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SOP Aluna: Maria Gabriela Batista Reconhecer os aspectos fisiopatológicos da SOP e a sua relação com a infertilidade de mulheres. ● A sua fisiopatologia envolve o descontrole na esteroidogênese ovariana por um defeito intrínseco nas células da teca, redução da sensibilidade à insulina (atribuída a um defeito pós-receptor nas vias de sinalização da insulina), excesso de estresse oxidativo, além dos fatores genéticos e ambientais. A hiperplasia das células da teca secreta altas concentrações de androgênios na ausência de fatores tróficos, os quais também afetam as células da granulosa que sintetizam maiores concentrações de hormônio antimülleriano. Como funciona: O hiperandrogenismo é muito marcante em muitas mulheres com SOP. Esse distúrbio pode interferir no sistema reprodutor, tanto central (eixo córtico-hipotalâmico-hipofisário) como perifericamente (ovários), levando à perda da ciclicidade funcional ovariana por retroalimentação inadequada. Haveria, pois, maior produção de androgênios, o que perpetuaria a anovulação, bem como a inadequação endometrial. No hipotálamo, os androgênios proporcionam maior produção de estrogênios pela ação da aromatase, que tem grande interferência local, tanto nos neurônios produtores de kisspeptina como nos de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) do núcleo arqueado. Essa ação poderia, em parte, explicar a anovulação crônica devida à mudança no padrão cíclico normal do GnRH. Além disso, a diminuição da atividade opióide e o aumento da noradrenalina também contribuem para a inadequação da produção daquele hormônio. O resultado final seria o incremento da frequência e da amplitude de pulsos de GnRH, que determina maior produção e liberação de LH pela hipófise. A relativa diminuição do hormônio folículo-estimulante circulante (FSH) em algumas mulheres com SOP advém do aumento dos níveis de inibina B, produzida nos pequenos folículos, e pelos altos índices de estrona, consequentes à maior produção de androstenediona. As alterações gonadotróficas causam a interrupção do crescimento folicular e o aparecimento de alterações histomorfológicas, como micropolicistose e hipertrofia do estroma ovariano, que constitui grande fonte de androgênios (microambiente). Essas modificações têm grande impacto no eixo hipotalâmico-hipofisário nas mulheres com SOP, levando a um círculo vicioso. Além disso, a produção abundante de androgênios é responsável pelo hiperandrogenismo cutâneo. Outra hipótese: As mulheres com SOP teriam estruturalmente maior população folicular do que apenas uma disfunção hormonal. Esse fato poderia propiciar maior produção de esteroides sexuais, consequentemente de androgênios, que interfere na retroalimentação do eixo hipotalâmicohipofisário-ovariano. Além disso, há também maior concentração do hormônio mülleriano nessas mulheres. Sabe-se que a insulina desempenha importante papel na fisiopatologia da SOP. O mecanismo da resistência à insulina na síndrome parece estar relacionado com defeito pós-receptor de insulina, envolvendo deficiência do substrato 1 da tirosina. O resultado desse processo seria maior fosforilação nos resíduos de serina do receptor de insulina ou de proteínas dessa via de sinalização, bem como a queda do número de proteínas GLUT-4 na superfície da membrana plasmática, dificultando o ingresso de glicose para o meio intracelular. Concomitantemente, há maior hiperinsulinismo compensatório, como resposta do pâncreas a essa situação, o que pode predispor à intolerância à glicose ou até ao diabetes melito. A insulina tem ação sinérgica ao LH nas células da teca interna e do estroma ovariano, bem como determina aumento da produção de androgênios. Nas mulheres com resistência insulínica por defeito pós-receptor, ocorre fosforilação da serina, que aumenta ainda mais a síntese androgênica. A hiperinsulinemia, em nível hepático, causa ainda redução dos níveis da globulina carreadora de esteroides sexuais (SHBG), permitindo que maior fração de androgênios circule em sua forma ativa, produzindo os efeitos arrenomiméticos. Além dessa globulina, há queda da síntese de outras proteínas carreadores de fatores de crescimento, favorecendo maior ação nos tecidos periféricos, como o endométrio, o que pode dificultar a implantação embrionária e também aumentar o risco do surgimento de lesões precursoras do câncer endometrial. Na verdade, a paciente estaria mais predisposta também a outros tipos de câncer, como o mamário, de pâncreas, hepático, entre outros Além disso, esse estado favorece a disfunção endotelial e o maior risco de doença cardiovascular, obesidade, apneia do sono e doença hepática gordurosa não alcoólica. 2. identificar a apresentação clínica da SOP; A hiperandrogenemia ou o hiperandrogenismo cutâneo podem ser vistos em muitas mulheres com SOP, mas há outras entidades que também podem ter quadro clínico semelhante A suspeita da SOP é feita quando houver queixas de pelos excessivos pelo corpo, associados à irregularidade menstrual, em geral, ciclos alongados ou períodos de amenorreia. Na adolescência, a imaturidade de eixo hipotalâmico-hipofisárioovariano também pode determinar disfunção menstrual, entretanto com ciclos mais curtos do que a que ocorre na SOP. Todavia, isso não é regra em todos os casos, o que sugere acompanhamento para fechar o diagnóstico. O antecedente de pubarca precoce excessiva pode ser um indicativo de que adolescente tenha predisposição à SOP. 3. estabelecer, de forma adequada, o diagnóstico da SOP, indicando, quando necessário, exames complementares; O diagnóstico da SOP é eminentemente de exclusão. Nem sempre é fácil, devido à grande heterogeneidade da síndrome, principalmente durante a adolescência. Em geral, o diferencial deve ser feito com a imaturidade do eixo hipotálamo-hipofisário-ovariano, que seria um processo fisiológico e transitório de anovulação nessa fase da vida. O diagnóstico só será firmado após a exclusão destas afecções: disfunção da tireoide, hiperprolactinemia, tumor ovariano ou da suprarrenal, defeitos de síntese da suprarrenal, síndrome de Cushing e uso de substâncias androgênicas (anabolizantes). O exame físico pode auxiliar no diagnóstico, portanto devemos procurar sinais clínicos de hiperandrogenismo, como acne e hirsutismo. A simples presença de hipertricose não significa aumento da ação dos androgênios, pois são pelos do tipo lanugem que aparecem em geral no ombro e na fronte. A hipertricose pode ser causada por uso de fármacos, como glicocorticoides, ciclosporinas, progestagênios ou valpronatos, minoxidil, ou estar presente em algumas doenças, como hipotireoidismo, anorexia nervosa, porfiria e dermatomiosite. O exame de ultrassom pélvico das mulheres com SOP pode mostrar imagens de ovários com volume aumentado, em geral, acima de 10 mL com mais 12 microcistos, de até 9 mm de diâmetro, na periferia do ovário. Há vários estudos atuais que propõem um número maior de microcistos para fazer o diagnóstico, mas atualmente o critério mais aceito ainda é o do Consenso de Rotterdam. Contudo, a característica mais marcante é a hiperecogenicidade central que reflete a hiperplasia estromal, porém a reprodutibilidade desse achado é baixa e a variação inter e intra-observadores é elevada. O mais utilizado atualmente é o Consenso de Rotterdam para o diagnóstico de SOP. Para o diagnóstico de SOP na adolescência, deve-se ter os três critérios de diagnóstico: hiperandrogenismo clínico ou laboratorial, disfunção ovulatória e imagens de ovários policísticos ao ultrassom pélvico. Além disso, esse critério cria quatro fenótipos de mulheres com SOP: A – clássico ou completo, que é muito semelhante ao quadro clínico descrito por Stein e Leventhal com as três características; B – anovulação com hiperandrogenismo sem as imagens de ovários policísticos; C – hiperandrogenismo com imagens de ovários policísticos, mas a paciente tem ciclo regular (ovulatório); D – a paciente não tem hiperandrogenismo. Os fenótipos mais comuns são o A e o B, correspondendo a quase 80% das mulheres com SOP. Assim, o diagnósticofinal é baseado nos critérios de Rotterdam afastando as afecções com quadro clínico semelhante
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