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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA - TXXXI MIWA MARUYAMA DE MOURA PAIVA Sistema Complemento DEFINIÇÃO O sistema complemento é composto por um conjunto de proteínas e de membrana celular que tem um importante papel no processo de defesa contra lesões teciduais e microrganismos. Os microrganismos podem ativar o sistema complemento na ausência de anticorpos, sendo resposta inata à infecção, e também pode ser ativado por anticorpos ligados a microrganismos, como imunidade adaptativa. RESPOSTA INFLAMATÓRIA O sistema complemento tem como um dos objetivos o reparo tecidual, que é desencadeado pela agressão ao tecido e morte celular por necrose, que pode ser ocasionada por agentes não infecciosos ou por agentes infecciosos, no último caso, pode ocorrer a regeneração (manutenção da função) ou a cicatrização (perda de função). A resposta inflamatória é mediada por células do sistema imune e células solúveis que podem indicar inflamação aguda, onde há ação dos macrofagos, células dendríticas, mastocitos, granulócitos e NKs ou inflamação crônica, com a ação de macrofagos, células dendriticas e linfócitos T e B. A inflamação apresenta eventos vasculares, celulares e humorais e é caracterizada por sinais flogísticos ou cardinais, como rubor, calor, edema, dor e perda de função. RUBOR: a vasodilatação e o aumento na permeabilidade vascular causados pela acao dos mediadores inflamatórios (histamina) causam a coloração avermelhada. CALOR: o aumento do fluxo sanguíneo local, juntamente com a ativação do metabolismo celular, o que resulta no aumento da temperatura local. EDEMA: com a saída de íons, moléculas e células sanguíneas do meio intracelular para o extracelular causa o edema. DOR: a passagem de componentes para o espaço intersticial causa o estímulo de terminações nervosas, resultando em dor. PERDA DE FUNÇÃO: o processo de cicatrização causa o aparecimento de tecido fibroso, como resultado a função do órgão ou tecido acometido pela inflamação é prejudicado. VIAS DE ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO VIA ALTERNATIVA A via alternativa é ativada quando o C3b é depositado na superfície de um microrganismo, formando ligações com proteínas microbianas ou polissacarídeos, sendo protegido de degradação. O C3b liga-se então em na proteína fator B, que é destruída por uma protease plasmática chamada fator D, formando o fragmento Bb. O Bb permanece ligado a C3b, dessa forma, o complexo C3bBb funciona como uma enzima (via alternativa C3 convertase) para quebrar mais moléculas C3. A C3 convertase é estabilizada pela properdina, e o UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA - TXXXI MIWA MARUYAMA DE MOURA PAIVA resultado de toda a atividade enzimática é a alta produção e ligação de moléculas C3b e C3bBb nos microrganismos. Algumas células de C3bBb se ligam a outra C3b, resultando em C3bBb3b, que atua como C5 convertase, que quebra a proteína complementar C5 e inicia as etapas tardias de ativação do complemento. VIA CLÁSSICA A via clássica é acionada quando o IgM ou IgG se ligam a antígenos, o que torna as regiões Fc adjacentes dos anticorpos acessíveis, permitindo a ligação da proteína C1 do complemento (composta pela C1q e duas proteases C1r e C1S). O C1 torna-se enzimaticamente ativo, resultando na clivagem da ligação das proteínas C4 e C2. A proteína C4 é fragmentada gerando C4b que liga-se ao anticorpo e posteriormente à C2, que é clivada por C1 ativo para obter o complexo C4b2a. Esse complexo é a via clássica C3 convertase, que atua quebrando C3 e o C3b gerado se liga ao organismo. Alguns do complexo C3b ligam-se ao C4b2a, resultando em C4b2a3b, que atua como a C5 convertase que cliva a proteína do complemento C5. VIA DA LECTINA A via da lectina é iniciada pela fixação da lectina ligadora de manose (MBL) aos microrganismos. As serina-proteases (relacionadas aos C1s) ativam a C4. A partir daí as reações são as mesmas da via clássica, a proteína C4 é fragmentada gerando C4b que liga-se ao anticorpo e posteriormente à C2, que é clivada por C1 ativo para obter o complexo C4b2a. Esse complexo é a via clássica C3 convertase, que atua quebrando C3 e o C3b gerado se liga ao organismo. Alguns do complexo C3b ligam-se ao C4b2a, resultando em C4b2a3b, que atua como a C5 convertase que cliva a proteína do complemento C5. As vias alternativas e da lectina sao mecanismos efetores da imunidade inata, enquanto a via clássica é um mecanismo da imunidade humoral adaptativa. Após as etapas iniciais, os microrganismos adquirem um revestimento de C3b e possuem as mesmas etapas tardias. ETAPAS TARDIAS São iniciadas pela ligação de C5 a C5 convertase, que sofre lise e gera C5b. Os componentes restantes (C6, C7, C8 e C9) ligam-se a um complexo nucleado por C5b. A proteína C9 polimeriza para formar um poro na membrana, permitindo a passagem de água e íons, causando a lise do antígeno. O complexo C5-9 é chamado de complexo de ataque à UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO MEDICINA - TXXXI MIWA MARUYAMA DE MOURA PAIVA membrana (MAC) e a formação deste é o resultado final da ativação do complemento. FUNÇÕES DO SISTEMA COMPLEMENTO OPSONIZAÇÃO Os microrganismos revestidos por C3b são fagocitados por serem reconhecidos pelo receptor do complemento do tipo 1 (CR1 ou CD35) expresso nos fagocitos. Dessa forma, a C3b funciona como uma opsonina, sendo provavelmente a função mais importante do complemento na defesa contra patógenos. LISE CELULAR O MAC pode induzir a lise osmótica das células, incluindo os microrganismos, sendo eficaz apenas contra antígenos que possuem paredes celulares finas e pouco ou nenhum glicocálice. INFLAMAÇÃO Os fragmentos C3a e C5a produzidos pela proteólise de C3 e C5, estimulam a liberação de mediadores inflamatórios a partir de vários leucócitos, e posteriormente atuam sobre as células endoteliais com a finalidade de aumentar a circulação de leucócitos e proteínas plasmáticas nos tecidos. Assim, os fragmentos do complemento induzem reações inflamatórias que também servem para eliminar os microrganismos. QUESTÕES Pacientes portadores de doença hepática crônica podem apresentar comprometimento imunológico: devido ao comprometimento da produção das proteínas do sistema complemento. Quais proteínas do sistema complemento estão presentes somente na via alternativa? R. Fator B e fator D. Quais proteínas do sistema complemento participam da formação de C3 convertase? R.: Ativação pela via clássica e das lectinas: C2 e C4; Ativação pela via alternativa: Fator B e C3. A ativação do sistema complemento durante a resposta imune inata: R.: Se dá na presença de microrganismos a partir da hidrólise do componente C3 ou na presença de manose presente na parede dos fungos. O complexo de ataque a membrana é: R.: Polímero formado a partir da ativação do sistema complemento, com o objetivo de lesar a parede/membrana do microrganismo.
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