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PETIÇÃO INICIAL - REQUISITOS INTRODUÇÃO Este tópico inaugura a parte especial do CPC. PETIÇÃO INICIAL DEMANDA INSTRUMENTO DA DEMANDA FORMADA A PARTIR DA PETIÇÃO INICIAL PLANO FÍSICO PLANO ABSTRATO EFEITOS DA PETIÇÃO INICIAL: 1. De início ela é protocolada, a propositura confere início ao processo: Art. 312, CPC: Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. A partir do registro (quando a comarca é de vara única) ou distribuição (quando há mais de uma comarca) dá-se o efeito da PERPETUATIO JURISDICTIONIS, ou seja, da fixação da competência, o juízo que recebe a petição inicial se torna competente e a competência se perpetua. Por consequência: nenhuma modificação de fato ou de direito vai modificar esta competência - no entanto há exceções trazidas pelo próprio artigo: Art. 43, CPC: Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta. 2. Prevenção: todas as ações conexas serão atraídas por este juízo competente: Art. 59, CPC: O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo Despacho positivo: é o despacho do juiz que faz com que se admita a ação. Mesmo o juiz sendo incompetente ele pode proferir este despacho positivo e a partir de então teremos o efeito da interrupção da prescrição (art 240 §1°CPC), este efeito pode inclusive retroagir à data da propositura da ação. No entanto, esta interrupção é precária - pode deixar de valer em um momento posterior. Exemplo: um réu citado vem ao processo se manifestar, podendo trazer algum argumento que faça com que a pi seja indeferida. Neste caso a prescrição deixa de valer, ou seja, se o juiz indefere a petição inicial a interrupção deixa de valer. Art. 240, §1º, CPC: A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. Art. 202, CC: A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual. REQUISITOS GERAIS DA PETIÇÃO INICIAL: Art. 319, CPC: A petição inicial indicará: 1. I - O JUÍZO A QUE É DIRIGIDA; - TEM QUE SER DITO A QUAL JUÍZO A AÇÃO É COMPETENTE. 2. II - OS NOMES, OS PRENOMES, O ESTADO CIVIL, A EXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL, A PROFISSÃO, O NÚMERO DE INSCRIÇÃO NO CPF OU NO CNPJ, O ENDEREÇO ELETRÔNICO (DO AUTOR E SE POSSÍVEL DO RÉU), O DOMICÍLIO E A RESIDÊNCIA DO AUTOR E DO RÉU; (INTERFERÊNCIA MINHA) § 1º caso não disponha das informações previstas no inc. ii, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. Exemplo: se o autor não sabe o endereço do réu poderá pedir ao juiz a pesquisa no sistema. § 2º A Petição Inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inc. II, for possível a citação do réu. Exemplo: o autor que conhece o réu por um apelido que todos usam, pode entrar com um processo relatando este nome, desde que seja possível identificar o réu para citação. § 3º A Petição Inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inc. II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. OBS: Art. 554, § 1º, CPC: No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. Exemplo: o autor da ação possui um imóvel invadido por várias pessoas, ele não sabe quem são essas pessoas. Neste caso é possível que nesta ação possessória o Oficial de Justiça cite pessoalmente quem está ali, identificando os nomes e cite por edital os demais interessados. 3. II I - O FATO E OS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO; Luiz Guilherme Marinoni traz a classificação: CAUSA DE PEDIR PRÓXIMA: refere-se aos fundamentos jurídicos. Ou seja, o que está próximo do advogado, são os fundamentos jurídicos. CAUSA DE PEDIR REMOTA: refere-se aos fatos. Está próximo ao cliente, pois foi com ele que os fatos se deram e distante do advogado. TEORIA DA SUBSTANCIAÇÃO: interessa a descrição do contexto fático (essencial) descrito (substanciado) na petição inicial. Esta teoria é adotada como regra. TEORIA DA INDIVIDUALIZAÇÃO: apenas relação jurídica interessa, fatos são de cunho secundário. Esta teoria é adotada como exceção. Exemplo: ação de divórcio – basta que a inicial indique que o casamento existiu e, portanto, não interessa os motivos pelos quais o divórcio está sendo pedido. 4. IV - O PEDIDO COM AS SUAS ESPECIFICAÇÕES; ➢ CONCEITOS: PEDIDO IMEDIATO – Trata-se do provimento jurisdicional desejado; da pretensão jurídica. Ou seja, é aquilo que está perto do advogado. PEDIDO MEDIATO – Trata-se da pretensão fática. Relaciona-se à vida do cliente. Exemplo: Quando ao pedido da condenação do réu ao pagamento. ➢ A condenação = {provimento jurisdicional} ➢ Pagamento = {pretensão fática} Art. 141, CPC. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492, CPC. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. SENTENÇA ULTRA PETITA = quando o juiz recebe, analisa e vai além do pedido. Exemplo: a parte pede indenização de 10 mil reais e dá direito a 15 mil reais. SENTENÇA EXTRA PETITA = quando a parte alega indenização por danos materiais e o juiz confere o direito ao dano moral também. SENTENÇA INFRA OU CIFRA PETITA = quando o juiz fica aquém daquilo que foi pedido - não analisa o pedido. Não se pode confundir com a improcedência de um pedido, pois é necessário que o juiz fundamente as duas coisas (a procedência de um e a improcedência do outro). Também não se pode também confundir com a redução do valor pedido. Exemplo: a parte pede 10 mil e o juiz confere 3 mil - neste caso a condenação não gera sucumbência súmula STJ 326. EM REGRA: O pedido deve ser certo e mediato! Mas existem exceções: 1. PEDIDO IMPLÍCITO: Art. 322, § 2º, CPC. A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Exemplo: o autor que fala menos do que deveria ter falado, mas é possível entender o que foi pedido. Neste caso fere a formalidade, mas não invalida a petição inicial. 2. CUMULAÇÃO LEGAL DE PEDIDOS: • PRESTAÇÕES PERIÓDICAS: Art. 323, CPC. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las. • CONSECTÁRIOS LEGAIS: Art. 322, § 1º, CPC. Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. Art. 85, § 18, CPC. Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança. EM REGRA: O pedido deve serdeterminado. Mas há exceções: 1. DETERMINADO: Deve-se especificar o quantum por danos morais. No entanto a exceção está nos casos do §1° do art 324 CPC, em que não há necessidade de especificar. 2. PEDIDO GENÉRICO: Art. 324, CPC. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: A) I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; Exemplo: Na ação de herança. É possível que o autor faça o pleito de ⅓ de tudo, mas não sabe o que seria este tudo, pois será averiguado durante o processo. B) II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; Exemplo: ação decorrente de um acidente de trânsito. Supondo que o autor até então já gastou X com o tratamento médico, mas ainda não sabe quais são todas as consequências materiais decorrentes do ato ilícito do réu, este valor poderá ser estabelecido posteriormente. C) III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Exemplo: ação de prestação de contas. O autor não sabe o valor exato que será declarado. ➢ ALTERAÇÃO DO PEDIDO: A depender do momento do processo o pedido poderá ser ampliado pela parte. Art. 329, CPC. O autor poderá: I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu; II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. NO ENTANTO, após o saneamento do processo É VEDADO. ➢ CUMULAÇÃO DE PEDIDOS: 1. CUMULAÇÃO PRÓPRIA (mais de um pedido): A. SIMPLES: A e B. Sem relação entre os pedidos. Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão. B. SUCESSIVA: A, se sim, também B. Pedidos dependentes. Art. 327. Exemplo: considerando um pedido de reconhecimento de paternidade, o pedido de alimentos poderá ser sucessivo. 2. CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA (apenas um pedido): A. SUBSIDIÁRIA: A. Se não, B. Com ordem de preferência. Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior. B. ALTERNATIVA: A ou B. Sem ordem de preferência. Art. 326, p. ú. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles. ≠ Pedido alternativo: Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo. OBS: trata-se de um só pedido - e esse pedido é que pode ser cumprido de duas formas. 3. CUMULAÇÃO SUPERVENIENTE (após propositura): A. HOMOGÊNEA: ampliação do pedido, pela mesma parte. Art. 329. O autor poderá: (...) aditar ou alterar o pedido (...). B. HETEROGÊNEA: na reconvenção; por parte diferente. Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa ➢ REQUISITOS PARA A CUMULAÇÃO DE PEDIDOS Art. 327, §1º. São requisitos de admissibilidade da cumulação que: 1. I - os pedidos sejam compatíveis entre si; § 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326. → Cumulação Imprópria Alternativa → Cumulação Imprópria Subsidiária/Eventual 2. II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; (não se pode trazer um pedido penal em uma ação civil). 3. III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. 4. Identidade de Partes § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum. OBS: Art. 555, CPC. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; II - indenização dos frutos. (essas hipóteses advém do próprio ato de esbulho ou de turbação) Exemplo: consignação em pagamento + outro pedido (Art. 542, CPC). Na petição inicial, o autor requererá: I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3º ; II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. 5. V - O VALOR DA CAUSA; É a expressão monetária do conteúdo econômico da demanda, é o que o autor pretende ganhar ao final do processo. Este valor da causa existe com a finalidade de definir as custas do processo, as custas judiciais são taxas/uma espécie de tributo. Art. 291, CPC: A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível. Mesmo que o autor não queira algo que possa ser quantificado em dinheiro (como o processo de adoção), deve-se trazer de forma subjetiva algum valor que lhe seja adequado. Art. 292, CPC: O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal. § 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras. (inclusive juros de mora) § 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações. §3° O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes. 6. VI - AS PROVAS COM QUE O AUTOR PRETENDE DEMONSTRAR A VERDADE DOS FATOS ALEGADOS; 7. VII - A OPÇÃO DO AUTOR PELA REALIZAÇÃO OU NÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO O autor em sua inicial deve dizer se possui interesse na conciliação, já o réu após citado deve manifestar-se dizendo se gostaria ou não - o silêncio presume a vontade de participação. Art. 334, CPC. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. § 4º A audiência não será realizada: I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; (trata-se de uma questão prática de economia processual) II - quando não se admitir a autocomposição. (quando tratar de direito personalíssimo, direito indisponível, etc...) § 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. 8. ART. 320, CPC. A PETIÇÃO INICIAL SE RÁ INSTRUÍDA COM OS DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA AÇÃO. DOCUMENTO INDISPENSÁVEL: aquele cuja ausênciaimpede a própria análise de admissibilidade da demanda. Exemplo: na ação de adoção, o documento indispensável seria a certidão de nascimento, já na ação de divórcio, a certidão de casamento. Exemplo 2: Art. 104, CPC. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente. § 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz. 9. CAPACIDADE POSTULATÓRIA Exemplo: não há como o advogado propor a inicial se não tiver inscrição na OAB. REQUISITOS ESPECÍFICOS: Nas ações de revisão de obrigação decorrente de empréstimo, financiamento, alienação de bens, o Autor deve dizer o que é incontroverso ou não. Entretanto, transfere-se o ônus ao réu se o autor não possui as armas para pleitear justamente. Apesar disso, o valor da revisão deve estar previsto desde a inicial. Art. 330, § 2º, CPC. Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
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