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14 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN FARMOCOLOGIA BÁSICA U2 Aula 03 – Adrenérgicos e Antiadrenérgicos ADRENÉRGICOS Os agonistas adrenérgicos também podem ser chamados de simpaticomiméticos ou adrenomiméticos. O estímulo simpático está intimamente relacionado com a liberação de mediadores (noradrenalina, adrenalina, dopamina, acetilcolina). 1. Uma ação excitatória periférica sobre determinados tipos de músculo liso, como os dos vasos sanguíneos que irrigam a pele, o rim e as mucosas, e sobre células glandulares, como as das glândulas salivares e sudoríparas. 2. Uma ação inibitória periférica sobre outros tipos de músculo liso, como os da parede intestinal, da árvore brônquica e dos vasos sanguíneos que suprem a musculatura esquelética. 3. Uma ação excitatória cardíaca, que aumenta a frequência e a força de contração. 4. Ações metabólicas, como aumento da taxa de glicogenólise no fígado e no músculo e liberação de ácidos graxos livres do tecido adiposo. 5. Ações endócrinas, como modulação (aumento ou diminuição) da secreção de insulina, renina e hormônios hipofisários. 6. Ações sobre o sistema nervoso central (SNC), como estimulação respiratória, aumento do estado de vigília e atividade psicomotora e redução do apetite. 7. Ações pré-juncionais, que inibem ou que facilitam a liberação de neurotransmissores, sendo a ação inibitória fisiologicamente mais importante. SÍNTESE DE CATECOLAMINAS A tirosina é captada por transporte ativo; é hidroxilada pela tirosina hidroxilase e forma a DOPA (dihidroxifenilalanina); essa é uma etapa demorada. A DOPA é descarboxilada para formar a dopamina. A dopamina é hidroxilada para formar a noradrenalina pela enzima beta hidroxilase. Na medula da suprarrenal, a norepinefrina é convertida em epinefrina pela feniletanolamina N- metiltransferase. Norepinefrina (noradrenalina), transmissor liberado pelas terminações nervosas simpáticas. Epinefrina (adrenalina), hormônio secretado pela medula da suprarrenal. Dopamina, precursor metabólico da norepinefrina e epinefrina, e também transmissor/neuromodulador no sistema nervoso central. Isoprenalina (também conhecido como isoproterenol), derivado sintético da norepinefrina, ausente no organismo. ARMAZENAMENTO E LIBERAÇÃO 15 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Armazenamento do transmissor: a norepinefrina é armazenada em alta concentração nas vesículas sinápticas, juntamente com ATP, cromogranina e DBH, todos os quais são liberados por exocitose. O transporte de norepinefrina para o interior das vesículas ocorre por um transportador sensível a reserpina (VMAT). O conteúdo de norepinefrina no citosol é geralmente baixo, pela presença de monoamino-oxidase nas terminações nervosas. A liberação do transmissor geralmente ocorre por exocitose mediada pelo Ca2+ a partir de varicosidades presentes na rede terminal. Ocorre liberação não exocitótica em resposta a agentes simpatomiméticos de ação indireta (p. ex., anfetamina), que deslocam a norepinefrina das vesículas. A norepinefrina sai da fenda pela ação do transportador NET (transporte reverso). Uma vez liberada noradrenalina, ela não é degradada tão rapidamente como a acetilcolina é pela acetilcolinesterase. A ação do transmissor é finalizada principalmente pela captura da norepinefrina nas terminações nervosas, mediada pelo transportador NET, o qual é bloqueado por fármacos antidepressivos tricíclicos e cocaína. A liberação de norepinefrina é regulada por retroalimentação autoinibitória mediada por receptores α2-adrenérgicos. Regulação da Síntese e Liberação: 1. Excesso de NA no citoplasma bloqueia a tirosina hidroxilase. 2. Receptores α2 pré-sinápticos quando ativados inibem a exocitose de NA. DEGRADAÇÃO DAS CATECOLAMINAS Figura 1: Metabolismo das catecolaminas. As enzimas que degradam a noradrenalina são a MOA e a COMT (catecol ortometil transferase), que não são tão rápidas. A COMT degrada catecolamina. No fígado e no rim, há grande concentração de MOA e de COMT. CLASSIFICAÇÃO DOS RECEPTORES ADRENÉRGICOS (EXTRA) A principal classificação farmacológica em subtipos α e β baseou-se originalmente na ordem de potência de agonistas e, posteriormente, em antagonistas seletivos. Todos pertencem à superfamília de receptores acoplados à proteína G. Segundos mensageiros: Os receptores α1-adrenérgicos ativam a fosfolipase C, produzindo trisfosfato de inositol e diacilglicerol como segundos mensageiros; Os receptores α2-adrenérgicos inibem a adenilil ciclase, diminuindo a formação de AMPc; Todos os tipos de receptores β estimulam a adenilil ciclase. MECANISMO DE AÇÃO Ação direta: estimula os receptores adrenérgicos. Exemplos: noradrenalina, adrenalina, isoproterenol. Ação indireta: estimula liberação de noradrenalina. Exemplos: tiramina, anfetamina, ciclopentamina. Ação mista: tanto estimulam os receptores como a liberação de neurotransmissor. Exemplos: dopamina, efedrina e metaraminol. Figura 2: Classificação dos agonistas dos receptores adrenérgicos (aminas simpaticomiméticas) ou fármacos que produzem efeitos semelhantes aos simpaticomiméticos. RECEPTORES ADRENÉRGICOS Receptores α1: vasoconstrição, relaxamento da musculatura lisa gastrointestinal, midríase, secreção salivar e glicogenólise hepática. Receptores α2: inibição da liberação de transmissores (incluindo a liberação de norepinefrina e acetilcolina pelos nervos autônomos), agregação plaquetária, contração do músculo liso vascular, da liberação de insulina. 16 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Receptores β1: aumento da frequência (taquicardia) e da força de contração cardíacas, hipertrofia cardíaca tardia. Receptores β2: broncodilatação, vasodilatação, relaxamento da musculatura lisa visceral, glicogenólise hepática e tremores musculares. Receptores β3: lipólise e termogênese; relaxamento do músculo detrusor da bexiga. Uma dica importante e útil é lembrar que a ação sobre receptores 1 causa excitação ou contração e ação sobre receptores 2 causa inibição ou relaxamento. α2: inibir a liberação de neurotransmissores; β1: efeitos cardíacos; β2: efeitos vasculares e respiratórios (broncodilatação); β3: mobilização de lipídios. AGONISTAS DE RECEPTORES ADRENÉRGICOS A norepinefrina e a epinefrina mostram relativamente pouca seletividade de receptor. Agonistas α1 seletivos incluem fenilefrina e oximetazolina. Agonistas α2 seletivos incluem clonidina e α- metilnorepinefrina. Esses agentes causam queda da pressão sanguínea, em parte por inibição da liberação de norepinefrina e em parte por uma ação central. A metildopa, desenvolvida como um fármaco hipotensor (hoje em dia, praticamente obsoleto, exceto durante a gravidez), dá origem à formação do falso mediador metilnorepinefrina. Agonistas β1 seletivos incluem a dobutamina. O aumento da contratilidade cardíaca pode ser útil clinicamente, mas todos os agonistas β1-adrenérgicos podem causar arritmias cardíacas. Agonistas β2 seletivos incluem salbut, terbutalina e salmeterol, usados principalmente na asma por sua ação broncodilatadora. Um agonista β3 seletivo, mirabegron, é utilizado no tratamento da bexiga hiperativa. Os agonistas β3 promovem a lipólise e apresentam um potencial de tratamento na obesidade. USOS CLÍNICOS DOS AGONISTAS DE RECEPTORES ADRENÉRGICOS Sistema cardiovascular: Parada cardíaca: epinefrina. Choque cardiogênico: dobutamina (agonista β1). Anafilaxia (hipersensibilidade aguda): epinefrina. Sistema respiratório: Asma: agonistas seletivos de receptores β2 (salbut, terbutalina, salmeterol, formoterol). Descongestão nasal: gotas contendo xilometazolina ou efedrina para curta duração de uso. Outras indicações: Epinefrina: em associaçãoa anestésicos locais para prolongar sua ação. Trabalho de parto prematuro (salbut). Agonistas α2 (p. ex., clonidina): para reduzir a pressão arterial e a pressão intraocular; como fármaco coadjuvante durante a retirada de drogas em dependentes; para reduzir os rubores da menopausa; e para reduzir a frequência das crises de enxaqueca. Não tem autorização para o tratamento da síndrome de Tourette, caracterizada por tiques múltiplos e surtos de linguagem imprópria. O agonista β3, mirabegron: tratamento de micções cada vez mais frequentes e urgentes e incontinência (sintomas da bexiga hiperativa). DROGAS ADRENÉRGICAS ADRENALINA | EPINEFRINA Secretada pela medula das adrenais. Não seletiva: atua em vários receptores. Coração: estimulante cardíaco potente (beta-1). Inotropismo e cronotropismo positivo. Doses elevadas: arritmia, extrassistolia e fibrilação ventricular. Vasos Sanguíneos: arteríolas e esfíncteres pré- capilares. Alfa-1: constrição e redução do fluxo sanguíneo cutaneomucoso, mesentérico e renal. Beta-2: vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo (musculatura esquelética). Doses menores efeitos beta, doses maiores efeitos alfa. Pressão Arterial: elevação da PA. Aumenta o débito cardíaco: aumenta pressão sistólica. Vasodilatação periférica (beta-2): diminui a pressão diastólica. Pressão arterial média não varia significativamente. Efeitos metabólicos: Aumenta as concentrações de glicose e de lactato no sangue: liberados pelo fígado e músculo, respectivamente; Inibe a secreção de insulina (receptores α2) e intensificada pela ativação (receptores β2): ilhotas pancreáticas; - Diminui a captação de glicose pelos tecidos periféricos parte devido a seus efeitos sobre a secreção de insulina, mas também por efeitos diretos sobre o músculo esquelético; Aumenta a secreção de glucagon aumenta (receptores β): ilhotas pancreáticas; Aumenta as concentrações de ácidos graxos livres no sangue (receptores β): adipócitos. Efeitos Respiratórios: Broncodilatação (beta adrenérgicos). Reverte a broncoconstrição causada pela histamina e leucotrienos. 17 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN USOS CLÍNICOS a. Alívio de broncoespasmo: via subcutânea 0,1 a 0,3 ml a cada 4 ou 6 horas. - Pode ser usada EV no choque anafilático. b. Parada cardíaca: via intracardíaca 0,5 a 1 ml. c. Reações alérgicas graves: liberação maciça de histamina. d. Choque e bloqueio atrioventricular: desuso graças aos agonistas beta seletivos. REAÇÕES ADVERSAS Tremores; Palpitações; Arritmias cardíacas graves; Crises hipertensivas (hemorragia cerebral). NORADRENALINA Sinonímias: Norepinefrina, Levarterenol. Muito semelhante a adrenalina em termos de estrutura varia por falta de um CH3 ligado a um N. Mediador químico das fibras pós-ganglionares simpáticas. Ações farmacológicas: Potente estimulante para alfa e beta-1, com baixa ação sobre beta-2. Atua de forma eficiente sobre alfa-2: regulação da liberação de NA - autorregulação. As ações farmacológicas da NE e da epinefrina são comparadas: Ambos são agonistas diretos nas células efetoras, e suas ações diferem principalmente na eficácia de estimulação dos receptores α e β2. Equipotentes na estimulação dos receptores β1. NE é potente agonista α, com pouca ação sobre os receptores β2; Menos potente do que a epinefrina sobre os receptores α da maioria dos órgãos. Efeitos cardiovasculares: Aumenta pressão sistólica e diastólica: aumento da resistência periférica. Ativação dos barorreceptores com bradicardia reflexa: DC cai ou permanece inalterado. Aumento da resistência periférica total. Diminui fluxo sanguíneo para rins, músculos esqueléticos e fígado. Aumenta a irrigação coronária. Ao contrário da epinefrina, a administração de pequenas doses de NE não provoca vasodilatação nem diminui a pressão arterial, visto que os vasos sanguíneos do músculo esquelético sofrem mais contração do que dilatação. Por conseguinte, os antagonistas dos receptores α- adrenérgicos anulam os efeitos pressores, mas não produzem uma reversão significativa (i.e., hipotensão). USOS CLÍNICOS Era utilizada para tratar hipotensão arterial, mas tornou-se obsoleta com a melhor compreensão do choque e desenvolvimento de outros fármacos. Baixa margem de lucro. Não é vendida comercialmente no Brasil. REAÇÕES ADVERSAS Semelhantes às da adrenalina: tremores; palpitações; arritmias cardíacas graves; crises hipertensivas (hemorragia cerebral). Necrose no local da injeção EV quando havia extravasamento. ISOPROTERENOL Sinonímias: Isoprenalina, Isopropilnoradrenalina. Mais potente estimulante beta-adrenérgico. Catecolamina sintética. Ações farmacológicas: Estimulação beta adrenérgica. Discreta elevação na pressão sistólica (PAS), queda na pressão diastólica (PAD) e redução da pressão média (PAM). Aumento do débito cardíaco: beta-1. Aumenta fluxo sanguíneo para os músculos (vasodilatação): beta-2. Relaxa musculatura brônquica (broncodilatação) e do TGI: beta-2. Estimula a glicogenólise, mas não a lipólise: alfa-1. USOS CLÍNICOS Asma brônquica: inalação aerossol. Bloqueio atrioventricular: 1 a 4 microgramas/min EV. Choque cardiogênico: 1 a 4 microgramas/min EV. Parada cardíaca: dissociação eletromecânica - atividade elétrica sem pulso. REAÇÕES ADVERSAS Palpitações em pacientes asmáticos. Taquicardias. Arritmias. Necrose cardíaca (dose EV excessiva). DOPAMINA Neurotransmissor Precursor metabólico da Noradrenalina e da Adrenalina. Amina de ação mista (estimula a liberação de NA nas terminações adrenérgicas). Em pequenas concentrações, estimula receptores dopaminérgicos. Em grandes concentrações, estimula a produção de noradrenalina e estimula diretamente os receptores adrenérgicos α e β. Degrada pela MAO e pela COMT. 18 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Efeitos cardiovasculares: Efeito inotrópico positivo: ação direta beta-1 e liberação de NA. Aumento da pressão sistólica e manutenção da diastólica. Importante no tratamento de choque: substitui os alfa-adrenérgicos que causam contração dos vasos renais. Em doses baixas ou intermediárias, a resistência periférica total permanece inalterada, devido à sua capacidade de reduzir a resistência arterial regional em alguns leitos vasculares, como o mesentérico e o renal. Em altas concentrações, ativa os receptores α1 vasculares, resultando em vasoconstrição mais generalizada. A taquicardia é menos proeminente durante a infusão de DA do que durante a do isoproterenol. USOS CLÍNICOS Hipotensão arterial com resistência periférica baixa ou normal e oligúria. Tratamento de diversos tipos de choque. Hipotensão grave após infarto agudo do miocárdio (IAM). Insuficiência cardíaca congestiva crônica refratária: cardiotônico e vasodilatador renal. Infusão EV contínua: 2 ampolas de 100 mg em 500 ml de soro = 200 microgramas/ml. Inativada por soluções alcalinas. DOBUTAMINA Catecolamina sintética. Agonista beta-1, com discreta ação sobre alfa-1 e beta- 2. Inotropismo positivo. Menor efeito hipertensor que a dopamina. Comercializada em ampolas de 250 mg. Usada pelo efeito inotrópico na insuficiência cardíaca crônica de baixo débito. EFEDRINA Estimula a liberação de NA. Possui meia vida plasmática mais longa: resiste a ação da MAO - alfametilada. Agonista direto sobre receptores alfa e beta. Ações farmacológicas: Efeitos cardiovasculares semelhantes aos da adrenalina (alfa-1 e beta 1 e 2). Aumento da pressão arterial sistólica e diastólica. Broncodilatador (beta-2). USOS CLÍNICOS Tratamento da asma brônquica. Associação comantialérgicos. ANFETAMINAS Utilizada na II Guerra Mundial (efeitos estimulantes): diminuem o sono e a fadiga (cansaço). O sono tem função de estabilizador psicológico, recupera o organismo → fadiga intensa após o efeito. Drogas de abuso. Anorexígenos: diminuem o apetite. Associações com ansiolíticos. Liberam NA nos terminais adrenérgicos e ação agonista direta em receptores. Liberação de Dopamina. Doses elevadas (eventos psicóticos). Potente estimulador do SNC. Sistema cardiovascular: Eleva a pressão arterial sistólica e diastólica. Diminui a frequência cardíaca: arritmias cardíacas em grandes doses. Débito cardíaco e fluxo sanguíneo cerebral permanecem inalterados em doses terapêuticas. USOS CLÍNICOS Tratamento da obesidade. Narcolepsia (raro). REAÇÕES ADVERSAS Dependência física. Insônia. Nervosismo. Fadiga (após o efeito). Tremores. Psicose (em doses elevadas). 19 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN ANTIADRENÉRGICOS Os antagonistas adrenérgicos também são chamados de simpaticolíticos (bloqueiam a manifestação do simpático), antiadrenérgicos, bloqueadores adrenérgicos ou bloqueadores de receptores adrenérgicos. Mecanismo de ação: Os fármacos antagonistas adrenérgicos têm alta afinidade pelos receptores adrenérgicos, porém eles não são agonistas são antagonistas; Os antagonistas adrenérgicos bloqueiam as ações da noradrenalina e as ações dos agonistas adrenérgicos sobre células efetoras. Eles bloqueiam receptores α 1, α 2, β1 e β2. Figura 3: Classificação dos antagonistas dos receptores adrenérgicos. Os fármacos assinalados com um asterisco (*) também bloqueiam os receptores α1. ANTAGONISTAS DE RECEPTORES ALFA ADRENÉRGICOS Pouca aplicabilidade clínica. Efeitos indesejáveis inconvenientes. Divididos em: Haloalquilaminas Imidazolinas Alcalóides do Ergot: bloqueiam os receptores α, e apresentam outras ações, principalmente em receptores 5-HT. USOS CLÍNICOS Fármacos que bloqueiam receptores α1 e α2- adrenérgicos (p. ex., fenoxibenzamina e fentolamina): vasodilatação no tratamento de doenças vasculares periféricas, mas esse uso na atualidade está muito obsoleto. Antagonistas seletivos α1 (p. ex., prazosina, doxazosina, terazosina) são utilizados no tratamento da hipertensão e da hipertrofia benigna da próstata. Os efeitos adversos incluem hipotensão postural, incontinência de estresse e impotência. A tansulosina é α1A seletiva e age principalmente no trato urogenital. É utilizada no tratamento da hipertrofia benigna da próstata e pode causar hipotensão postural, menor do que com outros agonistas α1. Feocromocitoma: fenoxibenzamina (antagonista irreversível) no preparo pré- cirúrgico. é um tumor nas células cromafins (produzem adrenalina), que causa hipertensão, pois provoca níveis altos de catecolaminas endógenas. A administração de haloalquilaminas é um tratamento paliativo; só fazer a cirurgia. HALOALQUILAMINAS: DIBENAMINA E FENOXIBENZAMINA Bloqueadores não competitivos (curva dose resposta deslocada para a direita e achatada). Mais potentes em alfa-1. Provocam taquicardia intensa. Produzem hipotensão ortostática. IMIDAZOLINAS: TOLAZOLINA E FENTOLAMINA Antagonismo competitivo: competem com as catecolaminas endógenas. Fentolamina (alfa-1 e 2) e Tolazolina (mais afinidade alfa-2). ALCALÓIDES DO ERGOT: ERGOTAMINA E ERGOTOXINA Ação vasoconstritora intensa podendo levar a necrose de extremidades. Produzido pelo fungo Claviceps purpurea (cereais). Ergotismo (isquemia de dedos). PRAZOSINA Bloqueador alfa-adrenérgico. Usado na terapia da hipertensão arterial. Usado na Insuficiência Cardíaca Congestiva (redução pré e pós carga). Maior afinidade sobre alfa-1 em relação a alfa-2. Menor tendência a causar taquicardia. Vasodilatação arteriolar e venosa. USOS CLÍNICOS Tratamento da hipertensão arterial: normalmente associado com um beta bloqueador, um diurético ou ambos. Tratamento da Insuficiência Cardíaca Refratária. Dose: 2 a 20 mg/dia. Tempo de ação: 8 a 12 horas. REAÇÕES ADVERSAS Fenômeno da primeira dose: hipotensão arterial inicial acentuada. Tonturas. Cefaleias. Zumbido. Poliúria. Parestesias. 20 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN ANTAGONISTAS DE RECEPTORES BETA ADRENÉRGICOS Não seletivos entre receptores β1 e β2-adrenérgicos: propranolol, alprenolol, oxprenolol. Seletivos para β1: atenolol, nebivolol. O alprenolol e o oxprenolol têm atividade agonista parcial. Muitos usos clínicos (quadro clínico, mais adiante). Riscos importantes são broncoconstrição e bradicardia com insuficiência cardíaca (possivelmente menos com agonistas parciais). Os efeitos colaterais incluem extremidades frias, insônia, depressão, fadiga. Alguns mostram eliminação pré-sistêmica rápida e, portanto, reduzida biodisponibilidade. Alguns fármacos (p. ex., labetalol, carvedilol) bloqueiam tanto receptores α como β. USOS CLÍNICOS Cardiovasculares: Angina de peito; Infarto agudo do miocárdio e infartos subsequentes; Prevenção de arritmias recorrentes (principalmente se induzidas por ativação simpática); Insuficiência cardíaca (em pacientes bem compensados); Hipertensão (não são mais de primeira escolha). Outros usos: Glaucoma (p. ex., timolol em colírio); Tireotoxicose, como adjuvante do tratamento definitivo (p. ex., pré- operatório); Ansiedade, no controle dos sintomas somáticos (p. ex., palpitações, tremor); Profilaxia da enxaqueca; Tremor essencial benigno (distúrbio familiar). EFEITOS INDESEJÁVEIS Broncoconstrição. Depressão cardíaca. Bradicardia. Hipoglicemia. Fadiga. Extremidades frias. BETABLOQUEADORES Antagonistas competitivos de receptores β; Estrutura química parecida com a do isoproterenol. Os receptores β1 estão localizados no coração. Os receptores β2 são encontrados na musculatura lisa dos brônquios e dos bronquíolos, no útero e nos vasos da musculatura esquelética, entre outros locais. CLASSIFICAÇÃO Atividade simpaticomimética intrínseca (ASI): Ação agonista parcial. Exercem efeitos quantitativamente bem menores que o agonista. Ex.: Pindolol e Oxprenolol. Indicado para pacientes que precisam de betabloqueadores, mas que possuem vasculopatia periférica ou baixa frequência cardíaca. Cardiosseletividade: Bloqueio de beta-1 em detrimento de beta-2. Indicados em pacientes propensos à broncoconstrição (asmáticos ou alérgicos). - Fármacos que bloqueiam os receptores β2, qualquer resposta alérgica provocará uma broncoconstricção potente. Ex.: Atenolol, metoprolol. Os mais indicados para tratamentos de hipertensão. Ação estabilizadora da membrana: Ação quinidínica (antiarrítmico) ou anestésica local. Capacidade de abolir arritmia cardíaca induzida pela ouabaína (animais). Irrelevante na prática clínica. FARMACOCINÉTICA Boa absorção por via oral. Metabolismo hepático. Meia vida de 2 a 13 horas. Metabólitos ativos (maior duração). AÇÕES FARMACOLÓGICAS Coração: Pessoas normais (desprovidas de ASI): pouco efeito sobre o coração normal. - No indivíduo normal, o simpático não está agindo muito; eles não estão tendo descarga adrenérgica grande e sua pressão arterial está controlada. A ação predominante é da acetilcolina. A redução da frequência não é percebida. - Naqueles com atividade simpaticomimética intrínseca, pode ocorrer taquicardia. Pessoas com hiperatividade adrenérgica: diminuição da frequência cardíaca - Em hipertensos, o simpático está em intensa atividade; os níveis de adrenalina e de noradrenalina estão altos e atividade cardíaca está aumentada. O β-bloqueador causará diminuição significativa da frequência cardíacanesses indivíduos. Diminuem a contratilidade miocárdica. Queda no débito cardíaco. Vasos sanguíneos: Inibe a vasodilatação provocada por beta-2. Como diminui o débito cardíaco há um contrabalanceamento. 21 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Outros efeitos: Brônquios: broncoconstrição. Útero: contratilidade uterina – pré-maturos e abortos. TGI: impede o relaxamento do piloro – refluxo gastresofágico. Olho: impede a midríase e reduz a pressão intraocular. USOS CLÍNICOS Angina pectoris: redução do consumo de oxigênio. Anti-hipertensivo: formas leves, pacientes jovens, FC elevada. Arritmias cardíacas. Enxaquecas. Redução de mortalidade após infarto do miocárdio. REAÇÕES ADVERSAS Broncoespamos, bradicardia, hipoglicemia, hipotensão, insuficiência cardíaca. Síndrome do Proctalol: alterações oculares, manifestações cutâneas e polisserosite. Interrupção abrupta em coronariopatias: angina, arritmia e IAM. DROGAS QUE REDUZEM A FUNÇÃO DO NEURÔNIO ADRENÉRGICO RESERPINA Causa depleção de catecolaminas das fibras simpáticas pós-ganglionares, bloqueando a transmissão. Diminui os níveis centrais de adrenalina, NA e serotonina. Uso clínico como anti-hipertensivo. Aumenta acidez gástrica e suicídios. Dose: 0,1 a 0,25 mg / dia. METILDOPA Conversão em alfa-metil-noradrenalina no SNC. Ação inibitória sobre o tônus simpático. Receptores alfa-2 pré-sinápticos reduzindo a neurotransmissão adrenérgica. Dá origem a um falso transmissor (metilnorepinefrina), que é um agonista α2- adrenérgico potente, causando uma forte retroalimentação pré-sináptica inibitória (bem como ações centrais). Dose:0,5 a 3g de 8 e m 8 horas. Redução da resistência periférica. Uso em gestantes. Figura 4: Locais de ação de fármacos.
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