assim: M = c + j Juro simples De� ne-se como juro o lucro ou prejuízo que obtemos quando em- prestamos ou tomamos emprestada determinada quantia, em um pra- zo � xo, a taxa � xa. Os problemas de juro simples devem ser equacionados como os problemas de regras de três. Assim: (O capital 100) ______ (em 1 ano) _____ (produz i) (O capital C) ______ (em t anos) _____ (produzirá j) ou 100 ______ 1 _______ i C ______ t _______ j ou: a) para o tempo expresso em anos: b) para o tempo expresso em meses: c) para o tempo expresso em dias: Exemplo Calcular os juros simples produzidos pelo empréstimo de R$ 16. 000,00 sobre a taxa de 3%, durante: a) 4 anos b) 8 meses c) 36 dias a) Portanto j = R$ 1.920,00 j : juros simples c : principal ou capital i : taxa t : tempo j = ? C = 16.000,00 i = 3% t = 4 anos 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 523 13.08.09 12:30:48 524 Matemática b) Portanto j = R$ 320,00 c) Portanto j = R$ 48,00 Juros compostos São chamados juros compostos à transação em que os juros de cada período são aplicados sobre o capital do período anterior. A fórmula que representa essa descrição é: M = C x (1 + i)n Onde: M representa o montante C capital i taxa de juro n número de período. Exemplos a) Ao comprar um videocassete, Oswaldo pagou em três vezes, sendo a primeira prestação para dali 30 dias. Sabendo que o total pago por ele foi R$ 875,00, qual a taxa de juros cobrada pela loja, sabendo que o preço à vista era de R$ 350,00? Resolução: 875 = 350 . (1+ i)3 (1+ i)3 = ⇒ 1+ i = 1,36 ⇒ i = 0,36 ou 36% am b) Uma aplicação fi nanceira rende a Lilian 2,5% ao mês. Se ela já obte- ve com essa aplicação um lucro de R$ 3.942,24, sabendo-se que o capital inicial foi de R$ 30.000,00, há quantos meses o dinheiro de Lilian está no investimento? Resolução: 33.942,24 = 30.000,00 (1+ 0,025)n 1,025n = 1,025n = 1,13 n log 1,025 = log 1,13 n 0,0107 = 0,05308 n = 5 meses j = ? C = 16.000,00 i = 3% t = 8 meses j = ? C = 16.000,00 i = 3% t = 36 dias Juros à taxa variável Seja um capital ao qual sejam aplicados aumentos sucessivos porém a taxas de juros variáveis, o montante será obtido pelo produto desse ca- pital pelos fatores de aumento sucessivos. Ou seja, M = C (1 + i1) (1+i2) (1 + i3)............(1 + in) Vejamos um exemplo desse tipo de investimento. Exemplo a) Um capital de R$ 10.000,00 foi aplicado a taxas mensais diferentes da seguinte maneira: no primeiro mês a taxa foi de 10%, no segun- do mês de 7,5% e no terceiro mês a 3%. Qual foi o montante obtido após o terceiro mês de aplicação? Resolução: M = 10.000,00 (1 + 0,1) (1 + 0,075) (1 + 0,03) M = 10.000,00 (1,1) (1,075) (1,03) M = 12.179,75 O montante no fi nal do trimestre será de R$ 12.179,75. Financiamento, um bom negócio? O fi nanciamento é uma forma de empréstimo que é pago em parcelas sucessivas compostas normalmente pelos elementos juros e amortização. Os juros são calculados sobre o saldo devedor e a amor- tização corresponde ao valor abatido do restante da dívida a cada pagamento. Há normalmente quatro tipos de formas de pagamen- to de um fi nanciamento: juros simples, juros compostos, o sistema Price (em que a dívida é liquidada em prestações mensais de valor igual) e o método hamburguês (no qual as prestações são decrescentes). Vejamos um exemplo de fi nanciamento: 1. Jorge comprou um carro fi nanciado. Como ele de- sejava pagar prestações menores, deu como entrada o va- lor de R$5.000,00. Sabendo-se que o valor do carro era de R$14.500,00 e os juros de 3% ao mês, qual o valor fi xo de cada prestação, uma vez que Jorge pretende pagar sua dí- vida em 18 meses? Solução: O valor dado como entrada será abatido da dívida, logo: R$14.500,00 – R$ 5.000 = R$ 9.500,00 Esse valor, no fi nal de 18 meses a juros compostos de 3% a.m. será de M = 9.500,00 (1 + 0,03)18 M = 9.500,00 . 1,70243 ⇒ M = 16.173,11 O valor de cada prestação será de: R$ 16.173,11÷18 = R$ 898,50 499_MATEMATICA_EM_NOVO.indd 524 13.08.09 12:30:50 525Matemática A arte do origami O origami é a arte de reproduzir fi guras conhecidas uti- lizando as dobraduras em papel. No origami, a matemáti- ca desempenha um papel importante, em particular, a geo- metria. O grupo mais tradicional
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