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AÇÃO INDENIZAÇÃO COBRANÇA INDEVIDA

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Lima & Silva Advocacia
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE DUQUE DE CAXIAS/RJ
 
 		RENATA GOULART MILATO, brasileira, solteira, estudante, portadora do RG n.º 10542403, DIRC/RJ e inscrita no CPF/MF sob o n.087.323.837-03, residente e domiciliada nesta Cidade, na Avenida General Carlos Marciano de Medeiros, S/N, lote 05, Quadra J, Parque Fluminense, CEP 25045-100 por intermédio de seus advogados que esta subscrevem, com escritório profissional indigitado no rodapé deste impresso, comparece à ilustre presença de Vossa Excelência para propor a presente
 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA C/C REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS 
 
com fulcro nos arts. 186, 404, 159 e 927, do Código Civil Brasileiro, art. 5.º, V e X, da Constituição Federal c/c Lei n. 9.099/95,e art. 273 do Código de Processo Civil e demais previsões legais, em desfavor de LEADER MAGAZINE – UNIÃO DE LOJAS LEADER S/A, CNPJ 04.201.672/0001-16, com sua sede na Visconde do Rio Branco, 511, 4º andar centro – Niterói/RJ, CEP 24020-004, pelos motivos de fato e de direito que, articuladamente, passa a expor:
 
I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 		
 		Inicialmente, afirma ser merecedora do benefício da gratuidade de justiça, vez que, com fundamento na Lei nº 1.060/50 e suas ulteriores alterações introduzidas pela lei 7.510/86, não possui condições de arcar com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento, consoante afirmação de hipossuficiência econômica, em anexo.
 
II - DOS FATOS
 
Em 21 de dezembro de 2014, a Requerente foi abordada por funcionaria da loja da Requerida da filia Bonsucesso/RJ, a qual lhe ofereceu cartão de compras da loja, informando que já se encontrava disponível no ato limite de compras no valor de R$ 195,00 (cento noventa e cinco reais).
 Incentivada pela oferta a Autora adquiriu algumas mercadorias, no entanto ao dirigir-se ao caixa para efetuar o pagamento o sistema não aprovou as compras muito embora fosse bem inferior ao limite fornecido.
Ao requerer informações da atendente que lhe ofereça o cartão, a mesma não soube explicar, orientando-a apenas aguardar 24 horas.
Ao chegar em sua residência a Autora acessou ao site eletrônico da Leader, ocasião em que foi surpreendida ao verificar que seu saldo para compras era de apenas R$ 51,00 (cinquenta e um reais).
No dia seguinte a Autora compareceu ao estabelecimento filia da Ré em Duque de Caxias, para obter informações sobre o limite do cartão, quando mais uma vez foi surpreendida com a informação que aderira a um beneficio oferecido pela Ré no valor de R$ 149,00 (cento e quarenta e nove reais) em 10 parcelas de R$ 14,90 (quatorze reais e noventa centavos), todavia a atendente não sabia explicar que tipo de beneficio se tratava.
Ato continuo, foi orientada a comparecer ao setor de atendimento ao cliente, onde foi atendida pela funcionaria de nome Eliane que confirmou a informação retro recebida, esclarecendo porém que o cancelamento somente poderia ocorrer na loja onde a Autora efetuara a adesão.
No dia seguinte a Autora compareceu a filial da ré em Bonsucesso onde exigiu o cancelamento de todas as cobranças indevidas, sendo informada que o procedimento fora executado.
A despeito de sua solicitação continuou a sofre descontos em suas faturas a titulo de parcela premiada, over limite e outros, que a levou a ligar para o numero da ré 40023111 e 40201426, em ligações desgastantes com longa espera que por vezes levava até 40 minutos, todavia sem sucesso.
Diante do insucesso a Autora passou a pagar as faturas com as cobranças indevidas para não sofrer maiores danos, no entanto 
 Em uma das poucas vezes que conseguiu falar com a empresa em 09/05/15, o funcionário de nome Yohan, forneceu a absurda informação que o cancelamento somente poderia ser efetuado após o pagamento da fatura, mesmo a autora já tendo pago diversas faturas com os valores contestados.
Em 13/05/15, após novo contato com o funcionário Yohan, conseguiu a promessa de cancelamento do valor de R$ 8,90 (oito reais e noventa centavos), a partir de futuras faturas, tendo o funcionário se negado a fornecer protocolo.
Contudo continuou a sofrer novos descontos com outras rubricas em sua fatura como exemplo Over limite e nova via de cartão, sendo que a funcionaria nunca teve cartão da loja e tão pouco solicitou. 
 A Requerente procurou de todas as formas solucionar isto de forma administrativa. Todavia, não obteve o êxito pretendido, cansada de sofrer descontos abusivos em suas faturas vem a juízo pleitear seu direito de consumidora.
 
 
III - DO DIREITO 
 O caso em tela fere nitidamente o Código de defesa do Consumidor em vários artigos, tornando claro o direito da autora de ser indenizada. 
 A relação de consumo entre autora e réus é clara, restando configurada a incidência do Código de Defesa do Consumidor, sendo a autora, de acordo com o artigo 2º do CDC, consumidora e a empresa R de acordo com o artigo 3º do referido Código, fornecedora.
“Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.(...)”
“Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.(...)”
 “Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; (...)
 IV - DO DANO MORAL
 		Diante dos  fatos  acima  relatados, mostra-se patente a configuração dos “danos morais” sofridos pelo Autor.
 		A moral é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos diplomas legais a devida proteção, inclusive amparada pelo art. 5º, inc. V, da Carta Magna/1988:
“Art. 5º (omissis):
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;”
Outrossim, o art. 186 e o art. 927, do Código Civil de 2002, assim estabelecem:
“Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Também, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu art. 6º, protege a integridade moral dos consumidores:
“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
(. . .)
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.”
V – DIREITO   A   INDENIZAÇÃO   (FUNDAMENTOS JURÍDICOS)
 		A questão suscitada apresenta entendimento pacificado no repertório jurisprudencial de nossos Tribunais, consolidada por reiteradas decisões correlatas da Colenda Corte do STJ – Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que:   “é cabível indenização por danos morais por falha na prestação de serviço, não havendo necessidade da comprovação do prejuízo, que é presumido.”  (g.n.) .
TJ-RJ - APELACAO APL 869035520088190001 RJ 0086903-55.2008.8.19.0001 (TJ-RJ)
Data de publicação: 12/05/2011
Ementa: AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. REPARAÇÃO DE DANOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TELEVISÃO DIGITAL POR ASSINATURA. COBRANÇA INDEVIDA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. CORTE DE SINAL POR MAIS DE 20 DIAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL IN RE IPSA. MANUTENÇÃO DOS DANOS MORAIS, ARBITRADOS EM CONFORMIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOS ARBITRADOS CORRETAMENTE, EM RESPEITO AO ARTIGO 20 , § 3º DO CPC . JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. Argumentos trazidos para nova apreciação que não ensejam modificação da decisão monocrática, a qual se encontra devidamente fundamentada. Negado provimento ao recurso.
TJ-SP - Apelação APL 990093562804 SP (TJ-SP)
Data de publicação: 14/09/2010
Ementa: Prestaçãode serviços. TV a cabo por assinatura. SKY. Discussão sobre o plano fornecido, o montante cobrado e os danos decorrentes da suspensão dos serviços. Obrigação de fazer c/c indenização por danos morais e materiais. Ação julgada procedente para que a ré restabeleça os serviços, com condenação a devolver em dobro o valor cobrado a mais e a pagar danos morais de R$ 7.000,00. Demonstração satisfatória de adesão à assinatura do pacote "Digital 2007". Irrelevância de prestação de serviços de plano superior. Cobrança que deve se limitar ao plano contratado. Obrigação de devolver a cobrança indevida por força do Código de Defesa do Consumidor. Dano moral perfeitamente caracterizado e fixação em montante que observa o princípio da razoabilidade. Recurso improvido. O autor aderiu ao Plano "Digital 2007" da- Sky e não está obrigado a pagar o Plano "Digital Plus 2007", ainda que colocado à disposição do usuário, constituindo-se em prática abusiva (art. 39), e a cobrança deve se limitar ao preço avençado no contrato escrito. O excesso, pago pelo usuário em razão da entrega de fatura, deve ser devolvido, nos termos do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor.
 		Uma vez reconhecida a existência do dano moral, e o consequente direito à indenização dele decorrente, necessário se faz analisar o aspecto do quantum pecuniário a ser considerado e fixado, não só para efeitos de reparação do prejuízo, mas também sob o cunho de caráter punitivo ou sancionário, preventivo, repressor.
 		E essa indenização que se pretende em decorrência dos danos morais,  há de ser arbitrada, mediante estimativa prudente, que possa em parte, compensar o "dano moral" do Autor, no caso a interrupção inexplicável do contrato que lhe gerou aborrecimentos, constrangimentos, perda do tempo útil, ônus financeiro, e cobrança indevida.
 		                        A Magna Carta em seu art. 5º consagra a tutela do direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação de direitos fundamentais, tais como a honra e a imagem das pessoas: 
                      "Art. 5º (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;(...)”.
 		Assim, a Constituição garante a reparação dos prejuízos morais e materiais causados ao ser humano. Este dispositivo assegura o direito da preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade dos direitos da personalidade.
O Código Civil agasalha, da mesma forma, a reparabilidade dos danos morais. O art. 186 trata da reparação do dano causado por ação ou omissão do agente:
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,      violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
 		Dessa forma, o art. 186 do novo Código define o que é ato ilícito, entretanto, observa-se que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 do mesmo Código.
Sendo assim, é previsto como ato ilícito àquele que cause dano, ainda que, exclusivamente moral. Faça-se constar art. 927, caput:
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo."
                        A personalidade do indivíduo é o repositório de bens ideais que impulsionam o homem ao trabalho e à criatividade e ocupações habituais. As ofensas a esses bens imateriais redundam em dano extrapatrimonial, suscetível de reparação.
 		Com efeito, que em tais situações, o ato lesivo afeta a personalidade do indivíduo, sua honra, sua integridade psíquica, seu bem-estar íntimo, suas virtudes, enfim, causando-lhe mal-estar ou uma indisposição de natureza espiritual. Sendo assim, a reparação, nesses casos, reside no pagamento de uma soma pecuniária, arbitrada pelo consenso do juiz, que possibilite ao lesado uma satisfação compensatória da sua dor íntima, e compense os dissabores sofridos pela vítima, em virtude da ação ilícita do lesionador.
 
VI – DO PEDIDO
 
Diante de tudo o que fora exposto, caracterizado que a Requerente sofreu prejuízos de ordem moral, e por tudo que será suprido pelo ilibado saber jurídico e acurado senso de Justiça de Vossa Excelência, respeitosamente requer-se que:
 
Vossa Excelência se digne determinar a citação do Requerida na pessoa do seu representante legal, no endereço constante nesta Exordial, para responder, querendo, aos termos da presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS sob pena de revelia e confissão.
 
Para a facilitação da defesa dos direitos da Autora REQUER de Vossa Excelência, ainda, seja determinada a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA, pela verossimilhança de suas alegações e por sua condição de hipossuficiente.
Requer a condenação da Ré no valor equivalente a 40 salários mínimos a titulo de DANOS MORAIS, valor este que no momento equivale a R$ 31.520,00 (trinta e um mil quinhentos e vinte reais).
Requer o estorno de todo e qualquer lançamento na fatura do autor a titulo de parcela premiada, over limite, cartão e similares, bem como que a Ré se abstenha de efetuar novos débitos, sob pena de multa a ser arbitrada por este juízo.
 
Por fim, também requer a gratuidade da Justiça, posto que não possui condições de arcar com as custas do processo, sem prejuízo de seu sustento e dos familiares.
 
VI – DO VALOR DA CAUSA
 
Dá-se à presente causa o valor de R$31.520,00 (trinta e um mil quinhentos e vinte reais), para todos os efeitos de direito e alçada, equivalente ao valor da indenização por danos materiais e morais pretendida pela Autora desde a citação da Ré até o presente momento.
 
 
Termos em que Pede e
 Espera Deferimento
Duque de Caxias, 11de junho de 2015
RIVALDO JOSE DA SILVA
 OAB/RJ 188.546
ROSANGELA BRIGIDA DE LIMA
 OAB/RJ 159.836
Rua Passo da Pátria, 120, sala 506, Centro – Duque de Caxias – RJ – CEP 25071-220
Tel. (21) 26720503/77077514/98802.8006 – www.limaesilvaadvocacia.jur.adv.br/ 
Email: rivaldosilvaadv@gmail.com	Página 1

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