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A IC é uma desordem que impede a perfusão correta dos tecidos pela dificuldade de enchimento ventricular ou pela diminuição da ejeção sanguínea. No início dela são ativados mecanismos compensatórios que vão tentar controlar essa disfunção, como a ativação de mecanismos neuro-hormonais e o remodelamento ventricular (princípio de Frank- Starling). FISIOPATOLOGIA O aumento do trabalho mecânico do coração leva a hipertrofia das células, que vai aumentar o tamanho e peso do coração. Quando estão hipertrofiados há maior número de mitocôndrias e maior síntese proteica, que possibilita a organização de sarcômeros. Eles apresentam núcleos aumentados pela ploidia do DNA e diminuição da divisão celular. Na hipertrofia por sobrecarga de pressão (concêntrica) os sarcômeros ficam organizados em paralelo com as fibras e isso causa um aumento transversal dos miócitos e aumento concêntrico na parede. Já na hipertrofia por sobrecarga de volume (excêntrica) novos sarcômeros são colocados em série com os existentes levando a uma dilatação ventricular. A espessura da parede pode estar aumentada, diminuída ou normal. Miócitos normais x miócitos hipertrofiados Ocorrem alterações importantes na hipertrofia ventricular celulares e teciduais. Quando o coração está aumentado há maior demanda metabólica de perfusão e irrigação para ele, no entanto, não há aumento de capilares para compensar a hipertrofia, além de fibrose intersticial. Sendo assim, pacientes com coração hipertrofiado tem mais chances de isquemia, que pode levar a IC e, consequentemente, a morte. Alterações celulares e moleculares que podem favorecer o desenvolvimento da ICC são: Metabolismo anormal do miocárdio; Alterações na utilização intracelular do cálcio; Apoptose de miócitos; Reprogramação da expressão gênica, que pode ocorrer através de pequenos RNAs não codificantes que inibem a expressão gênica (miRNAs). Insuficiência anterógrada: DC e perfusão tecidual diminuídos. Insuficiência retrógrada: represamento de sangue no sistema venoso (causa edema pulmonar, periférico ou ambos). Insuficiência cardíaca esquerda Há acúmulo de sangue (congestão passiva) na circulação pulmonar, estase de sangue nas câmaras e perfusão inadequada dos tecidos. Os sintomas iniciais são tosse e dispneia aos esforços, que podem evoluir para ortopneia e dispneia paroxística noturna. A dispneia de repouso pode vir a seguir. A fibrilação atrial também pode ocorrer. Há diminuição da fração de ejeção que diminui a perfusão renal, que faz com que o SRAA seja ativado para compensar a "hipotensão", isso faz com que a pessoa retenha água e sódio. Se a hipoperfusão continuar pode acabar gerando azotemia (dificuldade de excreção de produtos nitrogenados). Pode haver consequências a nível cerebral, na ICC muito avançada. ICC esquerda sistólica: FE insuficiente, causada pela disfunção contrátil do VE; ICC esquerda diastólica: há uma incapacidade de relaxamento do VE, impedindo que ele aumente o DC. Devido a isso qualquer aumento na pressão faz com que haja edema de pulmão rápido. Morfologicamente Coração: as alterações dependem do estado da doença, mas há hipertrofia e dilatação maciça do ventrículo, miócitos hipertrofiados e fibrose intersticial de grau variado. Pode haver dilatação secundária do AE e estase de sangue no apêndice atrial; Pulmão: há congestão e edema que deixam os pulmões pesados e úmidos. As alterações são: edema perivascular e intersticial nos septos interlobulares, alargamento edematoso progressivo dos septos alveolares e acúmulo de líquido de edema nos espaços alveolares. Proteínas e hemácias podem ser fagocitadas pelos macrófagos que armazenam hemossiderina (indicativo de edema pulmonar). Há surgimento de derrame pleural pela pressão elevada dos capilares e transudação de líquido na cavidade. Congestão passiva pulmonar: há expansão dos alvéolos e material escuro dentro deles, com septos interalveolares espessados com mais células e colágeno que o normal. As hemácias extravasam e há fagocitose pelos macrófagos dando origem a hemossiderina (pigmento rico em ferro). Pulmão normal Insuficiência cardíaca direita Geralmente causada secundariamente à esquerda. Pode ser causada por disfunções pulmonares. Os sintomas renais e cerebrais são mais acentuados na ICC direita e há maior edema periférico, azotemia e retenção de líquido. A congestão venosa e hipóxia podem gerar déficits mentais. Morfologicamente Coração: a maioria dos casos exibe hipertrofia e dilatação atrioventricular direta; Fígado e sistema porta: a congestão do sistema porta leva a uma congestão passiva nas veias centrais causando hepatomegalia congestiva. As zonas ficam vermelho-acastanhadas com regiões periportais pálidas e coloração normal, o fígado em noz- moscada. A hipoperfusão também pode estar presente e a hipóxia centrolobular gera necrose. Quando a ICC é grave de longa duração algumas áreas tornam-se fibroticas e causam cirrose cardíca, além de que pode haver esplenomegalia congestiva; Espaços pleural, pericárdico e peritoneal: há acúmulo de líquido nesses espaços, que gera ascite e derrames; Tecidos subcutâneos: edema periférico inferior (pedioso e pré-tibial). Pode ocorre anasarca. Característica do fígado em noz moscada: A pressão aumenta na cava e nas veias supra-hepáticas e centrolobulares, juntamente com dilatação delas e dos sinusoides da poção central. Então, há atrofia e desaparecimento dos hepatócitos como consequência da hipóxia, pela pouca perfusão de oxigênio. O fígado em noz moscada é a 2ª fase da congestão passiva que contém estase de lóbulos vizinhos. Na 1ª fase a estase se concentra no centro e a 3ª fase é a cirrose cardíaca. Sintomatologia Tosse; Dispneia aos esforços; Cansaço aos esforços e fadiga; Ortopneia; Trepopneia (dispneia em decúbito lateral); Bendopneia (dispneia ao inclinar o corpo); Exames de imagem A radiografia é um exame simples, de baixo custo e muito disponível, em que o principal achado é a cardiomegalia. Pacientes com IC apresentam índice cardiotorácico aumentado, linhas B de Kerley (dilatação dos septos interlobulares decorrente de edema pulmonar), diversão cranial de fluxo, derrame pleural (derrames pequenos podem ser avaliados pela incidência de Laurell), infiltrado pulmonar (principalmente o de asa de borboleta, que traduz edema alveolar extenso) e aumento nos vasos proximais da circulação pulmonar. O RX pode sugerir qual câmara cardíaca está aumentada, se o AD estiver aumentado há um aumento da margem direita; se o VE estiver há uma infiltração do ápice cardíaco na cavidade abdominal e aumento do contorno esquerdo, já se o VD estiver aumentado há uma elevação do ápice cardíaco e uma obliteração do espaço retroesternal, se o AE estiver aumento há um deslocamento cranial do brônquio principal esquerda com deslocamento de aorta descendente. Dispneia paroxística noturna; Edema nas extremidades; Aumento de peso; Dor abdominal; Alteração do nível de consciência. A tomografia apresenta as mesmas alterações que o RX de tórax, porém com mais clareza e detalhes. É um bom método de exame para avaliar se há presença de derrame pericárdico. Os achados da USG de abdome são indicativos de congestão passiva hepática (hepatomegalia congestiva), há dilatação das veias hepáticas e alterações na vesícula biliar. Também possibilita a percepção de derrame pleural.
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