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Fadiga, perda de peso e anemia 
Prob 3 – “Quanto tempo?”
EXPLANAR SOBRE A FISIOPATOLOGIA DA 
CAQUEXIA DO CANCER E O IMPACTO DAS 
TERAPIAS NESSE MECANISMO 
O câncer é definido como uma enfermidade multifatorial 
crônica, caracterizada pela proliferação descontrolada das 
células. A perda de peso e a desnutrição são distúrbios 
frequentemente observados em pacientes com câncer, 
sendo que até 30% dos pacientes adultos apresentam perda 
superior a 10% do peso. No entanto, o estabelecimento de 
desnutrição em quadros oncológicos está diretamente 
relacionado ao tipo e à localização da neoplasia. 
Uma das consequências mais dramáticas do câncer é o 
estado de consumição progressiva, fraqueza generalizada, 
anemia e emagrecimento acentuado que caracterizam o 
estado de caquexia. O termo “caquexia” significa má 
condição (do grego “Kakos hexis”), portanto um estado 
debilitado da saúde. 
A caquexia do câncer é definida clinicamente por anorexia, 
perda de peso involuntária, perda de massa muscular, 
alterações da sensibilidade do paladar, saciedade precoce, 
fraqueza e atrofia de órgãos viscerais. 
Acomete até 80% dos indivíduos com doença avançada e 
repercute em diminuição de capacidade funcional, redução 
da QV e da sobrevida, constituindo um dos principais fatores 
de pior prognóstico nesta fase da doença. Estima-se que 20 
a 40% das causas de óbito decorrentes do câncer estejam 
relacionadas à CC. 
Existem duas formas de caquexia: a primária e a secundária. 
A caquexia primária é o tipo mais comum e resulta de 
interações metabólicas entre o tumor e o hospedeiro que 
levam ao consumo progressivo e frequentemente 
irreversível de proteína visceral, musculatura esquelética e 
tecido adiposo, e anorexia. Já a secundária resulta de 
ingestão e absorção diminuídas, e recorda o jejum não-
complicado. Ambos os tipos de caquexia encontram-se 
presentes simultaneamente em um mesmo paciente. 
Contudo, este processo caquetizante envolve um severo 
comprometimento do estado geral e resulta primeiramente 
de alterações na ingestão e mal-absorção de nutrientes, e 
posteriormente de alterações metabólicas. 
Na caquexia as alterações metabólicas são diferentes das 
observadas no jejum prolongado, pois afetam todas as vias 
metabólicas simultaneamente. 
A fisiopatologia da CC decorre de uma interação complexa 
entre o organismo do hospedeiro e a presença do tumor, 
que repercute em alterações metabólicas, imunológicas e 
neuroendócrinas, e, que se caracteriza por um balanço 
calórico-proteico negativo impulsionado por uma 
combinação variável de ingestão alimentar reduzida e 
metabolismo anormal. 
A etiologia principal da CC assinala-se pela presença de um 
estado inflamatório sistêmico crônico com aumento da 
atividade das citocinas pró-inflamatórias, interleucina 1 
(IL1), interleucina 6 (IL6), interferon γ (ITFγ) e do fator de 
necrose tumoral α (TNFα) que promovem aumento da 
produção hepática de proteínas de fase aguda positiva, 
salientando-se a PCR, fibrinogênio, a-antitripsina e 
ceruloplasmina, com consequente redução das proteínas de 
fase aguda negativa, como a albumina, pré-albumina e 
transferrina, produzindo reflexos no metabolismo 
intermediário que se assemelham à resposta metabólica, ao 
trauma e à infecção, no entanto, sem a resposta adaptativa 
ao jejum. Deste modo, o organismo necessita de glicose 
obtida principalmente pela degradação de proteínas, ao 
contrário de se adaptar usando energia proveniente do 
tecido adiposo e dos corpos cetônicos, como ocorre no jejum 
normal na tentativa de preservar a massa muscular 
esquelética. 
Metabolismo energético 
O aumento do gasto energético é um dos determinantes da 
perda de peso da caquexia do câncer. Pacientes portadores 
de câncer podem ser hipermetabólicos, normometabólicos 
ou hipometabólicos dependendo do tipo de tumor, estágio 
e formas de tratamento empregadas no câncer. 
Vários órgãos ou tecidos podem estar envolvidos no 
aumento do gasto energético basal encontrado em alguns 
pacientes com neoplasias. Segundo Moraes (1996), o fígado 
é um órgão normalmente consumidor de grande energia e 
centro de atividade enzimática elevada em cancerosos, 
sugerindo alta taxa metabólica. Os tumores gástricos e os 
sarcomas são em geral hipermetabólicos e causam perda de 
peso importante. Outros tumores, como os melanomas, 
apesar de hipometabólicos, também provocam perda de 
peso e caquexia. 
No indivíduo normal, mesmo que a ingestão calórica esteja 
diminuída, observa-se uma redução na produção de energia 
ou na taxa metabólica. Já no paciente oncológico não ocorre 
esta adaptação fisiológica, pois mesmo com a redução na 
ingestão calórica, mantém ou aumentam, contribuindo para 
diminuição da reserva energética, em função do 
metabolismo das células tumorais. 
O estado de hipermetabolismo ou catabolismo persistente 
é comum em estados avançados da doença, isto explica a 
rapidez das células neoplásicas malignas em captar glicose 
como fonte de energia. O aumento desta captação está 
relacionado com o grau de malignidade e poder de invasão 
celular. As células malignas têm como fonte preferencial a 
glicose, e por isso alterações secundárias no metabolismo 
deste carboidrato são observadas em pacientes oncológicos 
em função da intensa proliferação celular que causa uma 
maior demanda. 
As alterações metabólicas descritas em pacientes com 
caquexia por câncer comprometem tanto o metabolismo de 
carboidratos, de lipídeos e das proteínas. Estas alterações 
são importantes para entender o mecanismo da perda de 
peso e orientar a oferta dietética mais adequada de acordo 
com as necessidades nutricionais do paciente. 
Metabolismo dos carboidratos 
As principais modificações metabólicas do hospedeiro são 
caracterizadas por glicólise acentuada, justificada pela 
rapidez das células neoplásicas em captar glicose como 
fonte de energia. O aumento dessa captação está 
relacionado ao grau de malignidade e ao poder de invasão 
celular tumoral. O consumo excessivo de glicose, por sua 
vez, aumenta a produção de glicose hepática a partir do 
lactato no ciclo de Cori (glicólise anaeróbia) e por meio de 
aminoácidos musculares do hospedeiro pela 
neoglicogênese, resultando em intensa proteólise e 
depleção muscular esquelética. 
A célula tumoral tem como principal substrato energético a 
glicose, consumindo de 10 a 50 vezes mais em relação ás 
células normais. Dependendo do tamanho do tumor e do 
estágio da doença a produção da glicose é maior. O consumo 
excessivo de glicose pelo tumor aumenta a produção de 
glicose hepática a partir do lactato (Ciclo de Cori) e de 
aminoácidos musculares do hospedeiro (gliconeogênese). A 
conversão de lactato para a glicose envolve consumo de ATP 
e aparenta ser um processo bioquímico de gasto energético 
contribuindo para a perda de peso e massa corpórea. 
Segundo estimativas, o gasto energético no Ciclo de Cori é 
de aproximadamente 300 calorias por dia. 
Além disso, é comum observar resistência periférica à 
insulina em pacientes com caquexia, isto determina um 
estado metabólico semelhante ao diabetes, resultando em 
uma acentuada gliconeogênese no fígado. A intolerância à 
glicose e a resistência à ação da insulina são ocasionadas 
tanto pela diminuição da sensibilidade dos receptores das 
células beta pancreáticas como pela redução da 
sensibilidade dos tecidos periféricos. Desse modo, todos 
esses efeitos contribuem de modo significativo tanto para 
depleção das fontes de energia como também para 
destruição de tecidos. 
Metabolismo das proteínas 
O paciente caquético não apresenta capacidade para manter 
ou reduzir o catabolismo dos músculos em resposta à 
reduzida ingesta de nitrogênio, levando a depleção de 
proteína e consequentemente atrofia e miopatia muscular, 
atrofia visceral e hipoalbuminemia. 
A hipoalbuminemia ocorre devido à diminuição da síntese 
proteicano fígado e ao aumento da proliferação celular do 
tumor. 
Conforme Murad; Katz (1996), no jejum agudo ocorre 
degradação do músculo esquelético para fornecer ao 
organismo aminoácidos para a gliconeogênese. No jejum 
prolongado sem câncer, a degradação muscular diminui e 
conserva nitrogênio, mantendo-se a massa muscular 
funcional. Este é um mecanismo de adaptação “poupador 
de proteínas”. Porém, a capacidade de poupar proteína em 
resposta ao jejum está ausente no câncer, havendo 
persistência da proteólise. 
Metabolismo dos lipídeos 
No metabolismo dos lipídios, ocorre aumento da lipólise 
associada à diminuição da lipogênese, em consequência à 
inibição da enzima lipase lipoproteica promovendo 
elevação da concentração de ácidos graxos livres no sangue 
e, ainda, aumento da lipase hormônio sensível, ocasionado 
depleção acentuada das reservas de gordura corporal. 
O metabolismo lipídico encontra-se alterado, resultando na 
depleção da reserva de gordura e níveis elevados de lipídios 
circulantes. A perda de gordura é responsável pela maior 
parte da perda de peso. Além disso, essa perda está 
relacionada ao aumento da lipólise associada à diminuição 
da lipogênese, em consequência à queda da lípase 
lipoprotéica levando a hiperlipidemia. 
Segundo Guimarães et al. (2002), o tumor produz moléculas 
lipolíticas capazes de induzir lipólise e aumentar a oxidação 
de ácidos graxos. Há uma maior liberação de ácidos graxos 
e formação de corpos cetônicos, com isso há mobilização e 
também maior utilização dos ácidos graxos como fonte 
preferencial de energia, provavelmente secundárias a 
exacerbação da gliconeogênese e maior resistência à 
insulina. Em condições normais os teores de glucagon, 
corticosteróides ou adrenalina são pouco variáveis, já na 
caquexia do câncer estes hormônios estão todos alterados 
pela maior degradação lipídica, havendo falha da lipogênese. 
É interessante observar que a administração de glicose é 
incapaz de inibir a mobilização e a oxidação das gorduras, 
como ocorre habitualmente em indivíduos normais. 
Soma-se a essas alterações metabólicas a liberação de 
substâncias produzidas pelas células tumorais, entre elas o 
fator de mobilizador de lipídios, que promove maior 
degradação do tecido adiposo em ácidos graxos livres e o 
fator indutor de proteólise, glicoproteína capaz de induzir a 
degradação proteica no músculo esquelético. Além disso, o 
aumento do catabolismo proteico é refletido por elevação 
na atividade da via proteolítica ubiquitina-proteassoma, 
considerada um mecanismo central para explicar a 
proteólise muscular acentuada na CC. 
Mediadores – citocinas 
Por sua vez, a patogênese da anorexia é complexa e 
multifatorial, acredita-se que ocorram alterações neuro-
hormonais promovendo desbalanço nos mediadores 
anorexígenos e orexígenos (triptofano, leptina, 
neuropeptídio Y, melacortina e grelina) que afetam o 
controle do apetite e estão associados ao aparecimento da 
anorexia, alterações do paladar, bem como influenciam no 
controle da saciedade. 
As citocinas são glicoproteínas solúveis que produzem uma 
grande variedade de reações fisiológicas. Já foram 
implicadas por vários estudos recentes como mediadoras da 
resposta do hospedeiro ao câncer. As citocinas regulam 
tanto a absorção de energia (isto é, apetite) quanto ao gasto 
de energia (taxa metabólica) e por isso têm um papel 
essencial na determinação do estado nutricional do 
portador de tumor. As citocinas que desempenham um 
papel importante incluem o Fator de Necrose Tumoral (TNF-
α), Interleucina 1 (IL-1), Interleucina 6 (IL-6) e interferon-
gama (IFN-γ). Estas citocinas têm atividades sobrepostas, as 
quais tornam provável que nenhuma substância individual 
seja a única causa da caquexia do câncer. 
Fator de necrose tumoral-alfa 
Também conhecido por caquexina, é uma das citocinas 
secretadas pelos macrófagos em resposta ao crescimento 
celular tumoral ou infecções por bactérias gram negativas. 
Segundo Porth (2002), o TNF-α causa anorexia, suprimindo 
centros de saciedade e a síntese de lipoproteína lípase, uma 
enzima que facilita a liberação de ácidos graxos pelas 
lipoproteínas, de modo a poderem ser utilizadas pelos 
tecidos. O TNF-α induz várias respostas inflamatórias, 
ativando o sistema de coagulação, atuando nos hepatócitos 
para aumentar a síntese de proteínas sérica em resposta aos 
estímulos inflamatórios, e promove o choque endotóxico 
secundário a trauma, queimaduras e sepse. 
 
 
Interleucina 1 (IL-1) 
A interleucina 1 (IL-1) é outra citocina inflamatória secretada 
pelos macrófagos, e juntamente com o TNF-α tem a 
capacidade de iniciar a caquexia. Vale ressaltar que a IL-1 
produz os mesmos efeitos do TNF-α, mas não age sobre os 
músculos, e os efeitos produzidos na caquexia são menos 
potentes que os induzidos pelo TNF-α. Essa citocina age 
diretamente sobre centro de regulação do apetite do 
sistema nervoso central, induzindo saciedade, o que 
provoca uma menor ingestão de alimentos e de água. A IL-
1 pode causar febre e ainda alterar a síntese protéica no 
fígado. 
Interleucina 6 (IL-6) 
Uma citocina com várias atividades biológicas, algumas 
semelhantes ao TNF-α e IL-1. Produzida por macrófagos, 
monócitos e pelos fibroblastos. De acordo com Gibney et al. 
(2007), a IL-6 é a principal citocina envolvida na indução das 
proteínas de fase aguda e síntese de fibrinogênio, e foram 
relatados níveis elevados em 39% nos pacientes com câncer 
de pulmão ou câncer de cólon e resposta ativa das proteínas 
de fase aguda. Alguns estudos têm mostrado que a IL-6 tem 
pequeno efeito sobre a proteólise muscular, embora seja 
capaz de estimular a gliconeogênese no fígado. Juntamente 
com outras citocinas, sozinhas ou combinadas é capaz de 
reduzir a ingestão alimentar e também interferir no balanço 
de energia. Todos estes mecanismos vão desencadear a 
síndrome de anorexia e caquexia. 
Alterações hormonais 
O hipotálamo, eixo hipotálamo-hipofisário e o sistema 
autonômico (simpático e parassimpático) são responsáveis 
pelo controle da ingestão de alimentos. Este controle 
depende de diversos tipos de neuro-hormônios centrais e 
gastrintestinais: leptina, neuropeptídeo y, grelina, insulina 
e melanocortina. 
Leptina 
• É um hormônio produzido e secretado pelo tecido 
adiposo, sendo importante na regulação do peso 
corpóreo. A leptina regula as taxas de gordura 
corpórea. A perda de peso leva a diminuição de 
níveis de leptina e consequentemente à diminuição 
da gordura corporal. Conforme Waitzberg (2006), a 
leptina inibe a ingestão e aumento do gasto 
energético, por meio de uma alça de atuação 
(feedback), envolvendo o hipotálamo, ativando 
circuitos catabólicos e reprimindo circuitos 
anabólicos. Por essa razão, baixos níveis de leptina 
cerebral estimulam o apetite e diminuem o gasto 
energético, enquanto níveis elevados de leptina 
diminuem o apetite e elevam o gasto energético. 
Neuropeptídeo y (NPY) 
• É um peptídeo orexígeno (estimulante do apetite), 
envolvido no regulamento de funcionamento 
sexual, ansiedade, resistência vascular e periférico. 
Está abundantemente distribuído no cérebro e 
secretado no hipotálamo. Segundo Chemin; Mura; 
D’arc (2007), os neuropeptídeos parecem 
promover atividade lipogênica enzimática no tecido 
adiposo, reduzindo atividade do sistema nervoso 
simpático e inibindo a lipólise. O NPY age 
aumentando a ingestão de alimentos, diminuindo 
o gasto energético e aumentando a lipogênese, 
originando o balanço energético positivo e 
aumento de reserva de gordura. Quando ocorrem 
situações de estresse, como no câncer, citocinas 
envolvidas na regulação do apetite podem 
influenciar negativamente na regulação do apetite 
da ação orexígena do NPY, ou seja, em estado de 
jejum normal o nível ou a liberação de NPY no 
hipotálamo está aumentado e nos casos de câncer 
o NPY mantém-se reduzidos.Grelina 
• A grelina é um neuropeptídeo secretado em 
diversas células endócrinas, principalmente no 
estômago. É um importante regulador do apetite e 
do peso corporal. Durante o período de jejum os 
níveis de grelina aumentam na circulação 
sanguínea e diminui logo após a ingestão 
alimentar, ao contrário da leptina e insulina, outros 
importantes reguladores da massa corporal 
gordurosa. No entanto, em pacientes caquéticos a 
grelina pode estar diminuída devido a um 
bloqueio na resposta adaptada ao jejum, por 
diminuição da expressão do RNAm da grelina no 
estômago, diminuindo assim o apetite. 
Além das alterações anteriormente citadas, fatores 
secundários como obstruções, má absorção, intervenções 
cirúrgicas ou toxicidade das drogas; e presença de sintomas 
de impacto nutricional, como disfagia, odinofagia, mucosite, 
náuseas, vômitos, xerostomia, diarreia, alterações 
quimiossensoriais, entre outros, relacionados a doença per 
se ou as múltiplas opções de tratamento antineoplásico 
disponíveis, contribuem para o agravamento da CC. 
Desse modo, as alterações fisiopatológicas (Figura 1) 
envolvidas na CC influenciam de modo significativo diversos 
órgãos e tecidos, formando um ciclo, exacerbando e 
contribuindo para o agravamento da síndrome. Deve-se 
ressaltar, que embora vários fatores envolvidos no 
desenvolvimento CC sejam conhecidos, alguns mecanismos 
subjacentes não estão completamente elucidados, o que 
poderia explicar o fato de que alguns pacientes com mesmo 
tipo de tumor e estágio da doença, podem desenvolver CC e 
outros não. Além disso, mesmo com os potenciais 
mecanismos e biomarcadores descritos, não é possível 
prever com precisão quem irá desenvolver CC rapidamente 
versus aqueles que podem desenvolver a síndrome em um 
ritmo mais lento. Tal variação pode estar relacionada, pelo 
menos em parte, ao genótipo do hospedeiro. 
Em síntese, a combinação de diversos fatores é responsável 
pelo complexo processo no desenvolvimento da CC de 
maneira que sua trajetória não é linear ao curso da doença. 
 
 
DISCUTIR O QUADRO CLINICO, DIAGNOSTICO 
(EXAMES COMPLEMENTARES INICIAIS PARA 
INVESTIGAÇÃO E PROVÁVEIS ALTERAÇÕES) E 
TRATAMENTO DA CAQUEXIA DO CÂNCER 
A ESPEN classificou a caquexia oncológica como: 
“Do ponto de vista clínico, a caquexia oncológica é uma 
síndrome complexa caracterizada por uma crónica, 
progressiva, involuntária perda de peso que não responde, 
ou é apenas parcialmente sensível, ao suporte nutricional 
padrão, e é frequentemente associada à anorexia, saciedade 
precoce e astenia. É normalmente atribuível a dois 
componentes principais: uma diminuição da ingestão de 
nutrientes (o que pode ser devido a um envolvimento crítico 
do trato gastrointestinal pelo tumor, ou de citocinas e 
mediadores que induzem anorexia); e alterações 
metabólicas, devido à ativação de processos pró-
inflamatórios sistémicos”. 
Classificação da caquexia oncológica 
A evolução da caquexia depende do tipo de cancer e da sua 
fase, presença ou não de inflamação, da falta de resposta à 
terapêutica e da baixa ingestão de alimentos. Assim, com o 
objetivo de optar por um tratamento atempado e adequado, 
a European Palliative Care Research Collaborative definiu 
algumas guidelines em relação à caquexia oncológica e 
dividiu-a em 3 fases, de modo a facilitar a identificação 
precoce de biomarcadores presentes na caquexia. Porém, 
convém ressalvar que nem todos os doentes passam por 
todas as fases. 
• Pré-caquexia 
• Caquexia 
• Caquexia refratária 
 
Os sinais de pré caquexia passam por anorexia, diminuição 
da tolerância à glicose e por perda de peso involuntária 
(≤5%). Alguns testes séricos como a diminuição da tolerância 
à glicose, anemia relacionada com a inflamação ou 
hipoalbuminémia, podem determinar se o doente se 
encontra nesta fase de caquexia. O conhecimento de pré-
caquexia permite a realização de estudos epidemiológicos e 
de intervenção multicêntricos de modo a prevenir ou a 
retardar a caquexia. 
Na fase de caquexia os doentes têm uma perda maior que 
5% do peso corporal, ou um IMC inferior a 20 kg / m² e uma 
perda de peso superior a 2%, ou sarcopénia e perda de peso 
maior de 2%. 
Na fase refrataria da caquexia, o cancer está muito 
avançado, o doente encontra-se em fase pré-terminal e, por 
isso, pode não responder à terapêutica. Nesta fase, a 
reversão da perda de peso já não é possível e a esperança 
média de vida é inferior a 3 meses. Assim, nesta fase o 
tratamento da caquexia passa apena, por cuidados 
paliativos, de modo a aliviar a dor e o sofrimento. 
QUADRO CLINICO 
Segundo Anker et al. até 90% dos pacientes com câncer irão 
desenvolver CC no decorrer da trajetória da doença. A taxa 
de mortalidade associada a CC pode chegar a 80% em um 
ano. A gravidade da síndrome está diretamente relacionada 
com à redução do tempo de sobrevida, implicando em pior 
prognóstico. A associação com menor sobrevida em 
pacientes CA com doença avançada foi verificada por 
diversos estudos. 
Em relação aos sintomas da caquexia, estes passam: 
anorexia, náuseas, disfagias, sensação de satisfação no 
início da refeição, odinofagia, mucosites, disgeusia, 
constipação e intestino obstruído, fadiga, dor e problemas 
psicológicos. 
A fadiga é um dos sintomas mais frequentes na caquexia, 
principalmente na caquexia oncológica. Estima-se que 80% 
dos doentes com câncer e que estejam a receber 
quimioterapia, e que 70% dos doentes que estejam em fases 
avançadas, sofram de fadiga. Este problema pode surgir 
independentemente do doente se encontrar em caquexia, 
no entanto, existe uma maior prevalência em doentes 
caquéticos. 
Em relação às complicações orais do doente, estas podem 
resultar de infeções virais ou bacterianas, de ulceras, 
radioterapia e do uso de alguns medicamentos. A 
radioterapia pode provocar xerostomia e alterações no 
sabor dos alimentos no doente. Os doentes com câncer e em 
fases terminais podem sofrer de náuseas frequentemente. 
Estas náuseas resultam tanto da medicação em opioides e 
de problemas gastrointestinais. Assim, sintomas como a 
anorexia, fadiga, náuseas e problemas na cavidade bocal do 
doente, podem originar problemas psicológicos no doente e 
uma qualidade de vida menor. 
A CC impacta negativamente a QV. Pacientes CA apresentam 
imagem corporal alterada, perda de apetite, aumento da 
fadiga e diminuição da funcionalidade reduzindo a 
autonomia e as atividades de vida diária. Neste contexto, um 
dos aspectos negligenciados da CC são suas repercussões 
psicossociais. Reid et al. (2009) realizaram um estudo 
qualitativo sobre a percepção da CC por pacientes com 
câncer avançado e seus familiares e descreveram que a 
mesma exprime uma série de implicações que ultrapassam 
o aspecto físico, representando uma questão complexa e 
multidimensional associada a um elevado sofrimento 
psicológico. 
As mudanças na aparência física e na autoimagem, 
experimentadas por pacientes CA, refletem uma 
autopercepção alterada que pode afetar o senso de 
identidade e de propósito repercutindo em angústia e 
isolamento social. A imagem corporal alterada também 
pode prejudicar a sexualidade, a autoconfiança e a 
autoestima com potencial de 34 ser estigmatizante. 
Além disso, a CC apresenta-se frequentemente associada a 
sentidos negativos como fracasso, perda de independência 
e conflitos familiares, pois muitas vezes reflete a 
confirmação visual da gravidade da doença e a possível 
proximidade da morte. Em contrapartida, alguns pacientes, 
particularmente os obesos, podem considerar a PP como 
benéfica e até mesmo experimentar melhorias em 
autoimagem, porém, paradoxalmente a valorização 
relacionada à PP pode resultar em complacência no manejo 
da alimentação, acelerando assim a progressão da CC. 
Alimentos realizam diversas funções não biológicas e 
carregam grande importância simbólica. Ademais, comeré 
um fenômeno biopsicossociocultural. Mudanças no padrão 
alimentar e a conexão associada entre a alimentação e a 
sobrevivência podem resultar em conflitos relacionais com 
os cuidadores e familiares. Por sua vez, os cuidadores e 
familiares também experimentam os efeitos psicológicos, 
pois as emoções negativas que o paciente vivencia 
associadas a baixa ingestão alimentar e ausência de 
recuperação do seu estado nutricional podem levá-los a 
assumir a responsabilidade por não conseguir desempenhar 
com êxito o papel de cuidar adequadamente do paciente. 
 
 
Alterações sensoriais 
A diminuição no consumo alimentar e o aumento da perda 
de peso que ocorrem na SAC são atribuídos a inúmeros 
fatores, sejam eles efeitos locais do tumor, como obstruções 
e sintomas GI, ou anorexia decorrente de causas não 
mecânicas, como desequilíbrios de neuropeptídios e 
citocinas. A baixa ingestão pode ocorrer, ainda, por reações 
adversas do tratamento radical do câncer, como náuseas e 
vômitos decorrentes da QT, que diminuem o apetite, as 
mucosites e enterites em função da RT e as mutilações das 
cirurgias. 
Muitos pacientes atribuem a diminuição do apetite e da 
ingestão alimentar a alterações desagradáveis e inaceitáveis 
do paladar e do olfato. Os fatores que afetam o paladar e o 
olfato são complexos, sejam eles anatômicos, fisiológicos ou 
de outra natureza. 
É importante salientar que a supressão do paladar é mais 
severa após tratamento radioterápico na região de 
orofaringe e pacientes em QT referem a sensação de gosto 
metálico na boca. 
Segundo Ferreira (2003)68, as alterações do paladar são 
associadas à diminuição dos níveis séricos de metais como 
zinco e níquel. Embora estes achados sobre o sabor sejam 
inconsistentes em relação a um padrão, respostas alteradas 
ao sabor dos alimentos causam rejeição de alimentos 
nutritivos, contribuindo para a anorexia e diminuição da 
ingestão. Essas anormalidades de sensações não se 
correlacionam consistentemente com a localização tumoral, 
extensão de envolvimento do tumor, resposta do tumor à 
terapia ou preferências e ingestões alimentares. Em relação 
às alterações gerais do paladar, é freqüente o 
desenvolvimento de aversões alimentares específicas, ou 
seja, o consumo de um alimento particular é associado a 
uma reação desagradável durante ou após sua ingestão. O 
resultado é a abstenção daquele alimento. Portanto, 
recomenda-se que os pacientes evitem seus alimentos 
preferidos durante o período da QT, caso contrário poderá 
ocorrer uma associação de desprazer entre os efeitos da QT 
e os alimentos oferecidos durante o tratamento do câncer, 
criando-se uma situação de aversão alimentar. 
Saciedade precoce também é comum no paciente 
oncológico, presente em aproximadamente 50% dos 
pacientes, por alterações na motilidade GI e redução da 
capacidade gástrica. O declínio da capacidade gástrica pode 
ser causado por uma neuropatia autonômica 
paraneoplásica, em virtude do tratamento quimioterápico 
que altera o feedback autonômico do sistema nervoso 
central. Neoplasias malignas no TGI também podem 
produzir saciedade precoce. 
DIAGNOSTICO 
Na caquexia associada ao câncer, a caquexia pode estar em 
desenvolvimento durante um longo período de tempo, 
antes de se manifestar, pois antes do crescimento do tumor, 
os mecanismos patogénicos da caquexia são ativados. Desta 
forma, mesmo na ausência de perda de peso ou perda de 
massa muscular, a caquexia é suspeita. Estas situações são 
evidentes principalmente em cancros que influenciam 
bastante o estado nutricional do doente, como por exemplo 
câncer do pâncreas, pulmão, esófago e estômago. 
Assim o diagnóstico da caquexia associada ao câncer passa 
pela avaliação de alguns pontos: valores antropométricos; 
valores biológicos (PCR e Albumina); índice de massa gorda 
livre; indicadores nutricionais. 
Valores antropométricos: 
• Perda de peso superior a 10% nos últimos 6 meses, 
ou perda de peso superior a 5% no ultimo mês, ou 
• IMC menor que 20 e perda de peso maior que 2%, 
ou 
• Índice de massa muscular com sarcopenia: 
Homens inferior a 7,26 kg/m2 ; Mulheres inferior a 
5,45 kg/m2 ; e perda de peso superior a 2% 
Valores biológicos: 
• Quantos aos níveis de PCR e albumina, estes 
apresentam valores maiores que 5,0 mg/L e 
menores que 3,2 g/dl, respetivamente 
Índice de massa gorda livre: 
• Em relação ao índice de massa gorda corporal em 
doentes caquéticos oncológicos, este é 
aproximadamente de 18,9 kg/m2 nos homens, e de 
15,4 kg/m2 nas mulheres 
Indicadores nutricionais: 
• O estado nutricional pode ser avaliado através de 
diversos testes laboratoriais como a dosagem 
plasmática de transferrina, da proteína 
transportadora de retinol, creatinina urinária, 
linfócitos e albumina sérica, sendo este ultimo o 
mais utilizado quando o doente não é insuficiente 
hepático ou renal. No entanto em doentes com 
câncer estes resultados são alterados devido às 
alterações metabólicas, retenção hídrica, aumento 
da massa tumoral e alterações hormonais, sofridas 
por estes doentes. Assim, não se consegue ter um 
padrão fixo no diagnóstico nutricional em doentes 
com câncer. 
Desta forma, no caso da caquexia oncológica existem 
algumas escalas e questionários que se podem realizar 
nestes doentes de maneira a estudar o seu nível nutricional, 
como o questionário Malnutrition Screening Tool e a escala 
PatientGenerated Subjective Global Assessment of 
nutritional status. 
 
 
Malnutrition Screening Tool: 
 
Os valores indicados dizem respeito a uma escala, 
estipulando-se que valores a partir de 2 apontam para 
doentes com risco de má nutrição. 
PatientGenerated Subjective Global Assessment of 
nutritional status: 
 
Nesta escala os doentes são colocados em três grupos. No 
primeiro grupo os doentes apresentam-se bem nutridos, no 
segundo grupo encontram-se os doentes com um nível de 
má nutrição moderado em que a perda de peso é superior a 
10% do inicial nos últimos 6 meses, e no último grupo temos 
os doentes com um nível de má nutrição bastante elevado, 
em que a perda de peso, nos últimos 6 meses, é muito 
superior a 10% do peso inicial, e o doente apresenta sinais 
físicos de má nutrição. 
O EN dos pacientes é usualmente avaliado pela combinação 
de parâmetros clínicos, antropométricos e laboratoriais. 
A antropometria constitui-se em um conjunto de técnicas de 
mensuração do corpo humano ou de suas várias partes, 
avaliando o efeito do estresse da doença. Medidas 
antropométricas são freqüentemente utilizadas na 
determinação dos compartimentos corporais: tecido 
adiposo, muscular, ósseo, água extracelular. O peso 
corpóreo é o parâmetro nutricional mais utilizado na 
avaliação do paciente. Segundo Ferreira (2003) e Inui (2002), 
variação de 2% em um mês, 3,5% em três meses e 5% em um 
período de seis meses é aceitável em indivíduos adultos. 
Qualquer variação, além desses parâmetros, deve ser 
considerada anormal. A suspeita da caquexia ocorre diante 
de uma perda involuntária de 5% em relação ao peso 
habitual, em um período de 6 meses. Uma perda de 10% 
indica depleção severa, e é considerada o parâmetro 
utilizado para estabelecer o início da síndrome da 
anorexiacaquexia (SAC) no paciente obeso. É importante 
destacar, que a perda de peso diminui a resposta do paciente 
ao tratamento quimioterápico e aumenta a toxicidade da 
droga no organismo. 
Além do peso, a prega cutânea de tríceps (PCT), a 
circunferência muscular do braço (CMB), o perímetro de 
pulso e o índice de massa corpórea (IMC) são outras 
medidas antropométricas utilizadas. 
Os testes laboratoriais mais comuns na avaliação do EN são 
a dosagem plasmática de transferrina, proteína 
transportadora de retinol, e creatinina urinária, embora 
tenham valor limitado em pacientes com câncer, ante o 
aspecto crônico da desnutrição. A albumina sérica é, então, 
o parâmetromais utilizado, frente ao baixo custo e a alta 
acurácia (na ausência de disfunção hepática e/ ou renal), 
seguida da pré-albumina e dos linfócitos. Em pacientes com 
câncer, podem haver dificuldades na interpretação desses 
parâmetros em virtude de alterações fisiológicas, retenção 
hídrica, aumento da massa tumoral, alterações hormonais 
devido ao tratamento ou síndromes paraneoplásicas, efeitos 
do tratamento antineoplásico e da doença sobre o 
metabolismo e composição corporal. 
Assim, ainda não existe método de avaliação nutricional 
considerado "padrão ouro", em razão de suas limitações e 
influências de fatores independentes do EN. O diagnóstico 
nutricional de um paciente com câncer gastrointestinal deve 
envolver história clínica e dietética, exame clíniconutricional, 
antropometria, parâmetros bioquímicos, considerando-se as 
vantagens, desvantagens e indicações de cada método. 
 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• Hemograma 
• Eletrólitos 
• Glicemia 
• Função renal e hepática 
• TSH 
• Sorologia para HIV 
• PCR 
• Parasitológico de fezes 
• Raio X de tórax 
• Urina 
• Albumina 
• Dosagem plasmática de transferrina 
• Proteína transportadora de retinol 
TRATAMENTO 
O tratamento é sempre individualizado e deve ter uma 
equipe de profissionais de saúde no acompanhamento 
(médicos: oncologista, cirurgião, radioterapêuta, 
enfermeiros, nutricionista, psicólogo, entre outros) do 
paciente e de seus familiares, devido às necessidades 
específicas e planejamento individualizado, para promover 
uma melhor qualidade de vida. 
O tratamento do câncer envolve várias fases e diferentes 
objetivos, podendo ser curativo, paliativo ou de suporte. 
No paciente oncológico, especialmente com doença 
avançada, é muito importante compreender, em conjunto 
com a equipe médica responsável, com o paciente e a 
família, os objetivos do tratamento e, discutir, quando 
possível, a sobrevida do paciente. A equipe de saúde 
responsável deverá preocupar-se com questões éticas, 
considerando o real benefício do tratamento e o custo. Para 
tal, deve-se considerar as limitações sócio-econômicas e a 
vontade do paciente e da sua família em enfrentar o 
tratamento. 
O tratamento da caquexia oncológica depende da fase em 
que esta se encontra. Assim, se o doente estiver em fase de 
pré-caquexia, o seu tratamento deve ter como base uma boa 
monitorização do estado do doente, optando-se apenas 
por uma intervenção preventiva. Quando o doente se 
encontra em fase de caquexia, deve haver uma gestão 
multimodal da terapêutica que irá ser abordada mais á 
frente. Na fase refrataria da caquexia, o tratamento passa 
por apoio psicossocial, tratamento dos sintomas através 
dos cuidados de paliação e avaliação e discussão do uso de 
suporte nutricional. 
É importante realçar que na fase refratária da caquexia, ou 
seja, no final de vida dos doentes com caquexia oncológica, 
o tratamento passa por melhorar a sua qualidade de vida. 
Surgem, assim, os cuidados paliativos com o objetivo de 
aliviar o sofrimento e a dor a estes doentes. Estes cuidados 
podem ser implementados por todos os profissionais de 
saúde desde fisioterapeutas, especialistas em nutrição e 
gestão da dor ou oncologistas. 
Os cuidados paliativos incluem (Radbruch, et al., 2010): 
• Avaliar corretamente os sintomas físicos do doente, 
como fadiga e falta de ar. Esta avaliação pode 
melhorar o apetite e o bem-estar do doente. 
• Diminuir o sofrimento emocional do doente tendo 
em conta as suas necessidades psicossociais. 
• Considerar se o doente necessita de ser 
acompanhado por especialistas em cuidados 
paliativos. 
• Fornecer apoio aos doentes que possam ter 
dificuldades financeiras ou sociais, como organizar 
o apoio de assessores apropriados. 
• Fornecer apoio psicológico aos familiares dos 
doentes, já que, cuidar destes numa fase crítica, é 
também, para eles, emocionalmente penoso. 
Nutricional 
A TN é freqüentemente indicada com o objetivo de melhorar 
a defesa imunológica do paciente com câncer, manter e 
restaurar suas reservas protéicas e sensibilizar o tumor ao 
tratamento oncológico. 
As múltiplas combinações possíveis de nutrientes levam a 
pensar que alcançar o objetivo desejado é possível. No 
entanto, as vantagens e restrições dos nutrientes 
imunomoduladores não são ainda suficientemente 
documentadas para permitir o controle de seus efeitos. A 
combinação entre a nutrição e farmacologia tem tido 
melhores resultados terapêuticos na SAC. Assim, a TN 
deverá ser introduzida se o paciente assim o desejar ou se 
sentir beneficiado por apreciar o sabor do alimento, 
sentindo-se mais disposto e/ou animado. 
Familiares/acompanhantes e profissionais da saúde 
envolvidos no tratamento desses pacientes não devem 
sentir-se impotentes em relação à alimentação e à 
hidratação. Os pacientes nessa fase necessitam de muito 
afeto, palavras e gestos de carinho, controle de dor, estímulo 
espiritual e bom-humor. Portanto, o nutricionista deve 
observar o paciente como um todo, não apenas com o 
objetivo de oferecer TN, mas também como em conjunto 
com os familiares / acompanhantes e toda a equipe 
multiprofissional, permitindo melhores desempenhos e 
resultados, em que o maior beneficiado será o paciente. 
A alimentação merece atenção especial em qualquer fase do 
ciclo vital, sendo fator essencial à sobrevivência do 
indivíduo. Nenhuma outra atividade será tão permanente na 
história humana como a alimentação. A alimentação é um 
ato social, carregado de representações sociais e emocionais 
que são construídas. A Terapia Nutricional (TN) em 
oncologia deve contemplar inúmeras variáveis, 
relacionadas com o próprio tumor, com o impacto desse no 
metabolismo do doente e com as características individuais 
de cada paciente. 
De forma a manter o doente com uma qualidade de vida 
adequada, é importante adotar procedimentos e cuidados 
nutricionais vários: 
• Frequência, consistência e textura da dieta; 
• Valor nutricional da dieta; 
• Presença de fibras; 
• Presença de gordura e açúcares simples na dieta; 
• Presença de lactose e glúten na dieta; 
• Presença de nutracêuticos na nutrição. 
Segundo esta listagem, os cuidados com doentes caquéticos 
que não conseguem ter uma boa mastigação, passa por 
evitar produtos com fibras que dificultam a mastigação e 
absorvem uma grande quantidade de nutrientes, o que 
reduz a disponibilidade destes nos doentes já desnutridos 
(Kapała e Lange, 2013). Por seu lado, a ingestão de açúcares 
e alimentos gordos, num doente caquético, pode originar 
dor abdominal, náuseas, gases e diarreia. Muitos dos 
doentes com câncer em estados avançados são 
intolerantes à glucose devido à quimioterapia, desta forma 
é necessário ter em conta a presença de glúten e lactose na 
sua dieta, de forma a compensar a falta de açúcar. Nas 
diversas situações oncológicas é, por isso, necessária a ajuda 
de um nutracêutico que possa avaliar e selecionar o tipo de 
nutrientes e dieta que um doente caquético oncológico 
possa ter de maneira a ter uma melhor qualidade de vida. 
• Refeições pequenas, mas frequentes 
• Suplementos orais 
• Apresentação agradável dos alimentos, 
• Ambiente agradável, 
• Limitar a ingestão de gordura, 
• Alimentos consistentes e energéticos, 
• Evitar extremos de cheiros e de gosto. 
A indicação da TN em pacientes com câncer avançado 
permanece controversa. A TN em pacientes fora de 
possibilidades terapêuticas é uma questão a ser discutida e 
decidida pelo paciente e familiares / acompanhantes, com a 
assistência de uma equipe multidisciplinar, na qual o 
nutricionista deve ter participação indispensável. Segundo 
Argilés et al (2003)87, estratégias nutricionais não são 
suficientes para reverter a caquexia; para Younes & Noguchi 
(2000)53, o suporte nutricional pode reverter a maioria, 
mas não todas as alterações. 
A TN deverá ser planejadaconforme o estado nutricional do 
paciente e a quantidade e a qualidade da aceitação 
alimentar. 
Se a aceitação da dieta via oral não for suficiente, ou seja, 
menor que 60% das necessidades calóricas, é conveniente 
introduzir TN via oral de início, com acréscimo de alimentos 
calóricos e nutritivos ou mesmo utilizando suplementos 
alimentares industrializados para aumentar o aporte 
protéico-calórico da dieta. A escolha do momento oportuno 
para apresentação do alimento merece consideração. Os 
pacientes com câncer reclamam da capacidade diminuída de 
se alimentarem conforme o dia progride. A esse sintoma, 
atribui-se a digestão e esvaziamento gástrico vagarosos, 
como resultado de produção diminuída de secreções 
digestivas, atrofia da mucosa GI e atrofia gástrica muscular. 
Alimentações pequenas e freqüentes, com ênfase nas 
alimentações da manhã são sugeridas. 
Quando a TN via oral é nutricionalmente insuficiente, a 
introdução de TN agressiva, como Nutrição Enteral ou 
Nutrição Parenteral, conforme o funcionamento do TGI, 
passa a ser indicada. Ao se introduzir a Terapia Enteral e a 
Terapia Parenteral, o paciente e os familiares / 
acompanhantes devem ser orientados sobre os 
procedimentos envolvidos, desde a passagem da sonda e/ou 
cateter até a forma como o paciente passará a receber esses 
suportes. E se a via oral, mesmo que quase nula, ainda não 
apresentar nenhum risco, deverá ser estimulada toda vez 
que o paciente solicitar. 
Em relação ao uso de suporte nutricional entérico ou 
parentérico, este ainda é discutível. Pensa-se que uma 
abordagem entérica na caquexia oncológica não seja a 
melhor, devido aos problemas gástricos e às complicações 
orais que os doentes apresentam. Por outro lado, existe 
também pouca evidência do benefício do uso de nutrição 
parentérica, não só pela grande probabilidade de causar 
infeções nos doentes, mas também por não aumentar 
significativamente o peso nos doentes. Assim, o uso de 
nutrição parentérica não deve ser usada em doentes que 
ainda estejam bem nutridos e com uma ingestão oral de 
alimentos adequada 
Suplementos alimentares 
Ácidos Graxos Poliinsaturados (PUFAs) - Ácido 
Eicosapentaenóico (EPA) e Ácido Docosahexaenóico (DHA) 
são PUFAs essenciais, ou seja, não produzidos no nosso 
organismo e que necessitam ser incorporados através da 
alimentação. Pertencem à família Ômega-3 (ω3) e têm sido 
associados à diminuição do volume tumoral, melhora do 
peso corporal e diminuição da anorexia, devido sua ação 
antiinflamatória. O ω3 é capaz de suprimir a produção de 
citocinas próinflamatórias, aumentar a ação da insulina, 
aumentar a síntese de óxido nítrico e a concentração de 
acetilcolina no cérebro e proteger os neurônios das ações 
tóxicas do TNFa. A interação das substâncias citadas com o 
ω3 sugere que o EPA e o DHA sejam substratos promissores 
no manejo da SAC induzida por citocina. O EPA inibe a ação 
do PIF (Fator Indutor de Proteólise), que tem ação 
aumentada no catabolismo protéico da caquexia. 
Eicosanóides derivados do EPA e DHA têm mostrado 
também uma ação inibitória direta sobre a lipólise induzida 
pelo tumor. O mecanismo de reversão da caquexia pelo EPA 
envolve a supressão das citocinas inflamatórias TNFα, IL-1 e 
IL-6.. 
Glutamina e Arginina - Os aminoácidos Glutamina (GLN) e 
Arginina (ARG) são classificados como aminoácidos 
condicionalmente essenciais, pois podem ser necessários 
em maiores quantidades em pacientes sofrendo de um 
insulto catabólico, como trauma, infecções graves e câncer. 
Fórmulas suplementadas com GLN têm resultado em uma 
maior preservação do músculo esquelético, devido aumento 
da síntese protéica e diminuição da proteólise muscular. 
Além disso, a GLN melhora o balanço nitrogenado em 
pacientes graves, aumenta a função das células imunes não 
aumentando a produção de citocinas préinflamatórias. É, 
ainda, precursor da glutationa, um importante antioxidante 
intracelular. Segundo Abcouwer & Souba (2003)107, a 
suplementação de GLN pode auxiliar a aliviar a depleção 
muscular, diminuindo o catabolismo protéico associado à 
caquexia cancerosa. O aumento da tolerância à RT e QT é 
verificado com a sua suplementação, devido à proteção 
contra lesão intestinal e toxicidade do tratamento, já que 
esse aminoácido é fonte energética para células do intestino 
delgado e linfócitos, sendo importante para a proliferação 
dessas células e manutenção desses tecidos, prevenindo a 
atrofia intestinal, mantendo os níveis de secreção pelo 
intestino da IgA secretória, mantendo a imunidade da 
mucosa intestinal e melhorando a imunidade celular (células 
T), causando, assim, um estímulo da função imunológica 
geral do organismo108,109. Portanto, evidências sugerem 
que a suplementação de dietas de pacientes cancerosos com 
GLN pode ser benéfica, sem a ocorrência de aumento da 
proliferação de tumores. 
A arginina (ARG), outro aminoácido condicionalmente 
essencial em estados catabólicos, está envolvida na síntese 
de proteína, biossíntese de aminoácidos e seus derivados e 
maior retenção de nitrogênio. Tem associação com o 
aumento da ativação de linfócitos T em pacientes com 
câncer, estimulando tanto a proliferação quanto a função 
dos linfócitos T. Por ser um aminoácido precursor do óxido 
nítrico, serve como molécula efetora na citotoxidade sobre 
células tumorais, promovendo um crescimento mais lento 
dos tumores64,109. Esse óxido atua na vasodilatação, na 
síntese protéica dos hepatócitos, no transporte de elétrons 
da mitocôndria dos hepatócitos e na resposta 
imunológica110. Segundo Méier et al (2004)106, ratos 
alimentados com ARG mostraram redução da tumorigênese 
e disseminação do câncer. Os altos níveis de óxido nítrico 
gerados pela ARG resultaram em apoptose e inibição do 
crescimento tumoral em tumores pancreáticos in vivo e in 
vitro. Em animais com um tumor sólido recebendo 
suplementação com 4 a 6% de ARG, a taxa de metástases foi 
mais baixa e a anemia menos grave do que àqueles sem ARG 
em sua alimentação. Méier et al (2004)106 destacaram, 
ainda, que a ARG sozinha não tem efeito benéfico, mas, 
quando fornecida junto com uma mistura balanceada de 
aminoácidos, o equilíbrio protéico líquido melhora. Esses 
resultados sugerem que a ARG deva ser componente de uma 
mistura de aminoácidos utilizada para estimular a síntese de 
proteína muscular. Isso foi verificado, em um teste clínico 
controlado, randomizado, com 32 pacientes com câncer 
sólido avançado que tinham perdido ao menos 5% do peso 
corporal, em que receberam uma mistura de aminoácidos 
essenciais (L-ARG, L-GLN e o metabólito beta-hidroxi-
betametilbutirato - o HMB) e ganharam peso quando 
comparados com os pacientes-controle que perderam peso. 
Nucleotídeos - Representados pelas purinas e pirimidinas. 
São os precursores do Ácido Desoxirribonucléico (DNA) e 
Ácido Ribonucléico (RNA). Não há estudos clínicos 
disponíveis usando nucleotídeos como imunomoduladores 
isolados em pacientes com câncer. Portanto, a 
imunonutrição, em combinação com a ARG, ω3 e os 
nucleotídeos, tem sido testada. A evidência mais significante 
atribuída aos nucleotídeos é a redução de complicações pós-
operatórias, de cirurgias eletivas, em pacientes desnutridos, 
portadores de câncer, face à suplementação pré-operatória. 
Farmacológico – estimulantes do apetite 
O melhor tratamento da caquexia seria o tratamento da 
sua doença subjacente, neste caso do câncer. Porém, a 
escolha de bons agentes antineoplásicos que não agravem 
ou desenvolvam caquexia é crucial. Em paralelo, o 
tratamento da caquexia oncológica deve incorporar o 
aumento da ingestão nutricional equilibrada, fármacos que 
aumentem a massa-muscular e outros que reduzam a 
resposta inflamatória no doente (Couch et al., 2007). Deste 
modo, para além de uma boa alimentação, existe uma 
variedade de tratamentos farmacológicos, como 
andrógenos, moduladoresdos recetores de andrógenos, 
fármacos inibidores de miostatina, hormonas de 
crescimento semelhantes à insulina, agentes orexígenos 
como antagonistas da melanocortina, grelina, anti-
inflamatórios, fármacos anti-citocinas e anti-serotonina. 
 
O FDA (Food and Drug Administration), dos Estados Unidos 
da América, aprovou fármacos para o tratamento da 
caquexia associada ao câncer. Os estimulantes de apetite 
mais estudados atualmente são o Acetato de Megestrol e os 
Corticosteróides, além do Dronabinol e a Melatonina. 
Acetato de Megestrol (AM) - É um derivado sintético do 
hormônio progesterona. Sua administração oral é 
freqüentemente utilizada no tratamento de tumores 
avançados, tumores responsivos à hormonioterapia e no 
tratamento de pacientes portadores de SAC. Esquemas 
posológicos de 160mg/dia (40mg, 4 vezes/ dia) a 
1600mg/dia têm sido relacionados ao aumento do apetite, 
maior captação de calorias, ganho de peso corporal e 
sensação de bem-estar. Tais respostas foram obtidas com 
doses de 800mg/dia, notando-se que não se obteve 
aumento da resposta acima desse limite posológico, embora 
a recomendação, muitas vezes, ultrapasse essa média . O AM 
pode induzir o apetite via estimulação do NPY, por meio de 
modulação do canal de cálcio presente em células do núcleo 
ventro-medial (VMH) do hipotálamo, um conhecido centro 
da saciedade. Outra forma de atuação é a inibição da 
atividade de citocinas pró-inflamatórias IL-1, IL-6 e TNFα. 
Níveis séricos diminuídos dessas citocinas foram verificados 
em pacientes com câncer após tratamento com AM. O ganho 
de peso corresponde em maior parte ao aumento do tecido 
adiposo. De modo geral, aproximadamente 5% dos 
pacientes que utilizam AM apresentam diarréia, flatulência, 
náuseas, vômitos, impotência, diminuição da libido, 
exantema e hipertensão arterial. Pode levar, ainda, ao 
desenvolvimento de reações comuns ao uso de prostágenos, 
que induzem constipação, dispepsia, xerostomia, aumento 
de salivação e candidíase oral, incontinência urinária, 
infecção do trato urinário, cardiomiopatia, palpitação, 
edema, edema periférico, insuficiência cardíaca congestiva, 
dispnéia, insônia, depressão, neuropatias, desordens 
pulmonares e leucopenia. Apesar dos efeitos adversos 
citados não serem freqüentes, AM e outras drogas 
prostágenas devem ser empregadas de forma cautelosa. 
Os progestogéneos têm sido utilizados no tratamento da 
caquexia oncológica e pensa-se que apesar do seu 
mecanismo de ação ainda não estar totalmente clarificado, 
este possa envolver a estimulação do NPY no hipotálamo do 
doente (Doyle et al., 2005). Um derivado da progesterona 
utilizado no tratamento da caquexia oncológica é o acetato 
de megestrol. Este, apresenta-se como o fármaco mais 
utilizado no tratamento da caquexia oncológica, pois 
melhora o apetite e aumenta o ganho de peso. No entanto, 
não tem demonstrado resultados em relação ao aumento da 
massa magra. O tratamento com este progestogéneo é 
aconselhado depois da utilização de nutrição parentérica. 
Porém, o megestrol tem alguns efeitos colaterais como 
perda de libido, dores de cabeça, trombocitopenia, e 
supressão adrenal (Couch et al., 2007). Assim, é 
extremamente importante o cuidado de Progestogéneos em 
doentes com cancro hormono-dependentes, pois pode levar 
a tromboses profundas, manchas vaginais e disfunção 
sexual. O ganho de peso induzido por Progestogéneos 
resulta da retenção de água, não tendo efeito sobre a massa 
muscular esquelética (Laviano et al., 2005). Pode ainda 
associar-se ibuprofeno, para reduzir a inflamação, 
juntamente com o megestrol, de modo a reduzir as 
alterações metabólicas existentes na caquexia. Esta 
associação tem demonstrado melhorias em doentes com 
cancro gastrointestinal comparativamente ao tratamento 
apenas com megestrol (Fearon, 2008). Outro derivado da 
progesterona é o Medroxiprogesterona, também usado com 
primeira linha no tratamento da caquexia oncológica, tendo 
os mesmos efeitos que o acetato de megestrol. Pensa-se que 
esta progesterona possa inibir algumas citocinas como a IL-
1, IL-6 E TNF-α. 
Corticosteróides (Glicocorticóides) - Têm sido utilizados 
como paliativo nos sintomas associados ao câncer. 
Melhoram, em curto prazo, o apetite, a ingestão alimentar, 
a performance e a qualidade de vida, mas não asseguram o 
ganho de peso. O tratamento prolongado pode levar à 
fraqueza, delírios, osteoporose e imunossupressão, 
comumente presente em pacientes com câncer avançado. 
Dexametasona. 
Dronabinol - É um derivado sintético da maconha na forma 
oral de tetrahidrocannabinol (THC). Tem sido utilizado 
como antiemético no tratamento quimioterápico. Muitos 
estudos associam a utilização de THC em pacientes com 
câncer com a melhora do humor e apetite, além de melhora 
do peso corpóreo. Os efeitos adversos mais comuns são 
euforia, confusão mental e sonolência. Seu mecanismo de 
ação ainda não está totalmente claro, postula-se que tem 
ação nos receptores de endorfina, inibindo a síntese de 
prostaglandinas ou a secreção de IL-1. 
Melatonina - Hormônio da glândula pineal capaz de reduzir 
os níveis circulantes de TNFα em pacientes com câncer 
avançado. 
Indicações Talidomida = Mieloma múltiplo, mielofibrose, 
síndrome mielodisplasia 
• Homens, mulheres pós menopausa, jovens que 
apresentam BhcG mensalmente e uso de 2 
métodos contraceptivos 
 
 
 
 
 
Tratamento multimodal 
A caquexia abrange uma variedade de alterações 
metabólicas e hormonais, e o seu tratamento deve passar 
por uma abordagem a nível nutricional, farmacológico e 
tratamento dos sintomas que, eventualmente, estejam 
agravados pela perda de peso, tais como a dor crónica, a 
fadiga, a depressão e as alterações gastrointestinais. Neste 
sentido, deve ser implementada uma terapia multimodal, de 
forma gradual. 
A perda de peso passa por uma redução da ingestão de 
alimentos e alterações metabólicas, logo é importante testar 
uma combinação de associações farmacológicas e não 
farmacológicas no seu tratamento. Na figura 11, e no caso 
especifico do câncer pancreático, apresenta-se um exemplo 
de terapia multimodal adaptada ao doente caquético. 
Verifica-se então que, em primeiro lugar, se deve recorrer a 
um suporte nutricional oral e aconselhamento dietético. 
Posteriormente, pode-se recorrer a um suporte nutricional 
parentérico acompanhado com suplementos alimentares, e 
só, como último recurso, é que se deve recorrer ao suporte 
nutricional parentérico total e ao tratamento 
farmacológico, respetivamente. Em paralelo outras devem 
ser as terapias de suporte, nomeadamente a implementação 
de exercício físico, o aconselhamento dietético, o controlo 
da dor e o apoio psicológico. 
ELUCIDAR A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADOS 
PALIATIVOS PARA OS PACIENTES COM 
NEOPLASIA 
De acordo com a WHO (2020) os cuidados paliativos se 
destacam como uma necessidade primordial a ser 
incorporada no atendimento abrangente do câncer e devem 
ser integrados aos cuidados de saúde em todos os níveis 
assistenciais. Cuidados paliativos enfatizam o cuidar global 
do paciente diante de uma doença que ameace a 
continuidade da vida, visando, principalmente, fornecer 
alívio dos sintomas e melhor qualidade de vida ao indivíduo 
e ao seu núcleo de cuidados (WHO, 2002). Estima-se que 
anualmente mais de 20 milhões de pessoas em todo o 
mundo requeiram este tipo de cuidados em seu último ano 
de vida, em sua maioria (69%) indivíduos maiores de 60 
anos. O câncer representa a segunda maior causa dessa 
demanda totalizando aproximadamente 6,5 milhões 
pessoas.

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