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MELANOMA É o tumor maligno com origem nos melanócitos, que geralmente tem a pele como local primário (embora possa acometer outros tecidos), sendo considerado o mais agressivo dos tipos de câncer de pele devido ao seu alto potencial para produzir metástases. A letalidade do câncer de pele melanoma é elevada, porém sua incidência é relativamente baixa (representa apenas 4% das neoplasias cutâneas). Este tumor é predominante em indivíduos de pele clara (98%), com maior incidência em áreas equatoriais (sobretudo África do Sul e Austrália), o que revela a importância da exposição solar. Ocorre geralmente em adultos jovens de 20-50 anos de idade. O melanoma localiza-se predominantemente no tronco, em homens, em contraste com as pernas e o quadril, nas mulheres. O risco de desenvolvimento do melanoma está associado a fatores genéticos, ambientais e individuais. Entre os fatores, a exposição solar é um dos grandes vilões. Um dado para auxiliar o paciente com os cuidados com o sol é o índice ultravioleta. O Índice Ultravioleta (IUV) mede o nível de radiação solar na superfície da Terra. Quanto mais alto, maior o risco de danos à pele e de aparecimento de câncer. Os indivíduos de fenótipo claro (olhos, pele, cabelo loiro ou ruivo) têm maior risco em relação aos indivíduos de pele negra, para o aparecimento de lesões malignas, e isto se deve à maior quantidade de melanina que a raça negra apresenta, que confere um papel protetor. A exposição solar na infância e a fotoexposição intermitente levando à queimadura são fatores mais importantes para o melanoma do que a exposição contínua sem queimadura (ao contrário do CEC, que depende da exposição cumulativa). A presença de nevos também deve ser destacada, ainda que a maioria dos melanomas não tenha o nevo como lesão pré-neoplásica (apenas 1/4 dos casos apresentam correlação histológica). Indivíduos com nevos melanocíticos apresentam maior risco; sobretudo os congênitos gigantes (> 20 cm). A síndrome do nevo displásico representa um fator de risco para melanoma (dez vezes), geralmente mais precoces e menos espessos. O risco também aumenta se o paciente apresenta mais que 50 nevos. A história pessoal de melanoma, por sua vez, aumenta a chance de ter outro melanoma em até nove vezes e o paciente deve ser mantido sob vigilância ao longo de toda a vida. Outro fator, a história familiar, tem um risco cinco vezes maior, ainda que apenas 5 - 1 0 % d e s t a s n e o p l a s i a s s e j a m verdadeiramente familiares. CLÍNICA E DIAGNÓSTICO As lesões do melanoma costumam ser ú n i c a s e p r e d om i n am em á r e a s fotoexpostas, especialmente aquelas com exposição intermitente (ex.: dorso nos homens, porção inferior dos membros inferiores nas mulheres). É importante que ele relate se aquele nevo cresceu, se tem prurido (coceira), se sangra. Devemos fotografar todos os nevos suspeitos No diagnóstico clínico é importante lembrar a regra do ABCDE, para lesões pigmentadas nas quais as variáveis a serem analisadas são: A. Assimetria; B. Bordas irregulares; C. Cores diversas ! maior ou igual a duas cores (preto, azul, marrom, cinza, vermelho, branco) na mesma lesão; D. Diâmetro maior que 6 mm; E. Evolução (qualquer alteração que tenha ocorrido na lesão ! tamanho, formato, novos sintomas). DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO O diagnóstico diferencial deve ser feito com nevos, CBC pigmentado, granuloma piogênico, ceratose seborreica, melanoniquia estriada, trauma etc. A dermatoscopia ("lente de aumento especial”) é uma ferramenta útil na avaliação de lesões pigmentadas, tornando possível identificar a origem celular da lesão; no entanto, o diagnóstico definitivo é histopatológico. A biópsia deve ser excisional com margens de 1-3 mm e coxim de gordura subdérmica, com exceção para tumores maiores ou em locais anatômicos nobres, nos quais realizaremos uma biópsia incisional na área mais suspeita (área mais pigmentada ou mais elevada). O melanoma possui dois tipos de crescimento: radial (cresce para os lados, portanto tem melhor prognóstico) e vertical (cresce para baixo, tendo pior prognóstico, maior chance de enviar metástase, temos como exemplo o melanoma nodular). Assim, é fundamental que a amostra de pele seja retirada até o tecido celular subcutâneo, já que a espessura vertical do tumor é o valor p red i t i vo ma i s impor tan te para o prognóstico, tratamento e seguimento. Segundo as recomendações do GBM (Grupo Brasileiro de Melanoma), o laudo deve conter: tipo histológico do melanoma, fase de crescimento (radial ou vertical), níveis de invasão (Classif icação de Clark), profundidade (Índice de Breslow), número de mitoses por milímetro quadrado, infiltrado inflamatório linfocitário peritumoral/ intratumoral, invasão vascular linfática e sanguínea, invasão perineural, ulceração, regressão, satel itose microscópica e margens cirúrgicas. Por último, dispomos da imuno-histoquímica como ferramenta diagnóstica, capaz de identificar a natureza da linhagem celular, sendo utilizada para a identificação de tumores primários ou metastáticos pouco diferenciados, tumores de células fusiformes, melanomas amelanóticos e no diagnóstico diferencial com outras condições. Os marcadores principais são a proteína S-100 e o HMB-45. Uma limitação do exame é que ele não é capaz de diferenciar a lesão melanocítica em benigna ou maligna A principal forma de estadiamento do melanoma se dá pelo sistema TNM. Segundo dados norte-americanos para a sobrevida em cinco anos, teríamos 96% para o estágio 0; 92,5% e 74,8% para estágios I e II; 49% nos casos de metástase linfonodal (estágio III) e 17,9% para o estágio IV (metástases à distância). Entre os fatores prognósticos desfavoráveis, poderiam ser incluídos: localização (cabeça, pescoço e tronco), sexo masculino, idade acima de 60 anos, intensidade da infiltração linfocitária, regressão tumoral, tipo histológico, índice mitótico, microssatel iose, tipo celular p redom inan te , marcadores imuno- histoquímicos e citomorfometria nucleolar. TRATAMENTO A terapia do melanoma está baseada na ressecção da lesão com margem de segurança adequada à espessura da lesão. Assim, depois de diagnosticado e estadiado pela biópsia, se o tumor não for metastático, é realizada a excisão local para ampliação das margens A maioria dos pacientes apresenta-se em estágios iniciais I e IIA no momento do diagnóstico, quando a cirurgia é curativa em 70-90% dos casos. A cirurgia é o tratamento mais efetivo, sendo que, de acordo com o estadiamento, poderá ser acompanhada de algum procedimento adjuvante, como linfadenectomia, quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia . A investigação de envolvimento linfonodal regional deve ser feita com linfocintilografia pré-operatória e biópsia do primeiro linfonodo de drenagem (Linfonodo Sentinela ! LS ou LNS), poupando os pacientes das extensas dissecções linfáticas do passado. O LS quase sempre corresponde ao primeiro local de implantação tumoral, pois a disseminação ocorre tipicamente de forma ordenada e sequencial. A ideia é a de que, não havendo metástase no LS, há mais de 95% de possibilidade de que não ocorra doença metastática naquela cadeia. A pesquisa do LS, embora deva ser individualizada de acordo com a idade e as comorbidades do paciente, está indicada principalmente para pacientes sem acometimento linfonodal clinicamente detectado com espessura tumoral > 0,8 mm ou < 0,8 mm e ulceração. Pacientes com l infonodos palpáveis ou com biópsia (+) para LS devem ser submetidos à dissecção de todos os l infonodos da respect iva cadeia de drenagens ! não exatamente por aumentar a sobrevida (este benefício ainda não está esclarecido), mas pelo fato de melhorar a qualidade de vida do paciente. Para boa parte dos pacientes, a ressecção cirúrgica será suficiente. O tratamento adjuvante, por sua vez, fica indicado paraos tumores em estágio IIB, IIC e III, quando se tem um risco elevado de recorrência e óbito. O acompanhamento deve incluir a história clínica e exame físico, principalmente no local primário, linfonodos regionais, fígado, baço, pulmão, cérebro (o melanoma é a terceira causa de metástase cerebral). Nos pacientes sem metástases, o seguimento é feito a cada três meses por um ano e depois a cada 6 a 12 meses nos casos de melanoma com espessura menor de 1 mm. Para os mais profundos, a cada três meses por dois anos, a cada seis meses por três anos e depois anualmente. Caso haja suspeita de envolvimento visceral, podem ser realizadas punção aspirativa com agulha fina guiada por exame de imagem ou biópsia aberta da área suspeita. E, se positivos para malignidade, devem-se considerar as opções terapêuticas a seguir: - Metástase solitária ou limitada: ressecção ou terapia sistêmica, principalmente quando há progressão da metástase; - Metástases disseminadas não acometendo o Sistema Nervoso Central (SNC): terapia sistêmica; - Metástases disseminadas acometendo o SNC: cirurgia/radioterapia ou terapia sistêmica Referência usada: Med curso
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