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• Embora os pulmões sejam considerados sítios frequentes de metástases de tumores extratorácicos, o câncer primário de pulmão também é uma doença comum 95% dos tumores pulmonares são carcinomas e apenas 5% constituem outras neoplasias, que incluem carcinoides, tumores mesenquimais malignos (ex: fibrossarcomas, leiomiossarcomas), linfomas e pequena quantidade de lesões benignas. • O mais comum tumor benigno é o hamartoma, que se apresenta como lesão esférica, pequena (3-4 cm), visualizada ao exame radiográfico de tórax como lesão em moeda o hamartoma comumente é constituído por cartilagem madura, associada a tecido adiposo, tecido fibroso e vasos sanguíneos em variada proporção. • CARCINOMAS: Os carcinomas de pulmão (câncer de pulmão) são sem dúvida a mais importante causa de morte por câncer nos países industrializados. • Os carcinomas de pulmão ocuparam essa posição, sendo responsáveis por um terço das mortes por câncer entre os homens, e nos últimos anos têm se tornado a principal causa de óbito por neoplasia também entre as mulheres, nos Estados Unidos. • Dados refletem a relação causal entre o tabagismo e o câncer de pulmão o pico de incidência da doença ocorre em pessoas entre 50-60 anos de idade. • O diagnóstico, mais de 50% dos pacientes já apresentam metástases a distância e cerca de 25% têm células tumorais em linfonodos regionais. • O prognóstico do câncer de pulmão é sombrio: 16% dos pacientes apresentam taxa de sobrevida de cinco anos, valor que pouco mudou ao longo dos últimos 30 anos mesmo quando se trata de doença restrita aos pulmões, apenas 45% dos pacientes apresentam taxa de sobrevida de cinco anos. • Os quatro principais tipos histológicos de carcinoma de pulmão são: Adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas, carcinoma de pequenas células e carcinoma de grandes células. • Em alguns casos podem haver combinações de diferentes tipos histológicos (ex: carcinoma de pequenas células e adenocarcinoma) dentre esses tipos, o carcinoma de células escamosas e o de pequenas células demonstram maior associação ao tabagismo. • Devido a mudanças no consumo de cigarros nos últimos anos nos Estados Unidos, o adenocarcinoma tem substituído o carcinoma de células escamosas como a neoplasia pulmonar primária mais comum o adenocarcinoma também é o tumor primário mais comum em mulheres, em não fumantes e em pessoas abaixo de 45 anos. • Os carcinomas de pulmão eram classificados em dois grandes grupos: Câncer de pulmão de células pequenas (CPCP) e câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), com o último incluindo adenocarcinomas, carcinoma de células escamosas e carcinoma de grandes células. • Virtualmente todos os CPCP apresentam metástase no momento do diagnóstico e, por isso, não são curáveis por cirurgia, por isso, são mais bem tratados por quimioterapia, com ou sem radioterapia. • Os CPCNP são mais propensos à ressecção cirúrgica, uma vez que respondem pobremente à quimioterapia; entretanto, novas terapias estão disponíveis e têm como alvo os genes mutados presentes em vários tipos de CPCNP, principalmente em adenocarcinomas com isso, os CPCNP podem ser mais bem classificados com base no seu tipo histológico e subtipos moleculares. • ETIOLOGIA E PATOGENIA: Os carcinomas relacionados com o tabagismo podem surgir pelo acúmulo de sucessivas alterações genéticas essas alterações resultam na transformação de células progenitoras pulmonares em células neoplásicas. • A sequência de alterações moleculares não é aleatória, mas segue uma sequência previsível que se assemelha à progressão histológica para o câncer. • Assim, a inativação dos genes supressores de tumores localizados no braço curto do cromossomo 3 (3p) é um evento muito precoce, ao passo que mutações no TP53 ou a ativação do oncogene KRAS ocorre relativamente tarde certas modificações genéticas, como a perda de material cromossômico em 3p, podem ser encontradas no epitélio brônquico de pessoas com câncer de pulmão, bem como no epitélio respiratório de tabagistas sem câncer de pulmão, o que sugere que grandes áreas de mucosa respiratória sofrem mutação após a exposição a agentes cancerígenos (“efeito de campo”) nesse solo fértil, as células que acumulam mutações desenvolvem-se originando o câncer. • Um subconjunto de adenocarcinomas, particularmente aqueles que se desenvolvem em mulheres não fumantes do Extremo Oriente, abriga mutações ativadoras do receptor de fator de crescimento epidérmico (EGFR) esses tumores são sensíveis à classe de agentes que inibe a sinalização do EGFR, embora a resposta seja de curta duração. • Mutações de EGFR e K-RAS (em 30% dos adenocarcinomas) são mutuamente exclusivas outras mutações que ocorrem em 4-6% dos adenocacinomas são a fusão dos genes EML4-ALK ativadores da tirosina quinase e do gene c-MET amplificador da cascata de tirosina quinase essas anormalidades, embora raras, são importantes devido às suas implicações terapêuticas, uma vez que podem ser alvos de inibidores da tirosina quinase. • De fato, a identificação de alterações genéticas que produzem hiperatividade de EGFR, ALK e MET abre uma nova era de terapia personalizada do câncer de pulmão, no qual a genética dos tumores orienta a seleção de drogas. • Com relação aos agentes carcinogênicos, há fortes evidências de que o consumo de cigarros e, em menor proporção, outros fatores ambientais sejam os principais fatores causadores de mutações genéticas que conduzem ao desenvolvimento do câncer de pulmão. • Cerca de 90% das neoplasias de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou em pacientes que deixaram de fumar recentemente. • Atualmente reconhece-se uma correlação quase linear entre quantidade/tempo de consumo de cigarro e a frequência de câncer de pulmão. • O aumento no risco de neoplasias aumenta 60 vezes quando são comparados fumantes inveterados (dois maços/dia por 20 anos) e não fumantes apesar disso, apenas 11% dos fumantes inveterados desenvolvem câncer de pulmão, sugerindo que outros fatores estejam relacionados com a patogenia da doença. • Por motivos ainda desconhecidos, as mulheres apresentam maior suscetibilidade à carcinogênese pelo tabaco do que os homens. • Embora a cessação do hábito de fumar diminua o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão ao longo do tempo, os níveis basais jamais poderão ser retomados. • As mudanças genéticas que antecedem o câncer de pulmão podem persistir por muitos anos no epitélio brônquico de ex-fumantes fumantes passivos (os que vivem próximos de fumantes) aumentam o risco de câncer de pulmão em aproximadamente duas vezes quando comparados a não fumantes. • Fumantes de cachimbos e charutos também têm o risco aumentado, mas em menor grau que os fumantes de cigarro. • Outras influências podem atuar em conjunto com o tabagismo ou por si sós serem responsáveis pelo câncer de pulmão, como observado em trabalhadores de minas radioativas, que lidam com asbesto ou arsênico, cromo, urânio, níquel, cloreto de vinil e gás mostarda. • A exposição ao asbesto aumenta em cinco vezes o risco em não fumantes por outro lado, fumantes expostos ao asbesto apresentam 55 vezes maior chance de desenvolver câncer pulmonar do que os não fumantes e os não expostos ao asbesto. • Embora o fumo e outras influências ambientais sejam importantes causas de câncer de pulmão, sabe-se que nem todas as pessoas expostas ao tabaco desenvolvem neoplasia é muito provável que o efeito mutagênico de algumas substâncias cancerígenas esteja condicionado a fatores hereditários (genéticos). • Muitos produtos químicos (pró- -carcinógenos) requerem ativação metabólica pelo sistema enzimático monoxigenase P-450, para conversão em um carcinógeno definitivo. • Existem evidências de que pessoas com determinados polimorfismos gênicos envolvendo os genes P-450 têm maior capacidadede metabolizar pró- -carcinógenos derivados do tabaco e, portanto, correm maior risco de desenvolver câncer de pulmão. • Pessoas cujos linfócitos do sangue periférico sofrem quebras cromossômicas após exposição a cancerígenos relacionados com o tabaco (genótipo de sensibilidade a mutágenos) têm risco 10 vezes maior de desenvolvimento de câncer de pulmão em relação a outros indivíduos. • Há uma correlação linear entre a intensidade de exposição ao tabaco e o aparecimento de alterações epiteliais que se iniciam como hiperplasia das células basais e metaplasia escamosa, progridem para displasia escamosa e carcinoma in situ até culminar em câncer invasivo entre os subtipos histológicos principais de câncer de pulmão, os carcinomas escamosos e de células pequenas mostram a associação mais forte com a exposição ao tabaco. • MORFOLOGIA: Os carcinomas de pulmão se iniciam como uma pequena lesão na mucosa que tipicamente se apresenta firme e cinza-esbranquiçada esses tumores podem surgir como massas intraluminais, invadir a mucosa brônquica ou formar grandes massas volumosas, empurrando o parênquima pulmonar adjacente. • Algumas massas grandes podem apresentar cavitação secundária à necrose central ou desenvolver áreas focais de hemorragia. • Esses tumores podem estender-se à pleura, invadir a cavidade e a parede torácica, e se espalhar para estruturas intratorácicas adjacentes as metástases podem ocorrer por via linfática ou hematogênica. • Os carcinomas de células escamosas são mais comuns em homens do que em mulheres e estão estreitamente correlacionados ao histórico de tabagismo tendem a surgir centralmente nos brônquios principais e eventualmente se espalham para linfonodos hilares; entretanto, apresentam disseminação para fora do tórax mais tardiamente do que os outros tipos histológicos. • Tumores maiores podem apresentar necrose central, originando cavitações. • As lesões pré-neoplásicas que antecedem, e normalmente acompanham o carcinoma de células escamosas invasivo, estão bem caracterizadas esses tumores muitas vezes são precedidos por desenvolvimento duradouro de metaplasia escamosa e displasia do epitélio brônquico, que, em seguida, transforma-se em carcinoma in situ, uma fase que pode durar vários anos. • Nesse tempo, células atípicas podem ser identificadas no exame citológico de esfregaços de escarro, lavados ou escovados brônquicos, embora sejam assintomáticas e não detectáveis ao exame radiográfico. • Eventualmente, pequenos tumores tornam-se sintomáticos, quando obstruem grandes brônquios, frequentemente produzindo atelectasia distal e infecções simultaneamente, a lesão pode invadir o tecido pulmonar circundante. • Ao exame histológico, os carcinomas de células escamosas variam de neoplasias bem diferenciadas exibindo pérolas de queratina e pontes intercelulares a neoplasias mal diferenciadas, exibindo apenas o mínimo de características de células escamosas residuais. • Adenocarcinomas podem ocorrer como lesão central semelhante ao carcinoma de células escamosas, entretanto mais perifericamente, muitas vezes exibindo cicatriz central. • Os adenocarcinomas são o mais comum tipo de câncer de pulmão nas mulheres e em não fumantes geralmente, os adenocarcinomas crescem lentamente e formam massas menores do que os outros subtipos tumorais, mas eles tendem a sofrer metástase amplamente ainda em um estágio inicial de desenvolvimento. • Ao exame histológico podem assumir variada forma, incluindo a acinar (em forma de glândula), papilar, mucinosa (anteriormente chamada bronquioloalveolar mucinosa, que muitas vezes é multifocal e pode se manifestar como uma pneumonia) e o tipo sólido o tipo sólido frequentemente requer a demonstração de produção de mucina intracelular por colorações especiais para estabelecer sua origem glandular. • Embora focos de metaplasia e displasia escamosa possam estar presentes no epitélio proximal aos adenocarcinomas, não são as lesões precursoras para esse tumor. • Acredita-se que a lesão precursora dos adenocarcinomas periféricos seja a hiperplasia adenomatosa atípica, com progressão para o adenocarcinoma in situ (anteriormente chamado carcinoma bronquioloalveolar), adenocarcinoma minimamente invasivo (tumores menores que 3 cm e com componente invasivo medindo 5 mm ou menos) e adenocarcinoma invasivo (tumor de qualquer tamanho, invadindo áreas mais profundas que 5 mm). • Ao exame microscópico, a hiperplasia adenomatosa atípica se organiza como um foco bem demarcado de proliferação epitelial (com espessura de até 5 mm), composto por epitélio cuboidal ou colunar baixo, demonstrando atipia citológica de variado grau, como hipercromasia nuclear, pleomorfismo e nucléolo proeminente. • Análises genéticas têm demonstrado que as lesões da hiperplasia adenomatosa atípica são monoclonais e compartilham muitas das aberrações moleculares associadas aos adenocarcinomas (ex: mutações no K-RAS). • O adenocarcinoma in situ (AIS), formalmente chamado carcinoma bronquioalveolar, com frequência afeta partes periféricas dos pulmões, como um único nódulo as principais características do AIS são diâmetro menor que 3 cm, crescimento ao longo de estruturas preexistentes e preservação da arquitetura alveolar. • As células tumorais, que podem ser não mucinosas, mucinosas ou mistas, crescem em uma monocamada ao longo dos septos alveolares, que serve como um andaime (chamado de padrão de crescimento “lepídico”, uma alusão à semelhança das células neoplásicas com borboletas pousadas em uma cerca). • Por definição, o AIS não demonstra destruição da arquitetura alveolar ou invasão estromal com desmoplasia, características típicas de adenocarcinoma. Por analogia com a sequência de adenoma − carcinoma de cólon, propõe-se que alguns adenocarcinomas invasivos do pulmão possam surgir através de uma sequência de hiperplasia adenomatosa típica − adenocarcinoma in situ− adenocarcinoma invasivo. • Estudos em modelos de lesão pulmonar de ratos identificaram uma população de células multipotentes na junção bronquooloalveolar, denominadas células-tronco bronquioloalveolares (CTBA) após a lesão pulmonar periférica, as CTBA multipotentes sofrem expansão nos tipos célulares normais (células bronquiolares e células alveolares) encontrados nesse local, o que facilita a regeneração epitelial. • Postula-se que as CTBA incorrem no evento inicial oncogênico (ex: uma mutação somática no K-RAS) que permite que essas células “escapem” dos mecanismos normais de checagem, resultando em adenocarcinomas pulmonares. • Carcinomas de grandes células são tumores epiteliais malignos indiferenciados com ausência de características citológicas de carcinoma de células pequenas e sem diferenciação glandular ou escamosa as células normalmente têm grandes núcleos, nucléolos proeminentes e moderada quantidade de citoplasma. • Os carcinomas de células grandes provavelmente representam células escamosas ou adenocarcinomas tão indiferenciados que já não podem ser reconhecidos por meio de microscopia óptica ao exame ultraestrutural, no entanto, a diferenciação glandular ou escamosa mínima é comum. • Os carcinomas de pequenas células do pulmão geralmente apresentam- se cinza-claro, de localização central, com extensão para o parênquima pulmonar e envolvimento precoce dos linfonodos hilares e mediastinais esses tumores são compostos por células que variam de redondas a fusiformes, com pouco citoplasma e cromatina finamente granular figuras de mitoses são frequentemente encontradas. • Apesar da denominação pequenas, as células neoplásicas são geralmente duas vezes o tamanho de linfócitos típicos. • A necrose invariavelmente está presente e pode ser extensa. • As células tumorais são marcadamente frágeis e, muitas vezes, mostram fragmentação e “artefatos de esmagamento”em amostras de biópsia outra característica dos carcinomas de pequenas células, mais bem apreciada em espécimes citológicos, é resultante do amoldamento nulclear e aposição de células tumorais que têm pouco citoplasma. • Esses tumores frequentemente expressam uma variedade de marcadores neuroendócrinos, além da secreção de uma variedade de hormônios polipeptídicos, que podem resultar em síndromes paraneoplásicas. • Minoria significativa de carcinomas pulmonares demonstra mais de uma linha de diferenciação celular, algumas vezes várias sugerindo que todos sejam derivados de uma célula progenitora multipotente para todas esses neoplasmas, é possível traçar o envolvimento de cadeias sucessivas de linfonodos sobre a carina, no mediastino e no pescoço (linfonodos escalenos) e regiões claviculares e, mais cedo ou mais tarde, metástases à distância. • Envolvimento do linfonodo supraclavicular esquerdo (linfonodo de Virchow) é particularmente característico e, às vezes, chama a atenção para um tumor primário oculto esses tumores, quando avançados, muitas vezes se estendem para o espaço pleural ou pericárdico, levando à inflamação e derrame, eles podem ainda comprimir a veia cava superior ou se infiltrar nela, causando congestão venosa ou a síndrome da veia cava. • Neoplasias apicais podem invadir o plexo braquial ou cervical simpático, causando dor intensa na distribuição do nervo ulnar ou produzindo a síndrome de Horner (enoftalmia ipsilateral, ptose, miose e anidrose) esses neoplasmas apicais, por vezes, são chamados de tumores de Pancoast, e a combinação dos seus achados clínicos é conhecida como síndrome de Pancoast, o tumor de Pancoast é muitas vezes acompanhado por destruição da primeira e segunda costelas e vértebras torácicas. • Como acontece com outros tipos de câncer, a classificação pelo sistema tumor-linfonodo-metástase (TNM) foi criada para indicar o tamanho e a propagação da neoplasia primária. • CURSO CLÍNICO: Os carcinomas de pulmão são silenciosos e, em muitos casos, as lesões insidiosas se espalham de modo que se tornam irressecáveis antes de produzir sintomas. • Em alguns casos, tosse crônica e expectoração chamam a atenção para doença localizada e ressecável. • Rouquidão, dor torácica, síndrome da veia cava superior, derrame pericárdico ou pleural e atelectasia segmentar persistente ou pneumonia aparecem, o prognóstico é sombrio. • Muitas vezes, o tumor demonstra sinais oriundos da sua propagação metastática para o cérebro (alterações neurológicas e mentais), fígado (hepatomegalia) ou ossos (dor) embora as suprarrenais possam ser quase totalmente obliteradas pela doença metastática, a insuficiência adrenal (doença de Addison) é incomum, uma vez que ilhas de células corticais suficientes para manutenção da sua função comumente se mantêm. • Em geral, CPCNP apresentam melhor prognóstico que os CPCP quando os CPCNP (carcinomas de células escamosas ou adenocarcinomas) são detectados antes de ocasionar metástases ou infiltração profunda, a cura pode ocorrer, por lobectomia ou pneumonectomia. • Os CPCP, comumente já causaram metástase no momento em que são inicialmente detectados, mesmo se o tumor primário for pequeno e localizado assim, a ressecção cirúrgica não é um tratamento viável, esses tumores são muito sensíveis à quimioterapia, mas invariavelmente são reicidivantes a média de sobrevivência, mesmo com o tratamento, é de um ano. • Estima-se que 3-10% de todos os pacientes com câncer de pulmão desenvolvam síndrome paraneoplásica 1- hipercalcemia causada por secreção de peptídeo relacionado com o hormônio da paratireoide (lesões osteolíticas também causam hipercalcemia, mas nesse caso não são consideradas como síndrome paraneoplásica; 2- síndrome de Cushing (a partir do aumento na produção de hormônio adrenocorticotrópico); 3- síndrome de secreção inadequada de hormônio antidiurético; 4- síndromes neuromusculares, incluindo uma síndrome miastênica, neuropatia periférica e polimiosite; 5- baqueteamento dos dedos e osteoartropatia pulmonar hipertrófica 6- anormalidades de coagulação, incluindo tromboflebite migratória, endocardite não bacteriana e coagulação intravascular disseminada. • Secreção de calcitonina e outros hormônios ectópicos tem sido detectada em testes, mas esses produtos não provocam síndromes características. • A hipercalcemia é mais frequentemente encontrada nas neoplasias de células escamosas, e as síndromes hematológicas estão relacionadas com os adenocarcinomas. • As demais síndromes são mais comuns em neoplasia de células pequenas, mas existem exceções. • TUMORES CARCINOIDES: Os tumores carcinoides são neoplasias malignas compostas por células que contêm centro denso com grânulos neurossecretores em seu citoplasma, e raramente, secretam polipeptídeos hormonais ativos. • Eles são classificados em carcinoides típicos (baixo grau) e atípicos (grau intermediário); na maioria das vezes, ambos são operáveis e curáveis. • Ocasionalmente ocorrem como parte da síndrome de neoplasia endócrina múltipla (é uma síndrome hereditária, caracterizada por hiperplasia (aumento do órgão) ou por adenomas das glândulas paratireoides, tumores de células das ilhotas pancreáticas e tumores hipofisários). • Os carcinoides brônquicos ocorrem em idade precoce (média de 40 anos) e representam cerca de 5% de todas as neoplasias pulmonares. • MORFOLOGIA: A maioria dos carcinoides se origina em brônquios principais e crescem em um dos dois padrões: 1- polipoide com obstrução, formando uma massa esférica intraluminal ou 2- como placa mucosa bronquial penetrando a parede e se espalhando no tecido peribrônquico, chamada lesão em “colar de botões”. • Mesmo essas lesões penetrantes empurram o tecido pulmonar e se mantêm lá razoavelmente bem demarcadas. • Os carcinoides periféricos são menos comuns. • Apesar de 5-15% dos tumores carcinoides terem sofrido metástase para os linfonodos hilares até o diagnóstico, metástases distantes são raras. • Histologicamente, os carcinoides típicos, como os seus homólogos (semelhantes) no trato intestinal, são compostos de ninhos de células uniformes que possuem núcleos redondos regulares, com cromatina em “sal com pimenta”, mitoses ausentes ou raras e baixo pleomorfismo (capacidade de variar sua forma de acordo com o período do ciclo de vida). • Os tumores carcinoides atípicos exibem maior índice mitótico (mas menos que os carcinomas de pequenas ou de grandes células) e necrose focal os atípicos têm maior incidência de metástases para linfonodos e à distância do que os carcinoides típicos. • Ao contrário dos carcinoides típicos, o subtipo atípico demonstra mutações no TP53 (genes supressores tumoral) em 20-40% dos casos. • O carcinoide típico, o carcinoide atípico e o carcinoma de pequenas células podem ser considerados como representantes de um contínuo aumento de agressividade histológica e potencial maligno dentro do espectro das neoplasias pulmonares neuroendócrinas. • A maioria dos tumores carcinoides manifesta-se com sinais e sintomas relacionados com o seu crescimento intraluminal (causam tosse, hemoptise e infecções brônquicas e pulmonares recorrentes). • Tumores periféricos são muitas vezes assintomáticos, sendo descobertos incidentalmente em radiografias torácicas raramente eles induzem a síndrome carcinoide, caracterizada por crises intermitentes de diarreia, rubor e cianose. • As taxas de sobrevida correspondem a 5-10 anos para cerca de 85% dos pacientes com carcinoide típico, enquanto esses índices caem para 35-56% para carcinoides atípicos. • Apenas 5% dos pacientes com tumores neuroendócrinos pulmonares, CPCP (câncer de pulmão de células pequenas), sobrevivem até 10 anos. • MESOTELIOMA MALIGNO: O mesotelioma maligno é um tumor raro, originado das células mesoteliais, geralmenteproveniente de pleura visceral ou parietal, embora também ocorra, menos comumente, no peritônio e pericárdio. • Tem assumido grande importância, devido a sua relação com a exposição profissional ao asbesto (um tipo de mineral usado em pisos vinílicos, telhas, caixas d’água, para o isolamento acústico, etc). • Aproximadamente 50% das pessoas com esse tumor têm histórico de exposição ao asbesto aqueles que trabalham diretamente com o asbesto (trabalhadores de estaleiros, mineiros e isoladores) são as pessoas que apresentam maiores riscos de desenvolver o tumor, mas o mesotelioma maligno tem aparecido em pessoas cuja única exposição foi viverem próximas a fábricas ou morarem com pessoas que trabalham com o asbesto. • O período latente para o desenvolvimento do mesotelioma maligno é longo, frequentemente 25-40 anos após a exposição inicial ao asbesto, sugestivo de que vários eventos somáticos genéticos são necessários para a conversão neoplásica de uma célula mesotelial. • A combinação do consumo de cigarros e a exposição ao asbesto aumenta os riscos de carcinoma pulmonar, mas não aumenta necessariamente os riscos de desenvolver mesotelioma maligno. • MORFOLOGIA: Os mesoteliomas malignos são frequentemente precedidos por extensa fibrose pleural (calcificação da pleura) e formação de placas, facilmente vistas na tomografia computadorizada. • Esses tumores começam em uma área localizada e com o tempo se espalham amplamente, por crescimento contíguo ou difusamente, por semeadura das superfícies pleurais. • Na necropsia, o pulmão afetado apresenta superfície branco-amarelada, firme, algumas vezes, com camada gelatinosa do tumor que oblitera o espaço pleural. • As metástases à distância são raras. • A neoplasia pode invadir diretamente a parede torácica ou o tecido pulmonar subpleural. • As células mesoteliais normais são bifásicas, dando origem a células de revestimento pleural, assim como o tecido subjacente fibroso. • Histologicamente, os mesoteliomas podem estar em conformidade com um dos três padrões: 1- epitelial, no qual as células cubides formam espaços tubulares e microcísticos, em que as pequenas projeções formam papilas tornando-o suscetível de ser confundido com o adenocarcinoma pulmonar; 2- sarcomatoso, no qual as células são fusiformes e algumas vezes têm aparência de fibroblastos 3- bifásico, que apresenta ambas as áreas, sarcomatosa e epitelial. • O asbesto não é removido ou metabolizado pelos pulmões, de modo que as fibras permanecem no corpo pelo resto da vida com isso, o risco de vida após exposição não diminui ao longo do tempo (ao contrário do tabagismo, pelo qual o risco diminui à medida que a pessoa cessa o hábito de fumar). • Há uma hipótese de que as fibras de asbesto se depositam preferencialmente perto da camada de células mesoteliais, onde geram espécimes reativos de oxigênio que causam danos ao DNA com mutações potencialmente oncogênicas. • Mutações somáticas de dois genes supressores do tumor têm sido encontradas no mesotelioma maligno.
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