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Afecções Respiratórias - Clínica Médica de Grandes Animais

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Medicina Veterinária Clínica Médica de Grandes Rebeca Meneses 
1 Afecções Respiratórias 
DOENÇA PULMONAR POR EXERCÍCIO 
É incomum em animais pecuários, mas ocorre 
ocasionalmente em bovinos, e a hemorragia 
pulmonar induzida por exercício (HPIE) ocorre em 
45 a 75% dos equinos de corrida (ver 
“Hemorragia pulmonar induzida pelo exercício”, 
neste capítulo). A hemorragia pulmonar ocorre 
em casos de abscessos, tumores, cistos 
parasitários (Fascioloides magna)1 ou corpos 
estranhos pulmonares. 
Os exames traqueobronquicoscópico, 
radiográfico e ultrassonográfico são úteis para 
identificar o local e a causa da hemorragia. 
Bovinos A causa mais comum de epistaxe e 
hemoptise secundárias à hemorragia pulmonar 
em bovinos é a erosão de vasos pulmonares 
adjacentes às lesões de pneumonia embólica 
associada à trombose da veia cava e abscedação 
hepática. 
O começo da hemorragia pode ser repentino, e os 
animais afetados sangram profusamente e 
morrem depois de um período curto de menos de 
1 h. Epistaxe e hemoptise abundantes, dispneia 
grave, fraqueza muscular e palidez das 
membranas mucosas são características. Em 
outros casos, episódios de epistaxe e hemoptise 
podem ocorrer ao longo de um período de vários 
dias ou poucas semanas, associado ao histórico 
de dispneia. 
PNEUMONIA 
Há duas dificuldades principais no diagnóstico 
clínico de pneumonia. A primeira é identificar que 
o animal tem pneumonia, a segunda é determinar 
a natureza da pneumonia e sua causa. A causa 
suspeita influenciará o prognóstico, a conduta 
clínica e, particularmente em pneumonias 
infecciosas, o tipo de terapia antimicrobiana 
utilizada. Há dois tipos de erros cometidos no 
diagnóstico clínico de pneumonia. 
Um é que a pneumonia não é detectada 
clinicamente porque os sons pulmonares 
anormais aparentemente não são óbvios. O outro 
é estabelecer o diagnóstico de pneumonia em 
razão da presença de dispneia decorrente de 
doença de algum outro sistema corporal. 
 •Na pneumonia bacteriana, os achados 
clínicos principais são polipneia nos 
estágios iniciais e dispneia 
posteriormente, sons pulmonares 
anormais e febre e toxemia 
 Na pneumonia intersticial viral não 
complicada por pneumonia bacteriana 
secundária, não há toxemia. Congestão e 
edema pulmonar, embolismo da artéria 
pulmonar e enfisema com frequência são 
confundidos com pneumonia, mas 
geralmente podem ser diferenciados pela 
ausência de febre e toxemia, com base no 
histórico e nos achados da auscultação 
 Doenças de outros sistemas corporais 
podem causar polipneia e dispneia. 
Insuficiência cardíaca congestiva, estágios 
terminais de anemia, envenenamento por 
agentes tais como ácido hidrociânico, 
hipertermia e acidose são acompanhados 
por perturbação respiratória, mas não por 
sons anormais típicos de envolvimento 
pulmonar. 
 Se houver pneumonia, o passo seguinte é 
determinar sua natureza e sua causa. 
Todas as ferramentas diagnósticas 
práticas descritas anteriormente devem 
ser usadas quando necessário. Isso é 
particularmente importante quando são 
encontrados surtos de pneumonia, em 
cujo caso se indica a avaliação 
necroscópica de casos selecionados. 
Em casos individuais de pneumonia de rotina, a 
causa normalmente não é determinada. Contudo, 
a idade e a categoria do animal, o histórico, os 
achados epidemiológicos e os achados clínicos 
normalmente podem ser correlacionados para 
estabelecer um diagnóstico etiológico presuntivo. 
Pleurite caracteriza-se por uma respiração 
abdominal superficial, sons de fricção pleurítica 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Grandes Rebeca Meneses 
2 Afecções Respiratórias 
quando a efusão é mínima, abafamento dos sons 
pulmonares à auscultação e presença de 
embotamento ou som maciço e uma linha de 
líquido horizontal na percussão acústica quando 
há líquido pleural suficiente presente. 
A toracocentese ou exame ultrassonográfico 
revelam a presença de líquido pleural excessivo. 
No pneumotórax há dispneia inspiratória e no 
lado afetado as anormalidades incluem: 
 Ausência de sons pulmonares sobre os 
lobos, mas sons ainda audíveis sobre a 
base do pulmão 
 Aumento na intensidade absoluta dos 
sons cardíacos 
 Ressonância elevada na percussão. 
Doenças do trato respiratório anterior 
como laringite e traqueíte são 
acompanhadas por graus variáveis de 
dispneia inspiratória, que com frequência 
é alta o suficiente para ser audível sem o 
estetoscópio. 
Em casos menos graves, a auscultação da porção 
média da traqueia cervical revelará sons de sibilo 
úmidos na inspiração. Esses sons são transmitidos 
para baixo até os pulmões e são audíveis na 
auscultação do tórax. 
Esses sons transmitidos não devem ser 
interpretados como atribuíveis a pneumonia. Em 
alguns casos de laringite e traqueíte graves, os 
sons inspiratórios audíveis sobre a traqueia e 
pulmões estão acentuadamente reduzidos em 
razão da obliteração quase total desses órgãos. 
Na laringite e traqueíte, geralmente há tosse mais 
frequente do que na pneumonia e a tosse pode 
ser facilmente estimulada apertando-se a laringe 
ou traqueia. 
Na pneumonia, os sons pulmonares anormais são 
audíveis tanto na inspiração quanto na expiração. 
O exame da laringe através da cavidade oral em 
bovinos e com o auxílio de um rinolaringoscópio 
no equino habitualmente revelará lesões. 
HEMORRAGIA PULMONAR POR 
EXERCÍCIO 
Os sinais clínicos associados com EIPH 
basicamente são o baixo rendimento atlético e a 
presença de epistaxe. A epistaxe não deve ser 
considerada somente um sangramento nasal, e 
sim, um sinal de hemorragia em alguma área do 
aparelho respiratório que é drenada para a 
cavidade nasal. Ela pode ocorrer durante ou logo 
após o exercício, sendo frequentemente notada 
ao final do exercício, particularmente, quando o 
animal retorna à cocheira e lhe é permitido baixar 
a cabeça. Ela pode ser bilateral ou não, e se 
resolve dentro de algumas horas ou pode ainda 
recidivar. As frequências cardíaca e respiratória, 
assim como a temperatura retal, podem estar 
elevadas logo após o exercício, mas não estão 
relacionadas à hemorragia pulmonar e sim, ao 
exercício, já que retornam à normalidade no 
período de repouso imediato. 
DIAGNÓSTICO 
O histórico, os sinais clínicos, a auscultação, o 
exame endoscópico, a radiologia e o lavado 
broncoalveolar (BAL) são as principais 
ferramentas utilizadas para o diagnóstico. 
Entretanto o uso de radiografias em eqüinos tem 
acesso limitado devido a má resolução dos 
aparelhos. O exame endoscópico realizado de 30 
a 90 minutos após exercício físico auxilia muito o 
diagnóstico de EIPH devido à visualização de 
sangue ao longo das vias aéreas, o qual obedece a 
escala de 1 a 5 descrita por EPPINGER. Porém, o 
diagnóstico definitivo de EIPH é a presença de 
hemossiderina nos macrófagos alveolares após a 
coleta de BAL depois exercício físico, chamados 
hemossiderófagos, que são observados por 
coloração especial de Azul da Prússia. 
 
TRATAMENTO 
Todos os tratamentos são paliativos e são usados 
para tentar minimizar as sequelas da inflamação 
 
 
Medicina Veterinária Clínica Médica de Grandes Rebeca Meneses 
3 Afecções Respiratórias 
crônica como a fibrose intersticial e o 
espessamento das vias aéreas. 
Na tentativa de minimizar estes efeitos uma 
associação de medicamentos 
como: broncodilatadores, antibióticos e 
corticosteróides tem sido usada. Entretanto, 
nenhum estudo demonstrou as vantagens clínicas 
desta associação. O diurético como a furosemida 
tem sido administrado antes das corridas como 
medida preventiva de epistaxe de origem 
pulmonar. No entanto, vários outros tratamentos 
têm sido propostos, com baixa resposta 
terapêutica para a EIPH. O descanso é a 
recomendação óbvia de cavalos com EIPH, mas a 
hemorragia é recorrente quando o cavalo é 
exercitado extenuantemente. A duração do 
descanso e assim como, o programa de 
treinamento ideal para os equinos sangradores é 
desconhecido. 
HEMIPLEGIA LARINGEANA 
Na sua forma clássica, édescrita como doença 
espontânea resultante da degeneração primária 
do nervo laríngeo recorrente. 
Predominantemente o nervo afetado é o 
esquerdo, o que resulta em uma atrofia 
neurogênica dos músculos em cerca de 95% dos 
casos observados, levando à alterações na 
movimentação (adução/abdução) da cartilagem 
aritenóide, dificultando a passagem do ar que 
gera um ruído inspiratório característico quando 
o animal se movimenta. 
A hemiplegia laringeana pode ser observada sob 
três formas: hemiparesia sub-clínica; hemiparesia 
com sinais clínicos e hemiplegia propriamente. 
As causas que levam a tal degeneração do nervo 
laríngeo recorrente são desconhecidas, sendo 
sugeridas inúmeras hipóteses como, trau- 
matismos por injeção de substâncias irritantes, 
inflamação e abscessos da bolsa gutural, trauma 
resultante do pulso da carótida, causas genéticas, 
neuropatias isquêmicas, intoxicações e infecções 
virais e bacterianas do trato respiratório. 
Além do ruído respiratório característico, a 
hemiplegia laringeana leva os animais acometidos 
a apresentarem intolerância ao exerccio, 
caracterizada dispnéia e por redução de sua 
performance atlética. 
O mais importante avanço no estudo clínico da 
hemiplegia laringeana esquerda foi a classificação 
da mesma em 4 graus por HACKETT et al.( 1991): 
- GRAU I: abdução e adução completas e 
sincronizadas das cartilagens aritenóides; 
- GRAU II: movimento assimétrico da cartilagem 
aritenóide esquerda durante todas as fases da 
respiração. Abdução completa é possível ao 
estimular-se a deglutição ou ao realizar-se a 
oclusão nasal. 
- GRAU III: movimento assimétrico da cartilagem 
aritenóide esquerda durante todas as fases da 
respiração. Abdução completa não é obtida ao 
estimular-se a deglutição ou realizar-se a oclusão 
nasal. 
- GRAU IV: paralisia completa da cartilagem 
aritenóide esquerda, mesmo ao estimular-se a 
deglutição ou realizar-se a oclusão das narinas. 
TRATAMENTO 
 Cirurgia