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2 Epidemiologia dos problemas de Saúde Mental

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Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
“Epidemiologia dos problemas de Saúde Mental”
Elucidar a epidemiologia dos principais transtornos mentais no brasil (depressão, ansiedade, esquizofrenia,
transtorno bipolar e álcool / drogas).
Os transtornos mentais são responsáveis por morbidade
significativa em todo o mundo e atingem, aproximadamente,
um terço do total de casos de doenças não transmissíveis.
Assumem valores baixos de mortalidade, entretanto causam
incapacidade de longa duração, provocando prejuízo na
funcionalidade e na qualidade de vida dos indivíduos. Ainda
existe uma grande dificuldaderelacionada ao tratamento
desses quadros clínicos, principalmente no que concerne ao
acesso e à procura pelos serviços de saúde, além da falta de
conhecimento dos profissionais sobre saúde mental, em
especial nas equipes de Atenção Primária à Saúde (APS), o
que dificulta a identificação precoce dos casos.
Nos estudos analisados, identificou-se que a população adulta
brasileira que sofre de transtornos mentais, em sua maioria,
são mulheres. Os principais diagnósticos em ambos os sexos
foram os relacionados aos transtornos do humor - episódio
depressivo (F 32) ; os neuróticos - os relacionadoscom o
estresse e ansiedade (F 41) ; seguidos pelos transtornos
psicóticos - esquizofrenia (F 20). Estudos epidemiológicos
têm demonstrado diferenças de gênero na incidência e na
prevalência de transtornos mentais e do comportamento. Os
transtornos de humor são mais frequentes nas mulheres;
enquanto os transtornos psicóticos e o uso substâncias, mais
elevado nos homens.
Os transtornos do humor apresentam como características o
sofrimento por rebaixamento do humor, a redução de energia
e a atividade diminuída, a incapacidade de sentir prazer e a
motivação reduzida. Observa-se as mulheres são mais
susceptível aos transtornos do humor e à ansiedade.
Evidências associam esses transtornos mentais às várias
diferenças nos aspectos biopsicossociais em relação aos
homens, como alterações hormonais, variáveis sociais
(gestação, jornada de trabalho, estado conjugal e número de
filhos) e a maneira como as mulheres se relacionam nas
diversas culturas e no tempo..
Em relação ao uso de substâncias, estudos explicaram essa
diferença, com o fato de que as mulheres teriam maior
facilidade de identificar seu sofrimento psíquico, admiti-lo e
buscar ajuda, enquanto os homens tendem a usar substâncias
psicoativas como alívio para seu sofrimento ou angústia.
O caso de internações psiquiátricas nos homens é duas vezes
maior que nas mulheres, e o número de homens que buscam
atendimento ambulatorial é inferior ao número de mulheres. A
não busca de atendimento nos estágios iniciais de sofrimento
psíquico pelos homens pode contribuir para piora dos quadros
psicopatológicos, resultando na necessidade de internação
psiquiátrica.
Existem barreiras culturais, financeiras e estruturais que
dificultam o acesso e a procura pelos serviços de saúde mental.
Essas barreiras estão relacionadas a múltiplos fatores, como o
estigma ou desconhecimento da doença, a percepção
equivocada de ineficácia do tratamento e a falta de
treinamento das equipes da APS para a identificação dos casos.
A família foi a principal responsável por encaminhar os
usuários aos serviços de saúde mental, demonstrando que é
fundamental a inserção familiar no enfrentamento do
sofrimento psíquico, ao integrar, acolher e cuidar dos usuários
nos espaços cotidianos da vida.
É notório que os transtornos mentais podem provocar
incapacidade para realizar tarefas domésticas simples além do
autocuidado, assim como nas pessoas com doenças crônicas e
de curso prolongado. Para tanto, os familiares devem assumir
a responsabilidade de supervisionar, estimular e realizar ações
que o usuário não consegue fazer sozinho..
Os indivíduos desempregados, aposentados por invalidez ou
em benefício por problemas de saúde e donas de casa
apresentaram chances significativamente maiores de
apresentar transtornos de humor, ansiedade e/ou
somatoformes que os trabalhadores em atividade nesta
presente revisão.
Estudos têm demonstrado que o desemprego pode acarretar a
desestruturação de laços sociais e afetivos, a restrição de
direitos, a insegurança socioeconômica e o aumento do
consumo ou dependência de drogas. Os indivíduos em
situação ocupacional inativa por falta de emprego ou por
problemas de saúde padecem, com maior frequência e
intensidade, de sofrimentos relacionados à baixa autoestima,
estado de ânimo e humor reduzidos, estresse, ansiedade,
sentimentos de vergonha, humilhação e distúrbios no sono.
Já a associação entre situação conjugal e transtornos mentais é
assunto controverso na literatura. Enquanto alguns estudos
encontraram associação, outros não.
Associado aos transtornos mentais, identificou-se número
expressivo de indivíduos que apresentam outras comorbidades,
como
Hipertensão Arterial Sistêmica, Obesidade, Diabetes Mellitus,
Câncer e Doenças Sexualmente Transmissíveis, o que traz
implicações importantes em termos de gerenciamento das
ações de saúde e demonstra a necessidade de desenvolver
maior capacidade de percepção da saúde integral do usuário,
referenciando-o, sempre que necessário.
FONTE: Perfil Epidemiológico dos Transtornos Mentais na
População Adulta no Brasil: uma revisão integrativa
Os resultados do GBD 2015 apontam que os transtornos
mentais (TM) são a terceira causa de carga de doença no
Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares e dos
cânceres, e que eles contribuem consideravelmente para a
perda de saúde de indivíduos em todas as idades. A
metodologia de estudo do GBD, ao abordar tanto a
mortalidade, quanto a incapacidade, deu maior visibilidade
aos TM como um relevante problema de saúde pública,
tornando essenciais os avanços nas investigações de suas
prevalências e de seus riscos associados31.
Em 2015, os TM foram responsáveis por alta carga de doença
em todo mundo10. A categoria dos TM saltou da oitava para
sexta posição entre 1990 e 2015, na classifi cação de DALY
mundial. Já no Brasil, o DALY por TM passou da sexta para a
terceira posição, indicando maior gravidade da situação de
saúde mental no país.
O DALY por TM está nitidamente relacionada à incapacidade
— e não à mortalidade. Enquanto no mundo os TM ocupam a
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
segunda posição na classifi cação de incapacidade desde 1990,
atrás apenas dos transtornos músculo esqueléticos, no Brasil
eles já são a principal causa. Os transtornos depressivos e de
ansiedade continuaram entre as dez maiores causas de
incapacidade no Brasil e no mundo em 2015
Os transtornos depressivos e de ansiedade continuaram entre
as dez maiores causas de incapacidade no Brasil e no mundo
em 201511. Os transtornos depressivos e de ansiedade, que
foram altamente prevalentes e incapacitantes, destacaram-se
na classificação de YLD e, consequentemente, de DALY. No
entanto, alguns transtornos, apesar de serem muito
incapacitantes para o indivíduo, não se destacaram na
classificação de YLD, pela baixa prevalência na população,
como por exemplo a esquizofrenia, que apresentou o maior
peso de incapacidade de todas as doenças avaliadas em 2015,
mas não foi proeminente em termos de YLD por causa da sua
baixa prevalência11.
Particularmente no Brasil, os transtornos de ansiedade
apresentam as maiores taxas de YLD e de DALY do mundo31.
Esses resultados são condizentes com os
estudos14,15,17,20,21 utilizados pelos pesquisadores do GBD
para realizar tais estimativas. Um desses estudos21 encontrou
maiores proporções de prevalência de transtornos de
ansiedade no Brasil, em comparação com outros 23 países. As
possíveis explicações para a elevada prevalência no país
seriam: violência urbana generalizada; condições
socioeconômicas adversas; poluição; alto nível de ruído; a
falta de áreas de lazer nas cidades brasileiras.
Nas regiões em desenvolvimento, como no Brasil, há um
número maior de pessoas nas faixas etárias em que os TM são
mais prevalentes. Essa transição demográfica e
epidemiológica contribuipara o aumento da carga absoluta
desses transtornos na população8 . Porém, para grande parte
dos TM, o aumento do número absoluto de DALY não foi
acompanhado pelo aumento das taxas de DALY padronizadas
por idade, o que significa que as mudanças no DALY, entre
1990 e 2015, foram quase inteiramente atribuíveis ao
crescimento e envelhecimento da população. Apesar disso, a
estabilidade na taxa padronizada por idade demonstra a
necessidade de o país se preparar para o embate desse
problema, que tende a crescer com a transição demográfica.
É importante considerar que os transtornos decorrentes do uso
de drogas apresentaram a maior elevação das taxas de DALY
entre 1990 e 2015 (37,1%) e atingem principalmente homens
jovens. Abdalla et al. (2014)33 destacam que a taxa de
prevalência, em 2012, de consumo de crack-cocaína entre
brasileiros com 14 anos ou mais foi de 2,2% nos últimos
12 meses, e sugerem que o país está entre as nações com
maiores taxas de consumo anual, sendo um dos maiores
mercados consumidores de cocaína no mundo.
Os resultados do GBD 2015 refletem a realidade de estudos
epidemiológicos brasileiros12-14,16,18,19,21,22 em que
mulheres são mais acometidas pelos transtornos depressivos e
pelos transtornos de ansiedade, enquanto nos homens
prevalece a esquizofrenia, os transtornos decorrentes do uso
de álcool e de drogas e o TDAH na infância e na vida adulta.
Esses resultados coincidem, também, com os resultados da
maioria dos estudos realizados em países ocidentais16.
Outro importante resultado dos dados brasileiros do GBD
2015 foi a alta carga dos transtornos mentais que ocorrem na
infância e adolescência, como os transtornos do espectro
autista, TDAH e transtorno de conduta. Esses resultados
reforçam a necessidade de serviços de prevenção e tratamento
voltados para crianças e adolescentes, atualmente pouco
disponíveis no Brasil34.
Nesse contexto, os resultados deste estudo evidenciam o
desafio que os TM representam para o sistema de saúde do
país. No Brasil, a implantação da rede comunitária de serviços
de saúde mental teve início na década de 1990 e, apesar de
estar em constante crescimento, ainda não há serviços
suficientes para atendimento eficaz de toda a população35.
Além disso, existem as barreiras culturais, financeiras e
estruturais que impedem que as pessoas busquem atendimento
psiquiátrico, tais como o estigma, o pouco conhecimento da
doença, o preconceito, a descrença do tratamento, a falta de
treinamento das equipes da atenção básica para a identificação
dos casos, entre outros18.
Há ainda a especificidade do território brasileiro que é
marcado por importantes diferenças na disponibilidade de
serviços de saúde mental, a depender da região do país.
A pesquisa nacional de base populacional (PNS), realizada em
2013, apresentou estimativas de acesso ao tratamento para
depressão e constatou que na região Norte está a maior
proporção de indivíduos não tratados (90,2%) e, na região Sul,
a menor proporção (67,5%)6 . Apesar disso, os resultados do
GBD 2015 para as UFs do Brasil foram praticamente
homogêneos. Isso aconteceu porque as estimativas de carga de
doença foram geradas com base nos dados disponíveis das
UFs, que tradicionalmente tendem a ser realizados em áreas
urbanizadas e majoritariamente em UFs das regiões Sudeste e
Sul, que certamente não refletem a realidade do país. É
importante destacar que os resultados do GBD dão
oportunidade ao país de fazer uma avaliação crítica da
qualidade dos seus dados, de modo que as limitações na sua
disponibilidade precisam ser levadas em conta quando se
fazem interpretações sobre regiões específicas.
FONTE:
https://www.scielo.br/j/rbepid/a/SJbmVzZy3tD7dk3NDmYZ
mDq/?lang=pt&format=pdf
Nos últimos anos, as doenças mentais tiveram um aumento
considerável. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o
Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto
mais depressivo. Mesmo assim, parte dessas pessoas não
possuem assistência médica adequada.
A depressão é o mal do século XXI. A ansiedade afeta 18,6
milhões de brasileiros. Os transtornos mentais são
responsáveis por mais de um terço do número total de
incapacidades nas Américas.
Como se sabe, a adolescência é um período de muitas
mudanças. Hábitos sociais e mentais desenvolvidos são
importantes para o bem estar social.
Diante tantas mudanças, estudos apontam que entre 10 e 19
anos existe uma prevalência maior de transtornos mentais,
sendo o principal fator agravante as incertezas dessa fase da
vida.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, as
condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga
global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e
19 anos. Os dados também apontam que metade de todas as
doenças mentais começa aos 14 anos, mas a maioria dos casos
não é detectada nem tratada. Entre os transtornos, a depressão
se destaca como uma das principais causas de doença e
incapacidade entre adolescentes.
https://www.scielo.br/j/rbepid/a/SJbmVzZy3tD7dk3NDmYZmDq/?lang=pt&format=pdf
https://www.scielo.br/j/rbepid/a/SJbmVzZy3tD7dk3NDmYZmDq/?lang=pt&format=pdf
http://wirehaired-mellow-gasosaurus.blogs.rockstage.io/depressao-e-a-doenca-do-seculo/
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
Ao longo da vida, uma em cada dez pessoas precisará de
cuidados de saúde mental. Se os momentos de estresse e
apreensão não forem reconhecidos e gerenciados, esses
sentimentos podem levar à doença mental.
Infelizmente, a maioria não é diagnosticada e muito menos
tratada. Consequentemente, o suicídio torna-se a terceira
causa de morte entre os adolescentes.
Saúde mental entre pessoas em situação de rua
Como se sabe, a realidade de muitas pessoas em situação de
rua configura-se em um drama social. Eles sofrem com as
discriminações, falta de privacidade, carências na educação e
saúde, violências, além de possuírem fragilidade dos vínculos
sociais.
No Brasil, a cidade que possui maior concentração de
população em situação de rua é São Paulo. Em 2015, estima-
se que 15.905 pessoas estavam vivendo em situação de rua.
Desse número, 7.335 estavam sem abrigo.
Em virtude dessas condições de vida e em busca de fugir da
situação em que se encontra, o transtorno mais comum nessa
população está associado a dependência de álcool (8% – 58%)
e outras drogas (5% – 54%).
Para melhorar o acesso à saúde da população em situação de
rua, foi criado o Consultório na Rua. Essas ações são
realizadas por equipes da atenção básica em determinadas
datas para atuarem no cuidado integral dos pacientes.
Saúde mental na saúde pública
A criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) foi um
importante passo da reforma psiquiátrica no Brasil, que
aconteceu em 2001. Os CAPs substituíram o antigo modelo
hospitalocêntrico e manicomial e seguem os princípios do
Sistema Único de Saúde (SUS) de universalidade, equidade e
integralidade.
O papel dos CAPs é o de oferecer assistência, cuidados e
tratamentos para a saúde mental da população brasileira. Além
do atendimento às pessoas com transtornos mentais como
depressão, ansiedade, esquizofrenia e outros, os CAPs
também têm um grande foco aos dependentes de substâncias
psicoativas, principalmente o crack, que é uma preocupante
realidade entre a população vulnerável no Brasil.
Depressão e ansiedade
A prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil é de
15,5%. A fase da vida mais acometida por esse transtorno é a
terceira década, podendo acometer qualquer idade, sendo mais
comum em mulheres.
Ainda sobre os principais transtornos mentais, a ansiedade
está presente em 9,3% da população geral.
Certamente, os transtornos de ansiedade possuem sintomas
muito mais intensos do que a ansiedade cotidiana. Os
principais sintomas são:
Preocupações, tensões ou medos exagerados e muitas vezes
incapacitantes;
Sensação contínua de que algo muito ruim vai acontecer;
Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou
trabalho.
Saúde mental durante a pandemia do coronavírus
A pandemia da Covid-19 transformou 2020 em um ano crítico.
A necessidade de seisolar socialmente e a colateral recessão
econômica em nível mundial foram um verdadeiro teste para a
saúde mental.
Ainda no mesmo ano, sem mesmo a pandemia ter chegado ao
fim, já estão disponíveis alguns índices que mapeiam o
preocupante quadro da saúde mental dos brasileiros no
contexto pandêmico.
O Google forneceu dados ao jornal O Estado de São
Paulo que mostram que houve um pico histórico nas pesquisas
sobre transtornos mentais: as buscas sobre o tema tiveram
uma alta de 98% ante a média dos dez últimos anos.
Entre as perguntas mais pesquisadas está ”como lidar com a
ansiedade”. Em junho, a pergunta ”o que é felicidade” teve o
maior volume de buscas dos últimos oito anos.
FONTE: https://blog.conexasaude.com.br/saude-mental-no-
brasil/
Abordar os fatores de risco para os transtornos mentais no Brasil (contexto socioeconômico e cultural).
Quem está em risco de desenvolver transtornos mentais?
Os determinantes da saúde mental e transtornos mentais
incluem não apenas atributos individuais, como a capacidade
de administrar os pensamentos, as emoções, os
comportamentos e as interações com os outros, mas também
os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e
ambientais, como as políticas nacionais, a proteção social,
padrões de vida, as condições de trabalho e o apoio
comunitário.
Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a
perigos ambientais também são fatores que contribuem para
os transtornos mentais.
Depressão
As causas da depressão são, supostamente, uma combinação
de fatores genéticos, biológicos e emocionais. Algumas
condições podem ser consideradas favoráveis ao
desenvolvimento de um quadro depressivo, a saber:
 Histórico familiar, incluindo fatores genéticos;
 Depressões anteriores;
 Transtornos psiquiátricos correlatos;
 Estresse e ansiedade crônicos;
 Disfunções hormonais;
 Medicamentos;
 Abuso de álcool e outras substâncias psicoativas;
 Ausência de suporte social;
 Traumas psicológicos como abuso físico, sexual ou
emocional;
 Doenças cardiovasculares, endocrinológicas,
neurológicas, neoplasias entre outras;
 Conflitos conjugais e familiares;
 Mudança brusca de condições financeiras e desemprego;
 Experiências de perda.
FONTE: https://www.sejus.df.gov.br/wp-
conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf
Idosos
Entretanto, vale ressaltar que um fator apenas pode dá início a
uma cascata de outros fatores que levam aos TMC. Tal
http://wirehaired-mellow-gasosaurus.blogs.rockstage.io/setembro-amarelo/
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,com-pandemia-buscas-relacionadas-a-transtornos-mentais-no-google-batem-recorde,70003445996
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,com-pandemia-buscas-relacionadas-a-transtornos-mentais-no-google-batem-recorde,70003445996
https://www.sejus.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf
https://www.sejus.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
hipótese pode ser afirmada no estudo de Hellwig, Munhoz e
Tomasi (2016) que concluiu que a condição socioeconômica,
a aposentadoria e a inatividade física demonstram maiores
risco de desenvolvimento de tais transtornos.
Estes fatores são bastante pertinentes e devem ser estudados
cuidadosamente nas próximas décadas dados o cenário
político e social atual brasileiro. Pois, devido ao progresso, a
mudança no perfil demográfico, epidemiológico, ao aumento
da expectativa de vida e, principalmente, as atuais propostas
de mudanças na reforma da previdência podem
potencialmente no decorrer dos anos termos uma terceira
idade mais propensa a tais transtornos.
O sexo feminino apresenta-se como um fator primordial no
desenvolvimento também de transtornos mentais comuns. Tal
fenomêno pode ser explicado por condições relacionadas
ainda ao papel da mulher socialmente pré-estabelecidos, as
mudanças na imagem corporal referentes ao próprio processo
de envelhecimento, perda da função reprodutiva e da
maternidade, visto que frequentemente ocorre após a meno
pausa a chamadas indromedoninho vazio.
Nos estudos de Guedes e Neto (2015) não houve análise
estaticamente revelante para tal afirmativa, contudo, na
observação direta e empírica de tal fenômeno podemos chegar
a conclusão de que parte-se de uma premissa verdadeira
diante da comparação de outros estudos com estatisticas
siginificativas no genêro feminino (MARTINS et al., 2016;
SANTOS; CRUZ et al., 2017; MATIAS; FONSECA;
MATOS,2016).
Para Hellwig, Munhoz e Tomasi (2016) ainda corrobando
com Bretanha et al., 2016 e Coutinho e tal., 2014 que os
baixos níveis sócio econômicos, insatisfação com a vida e
questões subjetivas de saúde está geralmente associado com
alta morbidade psiquiátrica, incapacidadee falta de acesso a
cuidados de saúde.
Além do mais dificuldades financeiras podem gerar ansiedade
e preocupações que, soma das a dificuldades de acesso a
serviços de saúde, podem contribuir tanto para o surgimento
quanto para a manutenção de quadros depressivos
(COUTINHO et al., 2014; HELLWIG; MUNHOZ;
TOMASI,2016).
Por fim, doenças de bases e questões referentes a
personalidade do indivíduo foram fatores citados apenas no
estudo realizado por Basioli, Morreto e Guariento (2016),
embora não haja nenhuma correlação estatisticamente no
estudo que comprovasse em largas escalas tal afirmativa.
Contudo, baseado não somente na prática clínica, mas
baseado em evidências cientificas como no estudo realizado
por Boing et al (2012) as pessoas com uma ou mais doenças
crônicas apresentaram maior prevalência de depressão,
mesmo após ajuste pelas variáveis demográficas,
socioeconômicas e de uso de serviços de saúde. A relação
entre depressão e doenças crônicas pode ser bidirecional, pois
pessoas que apresentam doenças crônicas reportam pior auto
avaliação de saúde.
FONTE: Associação de fatores de risco nos transtornos
mentais comuns em idosos: uma revisão integrativa
Adultos
Os problemas relacionados à saúde mental têm sido
relacionados a múltiplos fatores sociais, culturais, econômicos
e ambientais. Os contextos social, educativo e de trabalho e o
acesso aos serviços de saúde podem ser identificados como
estressores psicossociais e ambientais. As altas prevalências
encontradas para agorafobia, TAG e fobia social podem estar
relacionadas ao grupo social em que estavam inseridos os
indivíduos estudados, a pouco apoio social e a dificuldades de
adaptação ao meio, ou ainda à existência de problemas no
trabalho ou ambiente educacional, com a experimentação de
situações de desaprovação e rechaço11. Por fim, problemas
econômicos também podem estar relacionados à alta
prevalência desses quadros, em virtude da dificuldade de
cumprir com a responsabilidade de efetuar pagamentos,
comprar bens necessários e manter hábitos.
No presente estudo, as mulheres foram mais acometidas pelos
transtornos de ansiedade, comparadas aos homens em todos os
quadros investigados. Segundo Kinrys e Wygant, as mulheres
têm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade ao
longo da vida12. É possível que sejam mais acometidas por
quadros de ansiedade em razão da pressão social que recebem,
da jornada de trabalho e da renda inferior. Isso faz com que
muitas tenham que trabalhar mais para cumprir com
pagamentos e manutenção da família13. Outra possível
justificativa pode estar relacionada à exposição à violência
que a mulher vem enfrentando cotidianamente, o que pode
deixá-la em constante sensação de medo, angústia e
ansiedade14. No entanto, ainda que as mulheres apresentem
maior gravidade nos sintomas e evolução crônica nos
transtornos de ansiedade12, é preciso salientar que,
independentemente do sexo, os transtornos de ansiedade
podem causar grande prejuízo funcional na vida dos
indivíduos e consequências graves, como a dificuldade de
arranjar emprego, a de conviver em grupos e de participar de
atividades de lazer.
De modo geral, existe pouca pesquisa no Brasil que discuta a
relação da raça/cor da pele com os transtornos emocionais,
principalmente porque há dificuldade em classificar raça em
umpaís miscigenado e a oposição entre classe social e raça. A
raça/cor da pele pode interferir nas oportunidades
educacionais, financeiras e sociais, influenciando a posição
socioeconômica no contexto atual de quem vive no Brasil. E
as características socioeconômicas apresentam maior relação
com os transtornos de ansiedade do que a própria raça do
indivíduo
Costa et al. encontraram associação positiva entre ansiedade e
uso de álcool em adultos, nos quais o hábito é realizado como
automedicação, dependendo do tipo de transtorno34. Em um
estudo com adolescentes, a ansiedade social foi um fator de
risco para o uso de álcool35. Indivíduos alcoolistas
apresentam quadros significativos de ansiedade, como
transtornos de pânico, fóbicos e de ansiedade generalizada36.
O TEPT também foi associado ao uso de álcool, drogas e
nicotina no estudo de Breslau37; nesses casos os indivíduos
também utilizam o álcool para aliviar sintomas de ansiedade.
O TEPT ainda aparece como comorbidade em alcoolistas e
como o transtorno mais frequente em indivíduos que usavam
ou eram dependentes de álcool38. Já o estudo de Souza sobre
o TAG em jovens entre 18 e 24 anos e fatores associados
encontrou uso de álcool em 81,7% da amostra20. A relação do
uso do álcool e ansiedade é complexa, podendo agravar
quadros e levar à dependência. Muitos indivíduos utilizam
álcool para aliviar sintomas de ansiedade e tornarem-se mais
confiantes e independentes em suas atividades rotineiras e que
exigem contato social. Cabe ressaltar que o presente estudo
considerou a associação entre uso abusivo de álcool e
transtornos de ansiedade.
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
A presença de doenças crônicas (de diferentes ordens), a
iminência de agravos e a dificuldade de acesso aos serviços de
saúde podem ser geradoras de ansiedade. Esse estudo
encontrou essa associação, ou seja, o grupo que relatou ter
alguma doença crônica apresentou maior prevalência de
ansiedade (p < 0,001). E quando os transtornos foram
avaliados individualmente, o grupo com doenças crônicas
apresentou maior prevalência em todos os quadros. Alguns
transtornos psiquiátricos são comórbidos, como os casos de
TEPT, que podem ser precedidos por outros quadros de saúde
mental e até levar ao suicídio. A relação inversa também é
possível: transtornos de ansiedade já existentes podem
aumentar a exposição a traumas e, consequentemente, levar ao
TEPT39. O TAG também tem altas taxas de comorbidade. A
presença desse transtorno aumenta em 20 vezes o risco de o
indivíduo apresentar transtorno de pânico6. Também no
estudo de Souza20, comorbidades ao TAG foram encontradas
na seguinte ordem: transtorno de pânico (9,2%), agorafobia
(37,5%), fobia social (16,4%), TOC (14,5%) e TEPT (9,9%).
Assim, é importante salientar que os quadros aqui estudados
podem estar relacionados entre si e até mesmo sobrepor
diagnósticos, o que aumentaria a prevalência desses
transtornos.
FONTE:
https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVR
xz/?lang=pt
Adolescência
Riscos ou adversidades são variáveis individuais, ambientais
ou contextuais que aumentam a vulnerabilidade da criança
para resultados negativos ao seu desenvolvimento (PESCE et
al., 2004; SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005).
Considerados inicialmente como eventos estáticos, os fatores
de risco vêm sendo cada vez mais reconhecidos como
processo, sendo que o número total de fatores de risco a que
uma criança for exposta, o período de tempo, o momento da
exposição e o contexto são mais importantes do que, por
exemplo, uma única exposição grave (BORDIN; PAULA,
2007; OLIVEIRA, 1998; PESCE et al., 2004; SAPIENZA;
PEDROMÔNICO, 2005). Os limites individuais também
devem ser considerados, além dos níveis de exposição. A
visão subjetiva do indivíduo de determinada situação, sua
percepção e interpretação do evento estressor são
fundamentais para os efeitos adversos que ele poderá acarretar
ou não (YUNES; SZYMANSKI, 2001).
A literatura tem descrito a resposta do indivíduo às situações
de risco em termos de vulnerabilidade e resiliência (ANTONI;
KOLLER, 2000; JUNQUEIRA; DESLANDES; 2003;
LUTHAR, 1991; POLLETO; WAGNER; KOLLER, 2004;
SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005). Para Pesce et al.(2004)
vulnerabilidade refere-se à predisposição do indivíduo para
desenvolver alguma forma de psicopatologia ou à
suscetibilidade para resultados negativos no desenvolvimento,
enquanto resiliência estaria relacionada à predisposição para
resistir aos fatores de risco e alcançar um desenvolvimento
adequado.
Rutter (1987) salientou a importância de se considerar o
equilíbrio entre os fatores de risco e os de proteção (apoio
social, autoestima, supervisão familiar, entre outros). Sugeriu
que o termo risco fosse tomado sob a ótica de um mecanismo,
e não de um fator, tendência que se consolidou na literatura.
Como as adversidades não costumam estar isoladas, uma vez
que se inserem em um contexto social que envolve fatores
políticos, socioeconômicos, ambientais, culturais, familiares e
genéticos, deve-se considerar a sua associação interativa
(BORDIN; PAULA, 2007; CARVALHO, 2002;
EISENSTEIN; SOUZA, 1993; HALPERN; FIGUEIRAS,
2004; SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005). Em tais casos,
elas constituem-se como mecanismos de risco e potencializam
a probabilidade de desfechos desenvolvimentais negativos e
de problemas de saúde mental.
Os fatores de risco para problemas de saúde mental a que as
crianças e adolescentes estão expostos podem ser agrupados
da seguinte forma: fatores biológicos, relacionados a
anormalidades do sistema nervoso central, causadas por lesões,
infecções, desnutrição ou exposição a toxinas; fatores
genéticos, relacionados à história familiar de depressão,
esquizofrenia, por exemplo; fatores psicossociais,
relacionados a disfunções na vida familiar, discórdia conjugal,
psicopatologia materna, criminalidade paterna, falta de laços
afetivos entre pais e filhos; eventos de vida estressantes,
relacionados à morte ou à separação dos pais, entre
outros; exposição a maus-tratos (abuso físico e sexual, por
exemplo); e fatores ambientais, relacionados a comunidades
desorganizadas (BORDIN; PAULA, 2007; UNITED STATES
DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES,
1999).
O nível socioeconômico baixo pode estar associado a
problemas de saúde mental. A combinação de baixa renda,
analfabetismo, desemprego, más condições de moradia e
acesso limitado à saúde e à educação aumentam esse risco
(BENVEGNU et al., 2005; BORDIN; PAULA, 2007;
FLEITLICH; GOODMAN, 2001; PAULA; DUARTE;
BORDIN, 2007; VITOLO et al., 2005). Os autores salientam
que a pobreza parece estar associada a inúmeras condições
adversas e à maior exposição a fatores de estresse.
FONTE:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S
1809-52672009000200012
Compreender a influência das doenças mentais na produtividade e qualidade de vida das pessoas.
O trabalho é uma parte importante da vida e precisa ser fonte
de realização, sustento e crescimento. Muitas vezes, porém,
não é isso que acontece e a atividade laboral se torna causa de
adoecimento. Quando falamos em Saúde e Segurança do
Trabalho, o que vem à mente inicialmente são os acidentes e
as patologias físicas. Nos últimos anos, porém, as estatísticas
apontam que os transtornos mentais figuram entre as
principais causas de afastamento no Brasil. Diante desse
cenário, é preciso falar sobre assunto e profundar os motivos
que levaram a esse quadro – e como evitar que ele se agrave.
Neste mês de abril, destinado a estimular a prevenção, saúde e
segurança do trabalho, a necessidade de se atentar para a
saúde mental no ambiente laboral se sobressai, especialmente
considerando dados recentes sobre o tema. Conforme a
Previdência Social, em 2017, episódios depressivos geraram
43,3 mil auxílios-doença, sendo a 10ª doença com mais
afastamentos. Já doenças classificadas como outros
transtornos ansiosos também estão entre as que mais
afastaram, na 15ª posição, com 28,9 mil casos. O transtorno
depressivo recorrente apareceu na 21ª posição, com 20,7 mil
auxílios.
O aumento de jornadasexaustivas, imposição de metas
abusivas, falta de reconhecimento e autonomia no ambiente de
trabalho são algumas das possíveis causas de tantos
afastamentos ligados à saúde mental.
https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVRxz/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVRxz/?lang=pt
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672009000200012
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672009000200012
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
“Além disso, o excesso de auto cobrança e uma tentativa
desenfreada de querer responder a demanda de um `outro
Institucional’ como forma de validar seu trabalho,
ultrapassando assim seu próprio limite e negligenciando sua
vida social e lazer, contribuem para estas estatísticas”, a alerta
o psicólogo e diretor técnico da Holiste Psiquiatra, Ueliton
Pereira.
Ele ressalta que as doenças mentais associadas ao trabalho
mais comuns são depressão, transtorno de pânico, ansiedade e
síndrome de bournout. Os trabalhos mais estressantes
envolvem bombeiros, militares, policiais, jornalistas, altos
executivos, médicos, enfermeiros que trabalham em UTI e
emergências, economistas e professores.
Ueliton destaca ainda que a doença laboral se caracteriza
quando os sintomas surgem decorrente a rotina do trabalho e
envolvem o ambiente e qualquer assunto referente ao trabalho.
Geralmente as pessoas sentem a crise de ansiedade e pânico
no momento que têm que sair para ir trabalhar, ou o coração
dispara quando fala do chefe ou de alguma situação que
remete ao trabalho.
“Quando o desânimo começa no final de semana, ao lembrar
que no dia seguinte retomará a rotina e isso começa a
aumentar a ponto de os sintomas começarem a um ou dois
dias antes é um sinal. Muitos pacientes relatam que sonham,
só falam no trabalho e sentem todos os incômodos possíveis, a
ponto de começar a gerar faltas e outros. Cansaço excessivo –
físico e mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite
e no sono, dificuldades de concentração, sentimentos de
fracasso e insegurança e negatividade constante são possíveis
sintomas de adoecimento”, sublinha.
Síndrome de Burnout
O conceito mais usado para Síndrome de Burnout é um estado
físico, emocional e mental de exaustão extrema, que resulta do
acúmulo excessivo em situações de trabalho emocionalmente
exigentes e principalmente estressantes, que demandam muita
competitividade ou responsabilidade.
“A principal causa da doença é justamente o excesso de
trabalho. Geralmente começa com uma crise de ansiedade ou
pânico, para depois se desenrolar como a Burnout”, completa
Ueliton Pereira.
O papel das empresas
Para contribuir na tarefa de proporcionar mais saúde e
segurança para os funcionários, as empresas podem utilizar
estratégicas que diminuam o estresse e a pressão no trabalho.
“Geralmente programas que melhorem a qualidade de vida no
ambiente de trabalho ajudam, bem como, a melhora do espaço
físico e emocional. O reconhecimento dos profissionais, bem
como campanhas motivacionais são excelentes exemplos.
Qualquer empresa tem que cuidar da saúde mental de seus
funcionários, proporcionando informações, cultura, lazer,
dentre outros”, opina o psicólogo.
FONTE:https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/22/transtorn
os-mentais-estao-entre-as-maiores-causas-de-afastamento-do-
trabalho/
1- Incidentes Críticos
Para que os relatos obtidos nas 102 entrevistas pudessem
tornar-se passíveis de análise fizemos várias leituras buscando
extrair a idéia central de cada um deles. NOGUEIRA (1988)
chama esta idéia central de "componente crítico específico
para o objetivo da pesquisa". O componente crítico procurado
nos relatos continha as atividades do dia a dia que foram ou
estavam sendo afetadas pelo problema de saúde mental, ou
seja as atividades consideradas importantes para o bem estar
do doente.
Considerando que para ser crítico um incidente deve
descrever uma situação que desencadeia uma ação e a
conseqüência desta ação, procuramos descrever o conteúdo
dos relatos segundo esses três componentes.
a) Categorias gerais de Situações
As categorias gerais de situações elaboradas descrevem o
contexto do doente mental onde alguma atividade importante
para a qualidade de vida tornou-se necessária. As situações
foram agrupadas segundo a semelhança entre os contextos
descritos. A ocorrência de termos semelhantes ajudou na
concretização dos agrupamentos e na escolha dos títulos
dados às categorias.
Uma característica comum a todas as situações descritas nos
relatos é que elas apresentavam um estado de desequilíbrio na
interação do doente com os contextos que compõem seu
ambiente.
Na elaboração deste trabalho pudemos perceber também que
muitas das situações relatadas se assemelham às situações de
crise acidental relatadas na literatura e citadas por
AGUILERA & MESSICK (1974) e por RODRIGUES (1986).
Esta semelhança chamou nossa atenção para uma questão que,
em nosso entender poderá ser aprofundada futuramente, que é
a relação entre os termos situações críticas e situações de crise
acidental.
As situações relatadas nos incidentes críticos foram agrupadas
em cinco categorias:
Trabalho : dificuldade para iniciar e completar uma tarefa do
trabalho remunerado; problemas de relacionamento com
pessoas do ambiente de trabalho; demissão; aposentadoria por
invalidez; acidente de trabalho; dificuldade para se inserir no
mercado de trabalho; pobreza decorrente da falta de trabalho.
Família : problemas de relacionamento entre o doente e
membros do círculo familiar; o doente sente que perdeu seu
papel junto aos seus familiares; eventos sociais propiciados
pela família; separação ou divórcio; isolamento do doente em
relação aos familiares; nascimento e morte de pessoa próxima.
Saúde/doença : presença de problema de saúde física em
pessoas de convívio do doente; características negativas da
saúde mental (é uma pessoa impressionada, é desanimado,
ouve vozes, é muito nervoso, bebe muito); tratamento da
doença mental (toma remédio; parou de tomar remédio,
aumenta a dose do remédio); piora dos sintomas de doença
física e novo diagnóstico de doença física (diabetes, câncer,
problemas cardíacos).
Social : interações do doente com escola; armazém; igreja;
vizinhos; festas; eventos; atividades de recreação e esporte;
ausência de situações sociais; problemas legais e de segurança.
Moradia : mudança de domicílio (veio da fazenda para a
cidade, mudou de cidade, mudou de bairro, ganhou casa da
cohab); falta de condições financeiras para garantir moradia.
Moradia é uma categoria nova criada a partir do processo de
elaboração do presente texto. Na pesquisa original
(GALERA ,1994) os incidentes agrupados nesta categoria
eram denominados de "Situações de Crise". Além dos
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
problemas relacionados com a moradia, as outras situações
que compunham as situações de crise eram: a menopausa e o
surgimento de novos problemas de saúde (problemas
ginecológicos); nascimento e morte de pessoa próxima. Estas
situações foram inseridas nas categorias Saúde/doença e
Família respectivamente.
b) Categorias gerais de comportamentos - Atividades críticas
As categorias gerais de comportamentos descrevem cinco
atividades humanas que foram exigidas nas situações e cujo
desempenho foi ou é afetado pela presença do problema de
saúde mental daquele doente. Descreve também uma categoria
em que o doente apresentou exacerbação dos sintomas do seu
problema de saúde quando o contexto exigia uma das cinco
atividades anteriores.
O desempenho destas atividades é crítico em relação à
qualidade de vida e o não desempenho é indicador de que o
doente está necessitando de ajuda profissional imediata.
As atividades humanas afetadas foram:
Relacionar-se com pessoas típicas do contexto : oferecer e
receber ajuda de outros; brigar; pedir e dar conselhos;
conversar com pessoas típicas do contexto.
Cuidar da saúde : aderir ou não ao tratamento proposto por
profissional de saúde; utilizar serviço de saúde;cuidar da
higiene pessoal e do ambiente.
Atividade social : fazer e receber visita; ir ao clube; ir jogar
bola; participar de festas; aprender novas habilidades com
pessoas da comunidade (aprender a dirigir automóvel;
aprender a fazer comida vegetariana)
Lidar com a situação percebida como problemática : não sabe
como solucionar o problema; procura solucionar o problema
conversando com as pessoas envolvidas nele; adota
comportamentos com a finalidade de melhorar seu humor;
está sem perspectiva de como solucionar o problema; procura
antecipar-se frente ao problema que começa a perceber;
desiste de tentar uma solução; está tentando uma nova solução;
avalia que a solução adotada foi ruim e, tenta uma nova
solução.
Trabalhar: faltar ao trabalho para comparecer ao ambulatório;
estar trabalhando; ir ao banco para receber salário;
aposentadoria; procurar emprego; realizar trabalho doméstico
e melhorias na moradia.
Sintomas: sentir falta de ar; ficar nervoso; agressivo;
esquecido; ouvir vozes; sentir um negócio ruim; ver vultos;
sentir uma coisa e ficar sem saída frente às exigências do
contexto.
c) Categorias gerais de Conseqüências
As categorias gerais de conseqüências referem-se aos
resultados do desempenho das atividades exigidas nos
contextos. O desempenho foi negativo quando piorou algum
aspecto da vida do doente e foi positivo quando melhorou.
No estudo original (GALERA,1994) elaboramos sete
categorias gerais de conseqüências, mas para a elaboração
deste texto reagrupamos todas em quatro categorias gerais de
conseqüências:
Piora/melhora do estado de saúde: presença de efeitos
colaterais dos medicamentos; piora ou melhora de sintomas;
satisfação/insatisfação com o serviço de saúde (quer mudar de
médico e de hospital; gostava de conversar com aluna de
enfermagem, o profissional de saúde não atendeu a solicitação
do doente).
Piora/melhora do relacionamento interpessoal: melhorou seu
relacionamento com colegas de trabalho; as colegas se
afastaram e a doente ficou sozinha; as vizinhas mostraram que
são amigas; tem alguém que se preocupa com ela; passou a ter
companhia; ficou uma pessoa sozinha.
Piora/melhora do Status financeiro: começou a receber
dinheiro de fonte própria; começou a receber aposentadoria;
está vivendo de doações feitas por pessoas da comunidade e
da família; descobriu que não tem direito a aposentadoria; foi
demitido; ganha muito pouco porque poucas pessoas dão
papel velho para o doente porque sabem que é doente mental;
ninguém quer dar emprego ao doente; conseguiu emprego e
moradia; deixou de contribuir financeiramente com a família
que contava com este dinheiro. Passou ou deixou de viver em
ambiente de maior ou menor conforto (casa em bairro servido
por água e esgoto, casa de alvenaria, casa de favela e sem
banheiro, bairro servido por transporte coletivo). Passou a ter
um lugar para morar, ter comida e dinheiro para os remédios.
Atividade/inatividade : está parado há 20 anos; não consegue
fazer todas suas atividades como antes; está conseguindo fazer
suas atividades; tem conseguido sair um pouco; não tem
conseguido nem fazer as atividades de higiene pessoal; passa
o dia todo na cama.
2 - Exigências Críticas
A formulação das exigências críticas é o último procedimento
preconizado pela técnica do incidente crítico e envolve
determinar o nível mais apropriado de especificidade-
generalidade a ser utilizado na apresentação e discussão dos
resultados obtidos com a técnica. Segundo FLANAGAN
(1973), o nível escolhido pode ser de somente uma dúzia de
comportamentos muito gerais ou de centenas de
comportamentos muito específicos. Esta decisão depende dos
objetivos e da natureza da atividade investigada.
DELA COLETA (1974) define exigências críticas como o
conjunto de comportamentos positivos e negativos de uma
dada categoria.
Neste estudo, as exigências críticas descrevem atividades de
vida importantes para a interação do doente mental em cinco
contextos de seu ambiente. Estas atividades foram exigidas no
contexto e o desempenho do doente se refletiu em alguns
aspectos de sua vida. Quando o desempenho da atividade não
foi satisfatório houve uma piora em algum aspecto da vida do
doente e quando foi satisfatório houve melhora. Na Figura
1 apresentamos as exigências críticas ou fatores que
contribuem para a qualidade de vida de pessoas portadoras de
algum problema de saúde mental.
Uma das premissas quando se discute qualidade de vida do
doente mental é que ela reflete a qualidade da assistência que
está sendo oferecida para essas pessoas. Neste estudo
encontramos algumas pessoas que estavam vivendo em
condições extremas de pobreza, de isolamento e de
inatividade em conseqüência de suas dificuldades para
desempenhar uma ou mais atividades importantes para a
qualidade de vida. Em nosso entender, essas condições
extremas necessitam urgentemente de assistência.
ORLANDO (1978) alerta que quando o doente é capaz de
satisfazer as suas necessidades e de efetuar as recomendações
médicas sem ajuda, ele não depende da assistência do
https://www.scielo.br/j/rlae/a/nRGGbGVLkncpcNppGJRhS9b/?format=html&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rlae/a/nRGGbGVLkncpcNppGJRhS9b/?format=html&lang=pt
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
enfermeiro. Mas, quando ele não pode satisfazer as suas
necessidades e não é ajudado, fica desamparado.
FONTE:
https://www.scielo.br/j/rlae/a/nRGGbGVLkncpcNppGJRhS9b
/?format=html&lang=pt
Este estudo verificou uma prevalência de 24,5% de TMC e
sua associação com uma pior qualidade de vida quanto a
aspectos gerais de saúde em uma população de jovens entre
18 e 24 anos de idade. A prevalência de TMC neste estudo foi
similar a outros inquéritos realizados no Brasil que
apresentaram de 17% a 35% de TMC 2,3,4,5. As diferenças
de resultados entre os estudos podem ser justificadas pelo
ponto de corte utilizado.
Além disso, nossos achados quanto às características
sociodemográficas também estão de acordo com outros
estudos. Um dos fatores que apresentou maior prevalência de
TMC foi ser do sexo feminino 23,24,25,26. Um dos achados
mais importantes na literatura é que as mulheres têm uma
prevalência de ansiedade e de depressão duas a três vezes
maior que os homens 3,24,27. Uma possível justificativa é o
fato de que as mulheres têm uma autopercepção de pior saúde
do que os homens, sendo assim, expressam com maior
facilidade seus sintomas e procuram mais os serviços de
saúde 4,28,29.
Pertencer à classe socioeconômica D ou E também se mostrou
significativo para o TMC. Segundo Costa & Ludemir 11,
TMC estão relacionados diretamente a fatores
socioeconômicos.
Alguns estudos apontam que quanto mais avançada a idade
maior a probabilidade de se desenvolver TMC 12,24. O que
não se confirmou neste estudo, pois a idade foi a única
variável testada que não se mostrou associada à ocorrência de
TMC. Uma possível explicação talvez seja a nossa população
deste estudo, que se limita a jovens de 18 a 24 anos. Em
estudo realizado com jovens de 15 a 18 anos, a idade também
não se mostrou associada 2. Provavelmente, isso seja
consequência da pequena margem de idade avaliada em
ambos.
Com relação ao uso de substâncias, o uso de álcool esteve
associado à presença de TMC como relatado por grande parte
da literatura científica 30,31,32,33,34,35,36,37. O tabagismo
também mostrou associação significativa para TMC, assim
como em um estudo realizado em Pelotas com adolescentes de
15 a 18 anos (p < 0,001) 2.
A dependência da nicotina pode refletir tanto na hipótese de
que fumar pode levar ao desenvolvimento de TMC, quanto de
que o transtorno aumenta a probabilidade de tornar-se um
fumante regular, uma vez que tabagismo pode estar exercendo
a função de automedicação, caso se considere sua ação sobre a
atividade dopaminérgica e serotoninérgica 38.
Assim como nos TMC, menor classificação socioeconômica 7,
consumo de substâncias psicoativas 39,40,41,42,43 também
são fatores que acarretam prejuízos à qualidade de vida.
Quanto ao gênero, nosso estudo mostrou que as mulheres têm
maior prevalênciade TMC juntamente com escores menores
em sete dos oito domínios do SF-36. Estudos apontam uma
similaridade quanto aos nossos achados 44,45.
A qualidade de vida avaliada pelo SF-36 aborda as limitações
na vida diária por conte de problemas de saúde, dando uma
estimativa subjetiva do estado funcional do indivíduo que, por
sua vez, está relacionada à saúde mental. Nos últimos anos há
um aumento de pesquisas interessadas em avaliar a qualidade
de vida em portadores de transtornos mentais, pelo impacto
gerado na vida do indivíduo. Dentre os transtornos associados
ao declínio da qualidade de vida está a depressão, por
aumentar a sensação de dor e a incapacidade funcional, tornar
a adesão ao tratamento mais difícil e diminuir a qualidade das
relações sociais 46,47,48.
No transtorno bipolar os episódios depressivos e os sintomas
residuais de depressão, bem como os sintomas de
irritabilidade e alterações de sono estão correlacionados à pior
qualidade de vida, já que o funcionamento diário do indivíduo
está alterado 49. No transtorno de pânico, fobia social e
transtorno de ansiedade generalizada, problemas psicossociais
e altos níveis de ansiedade podem comprometer a qualidade
de vida 50,51. As comorbidades entre transtornos de
ansiedade e de humor são comuns e apresentam maior
prejuízo à qualidade de vida 52,53.
Dessa forma, mesmo que o instrumento SRQ-20 não
possibilite a identificação específica do(s) transtorno(s)
mental(is) em questão, é provável que a grande maioria dos
indivíduos que obteve escore indicativo de TMC apresente
algum transtorno de humor e/ou de ansiedade. A utilização de
tal instrumento define um conceito abrangente de TMC que
pode indicar diferentes transtornos mentais ou condições que
devem ser foco de atenção clínica. Ainda assim, o referido
instrumento é amplamente utilizado em estudos
epidemiológicos, possui aplicação simples e características
psicométricas adequadas para o rastreamento de transtornos
mentais. O presente estudo apresenta outra limitação que deve
ser considerada na interpretação de seus resultados. Ela diz
respeito ao seu delineamento transversal que impossibilita a
avaliação de qualquer relação causal entre qualidade de vida e
a presença de TMC. Porém, é importante ressaltar os aspectos
biopsicossociais relacionados aos transtornos mentais, em que
o papel da baixa qualidade de vida pode influenciar tanto no
surgimento quanto na manutenção de transtornos. Cabe ainda
salientar que os achados aqui expostos ganham em
credibilidade científica por serem oriundos de uma amostra
representativa de jovens.
Os TMC são uma das maiores demandas da atenção em saúde
nas classes menos privilegiadas 11,12. Estudo relata que em
uma unidade de assistência básica, 50% dos pacientes
apresentavam transtornos mentais 54. Há prioridade das
políticas de saúde para maior atenção ao rastreio de
transtornos mentais graves. Sugere-se, assim, que
profissionais de saúde na atenção básica atentem para o
rastreio dos TMC, sendo ele de alta prevalência na população
além de trazer um prejuízo significativo na qualidade de vida
da população. Deve-se trabalhar com atenção a prevenção de
TMC a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida à
população.
FONTE: https://scielosp.org/article/csp/2011.v27n3/440-448/
É possível notar que os trabalhadores sentem dificuldades
com as relações interpessoais no trabalho. Nos discursos,
mencionaram a falta de entendimento e acolhimento por parte
dos colegas de trabalho, o que torna o ambiente negativo e
sobrecarregado emocionalmente, sendo possível acreditar que
a falta do apoio social corrobora a percepção dos
trabalhadores sobre os estressores no ambiente profissional.
Sabe-se que os estressores presentes no ambiente de trabalho
podem ser tanto de natureza psíquica quantitativa, quando se
relacionam ao tempo e à velocidade de execução de tarefas,
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
ou qualitativa, quando envolvem conflitos que podem
contribuir para as ocorrências de adoecimento psíquico.
Assim, o apoio social, tanto de colegas de profissão quanto
dos chefes e dos familiares, é importante para amenizar as
situações estressoras, que são potencializadas quando esse
apoio é diminuído14.
Toda relação interpessoal partilha certas propriedades que
formam sua estrutura e qualidades afetivas. Quando o
indivíduo não consegue estabelecer boa interação no seu
ambiente de trabalho, há uma sobrecarga emocional que
dificulta o enfrentamento das situações de estresse durante a
vida laboral15.
Algumas das exigências que existem no ambiente de trabalho
podem influenciar a saúde do trabalhador, como ocorre com
os fatores psicossociais. Esses fatores englobam as cargas
psíquicas, que são agrupadas em sobrecarga psíquica e
subcarga psíquica. A primeira diz respeito às situações de
tensão prolongada e a segunda, à impossibilidade de se
desenvolver a capacidade mental, à falta de controle sobre o
trabalho, ao distanciamento entre grupos de mandos e de
subordinados, ao isolamento social no ambiente de trabalho,
aos conflitos de papéis, aos conflitos interpessoais e à falta de
apoio social16-18.
Com relação ao estresse e os distúrbios de sono, os
trabalhadores percebem-se estressados e atribuem o fato a um
exercício de trabalho desgastante, a prejuízos ao sono e às
atividades laborais em turno noturno, bem como à carga
horária exaustiva. A propósito disso, as teorias sobre o
estresse, em especial o work stress, preconizam a relação entre
trabalho e adoecimento mental, sendo o primeiro um meio
influenciador para o surgimento do segundo. Essa abordagem
avalia os fatores estressores que envolvem o trabalhador e os
métodos práticos para sua prevenção e tratamento3,4. No
estudo em tela, verificou-se uma estreita relação do estresse
com os distúrbios de sono.
Nesse sentido, é válido destacar que o sono é bastante
importante para o bem-estar mental do indivíduo. A atividade
ocupa cerca de um terço da vida humana, sendo importante
para o fortalecimento da memória, equilíbrio hormonal e
melhora do desempenho motor. E o trabalho noturno favorece,
além do surgimento de distúrbios do sono, a diminuição dos
estados de alerta do indivíduo, sendo fator de risco para o
estresse19.
Profissionais que trabalham à noite estão mais expostos às
patologias relacionadas ao sono, visto que a privação do sono
provoca alterações no ciclo de vigília, interferindo no
rendimento físico e mental dos indivíduos e repercutindo de
forma emocional, social, física e laboral. Desse modo,
influencia negativamente a qualidade de vida do trabalhador,
sendo gerador de estresse, impaciência, irritabilidade,
agressividade, desconforto, tristeza, isolamento e falta de
ânimo e de energia20,21.
Em geral, trabalhadores que apresentam sintomas de insônia
ou uma má qualidade de sono se queixam de maior
irritabilidade, ansiedade, depressão, cansaço e piora na
qualidade de vida, com tendência a desenvolver mais
facilmente transtorno depressivo e de ansiedade, doenças
cardiovasculares e dependência de substâncias psicoativas21.
Uma questão percebida e que gera inquietude nos
trabalhadores diz respeito ao sentimento de incapacidade para
atingir metas. Pelos discursos dos participantes, é possível
compreender que há uma sobrecarga de responsabilidades e
expectativas que, quando não alcançadas, geram frustração e
sentimento de tristeza, fato que se agrava frente ao estresse
ocupacional determinado pela percepção do profissional em
relação às suas demandas de trabalho como estressores e por
sua falta de habilidade para enfrentá-los.
O estresse laboral pode ser gerado por diversas variáveis
relacionadas ao trabalho, podendo ser decorrente da violência
das atividades às quais o funcionário está exposto ou do
desgaste físico vivenciado, por exemplo. O trabalho
possibilita crescimento pessoal e profissional, além de
reconhecimento e independência, porém, as constantes
mudanças impostas aos indivíduos por um labor desgastante
podem gerar, também, problemas como sintomas físicos do
estresse e psíquicos. Quantoaos sintomas físicos, foram
observados fadiga, dores de cabeça e insônia, entre outros. E
dentre os sintomas psíquicos, mentais e emocionais,
encontram-se a diminuição da concentração e de memória,
indecisão, confusão, perda de senso de humor, ansiedade,
nervosismo, depressão, raiva, frustração, preocupação, medo,
irritabilidade e impaciência9,22.
No que se refere à concepção dos trabalhadores sobre seu
ambiente de trabalho pós-adoecimento, constatou-se que os
participantes passaram a vê-lo de forma negativa. Atividades
antes prazerosas e gratificantes se tornaram um fardo pesaroso
e doloroso de carregar, pelo qual o local de trabalho tornou-se
um ícone de sofrimento e o simples pensar na atividade
profissional virou motivo suficiente para desencadear os
sintomas ansiosos, levando a um intenso sofrimento.
Ainda quanto à percepção do trabalhador com relação ao seu
ambiente de trabalho, é importante destacar a subjetividade e
trabalho como aporte teórico que analisa a concepção do
trabalhador a partir de suas experiências e o ambiente laboral.
Sendo assim, o trabalho pode ser apresentado como eixo
norteador para o ser humano, transpassando as esferas
culturais, sociais, econômicas e técnicas, dentre outras. Com
isso, o trabalhador pode relatar ter uma vivência equilibrada
para com o labor ou perturbada, sendo caracterizada por
conflitos e angústia6.
No que diz respeito ao sofrimento, o Brasil ainda é um país
subdesenvolvido, no qual a problemática acerca do
desemprego é recorrente e força os trabalhadores a
continuarem exercendo atividades nas quais não se sentem
satisfeitos por questão de subsistência.
Se faz necessário que o trabalhador procure atividades que
ressignifiquem sua vida pós-adoecimento laboral, com vistas a
tentar encontrar algo que o satisfaça, mantendo sua qualidade
física e mental. Com isso, viver o adoecimento mental pode
levar o ser humano a valorizar mais as coisas simples e as
pessoas queridas, a acessar a sua força, a reconhecer o seu
limite e a ressignificar as situações ocorridas em sua vida23.
Fato também destacado pelos trabalhadores relaciona-se à
insatisfação com a atividade laboral exercida, sendo apontada
como um dos fatores contribuintes para o desenvolvimento de
depressão associada ao trabalho. Atualmente, com as novas
formas que o trabalho vem adquirindo, os indivíduos
encontram-se constantemente diante do conflito de exercerem
funções que não lhes proporcionam prazer.
A psicodinâmica do trabalho destaca a organização deste
como fonte de insatisfação com a atividade laboral exercida,
sendo esta geradora de adoecimento e sofrimento mental. Essa
dinâmica também leva em consideração as estratégias
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defensivas adotadas pelo trabalhador e a escuta qualificada
como um método de intervenção para a interpretação desse
problema6. No entanto, apesar das estratégias de defesa
individuais dos trabalhadores desempenharem papel crucial
no fenômeno de adaptação ao sofrimento, exercem pouca
influência nesse grupo de pessoas, ao passo que as estratégias
coletivas atuam para a construção de um elo entre o trabalho
coletivo e o exercício de suportar as adversidades do grupo,
possibilitando uma atuação na estruturação do trabalho8.
A satisfação profissional, por sua vez, traz consigo a ideia de
bem-estar e afeição para com a atividade laboral exercida.
Todavia, existem fatores no ambiente de trabalho e na
organização do processo desse trabalho que podem contribuir
para que o trabalhador sinta-se satisfeito ou insatisfeito para
com o labor exercido, sendo, portanto, também causadores de
adoecimento profissional24,25. Assim, o trabalho vem
deixando de ser uma atividade de realizações pessoais para
tornar-se fonte de frustrações, que levam os indivíduos a não
se reconhecem nas tarefas que executam e, por conseguinte,
tornarem-se descrentes, distantes e sem envolvimento
emocional, o que contribui para a depressão26-27.
A inflexibilidade e a falta de apoio no ambiente de trabalho
também estiveram presentes nos discursos dos participantes,
que expressaram descontentamento com a forma como
algumas empresas tratam seus trabalhadores. É possível
observar que não há humanização e nem preocupação com o
bem-estar dos empregados, além de cobranças demasiadas
com relação ao cumprimento de tarefas e horários, o que gera
no empregado o medo de ser dispensado de suas funções por
não conseguir cumprir com as exigências impostas.
As recomendações para os serviços de saúde ocupacional
emitidas pela Organização Internacional do Trabalho e pela
Organização Mundial de Saúde destacam a proteção do bem-
estar físico e mental dos trabalhadores, visando a adaptar o
labor a um ambiente saudável de convivência. Um funcionário
com boas condições de saúde é mais produtivo e, por conta
disso, há uma tendência global das empresas se preocuparem
cada vez mais com essa questão, instituindo programas nesse
sentido
FONTE:http://www.rbmt.org.br/details/361/pt-
BR/adoecimento-mental-e-as-relacoes-com-o-trabalho--
estudo-com-trabalhadores-portadores-de-transtorno-mental
Burnout e depressão Dúvidas sobre a definição diagnóstica da
síndrome de burnout, suas diferenças e correlações com a
depressão ainda estão em estudo.
Testou-se a validade discriminativa da síndrome de burnout
em contraste com transtorno depressivo em professors pré-
escolares, médicos-assistentes e familiares. Os resultados
indicaram validade para o burnout, diferenciando-o da
depressão (Reime e Steiner, 2001).
Em outro estudo, os índices de burnout e a sintomatologia
depressiva mostraram significativa associação entre essas
patologias.
A sobreposição à exaustão emocional é digna de nota
(aproximadamente 20%). Já a baixa associação entre o
Inventário de Depressão de Beck e as dimensões RP e DE não
dá suporte à idéia de que o burnout é uma forma de depressão
relacionada ao trabalho (Glass e McKnight, 1996). Alguns
autores acreditam que a depressão seguiria o burnout e que
altos níveis de exigência psicológica, baixos níveis de
liberdade de decisão, baixos níveis de apoio social no trabalho
e estresse devido a trabalho inadequado são preditores
significantes para subseqüente depressão. Sugere-se também
que os indivíduos jovens com burnout têm maior porcentagem
de depressão leve do que ausência de depressão (Iacovides et
al., 2003).
Examinou-se a relação entre variáveis ocupacionais
(predisponentes à síndrome de burnout) e os transtornos
depressivos. Constatou-se que indivíduos que trabalham em
condições de muitas demandas psicológicas associadas a
baixo poder de decisão têm maior prevalência de depressão
quando comparados aos trabalhadores não expostos a essas
condições (Mausner-Dorsch e Eaton, 2001).
Diante da hipótese de que a suscetibilidade para depressão
associa-se ao aumento de risco para o desenvolvimento de
burnout, avaliaram-se os índices pessoais e história familiar de
depressão e sintomas de burnout, confirmando tal hipótese
(Nyklicek e Pop, 2005).
Outro estudo avaliou a associação entre transtornos
psiquiátricos e nível do cargo ocupado em oficiais do governo
japonês para detecção de estresse, transtornos psiquiátricos e
síndrome de burnout. Como resultados, encontraram-se várias
correlações. Primeira: quanto maior o nível de estresse
associado a limitado apoio da organização ao funcionário,
maior a probabilidade de desenvolver síndrome de burnout.
Segunda: quanto mais forte for o suporte da organização,
menor a tendência em se desenvolver depressão. Constatou-se
que oficiais ocupando cargos de alto nível recebiam menor
apoio organizacional e estavam mais severamente deprimidos
quando comparados a oficiais em cargos hierarquicamente
mais baixos (Nadaoka et al., 1997).
Burnout e transtornos ansiosos
Não se encontraram estudos que avaliassem a associação de
transtornos ansiosos específicos (transtorno do pânico, fobia
social, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-
compulsivo, transtorno do estresse póstraumático) e burnout.
Estudo realizado em Sidney, Austrália, avaliou110 estudantes
do primeiro ano do programa de graduação médica a fim de
determinar a prevalência de desordens psiquiátricas e burnout
no último ano de Medicina. Constatou-se que o número de
participantes que preenchiam critérios tanto para desordens
psiquiátricas (como transtornos de ansiedade) quanto para o
burnout cresceu ao longo do período do estudo (Willcock et
al., 2004).
Em Chicago (EUA), constatou-se que dentistas se deparam
com numerosas fontes de estresse profissional, iniciadas já na
faculdade. Afirmou-se que estão propensos a burnout,
transtornos ansiosos e depressivos em razão da natureza da
prática clínica e dos traços de personalidade comuns aos que
decidem pela carreira odontológica (Rada e Johnson-Leong,
2004).
Burnout e suicídio
Estudaram-se ideação suicida, tentativa de suicídio e os
aspectos relacionados ao ambiente de trabalho. Quatro fatores
foram relacionados: propensão ao suicídio, qualidade do
trabalho, ambiente de trabalho negativo e burnout/depressão.
A correlação entre esses fatores sugeriu que o ambiente de
trabalho, quando negativo, estava associado a
burnout/depressão, que, por sua vez, estavam relacionados a
maior probabilidade de ideação suicida e tentativa de suicídio
(Samuelsson et al., 1997).
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
Burnout e abuso/dependência ao álcool e outras substâncias
ilícitas
O estresse causado nos médicos pelo seu trabalho pode levar
ao burnout e à dependência química (Juntunen et al., 1988;
Schifferdecker et al., 1996a; 1996b). Estudou-se o consumo
de álcool em 2.671 médicos finlandeses como parte de uma
pesquisa sobre estresse e burnout. O aumento do consumo de
álcool estava associado, entre outros, a tabagismo, uso de
benzodiazepínicos, estresse e burnout, pensamentos de morte,
insatisfação geral. Hábitos de beber eram mais pesados entre
médicos trabalhando nos centros comunitários de saúde, entre
os que tinham licença prolongada devido à doença, jovens
médicos desapontados com suas profissões ou com o
ambiente de trabalho, e médicos mais experientes, imersos em
suas tarefas diárias. Sugeriu-se que o uso pesado de bebida
alcoólica poderia estar associado a estresse e burnout (Blair e
Ramones, 1996).
Avaliou-se a extensão de burnout entre 306 médicos
generalistas franceses. Verificou-se elevado nível de burnout
em 5% da população avaliada. De cada 3 médicos, 1 pensava
em se submeter a novo treinamento, 5,5% declararam estar
bebendo em excesso, 30% usavam psicotrópicos e 13%
pensavam em suicídio. A qualidade de vida dos que sofrem
com burnout foi considerada deteriorada, também levando a
conseqüências deletérias no que se refere aos cuidados
prestados aos pacientes (Cathebras et al., 2004).
Burnout e transtornos psicossomáticos
Há muitas indicações de que situações estressantes de origens
familiar e laboral são fatores de risco para o desenvolvimento
de desordens relacionadas ao estresse. Segundo evidencia o
estudo, diagnósticos como síndrome de burnout, síndrome da
fadiga crônica e fibromialgia representam modos diferentes de
reagir a uma situação opressiva. O limite entre essas doenças e,
de outro lado, depressão, doenças cardíacas, é freqüentemente
impreciso; esses diagnósticos podem delinear os estágios
preliminares de doenças como angina pectoris e infarto do
miocárdio. Essas circunstâncias refletem sofrimento
considerável dos indivíduos e um fardo econômico
significativo para a sociedade (Anderberg, 2001).
Em estudo realizado em Roma, avaliaram-se controladores de
tráfego aéreo (CTA) e profissionais de serviços de saúde (PSS)
usando-se o Rome burnout inventory (RBI). Os indivíduos
que relatavam estar deprimidos, ansiosos ou com impulso
descontrolado preenchiam critérios para burnout. Os maiores
níveis de doenças psicossomáticas foram encontrados nos
CTA que também tiveram maior pontuação em exaustão
emocional (Venturi et al., 1994).
Burnout e demência, retardo mental, transtornos psicóticos e
de personalidade
A literatura evidencia que a síndrome de burnout pode ocorrer
em indivíduos que trabalham como cuidadores de pacientes
portadores de quadros demenciais e de retardo mental (Duran
et al., 2004; Hastings et al., 2004).
Não se evidenciou relação de causa-efeito entre burnout e
demência, retardo mental, transtornos psicóticos nem de
personalidade.
Conseqüências do burnout
Muitos pontos permanecem não esclarecidos, mas os autores,
de forma geral, concordam que o burnout interfere nos níveis
institucional, social e pessoal.
Para a organização
A instituição tem um aumento em seus gastos (tempo,
dinheiro) com a conseqüente rotatividade de funcionários
acometidos pelo burnout, assim como com o absenteísmo
destes (Gil-Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et
al., 2001; World Health Organization, 1998).
Há estudo afirmando que o burnout enfraquece o interesse de
alguns membros da equipe de saúde por práticas inovadoras,
contribuindo como fator impeditivo na disseminação de
condutas baseadas em evidência (Corrigan et al., 2003; Gil-
Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et al., 2001).
Segundo Maslach e Leiter (1997): “[...] os indivíduos que
estão neste processo de desgaste estão sujeitos a largar o
emprego, tanto psicológica quanto fisicamente. Eles investem
menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é
absolutamente necessário e faltam com mais freqüência. Além
de trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de
alta qualidade requer tempo e esforço, compromisso e
criatividade, mas o indivíduo desgastado já não está disposto a
oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade e na
quantidade de trabalho produzido é o resultado profissional do
desgaste”.
Para o indivíduo O indivíduo pode apresentar fadiga constante
e progressiva; dores musculares ou osteomusculares (na nuca
e ombros; na região das colunas cervical e lombar); distúrbios
do sono; cefaléias, enxaquecas; perturbações gastrointestinais
(gastrites até úlceras); imunodeficiência com resfriados ou
gripes constantes, com afecções na pele (pruridos, alergias,
queda de cabelo, aumento de cabelos brancos); transtornos
cardiovasculares (hipertensão arterial, infartos, entre outros);
distúrbios do sistema respiratório (suspiros profundos,
bronquite, asma); disfunções sexuais (diminuição do desejo
sexual, dispareunia/anorgasmia em mulheres, ejaculação
precoce ou impotência nos homens); alterações menstruais nas
mulheres (Araújo et al., 1998; Cherniss, 1980b; Dejours, 1992;
Donatelle e Hawkins, 1989; Freudenberger, 1974; Goetzel et
al., 1998; Lerman et al., 1999; Melamed et al., 1999;
Nakamura et al., 1999; Pruessner et al., 1999; Silvany et al.,
2000; World Health Organization, 1998).
Em relação ao psiquismo, pode apresentar: falta de
concentração; alterações de memória (evocativa e de fixação);
lentificação do pensamento; sentimento de solidão;
impaciência; sentimento de impotência; labilidade emocional;
baixa auto-estima; desânimo (Araújo et al., 1998; Benevides-
Pereira, 2001; Donatelle e Hawkins, 1989; Freudenberger,
1974; Goetzel et al., 1998; Goetzel et al., 2002; Silvany et al.,
2000).
Pode ocorrer o surgimento de agressividade, dificuldade para
relaxar e aceitar mudanças; perda de iniciativa; consumo de
substâncias (álcool, café, fumo, tranqüilizantes, substâncias
ilícitas); comportamento de alto risco até suicídio (Araújo et
al., 1998; Benevides-Pereira, 2001; Donatelle e Hawkins,
1989; Freudenberger, 1974; Goetzel et al., 1998; 2002;
Murofuse et al., 2005; Silvany, 2000).
Para o trabalho
Ocorre diminuição na qualidade do trabalho por mau
atendimento, procedimentos equivocados, negligência e
imprudência (Dejours, 1992; Freudenberger, 1974; Gil-Monte,
1997; Maslach e Leiter, 1997; Murofuse et al., 2005). A
predisposição a acidentes aumenta devido a faltas de atenção e
concentração (Gil-Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997).
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O abandono psicológico e físico do trabalho pelo indivíduo
acometido por burnout leva a prejuízos de tempo e dinheiro
para o próprio indivíduoe para a instituição que tem sua
produção comprometida (Constable e Russell, 1986; Gil-
Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et al., 2001;
Ross e Russel, 1989; Schaufeli, 1999c). Para que seja possível,
por exemplo, o estabelecimento de relações terapêuticas entre
o profissional e o paciente, a prevenção ao estresse e burnout
está entre as principais recomendações feitas pelo National
Guideline Clearinghouse às organizações (National Guideline
Clearinghouse, 2006; Registered Nurses Association of
Ontario (RNAO), 2002; Registered Nurses Association of
Ontario (RNAO), 2006).
Para a sociedade
O indivíduo acometido por burnout pode provocar
distanciamento dos familiares, até filhos e cônjuge (Constable
e Russell, 1986; Dejours, 1992; Ross Russel, 1989). Já os
clientes mal atendidos arcam com prejuízos emocionais,
físicos e financeiros que podem se estender aos seus
familiares e até ao seu ambiente de trabalho (Dejours, 1992;
Maslach e Leiter, 1997).
FONTE:
https://www.scielo.br/j/rpc/a/6CTppSZ6X5ZZLY5bXPPFB7S
/?format=pdf&lang=pt
Conhecer as principais causas de mortalidade precoce em pacientes com transtorno mental e como preveni-las (ex:
comorbidades, estilo de vida, suicídio...).
Até hoje, estudos diziam que pessoas com transtornos mentais
correm maior risco de desenvolver doenças relacionadas ao
envelhecimento, mas não necessariamente têm maior risco de
envelhecer mais rápido.
No entanto, uma nova pesquisa publicada na revista “JAMA
Psychiatry” em 17 de fevereiro afirma que sofrer com
transtornos de saúde mental no início da vida pode levar a
uma pior saúde física e envelhecimento acelerado na vida
adulta.
Os participantes do estudo que tiveram uma maior variedade e
persistência de sintomas de transtorno de saúde mental na
idade adulta – ou altos níveis de psicopatologia geral –
envelheceram biologicamente mais rápido por um fator de
cerca de 5,3 anos entre as idades de 26 e 45 em comparação
com os participantes com os escores mais baixos. Os
transtornos que os indivíduos de maior risco experimentaram
quando mais jovens incluem principalmente ansiedade,
depressão, uso indevido de substâncias e esquizofrenia.
Os indivíduos também apresentaram mais dificuldades com
audição, visão, equilíbrio, funcionamento motor e cognição,
que são fatores usados para medir o envelhecimento. Os
resultados também ficaram aparentes: observadores
independentes que viram as fotos deste grupo sem saber nada
sobre eles classificaram-nos como parecendo mais velhos.
Como os autores do estudo compararam os dados com outros
fatores que poderiam levar ao envelhecimento acelerado,
como sexo, índice de massa corporal, tabagismo, saúde
infantil e maus-tratos e status socioeconômico, o resultado
mostra que “há algo mais indicando algum tipo de processo
biológico pré-existente”, disse Elizabeth Walker, professora
assistente de pesquisa na Escola de Saúde Pública Rollins da
Universidade Emory, em Atlanta, que não estava envolvida no
estudo.
As descobertas resultaram do estudo longitudinal Dunedin,
que observou e testou a saúde biológica, física e mental de
1.037 neozelandeses desde seu nascimento em 1972 ou 1973
até os 45 anos.
“Normalmente, as doenças crônicas relacionadas à idade
aparecem anos mais tarde. Quando pensamos em
envelhecimento, pensamos em pessoas mais velhas, que estão
na casa dos 50, 60 ou mais”, afirmou a principal autora do
estudo, a doutora Jasmin Wertz, da equipe Moffitt & Caspi da
Universidade Duke, na Carolina do Norte. “Os resultados do
envelhecimento nem chegam a ser medidos antes de as
pessoas atingirem essa faixa. No entanto, ao medir esses
fatores, notamos que as pessoas que viveram problemas de
saúde mental já mostram um envelhecimento mais rápido no
que parece uma idade relativamente jovem”.
O estudo “ajuda ainda mais a conectar os pontos entre o que
se sabe sobre a associação entre transtornos mentais e
problemas de saúde física, incluindo mortalidade precoce”,
disse o doutor Benjamin Druss, professor e titular da cadeira
Rosalynn Carter em saúde mental da Universidade Emory em
Atlanta, que não participou do estudo.
Ligações com envelhecimento
Existem alguns motivos potenciais pelos quais os transtornos
mentais podem levar a um envelhecimento mais rápido, sejam
eles hábitos prejudiciais à saúde e fatores estressantes
relacionados aos transtornos mentais, sejam consequências da
própria condição psiquiátrica.
A doutora Wertz dá um exemplo: pessoas com problemas de
saúde mental têm maior probabilidade de fazer menos
exercícios ou ter uma alimentação ruim, o que está associado
a um envelhecimento mais rápido.
Pessoas com problemas de saúde mental e, às vezes,
problemas físicos relacionados, muitas vezes têm dificuldade
para encontrar cuidados adequados, que é uma “experiência
estressante”, disse Wertz. O grupo também tem maior
probabilidade de ser exposto à violência e ao estigma da
doença. Além disso, só o fato de ter um transtorno mental
pode causar danos ao corpo – muitas vezes,
independentemente de como as pessoas cuidam de si mesmas.
Segundo o estudo, a estafa aumenta a circulação dos
hormônios do estresse e a inflamação, o que pode levar a um
envelhecimento mais rápido e doenças subsequentes.
“Pensamos na depressão como uma doença que se origina no
cérebro com distúrbios químicos. Mas ela provavelmente é
uma doença sistêmica que afeta todo o corpo”, opinou o
doutor Brent Forester, membro do Conselho de Psiquiatria
Geriátrica da Sociedade Americana de Psiquiatria e chefe do
Centro de Excelência em Psiquiatria Geriátrica do Hospital
McLean em Massachusetts.
Uma limitação do estudo é que os autores deixaram de
observar os adultos após os 45 anos, de forma que não se sabe
se o envelhecimento acelerado continuaria e se manifestaria
como doenças crônicas. “Mas eu diria que quanto mais velho
você fica, é mais provável que alguns desses problemas
médicos apareçam mais cedo do que tarde”, continuou
Forester.
Unindo saúde mental e física
https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2776612?utm_campaign=articlePDF&utm_medium=articlePDFlink&utm_source=articlePDF&utm_content=jamapsychiatry.2020.4626
https://www.cnn.com/interactive/2020/10/health/mental-health-people-of-color-wellness/
Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG
Para a autora do estudo, a doutora Wertz, as descobertas
sugeriram que, com uma melhor prevenção, identificação
precoce e melhor tratamento de problemas de saúde mental,
os profissionais de saúde podem ajudar a reduzir e retardar o
envelhecimento e consequências físicas. “Há uma janela de
oportunidade, especialmente porque esses problemas de saúde
mental frequentemente ocorrem relativamente mais cedo no
curso da vida do que as doenças físicas”.
“As pessoas que experimentam esses problemas de saúde
mental formam um grupo de alta prioridade que deve ser
monitorado para sinais de envelhecimento mais rápido”,
acrescentou. “Para fazer isso, é preciso ter uma grande
integração entre os serviços que tratam a saúde mental e
aqueles que cuidam da saúde física, já que, no momento, eles
estão separados”.
Os transtornos mentais podem ser debilitantes a ponto de a
pessoa não conseguir manter hábitos saudáveis, e esse desafio
pode ser agravado pela pandemia. Para quem não vive a
doença, parece fácil falar que o melhor é buscar ajuda
profissional para diagnóstico, terapia e gerenciamento de
medicamentos. Ainda assim, a autora do estudo disse que o
conselho deve ser reforçado, pois deixar que o próprio
paciente “gerencie sozinho os problemas” pode não os
resolver.
Vale lembrar sempre que um “estilo de vida saudável é a
chave para prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento e
evitar que ele chegue precocemente”, acrescentou Wertz.
Qualquer quantidade de atividade física, a socialização com
segurança com outras pessoas, a redução do tabagismo e
uma alimentação saudável podem ajudar a diminuir
inflamações no corpo, entre outros benefícios.
FONTE: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/pessoas-com-
transtornos-mentais-podem-envelhecer-mais-rapido-segundo-

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