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ASPECTOS JURÍDICOS DO NEGÓCIO JURÍDICO - Direito Civil

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ASPECTOS JURÍDICOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
	De acordo com Caio Mário (2011), o fundamento e os efeitos do negócio jurídico assentam-se na vontade que atua na conformidade com os preceitos ditados pela ordem legal. O papel da vontade na etiologia do negócio jurídico é bastante relevante, pois procura identificar a sua própria ideia conceitual com a declaração de vontade, constituindo-se desta forma sua definição.
	Ainda de acordo com o autor, é essencial que a vontade, no negócio jurídico, se exteriorize e se divulgue por uma missão, de forma a levar a decisão do mundo interior ao mundo exterior. A vontade interna é que traz a força jurígena, mas é a sua exteriorização pela manifestação que a torna conhecida, o que permite dizer que a produção de efeitos é um resultado da vontade, mas que esta não basta sem a manifestação exterior.
	Conforme Gonçalves (2013), os requisitos de existência do negócio jurídico são os seus elementos estruturais: a declaração de vontade, a finalidade negocial e a idoneidade do objeto. Para o autor, se faltar qualquer um desses objetos o negócio inexiste. Sobre a vontade, como já dito pelo Caio Mário (2011), é imprescindível que se exteriorize. A manifestação da vontade pode ser expressa (palavra falada ou escrita, mímica, gestos, etc.), tácita (a que se interfere da conduta do agente) ou presumida (a declaração não realizada expressamente, mas que a lei deduz de certos comportamentos do agente); nos contratos, pode ser a tácita, quando a lei não exigir que seja expressa. O artigo 111 do Código Civil nos diz que o silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando a lei der a ele tal efeito, como acontece nos artigos 539 (doação pura), 659 (mandato), ou quando tal efeito ficar convencionado em um pré-contrato ou ainda resultar dos usos e costumes (CC, art 432).
	Ainda conforme o autor, uma vez que a vontade é manifestada obriga o contratante. Esse princípio é o da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda) e significa que o contrato faz lei entre as partes, não podendo ser modificado pelo Judiciário. Esse princípio também visa dar segurança aos negócios em geral. Porém, o princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva, baseado na cláusula rebus sic stantibus e na teoria da imprevisão e que autoriza o recurso ao Judiciário para se pleitear a revisão dos contratos, ante a ocorrência de fatos extraordinários e imprevisíveis. 
	Sobre a finalidade negocial ou jurídica, Gonçalves (2013), nos diz que é a vontade de criar, conservar, modificar ou extinguir direitos. Sem essa manifestação de vontade pode desencadear determinado efeito, preestabelecido no ordenamento jurídico, praticando o agente, então, um ato jurídico. A existência do negócio jurídico, porém, depende da manifestação de vontade com finalidade negocial, isto é, com a finalidade de produzir os efeitos supramencionados. 
	E sobre a idoneidade do objeto, Gonçalves nos diz que é necessária para que a realização do negócio que se tem em vista. Dessa forma, se a intenção é celebrar um contrato de mútuo, a manifestação de vontade deve recair sobre coisa fungível. No comodato, o objeto deve ser coisa infungível. Para a constituição de uma hipoteca é necessário que o bem dado em garantia seja imóvel, navio ou avião. Os demais bens são inidôneos para a celebração de tal negócio.
	Para que um negócio jurídico ser reconhecido como pleno para o ordenamento jurídico ele precisa estar em conformidade com o artigo 104 do Código Civil de 2002, que nos diz que a validade do negócio jurídico requer: agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita ou não em defesa em lei. 
Segundo Gonçalves (2013), a capacidade do agente é a aptidão para intervir em negócios jurídicos como declarante ou declaratório. A incapacidade de exercício é suprida, porém, pelos meios legais a representação e a assistência. Os absolutamente incapazes não participam do ato, sendo representados pelos pais, tutores ou curadores. Os relativamente incapazes já participam do ato, junto com os referidos representantes que assim os assistem. 
De acordo com Caio Mário (2011), apesar de os relativamente incapazes precisarem de assistência, no negócio jurídico, das pessoas que a lei determinar, existe algumas hipóteses em que expressamente o ordenamento jurídico lhes reconhece a ordem legal à faculdade de ação independente de tal proteção, como é o caso da facção testamentária (Código Civil, art. 1860, parágrafo único), para cuja eficácia não exige a lei a anuência ou autorização de outrem.
Ainda de acordo com Caio Mário (2011), a lei prevê outras possibilidades para que haja incapacidade, sem ser a civil, para que se realizem negócios jurídicos. Caio Mário (2011), para não confundir o leitor, utiliza o termo impedimentos para que essas restrições não se confundam com a teoria das incapacidades. Com o nome impedimentos, é positiva a restrição que a lei impõe a uma pessoa, em dadas circunstâncias, quanto a realização de certos atos, que são vigorantes apenas para aquele caso especificamente, enquanto há liberdade para agir em tudo mais. 
Para a validade do negócio jurídico, requer ainda, objeto lícito. Sobre o objeto lícito, Alvarenga (2014) nos diz que para a validade do negócio jurídico é necessário também observar se o objeto é lícito, de acordo com os bons costumes, com a ordem pública e com a moral. Pois, se o objeto for ilícito, nulo será o negócio jurídico. Em relação à possibilidade do objeto, deve ser física ou jurídica. A possibilidade física deve ser verificada de modo a tornar efetivo o negócio jurídico; que pode ser feito no campo físico ou natural. Dessa forma, sendo o objeto impossível fisicamente é nulo, a autora dá o exemplo de um contrato que obriga uma pessoa a reunir todo o sal do litoral brasileiro em um pote, o negócio é nulo. Já no aspecto da possibilidade jurídica se verifica no plano legal, não podendo ser válido um negócio jurídico se este for resultante de prestações que o próprio ordenamento jurídico proíbe expressamente, como vender herança de pessoa viva (artigo 426 do CC).
A autora nos diz que determinado é o objeto previamente descrito, qualificado e individualizado no início do negócio. Às partes só caberá seu cumprimento da forma combinada no momento da execução, por exemplo, na compra de um carro na concessionária. Já determinável é quando a individualização da prestação é futura, suscetível de determinação até o momento da execução, por exemplo, a compra e venda de soja a ser plantada, que no momento da celebração do contrato não pode ser individualizada. 
O terceiro requisito para que um negócio jurídico seja válido é a forma prescrita ou não em defesa da lei. Sobre esse requisito Gonçalves (2013) nos diz que a forma, em regra, é livre. As partes podem celebrar um contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. É nulo o negócio jurídico quando “não revestir a forma prescrita em lei” ou “for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para sua validade”. Em alguns casos a lei reclama também a publicidade, mediante o sistema de Registros Públicos. O autor acrescenta que podem ser distinguidas três espécies de formas: forma livre, forma especial (ou solene) e forma contratual. A forma livre é a predominante no direito brasileiro, sendo qualquer manifestação da vontade não imposta pela lei (palavra escrita ou falada, escrito público ou particular, gestos, mímicas etc). A forma especial (ou solene) é a exigida pela lei como requisito para validade de determinados negócios jurídicos. E a forma contratual é a convencionada pelas partes, pois os contratantes podem, portanto, mediante convenção, determinar que instrumento público torne-se necessário para a validade do negócio. O autor salienta que não se deve confundir forma, que é o meio para exprimir a vontade, com prova do ato ou negócio jurídico, que émeio para demonstrar a sua existência. 
O negócio jurídico é imenso quanto aos seus aspectos, porém, os requisitos de existência e os requisitos de validade são extremamente importantes para que haja, realmente, a efetivação de um negócio jurídico de acordo com o nosso ordenamento jurídico. Dentre os aspectos, segundo Caio Mário (2011), podemos dizer que a vontade desfecha o negócio no rumo dos efeitos queridos, mas tem de suportar o agente as conseqüências ligadas pelo ordenamento jurídico à disciplina do próprio ato. 
 
	
REFERÊNCIAS
ALVARENGA, Maria Amália de Figueiredo Pereira. Código Civil interpretado: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. Costa Machado, organizador; Silmara Juny Chinellato, coordenadora. – 7. Ed. – Barueri, SP: Manole, 2014.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: parte geral. - 20 ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. – 24 ed. – Rio de Janeiro, Editora Forense, 2011.

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