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Alvaro Lima – Sistemas Orgânicos Integrados II Núcleos da base No interior de cada hemisfério cerebral, existem aglomerados de substância cinzenta, os chamados núcleos da base. Dois dos núcleos estão lado a lado, laterais ao tálamo, os chamados globo pálido,mais próximo ao tálamo, e o putame, mais próximo ao córtex cerebral. Juntos, esses dois formam o núcleo lentiforme. O terceiro núcleo, chamado de núcleo caudado forma juntamente com o núcleo lentiforme o chamado corpo estriado. Estruturas que estão próximas e funcionalmente ligadas aos núcelos da base são a substância negra do mesencéfalo e núcleos subtalâmicos do diencéfalo. O claustro é uma fina lâmina de substância cinzenta lateral ao putame, sua função ainda é desconhecida em humanos, porém parece estar envolvido com a atenção visual. Os núcleos da base recebem aferências do córtex cerebral e geram eferências para partes motoras do córtex por meio dos núcleos mediais e ventrais do tálamo. Relação dos núcleos da base com o movimento Auxiliam na regulação do ínicio e término dos movimentos; No putame, a atividade neuronal precede ou antecipa movimentos corporais; no núcleo caudado, acontece antes de movimentos oculares O globo pálido ajuda na regulação do tônus muscular necessário para movimentos corporais específicos; Os núcleos também controlam contrações subconscientes dos músculos esquelético (Ex: balançar as mãos enquanto caminha). Alvaro Lima – Sistemas Orgânicos Integrados II Conexões e circuitos O corpo estriado não tem conexões aferentes ou eferentes diretas com a medula, suas funções sõa exercidas por circuitos, nos quais áreas corticais de funções diferentes projetam-se para áreas específicas do corpo estriado, que por sua vez, se liga ao tálamo, e através dele, às áreas corticais de origem. Circuitos corticoestriado-talamocorticais: Circuito motor Circuito oculomotor Circuito pré-frontal dorsolateral Circuito pré-frontal orbitofrontal Circuito limbico Então, os dois primeiros são circuitos relacionados a motricidade, os pré-frontais relacioados a funções psquicas superiores, e o limbico com emoções. Circuito motor Origina-se nas áreas motoras e somestésicas do córtex e projeta-se para o putamen( em cada região do putamen há uma área correspondente no córtex). A partir do putamen, o circuito pode seguir por duas vias direta e indireta. Na via direta o putamen se conecta direta com o pálido medial e desce para os núcleos ventral anterior e ventral lateral do tálamo de onde se projetam para suas áreas motoras de origem. Na via indireta, a conexão é com o pálido lateral, que se projeta para o núcleo subtalâmico e deste para o pálido medial, então segue para o córtex como via direta. Doença de Parkinson Em 1817, o médico inglês James Parkinson descreveu a doença que hoje tem seu nome e que aparece, geralmente, após os 50 anos de idade. Caracteriza-se por três sintomas básicos: tremor, rigidez e bradicinesia. O tremor manifesta-se nas extremidades quando elas estão paradas, e desaparece com o movimento. A rigidez resulta de uma hipertonia de toda a musculatura esquelética. A bradicinesia manifesta-se por lentidão e redução da atividade motora espontânea, na ausência de paralisia. Há também grande dificuldade para dar-se início aos movimentos. Verificou-se que, na doença de Parkinson, a disfunção está na substância negra, resultando em diminuição de dopamina nas fibras nigroestriatais. Desse modo, cessa a atividade moduladora que essas fibras exercem sobre as vias direta e indireta, resultando em aumento da inibição dos núcleos talâmicos. A descoberta desse fato inspirou a terapêutica da doença de Parkinson, que visa aumentar o teor de dopamina nas fibras nigroestriatais. Tentativas para obter-se esse resultado através da administração de dopamina não obtiveram sucesso, pois essa amina só atravessa a barreira hematoencefálica em concentrações muito altas e tóxicas para o restante do organismo. Verificou-se, entretanto, que o Alvaro Lima – Sistemas Orgânicos Integrados II isômero levógiro da diidroxifenilalanina (L-Dopa) atravessa a barreira, é captado pelos neurônios e fibras dopaminérgicas da substância negra e transformado em dopamina, o que causa melhora dos sintomas da doença de Parkinson. . Baseado no que foi estudado sobre o circuito motor, pode-se compreender o que provavelmente ocorre na fisiopatologia dessa doença. A perda da aferência dopaminérgica para o estriado leva à diminuição de atividade da via direta, onde a dopamina tem ação excitatória, e ao aumento na via indireta, onde a dopamina tem ação inibitória. A diferença das ações da dopamina nos dois circuitos deve-se ao fato de que no circuito direto o receptor é D 1 ativador e no circuito indireto D2 inibitório, devido às diferentes ações da dopamina nas duas vias. Estas alterações levam ao aumento na atividade do pálido medial e consequente aumento da inibição dos neurônios talamocorticais, ocasionando os sintomas hipocinéticos característicos da doença. Referências bibliográficas MACHADO, Angelo B. M.. Neuroanatomia funcional. 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2007. 363 p. ISBN: 8573790695. TORTORA, Gerald J.; GRABOWSKI, Sandra Reynolds. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 9ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
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