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Aula 5: Princípios Biomecânicos Mecânica da gangorra: Se eu tenho uma distância A e uma distância B que é a mesma, eu preciso da mesma carga dos dois lados para ter o equilíbrio. Se eu tiver uma carga maior que a resistência, a tendência é o lado A ficar para baixo e o lado B ficar para cima. Para se ter a mesma situação sem mexer na carga, é só aumentar a distância A (A + x). Sempre gira em torno da linha de fulcro. Quando analiso a prótese em função ela tem uma carga (mastigatória). Quando eu quero equilibrar o movimento da minha prótese eu procuro equilibrar do lado oposto da linha de fulcro, é isso que vai ter que ser analisado em cada um dos casos de prótese removível. Entendendo onde está o lado de potência, o lado de resistência e qual é a distância da linha de fulcro é possível estabelecer o prognóstico da prótese. Se abaixar de um lado 3cm, do outro lado sobe 3 cm. Relembrando… Componentes da PPR: - Retentor: composto pelo apoio, braço de retenção, braço de reciprocidade e conector menor. O retentor está no dente pilar. - Sela: transmite/distribui as forças para a fibromucosa e os dentes pilares. - Conector maior: faz a união da sela com o retentor. - Dentes artificiais: estarão ocluindo contra o antagonista. A única parte que se movimenta na PPR é a ponta ativa do braço de retenção, todo o resto é rígido. Apoio: basicamente é o elemento que evita o movimento ocluso-gengival da prótese (impede que a prótese intrua nos tecidos), transmitindo a carga mastigatória para o eixo do dente pilar. Quem impede a força contrária (gengivo-oclusal) é a ponta ativa do braço de retenção. Função de cada dente: Incisivos: corte (1 movimento), pré e molares: trituram (muitos movimentos), caninos servem para “guia de lateralidade”/delimita até onde a mandíbula vai para triturar o alimento (ele não serve nem para corte e nem para triturar o alimento). A parte posterior vai ser muito mais exigida que a anterior na prótese. O periodonto é quem tem a propriocepção que avisa quando já pode deglutir. Qual o melhor dente para ser pilar de prótese removível: 1º molar (chave de oclusão), mas geralmente é o primeiro a ser perdido, então o 2º molar (em termo de molares). Talvez o segundo não esteja na posição mais ideal, então o próximo dente que serve como referência é o canino (é o último dente a ser perdido na boca e serve como referência de lateralidade). Movimentos mandibulares: DVR: posição de repouso em que não encostamos os dentes DVO: quando estamos com os dentes em contato (quando deglutimos, por exemplo). Nessa posição o côndilo faz uma rotação pura (só gira e não sai de posição). Protrusivo: o côndilo faz um movimento para frente. Para mastigar: fazemos uma pequena abertura de boca, fazemos um movimento de protrusão e vamos fechando e mordemos com os incisivos (não em topo e sim com mandíbula um pouco para posterior, é isso que produz o corte). Após esse corte, a língua joga o alimento para a tábua oclusal para triturar. ***Atenção: lado esquerdo e lado direito citados abaixo se refere a nós olhando pro resumo, o lado esquerdo no esquema é a nossa esquerda, e o lado direito, nossa direita*** Planejamento Biomecânico: 1. Definir os apoios (a regra de definição de apoios: espaço intercalar os apoios estarão voltados para os espaços, e em extremidade livre os apoios estarão voltados para fora). Ex: 2 molares e 2 pré molares, como tem 3 espaços intercalados, colocamos apoios na mesial dos molares, na distal dos pré-molares e na mesial dos pré-molares. 2. Linhas de fulcro: saber exatamente na função da prótese que momento ela tende a deslocar, definir um número. Quando ocorre o corte do alimento, a carga se concentra na região anterior, os dentes superiores e inferiores tendem a girar na prótese (os dentes naturais não giram por conta de todo o aparato periodontal que não deixa movimentar), então a primeira linha de fulcro seria entre os dois apoios mesiais entre a região anterior. Quando ocorre a trituração de um lado, a prótese tende a girar nos dois apoios mais próximos a esse espaço. Assim como no outro lado, totalizando 3 linhas de fulcro nesse caso. 3. Retenção: analisar cada uma das linhas de fulcro pensando no movimento que a prótese tende a executar. Retenção indireta: é uma retenção que está longe de onde está a carga da força mastigatória. Para a linha de fulcro 3, quando ocorre a carga na esquerda, no lado direito a prótese tende a subir no sentido ocluso-gengival e a ponta ativa do braço de retenção vai ser o responsável por evitar esse movimento do lado direito, isso será a retenção indireta para a linha de fulcro 3 (RI3). O ideal é colocar essa retenção perpendicular à linha de fulcro, o mais distante possível. Do outro lado acontece da mesma forma, então para a linha de fulcro 2, a retenção indireta deverá ser feita na perpendicular dessa linha, ou seja, nos dentes do lado esquerdo. A retenção indireta para a linha de fulcro 1, segundo a regra seria perpendicular a linha, mas não tem nenhum elemento nesse caso para ser apoiada essa retenção, então fazemos a derivação dessa perpendicular, chegando nos dois elementos posteriores. Retenção direta: é a retenção exatamente onde a carga está ocorrendo. Então é quando temos o bolo alimentar grudando na prótese e puxando ela para fora. Então o alimento leva a prótese a ir na direção contrária a de inserção (movimento gengivo-oclusal). O elemento responsável por impedir o movimento gengivo-oclusal da prótese é a ponta ativa do braço de retenção, então a retenção que iremos colocar para a linha de fulcro 3 nesse tipo de movimento é a retenção direta no mesmo lado da carga. Então a retenção direta para a linha de fulcro 3 é feita nos elementos do lado esquerdo e para a linha de fulcro 2 é feita nos elementos do lado direito (mesmo lado que a própria linha de fulcro). Na região anterior não é necessária a retenção direta já que o movimento é apenas de corte e único em comparação com o movimento de posteriores, mas no planejamento biomecânico colocamos nos pré-molares (geralmente os laboratórios de prótese colocam também, mas não seria necessário, a menos no caso que o paciente tenha um beiço muito pesado que fique impondo um movimento gengivo-oclusal nos dentes anteriores). *O que eu tenho antes da linha de fulcro é braço de potência e depois resistência. A função da prótese removível é substituir dentes, então temos que saber onde vai ter carga e onde vai ser a resistência. A carga começa na vertente externa vestibular dos inferiores contra a vertente interna da cúspide palatina superior e termina no sulco principal. A carga da prótese vai ser na ponta de cúspide dos dentes da prótese até o sulco principal, essa região é a potência. Para neutralizar essa carga precisaríamos da mesma distância depois da linha de fulcro a mesma carga (isso não acontece porque as outras cúspides, que estão na mesma distância, não participam igualando as cargas, a mastigação não é feita pelo bater de cúspides mas sim pelo encaixe de cúspides específicas né). Então para conseguir equilibrar essa carga o que se faz é aumentar o braço de resistência, colocando a ponta ativa do braço de retenção o mais longe possível, perpendicular à linha de fulcro, no elemento do outro lado do arco, e isso tudo (linha vermelha) representa a resistência. Se aumentou muito a resistência, isso significa que mesmo com uma carga de potência muito alta do outro lado, a prótese não vai mexer devido a esse aumento da resistência. Da mesma forma ocorre do outro lado. *Potência e resistência para a região anterior: a potência é gerada nos dentes anteriores no momento do corte do alimento, a potência é dada da incisal dos dentes até a linha de fulcro (depende da forma/curvatura do arco). A prótese atrás não levanta pois temos 2 resistências. 4. Retentor: Dois tipos de retentores: barra (barra i ou t, ou s ou 7 de acordo com a bossa óssea) e circunferencial (simples, circular, anel, gêmeo e o C&i). No planejamento de prótese removível basicamente utilizaremos esses. Olhar a configuraçãodo planejamento e só agora escolheremos um dos retentores para colocar. O de barra geralmente é para dentes anteriores, enquanto o circunferencial é para qualquer dente de preferência de pré-molar para trás. Então no nosso caso, nos molares colocaremos o circunferencial simples, mas poderia ser o circular também, não poderia o anel pq para usar o anel teria que desgastar e fazer apoio na distal, e não dá para fazer o gêmeo porque só tem um dente, o c&i serve também se for arco inferior (pois ele é indicado para dentes inferiores, dente inclinado para mesial e para lingual). Então nesse caso temos 3 opções dependendo do arco. Os grampos da barra não colocaríamos. A partir daí selecionamos qual retentor cabe em cada prótese, e a decisão é pessoal. Na região anterior como no caso temos 2 apoios, de todos os retentores, os únicos que tem dois apoios são o anel e o gêmeo (mas o gêmeo precisa de dois dentes e praticamente não usamos mais). O grampo anel nesse dente tem o braço de retenção vindo de distal (mais grosso) para mesial (mais fino) por uma questão estética mesmo (em questão mecânica dá na mesma de onde vem para onde vai). Pode usar barra? A preferência é para anterior mas pode, pois não é excludente, pode colocar barra t ou i, viria só uma pontinha de cervical para mesial, aparecendo apenas uma pontinha. Retentor vai ter a mesma função: vai ter um braço de retenção, um braço de oposição e apoio. Posso ter um dente com braço de oposição sem ter braço de retenção? Posso ter um braço de oposição sem ter o braço de retenção, seria um braço de estabilidade. Porém, nunca vou poder ter um braço de retenção sem um elemento de reciprocidade. É importante entender a função de cada componente da prótese, porque posso ter simplesmente um apoio, um apoio com braço de oposição, apoio com braço de oposição e braço de retenção, mas nunca vou poder ter um braço de retenção sem um elemento de reciprocidade. 5. Conector maior: Se for arco inferior temos algumas opções: barra lingual simples, barra dupla, placa lingual. Como eu tenho os dois pré-molares não teria problema em localizar o conector na região anterior entre eles em função do freio, nem tenho como colocar duplo pq não tenho dentes presentes na região anterior. Seria um conector barra simples unindo parte anterior com posterior e lado direito e lado esquerdo. Se for arco superior: tendo ausência de dentes anteriores, seria uma barra dupla. CASO 2 1. Apoios: espaço intercalar os apoios estarão voltados para os espaços, e em extremidade livre os apoios estarão voltados para fora. 2. Linhas de fulcro: 3. A linha de fulcro 1 na região anterior no movimento de corte do alimento (a prótese tende a girar na região anterior passando pelos dois apoios mais próximos ao espaço), quando vai triturar o alimento do lado esquerdo temos a linha de fulcro 2, e quando joga o alimento para o lado direito com a extremidade livre temos a linha de fulcro 3 passando pelo apoio e o rebordo (nesse caso não em dente atrás fazendo a linha de fulcro com o apoio mas tem o rebordo, uma sela em cima dele, e está ocorrendo a mesma movimentação ocluso-gengival onde vão estar os dentes artificiais). O que acontece na removível quando se tem extremidade livre é que tem que analisar os dois movimentos, ocluso-gengival (a tendência da rotação pelo rebordo, as 3 linhas de fulcro já definidas) e também o movimento gengivo-oclusal que é quando o alimento gruda na prótese e puxa ela, nesse caso a prótese vai rodar nos dois apoios mais próximos (seria o do pré-molar do mesmo lado e do molar do outro lado), formando a 4ª linha de fulcro. Isso porque não tem um pilar ali, apenas um rebordo, então a prótese levanta desse lado no sentido gengivo-oclusal junto com o alimento e a prótese como é rígida tende a girar nos apoios mais próximos. *Essa é a parte mais difícil na prótese removível, que é enxergar as linhas de fulcro nos dois sentidos de movimento. 3. Retenção: Esse é um caso com dentes e extremidade livre, na região da extremidade livre os conceitos da prótese total estão válidos. Então vamos analisar a retenção direta e indireta para cada linha de fulcro. Retenção Indireta: Começando na linha de fulcro 3 (lado direito): para impedir o movimento do lado esquerdo colocamos a retenção indireta nos dois elementos do lado esquerdo. Para a linha de fulcro 2 (lado esquerdo): para impedir o movimento do lado direito colocamos retenção indireta no elemento do lado direito. Para a região edêntula, para evitar que a prótese solte do rebordo, fazemos uma justaposição da base da sela com o rebordo através da moldagem funcional, que é o selado periférico. Então a outra retenção indireta desse lado é a moldagem funcional. Essa é a principal diferença de um caso com extremidade livre. Para a linha de fulcro 1 (anterior) a retenção indireta é a derivação da perpendicular, sendo ela no elemento posterior da esquerda e a moldagem funcional também é retenção indireta para a linha de fulcro 1. Para a linha de fulcro 4 (movimento gengivo-oclusal na região edêntula): o movimento que faz aparecer essa linha de fulcro, a carga, está na extremidade livre com o movimento gengivo-oclusal, do lado oposto da linha de fulcro (perpendicular a carga) está acontecendo o movimento ocluso-gengival, e o movimento que neutraliza o deslocamento ocluso-gengival é o apoio, no caso, os dois apoios do elemento anterior esquerdo servem para neutralizar a linha de fulcro 4. Retenção direta: Para a linha de fulcro 1 (anterior) a RD é nos elementos mais anteriores, no planejamento colocamos mas não é necessária porque dificilmente gruda alimento na região anterior. Para a linha de fulcro 2 (lado esquerdo) a RD é nos elementos do lado esquerdo. Para a linha de fulcro 3 (lado direito) a RD é no elemento do lado direito e na região edêntula. Para a linha de fulcro 4 (movimento gengivo-oclusal na região edêntula): A RD é a moldagem funcional, a ponta ativa do braço de retenção no elemento anterior direito e a ponta ativa do braço de retenção do elemento posterior do lado esquerdo. Dessa forma enxergamos tudo que acontece em cada elemento pilar da prótese. Se o paciente falar que a prótese solta toda vez que mastiga do lado esquerdo, se ela está saindo no sentido gengivo-oclusal o que temos que analisar: se a ponta ativa do braço de retenção do mesmo lado. Se ele falasse que a prótese levanta do outro lado quando mastiga do lado esquerdo, isso significa que temos que prestar atenção na moldagem funcional e na ponta ativa do braço de retenção do elemento na direita, então primeiro faríamos uma intervenção na ponta ativa e se não resolvesse veríamos se o problema é na moldagem funcional. A outra alternativa é avaliar onde está ocorrendo a carga, se é necessário um ajuste oclusal (altura de cúspide, carga que está sendo gerada, etc). 4. Retentor: pode ser circunferencial simples, circular, c&i se for inferior no elemento posterior, no elemento mais anterior esquerdo posso usar o anel, I ou T. No mais anterior esquerdo pode ser um circular, um barra I ou T ou circunferencial simples (menos estético, com braço de retenção na mesial). 5. Conector maior: se tem ausência de dentes anteriores barra dupla no caso do arco superior e barra simples lingual no caso de inferior. Caso 3: 1. Apoio: espaço intercalar os apoios estarão voltados para os espaços, e em extremidade livre os apoios estarão voltados para fora. No caso então apoio na mesial do pré-molar (pra fora da extremidade livre). 2. Linha de fulcro: 1 linha de fulcro que passa pelo apoio a princípio. Veremos que no total ficam 2 linhas de fulcro. 3. Retenção: A retenção indireta deve ficar do lado oposto a linha de fulcro o mais distante possível, então vai ser em algum dente do lado esquerdo. Pode ser no segundo molar, no primeiro, no pré… Mas vamos colocar um apoio no primeiro molar (por que precisamos de um braço de retenção para ser a retenção indireta), na mesial (com isso o retentor vai estar virado para distal e vai funcionar como retenção direta; se estivessena distal com o retentor virado para mesial ele não iria funcionar como retenção direta**). Com isso geramos uma segunda linha de fulcro que passa pelos dois apoios que se forma quando o alimento gruda na prótese na região edêntula fazendo a prótese nessa região ter um movimento gengivo-oclusal.Se a prótese está se levantando no sentido gengivo-oclusal nessa região, do lado oposto da prótese colocamos o elemento que neutraliza o movimento gengivo-oclusal, na perpendicular dessa linha de fulcro na região anterior (que se movimenta ocluso-gengival), é o apoio, que no caso pode ser colocado no incisivo lateral, canino ou pré-molar. Escolhemos o canino preferencialmente, que pode sair por distal ou mesial, e é mais simples que passe entre canino e lateral por serem mais parecidos (porém o paciente vai sentir mais). Nesse apoio do canino não tem linha de fulcro passando porque já analisamos os dois movimentos e colocamos apoios para os dois (gengivo-oclusal e ocluso-gengival). Retenção direta: para linha de fulcro 1 vai ser no dente do lado direito e na moldagem funcional, para a linha de fulcro 2. Devido ao apoio estar na mesial, tudo para trás da linha de fulcro vai para baixo no movimento ocluso-gengival da prótese, o apoio vai para baixo também. Com o apoio na distal, o braço de retenção estaria virado para mesial, toda vez que o paciente mordesse do outro lado o apoio iria ser pressionado toda vez, quando puxasse a prótese o braço de retenção iria junto (não estaria atrás da linha de fulcro,e sim na frente dela), não iria funcionar como retenção direta. **É por isso que não usamos o grampo gêmeo. Toda vez que a linha de fulcro passar no meio do grampo gêmeo, esse grampo está contra-indicado, não deveria ser colocado. Resumindo… Sequência de planejamento biomecânico: 1. Definir os apoios (2 regras) 2. Definir as linhas de fulcro (pensar nos movimentos de mastigação: dentes anteriores (1 movimento), dentes posteriores do lado esquerdo e do lado direito. Pensando nos movimentos ocluso-gengivais e gengivo-oclusais. 3. Definir retenção: direta (no local da carga) e indireta (longe do local). Quando tiver uma extremidade livre, na retenção direta temos a moldagem funcional (como na PT). 4. Definir os retentores: barra ou circunferencial 5. Conector maior
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