Buscar

sexualidade_intervencao

Prévia do material em texto

Gênero, família e sexualidade.
 Claudiane Silva
Projeto de intervenção
Recife
2014
JUSTIFICATIVA
	Nos últimos tempos, a discussão sobre sexualidade e gênero vem se tornando mais visível, tomando corpo, através dos movimentos sociais que visam e buscam em sua essência o respeito á diversidade e ás identidades. Louro ( 1997 ), afirma que o movimento feminista vem ressurgindo num contexto de total fuvescência social e política de contestação e transformação, através de grupos de conscientização, marchas e protestos públicos. Portanto, há uma urgência na abordagem do gênero e sexualidade, principalmente quando falamos do feminino, que durante muito tempo foi excluido da sociedade patriarcal que via na mulher, a figura da fêmea reprodutiva, sem anseios ou desejos, de uma delicadeza inútil, com sua obediência á serviço da origem e do desejo masculino.
 Já a sexualidade sempre foi tratada como um assumto privado,íntimo e exclusivamente de adultos, que ao ser falado gerava constrangimento e repreensão, principalmente para as pessoas do sexo feminino. De acordo, com Louro (1997), a mulher sempre foi uma invisivel diante da sociedade, sendo vísivel apenas em seu lar, pois este era o seu espaço territorial e para a mulher, falar sobre sexo sempre foi visto com maus olhos perante a sociedade patriarcal machista. Foucault (1978) nos remete a história da sexualidade e explica que o sexo, sempre foi uma espécie de poder, incultido e escondido, mas um tipo de dominação no interior de sociedades antigas, como romana, o sexo era visto apenas como reprodução da espécie e o prazer como um mal que deveria ser controlado e escondido.
	Falar sobre sexo sempre foi algo muito delicado e inquietante, principalmente para os mais jovens. Discutir sexualidade é importante e mais ainda entender como os mais jovens, ou melhor, os adolecentes pensam e agem sobre o assunto, pois são as vivências em sociedade e as influências que sofrem dela que vão determinar suas ações. Pensando em tudo isso que abordamos, resolvemos trabalhar gênero e sexualidade, que requer também trabalhar com o tema família, ou seja família gênero e sexualidade. A família é o primeiro meio social a influenciar, delimitar as ações desde o nascimento.
	
 A construção do plano de ação “ Gênero, família e educação: trabalhando juntos e rompendo barreiras”, nos despertou para este projeto,e foi pensado a partir das observações de docentes em perceber a curiosidade e angústias precoces dos discentes em sala de aula e a desinformação dos pais sobre as questôes de sexualidade expostas por seus filhos que fizemos alguns objetivos, como: 
•	A vida sexual do filho (a) – Porquê os pais não compreendem ou não aceitam que um adolecente possua uma vida sexual ativa?
•	Orientação sexual do filho (a)- muitos pais não aceitam que seu filho(a) seja homosexual e chegam a expulsar o filho(a) de casa, ou aceitam, de forma que o assunto não seja abordado de maneira alguma, tornando-se algo proibido dentro do lar,como lidar com esta situação?
Questões estas que sempre permearam o universo famíliar, hoje aparecem de forma mais clara, trazendo ainda muito tabu para o seio familiar. Em se tratando de sexo e orientação sexual, estes temas ainda trazem muito desconforto para as famílias, muitas vezes pela desinformação e pelos preconceitos que ainda estão atrelados em nossa cultura.
Partimos do princípio de que a educação é um processo de democratização do ambiente escolar, onde temas, como a sexualidade devem ser multidisciplinares, pois fazem parte da realidade de todos os sujeitos envolvidos na escola. O plano de ação proposto neste trabalho visa á discussão e reflexão entre as influências familiares nas expressões de gênero e no comportamento da família sobre a sexualidade dos filhos (as), levando-os a perceber as diferenciações de gênero, refletirem sobre as questões de sexualidade e orientação sexual, além de perceber como a sociedade impõe historicamente , conceitos que delimitam mudanças no comportamento da mesma.
REFERENCIAL TEÓRICO
1. Conceito de família
 De acordo com Campos (2006, p. 148), família , segundo alguns pensadpres, é a base para toda organização social, sua universalidade tem sido posta em questão por muitos antropólogos e pensadores, pois a configuração familiar tem transformado-se ao longo dos séculos, estando sempre em construção. Durante muito tempo o próprio conceito de família se limitava apenas a pai, mãe e filhos, hoje, esse conceito vem se mofificando, pois as configurações familiaresestão muito diversas, família eé basicamente um grupo de pessoas unidas pelo sangue ou pelo amor, compartilhando vidas, exemplos que podem influenciar tanto para o bem como para o mal. De acordo com Vilhena (200 ), a família poderia estar em crise de valores e do tempo que oferecia amparo, segurança, bons padrões de moralidadeàs crianças, mas de contrapartida, hoje, temos variadas formas de famílias, embora Vilhena expresse que esta mesma família cheia de padrões e virtudes tenha contribuído na formação de cidadãos vulneraveis e com neuroses obssessivas, como na época de Freud. 
 O núcleo familiar pparesenta novas configurações e novas maneiras de educar seus/ suas filhos (as), falar hoje, de uma “família estruturada” e “padrão”, que “certamente” poderia gerar bons cidadãos, nos parece injusto com as novas configurações familiares, é afirmar que elas não são estruturadas e que não geram bons cidadãos, seria muito cruel e alienante, pois vivemos em constantes mudanças e algumas dessas incluem a vida familiar e a forma como os seres humanos vivem suas relaçoes.
2. O Conceito de gênero
 O conceito de gênero está incutido nos estudoS feministas a partir da década de 1970, possibilitando uma crítica até então, sem aceitação, sobre a subordinação e dominação da mulher. D e acordo com Furlani (2011), os estudos feministas posibilitaram um questionamento e umolhar mais crítico sobre as desigualdades sociais entre homens e mulheres no acesso ao direito à educação, ao voto, ao patrimônio familiar, à justiça, ao trabalho, a bens materiais, além de questioar as representações sobre o que é “ser mulher” e do “ser feminino”. Durante muito tempo, vivemos em uma sociedade patriarcal e machista, ainda sofremos os resquícios dos séculos anteriores, que construíram socialmente a ideia de subordinação da mulher e que o ser feminino sempre esteve abaixo do ser masculino. O conceito de gênero surge a partir desses questionamentos, explicitando as desigualdades entre os dois gêneros. De acordo com Louro (1997), os estudos sobre gênero, contribuem para que: 
“O conceito passa a ser usado, então, com um forte apelo relacional, já que é no âmbito das relações sociais que se constroem os gêneros. Os estudos priorizam as análises sobre as mulheres, mas passam, de forma muito mais explícita, referindo-se aos homens”. 
 Assim vai tomando um cárater investigativo sobre a construção das identidades sobre os gêneros ao longo dos tempos, a discussão sobre o termo a tamanha relevância sobre os seus estudos vão tomando um cárater social e histórico, buscando uma transformação social. Segundo Furlani (2011), os estudos buscavam uma mudança social, tendo o apoio das teorias da psicanálise, do marxismo, e teórias próprias do feminismo, mas, o determinismo biológico perdurou, trazendo o entendimento de que a diferença biológica remetia a diferença sexual, justificando a desigualdade social. No entanto essa ideia é criticada por Louro (1997), pois remete ao lado biológico, mas as diferenças de gênero e o próprio conceito em si, está ligado ao lado social e histórico que perdurou durante séculos.
 O conceito de gênero nos remete a ideia das diferenças sociais e históricas entre homens e mulheres, rejeitando o determinismo biológico e as difernças sexuais, construindo uma identidade social dos sujeitos masculinos e femininos que também está ligada a raça, etnia, classe social, sexualidadee nacionalidade.
3. O conceito de sexualidade
	
 O conceito de sexualidade sempre foi ligado a vários tabus, sendo muito confundido com a palavra sexo, levando-nos a ideia de relação sexual. Mas,sexualidade vai muito além de sexo, o conceito esta intrinsecamente ligado à natureza humana, uma espécie de energia ligada ao nosso corpo, ao nosso ser. Mesmo sendo inerente à natureza humana, faz parte da construção histórica e social da humanidade, mas, sempre revestida por algo. Segundo Foucault (2004), a sexualidade aparece revestida pelo poder e dominação relacionada ao pagão, controlada durante muito tempo por algumas socisdades e pelo próprio cristianismo. Isso permitiu o controle sobre a sexualidade, sobre o comprtamento humano, permitindo a homens e mulheres maneiras distintas de viverem e realizarem ou não seus desejos e prazeres sexuais. 
 A sexualidade traz consigo algumas temáticas inerentes, como a identidade de gênero e o comportamento humano que estão ligados de forma sócio-histórica. Durante muito tempo a sexualidade foi reprimida e escondida, falar sobre sexo ou desejo sexual não era permitido.
Assim:
“Estamos simultamneamente, liberando a própria sexualidade e criando condições para tomar consciência dela, enquanto nos séculos precedentes, o peso de uma moral burguesa, por um lado, e o de uma moral cristã, por outro, a primeira tomando de qualquer forma a dianteira e a continuidade da segunda, nos haviam impedido o Ocidente de se interessar pela sexualidade”. (Foucault, 2004, p. 62)
 A sexualidade e o gênero estão muito próximos, pois falar em gênero nos remete também a problemas e diferenças sócio-históricas enfatizados por um determinismo biológico de que a mulher seria inferior ao homen. Esse discurso vem mudando, as qustões de gênero e sexualidade vêm tomando mais espaço nas discussões acadêmicas e no comportamento humano, de modo geral, contribuindo para uma transformação social.
4. Família, gênero e sexualidade
 O conceito de família ligado a gênero e sexualidade nos remete ao passado, a uma sociedade patriarcal dominante que não conpreendia as identidades de gênero, mas a submissão e o poder, onde a sexualidade era reprimida e a família deveria seguir padrões que foram estipukados e seguidos durante muito tempo. De acordo com Medeiros apud Giddens (2008), as relações familiares da contemporaneidade apresentam uma trasformação nas relações afetivo-sexuais dentro de um conteúdo igualitarista, que considera ampla e rica as consequências, pois implica numa reelaboração da intimidade entre homens e mulheres que são protagonistas nas novas relações vivenciadas, tanto no cotidiano do casamento e da família e da sociedade. Fica claro que há uma ruptura na velha ideia de que o sexo masculino é detentor do poder sobre tudo o que está relacionado ao gênero, a sexualidade e a família, permitindo uma quebra de tabus e uma autonomia aos indíviduos.
 
 Medeiros (2008) afirma que o tema da sexualidade é enfatizado em relação as mudanças nas atitudes dos pais com tabus e proibições, onde o falar sobre sexo trazia uma dificuldade, onde ela ainda trazalguns dados que remetem a ideia de que pessoas nascidas de de 1950 em diante, oferecem mudanças ao abordarem o tema com seus/ suas filhos (as), por recriminarem a maneira como foram educados em relação ao sexo, mesmo com essa possível mudança, ainda há uma certa dificuldade em discutir o assunto em família, o que acaba se justificando sócio-historicamente. É pensando nessa mudança histórica e social no discurso sobre sexualidade e gênero. Que desenvolvemos nosso projeto com o intuito de trabalhar abertamente o diálogo direta e indiretamente, entre pais, adolescentes e professores.
 OBJETIVOS 
· Objetivo Geral	
Estimular a participação dos pais na educação sexual dos filhos, envolvemdo-os num acompanhamento e compreensão sobre a liberdade de expressão quanto ao gênero e sexualidade.
· Objetivos Específicos
· Identificar dúvidas vivenciadas pelos discentes sobre as questões de gênero e sexualidade;
· Desenvolver ações junto aos pais que promovam informações e esclarecimentos sobre a sexualidade de seus filhos (as);
· Conscientizar a comunidade escolar sobre a importância nas relações de gênero, sexualidade e orientação sexual dos filhos (as).
METODOLOGIA
 O projeto “Gênero, família e educação: trabalhando juntos e rompendo barreiras”, busca trazer informação para a comunidade escolar, alunos, pais e funcionários visando estimular a participação dos formadores, sendo eles pais ou educadores, que estão presentes na vida dos adolescentes e que podem e devem participar das mudanças que ocorrem na vida deles, os orientando e os acompanhando. 
 Nosso projeto terá início, a partir de uma construção e parceria com a escola, iremos mostrar o projeto e buscar compreender quais as necessidades da escola para que sejam melhor discutidos e levantados pelos nossos profissionais. Depois desse faremos um trabalho de chamada do publico que pretendemos atender, vamos a escola e levaremos panfletos com conterão tema e a importância da participação de todos, convidando pais, alunos e funcionários. Esse processo será realizado em duas semanas.
 Após um mês desse processo de chamada do publico alvo, com panfletagem e explicações sobre os assuntos que serão tratados, partiremos para a intervenção. Durante toda a intervenção, que durarão quatros meses realizaremos atividades que estimulem a participação do público envolvido, que eles possam se questionar e sintam-se a vontade para falar e expor opiniões, os estimulando a busca de informações sobre sexualidade, identificação de gênero e comunicação entre pais e filhos, além de promover debates, palestras, questionário e 
RESULTADOS A SEREM OBTIDOS
 Pretendemos com a realização deste plano de intervenção, levar informações e esclarecer as dúvidas dos alunos sobre gênero e sexualidade, através das palestras ministrada, das conversas com profissionais da área e de atividades a serem desenvovidas com os alunos. E os pais juntamente com a equipe escolar estabelecer uma abertura maior, em relação a esse assunto para que os alunos se sintam mais a vontade para conversar e eslarecer dúvidas em relação a gênero e sexualidade no seio familiar.
.
PÚBLICO BENEFICIADO DIRETO:
- Alunos
PÚBLICO BENEFICIADO INDIRETAMENTE:
- Professores
-Funcionários
-Pais e responsáveis
PARCERIAS:
Buscaremos a parceria com a Secretaria de Educação Municipal de Recife e com a Universidade Estadual e Federal para a disponibilidade de psicólogos, entre outros profissionais que ajudem a desenvolver o plano de intervenção, sabendo da importância e credibilidades destes orgão por isso a escolha deles para a execução do nosso projeto e juntamente com a colcaboração dos pais dos alunos e da gestão escolar.
1° Encontro 
Objetivo: identificar dúvidas vivenciadas pelos discentes sobre as questões de gênero e sexualidade:
Público: adolescentes (discentes)	
Proposta de atividade
· Iniciar o debate com a apresentação de um vídeo: expondo as dúvidas de adolecentes sobre questões de sexualidade.
Para esta atividade o(s) professore(s) devem previamente fazer um levantamento da data de nascimento dos discentes. 
Nesta atividade serão sorteados 10 papéis com as respectivas datas, que terão relação com acontecimentos ligados aos temas que serão debatidos.
Ex: - 1995 – É realizada na china a IV Conferência mundial das Nações Unidas sobre a Mulher.
 - 09/08/1997 – Morre de Aids Herbert de Souza, que era sociológo e nasceu hemofílico, assim como seus dois rimãos.
A partir do sorteio de cada uma dessas, propor o debate sobre:
1. O avanço nas conquistas das mulheres no ânbito econômico e principalmente social.
2. Aids
3. Sexualidade e diferenças identitárias ( gênero, sexo e orientação sexual)
4. Preconceitos e discriminação
Cronograma de atividades 
	 ATIVIDADES
	 PERÍODO / ANO
 Setembro Outubro e Novembro/2014
	Palestra de abertura , e apresentação do planoe profissionais.
	Primeira semana de setembro
	Conversa com profissionais
	Segunda semana de setembro
	Palestra com profissionais
	Primeira semana de outubro
	Conversa com profissionais
	Segunda semana de outubro
	Palestra de encerramento
	Primeira semana de novembro
Acompanhamento e avaliação
	OBJETIVOS
	ATIVIDADES
	INDICADORES DE SUCESSO
	MEIOS DE VERIFICAÇÃO
	Identificar dúvidas vivenciadas pelos discentes sobre as questões de gênero e sexualidade.
	Palestras sobre a importância da família no processo de desenvolvimento sexuais de seus filhos
	Através de diálogos de verificar o envolvimento dos pais com as temáticas
	Questionário de avaliação dos métodos utilizados
	Desenvolver ações junto aos pais que promovam informações e esclarecimentos sobre a sexualidade de seus filhos (as)
	Apresentação do vídeo:
Documentário: "Os tabus sociais na percepção de gêneros e papéis sexuais"
	Observação do grau de satisfação ou insatisfação com as questões a serem abordadas
	Avaliação processual do envolvimento dos pais nos debates e na exploração de perguntas e respostas 
	Conscientizar a comunidade escolar sobre a importância nas relações de gênero, sexualidade e orientação sexual dos filhos (as).
	Debates de acordo com a temática Gênero, sexualidade e família.
	Participação efetiva e interação nas palestras e debates dos pais, alunos e professores.
	Presença quantitativa de pais envolvidos no projeto
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Roberto Bivar Carneiro. HOFFNAGEL, Judith Chambliss e org. Pensando família, gênero e sexualidade. Recife; Universitária da UFPE, 2006.
FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro; Iorense Universitária, 2004. (Ditos e escritos V)
FULANI, Jimena. Educação sexual na sala de aula: relações de gênero, orientação sexual e igualdade étnico-racial numa proposta de respeito às diferenças. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2011.
MEDEIROS, Maria da Graça L. . Família, gênero e sexualidade: um olhar pós-moderno. ST 50 – Gênero, direito e psicanálise. Florianópolis, 2008.

Continue navegando