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DESCRIÇÃO A conceituação de saúde e qualidade de vida e suas relações com estilos de vida ativos, aptidão física, bem-estar e envelhecimento saudável. PROPÓSITO Compreender os conceitos de saúde e qualidade de vida, a fim de estabelecer relações entre estilos de vida ativos, aptidão física e bem-estar ao longo de toda a vida. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a evolução teórica das noções de saúde e qualidade de vida MÓDULO 2 Reconhecer os conceitos de atividade física, exercício físico, aptidão física (fitness) e bem- estar (wellness) MÓDULO 3 Identificar as relações entre estilos ativos de vida, aptidão física e bem-estar para um envelhecimento saudável INTRODUÇÃO As intervenções para promover saúde extrapolam estratégias com a finalidade de melhorar índices de morbimortalidade. A noção de saúde tornou-se uma espécie de “super categoria” do sentido que damos à vida. Com isso, muitos autores consideram que o conceito de saúde assume o estatuto de valor transcultural (FARINATTI; FERREIRA, 2006). Existem muitas definições de saúde, frutos da diversidade de representações e do entendimento desse conceito. Algumas têm o mérito de realçar seus aspectos positivos, prospectivos, coletivos, psíquicos ou sociais. Também há aquelas que enfatizam os aspectos curativos e negativos. Independentemente da natureza, nascem da necessidade de agrupar campos de conhecimento distintos em torno de um referencial teórico comum, levando a debates que estão longe de acabar. As relações entre saúde e Educação Física são históricas, fazendo-se presentes nos seus discursos profissional e científico. Não é novidade que a prática regular de atividades físicas é defendida como fator importante na prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida. Essa relação, apesar de praticamente consensual, revela-se de confirmação difícil. Esquece-se de que a associação que se faz em um sentido também é passível de aplicação no outro – afinal, quem faz mais exercício tem menos doenças (ou tem mais saúde) ou quem tem menos doenças faz mais exercício? Como fazer uma ponte entre conceitos amplos e dependentes de interpretação pessoal, como são aqueles de saúde e qualidade de vida, com a prática profissional e dados científicos? A discussão sobre abordagens relacionadas à saúde e à atividade física por toda a vida revela- se fundamental para a formação profissional. Por exemplo, motivação, estratégias e avaliação de programas de exercícios para idosos deveriam ser diferentes das adotadas para indivíduos jovens; rotinas para pessoas saudáveis são distintas daquelas elaboradas para pacientes em condições patológicas. Assim, a partir da definição de conceitos acerca das noções de “saúde” e “promoção da saúde”, estabelecem-se relações com a “qualidade de vida” e discute-se o papel das atividades físicas como um hábito para promover um envelhecimento saudável. MÓDULO 1 Descrever a evolução teórica das noções de saúde e qualidade de vida DA PRÉ-HISTÓRIA AO ILUMINISMO: ÊNFASE NO INDIVÍDUO Todas as culturas criam suas próprias teorias sobre a saúde, a doença e a morte. Ainda que possam variar, elas podem ser agrupadas, geralmente, em duas categorias: 1 Focalizam os fatores comportamentais. 2 Focalizam os fatores ambientais. javascript:void(0) javascript:void(0) As culturas pré-históricas, por exemplo, tendiam a atribuir a desígnios divinos o que não podiam explicar. Assim, quando procuravam interpretar seu meio ambiente e a si mesmos, os povos apelavam para a superstição, a partir dos fenômenos da natureza. Assim, doença e saúde eram noções apreendidas em um contexto mágico-religioso, sendo associadas a forças sobrenaturais. Nos povos que começavam a dominar a escrita, constata-se uma evolução que vai além do estágio puramente mágico-religioso. Sociedades da era pré-cristã, como os egípcios, hebreus e gregos, pensavam já em termos de saúde física: a condição física determinava os níveis de saúde; apesar da importância do elemento religioso, aceitava-se que as enfermidades teriam uma relação com os hábitos de higiene pessoais. TRADIÇÃO HIPOCRÁTICA As raízes da ciência médica ocidental começam a ser fundadas na tradição hipocrática, um sistema de pensamento e prática médica desenvolvido por volta do ano 400 a.C. De acordo com esse sistema, bem-estar e enfermidade resultavam do equilíbrio entre fatores ambientais – vento, temperatura, água, solo – e o modo de vida (nutrição, trabalho etc.). O equilíbrio externo entre o indivíduo e seu ambiente era considerado como indicador do equilíbrio interno, mais especificamente entre os humores corporais cardinais (sangue, flegma, bile etc.). A prática clínica buscava ajudar as forças curadoras da natureza. Os cuidados públicos de saúde eram ligados à previsão e ao controle dos problemas comunitários, por meio da compreensão do ecossistema humano. HIPÓCRATES A influência de Hipócrates foi um dos marcos que levou a doença a perder, pouco a pouco, seu caráter eminentemente mágico (Figura 1). Fonte: Everett Collection / Shutterstock Figura 1. Hipócrates. A partir da doutrina humoral, o conceito de saúde passava a ser introduzido como um estado de equilíbrio – a enfermidade era considerada como um desequilíbrio dos humores, enquanto a saúde decorria de sua proporção exata. OS ELEMENTOS PRINCIPAIS DO PENSAMENTO HIPOCRÁTICO – A SAÚDE COMO FRUTO DE EQUILÍBRIO INTERNO E A IMPORTÂNCIA DOS FATORES HUMANOS E AMBIENTAIS PARA ISSO – CONSTITUEM O EMBRIÃO DE CONCEPÇÕES, ENCONTRADAS TANTO NA DOUTRINA ETIOLÓGICA QUANTO NA NOÇÃO DE SAÚDE BIOPSICOSSOCIAL. GALENO Galeno (Figura 2) retomou as ideias de Hipócrates algumas centenas de anos depois, no Império Romano. Continuava-se a aceitar que saúde e doença dependeriam dos humores corporais e de suas oscilações, de acordo com condições que considerava externas (clima, idade etc.). Para Galeno, porém, o equilíbrio perfeito dos humores não poderia ser alcançado – logo, a saúde perfeita era inatingível. Haveria ainda uma espécie de predisposição dos indivíduos às doenças, em função de sua constituição ou de seu temperamento. As referências galênicas a uma ordem regular levariam, naturalmente, à introdução das noções de saúde normal e anormal, e isso permanece até os dias atuais. Fonte: Thomas Wyness / Shutterstock Figura 2. Galeno. ILUMINISMO O século XVII marcou o início do período iluminista. O desenvolvimento intelectual e científico dava ênfase à mensuração dos fenômenos da natureza, à análise química e matemática. Procurava-se descrever as leis fundamentais que regiam o universo físico com uma abordagem mais racionalista para os problemas religiosos, econômicos e sociais. Tal ambiente foi propício ao desenvolvimento das ciências e das artes, com impacto em todas as áreas de conhecimento. Fonte: Morphart / Shutterstock Figura 3. René Descartes. A forma pela qual saúde e doença eram encaradas não constituiu exceção. Esse período veria surgir uma visão de mundo que modificaria o pensamento científico, delineando as bases da ciência e da tecnologia modernas: o paradigma cartesiano. Esse sistema de pensamento – descrito por René Descartes – rompia com a escolástica medieval para inaugurar uma filosofia que colocava em relevo a liberdade de um homem capaz de dominar a natureza (Figura 3). O corpo humano passava a ser considerado como uma máquina que funcionaria segundo leis matemáticas. Para descrevê-las, lançava-se mão do método analítico, dissecando as partes desse conjunto. ATENÇÃO Nota-se que, em todas essas proposições, os conceitos de “saúde” e “doença” revelam-se, eminentemente, relacionados ao indivíduo; mesmo quando as condições ambientais são consideradas, isso é feito em função do comportamento individual. As concepções de saúde até aqui discutidas dotam-se, portanto, de uma base comportamental. A VISÃO EPIDEMIOLÓGICA: ÊNFASE NO MEIO AMBIENTE O rico ambiente científico do século XVII levaria a uma modificação da posturamédica e do entendimento das relações entre saúde e doença. Dois fatores foram cruciais para o desenvolvimento do que se poderia considerar como uma visão epidemiológica da saúde: 1 A afirmação dos métodos quantitativos, com a introdução de novos instrumentos de medida, descrição das funções orgânicas e, principalmente, utilização de estratégias estatísticas para comparar observações clínicas nas populações. 2 A observação em grande escala das influências ambientais sobre os indivíduos, contribuindo com a afirmação de um pensamento sanitário de promoção da saúde. O MÉTODO QUANTITATIVO E A VISÃO SANITARISTA A quantificação e instrumentalização marcaram os avanços da Medicina no período iluminista. Paralelamente à ênfase descritiva das funções vitais, multiplicavam-se as iniciativas para determinar a etiologia das manifestações patológicas e o estado de saúde geral das populações. Thomas Sydenham foi um dos primeiros a aplicar conceitos de caráter epidemiológico a problemas clínicos (Figura 4). Fonte: London School of Hygiene & Tropical Medicine Figura 4. Thomas Sydenham. Por meio da observação e descrição meticulosas, procurava definir o que chamava de “história natural da doença”. Essa preocupação com a observação levaria os médicos a concentrarem sua atenção no ambiente físico, bem como na observação prolongada do doente. Para tanto, seria necessário integrar as informações sobre doenças, ocupações, rendimentos, habitação e outros, a fim de se obter um perfil do estado de saúde dos povos. ESSE CONJUNTO DE PRINCÍPIOS QUE ORIENTARIA AS AÇÕES DE SAÚDE ATÉ O FIM DO SÉCULO XIX ERA DENOMINADO “VISÃO SANITARISTA”. A relação percebida entre as enfermidades e a pobreza está na base dessa linha de pensamento. Duas noções sustentavam essa ligação: “miasma” e “contágio”. Definia-se miasma como uma condição atmosférica que emanava, provavelmente, da matéria em putrefação e que estaria na origem das infecções. O princípio de contágio pretendia que as doenças eram transmitidas de pessoa a pessoa por partículas invisíveis. Ambos os princípios decorriam da aceitação da ideia de que condições sanitárias inadequadas contribuíam para a propagação das doenças, e as epidemias que atingiam a Europa reforçavam esse pensamento. No século XVIII, essa forma de pensar influenciaria os governos, que passaram a manifestar uma vontade de introduzir a saúde pública em suas prerrogativas. O primeiro a descrever amplamente as responsabilidades dos governos em relação à saúde dos povos foi Johann Peter Frank (Figura 5). ESSE MÉDICO ALEMÃO EVOCAVA A NECESSIDADE DE REFORMAS SOCIAIS, ECONÔMICAS E AMBIENTAIS PARA MELHORAR AS CONDIÇÕES DE SAÚDE. SUAS OPINIÕES ENFATIZAVAM, ESPECIALMENTE, O APROVISIONAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL E VÍVERES NÃO CONTAMINADOS, A LIMPEZA DOS ESPAÇOS PÚBLICOS E A EDUCAÇÃO PARA A HIGIENE PESSOAL, NUMA PERSPECTIVA PREVENTIVA. Fonte: London School of Hygiene & Tropical Medicine Figura 5. Johann Peter Frank. Vários países europeus foram influenciados pelas ideias de Frank. A Revolução Industrial reforçaria o interesse das classes dominantes pela saúde das populações – tratava-se de garantir graus de saúde que possibilitassem aumentar o potencial de produção, consumo e o poder militar. As ideias sanitaristas influenciaram as políticas de saúde pública até meados do século XIX. Os conceitos de melhoria sanitária, aritmética política e de quantificação dos fenômenos ligados à saúde e à doença tiveram notável impacto sobre o entendimento da saúde e de seus determinantes ambientais. O PARADIGMA BIOMÉDICO: UM EFEITO, UMA CAUSA A construção de uma perspectiva sanitarista de saúde levou a uma colaboração crescente entre Estado e Medicina. O apoio à quantificação das doenças e a instituição de mecanismos de controle médico foram consequências diretas dessa colaboração. Os progressos no campo da saúde pública desenvolviam-se rapidamente, mas foi no século XIX que a Medicina pôde oferecer, diante da vontade difusa dos governos em melhorar a saúde das populações, uma esperança de realização a curto prazo. Essa real possibilidade de intervenção, sem grandes reformas estruturais das sociedades, adviria do que se costuma chamar de “revolução bacteriológica” (FARINATTI; FERREIRA, 2006). A existência de microrganismos havia muito era intuída. No entanto, a primeira descrição documentada é creditada ao inventor do microscópio, Anton van Leeuwenhoek. Sua descrição, porém, não os associou às enfermidades nem lhes atribuiu significado especial. A relação entre os microrganismos e as doenças, bem como a influência positiva das medidas sanitárias sobre sua incidência, seria reforçada pelos trabalhos de higienistas como John Snow e William Budd. De acordo com a visão epidemiológica, suas recomendações tocavam na necessidade de reformas que tornassem possíveis modos de vida desfavoráveis ao contágio. Apesar das limitações quanto ao conhecimento sobre o processo de transmissão das doenças, essa abordagem epidemiológica permitiu avanços no campo da saúde pública. É nesse contexto que entra em cena Louis Pasteur, cujos trabalhos forneceram novos modelos e aspirações à Medicina, consolidando o mais importante paradigma das ciências da saúde (Figura 6). Fonte: Coleção Everett Figura 6. Louis Pasteur. PASTEUR FOI O PROMOTOR DA TEORIA DO GERME E DA LEGITIMAÇÃO DA ERA BACTERIOLÓGICA. AS DESCOBERTAS NO DOMÍNIO DAS DOENÇAS INFECCIOSAS REVOLUCIONARAM AS TEORIAS QUE EXPLICAVAM AS CAUSAS DAS ENFERMIDADES E DA “BOA SAÚDE”, ECLIPSANDO O PAPEL DO COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE VIDA, EM FAVOR DA GÊNESE DAS DOENÇAS EM SI. A partir da teoria do germe e da doutrina da etiologia específica, segundo a qual para cada doença haveria uma causa identificável, a maneira pela qual as origens, a prevenção e o tratamento das doenças eram concebidos mudou profundamente. A procura de microrganismos praticamente monopolizaria os recursos materiais e intelectuais que regiam a Medicina. A abordagem sanitarista foi absorvida pela Bacteriologia. As doenças, que eram associadas às condições do meio ambiente, no qual se concentravam os esforços de observação e pesquisa, passaram a ser estudadas em laboratórios. Os métodos estatísticos adotados pelos epidemiologistas foram transferidos da realidade para os ambientes experimentais – enumeravam-se animais doentes, mortos ou curados. Não era mais necessário debruçar-se sobre as populações no local onde viviam. O laboratório tornou- se o centro do interesse médico. Fonte: Natata / Shutterstock Figura 7. Robert Koch. A doutrina da etiologia específica logo se estenderia a outros contextos: se Pasteur estabeleceu as bases experimentais e teóricas para a teoria do germe, Robert Koch consolidaria os métodos e as técnicas que universalizaram a ideia de “etiologia específica” (Figura 7). OS POSTULADOS DE KOCH SE TORNARAM O “PADRÃO-OURO” PARA AVALIAR AS CAUSAS DAS DOENÇAS. A BACTÉRIA PODERIA SER SUBSTITUÍDA POR PARASITAS, INSETOS OU QUALQUER OUTRO AGENTE, MAS O PARADIGMA PERMANECIA O MESMO: UM EFEITO, UMA CAUSA. O agente específico era a condição suficiente para o surgimento de uma enfermidade. A saúde, nesse prisma, consistia no resultado da ausência ou presença desses agentes nocivos no ambiente. O biólogo canadense Hans Selye expandiria esse conceito à noção de estresse biológico, demonstrando que a exposição a agentes estressantes poderia levar a disfunções de órgãos e sistemas. Com o tempo, esses princípios seriam utilizados para explicar um sem-número de doenças – radiação, açúcar, gorduras, barulho, estresse, álcool, tabaco ou poluição são alguns exemplos de agentes mencionados nessas situações. A aceitação de causas específicas para as doenças levou à concepção de que seria possível localizar os fenômenos patológicos em regiões reduzidas do organismo: podia-se compreender melhor o todo pela análise das partes. Logicamente, isso abria a perspectiva de reparar, treinar ou substituiros órgãos defeituosos. ATENÇÃO De acordo com esse paradigma biomédico, as enfermidades seriam o impedimento temporário ou permanente do funcionamento dos elementos ou da relação entre os elementos que compunham o indivíduo, em virtude de fatores identificáveis. Assim, reforçava-se o entendimento da saúde como ausência de doenças, já que eram colocados mais em evidência os sintomas patológicos em órgãos específicos que outros atributos da saúde física e mental. O impacto desse modelo restringiria as formas de percepção da saúde durante um século. As temáticas da aritmética política, os ideais sanitaristas e os métodos estatísticos em escala populacional, que caracterizavam o pensamento dos epidemiologistas, saíam da ordem do dia. UMA CONCEPÇÃO BIOPSICOSSOCIAL DE SAÚDE Aos poucos, as fragilidades da doutrina do agente específico foram apontadas. As noções de suscetibilidade e resistência advogavam que a manutenção da saúde exigiria um nível de resistência específica para enfrentar os agentes da doença. Isso seria determinado por alguns fatores, como o modo de vida e o ambiente, como defendiam os epidemiologistas. Em outras palavras, as doenças às quais o indivíduo sucumbia dependeriam de elementos constitutivos genéticos e adquiridos e de sua integração com o meio ambiente. À medida que se colocava em evidência a natureza multifatorial da saúde, a biomédica perdia consistência. Fonte: NicoElNino / Shutterstock NO FIM DA DÉCADA DE 1940, A DEFINIÇÃO PUBLICADA PELA RECÉM-CRIADA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) RECONHECERIA A SAÚDE COMO UM CONSTRUTO MULTIFATORIAL. Considerá-la em função da presença ou não de doenças consistia em pensamento superficial, dando relevo ao que se queria evitar (a doença), mas esquecia o que se gostaria de atingir. De fato, a divulgação da definição da OMS impulsionaria o desenvolvimento de conceitos de saúde com eixo no bem-estar de indivíduos e comunidades (FARINATTI; FERREIRA, 2006). As críticas à ênfase biomédica tornaram-se frequentes. No seu conjunto, condenava-se o simplismo da doutrina da etiologia específica e lembrava-se que a saúde e seus determinantes não poderiam ser analisados de forma puramente descritiva, sem julgamentos de valor. A saúde afirmava-se como uma noção ligada às demandas e aos objetivos individuais da vida. Diante desse tipo de crítica, o entendimento de “saúde” começou a mudar. Tornou-se cada vez mais claro que os perfis de saúde e enfermidade resultariam das condições gerais de vida. As taxas elevadas de morbidade e mortalidade dos países em desenvolvimento, em comparação com as nações industrializadas, eram explicadas prioritariamente em função dos níveis acentuados de pobreza, decorrentes das condições econômicas e políticas vigentes. A grande incidência de problemas de saúde e as doenças crônicas nas classes mais pobres e nos grupos minoritários estaria associada às suas condições de trabalho e subsistência, incitando modos de vida pouco compatíveis com a saúde. Dessa maneira, os aspectos socioculturais, político-econômicos e ecológicos mostram-se tão importantes para as decisões e os estudos sobre a saúde quanto os aspectos de ordem biológica. Esses aspectos devem ser apreciados em conjunto, interagindo para produzir as condições de saúde em determinado tempo e lugar. Diversos documentos oficiais começaram a revestir de caráter institucional essa nova forma de ver a saúde. NO BRASIL, PODE-SE MENCIONAR A CARTA BRASILEIRA DE SAÚDE, EDITADA NA VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, EM 1987. NELA, ASSUME-SE QUE A SAÚDE DEPENDE DE UM AMPLO ESPECTRO DE FATORES, COMO AS “CONDIÇÕES DE ALIMENTAÇÃO, DE EDUCAÇÃO, DE HABITAÇÃO, DE RENDA, DO MEIO AMBIENTE, DE TRABALHO, DE TRANSPORTE, DE EMPREGO, DE LAZER, DE LIBERDADE, DE ACESSO (...) À TERRA E (...) AOS SERVIÇOS DE SAÚDE. (VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1987) Outros documentos importantes poderiam ser listados, mas o ponto comum a todos é a mudança de foco para discutir as necessidades mais gerais de saúde de indivíduos e populações. Alguns argumentos justificam a afirmação de que estaria em desenvolvimento um paradigma biopsicossocial para conceituar e intervir em saúde. Essa abordagem é explicada da seguinte forma: entender os seres humanos e seu ambiente como um sistema aberto, no qual as ações, reações e interações seriam permanentes. O novo paradigma para as questões de saúde combinava o viés biomédico, psicossocial e médico-social; logo, não substituía o paradigma biomédico, mas o aprimorava, combinando-o a outras características. O objetivo seria expandir os horizontes, pois as concepções contemporâneas de saúde tendiam a considerar o indivíduo como um todo, observando-o no seu contexto social e físico. SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA: CONCEPÇÕES CONTEMPORÂNEAS O conceito de saúde tem sido definido a partir da “ausência de doenças”. Com efeito, grande parte das discussões em saúde focaliza mais a doença como desvio biológico em relação a um critério normativo do que a totalidade dos componentes da saúde. Isso decorreria do fato de que seria mais fácil reconhecer um desvio de padrões estabelecidos como normais para o funcionamento do corpo do que chegar a um acordo quanto aos elementos que constituem verdadeiramente o bem-estar e a saúde. Duas noções importantes que decorrem disso são os conceitos de saúde negativa e saúde positiva (DOWNIE; FYFE; TANNAHILL, 1991) (Figura 8). SAÚDE NEGATIVA Refere-se aos estados indesejáveis da saúde, englobando doenças, lesões, incapacidades, deficiências e estados psicológicos negativos. Apreciar a saúde pelo lado negativo, portanto, seria fazê-lo por exclusão, implicando concebê-la como “ausência de doenças”. SAÚDE POSITIVA Incorpora o bem-estar e a aptidão física. O bem-estar traduziria um estado de espírito decorrente do grau de realização pessoal e possibilidades de se controlar a própria vida, de escolher o que se quer fazer ou ser. Outro elemento da saúde positiva seria a aptidão física, vista como o componente físico do bem-estar. A aptidão física seria uma das condições que predisporiam à saúde, uma vez sendo impensável tecer projetos, fazer escolhas, sem as condições funcionais para realizá-los. Assim, as condições físicas adequadas são necessárias para o bem-estar. Fonte: Acervo do autor – adaptado de Downie et al. (1991). Figura 8. Saúde positiva vs. saúde negativa. Deve-se notar que o termo “saúde positiva” refere-se a um conceito vago. Não existem definições suficientes, nos níveis laico, profissional ou científico, que sirvam de base para um discurso comum. É compreensível que a abordagem negativa, focalizada na “ausência de saúde”, seja predominante. Há muitas dificuldades conceituais para definir a saúde de forma positiva: se a doença pode ser considerada como um conceito descritivo e explicativo, com um propósito diagnóstico, prognóstico e terapêutico, a saúde, por outro lado, seria um termo mais normativo. Jorge Olímpio Bento (1991, p. 22) ilustra bem essas dificuldades: QUANDO ESCUTAMOS QUE ALGUÉM (...) ESTÁ DOENTE, LOGO PERGUNTAMOS QUAL A DOENÇA, SE É GRAVE, (...) CRÔNICA OU PROLONGADA. POR OUTRO LADO, SE ALGUÉM ESTÁ EM BOA SAÚDE, NÃO PERGUNTAMOS NADA SOBRE O TIPO OU O NÍVEL DESTA SAÚDE. CONHECEMOS DEZENAS DE DOENÇAS DESCRITAS PELA MEDICINA, MAS NÃO PODEMOS DESCREVER UMA SAÚDE ÚNICA. Pode-se considerar que a primeira tentativa de difundir uma noção mais ampla de saúde teve lugar com a criação da OMS, em 1947: A SAÚDE TRADUZ UM ESTADO DE COMPLETO BEM- ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL, NÃO CONSISTINDO APENAS NA AUSÊNCIA DE DOENÇAS OU ENFERMIDADES. (WHO, 1947, p. 1) Essa definição tornou-se a mais conhecida e difundida em escala mundial. Ao descrever a saúde como um valor geral, a definição da OMS serviu de referência à reformulação de políticas e programas de saúde, até então calcados nos postulados da Bacteriologia, e estabeleceu uma distinção entre a necessidade de remediar estados negativos de eventos mórbidos (mal-estar, doença)e o objetivo de se estimular um estado de bem-estar. Outro aspecto foi a inclusão de fatores sociais e ambientais. A definição da OMS representou um grande progresso para o entendimento da saúde como uma entidade positiva, com dimensões próprias e independentes da doença. Alguns problemas persistiram. Uma das principais críticas sugere que a definição da OMS conceberia a saúde como um estado ideal do qual é possível se aproximar, mas jamais atingir. Outras afirmam que o conceito ambíguo de “saúde” teria sido substituído pelo conceito igualmente ambíguo de “bem-estar”: um completo bem-estar seria difícil de avaliar. O completo bem-estar físico, mental e social, portanto, seria uma condição subjetiva e utópica. Fonte: Chinnapong / Shutterstock HAVERIA, AINDA, PROBLEMAS DE ORDEM PRÁTICA. QUEM DECIDE QUANDO EXISTE UM COMPLETO ESTADO DE BEM-ESTAR? ESSE JULGAMENTO DEPENDE DE VALORES INTANGÍVEIS. LOGO, COMO IDENTIFICAR AQUELES QUE SE ENCONTRAM EM BOA SAÚDE? SE INDIVÍDUOS PSICÓTICOS AFIRMAM QUE ESTÃO EM BOA SAÚDE, QUE SEU BEM-ESTAR É ELEVADO, ACEITA-SE TAL JULGAMENTO? AS PESSOAS COM INCAPACIDADES OU DEFICIÊNCIAS TRANSITÓRIAS – UMA FRATURA, POR EXEMPLO – DEVERIAM SER CONSIDERADAS EM BOA OU MÁ SAÚDE? EM QUE MEDIDA? É razoável pensar que essas críticas reforçaram a tendência a se considerar a saúde como multifatorial, decorrente de ações individuais e coletivas na resolução de problemas de ordem biológica, psicológica e social. A aceitação desses pontos leva ao reconhecimento de que a saúde integra relações complexas que incorporariam diversos domínios de conhecimento, dependendo dos subsídios teóricos e práticos de diferentes disciplinas. A saúde representaria um estado subjetivo, dependendo dos valores individuais, que devem ser operacionalizados para uma avaliação (FARINATTI; FERREIRA, 2006). A própria OMS fez uma releitura de sua definição, ajustando-a a essas novas ideias. Mantendo suas características, essa releitura continua a realçar a noção de saúde positiva, mas relativizando-a ao contexto físico e social: UMA CONCEPÇÃO POSITIVA E RELATIVA DE SAÚDE IMPLICA QUE TODOS OS INDIVÍDUOS, INDEPENDENTEMENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO MOMENTO E QUALQUER QUE SEJA SUA IDADE, PODEM TER ACESSO AO BEM-ESTAR, TIRANDO PLENO PARTIDO DE SUAS CAPACIDADES. (OMS, 1985, p. 31) Em linhas gerais, as definições e os modelos operacionais de saúde podem ser classificados em três grandes abordagens: 1 Abordagem adaptativa, considerando a adaptação ao meio ambiente. 2 Abordagem funcional, realçando a capacidade de realizar tarefas e desempenhar papéis sociais específicos. 3 Abordagem perceptiva. Conheça mais alguns aspectos acerca dessas abordagens: ABORDAGENS ADAPTATIVA E FUNCIONAL Nas abordagens adaptativa e funcional, a essência reside no entendimento de que os problemas de saúde seriam inversamente proporcionais à estabilidade do ambiente. As modificações abruptas dos modos de vida, em razão de um contexto em mutação, enfraqueceriam as resistências frente às “ofensas” do ambiente social e físico. As questões de javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) saúde são vistas em relação ao cotidiano do indivíduo, seu ambiente, trabalho, seus lazeres, hábitos etc. CONCEPÇÕES FUNCIONAIS: LIMITAÇÕES A principal limitação das concepções funcionais reside no fato de que, ao transformar a saúde em um quase sinônimo de satisfação das necessidades cotidianas, essas concepções confundem o que é indispensável para a saúde e o que ela efetivamente é. Sua limitação seria a tendência a apreciar a saúde pelo viés do que o indivíduo faz, ignorando o que pensa ou sente quando o faz. ABORDAGEM PERCEPTIVA Na abordagem perceptiva, há uma tendência em aproximar o conceito de saúde da “qualidade de vida”, entendida como decorrente do bem-estar. A própria definição original da OMS seria um dos primeiros exemplos dessa abordagem. Parte-se da premissa de que a qualidade de vida seria uma das manifestações centrais da saúde, nela integrando aspectos diversos, como recursos materiais, emoções, relações sociais e oportunidades de desenvolvimento pessoal. Seu grande problema reside em uma imprecisão da descrição de como todos esses fatores interagiriam. Muitos modelos que se encaixam nessa classificação pretendem ser holísticos, adotando uma visão de harmonia entre o homem e o mundo, pelo equilíbrio de numerosos elementos. A saúde não consistiria em um patrimônio estável e fácil de ser alcançado. Ao contrário, seria necessário trabalhá-la e reconstruí-la durante toda a vida, por meio de uma adaptação positiva aos papéis desempenhados em sociedade. Em outras palavras, deve-se ir além de meios e ações exclusivamente preventivos ou curativos, valorizando-se aspectos ligados ao sentido que se dá à vida. Nesse contexto, a maior parte dos autores aceita que a qualidade de vida seja fruto das experiências de vida e dos contextos ambiental e social. Um bom exemplo desse tipo de definição é dado pela própria OMS: A QUALIDADE DE VIDA É DEFINIDA COMO A PERCEPÇÃO DO INDIVÍDUO SOBRE SUA POSIÇÃO NA VIDA, SEGUNDO O CONTEXTO CULTURAL E O SISTEMA DE VALORES NO QUAL VIVE E EM RELAÇÃO A SUAS ASPIRAÇÕES, EXPECTATIVAS, REFERÊNCIAS E INTERESSES. TRATA-SE DE UM CONCEITO AMPLO, INFLUENCIADO DE MANEIRA COMPLEXA PELAS RELAÇÕES SOCIAIS E PELA INTERAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE. (WHO, 1993. p. 153) A qualidade de vida, como elemento central da saúde, resultaria da interação entre condições objetivas e julgamentos subjetivos. CONDIÇÕES OBJETIVAS As condições objetivas referem-se aos recursos pessoais dos quais dispomos para responder às demandas da existência, como a ausência de doenças ou segurança financeira. JULGAMENTOS SUBJETIVOS Os julgamentos subjetivos fazem apelo às experiências, percepções de bem-estar, à satisfação pessoal ou felicidade. Não basta viver, precisa-se viver plenamente, de maneira realizada e integrada ao entorno físico e social. Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre conceitos de saúde e qualidade de vida. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO À EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SAÚDE, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) A doutrina da etiologia específica considerava que, para cada doença, haveria uma causa perfeitamente identificável (o agente específico). Com o tempo, essa abordagem estendeu-se para diversos outros contextos, consistindo em “padrão-ouro” para avaliar as causas de quaisquer doenças. B) A visão sanitarista predominou durante o Iluminismo, tendo uma ênfase marcadamente mágico-religiosa. C) A abordagem epidemiológica predominante no século XVIII nasceu do desejo dos governos europeus de declarar guerra aos seus vizinhos. D) No fim da década de 1940, a definição de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) representou um retrocesso em relação à visão sanitarista do século anterior. E) Culturas pré-históricas acreditavam que saúde e doença dependeriam dos humores corporais e de suas oscilações, de acordo com condições que considerava externas (clima, idade etc.). 2. AS CONCEPÇÕES CONTEMPORÂNEAS DE SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA CARACTERIZAM-SE POR: A) Assumirem uma abordagem predominantemente negativa para conceituar saúde e qualidade de vida. B) Valorizarem o conceito de “saúde positiva”, ligado à prevenção e ao tratamento de doenças, que são condições “negativas”. C) Negarem a definição de saúde da OMS, segundo a qual “a saúde traduz um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo apenas na ausência de doenças ou enfermidades”. D) Definirem saúde e qualidade de vida de maneira multifatorial, a partir de uma abordagem perceptiva, com ênfase na capacidade de se atender às demandas da existência, bem como sentimentos de bem-estar, satisfação pessoal e felicidade. E) A inclusão de fatores sociais e ambientais. Porém, estes fatores são dispensáveis, pois não estabelecem relação com a saúde. GABARITO 1. Em relação à evolução do conceito de saúde, assinale a alternativa correta: A alternativa "A " estácorreta. A doutrina da etiologia específica estabelecia que, para cada doença, haveria uma causa. As doenças, que vinham sendo associadas às condições ambientais, passaram a ser estudadas em laboratórios. Os métodos estatísticos dos epidemiologistas foram transferidos da realidade para condições experimentais nas quais se buscava o germe responsável pela doença. A abordagem sanitarista foi, desse modo, absorvida pela Bacteriologia. 2. As concepções contemporâneas de saúde e qualidade de vida caracterizam-se por: A alternativa "D " está correta. Definições contemporâneas de saúde reconhecem que a qualidade de vida, como seu elemento central, seja fruto de condições objetivas e julgamentos subjetivos. As condições objetivas referem-se aos recursos pessoais para responder às demandas da existência. Os julgamentos subjetivos fazem apelo às experiências, percepções de bem-estar, à satisfação pessoal ou felicidade. Não basta viver, precisa-se viver plenamente, de maneira realizada, integrada ao seu meio etc. MÓDULO 2 Reconhecer os conceitos de atividade física, exercício físico, aptidão física (fitness) e bem-estar (wellness) ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO Não é incomum que os termos “atividade física” e “exercício físico” sejam usados como sinônimos, no entanto designam práticas diferentes. Classicamente, Carl Caspersen e colaboradores (1985, p. 126) definem atividade física como “qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. ATIVIDADES FÍSICAS Todo movimento corporal, como fazer as atividades domésticas, lavar o carro, passear com o cachorro, brincar, entre outros, constitui atividade física. Por isso, todos realizamos atividade física em algum nível. A quantidade total de calorias dispendidas nas atividades físicas é determinada pela massa muscular envolvida nos movimentos, bem como pela intensidade, duração e frequência das contrações musculares. Fonte: Rido / Shutterstock Dessa maneira, o montante de atividades físicas que se pratica depende de escolhas pessoais e demandas impostas pelo contexto físico e social, podendo variar consideravelmente de pessoa a pessoa, ou mesmo em um único indivíduo ao longo do tempo (dias, semanas, estações do ano etc.). Com base nessa premissa, categorias de atividades físicas foram propostas. Para tanto, as atividades podem ser segmentadas com base em porções da vida diária. A forma mais simples seria tomar a atividade física total diária como o somatório das atividades no trabalho, no lazer e durante o próprio sono, sem incluir o efeito da termogênese dos alimentos. No entanto, divisões mais detalhadas podem ser utilizadas, criando-se subcategorias referentes aos tipos de atividades: 1 Desportos, tarefas domésticas, condicionamento físico etc. 2 Intensidade (leve, moderada, vigorosa etc.). 3 Dias da semana (fins de semana e dias úteis). 4 Obrigatoriedade (atividades compulsórias ou opcionais). Qualquer que seja a opção, deve-se compreender que a prática de atividades físicas deriva de comportamentos complexos. Portanto, tais categorias são opções operacionais, que podem servir a alguns objetivos e serem inadequadas a outros. EXERCÍCIO FÍSICO Quando as atividades físicas são realizadas com a finalidade de desenvolver a capacidade de se realizar tarefas físicas, devem revestir-se de características específicas. Daí o conceito de “exercício físico”. Quando nos referimos à realização de exercícios físicos, estamos falando de atividades físicas planejadas, sistematizadas, repetitivas e intencionais, com a finalidade de se alcançar um objetivo. Em geral, programas de exercícios físicos são delineados para preservar ou melhorar um ou mais componentes relacionados à saúde ou à capacidade de se desempenhar tarefas predeterminadas. Logo, atividade física e exercício físico diferenciam-se em virtude da intencionalidade do movimento. Em linhas gerais, todo exercício físico pode ser considerado uma atividade física planejada para que estímulos controlados sejam aplicados sobre sistemas orgânicos ou motores, produzindo resultados que podem ser acompanhados e previstos. Podemos fazer uma analogia com a matemática, por exemplo. Ao pagarmos a conta do mercado e recebermos o troco, estamos realizando atividades que não necessariamente javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) incrementarão nossa capacidade de realizar operações matemáticas. Em suma, trata-se de atividades matemáticas. Por outro lado, quando os professores nos passavam exercícios matemáticos na escola, estes tinham graus de dificuldade que estavam no limite da nossa compreensão. Eram atividades planejadas, com graus de dificuldade intencionalmente selecionados, para melhorar a capacidade de realizar aquelas operações. O mesmo princípio pode ser aplicado aos conceitos de atividade física e exercício físico. EM SUMA, EXERCÍCIOS FÍSICOS SÃO SUBCATEGORIAS DAS ATIVIDADES FÍSICAS, CUJO OBJETIVO É MELHORAR A CAPACIDADE DE DESEMPENHO DE UMA TAREFA MOTORA: CARGAS MOBILIZADAS, RESISTÊNCIA À FADIGA, VELOCIDADE DE EXECUÇÃO, PRECISÃO DE MOVIMENTOS, QUALQUER ELEMENTO PASSÍVEL DE RESPONDER AOS ESTÍMULOS DO TREINAMENTO FÍSICO. O EXERCÍCIO FÍSICO TRADUZ A INTENCIONALIDADE E O PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES FÍSICAS PARA AUMENTAR AS CONDIÇÕES DE O ORGANISMO RESPONDER CADA VEZ MELHOR ÀS DEMANDAS DO ESFORÇO FÍSICO. APTIDÃO FÍSICA (FITNESS) E BEM-ESTAR (WELLNESS) O conceito de exercício físico, uma vez ligado à noção de fatores treináveis do desempenho, conduz naturalmente à noção de aptidão física (do inglês physical fitness, condição adequada para se realizar um trabalho físico). Em contraste com a atividade física, que diz respeito aos movimentos que realizamos, a aptidão física refere-se aos atributos que as pessoas têm ou desejam ter. Assim, melhorar a aptidão física significa aumentar a capacidade de realizar tarefas diárias com menos fadiga e mais eficiência. Ao longo dos anos 1960, estudos clássicos desenvolvidos por Edwin Fleishman buscaram determinar a estrutura do que conceituava como aptidão física. Muitos testes motores foram aplicados a mais de 20 mil participantes. Em seguida, técnicas de análise agruparam os resultados dos testes em elementos comuns, os quais constituíram as bases dos componentes que compõem aquilo que hoje se conhece como qualidades físicas. As qualidades físicas constituintes da aptidão física englobam diferentes dimensões. De um lado, podem ser relacionadas à saúde, valorizando qualidades cujo desenvolvimento é desejável em todas as pessoas. De outro, podem enfatizar qualidades específicas e necessárias para a otimização do desempenho motor, como agilidade, equilíbrio, coordenação motora, potência e velocidade. Fonte: Autor. Figura 9. Componentes da aptidão física. A Figura 9 sumariza as qualidades físicas usualmente atribuídas à aptidão física relacionada à saúde e à aptidão física relacionada às habilidades motoras de forma geral. A aptidão física relacionada à saúde engloba as qualidades físicas necessárias para a realização das atividades cotidianas, estando associadas ao que se considera como independência funcional. Uma vez influenciadas por aspectos fisiológicos, aceita-se que níveis mínimos em seu desenvolvimento oferecem alguma proteção aos distúrbios orgânicos relacionados ao envelhecimento e aos estilos inativos de vida. Programas de exercícios com ênfase na aptidão física relacionada à saúde costumam incluir estímulos para: 1 A preservação ou o incremento da capacidade aeróbia (ou cardiorrespiratória) 2 Força muscular (máxima e resistência muscular localizada) 3 Flexibilidade 4 Composição corporal Por outro lado, a aptidão física relacionada às habilidades motoras relaciona-se ao desempenho de tarefas específicas. Programas com ênfase nesse ramo da aptidão física buscam desenvolver qualidades físicas ligadas ao desempenho, uma vez queessas são exigidas em níveis maiores do que o esperado na população em geral. Dentre as categorias de indivíduos cuja aptidão relacionada às atividades motoras é mais desenvolvida que a média das pessoas, estão os desportistas, bombeiros, pilotos de caça, alpinistas, soldados etc. Em suma, em adição aos aspectos relacionados à saúde, elementos direcionados ao desempenho em habilidades motoras especiais incluem qualidades como agilidade, equilíbrio, coordenação, potência muscular e velocidades de deslocamento e reação. Fonte: VicaPhoto / Shutterstock Isso não quer dizer que qualidades físicas relacionadas às habilidades motoras devam ser desenvolvidas apenas em grupos especiais. É bem aceito que os níveis de desempenho motor nas habilidades esportivas dependam de aspectos genéticos; logo, o potencial atlético tem limites para ser desenvolvido, e poucas pessoas alcançarão excelência. Por outro lado, todas as pessoas têm condições de desenvolver essas qualidades e deveriam ter a oportunidade de atingir níveis mínimos de competência físico-funcional não apenas para atender às suas necessidades cotidianas, mas também para aumentar as chances de se envolver socialmente por meio de atividades diversas. Em outras palavras, é mais provável que dancemos em sociedade se soubermos dançar. Aqueles que tiveram a oportunidade de aprender um desporto terão mais chance de praticá-lo ao longo da vida em seu tempo de lazer. Isso tem impacto positivo nas qualidades físicas constituintes da aptidão física relacionada à saúde. Não há dúvidas de que programas de exercícios voltados para a saúde devam englobar qualidades físicas relacionadas às duas esferas da aptidão física, em qualquer idade. Uma breve descrição das qualidades físicas mais comumente mencionadas como componentes da aptidão física encontra-se no Quadro 1. Qualidade física Descrição Agilidade Habilidade de mudar rapidamente a posição de todo o corpo no espaço, com velocidade e precisão. Equilíbrio Habilidade de manutenção da estabilidade corporal e postura, seja em posição estacionária, seja em movimento. Composição corporal Quantidades relativas de gordura, músculo, osso e outras partes vitais do corpo. Capacidade cardiorrespiratória Capacidade dos sistemas respiratório e circulatório de fornecerem combustível durante as atividades físicas sustentadas e eliminar subprodutos da fadiga. Coordenação Capacidade de realizar tarefas motoras com suavidade e precisão. Flexibilidade Capacidade de realizar movimentos com a maior amplitude possível. Força muscular Quantidade de força externa que um músculo ou grupo de músculos pode exercer. Potência muscular Habilidade de se exercer força externa por meio de contração muscular no menor tempo possível. Resistência muscular Capacidade de um músculo ou grupo de músculos. exercerem força externa por muitas repetições ou esforços sucessivos. Tempo de reação Habilidade que se relaciona ao tempo para reagir a um estímulo externo. Velocidade Habilidade de realizar um movimento ou uma tarefa motora em curto período de tempo. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro 1 – Descrição dos componentes da aptidão física Fonte: Gorgev / Shutterstock É importante esclarecer que a aptidão física é apenas uma das dimensões da aptidão total, que inclui aspectos sociais, psicológicos e cognitivos. Por isso, a aptidão física deve ser encarada como um valor relativo, complementar a outros tipos de aptidão quando se pensa em saúde e qualidade de vida. Outro ponto importante diz respeito ao papel da aptidão física em um contexto geral. Não existe algo como uma “aptidão universal”. Apenas para ilustrar, atletas de alto rendimento reúnem condições físico-motoras que os habilitam a realizar com eficiência acima da média apenas aquela tarefa específica para a qual foram treinados. É fácil aceitar que levantadores de peso e corredores de fundo tenham elevados níveis de aptidão física, mas que as qualidades que desenvolveram são completamente diferentes. ATENÇÃO No que tange à aptidão física relacionada à saúde, falamos de qualidades físicas de escopo mais geral, as quais, uma vez desenvolvidas, tornam as pessoas mais aptas a realizarem suas atividades cotidianas, ao mesmo tempo em que contribuem para a prevenção de estados patológicos crônico-degenerativos, o que seria desejável para todos, independentemente das demandas físicas que tenham. Por essas razões, é difícil apresentar uma definição universal de aptidão física, ao mesmo tempo em que se deve evitar sugerir que uma aptidão atlética é condição necessária para um bom estado de saúde, pois, em determinados casos, níveis elevados de desenvolvimento de certas qualidades físicas são cruciais para determinadas atividades laborais ou de lazer. Nesse sentido, uma das melhores definições que pudemos localizar foi proposta por Dartagnan Guedes (1999, p. 52): UM ESTADO DINÂMICO DE ENERGIA E VITALIDADE QUE PERMITE A CADA UM NÃO APENAS A REALIZAÇÃO DAS TAREFAS DO COTIDIANO, AS OCUPAÇÕES ATIVAS DAS HORAS DE LAZER E ENFRENTAR EMERGÊNCIAS IMPREVISTAS SEM FADIGA EXCESSIVA, MAS TAMBÉM EVITAR O APARECIMENTO DAS FUNÇÕES HIPOCINÉTICAS, ENQUANTO FUNCIONANDO NO PICO DA CAPACIDADE INTELECTUAL E SENTINDO UMA ALEGRIA DE VIVER. Quanto à noção de bem-estar (em inglês, wellness), lembre-se de que a saúde não se caracteriza pela ausência de doenças, mas como um estado de equilíbrio entre as diferentes dimensões da existência (biológica, psicológica, social, emocional, intelectual, espiritual etc.), com influências do entorno físico e social. Em um continuum que vai de um polo negativo associado às morbidades de maneira geral, progride-se a um polo mais positivo, relacionado à capacidade de se aproveitar a vida e superar desafios advindos dos projetos de vida. Nesse contexto, haveria uma tendência de as definições contemporâneas aproximarem os conceitos de saúde e “qualidade de vida”, esta última entendida como decorrente de um sentimento de bem-estar verdadeiro. Mais recentemente, o termo wellness vem sendo utilizado em estratégias de marketing e coaching, visando balizar os objetivos de intervenções diversas, dentre elas o treinamento físico. Apesar de essa utilização dar-se em contexto muitas vezes indiscriminado, nota-se que, de maneira geral, o termo não perdeu a conotação original. Lembremos que a literatura vem encarando a noção de bem-estar como um elemento central da saúde vista pelo seu lado positivo, relacionando-se com a percepção subjetiva do nível de realização pessoal. Uma vez que condições físico-funcionais mínimas são necessárias para a consecução dos projetos de vida e para atender às demandas do meio ambiente, a aptidão física também seria um componente importante da “qualidade de vida” definida por meio do “bem-estar”. O conceito de wellness vai nessa linha, caracterizando-se pela busca por um equilíbrio nos âmbitos físico, emocional, ocupacional, intelectual, social e espiritual. No que diz respeito a programas de exercício físico, o termo wellness vem sendo aplicado para diferenciar programas que se preocupam com o bem-estar pleno daqueles que enfatizam o desenvolvimento físico ou a estética (ou fitness). As dimensões do wellness mais comumente mencionadas como beneficiadas pela prática de atividades físicas são as seguintes: BEM-ESTAR FÍSICO Melhoria da aptidão física e funcional, com impacto no risco de doenças crônico-degenerativas e capacidade de desempenho nas atividades laborais e de lazer, com mais eficiência e menos fadiga. BEM-ESTAR INTELECTUAL Relacionado ao desenvolvimento cognitivo por meio do envolvimento com atividades físicas, ressaltando-se a participação em atividades culturais, escolares ou comunitárias. BEM-ESTAR PSICOLÓGICO A prática de atividades físicas, principalmente as coletivas, contribuiriam para o desenvolvimento de valores e sentimentos de “propósito” ou “pertencimento”, que ajudariama dar sentido à vida. Esses aspectos são mencionados em relação às pessoas idosas, por conta do afastamento das atividades laborais e da redução das oportunidades de interação social. BEM-ESTAR SOCIAL Relacionado à dimensão anterior, refere-se à qualidade e à quantidade dos relacionamentos interpessoais. BEM-ESTAR OCUPACIONAL Ligado às atividades laborais ou voluntárias, fundamentais à satisfação pessoal. O desenvolvimento dessa dimensão pode estar diretamente relacionado às atividades físicas realizadas, mas também de forma indireta, uma vez que a melhor aptidão física incrementa a capacidade de se desempenhar tarefas diversas. Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre atividade física, exercício físico; fitness e wellness. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO AOS CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO FÍSICO E APTIDÃO FÍSICA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Atividades físicas são exercícios de intensidade reduzida, sem volume suficiente para melhorar a capacidade cardiorrespiratória. B) Os níveis de atividade física variam entre os membros da população. Todas as pessoas praticam algum tipo de atividade. Por outro lado, nem todas fazem exercícios físicos. C) Exercícios físicos são atividades físicas planejadas, mas que não devem ser repetitivas ou sistemáticas por causa do risco de lesões. D) Para melhorar a saúde, apenas atividades físicas devem ser praticadas, evitando-se os exercícios físicos. E) A aptidão física não estabelece relação com o percentual de gordura de um indivíduo. 2. CONSIDERANDO OS CONCEITOS TRABALHADOS, ASSINALE A AFIRMATIVA QUE MELHOR TRADUZ AS CONTRIBUIÇÕES DA APTIDÃO FÍSICA (FITNESS) PARA A NOÇÃO DE WELLNESS: A) Uma melhor aptidão física significa que a capacidade cardiorrespiratória aumentou; sem isso, não há bem-estar. B) Wellness significa prazer em se exercitar, e a aptidão física é um aspecto central de um menor desconforto durante sessões de treinamento físico. C) Se o wellness implica o equilíbrio de diversas dimensões da existência para a percepção de bem-estar, sem níveis adequados de aptidão física, não há como realizar projetos de vida e responder adequadamente às demandas do meio ambiente. D) Atletas têm maior qualidade de vida que não atletas. Portanto, a aptidão física tem relação direta com o estado percebido de wellness. E) A melhoria da aptidão física e funcional, com aumento da capacidade de desempenho nas atividades laborais e de lazer, corresponde ao conceito de bem-estar social. GABARITO 1. Em relação aos conceitos de atividade física, exercício físico e aptidão física, assinale a alternativa correta: A alternativa "B " está correta. Exercícios físicos são subcategorias das atividades físicas, uma vez que existe intencionalidade na administração das cargas para promover um efeito desejável. Desse modo, são atividades planejadas, sistematizadas, estruturadas e repetidas para alcançar um objetivo predeterminado, em geral, a preservação ou melhoria de um ou mais componentes da aptidão física. 2. Considerando os conceitos trabalhados, assinale a afirmativa que melhor traduz as contribuições da aptidão física (fitness) para a noção de wellness: A alternativa "C " está correta. O conceito de wellness deriva de definições contemporâneas de qualidade de vida e saúde. A percepção de bem-estar decorre de julgamentos subjetivos acerca da realização pessoal, mas também das condições objetivas para realizar projetos de vida e responder às exigências do entorno físico e social. Nesse sentido, a aptidão física é fundamental, consistindo no componente físico da qualidade de vida. MÓDULO 3 Identificar as relações entre estilos ativos de vida, aptidão física e bem-estar para um envelhecimento saudável ENVELHECIMENTO, VIDA ATIVA E SAÚDE Fonte: imtmphoto / Shutterstock Os benefícios de uma vida ativa são universalmente reconhecidos. Em um sentido prático, porém, os efeitos positivos sobre a função orgânica somente se fazem úteis no contexto da melhoria das condições gerais de vida. De fato, conceitos como esperança de vida ativa, envelhecimento bem-sucedido ou envelhecimento saudável colocam em evidência a necessidade de se atribuir aos idosos um papel importante em suas comunidades e determinar os efeitos dessas iniciativas sobre sua qualidade de vida. EIS A IDEIA GERAL: OS INDIVÍDUOS SÃO MAIS FELIZES QUANDO CONTINUAM INTEGRADOS À SOCIEDADE, E A ALEGRIA DE VIVER DEPENDE DO AUTOCONCEITO E DA AUTOESTIMA QUE DECORREM DE UMA BOA SAÚDE E NÍVEIS DE CONDIÇÃO FÍSICA QUE PROPORCIONEM AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA. AUTONOMIA A maneira pela qual se entende a “autonomia” é fundamental para o estudo das relações entre saúde e envelhecimento. Nesse sentido, pode-se afirmar que a maior parte das estratégias de intervenção voltadas à autonomia dos idosos adotam uma perspectiva “medicalizada”, frequentemente identificada com a ausência de incapacidades. Tende-se, então, a definir o indivíduo autônomo a partir da noção de dependência. SAÚDE Não se pode também considerar a saúde apenas como ausência de doenças, a autonomia não pode ser vista como “ausência de dependência” (física, psíquica ou social). Abordagens consistentes com as concepções contemporâneas de saúde levam em conta a aptidão física e funcional, mas também a forma com que se satisfazem as demandas impostas pelo meio ambiente e pelos objetivos vitais. O envelhecimento saudável decorre de níveis de aptidão que permitam a realização pessoal, em conformidade com as concepções de saúde, bem-estar e qualidade de vida. No caso específico das pessoas idosas, as noções de autonomia e saúde são tão interligadas que, frequentemente, são empregadas indistintamente. Em vez de se patrocinarem intervenções visando à prevenção ou à cura de estados mórbidos, defende-se que sejam construídas condições estruturais – físicas e sociais – que permitam ao idoso sua realização pessoal por meio da manutenção de seus laços com a sociedade. Estabelece-se, com isso, uma relação entre aptidão física, aptidão funcional e aptidão social, conforme ilustrado na Figura 10. Fonte: Acervo do autor. Figura 10. Qualidade de vida vs. autonomia e aptidão física, funcional e psicossocial. Assume-se que não pode haver qualidade de vida sem inclusão social e manutenção das redes de relacionamento e das atividades desejadas. Isso dependeria de bons níveis de aptidão funcional, decorrente das possibilidades de execução de tarefas para as quais concorrem as qualidades físicas da aptidão física. VIDA ATIVA E SAÚDE A vida ativa pode melhorar as funções física, mental e social da pessoa que envelhece. O Quadro 2 apresenta alguns exemplos de possíveis benefícios decorrentes de uma rotina fisicamente ativa em idosos. Descrição Menor risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e metabólicas. Melhor controle da composição corporal e prevenção da obesidade. Melhor glicemia e perfil lipídico sanguíneo. Melhor padrão de sono. Melhor controle da pressão arterial. Manutenção da massa óssea e prevenção de osteoporose. Melhor desempenho cognitivo, motivação geral, estabilidade emocional e ansiedade. Manutenção da capacidade cardiorrespiratória, maior tolerância ao esforço. Menor sensação subjetiva de fadiga e sobrecarga cardíaca nas atividades cotidianas. Manutenção de força e massa muscular, estrutura óssea, tempo de reação e movimento. Melhor amplitude de movimentos (flexibilidade). Melhor equilíbrio estático e dinâmico. Manutenção do desempenho motor. Manutenção da aptidão psicossocial e menor risco de demência senil. Melhor senso de autogoverno, independência e autoestima. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro 2 – Benefícios da atividade física regular durante o envelhecimento No entanto, a noção de que a atividade corporal exerce efeitos positivos sobre a manutenção da capacidade funcional dos idosos é recente. A imagem que as sociedades fazem da atividade física alterou-seradicalmente há algumas décadas. Até 1960, a comunidade científica era cética quando se tratava de considerar o exercício como uma prática salutar para todos. A atividade física era vista como algo reservado aos mais jovens, tida como algo perigoso para os idosos (FARINATTI, 2008). Fonte: Inside Creative House / Shutterstock Isso decorria da aceitação de certas teorias de adaptação, como a de Raymond Pearl, segundo a qual a esperança de vida tinha relação com fatores como a temperatura, a taxa de gasto energético, o consumo de oxigênio e o nível de atividade física realizada. O esforço físico representaria um estresse que provocaria efeitos prejudiciais, acelerando o processo de envelhecimento. Esse tipo de posição influenciava negativamente a opinião pública quanto às relações entre atividade corporal, saúde e envelhecimento. Aceitas e divulgadas pela comunidade científica e pela mídia, crenças desse tipo prevaleceram até o momento em que as pesquisas demonstraram o potencial físico das pessoas idosas e os benefícios de uma vida ativa para todas as faixas etárias. Apesar das evidências científicas, posturas refratárias desse tipo ainda não são incomuns – a Associação de Cardiologia Geriátrica americana alertava há alguns anos: OS MÉDICOS FREQUENTEMENTE SUBESTIMAM A CAPACIDADE DE EXERCITAÇÃO E A ROTINA DE ATIVIDADES FÍSICAS HABITUAIS DE PACIENTES IDOSOS E, NUMA VARIEDADE DE SITUAÇÕES, RECOMENDAM EXCESSIVA LIMITAÇÃO DE SUAS ATIVIDADES. (WENGER et al. 2001, p. 241) Atualmente, estudos epidemiológicos e diversos documentos institucionais propõem que a prática regular de atividades físicas e uma maior aptidão física relacionam-se com menores taxas de mortalidade e melhor qualidade de vida. No entanto, o corpo de conhecimento nesse sentido é recente. Em geral, pode-se dizer que a aceitação em torno da relação positiva entre exercício e saúde teve início a partir da publicação dos dados obtidos por Jeremy Morris et al. (1953), que analisaram as variáveis associadas à incidência de doença coronariana em 31 mil condutores ativos e sedentários que trabalhavam nos transportes coletivos de Londres. O nível de atividades físicas revelou-se preditivo da incidência de doença cardiovascular. Assim, outros pesquisadores investiram no mesmo terreno. Desde então, a associação entre atividade física regular e taxas menores de morbidade e mortalidade tem sido confirmada por vários estudos. De fato, são muitos os trabalhos que destacam a inatividade física como fator de risco para doenças hipocinéticas e redução na qualidade de vida. As evidências demonstram que níveis aumentados de aptidão e atividade física ajudam a prevenir e reabilitar diversas doenças, inclusive psicossomáticas. Fonte: Halfpoint / Shutterstock As relações entre aptidão física, atividade física e saúde são próximas e recíprocas. Por outro lado, as pessoas que envelhecem se afastam cada vez mais das atividades físicas que praticavam quando jovens, com redução de seus níveis de aptidão física. Por isso, reconhece- se que iniciativas visando à promoção da saúde devam incorporar o apoio a modos de vida ativos em qualquer idade, valorizando um perfil produtivo de velhice. A OMS, incentivando o exercício como estratégia para valorização do envelhecimento, publicou um conjunto de recomendações para promoção da atividade física dessa população (WHO, 1997) e vem, desde então, disponibilizando textos em que realça a importância da atividade física como instrumento para a manutenção da autonomia e da saúde durante o envelhecimento. O PRÓXIMO DESAFIO DOS PROGRAMAS VOLTADOS À PROMOÇÃO DA SAÚDE DAS POPULAÇÕES NÃO SERIA CONTINUAR A FAZER CRESCER A ESPERANÇA DE VIDA, MAS MELHORAR A QUALIDADE, REDUZINDO-SE OS ANOS DE DEPENDÊNCIA EM IDADES MAIS AVANÇADAS. ISSO PRESSUPÕE A PRESERVAÇÃO DAS ATIVIDADES HABITUAIS E A DIMINUIÇÃO DOS NÍVEIS DE SEDENTARISMO DURANTE O ENVELHECIMENTO. APTIDÃO FÍSICA E ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL Vamos discutir as relações entre os componentes da aptidão física e um envelhecimento saudável. O objetivo primordial de todo programa para a manutenção da aptidão física em idosos seria a manutenção dos seus níveis de autonomia. A seleção dos pontos a serem abordados é apresentada na Figura 11 (FARINATTI, 2008). AUTODETERMINAÇÃO + EXIGÊNCIAS DA VIDA Fonte: Autor. Figura 11. Modelo de envelhecimento e autonomia. Dois aspectos se destacam: a capacidade de trabalho físico e a carga de trabalho. A capacidade de trabalho corresponde ao potencial para uma vida autônoma, para a qual dois fatores são determinantes: o envelhecimento natural e os efeitos decorrentes da imposição regular de uma carga de trabalho. Há de se definir esses fatores discutindo as relações entre eles na perspectiva da prescrição do exercício físico. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO É O “CONJUNTO DAS MODIFICAÇÕES FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E ESPIRITUAIS QUE SOBREVÊM COM A IDADE, INFLUENCIANDO AS DIMENSÕES FUNCIONAL, SOCIAL E EMOCIONAL DA INTERAÇÃO ENTRE O INDIVÍDUO E O MEIO QUE O CERCA. (FARINATTI, 2008) A capacidade de trabalho físico diminui com a idade. Já a carga de trabalho, de acordo com o modelo proposto, decorreria da concretização do potencial físico de cada um, na medida das imposições dos modos de vida. Os modos de vida, por sua vez, seriam determinados pelas influências do meio ambiente e da capacidade de trabalho. Na lógica do modelo, a exposição contínua a cargas de trabalho tende a provocar efeitos que terão impacto na capacidade de trabalho e no ritmo do envelhecimento. Esses efeitos influenciariam os modos de vida, e assim por diante. O modelo fornece alguns direcionamentos acerca dos pontos que deveriam ser abordados na análise da relação entre o envelhecimento e a aptidão física, mas, para entender essa relação, deve-se analisar elementos que vão influenciar a capacidade de trabalho físico e as cargas de trabalho impostas ao indivíduo que envelhece. Muitos estudos foram dedicados às relações entre envelhecimento, capacidade de trabalho físico e independência funcional. Em geral, a diminuição da capacidade física é discutida na perspectiva de uma interação complexa de diversos fatores, na qual o processo de envelhecimento é visto, simultaneamente, como causa e consequência. Um bom exemplo dessa relação é apresentado na Figura 12. Fonte: Autor. Figura 12. Ciclo cicioso do envelhecimento. É difícil definir uma hierarquização do papel das qualidades físicas que integram a aptidão física para a independência funcional, em particular, e para a saúde em geral. A opção mais adequada seria analisar a influência mútua dessas qualidades – por exemplo, coordenação e equilíbrio dependem, em grande parte, da preservação de bons níveis de flexibilidade e força muscular. A velocidade é determinada pela potência e pela coordenação. A capacidade de realizar atividades durante longo tempo é ditada pela resistência muscular e pela capacidade aeróbica. Dessa forma, consideramos que o desempenho funcional dos idosos e suas condições de saúde tenderiam a ser influenciados por modificações associadas a qualidades físicas relacionadas à função muscular, produção de energia e mobilidade (FARINATTI, 2008). As cargas relativas impostas aos idosos por determinado trabalho dependeriam da capacidade de produzir e manter tensão por meio da contração muscular e do consumo de oxigênio nos processos de transferência de energia de amplitude articular para a realização das atividades cotidianas. Tais capacidades são associadas à força muscular, à capacidade cardiorrespiratória e à flexibilidade. Assim, apesar de não se associar tão diretamente com o desempenho em atividades físicas, a composição corporal aparece como um componente da aptidão física que deve receber atenção especial quando se trata de idosos. Além de as modificações na composição corporal figurarem entre as mais marcantes durante o envelhecimento, têm repercussões na qualidade de vida e na autonomia, uma vez que se relacionamcom perdas de massa muscular e desmineralização óssea, além de consistirem em fator de risco para doenças cardiovasculares e metabólicas. Conheça mais alguns detalhes: PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS Em relação à prevenção e ao tratamento de doenças, a simples redução do peso corporal ou do percentual de gordura pode trazer benefícios à saúde. No entanto, a magnitude desses efeitos apresenta grande variabilidade, já que o aumento ou a manutenção da massa muscular são desejados. Adaptações musculares provenientes do treinamento físico podem preservar a capacidade funcional, pois o grau de força exercido pelos músculos sobre o tecido ósseo reduz o decréscimo da densidade óssea, prevenindo doenças como a osteoporose. Além disso, o metabolismo em repouso é mantido ou aumentado com a preservação ou o incremento da massa muscular, e a perda muscular progressiva associa-se ao desenvolvimento de problemas posturais e ao quadro álgico que acomete os idosos. Os efeitos do exercício constituem um importante aliado na redução desses problemas indesejáveis. A capacidade cardiorrespiratória diminui com a idade. Esse declínio é multifatorial. ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO PULMONAR As alterações da função pulmonar não trazem, em princípio, consequências significativas para a capacidade cardiorrespiratória dos idosos. A principal razão do declínio seria uma limitação da capacidade de aumentar o débito cardíaco, decorrente de menor força de contração do miocárdio e da limitação da capacidade de se elevar a frequência cardíaca que, associada a uma diminuição da massa muscular, faz com que a capacidade cardiorrespiratória diminua aproximadamente 10% em cada década. FUNÇÃO MUSCULAR Quanto à função muscular, há um declínio da força e da potência com a idade, da ordem de 6% a cada década de vida adulta, resultante da diminuição da massa muscular. A resistência muscular parece ser preservada, ao menos quando se consideram esforços de mesma intensidade relativa (percentual da força máxima). A perda de força tende a ser mais preservada nos membros inferiores, porém o desempenho em movimentos executados com velocidade (potência) reduz-se mais precocemente. O padrão de declínio depende de fatores intrínsecos e extrínsecos, principalmente no que diz respeito aos hábitos individuais. Por outro lado, uma vez que pessoas de qualquer idade se adaptam bem ao treinamento da força, a redução da massa muscular e da capacidade funcional não pode ser vista de maneira fatalista, como uma consequência inevitável do envelhecimento. FLEXIBILIDADE Sobre a flexibilidade, sua manutenção ou seu desenvolvimento pode contribuir para uma vida independente em idades avançadas, facilitando as tarefas cotidianas e reduzindo a incidência de comprometimentos articulares, que aumenta à medida que se envelhece. Apesar disso, trata-se de uma qualidade física negligenciada em programas de treinamento. O declínio da amplitude máxima de movimentos parece ocorrer ao longo de toda a vida, com uma consistência maior do que a observada em relação à força e à capacidade cardiorrespiratória. É difícil falar em diminuição média, em virtude da especificidade para articulações e movimentos efetuados, mas as perdas situam-se entre 20% e 50% entre os 20 e os 70 anos, na dependência do grupo articular analisado, principalmente no sexo masculino. Os movimentos mais atingidos são os de tronco, quadril e ombros, o que indicaria uma atenção maior com essas articulações. Dentre os fatores determinantes do declínio da mobilidade articular durante o envelhecimento, pode-se destacar uma progressiva modificação na estrutura do colágeno da cápsula articular e da fáscia muscular, maior participação dessa proteína no tecido conjuntivo e maior percentual de tecido conjuntivo na seção transversa muscular. A menor produção de líquido sinovial, com menor lubrificação articular, também limita os movimentos. Em todos os casos, a inatividade potencializa a perda de mobilidade. Por outro lado, em qualquer idade, é possível aumentar a flexibilidade em níveis compatíveis com o exibido na juventude, não havendo limitações para os efeitos do treinamento. As dificuldades se dão principalmente nas articulações, em virtude de doenças degenerativas, como a artrose. TREINAMENTO FÍSICO O treinamento físico é bem-aceito e tolerado pelos idosos, e a exercitação regular é capaz de incrementar a aptidão física em qualquer idade, modificando a capacidade de realização nas atividades cotidianas. De fato, todas as qualidades físicas podem ser melhoradas em qualquer idade, o que se reflete na manutenção de seus níveis de autonomia funcional. Esses efeitos, porém, dependem de uma aplicação adequada dos estímulos. Por isso, as atividades devem ser supervisionadas para que benefícios sejam adquiridos e mantidos. Portanto, pode-se afirmar que tanto os programas de exercícios formais como atividades físicas no lazer devem produzir uma relação dose-resposta compatível com os efeitos que se deseja induzir. Logo, para o profissional que lida com prescrição de exercícios, é importante o conhecimento sobre as formas de ministrar cargas para satisfazer essa relação. Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre estilos de vida ativos, aptidão física e bem-estar para um envelhecimento saudável. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO AO CONCEITO DE ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Considera-se envelhecimento bem-sucedido aquele sem doenças crônicas e sem internação do idoso em instituições de cuidados contínuos. B) O envelhecimento bem-sucedido pressupõe níveis elevados de força e capacidade cardiorrespiratória. C) Um envelhecimento bem-sucedido é fruto do equilíbrio entre as modificações físicas, psicológicas e espirituais que ocorrem com a idade, em relação às demandas do entorno físico e social, como também com os projetos individuais de vida. D) Envelhecimento bem-sucedido, na verdade, constitui sinônimo de “independência funcional”. E) Envelhecimento bem-sucedido corresponde, exclusivamente, à manutenção das relações sociais. 2. EM RELAÇÃO À APTIDÃO FÍSICA AO LONGO DO ENVELHECIMENTO, É CORRETO AFIRMAR: A) A perda da capacidade de aplicação de tensão muscular se dá de maneira similar em diferentes tipos de manifestação da força, mas a potência muscular tende a diminuir mais precocemente, com impacto na velocidade de movimentos. B) A força apresenta-se mais preservada que a capacidade cardiorrespiratória, pois os idosos têm facilidade de manter a massa muscular, mas não o débito cardíaco máximo. C) A flexibilidade é rapidamente perdida, com grande impacto nas atividades cotidianas e pouca chance de recuperação dos níveis anteriores de mobilidade articular. D) A redução da massa corporal e do percentual de gordura pouco tem a ver com a prevenção de doenças crônico-degenerativas, porquanto estas são mais fortemente determinadas pelo patrimônio genético. E) Há uma perda de 10% da força a cada década de vida de maneira irreversível. GABARITO 1. Em relação ao conceito de envelhecimento bem-sucedido, assinale a alternativa correta: A alternativa "C " está correta. O conceito de envelhecimento bem-sucedido confunde-se com a noção de envelhecimento saudável, no sentido de que a preservação das capacidades físicas, cognitivas, psicológicas e sociais deve estar a serviço da inserção da pessoa idosa em seu meio social, de acordo com as demandas do ambiente e levando em consideração o que ela acha importante para sua realização pessoal. 2. Em relação à aptidão física ao longo do envelhecimento, é correto afirmar: A alternativa "A " está correta. A função muscular é particularmente afetada pelo processo de envelhecimento, com redução da área de seção transversa dos músculos e perda de fibras rápidas. Como resultado, movimentos realizados com velocidade e potência tendem a ser mais precocemente comprometidos, em comparação com aqueles que, apesar de exigirem força, são feitos com menor velocidade.CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise das definições contemporâneas de saúde revela que as dificuldades de conceituá-la advêm da complexidade, subjetividade e relatividade das questões que a cercam. Contudo, os autores acabam tocando em pontos similares na proposição desses conceitos. Além de serem vistas como noções multifatoriais, saúde e qualidade de vida aparecem identificadas com valores que decorrem das possibilidades de se construir uma vida realizada, ou bem-sucedida; daí a relação estreita entre os conceitos. A prática de atividades físicas é reconhecida como uma das formas de melhorar a saúde e a qualidade de vida. Diferenciamos atividade de exercício físico, esclarecendo como podem ter impacto em componentes da aptidão física. Além disso, introduzimos o conceito de wellness, analisando como este se relaciona com as noções de saúde e qualidade de vida trabalhadas anteriormente, bem como a maneira pela qual vem sendo tratado para caracterizar programas de treinamento físico. Todos esses conceitos foram relacionados ao que se define como envelhecimento saudável. Interseções das noções de saúde e qualidade de vida com o envelhecimento forneceram evidências de que um estilo de vida ativo, para além dos ganhos fisiológicos e motores que acarreta, aumenta as possibilidades de envolvimento social, ensejando benefícios psicológicos para melhor percepção subjetiva de bem-estar e qualidade de vida. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BENTO, J. O. Desporto, Saúde, Vida: em Defesa do Desporto. Lisboa: Livros Horizonte, 1991. BRASIL. VIII Conferência Nacional de Saúde: Relatório Final. Brasília: Ministério da Saúde, 1987. CASPERSEN, C. J., POWELL, K. E., CHRISTENSON, G.M. Physical Activity, Exercise, and Physical Fitness: Definitions and Distinctions for Health-Related Research. Public Health Reports, v. 100, n. 2., 126-131, 1985. DOWNIE, R. S., FYFE, C., TANNAHILL, A. Health promotion: models and values. Oxford: Oxford University Press, 1991. FARINATTI, P. T. V. Envelhecimento, Promoção da Saúde e Exercício: bases teóricas e metodológicas. Barueri: Manole, 2008. v. 1. FARINATTI, P. T. V., FERREIRA, M. S. Saúde, Promoção da Saúde e Educação Física: conceitos, princípios e aplicações. Rio de Janeiro: EdUERJ; 2006. FLEISHMAN, E. A. The structure and measurement of physical fitness. Englewood Cliffs: Prentice Hall, 1964. GUEDES, D. P. Atividade física, aptidão física e saúde. In: CARVALHO, T., GUEDES, D. P., SILVA, J. G. (org.). Orientações Básicas sobre Atividade Física e Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde e Ministério da Educação e do Desporto, 1996. p. 51-55. MORRIS, J. N., HEADY, J. A., RAFFLE, P. A. B., ROBERTS, C. G., PARKS, J. W. Coronary heart disease and physical activity of work. Lancet, v. II, p. 1.053-1.057, 1953. ORGANISATION MONDIALE DE LA SANTÉ. Les buts de la santé pour tous 2000: buts de la stratégie régionale européenne de la santé pour tous. Copenhage: OMS, 1985. WENGER, N. K., SCHEIDT, S., WEBER, M. A. Exercise and elderly persons. American Journal of Geriatric Cardiology, v. 10, n. 5, 2001, p. 241-242. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Constitution of the WHO. Chronicle of the WHO, v. 1, n. 3, p. 1-5, 1947. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Study protocol for the World Health Organization project to develop a Quality of Life assessment instrument (WHOQOL). Quality of Life Research, v. 2, n. 3, p. 153-159, 1993. WORLD HEALTH ORGANIZATION. 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Farinatti, intitulado: Envelhecimento, Promoção da Saúde e Exercício: bases teóricas e metodológicas. CONTEUDISTA Paulo de Tarso Veras Farinatti CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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