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CARCINOMAS DE TIREOIDE Carcinoma papilar (responsável por mais de 85% dos casos). Carcinoma folicular (5-15% dos casos). Carcinoma anaplásico (indiferenciado) (<5% dos casos). Carcinoma medular (5% dos casos). Fatores Ambientais. O principal fator de risco predisponente ao câncer de tireoide é a exposição à radiação ionizante, especialmente durante as primeiras 2 décadas de vida. De acordo com este achado, houve um aumento acentuado da incidência de carcinomas papilares em crianças expostas à radiação ionizante após o desastre nuclear de Chernobyl, em 1986. A deficiência de iodo na alimentação (e, por extensão, uma associação com bócio) está associada a uma maior frequência de carcinomas foliculares. Carcinoma Papilar Como mencionado anteriormente, os carcinomas papilares são a forma mais comum de câncer de tireoide. Esses tumores podem ocorrer em qualquer idade, e representam a grande maioria dos carcinomas da tireoide associados à exposição anterior à radiação ionizante. Os carcinomas papilares são lesões solitárias ou multifocais. Alguns tumores podem estar bem circunscritos e encapsulados; outros infiltram o parênquima adjacente e possuem margens mal definidas. A superfície de corte às vezes revela focos papilares que apontam para o diagnóstico. As características microscópicas distintivas das neoplasias papilares incluem as seguintes: • Papilas ramificadas com uma haste fibrovascular coberta por uma ou múltiplas camadas de células epiteliais cuboides. Na maioria dos casos, o epitélio que cobre as papilas tem células cuboides bem diferenciadas, uniformes e ordenadas, mas podem ser observadas morfologias mais pleomórficas ou mesmo anaplásicas • Núcleos com cromatina finamente dispersa, que confere uma aparência opticamente clara ou vazia, dando origem à designação de núcleos em vidro fosco ou olhos da órfã Annie. Além disso, as invaginações do citoplasma muitas vezes dão a aparência de inclusões intranucleares (“pseudoinclusões”) ou sulcos intranucleares. Essas características nucleares são suficientes para o diagnóstico de carcinoma papilar, mesmo na ausência de arquitetura papilar. • Estruturas concentricamente calcificadas denominadas corpos de psamomas frequentemente estão presentes dentro da lesão, geralmente dentro dos núcleos das papilas. Essas estruturas quase nunca são encontradas em carcinomas foliculares e medulares. • Focos de invasão linfática pelo tumor costumam estar presentes, mas o envolvimento de vasos sanguíneos é relativamente incomum, particularmente em lesões menores. As metástases para linfonodos cervicais adjacentes ocorrem em até metade dos casos. Células obtidas por aspiração com agulha fina de um papilífero com estruturas papilares macroscopicamente discerníveis. Neste exemplo específico, as papilas bem formadas Características Clínicas Os carcinomas papilares são tumores não funcionantes, portanto, eles se manifestam com maior frequência como uma massa indolor no pescoço, tanto dentro da tireoide ou como uma metástase em um linfonodo cervical. Geralmente é possível estabelecer um diagnóstico pré-operatório por aspiração com agulha fina, com base nas características nucleares típicas descritas anteriormente. Os carcinomas papilares são lesões indolentes, com taxas de sobrevida em 10 anos superiores a 95%. É interessante notar que a presença de metástases isoladas no linfonodo cervical não tem influência significativa no prognóstico. Em uma minoria dos pacientes, metástases hematogênicas estão presentes no momento do diagnóstico, mais comumente no pulmão. A sobrevida em longo prazo dos pacientes com câncer papilar da tireoide depende de vários fatores, incluindo a idade (em geral, o prognóstico é menos favorável entre pacientes com idade acima de 40 anos), presença de extensão extratireoidiana e presença de metástases à distância (estágio). Carcinoma Folicular representam 5% a 15% dos cânceres primários da tireoide. mais comuns em mulheres (ocorrendo em uma proporção de 3:1) manifestam-se em idade mais avançada 40 e 60 anos de idade. sua incidência diminuiu ou permaneceu estável em áreas do mundo com iodo suficiente. Morfologia No exame microscópico, a maioria dos carcinomas foliculares é constituída por células uniformes que formam pequenos folículos, reminiscentes da tireoide normal; em outros casos, a diferenciação folicular pode ser menos aparente. Tal como acontece com os adenomas foliculares, podem ser observadas variantes de células de Hürthle dos emarcadas, que podem ser impossíveis de serem distinguidas dos adenomas foliculares no exame macroscópico. A distinção entre adenoma e carcinoma folicular requer extensa amostragem histológica da interface tumor-cápsula-tireoide, para excluir a invasão capsular e/ou vascular. Conforme discutido anteriormente, as lesões foliculares invasivas em que as características nucleares são típicas dos carcinomas papilares são consideradas variantes foliculares dos cânceres papilares. Características Clínicas Os carcinomas foliculares se manifestam mais frequentemente como nódulos solitários e frios da tireoide. Em casos raros, eles podem ser hiperfuncionantes. Essas neoplasias tendem a sofrer metástase através da circulação sanguínea (disseminação hematogênica) para os pulmões, ossos e fígado. Em contraposição aos carcinomas papilares, as metástases nodais regionais são incomuns. Cerca de metade dos pacientes com carcinomas amplamente invasivos sucumbem à doença dentro de 10 anos, enquanto menos de 10% dos pacientes com carcinomas foliculares minimamente invasivos morrem no mesmo intervalo de tempo. Os carcinomas foliculares são tratados com excisão cirúrgica. As metástases bem diferenciadas podem captar iodo radioativo, que pode ser usado para identificar e também realizar a ablação de tais lesões. Carcinoma Anaplásico Os carcinomas anaplásicos são tumores indiferenciados do epitélio folicular da tireoide, representando menos de 5% dos tumores tireoidianos. Eles são agressivos, com uma taxa de mortalidade próxima de 100%. Os pacientes com carcinoma anaplásico são mais velhos do que aqueles com outros tipos de câncer de tireoide, com idade média de 65 anos. Aproximadamente um quarto dos pacientes com carcinomas anaplásicos de tireoide tem uma história de carcinoma de tireoide bem diferenciado e outro quarto dos pacientes abriga um tumor bem diferenciado concomitante na amostra ressecada. Morfologia Os carcinomas anaplásicos se manifestam como massas volumosas que tipicamente crescem rapidamente para além da cápsula tireoidiana, para estruturas adjacentes do pescoço. No exame microscópico, essas neoplasias são compostas por células altamente anaplásicas, que podem ser grandes e pleomórficas ou fusiformes e, em alguns casos, uma mistura dos dois tipos de células. Focos de diferenciação papilar ou folicular podem estar presentes em alguns tumores, sugerindo origem de um carcinoma mais bem diferenciado. Características Clínicas Os carcinomas anaplásicos crescem desenfreadamente, apesar da terapia. As metástases para locais distantes são comuns, mas na maioria dos casos a morte ocorre em menos de 1 ano como resultado do crescimento local agressivo e do comprometimento das estruturas vitais no pescoço. Carcinoma Medular Os carcinomas medulares da tireoide são tumores neuroendócrinos, derivados das células parafoliculares, ou células C, da tireoide. Como as células C normais, os carcinomas medulares secretam calcitonina, cuja dosagem desempenha um papel importante no diagnóstico e no seguimento pós- operatório dos pacientes. Em alguns casos, as células tumorais elaboram outros hormônios polipeptídicos, tais como somatostatina, serotonina e peptídeo intestinal vasoativo. Carcinomas medulares surgem esporadicamente em cerca de 70% dos casos. Os 30% restantes são familiares,ocorrendo no contexto da síndrome da neoplasia endócrina múltipla (MEN) tipo 2A ou 2B, ou de carcinoma medular familiar de tireoide sem síndrome MEN associada, conforme discutido posteriormente. Tanto a forma medular familiar quanto a esporádica estão associadas a mutações condutoras de ganho de função no receptor de tirosina cinase do RET. Carcinomas medulares esporádicos, bem como os casos familiares sem síndrome MEN associada, ocorrem em adultos, com uma incidência máxima na quinta e sexta décadas de vida. Os casos associados à MEN-2A ou MEN-2B, por outro lado, tendem a ocorrer em pacientes mais jovens, incluindo crianças. Os carcinomas medulares podem surgir como um nódulo solitário ou podem se manifestar como lesões múltiplas envolvendo ambos os lóbulos da tireoide. A multicentricidade é particularmente comum em casos familiares. As lesões maiores muitas vezes contêm áreas de necrose e hemorragia, e podem se estender através da cápsula da tireoide. Ao exame microscópico, os carcinomas medulares são compostos por células poligonais fusiformes, que podem formar ninhos, trabéculas e até mesmo folículos. Os depósitos amiloides, derivados de moléculas de calcitonina alteradas, estão presentes no estroma adjacente em muitos casos (Fig. 20.18) e são uma característica distintiva. A calcitonina é prontamente demonstrável tanto no citoplasma das células tumorais quanto no amiloide estromal por meio de métodos imuno-histoquímicos. Uma das características típicas dos carcinomas medulares familiares é a presença de hiperplasia multicêntrica de células C no parênquima tireoidiano circundante, um traço que geralmente está ausente nas lesões esporádicas. Acredita-se que os focos de hiperplasia de células C representem as lesões precursoras a partir das quais os carcinomas medulares surgem. Carcinoma medular da tireoide. Estes tumores normalmente contêm amiloide, visível aqui como material extracelular homogêneo, derivado de moléculas de calcitonina secretadas pelas células neoplásicas. Características Clínicas Em casos esporádicos, o carcinoma medular se manifesta com maior frequência como uma massa no pescoço, às vezes associada a efeitos de compressão, como disfagia ou rouquidão. Em alguns casos, as manifestações iniciais são causadas pela secreção de um hormônio peptídico (p. ex., diarreia causada pela secreção de peptídeo intestinal vasoativo). O rastreio dos parentes do paciente para níveis elevados de calcitonina ou mutações em RET permite a detecção precoce de tumores nos casos familiares. Conforme discutido posteriormente, aconselha-se a todos os membros de famílias MEN-2 portadoras de mutações em RET tireoidectomias profiláticas prevenir o desenvolvimento de carcinomas medulares; com frequência, o único achado histológico na tireoide ressecada desses portadores assintomáticos é a presença de hiperplasia de células C ou carcinomas micromedulares pequenos (<1 cm). Neoplasias da tireoide RESUMO • A maioria das neoplasias tireoidianas se manifesta como nódulos solitários da tireoide, mas apenas 1% de todos os nódulos tireoidianos são neoplásicos. • Os adenomas foliculares são as neoplasias benignas mais comuns, enquanto o carcinoma papilar é a neoplasia maligna mais comum. • Várias vias genéticas estão envolvidas na carcinogênese da tireoide. Algumas das mutações condutoras que são bastante exclusivas dos cânceres de tireoide incluem a fusão PAX8/PPARG (no carcinoma folicular), rearranjos cromossômicos envolvendo o oncogene RET (nos cânceres papilares) e mutações de RET (nos carcinomas medulares). • Os adenomas e carcinomas foliculares são compostos por células epiteliais foliculares bem diferenciadas; estes últimos distinguem-se pela presença de invasão capsular e/ou vascular. • Os carcinomas papilares são reconhecidos por características nucleares (núcleos em vidro fosco, pseudoinclusões), mesmo na ausência de papilas. Essas neoplasias tipicamente sofrem metástase por via linfática, mas o prognóstico é excelente. • Acredita-se que os carcinomas anaplásicos surjam por progressão de neoplasias mais diferenciadas. Eles são cânceres altamente agressivos e uniformemente letais. • Os cânceres medulares são neoplasias não epiteliais que se originam de células C parafoliculares e podem ocorrer em contextos esporádicos (70%) ou familiares (30%). A multicentricidade e a hiperplasia de células C são características dos casos familiares. Os depósitos amiloides são um achado histológico característico. Risco de Malignidade (ROM) • Categoria I: 5 a 10% • Categoria II: 0 – 3% • Categoria III: 10 – 30% • Categoria IV: 25 – 40% • Categoria V: 50 – 75% • Categoria VI: 97-99% Categoria I – Não diagnóstica Categoria II – Benigno Categoria III – Lesão folicular de significado indeterminado / atipias de significado indeterminado Categoria IV – Suspeito para neoplasia folicular Categoria V – Suspeito para malignidade Categoria VI – Maligno
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