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APG 9 - Neoplasias da Tireoide

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Carla Bertelli – 5° Período 
Neoplasias da Tireoide 
1 – Compreender a etiologia, epidemiologia, patogênese, 
manifestações clínicas e diagnóstico das neoplasias 
benignas e malignas da tireoide 
 
O nódulo tireoidiano solitário é um aumento discreto e 
palpável na glândula tireoide supostamente normal. 
 – A incidência estimada dos nódulos 
palpáveis solitários na população adulta dos Estados 
Unidos varia entre 1% e 10%, mas é significativamente 
elevada nas regiões de bócio endêmico. Os nódulos 
simples são cerca de quatro vezes mais comuns em 
mulheres que em homens. A incidência de nódulos 
tireoidianos aumenta ao longo da vida. Embora menos de 
1% dos nódulos tireoidianos solitários sejam malignos, 
ainda representam cerca de 15 mil novos casos de 
carcinoma tireoidiano por ano nos Estados Unidos. 
Felizmente, a maioria desses cânceres é indolente, e 
mais de 90% dos pacientes afetados estão vivos 20 anos 
após serem diagnosticados. 
Do ponto de vista clínico, a principal preocupação em 
pessoas que apresentam nódulos na tireoide é a 
possibilidade de neoplasia maligna. Felizmente, a maioria 
dos nódulos solitários da tireoide se mostra como lesões 
não neoplásicas localizadas (p. ex., nódulo dominante no 
bócio multinodular, cistos simples ou focos de tireoidite) 
ou neoplasias benignas, tais como os adenomas 
foliculares. 
 
Critérios Clínicos sobre a natureza de um 
nódulo tireoidiano 
• ó á – Mais suscetíveis à neoplasias 
que nódulos múltiplos 
• ó – Mais suscetíveis a 
neoplasia do que nódulos em pacientes mais velhos 
• ó são mais suscetíveis de 
neoplasia que os de mulheres. 
• Um histórico de çã ç 
e do pescoço está associado a uma incidência 
aumentada de malignidade tireoidiana. 
• ó que captam iodo radioativo nos 
estudos de imagem (nódulos quentes) são muito 
mais suscetíveis de benignidade que de malignidade. 
Adenomas 
ã
á é
ã ã 
 Clinicamente, pode ser difícil distinguir os 
adenomas foliculares dos nódulos dominantes da 
hiperplasia folicular ou dos carcinomas foliculares, que são 
menos comuns. 
Em geral não são percursores dos carcinomas, porém, 
alterações genéticas suportam a possibilidade de evoluir. 
Embora, em sua maioria, os adenomas sejam não 
funcionantes, um pequeno subconjunto produz 
hormônios tireoidianos e causa tireotoxicose clinicamente 
aparente. A produção hormonal em adenomas 
funcionantes (“adenomas tóxicos”) é independente da 
estimulação de TSH. 
Patogênese 
As mutações somáticas da via de sinalização do receptor 
de TSH são encontradas nos adenomas tóxicos, assim 
como no bócio multinodular tóxico. As mutações de 
ganho de função em um dos dois componentes desse 
sistema de sinalização – mais frequentemente, o próprio 
gene codificador do receptor de TSH (TSHR) ou na 
subunidade-α de Gs (GNAS) – fazem com que as células 
foliculares secretem o hormônio tireoidiano 
independentemente da estimulação de TSH 
Isso leva a sintomas de hipertireoidismo e produz um 
nódulo tireoidiano “quente” na imagem. Em geral, as 
mutações na via de sinalização do receptor de TSH 
estão presentes em pouco mais da metade dos nódulos 
tireoidianos tóxicos. De forma notável, as mutações 
em TSHR ou GNAS são raras nos carcinomas foliculares, 
portanto os adenomas tóxicos e o bócio multinodular 
tóxico não parecem ser precursores de malignidade. 
Morfologia – O adenoma tireoidiano típico é uma 
lesão solitária, esférica e encapsulada, a qual é bem 
demarcada do parênquima tireoidiano circundante por 
uma cápsula bem definida, completa e íntegra. Os 
adenomas foliculares têm, em média, cerca de 3 cm de 
diâmetro, embora alguns sejam muito maiores (≥ 10 cm 
em diâmetro). Em peças recém-ressecadas, o adenoma 
se projeta da superfície lesada e comprime a tireoide 
Neoplasias da Tireoide 
 
 Carla Bertelli – 5° Período 
adjacente. A cor varia de branco-acinzentado a 
vermelho-pardacento, dependendo da celularidade do 
adenoma e de seu conteúdo coloidal. Áreas de 
hemorragia, fibrose, calcificação e mudanças císticas, 
similares às encontradas nos bócios multinodulares, são 
comuns nos adenomas foliculares, particularmente em 
lesões maiores. 
 
 
Aspectos Clínicos – Muitos adenomas foliculares se 
apresentam como massas indolores unilaterais, que são 
descobertas durante um exame físico de rotina. Grandes 
massas podem produzir sintomas locais, como, por 
exemplo, dificuldade de engolir. Os adenomas não 
funcionantes captam menos iodo radioativo do que o 
parênquima tireoidiano normal. No mapeamento de 
radionuclídeos, portanto, os adenomas não funcionantes 
aparecem como nódulos frios em relação ao tecido 
tireoidiano adjacente. No entanto, cerca de 10% dos 
nódulos frios são malignos. Outras técnicas adotadas na 
avaliação de adenomas suspeitos são ultrassonografia e 
biópsia por aspiração com agulha fina. Devido à 
necessidade de se avaliar a integridade capsular, o 
diagnóstico definitivo do adenoma somente pode ser 
feito após um exame histológico cuidadoso da amostra 
ressecada. Os supostos adenomas da tireoide são, 
portanto, cirurgicamente removidos para excluir 
malignidade. Adenomas foliculares não apresentam 
recorrência ou metástase e têm um prognóstico 
excelente. 
Os principais subtipos de carcinoma tireoidiano e suas 
frequências relativas são: 
• í (> 85% dos casos). 
• (5% a 15% dos casos). 
• á (indiferenciado) (< 5% dos 
casos). 
• (5% dos casos). 
A maioria dos carcinomas tireoidianos (exceto os 
medulares) deriva do epitélio folicular tireoidiano, e a 
maioria é formada por lesões bem definidas. Devido às 
características clínicas, biológicas e moleculares únicas 
associadas a cada variante do carcinoma de tireoide 
Patogênese – Eventos genéticos distintos estão 
envolvidos na patogênese das quatro principais variantes 
histológicas de câncer tireoidiano. 
Os carcinomas medulares não surgem do epitélio 
folicular. As alterações genéticas nas três neoplasias 
malignas derivadas das células foliculares ocorrem nas 
vias de sinalização do receptor do fator de crescimento 
Em células normais, essas vias são transitoriamente 
ativadas pela ligação de fatores de crescimento ligantes 
solúveis ao domínio extracelular do receptor tirosina-
cinase, o que resulta em autofosforilação do domínio 
citoplasmático do receptor. Isso, por sua vez, aciona 
eventos que resultam em ativação de RAS e dois braços 
de sinalização da cadeia que envolvem cinase de MAP 
(MAPK) e PI-3-cinase (PI3K). Nos carcinomas tireoidianos, 
assim como em muitos cânceres, as mutações de ganho 
de função em componentes dessas vias levam à 
ativação permanente, gerando proliferação celular 
excessiva e aumento da sobrevivência das células. 
 Carla Bertelli – 5° Período 
í
A maioria dos carcinomas papilíferos apresenta mutações 
de ganho de função envolvendo os genes que codificam 
os receptores de tirosina-cinases RET ou NTRK1, ou na 
serina/treonina-cinase BRAF, que está na via de MAPK 
O gene RET está localizado no cromossomo 10q11, 
enquanto o receptor tirosina-cinase que ele codifica é 
normalmente expressado nas células foliculares 
tireoidianas. Nos cânceres papilares, tanto uma inversão 
paracêntrica do cromossomo 10 quanto uma translocação 
recíproca entre os cromossomos 10 e 17 colocam o 
domínio tirosina-cinase do RET sob o controle 
transcricional de genes que são constitutivamente 
expressados no epitélio da tireoide 
Os novos genes de fusão formados são conhecidos 
como RET/PTC (RET/carcinoma tireoidiano papilífero) e 
estão presentes em aproximadamente 20% a 40% dos 
cânceres tireoidianos papilíferos. Existem mais de 15 tipos 
de fusão do RET, e dois deles – designados 
como PTC1 e PTC2 – são mais comumente observadosnos cânceres papilíferos esporádicos. A frequência dos 
rearranjos RET/PTC está significativamente elevada nos 
cânceres papilíferos que surgem como pano de fundo 
da exposição a radiação. Os rearranjos 
de RET/PTC produzem genes que codificam proteínas 
de fusão com atividade contínua da tirosina-cinase. 
BRAF codifica um componente de sinalização 
intermediário na via da MAP cinase. Cerca de um terço 
a metade dos carcinomas tireoidianos papilíferos abrigam 
mutações de ganho de função no gene BRAF, entre as 
quais a troca de valina por glutamato no códon 600 
(BRAFV660E) é a mais comum. A presença de mutações 
em BRAF nos carcinomas papilíferos se correlaciona com 
fatores prognósticos adversos, como a doença 
metastática e a extensão extratireoidiana. 
Como os rearranjos cromossômicos dos 
genes RET ou NTRK1 e as mutações de BRAF têm 
efeitos redundantes na sinalização de MAP cinase, não 
surpreende que sejam normalmente (mas não sempre) 
eventos mutuamente excludentes. As variantes 
histológicas do carcinoma papilífero demonstram algumas 
características únicas diante da frequência ou da natureza 
da mutação em BRAF. De interesse adicional, os 
rearranjos de RET/PTC e as mutações pontuais 
de BRAF não são observados nos adenomas ou 
carcinomas foliculares. 
 
Morfologia – Forma mais comum de câncer 
tireoidiano, responsável por 85% das malignidades 
tireoidianas. Ocorrem ao longo de toda a vida, embora 
tenham incidência maior na faixa etária de 25 a 50 anos, 
sendo responsáveis pela maior parte dos carcinomas 
associados à exposição prévia à radiação ionizante. 
Carcinomas papilíferos podem ser solitários ou 
multifocais. Alguns tumores podem estar bem 
circunscritos e até mesmo encapsulados; outros podem 
infiltrar-se no parênquima adjacente com margens mal 
definidas. Os tumores podem conter áreas de fibrose e 
calcificação, e são frequentemente císticos. Algumas 
vezes, a superfície de corte revela focos papilares que 
apontam para o diagnóstico. 
 
• Podem conter papilas ramificadas com um eixo 
fibrovascular coberto por uma ou múltiplas camadas 
de células epiteliais cuboides. Contém uma parte com 
epitélio bem diferenciado, uniforme e cuboides e 
outro extremo com células anaplásicas. 
 
• Os núcleos das células contém cromatina finamente 
dispersa, conferindo aparência clara ou vazia, 
designada de vidro fosco. O diagnóstico de carcinoma 
papilífero pode ser feito com base nessas 
características nucleares, mesmo na ausência da 
arquitetura papilar. 
 
• Estruturas concêntricas e calcificadas, denominadas 
Corpos de Psamonas 
 
• Focos de invasão linfática frequentes 
Há muitas variantes histológicas do carcinoma papilífero, 
incluindo a variante folicular, a variante de células-altas, 
variante esclerosante difusa, microcarcinomas papilíferos. 
 
 
 Carla Bertelli – 5° Período 
Curso Clínico – Se apresenta como nódulos 
tireoidianos assintomáticos, mas a primeira manifestação 
pode ser uma massa em um linfonodo cervical. 
É interessante notar que a presença de metástases em 
linfonodos cervicais isoladas não parece ter influência 
significativa no prognóstico, que, em geral, é bom. A 
maioria dos carcinomas são nódulos únicos que se 
movem livremente com a glândula tireoide durante a 
deglutição e não se distinguem, ao exame, dos nódulos 
benignos. Rouquidão, disfagia, tosse e dispneia sugerem 
doença avançada. Em uma minoria de pacientes, as 
metástases hematogênicas estão presentes no 
momento do diagnóstico, mais comumente no pulmão. 
Diagnóstico – Testes diagnósticos tem sido 
empregada para ajudar a separar os nódulos tireoidianos 
benignos dos malignos, incluindo mapeamento de 
radionuclídeo e aspiração com agulha fina. Os carcinomas 
papilíferos são massas frias na cintilografia. A melhora na 
análise citológica tem feito da citologia por aspiração com 
agulha fina um teste confiável para se estabelecer a 
distinção entre os nódulos benignos e malignos. As 
características nucleares são, com frequência, 
satisfatoriamente demonstráveis nas amostras da 
aspiração. 
O prognóstico de alguém com câncer tireoidiano 
papilífero depende de diversos fatores, incluindo idade 
(em geral, o prognóstico é menos favorável entre 
pacientes com mais de 40 anos), presença de extensão 
extratireoidiana e de metástases a distância (estágio). 
 
Em contraste com os carcinomas papilares, os 
carcinomas foliculares estão associados a mutações 
adquiridas que ativam RAS ou o braço de PI-3K/AKT da 
via de sinalização do receptor de tirosina-cinase. 
 Não se conhece o motivo pelo qual as mutações RAS 
produzem neoplasias foliculares, e não neoplasias 
papilíferas 
Cerca de um terço a metade dos carcinomas tireoidianos 
foliculares abrigam mutações de ponto de ganho de 
função de RAS ou PIK3CA (o gene que codifica a PI-3 
cinase), amplificações de PIK3CA ou mutações de perda 
de função de PTEN, um gene supressor de tumor e 
regulador negativo dessa via 
 
Carcinomas foliculares são responsáveis por 5% a 15% 
dos cânceres primários da tireoide, porém são mais 
freqüentes em áreas com deficiência de iodo na dieta, 
onde constituem de 25% a 40% dos casos de câncer 
de tireoide. São mais comuns em mulheres (3:1) e se 
apresentam mais frequentes em idades mais avançadas 
do que os carcinomas papilíferos, com pico de incidência 
entre os 40 e os 60 anos. 
Morfologia – Nódulos únicos que podem ser bem 
circunscritos ou amplamente invasivos. Às vezes, é 
extremamente difícil distinguir as lesões bem circunscritas 
dos adenomas foliculares por exame macroscópico. As 
lesões maiores podem penetrar a cápsula e se infiltrar 
muito além da cápsula tireoidiana até o tecido cervical 
adjacente. Essas lesões se apresentam, aos cortes, nos 
tons de cinza, pardo ou rosado, podendo ser um pouco 
translúcidas devido à presença de grandes folículos 
repletos de coloides. Mudanças degenerativas, como 
fibrose central e focos de calcificação, algumas vezes 
estão presentes. 
 
Microscopicamente, a maioria dos carcinomas foliculares 
é composta de células regularmente uniformes que 
formam pequenos folículos contendo coloide, que se 
assemelham muito à tireoide normal. Em outros casos, a 
diferenciação folicular pode estar menos aparente, com 
a presença eventual de ninhos ou lençóis de células sem 
coloide. Ocasionalmente, alguns tumores são compostos 
por células com citoplasma granular e eosinófilo 
abundante (célula de Hürthle ou variante oncocítica do 
carcinoma folicular). 
Embora as características nucleares (núcleos 
opticamente claros, ranhuras nucleares) sejam úteis na 
distinção das neoplasias papilíferas das foliculares, não há 
nenhuma diferença citológica confiável entre os 
adenomas foliculares e os carcinomas foliculares 
minimamente invasivos. 
Contrariamente ao que se vê nos cânceres foliculares 
minimamente invasivos, o diagnóstico do carcinoma é 
óbvio em carcinomas foliculares amplamente invasivos, 
os quais infiltram o parênquima da tireoide e os tecidos 
moles extratireoidianos. Histologicamente, esses cânceres 
 Carla Bertelli – 5° Período 
tendem a apresentar uma proporção maior de padrões 
de crescimento trabecular ou sólido, menos evidência de 
diferenciação folicular e atividade mitótica aumentada. 
Curso Clínico – Os carcinomas foliculares se 
apresentam como nódulos indolores que aumentam 
lentamente. Com mais frequência, são nódulos frios nas 
cintilografias, embora raras lesões mais bem diferenciadas 
possam ser hiperfuncionantes, captar iodo radioativo e 
parecer quentes nas cintilografias. Os carcinomas 
foliculares têm uma pequena propensão para invadir os 
linfáticos; os linfonodos regionais estão raramente 
envolvidos, mas a disseminação vascular(hematogênica) 
é comum, com metástases para ossos, pulmões, fígado 
e outros locais. 
O prognóstico depende amplamente da extensão da 
invasão e do estágio de apresentação. Com frequência, 
carcinomas foliculares amplamente invasivos se 
apresentam com metástases sistêmicas, e até metade 
dos pacientes afetados sucumbe à doença em dez anos. 
 
ó
A apresentação típica do CDT é de um nódulo, associado 
a valores normais de hormônio tireoestimulante (TSH) e 
tiroxina (T4) livre. Na literatura há poucos relatos de CDT 
em um bócio nodular tóxico, e isso geralmente reflete a 
concomitância das duas condições. Também é rara a 
produção de T4 e tri-iodotironina (T3) por metástases 
de carcinoma folicular, levando eventualmente a 
hipertireoidismo.36-39 
Na maioria das vezes, o CDT é descoberto 
incidentalmente, seja por meio de ultrassonografia 
cervical, seja pelo paciente ou pelo médico, à inspeção 
ou palpação do pescoço. Cada vez menos, CDT é 
detectado como massa que causa sintomas 
compressivos, levando a rouquidão, disfagia, disfonia e/ou 
dificuldades para respirar. 
 
á
Esses tumores altamente agressivos e letais podem 
surgir de novo, ou com mais frequência, pela 
“desdiferenciação” de um carcinoma papilífero ou folicular 
bem diferenciado. As alterações moleculares presentes 
no carcinoma anaplásico incluem aquelas vistas em 
carcinomas bem diferenciados (p. ex., mutações 
em RAS ou PIK3CA). Outros “hits” genéticos, como a 
inativação de TP53 ou as mutações ativadoras da β-
catenina, são essencialmente restritos aos carcinomas 
anaplásicos e podem contribuir com seu comportamento 
agressivo. 
Os carcinomas anaplásicos consistem em tumores 
indiferenciados do epitélio folicular tireoidiano, sendo 
responsáveis por menos de 5% dos tumores tireoidianos. 
São agressivos, com taxa de mortalidade próxima de 
100%. Pacientes com carcinoma anaplásico são mais 
velhos do que os portadores de outros tipos de cânceres 
tireoidianos, com idade média de 65 anos. 
Morfologia – células altamente anaplásicas, com 
morfologia variável, incluindo: 
células gigantes pleomórficas, inclusive células gigantes 
ocasionais, semelhantes a osteoclastos; 
células fusiformes com aparência sarcomatosa; e 
células gigantes e fusiformes misturadas. Focos de 
diferenciação papilífera ou folicular podem estar 
presentes em alguns tumores, sugerindo origem em 
carcinoma bem diferenciado. As células neoplásicas 
expressam marcadores epiteliais como a citoqueratina, 
mas, em geral, são negativas para marcadores de 
diferenciação tireoidiana, como a tireoglobulina. 
Curso Clínico – Os carcinomas anaplásicos costumam 
apresentar-se como massas volumosas no pescoço que 
aumentam rapidamente. Na maioria dos casos, a doença 
já se espalhou além da cápsula tireoidiana para as 
estruturas do pescoço ou passou por metástase para os 
pulmões no momento da apresentação. Sintomas 
relacionados com compressão e invasão, como dispneia, 
disfagia, rouquidão e tosse, são comuns. Não há terapias 
efetivas, e a doença é quase uniformemente fatal. 
Embora as metástases para locais distantes sejam 
comuns, na maioria dos casos a morte ocorre em menos 
de 1 ano, como resultado do crescimento agressivo e do 
comprometimento das estruturas vitais no pescoço. 
ó
A função tireoidiana, em geral, é normal. Raramente, a 
necrose rápida da tireoide induz hipertireoidismo, por um 
mecanismo similar ao da tireoidite subaguda.80 A 
ocorrência de hipercalcemia por produção de proteína 
relacionada ao hormônio da paratireoide (PTHrP) já foi 
relatada, mas também é rara. 
Se a PAAF não permitir uma definição diagnóstica, pode-
se fazer uma biopsia por fragmento (core biopsy) ou a 
céu aberto. 
 Carla Bertelli – 5° Período 
Os carcinomas tireoidianos medulares familiares ocorrem 
em neoplasias endócrinas múltiplas do tipo 2 (MEN-2) e 
estão associados a mutações na linhagem germinativa 
de RET que levam à ativação permanente do receptor. 
As mutações RET também são vistas em 
aproximadamente metade dos cânceres tireoidianos 
medulares (esporádicos) não familiares. Os rearranjos 
cromossômicos envolvendo RET, tais como as 
translocações em RET/PTC relatadas em cânceres 
papilíferos, não são vistos nos carcinomas medulares. 
Os carcinomas medulares da tireoide consistem em 
neoplasias neuroendócrinas derivadas de células 
parafoliculares, ou células C, da tireoide, e são 
responsáveis por aproximadamente 5% das neoplasias 
tireoidianas. Os carcinomas medulares, similares às células 
C normais, secretam calcitonina, cuja medição 
desempenha importante papel no diagnóstico e no 
acompanhamento pós-operatório dos pacientes. Em 
alguns casos, as células tumorais produzem outros 
hormônios polipeptídicos, como serotonina, ACTH e 
peptídeo intestinal vasoativo (VIP). Cerca de 70% dos 
tumores surgem esporadicamente. Os demais ocorrem 
na condição da síndrome de MEN 2A e 2B ou como 
tumores familiares sem uma síndrome de MEN associada 
(carcinoma tireoidiano medular familiar, ou CTMF; ver 
“Síndromes Neoplásicas Endócrinas Múltiplas”). Lembre-
se de que as mutações pontuais ativadoras no proto-
oncogene RET desempenham importante papel no 
desenvolvimento tanto dos carcinomas medulares 
esporádicos quanto dos familiares. Casos associados aos 
tipos de MEN 2A e 2B ocorrem em pacientes mais 
jovens, podendo surgir na primeira década de vida. Em 
contraste, os carcinomas medulares esporádicos, assim 
como os familiares, são lesões da fase adulta, com pico 
de incidência aos 40 ou 50 anos. 
Morfologia – Os carcinomas tireoidianos medulares 
esporádicos se apresentam como nódulos solitários. Em 
contraste, a bilateralidade e a multicentricidade são 
comuns em casos familiares. Lesões maiores 
frequentemente contêm áreas de necrose e 
hemorragia, e podem estender-se através da cápsula da 
tireoide. O tecido tumoral é firme, pálido, de acinzentado 
a pardo e infiltrativo. Pode haver focos de hemorragia e 
necrose nas lesões maiores. 
 
Microscopicamente, os carcinomas medulares são 
compostos de células poligonais fusiformes, as quais 
podem formar ninhos, trabéculas e mesmo folículos. 
Células pequenas mas anaplásicas estão presentes em 
alguns tumores e podem ser o tipo celular predominante. 
Os depósitos amiloides acelulares, derivados dos 
polipeptídeos calcitonina alterados, estão presentes no 
estroma adjacente em muitos casos 
Curso Clínico – Os casos esporádicos de carcinoma 
medular chamam a atenção médica mais 
frequentemente como uma massa no pescoço, algumas 
vezes associada a disfagia ou rouquidão. Em alguns casos, 
as manifestações iniciais são aquelas da síndrome 
paraneoplásica, causada pela secreção de um hormônio 
peptídico (p. ex., diarreia decorrente da secreção de VIP 
ou síndrome de Cushing decorrente do ACTH). De 
forma notável, a hipocalcemia não é uma característica 
proeminente, a despeito da presença de níveis elevados 
de calcitonina. Além da calcitonina circulante, a secreção 
do antígeno carcinoembrionário pelas células neoplásicas 
é um biomarcador, especialmente para avaliação pré-
cirúrgica da carga tumoral e em tumores negativos para 
a calcitonina. 
Os pacientes com síndromes familiares podem chamar a 
atenção por causa dos sintomas localizados na tireoide 
ou como resultado de neoplasias endócrinas em outros 
órgãos (p. ex., glândulas adrenais ou paratireoides). Em 
geral, os carcinomas medulares que surgem no contexto 
de MEN2B são mais agressivos e metastatizam com mais 
frequência do que aqueles que ocorrem em pacientes 
com tumores esporádicos, MEN-2A ou CTMF. Como 
será discutido adiante, todos os pacientes assintomáticos 
com MEN-2 que carregarem mutações em RET são 
candidatos à tireoidectomia profilática o mais cedo 
possível, a fim de se proteger contra o inevitável 
desenvolvimento dos carcinomas medulares,o maior 
fator de risco para um resultado negativo nessas famílias. 
Algumas vezes, o único achado histológico na tireoide 
ressecada de carreadores assintomáticos é a presença 
de hiperplasia das células C ou pequenos (<1 cm) 
carcinomas “micromedulares”. Recentemente, diversos 
inibidores de pequenas moléculas da tirosino-cinase RET 
 Carla Bertelli – 5° Período 
foram desenvolvidos e estão sendo testados em 
indivíduos com carcinoma medular. 
ó
Laboratorialmente, o CMT se caracteriza por função 
tireoidiana normal e níveis séricos elevados de CT, 
observados na grande maioria dos pacientes. 
Punção aspirativa por agulha fina – A sensibilidade da 
citologia obtida por punção aspirativa por agulha fina 
(PAAF) para diagnosticar CMT em um nódulo tireoidiano 
varia entre 45 e 89% 
Fatores Ambientais (no geral de todas as 
neoplasias da tireoide) – O maior fator de risco 
predisponente para o câncer tireoidiano é a exposição 
à radiação ionizante, particularmente durante as primeiras 
duas décadas de vida. Nesse sentido, há aumento 
significativo na incidência de carcinomas papilíferos entre 
crianças expostas a radiação ionizante após o desastre 
nuclear de Chernobyl, em 1986. A deficiência de iodo na 
alimentação (e, por extensão, sua associação com o 
bócio) está ligada à alta frequência de carcinomas 
foliculares. 
 
 
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & 
Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças . [Digite 
o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. E-book. ISBN 
9788595150966. 
VILAR, Lucio. Endocrinologia Clínica. [Digite o Local da 
Editora]: Grupo GEN, 2020. E-book. ISBN 9788527737180.

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