Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Na fase pré-hospitalar, costumam-se utilizar escalas ou escores para estratificar as vítimas segundo a gravidade. Uma das mais utilizadas, o START (Simple Triage And Rapid Treatment), utiliza como parâmetros clínicos capacidade de locomoção, respiração, enchimento capilar e nível de consciência de acordo com um algoritmo. Também cabe à equipe pré-hospitalar e de regulação médica determinar as chamadas zonas do trauma: 1. Quente: epicentro do acidente, onde se deve evitar o excesso de pessoas e recursos pelo risco de novos eventos adversos; 2. Morna: região segura mais próxima do evento onde se deve montar o posto médico avançado para tratamento inicial das vítimas mais graves; 3. Fria: região mais segura onde se deve concentrar a maior parte dos recursos humanos e materiais para o atendimento. Uma impressão geral sobre o estado de um paciente é desenvolvida estabelecendo-se valores basais para o estado respiratório, circulatório e neurológico do paciente. Um vez detectada condições que podem ser fatais, são iniciadas as intervenções imediatas e reanimação, caso necessário. Caso as condições locais, de tempo e do paciente não permitirem tais intervenções imediatas, os profissionais devem seguir para uma avaliação secundária, onda é feito a busca de lesões que não ameaçam a vida nem os membros. Por ser menos imediata, é comum que essa avaliação secundária seja feita durante o transporte do paciente. Estas etapas são realizadas de forma rápida e eficiente com o objetivo de minimizar o tempo gasto na cena e local do atendimento inicial. Os pacientes em situação crítica de trauma devem ser conduzidos o mais rápido possível, sendo realizados apenas os cuidados primários mais imediatos quanto as suas ameaças de vida - casos em exceção aqueles no qual as vítimas estejam presas em um local ou que haja outras complicações que impeçam esse transporte precoce. Essa necessidade imediata de transporte do paciente deve-se ao fato de que o paciente em trauma crítico que não responde à terapia inicial pode estar com hemorragia interna - situação resolvida exclusivamente dentro de um ambiente cirúrgico, o que deve acontecer dentro de um prazo mínimo. As preocupação primárias para a avaliação e manejo do paciente, como inicialmente citadas, devem ser (1) controle da hemorragia significativa, (2) via aérea, (3) oxigenação, (4) ventilação, (5) perfusão e (6) função neurológica. A conhecida hora do ouro - momento entre o acontecimento da lesão e o começo do atendimento, ou seja, período no qual está havendo perda de sangue e oxigenação inadequada devido a redução da perfusão, momento crucial para o sobrevida, sendo que quanto maior a hora de ouro, pior a sobrevida - é conhecida como período de ouro, atualmente, uma vez que esse período não é de exatas 1 hora; alguns pacientes tem menos tempo e outros mais, sendo o profissional de cuidados pré-hospitalares o responsável por reconhecer a urgência. Quanto mais tempo o paciente for mantido na cena, maior é o potencial para perda de sangue e morte. Estabelecimento de prioridades: Existem três prioridades imediatas na chegada da cena: 1. Avaliação primária e a segurança da cena. Os profissionais devem estar usando os equipamentos de proteção individuais apropriados à situação, e as precauções padrões - para proteção contra sangue e fluídos - devem ser seguidas. 2. IVM - incidentes com vítimas em massa. Nessas situações, os socorristas devem mudar sua prioridade, que seria ajudar aquele paciente com a lesão mais grave, que passa a ser salvar o maior número de pacientes - oferecer o melhor para a maioria. Os fatores que devem ter prioridade na triagem desse grande número de vítimas são: a gravidade da lesão e os recursos (humanos e equipamentos - disponíveis para o cuidado. 3. Após a avaliação da cena e a abordagem das necessidades pertinentes, pode-se voltar a atenção para a avaliação dos pacientes individualmente. O processo de avaliação e tratamento começa com o foco no paciente identificado em estado mais crítico - com ênfase nas seguintes etapas: condições que podem resultar em perda de vida, condições que podem resultar em perda de um membro, todas as outras Protocolo XABCDE do Trauma Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG condições que não ameaçam a vida nem algum membro. Dependendo da gravidade da lesãom do número de pacientes lesionados e da proximidade do hospital e do destino, as condições que não ameaçam a vida nem um membro podem nunca ser abordadas na cena. Avaliação primária: Nos pacientes com trauma multissistêmico, a prioridade para os cuidados é a rápida identificação e tratamento de condições potencialmente fatais. Nos pacientes com lesão crítica, o profissional pode não conseguir conduzir mas do que uma avaliação rápida, o início da reanimação e o transporte. Uma das condições fatais mais comuns no trauma é a falta de oxigenação tecidual adequada - o choque. Nessas situações, as atividades envolvidas na avaliação e intervenção primária terão o objetivo de identificar e corrigir a falta de oxigenação, ou melhor, a fonte de energia metabólica do organismos, interferindo em uma de suas etapas, sendo elas: quantidade de hemácias, oxigenação das hemácias no pulmão, oferta de hemácias às células de todo o organismo e a transferência de oxigênio para as células. Na abordagem inicial, além da busca pela falha de um dos três sistemas - cardíaco, respiratório e neurológico - o profissional deve buscar por: Hemorragia compressível grave; Paciente está movendo o ar de forma efetiva; Acordado ou não responsivo; Movimentando-se espontaneamente. Ao posicionar-se ao lado do paciente, o profissional deve se apresentar e perguntar o nome da vítima. Uma etapa razóavel é perguntar ao paciente o que aconteceu com ele. Se o paciente parecer confortável e responder coerente e com frases completas, sabe-se que ele apresenta uma via aérea livre, função respiratória suficiente para sustentar fala, perfusão cerebral adequada e função neurológica razoável; ou seja, provável que não haja ameaça IMEDIATA à vida do paciente. Se o paciente estiver em condições instáveis para fornecer uma resposta ou parece estar em sofrimento, inicia-se uma avaliação primária detalhada para identificar problemas potencialmente fatais - o que pode ser obtido em segundos, ao avaliar as funções vitais. Sequência: Deve ser feita rapidamente e de forma lógica. Caso o socorrista esteja sozinho, algumas intervenções importantes podem ser realizadas à medida que condições potencialmente fatais são identificadas - se um problema for corrigível, como uma aspiração ou a realização de um torniquete - o profissional pode obtar pela abordagem do problema antes de passar para a próxima etapa; contudo, se o problema não poder ser abordado rapidamente, como um choque causado por hemorragia interna, o restante da avaliação primária deve ser rapidamente completado. Se houverem dois socorristas presentes, um deles pode seguir para completar a avaliação e o outro inicia o cuidado dos problemas identificados. A medida que as condições forem sendo identificados, o socorrista deve fazer a ordem de intervenção. A abordagem feita na avaliação primária é utilizada para todos os pacientes, sejam eles idosos, gestantes ou pediátricos. Atualmente, a avaliação primária do paciente com trauma enfatiza o controle da hemorragia externa potencialmente fatal como a primeira etapa da sequência. Algumas etapas podem ser realizadas de maneira simultânea. Essas etapas podem ser lembradas como o mnemônico XABCDE: X - Hemorragia exsanguinante (controle do sangramento externo grave); A - Manejo da via aérea e estabilização da coluna cervical; B - Respiração (breathing) (ventilação e oxigenção); C - Circulação (perfusão e outras hemorragias); D - Incapacidade (disability) E - Exposição/ambiente (environment) X - Hemorragia Exsanguinante (controle de sangramento externo grave) Durante a avaliação primária do paciente com trauma, a hemorragiaexterna potencialmente fatal deve ser total prioridade, sendo imediatamente identificada e corrigida; caso ela esteja presente, deve ser controlada antes mesmo de avaliar via aérea ou de realizar outras intervenções, como a imobilização da cervical. Usualmente, essas hemorragias envolvem o sangramento arterial em uma extremidade, mas pode ocorrer a nível de couro cabeludo e em regiões juncionais (junção de uma extremidade com o tronco, é um sangramento que ocorre onde duas zonas anatomicamente distintas se unem), além de outros locais. Quando acontece uma hemorragia externa grave em uma extremidade arterial, ela é bem manejada colocando-se um torniquete o mais próximo possível na extremidade afetada - refere-se aqui como “próximo” de maneira anatômica, ou seja, localidades proximais ou distais do centro, dessa forma, entende-se que o torniquete deve localizar-se próximo a virilha ou axila, por exemplo, do membro afetado. Outros formas de controle, como compressão direta do local e o uso de agentes hemostáticos, também podem ser usados, mas NÃO substituiem ou devem ser priorizados sob o torniquete. O uso de hemostáticos e de compressão é mais indicado para aqueles casos de sangramento grave não arterial nas extremidades e em sangramentos graves a nível de tronco. Em certas situações, o sangramento por artérias distais pode ser controlado por compressão; contudo, isso so deve ser realizado se o sangramento puder ser controlado por um curativo compressivo aplicado rapidamente ou se houver um cenário de equipe em que um socorrista possa ter, como única função, manter a compressão direta manual. Já o sangramento juncional pode ser controlado tanto pela colocação de um torniquete juncional apropriado, quando o mesmo estiver disponível, ou com um curativo compressivo com gaze de material hemostático. Obs. Nessas áreas juncionais, o torniquete ou curativo compressivo, em geral não são funcionais. A melhor forma de intervenção é a compressão direta dos grandes vasos que se encontram na região proximal a a lesão. Em um atendimento pré-hospitalar, uma quantidade significativa de compressão direta sobre a artéria atingida - mais comumente a femoral, axilar e ilíaca. Essa intervenção costuma ser combinada com o uso de agentes hemostáticos e curativos compressivos aplicados externamente. Os pontos mais importantes do controle de sangramento nessa região é: grande quantidade de pressão direta e compressão nos vasos sanguíneos adjacentes a região; sobre a superfície aberta do ferimento deve ser Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG colocado um curativo compressivo direto, idealmente com um agente hemostático. Obs. Em pacientes que tiveram hemorragia juncional causada por ambutação traumática da extremidade inferior, recomenda-se o uso de uma cinta pélvica, a nível de joelho para cima, afim de controlar o sangramento. →Controle da hemorragia externa Está é uma etapa da avaliação primária porque, caso o sangramento grave não seja controlado assim que possível, o potencial para a morte do paciente aumenta da maneira drástica. As hemorragias externas podem ser de três tipos: Capilar: mais artificial; causado por lesões que acarretaram em sua abertura, logo abaixo da superfície da pele. Ele não costuma ameaçar a vida e pode ter reduzido, ou até mesmo cessado, antes da chegada dos socorristas. Venoso: é causado por laceração ou outra slesão em uma veia, o que dá a característica de um fluxo constante de sangue vermelho escuro pela ferida. Esse tipo de sangramento costuma ser controlado para compressão direta, ele também não costuma ameaçar a vida, a menos que seja prolongado ou haja o envolvimento de uma veia de grosso calibre. Arterial: causado por uma lesão que lacerou a artéria. É a forma mais significativa de perda de sangue, com prioridade no controle. É caracterizado por sangue cor vermelho vivo sendo “jorrado”; contudo, ele pode se apresentar como um sangue vermelho vivo que “derrama” rapidamente de um ferimento - em casos de lesão de artéria profunda. O ponto é: a correção é primordial e a avaliçaõa primária não deve prosseguir sem o controle da hemorragia externa. As formas de controle são: Compressão direta: aplica-se uma pressão no local do sangramento. Isso é realizando colocando-se um curativo - de preferência, gaze hemostática - diretamente sbre o local do sangramento e aplicado pressão, de maneira precisa e focal. Um dedo sobre uma artéria visível é efetivo. A compressão deve ser aplicada de maneira contínua por 3 minutos, com gaze hemostática, e por 10 minutos se for usada gaze simples. Os socorristas devem evitar remover a compressão para verificar sem o sangramento contínua antes do período de tempo indicado, além disso, o profissional deve estar exclusivamente empenhado na compressão, impedindo-o de checar os outros sinais; dessa forma, se ele for o único em cena, deve-se aplicar um curativo compressivo. Há vários modelos (bandagem, israelense) ou pode-se emendar um. Se sangramento não for parado, não importa a quantidade de líquido ou oxigénio que o paciente receba. Torniquete: eram, antigamente, considerados como última técnica de uso. Atualmente, eles são primordiais no controle efetivo de da hemorragia grave. A - manejo da via aérea e estabilização da coluna cervical Via aérea Após o manejo a hemorragia, a via aérea do paciente é rapidamente verificada para garantir que esteja aberta e limda - patente - e sem perigo de obstrução. Caso haja comprometimento, ela deve ser aberta e limpa através de, inicialmente, métodos manuais (elevação do mento no trauma ou tração da mandíbula no trauma), além de eliminado o sangue, substâncias corporais e corpos estranhos. Elevação do mento no trauma - manobra de Chin-Lift → Posicionar os dedos de uma das mãos do examinador sob o mento, que é suavemente tracionado para cima e para frente, enquanto o polegar da mesma mão deprime o lábio inferior, para abrir a boca; a outra mão do examinador é posicionada na região frontal para fixar a cabeça da vítima. Importante manter o pescoço em posição neutra, para evitar possíveis traumas secundários de coluna cervical. Tração da mandíbula no trauma -Manobra de Jaw-Thrust → Procedimento consiste na utilização das duas mãos do examinador, posicionando os dedos médios e indicadores no ângulo da mandíbula, projetando-a para frente, enquanto os polegares deprimem o lábio inferior, abrindo a boca e permitindo a pesquisa de corpos estranhos, próteses dentárias, sangramento, enfim, tudo que possa obstruir as vias aéreas superiores. Realiza-se pouco ou nenhum movimento da cervical, além de permitir a visualização da cavidade. Por fim, à medida que equipamentos e o tempo ficam disponíveis, o manejo da via aérea pode avançar e incluir aspiração e meios mecânicos (cânula oral, cânula nasal e via aérea supraglítica...) Estabilização da coluna cervical Todos os pacientes em situação de trauma e com um mecanismo de lesão fechada são suspeitos de lesão espinhal até segundo momento, sendo os pacientes idosos ou cronicamente mais debilitados, mais suscetíveis a essas lesões. Dessa maneira, ao estabelecer uma via aérea aberta, deve-ser centrar as atenções a nível da coluna cervical. Os movimentos excessivos em qualquer direção poderiam produzir ou agravar um possível dano neurológico, pois pode haver compressão óssea da medula espinal na presença de uma fratura na coluna - a solução para isso é garantir que a cabeça e o pescoço do paciente sejam imobilizados/estabilizados em posição neutra durante toda a avaliação, especialmente durante o manejo da via aérea. Uma vez estabilizada, se for preciso remover os dispositivos de imbolização espinal para reavaliar o paciente ou realizar alguma intervanção, a estabilização manual da cabeça e do pescoço é usada até que o paciente possa novamente ser colocado em imobilização. Essa estabilização, deve ser feita da seguinte forma: Capítulo 9 B - Respiração (ventilação e oxigenação) Após a abertura da via aérea, a próxima preocupação é a qualidade e a quantidadede respiração (ventilação) do paciente. Estas podem ser avaliada da seguinte forma: 1. Observar a movimentação torácica e verificar se o paciente está, voluntariamente, respirando, além de sentir o movimento feito pelo ar da boca ou pelo nariz. Se houver dúvida, auscultar ambos os lados do tórax para avaliar a movimentação espontânea. 2. Caso o paciente não esteja respirando - mesmo com a via aérea limpa (apneico), começar imediatamente as ventilações assistidas (mantendo a estabilização da coluna cervical) com um dispositivo de bolsa-vâlvula-máscara e oxigênio Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG suplementar ANTES de continuar a avaliação. Continua-se as ventilações assistidas até preparar o paciente para inserção de uma cânula oral ou nasal (se não houver sinais de trauma facial) ou via aérea supreglótica (se não houver sinal de trauma orofaríngeo grave); seguir para a intubação. Obs. Se o paciente estiver respirando, estimar se estão adequadas a frequência e a profundidade das ventilações para determinar se o paciente está movendo ar o suficiente. Não deixar o paciente ficar hipóxico, mantendo uma saturação maior ou igual a 94%. Lembrar que se o paciente estiver consciente, deve-se escutá-lo falar para avaliar se conseguir dizer uma frase inteira sem dificuldades. O paciente pode estar com cinco frequências respiratórias: 1. Apneia: paciente não está respirando, pode estar em “Gasping”, que são movimentos respiratórios assincrônicos não efetivos, caracterizado por altas amplitudes de curta duração com períodos de apneias subsequentes, nas quais não ocorre efetiva troca de ar. 2. Lenta: abaixo de 10 ventilações/minuto (bradpneia) podem indicar lesão grave ou isquemia encefálica. 3. Normal: frequência ventilatória entre 10 a 20 respirações/minuto (eupneia) 4. Rápida: frequência ventilatória entre 20 a 30 respirações/minuto (taquipneia). Usualmente, o que causa a taquipneia é o maior acúmulo de dióxido de carbono no sangue ou a diminuição do nível de oxigênio no sangue (por hipóxia ou anemia), isso indica que não há oxigênio suficiente alcançando os tecidos corporais. 5. Extremamente rápida: frequência ventilatória maior que 30 respirações/minuto (taquipneia grave), indica situação de acidose. A busca pela causa deve começar imediatamente para definir se a etiologia é um problema ventilatório primário ou se é um problema na oferta de hemácias. As lesões que podem produzir comprometimento significativo são: pneumotórax hipertensivo, tórax instável com contusão pulmonar, hemotórax massimo e pneumotórax aberto. Após a identificação da causa, a intervenção deve ocorrer imediatamente para corrigir o problema. Naqueles pacientes que não seja possível identificar a frequência, o tórax deve ser exposto, observado e palpado. Depois, a ausculta pulmonar identificará ruidos respiratórios anormais, diminuídos ou ausentes. A descompressão com agulha deve ser realizada imediatamente se houver suspeita de pneumotórax hipertensivo. Na avaliação do estado ventilatório do paciente com trauma, deve-se avaliar a profundidade ventilatória, isso quer dizer que o paciente pode estar eupneico, mas apresentar uma profundidade ventilatória reduzida. C - circulação e sangramento (perfusão e hemorragia interna) A avaliação de comprometimento ou falha do sistema circulatório é a próxima etapa no cuidado do paciente com trauma. Após a avaliação subsequente da via aérea e condição respiratória, o socorrista pode obter uma estimatica geral adequada do débito cardíaco e da perfusão do paciente. Perfusão O estado circulatório do paciente pode ser determinado verificando-se os pulsos periféricos e avaliando-se a cor, a temperatura e a umidade da pele. As situações de baixa perfusão, choque, quase sempre de deve a hemorragia. Os possíveis locais de hemorragia, agora interna, massiva incluem o tórax, abdome, pelve, espaço retroperitoneal e as extremidades (principalmente a coxa). Se houver essa suspeita, os principais locais devem ser expostos para a rápida inspeção e palpação em busca de sinais de lesão. Esse tipo de hemorragia não é fácil de controlar fora do hospital, sendo objetivo agora entregar esse paciente, o mais rápido possível, para uma equipe apropriada. Pulso É avaliado quanto a presença, qualidade e regularidade. Uma avaliação rápida do pulso revela se o paciente tem taquicardia, bradicardia ou ritmo irregular. Na avaliação primária, a determinação de uma frequência de pulso exata não é necessária. Em vez disso, obtém-se rapidamente uma estimativa grosseira, sendo a frequência de pulso real obtida mais tarde no processo. Procura-se um pulso radial (pressão arterial sistólica de 80 mmHg), pulso femoral e pulso carotídeo. Pele Revela sobre o estado de circulação de um paciente quanto a: Cor - perfusão adequada produz coloração rosada da pele, sendo que a pele fica pálida quando o sangue é desviado para longe daquele local. A coloração pálida está associada à perfusão ruim. Tem-se ainda, a coloração azulada, que significa circulação, naquela região, de sangue desoxigenado. Deve-se estar atento para pacientes com pele escura, desviando o exame da pele para regiões dos lábios, gengivas ou pontas dos dedos. Temperatura - pele fria indica redução da perfusão, independente da causa. Deve ser avaliada com um simples toque ao paciente com o dorso da mão. A pele normal é morna. Condição - em circunstâncias normais, a pele costuma ser seca. Uma pela úmida e fria pode ocorrer em pacientes com má perfusão devido à estimulação simpática; contudo, deve-se levar em conta as condições ambientes ao avaliar os achados cutâneos. Um paciente em ambiente quente ou úmido pode ter pele úmida incialmente, independente da gravidade da lesão. D - Incapacidade Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Essa é a etapa relativa a função cerebral, que na verdade é uma medida indireta da oxigenação cerebral. Essa avaliação começa com a determinação do nível de consciência do paciente. O socorrista deve supor que um paciente confuso, agressivo, combativo ou não cooperativo está hipóxico ou sofreu uma lesão cerebral traumática (LCT) até que se prove o contrário. Durante a avaliação, a história pode ajudar a determinar se o paciente perdeu a consciência em algum momento desde a ocorrência da lesão, se pode haver envolvimento de substância tóxicas e se paciente tem alguma condição preexistente que possa produzir uma redução do NC. Observação cuidadosa da cena pode fornecer informações valiosas sobre isso. Um NC reduzido alerta sobre as seguintes possibilidades: 1. Redução da oxigenação cerebral ou hipoventilação grave; 2. Lesão do sistema nervoso central; 3. Superdosagem de drogas ou álcool; 4. Desequilíbrios metabólicos. Nesse ponto da avaliação primária, é aplicado rapidamente a escala de coma de Glasgow - para efetivar o tempo, pesquisas recentes sugerem que o uso apenas do componente motor da escala, e, especificamente, se esse componente for menor que 6 (significando que o paciente não obedece a comandos), é tão preditivo de lesão grave quando o uso de toda a escala de coma de Glasgow. Dessa forma, quando melhor a resposta motora do paciente, melhor suas chances de sobrevida. O escore de Glasgow é a ferramente mais utilizada, sendo preferida em relação a classificação AVDI. O escore de Glasgow é dividido em três seções: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. O paciente recebe uma nota de acordo com a melhor resposta a cada componente. Sobre a resposta motora, a avaliação pode iniciar com um comando simples não ambíguo, como pedir ao paciente para levantar dois dedos ou fazer o sinal de certo com o polegar. Se o paciente não conseguir responder ao comando, deve-se usar um estímulo doloroso. Quando o paciente tenta afastar o estímulo doloroso, considera-se que ele localiza a dor ou sabe onde está doendo. Os escores podem ser: Máximo de 15 - paciente sem incapacidades; Abaixo de 3 - sinal ameaçador Menos de 8 - lesão importante Entre 9 e 12 - lesão moderada Entre 13 e 15- lesão menor Embora a utilização da escala de coma esteja quase sempre presente na avaliação, há vários problemas que podem limitar sua utilizada no ambiente pré-hospitalar. Por exemplo, naqueles pacientes que forem entubados durante a avaliação da via aérea, podem ter um score diferente. Assim, ainda busca-se um sistema mais universal; contudo, confia-se hoje em dia na função motora da escala de Glosgow. Se o pacinte estiver desacordado, o profissional pode avaliar rapidamente a movimentação espontânea das extremidades, além das pupilas do paciente. E - Exposição/ ambiente Uma etapa inicial no processo é a remoção das roupas do paciente, pois a exposição é necessária para encontrar todas as lesões. Após a inspeção corporal total, o socorrista deve cobrir o paciente para conservar o calor corporal. Ressalta-se que não estamos falando de deixar o paciente nu, mas si expor o necessário. Além das questão de privacidade, a hipotermia é um problema grave entre pacientes com trauma. Após o paciente ter sido transferido para dentro da unidade aquecida, o exame completo pode ser feito. A quantidade de roupa que deve ser removida do paciente varia, dependendo das condições do paciente ou das lesões encontradas. Por exemplo, se o paciente tem estado mental normal e uma lesão isolada, apenas a área ao redor da lesão deve ser exposta. Os pacientes com um mecanismo de lesão grave ou com alteração no estado mental devem ser totalmente expostos para a avaliação. O profissional, nessas situações, não pode ter medo de remover as roupas, uma vez que seja julgado necessário para completar a avaliação e instaurar tratamento. Algumas vezes, os pacientes podem sofrer múltiplos mecanismos de lesão, como alguém que sofre um acidente automobilístico após levar um tiro. Deve-se tomar cuidado especial ao cortar e remover as roupas de uma vítima de crime de modo a não destruir inadvertidamente as evidências. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Etapa de reanimação: Outro passo importante na ressuscitação é a restauração do volume de infusão dentro do sistema cardiovascular o mais rápido possível. Esta etapa não envolve restaurar a pressão arterial ao normal, mas sim fornecer líquido suficienteou garantir que os órgãos vitais sejam infundidos. Uma vez que o sangue geralmente só está disponível no cenário pré-hospitalar em unidades e helicópteros de saúde crítica, a solução de lactato de ringer ou solução salina normal é mais comumente utilizada para reanimação de trauma. Além do sódio e do cloro, a solução de lactato Ringer contém pequenas quantidades de potássio, cálcio e lactato, tornandoo menos ácido que o soro fisiológico. No entanto, soluções cristalizadas, como lactato Ringer ou soro lógico normal, não substituem a capacidade de transporte de oxigênio de eritrócitos perdidos ou plaquetas perdidas que são necessárias para a coagulação e controle de sangramento. Como resultado, o transporte rápido de um paciente com ferimentos graves para uma instalação adequada é uma necessidade absoluta. A caminho da instalação receptora, se possível e o tempo permite, você pode colocar um ou dois cateteres de calibre 18 intravenosos (IV) nas veias abitais do paciente. Os prestadores de cuidados pré-hospitalares devem reconhecer o risco crescente de lesões por perfuração ao dar início a uma intravenosa em uma ambulância em movimento e devem tomar medidas para minimizar esse risco. Se as tentativas de acesso intravenoso não forem rapidamente bem sucedidas, você deve iniciar o acesso intra osseous (IO). O local no zumbido proximal permite taxas de fluxo de fluidos mais rápidas do que a tíbia proximal. 27 Em geral, as linhas iv centrais (subclavia, jugular interna ou femoral) não são adequadas para o manejo de campo de pacientes traumatizados. A quantidade adequada de fluido administrado depende do cenário clínico, especialmente se o sangramento do paciente foi controlado quando o fluido intravenoso foi iniciado, se o paciente está hipotensado ou se tem evidência de EEC. Um estudo recente sugere que o fluido intravenoso pré-hospitalar é benéfico para pacientes com hipotensão, mas pode ser prejudicial para aqueles que não estão em uma hipotensão. Iniciar uma linha intravenosa na cena só prolonga o tempo no local e atrasa o transporte. Como observado acima, o tratamento definitivo para o paciente traumatizado com hemorragia interna ou perda significativa de sangue só pode ser alcançado no hospital. Por exemplo, um paciente com uma lesão no baço que perde 50 mililitros de sangue por minuto continuará a sangrar à taxa do baço por cada minuto adicional que sua chegada na sala de cirurgia(SO) ou área de angiografia continuará. Iniciar linhas IV no local em vez de transportar rápido não só aumentará a perda de sangue, mas também poderá reduzir a chance de sobrevivência do paciente. Há exceções, como armadilha, quando um paciente não pode se mover imediatamente. A hemorragia externa deve ser monitorada antes de iniciar o fluido intravenoso. A administração agressiva dos fluidos intravenosos deve ser evitada, pois pode "quebrar coágulos" e levar a mais sangramento, aumentando apressão arterial, diluindo plaquetas e fatores de coagulação. Mais importante, a substituição contínua do volume não substitui o controle manual da hemorragia externa e o início do transporte de hemorragia interna. FONTE: PHTLS - 9ª edição (2018)
Compartilhar