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Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG “Epidemiologia dos problemas de Saúde Mental” Elucidar a epidemiologia dos principais transtornos mentais no brasil (depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar e álcool / drogas). Os transtornos mentais são responsáveis por morbidade significativa em todo o mundo e atingem, aproximadamente, um terço do total de casos de doenças não transmissíveis. Assumem valores baixos de mortalidade, entretanto causam incapacidade de longa duração, provocando prejuízo na funcionalidade e na qualidade de vida dos indivíduos. Ainda existe uma grande dificuldaderelacionada ao tratamento desses quadros clínicos, principalmente no que concerne ao acesso e à procura pelos serviços de saúde, além da falta de conhecimento dos profissionais sobre saúde mental, em especial nas equipes de Atenção Primária à Saúde (APS), o que dificulta a identificação precoce dos casos. Nos estudos analisados, identificou-se que a população adulta brasileira que sofre de transtornos mentais, em sua maioria, são mulheres. Os principais diagnósticos em ambos os sexos foram os relacionados aos transtornos do humor - episódio depressivo (F 32) ; os neuróticos - os relacionadoscom o estresse e ansiedade (F 41) ; seguidos pelos transtornos psicóticos - esquizofrenia (F 20). Estudos epidemiológicos têm demonstrado diferenças de gênero na incidência e na prevalência de transtornos mentais e do comportamento. Os transtornos de humor são mais frequentes nas mulheres; enquanto os transtornos psicóticos e o uso substâncias, mais elevado nos homens. Os transtornos do humor apresentam como características o sofrimento por rebaixamento do humor, a redução de energia e a atividade diminuída, a incapacidade de sentir prazer e a motivação reduzida. Observa-se as mulheres são mais susceptível aos transtornos do humor e à ansiedade. Evidências associam esses transtornos mentais às várias diferenças nos aspectos biopsicossociais em relação aos homens, como alterações hormonais, variáveis sociais (gestação, jornada de trabalho, estado conjugal e número de filhos) e a maneira como as mulheres se relacionam nas diversas culturas e no tempo.. Em relação ao uso de substâncias, estudos explicaram essa diferença, com o fato de que as mulheres teriam maior facilidade de identificar seu sofrimento psíquico, admiti-lo e buscar ajuda, enquanto os homens tendem a usar substâncias psicoativas como alívio para seu sofrimento ou angústia. O caso de internações psiquiátricas nos homens é duas vezes maior que nas mulheres, e o número de homens que buscam atendimento ambulatorial é inferior ao número de mulheres. A não busca de atendimento nos estágios iniciais de sofrimento psíquico pelos homens pode contribuir para piora dos quadros psicopatológicos, resultando na necessidade de internação psiquiátrica. Existem barreiras culturais, financeiras e estruturais que dificultam o acesso e a procura pelos serviços de saúde mental. Essas barreiras estão relacionadas a múltiplos fatores, como o estigma ou desconhecimento da doença, a percepção equivocada de ineficácia do tratamento e a falta de treinamento das equipes da APS para a identificação dos casos. A família foi a principal responsável por encaminhar os usuários aos serviços de saúde mental, demonstrando que é fundamental a inserção familiar no enfrentamento do sofrimento psíquico, ao integrar, acolher e cuidar dos usuários nos espaços cotidianos da vida. É notório que os transtornos mentais podem provocar incapacidade para realizar tarefas domésticas simples além do autocuidado, assim como nas pessoas com doenças crônicas e de curso prolongado. Para tanto, os familiares devem assumir a responsabilidade de supervisionar, estimular e realizar ações que o usuário não consegue fazer sozinho.. Os indivíduos desempregados, aposentados por invalidez ou em benefício por problemas de saúde e donas de casa apresentaram chances significativamente maiores de apresentar transtornos de humor, ansiedade e/ou somatoformes que os trabalhadores em atividade nesta presente revisão. Estudos têm demonstrado que o desemprego pode acarretar a desestruturação de laços sociais e afetivos, a restrição de direitos, a insegurança socioeconômica e o aumento do consumo ou dependência de drogas. Os indivíduos em situação ocupacional inativa por falta de emprego ou por problemas de saúde padecem, com maior frequência e intensidade, de sofrimentos relacionados à baixa autoestima, estado de ânimo e humor reduzidos, estresse, ansiedade, sentimentos de vergonha, humilhação e distúrbios no sono. Já a associação entre situação conjugal e transtornos mentais é assunto controverso na literatura. Enquanto alguns estudos encontraram associação, outros não. Associado aos transtornos mentais, identificou-se número expressivo de indivíduos que apresentam outras comorbidades, como Hipertensão Arterial Sistêmica, Obesidade, Diabetes Mellitus, Câncer e Doenças Sexualmente Transmissíveis, o que traz implicações importantes em termos de gerenciamento das ações de saúde e demonstra a necessidade de desenvolver maior capacidade de percepção da saúde integral do usuário, referenciando-o, sempre que necessário. FONTE: Perfil Epidemiológico dos Transtornos Mentais na População Adulta no Brasil: uma revisão integrativa Os resultados do GBD 2015 apontam que os transtornos mentais (TM) são a terceira causa de carga de doença no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares e dos cânceres, e que eles contribuem consideravelmente para a perda de saúde de indivíduos em todas as idades. A metodologia de estudo do GBD, ao abordar tanto a mortalidade, quanto a incapacidade, deu maior visibilidade aos TM como um relevante problema de saúde pública, tornando essenciais os avanços nas investigações de suas prevalências e de seus riscos associados31. Em 2015, os TM foram responsáveis por alta carga de doença em todo mundo10. A categoria dos TM saltou da oitava para sexta posição entre 1990 e 2015, na classifi cação de DALY mundial. Já no Brasil, o DALY por TM passou da sexta para a terceira posição, indicando maior gravidade da situação de saúde mental no país. O DALY por TM está nitidamente relacionada à incapacidade — e não à mortalidade. Enquanto no mundo os TM ocupam a Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG segunda posição na classifi cação de incapacidade desde 1990, atrás apenas dos transtornos músculo esqueléticos, no Brasil eles já são a principal causa. Os transtornos depressivos e de ansiedade continuaram entre as dez maiores causas de incapacidade no Brasil e no mundo em 2015 Os transtornos depressivos e de ansiedade continuaram entre as dez maiores causas de incapacidade no Brasil e no mundo em 201511. Os transtornos depressivos e de ansiedade, que foram altamente prevalentes e incapacitantes, destacaram-se na classificação de YLD e, consequentemente, de DALY. No entanto, alguns transtornos, apesar de serem muito incapacitantes para o indivíduo, não se destacaram na classificação de YLD, pela baixa prevalência na população, como por exemplo a esquizofrenia, que apresentou o maior peso de incapacidade de todas as doenças avaliadas em 2015, mas não foi proeminente em termos de YLD por causa da sua baixa prevalência11. Particularmente no Brasil, os transtornos de ansiedade apresentam as maiores taxas de YLD e de DALY do mundo31. Esses resultados são condizentes com os estudos14,15,17,20,21 utilizados pelos pesquisadores do GBD para realizar tais estimativas. Um desses estudos21 encontrou maiores proporções de prevalência de transtornos de ansiedade no Brasil, em comparação com outros 23 países. As possíveis explicações para a elevada prevalência no país seriam: violência urbana generalizada; condições socioeconômicas adversas; poluição; alto nível de ruído; a falta de áreas de lazer nas cidades brasileiras. Nas regiões em desenvolvimento, como no Brasil, há um número maior de pessoas nas faixas etárias em que os TM são mais prevalentes. Essa transição demográfica e epidemiológica contribuipara o aumento da carga absoluta desses transtornos na população8 . Porém, para grande parte dos TM, o aumento do número absoluto de DALY não foi acompanhado pelo aumento das taxas de DALY padronizadas por idade, o que significa que as mudanças no DALY, entre 1990 e 2015, foram quase inteiramente atribuíveis ao crescimento e envelhecimento da população. Apesar disso, a estabilidade na taxa padronizada por idade demonstra a necessidade de o país se preparar para o embate desse problema, que tende a crescer com a transição demográfica. É importante considerar que os transtornos decorrentes do uso de drogas apresentaram a maior elevação das taxas de DALY entre 1990 e 2015 (37,1%) e atingem principalmente homens jovens. Abdalla et al. (2014)33 destacam que a taxa de prevalência, em 2012, de consumo de crack-cocaína entre brasileiros com 14 anos ou mais foi de 2,2% nos últimos 12 meses, e sugerem que o país está entre as nações com maiores taxas de consumo anual, sendo um dos maiores mercados consumidores de cocaína no mundo. Os resultados do GBD 2015 refletem a realidade de estudos epidemiológicos brasileiros12-14,16,18,19,21,22 em que mulheres são mais acometidas pelos transtornos depressivos e pelos transtornos de ansiedade, enquanto nos homens prevalece a esquizofrenia, os transtornos decorrentes do uso de álcool e de drogas e o TDAH na infância e na vida adulta. Esses resultados coincidem, também, com os resultados da maioria dos estudos realizados em países ocidentais16. Outro importante resultado dos dados brasileiros do GBD 2015 foi a alta carga dos transtornos mentais que ocorrem na infância e adolescência, como os transtornos do espectro autista, TDAH e transtorno de conduta. Esses resultados reforçam a necessidade de serviços de prevenção e tratamento voltados para crianças e adolescentes, atualmente pouco disponíveis no Brasil34. Nesse contexto, os resultados deste estudo evidenciam o desafio que os TM representam para o sistema de saúde do país. No Brasil, a implantação da rede comunitária de serviços de saúde mental teve início na década de 1990 e, apesar de estar em constante crescimento, ainda não há serviços suficientes para atendimento eficaz de toda a população35. Além disso, existem as barreiras culturais, financeiras e estruturais que impedem que as pessoas busquem atendimento psiquiátrico, tais como o estigma, o pouco conhecimento da doença, o preconceito, a descrença do tratamento, a falta de treinamento das equipes da atenção básica para a identificação dos casos, entre outros18. Há ainda a especificidade do território brasileiro que é marcado por importantes diferenças na disponibilidade de serviços de saúde mental, a depender da região do país. A pesquisa nacional de base populacional (PNS), realizada em 2013, apresentou estimativas de acesso ao tratamento para depressão e constatou que na região Norte está a maior proporção de indivíduos não tratados (90,2%) e, na região Sul, a menor proporção (67,5%)6 . Apesar disso, os resultados do GBD 2015 para as UFs do Brasil foram praticamente homogêneos. Isso aconteceu porque as estimativas de carga de doença foram geradas com base nos dados disponíveis das UFs, que tradicionalmente tendem a ser realizados em áreas urbanizadas e majoritariamente em UFs das regiões Sudeste e Sul, que certamente não refletem a realidade do país. É importante destacar que os resultados do GBD dão oportunidade ao país de fazer uma avaliação crítica da qualidade dos seus dados, de modo que as limitações na sua disponibilidade precisam ser levadas em conta quando se fazem interpretações sobre regiões específicas. FONTE: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/SJbmVzZy3tD7dk3NDmYZ mDq/?lang=pt&format=pdf Nos últimos anos, as doenças mentais tiveram um aumento considerável. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. Mesmo assim, parte dessas pessoas não possuem assistência médica adequada. A depressão é o mal do século XXI. A ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros. Os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas Américas. Como se sabe, a adolescência é um período de muitas mudanças. Hábitos sociais e mentais desenvolvidos são importantes para o bem estar social. Diante tantas mudanças, estudos apontam que entre 10 e 19 anos existe uma prevalência maior de transtornos mentais, sendo o principal fator agravante as incertezas dessa fase da vida. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, as condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos. Os dados também apontam que metade de todas as doenças mentais começa aos 14 anos, mas a maioria dos casos não é detectada nem tratada. Entre os transtornos, a depressão se destaca como uma das principais causas de doença e incapacidade entre adolescentes. https://www.scielo.br/j/rbepid/a/SJbmVzZy3tD7dk3NDmYZmDq/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/rbepid/a/SJbmVzZy3tD7dk3NDmYZmDq/?lang=pt&format=pdf http://wirehaired-mellow-gasosaurus.blogs.rockstage.io/depressao-e-a-doenca-do-seculo/ Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Ao longo da vida, uma em cada dez pessoas precisará de cuidados de saúde mental. Se os momentos de estresse e apreensão não forem reconhecidos e gerenciados, esses sentimentos podem levar à doença mental. Infelizmente, a maioria não é diagnosticada e muito menos tratada. Consequentemente, o suicídio torna-se a terceira causa de morte entre os adolescentes. Saúde mental entre pessoas em situação de rua Como se sabe, a realidade de muitas pessoas em situação de rua configura-se em um drama social. Eles sofrem com as discriminações, falta de privacidade, carências na educação e saúde, violências, além de possuírem fragilidade dos vínculos sociais. No Brasil, a cidade que possui maior concentração de população em situação de rua é São Paulo. Em 2015, estima- se que 15.905 pessoas estavam vivendo em situação de rua. Desse número, 7.335 estavam sem abrigo. Em virtude dessas condições de vida e em busca de fugir da situação em que se encontra, o transtorno mais comum nessa população está associado a dependência de álcool (8% – 58%) e outras drogas (5% – 54%). Para melhorar o acesso à saúde da população em situação de rua, foi criado o Consultório na Rua. Essas ações são realizadas por equipes da atenção básica em determinadas datas para atuarem no cuidado integral dos pacientes. Saúde mental na saúde pública A criação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) foi um importante passo da reforma psiquiátrica no Brasil, que aconteceu em 2001. Os CAPs substituíram o antigo modelo hospitalocêntrico e manicomial e seguem os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) de universalidade, equidade e integralidade. O papel dos CAPs é o de oferecer assistência, cuidados e tratamentos para a saúde mental da população brasileira. Além do atendimento às pessoas com transtornos mentais como depressão, ansiedade, esquizofrenia e outros, os CAPs também têm um grande foco aos dependentes de substâncias psicoativas, principalmente o crack, que é uma preocupante realidade entre a população vulnerável no Brasil. Depressão e ansiedade A prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil é de 15,5%. A fase da vida mais acometida por esse transtorno é a terceira década, podendo acometer qualquer idade, sendo mais comum em mulheres. Ainda sobre os principais transtornos mentais, a ansiedade está presente em 9,3% da população geral. Certamente, os transtornos de ansiedade possuem sintomas muito mais intensos do que a ansiedade cotidiana. Os principais sintomas são: Preocupações, tensões ou medos exagerados e muitas vezes incapacitantes; Sensação contínua de que algo muito ruim vai acontecer; Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho. Saúde mental durante a pandemia do coronavírus A pandemia da Covid-19 transformou 2020 em um ano crítico. A necessidade de seisolar socialmente e a colateral recessão econômica em nível mundial foram um verdadeiro teste para a saúde mental. Ainda no mesmo ano, sem mesmo a pandemia ter chegado ao fim, já estão disponíveis alguns índices que mapeiam o preocupante quadro da saúde mental dos brasileiros no contexto pandêmico. O Google forneceu dados ao jornal O Estado de São Paulo que mostram que houve um pico histórico nas pesquisas sobre transtornos mentais: as buscas sobre o tema tiveram uma alta de 98% ante a média dos dez últimos anos. Entre as perguntas mais pesquisadas está ”como lidar com a ansiedade”. Em junho, a pergunta ”o que é felicidade” teve o maior volume de buscas dos últimos oito anos. FONTE: https://blog.conexasaude.com.br/saude-mental-no- brasil/ Abordar os fatores de risco para os transtornos mentais no Brasil (contexto socioeconômico e cultural). Quem está em risco de desenvolver transtornos mentais? Os determinantes da saúde mental e transtornos mentais incluem não apenas atributos individuais, como a capacidade de administrar os pensamentos, as emoções, os comportamentos e as interações com os outros, mas também os fatores sociais, culturais, econômicos, políticos e ambientais, como as políticas nacionais, a proteção social, padrões de vida, as condições de trabalho e o apoio comunitário. Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais também são fatores que contribuem para os transtornos mentais. Depressão As causas da depressão são, supostamente, uma combinação de fatores genéticos, biológicos e emocionais. Algumas condições podem ser consideradas favoráveis ao desenvolvimento de um quadro depressivo, a saber: Histórico familiar, incluindo fatores genéticos; Depressões anteriores; Transtornos psiquiátricos correlatos; Estresse e ansiedade crônicos; Disfunções hormonais; Medicamentos; Abuso de álcool e outras substâncias psicoativas; Ausência de suporte social; Traumas psicológicos como abuso físico, sexual ou emocional; Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras; Conflitos conjugais e familiares; Mudança brusca de condições financeiras e desemprego; Experiências de perda. FONTE: https://www.sejus.df.gov.br/wp- conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf Idosos Entretanto, vale ressaltar que um fator apenas pode dá início a uma cascata de outros fatores que levam aos TMC. Tal http://wirehaired-mellow-gasosaurus.blogs.rockstage.io/setembro-amarelo/ https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,com-pandemia-buscas-relacionadas-a-transtornos-mentais-no-google-batem-recorde,70003445996 https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,com-pandemia-buscas-relacionadas-a-transtornos-mentais-no-google-batem-recorde,70003445996 https://www.sejus.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf https://www.sejus.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2021/01/Depressao.pdf Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG hipótese pode ser afirmada no estudo de Hellwig, Munhoz e Tomasi (2016) que concluiu que a condição socioeconômica, a aposentadoria e a inatividade física demonstram maiores risco de desenvolvimento de tais transtornos. Estes fatores são bastante pertinentes e devem ser estudados cuidadosamente nas próximas décadas dados o cenário político e social atual brasileiro. Pois, devido ao progresso, a mudança no perfil demográfico, epidemiológico, ao aumento da expectativa de vida e, principalmente, as atuais propostas de mudanças na reforma da previdência podem potencialmente no decorrer dos anos termos uma terceira idade mais propensa a tais transtornos. O sexo feminino apresenta-se como um fator primordial no desenvolvimento também de transtornos mentais comuns. Tal fenomêno pode ser explicado por condições relacionadas ainda ao papel da mulher socialmente pré-estabelecidos, as mudanças na imagem corporal referentes ao próprio processo de envelhecimento, perda da função reprodutiva e da maternidade, visto que frequentemente ocorre após a meno pausa a chamadas indromedoninho vazio. Nos estudos de Guedes e Neto (2015) não houve análise estaticamente revelante para tal afirmativa, contudo, na observação direta e empírica de tal fenômeno podemos chegar a conclusão de que parte-se de uma premissa verdadeira diante da comparação de outros estudos com estatisticas siginificativas no genêro feminino (MARTINS et al., 2016; SANTOS; CRUZ et al., 2017; MATIAS; FONSECA; MATOS,2016). Para Hellwig, Munhoz e Tomasi (2016) ainda corrobando com Bretanha et al., 2016 e Coutinho e tal., 2014 que os baixos níveis sócio econômicos, insatisfação com a vida e questões subjetivas de saúde está geralmente associado com alta morbidade psiquiátrica, incapacidadee falta de acesso a cuidados de saúde. Além do mais dificuldades financeiras podem gerar ansiedade e preocupações que, soma das a dificuldades de acesso a serviços de saúde, podem contribuir tanto para o surgimento quanto para a manutenção de quadros depressivos (COUTINHO et al., 2014; HELLWIG; MUNHOZ; TOMASI,2016). Por fim, doenças de bases e questões referentes a personalidade do indivíduo foram fatores citados apenas no estudo realizado por Basioli, Morreto e Guariento (2016), embora não haja nenhuma correlação estatisticamente no estudo que comprovasse em largas escalas tal afirmativa. Contudo, baseado não somente na prática clínica, mas baseado em evidências cientificas como no estudo realizado por Boing et al (2012) as pessoas com uma ou mais doenças crônicas apresentaram maior prevalência de depressão, mesmo após ajuste pelas variáveis demográficas, socioeconômicas e de uso de serviços de saúde. A relação entre depressão e doenças crônicas pode ser bidirecional, pois pessoas que apresentam doenças crônicas reportam pior auto avaliação de saúde. FONTE: Associação de fatores de risco nos transtornos mentais comuns em idosos: uma revisão integrativa Adultos Os problemas relacionados à saúde mental têm sido relacionados a múltiplos fatores sociais, culturais, econômicos e ambientais. Os contextos social, educativo e de trabalho e o acesso aos serviços de saúde podem ser identificados como estressores psicossociais e ambientais. As altas prevalências encontradas para agorafobia, TAG e fobia social podem estar relacionadas ao grupo social em que estavam inseridos os indivíduos estudados, a pouco apoio social e a dificuldades de adaptação ao meio, ou ainda à existência de problemas no trabalho ou ambiente educacional, com a experimentação de situações de desaprovação e rechaço11. Por fim, problemas econômicos também podem estar relacionados à alta prevalência desses quadros, em virtude da dificuldade de cumprir com a responsabilidade de efetuar pagamentos, comprar bens necessários e manter hábitos. No presente estudo, as mulheres foram mais acometidas pelos transtornos de ansiedade, comparadas aos homens em todos os quadros investigados. Segundo Kinrys e Wygant, as mulheres têm maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade ao longo da vida12. É possível que sejam mais acometidas por quadros de ansiedade em razão da pressão social que recebem, da jornada de trabalho e da renda inferior. Isso faz com que muitas tenham que trabalhar mais para cumprir com pagamentos e manutenção da família13. Outra possível justificativa pode estar relacionada à exposição à violência que a mulher vem enfrentando cotidianamente, o que pode deixá-la em constante sensação de medo, angústia e ansiedade14. No entanto, ainda que as mulheres apresentem maior gravidade nos sintomas e evolução crônica nos transtornos de ansiedade12, é preciso salientar que, independentemente do sexo, os transtornos de ansiedade podem causar grande prejuízo funcional na vida dos indivíduos e consequências graves, como a dificuldade de arranjar emprego, a de conviver em grupos e de participar de atividades de lazer. De modo geral, existe pouca pesquisa no Brasil que discuta a relação da raça/cor da pele com os transtornos emocionais, principalmente porque há dificuldade em classificar raça em umpaís miscigenado e a oposição entre classe social e raça. A raça/cor da pele pode interferir nas oportunidades educacionais, financeiras e sociais, influenciando a posição socioeconômica no contexto atual de quem vive no Brasil. E as características socioeconômicas apresentam maior relação com os transtornos de ansiedade do que a própria raça do indivíduo Costa et al. encontraram associação positiva entre ansiedade e uso de álcool em adultos, nos quais o hábito é realizado como automedicação, dependendo do tipo de transtorno34. Em um estudo com adolescentes, a ansiedade social foi um fator de risco para o uso de álcool35. Indivíduos alcoolistas apresentam quadros significativos de ansiedade, como transtornos de pânico, fóbicos e de ansiedade generalizada36. O TEPT também foi associado ao uso de álcool, drogas e nicotina no estudo de Breslau37; nesses casos os indivíduos também utilizam o álcool para aliviar sintomas de ansiedade. O TEPT ainda aparece como comorbidade em alcoolistas e como o transtorno mais frequente em indivíduos que usavam ou eram dependentes de álcool38. Já o estudo de Souza sobre o TAG em jovens entre 18 e 24 anos e fatores associados encontrou uso de álcool em 81,7% da amostra20. A relação do uso do álcool e ansiedade é complexa, podendo agravar quadros e levar à dependência. Muitos indivíduos utilizam álcool para aliviar sintomas de ansiedade e tornarem-se mais confiantes e independentes em suas atividades rotineiras e que exigem contato social. Cabe ressaltar que o presente estudo considerou a associação entre uso abusivo de álcool e transtornos de ansiedade. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG A presença de doenças crônicas (de diferentes ordens), a iminência de agravos e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde podem ser geradoras de ansiedade. Esse estudo encontrou essa associação, ou seja, o grupo que relatou ter alguma doença crônica apresentou maior prevalência de ansiedade (p < 0,001). E quando os transtornos foram avaliados individualmente, o grupo com doenças crônicas apresentou maior prevalência em todos os quadros. Alguns transtornos psiquiátricos são comórbidos, como os casos de TEPT, que podem ser precedidos por outros quadros de saúde mental e até levar ao suicídio. A relação inversa também é possível: transtornos de ansiedade já existentes podem aumentar a exposição a traumas e, consequentemente, levar ao TEPT39. O TAG também tem altas taxas de comorbidade. A presença desse transtorno aumenta em 20 vezes o risco de o indivíduo apresentar transtorno de pânico6. Também no estudo de Souza20, comorbidades ao TAG foram encontradas na seguinte ordem: transtorno de pânico (9,2%), agorafobia (37,5%), fobia social (16,4%), TOC (14,5%) e TEPT (9,9%). Assim, é importante salientar que os quadros aqui estudados podem estar relacionados entre si e até mesmo sobrepor diagnósticos, o que aumentaria a prevalência desses transtornos. FONTE: https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVR xz/?lang=pt Adolescência Riscos ou adversidades são variáveis individuais, ambientais ou contextuais que aumentam a vulnerabilidade da criança para resultados negativos ao seu desenvolvimento (PESCE et al., 2004; SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005). Considerados inicialmente como eventos estáticos, os fatores de risco vêm sendo cada vez mais reconhecidos como processo, sendo que o número total de fatores de risco a que uma criança for exposta, o período de tempo, o momento da exposição e o contexto são mais importantes do que, por exemplo, uma única exposição grave (BORDIN; PAULA, 2007; OLIVEIRA, 1998; PESCE et al., 2004; SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005). Os limites individuais também devem ser considerados, além dos níveis de exposição. A visão subjetiva do indivíduo de determinada situação, sua percepção e interpretação do evento estressor são fundamentais para os efeitos adversos que ele poderá acarretar ou não (YUNES; SZYMANSKI, 2001). A literatura tem descrito a resposta do indivíduo às situações de risco em termos de vulnerabilidade e resiliência (ANTONI; KOLLER, 2000; JUNQUEIRA; DESLANDES; 2003; LUTHAR, 1991; POLLETO; WAGNER; KOLLER, 2004; SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005). Para Pesce et al.(2004) vulnerabilidade refere-se à predisposição do indivíduo para desenvolver alguma forma de psicopatologia ou à suscetibilidade para resultados negativos no desenvolvimento, enquanto resiliência estaria relacionada à predisposição para resistir aos fatores de risco e alcançar um desenvolvimento adequado. Rutter (1987) salientou a importância de se considerar o equilíbrio entre os fatores de risco e os de proteção (apoio social, autoestima, supervisão familiar, entre outros). Sugeriu que o termo risco fosse tomado sob a ótica de um mecanismo, e não de um fator, tendência que se consolidou na literatura. Como as adversidades não costumam estar isoladas, uma vez que se inserem em um contexto social que envolve fatores políticos, socioeconômicos, ambientais, culturais, familiares e genéticos, deve-se considerar a sua associação interativa (BORDIN; PAULA, 2007; CARVALHO, 2002; EISENSTEIN; SOUZA, 1993; HALPERN; FIGUEIRAS, 2004; SAPIENZA; PEDROMÔNICO, 2005). Em tais casos, elas constituem-se como mecanismos de risco e potencializam a probabilidade de desfechos desenvolvimentais negativos e de problemas de saúde mental. Os fatores de risco para problemas de saúde mental a que as crianças e adolescentes estão expostos podem ser agrupados da seguinte forma: fatores biológicos, relacionados a anormalidades do sistema nervoso central, causadas por lesões, infecções, desnutrição ou exposição a toxinas; fatores genéticos, relacionados à história familiar de depressão, esquizofrenia, por exemplo; fatores psicossociais, relacionados a disfunções na vida familiar, discórdia conjugal, psicopatologia materna, criminalidade paterna, falta de laços afetivos entre pais e filhos; eventos de vida estressantes, relacionados à morte ou à separação dos pais, entre outros; exposição a maus-tratos (abuso físico e sexual, por exemplo); e fatores ambientais, relacionados a comunidades desorganizadas (BORDIN; PAULA, 2007; UNITED STATES DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1999). O nível socioeconômico baixo pode estar associado a problemas de saúde mental. A combinação de baixa renda, analfabetismo, desemprego, más condições de moradia e acesso limitado à saúde e à educação aumentam esse risco (BENVEGNU et al., 2005; BORDIN; PAULA, 2007; FLEITLICH; GOODMAN, 2001; PAULA; DUARTE; BORDIN, 2007; VITOLO et al., 2005). Os autores salientam que a pobreza parece estar associada a inúmeras condições adversas e à maior exposição a fatores de estresse. FONTE: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S 1809-52672009000200012 Compreender a influência das doenças mentais na produtividade e qualidade de vida das pessoas. O trabalho é uma parte importante da vida e precisa ser fonte de realização, sustento e crescimento. Muitas vezes, porém, não é isso que acontece e a atividade laboral se torna causa de adoecimento. Quando falamos em Saúde e Segurança do Trabalho, o que vem à mente inicialmente são os acidentes e as patologias físicas. Nos últimos anos, porém, as estatísticas apontam que os transtornos mentais figuram entre as principais causas de afastamento no Brasil. Diante desse cenário, é preciso falar sobre assunto e profundar os motivos que levaram a esse quadro – e como evitar que ele se agrave. Neste mês de abril, destinado a estimular a prevenção, saúde e segurança do trabalho, a necessidade de se atentar para a saúde mental no ambiente laboral se sobressai, especialmente considerando dados recentes sobre o tema. Conforme a Previdência Social, em 2017, episódios depressivos geraram 43,3 mil auxílios-doença, sendo a 10ª doença com mais afastamentos. Já doenças classificadas como outros transtornos ansiosos também estão entre as que mais afastaram, na 15ª posição, com 28,9 mil casos. O transtorno depressivo recorrente apareceu na 21ª posição, com 20,7 mil auxílios. O aumento de jornadasexaustivas, imposição de metas abusivas, falta de reconhecimento e autonomia no ambiente de trabalho são algumas das possíveis causas de tantos afastamentos ligados à saúde mental. https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVRxz/?lang=pt https://www.scielo.br/j/jbpsiq/a/PSrDy4ZFSGDCzNgJfJwVRxz/?lang=pt http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672009000200012 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672009000200012 Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG “Além disso, o excesso de auto cobrança e uma tentativa desenfreada de querer responder a demanda de um `outro Institucional’ como forma de validar seu trabalho, ultrapassando assim seu próprio limite e negligenciando sua vida social e lazer, contribuem para estas estatísticas”, a alerta o psicólogo e diretor técnico da Holiste Psiquiatra, Ueliton Pereira. Ele ressalta que as doenças mentais associadas ao trabalho mais comuns são depressão, transtorno de pânico, ansiedade e síndrome de bournout. Os trabalhos mais estressantes envolvem bombeiros, militares, policiais, jornalistas, altos executivos, médicos, enfermeiros que trabalham em UTI e emergências, economistas e professores. Ueliton destaca ainda que a doença laboral se caracteriza quando os sintomas surgem decorrente a rotina do trabalho e envolvem o ambiente e qualquer assunto referente ao trabalho. Geralmente as pessoas sentem a crise de ansiedade e pânico no momento que têm que sair para ir trabalhar, ou o coração dispara quando fala do chefe ou de alguma situação que remete ao trabalho. “Quando o desânimo começa no final de semana, ao lembrar que no dia seguinte retomará a rotina e isso começa a aumentar a ponto de os sintomas começarem a um ou dois dias antes é um sinal. Muitos pacientes relatam que sonham, só falam no trabalho e sentem todos os incômodos possíveis, a ponto de começar a gerar faltas e outros. Cansaço excessivo – físico e mental, dor de cabeça frequente, alterações no apetite e no sono, dificuldades de concentração, sentimentos de fracasso e insegurança e negatividade constante são possíveis sintomas de adoecimento”, sublinha. Síndrome de Burnout O conceito mais usado para Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, que resulta do acúmulo excessivo em situações de trabalho emocionalmente exigentes e principalmente estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. “A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Geralmente começa com uma crise de ansiedade ou pânico, para depois se desenrolar como a Burnout”, completa Ueliton Pereira. O papel das empresas Para contribuir na tarefa de proporcionar mais saúde e segurança para os funcionários, as empresas podem utilizar estratégicas que diminuam o estresse e a pressão no trabalho. “Geralmente programas que melhorem a qualidade de vida no ambiente de trabalho ajudam, bem como, a melhora do espaço físico e emocional. O reconhecimento dos profissionais, bem como campanhas motivacionais são excelentes exemplos. Qualquer empresa tem que cuidar da saúde mental de seus funcionários, proporcionando informações, cultura, lazer, dentre outros”, opina o psicólogo. FONTE:https://www.anamt.org.br/portal/2019/04/22/transtorn os-mentais-estao-entre-as-maiores-causas-de-afastamento-do- trabalho/ 1- Incidentes Críticos Para que os relatos obtidos nas 102 entrevistas pudessem tornar-se passíveis de análise fizemos várias leituras buscando extrair a idéia central de cada um deles. NOGUEIRA (1988) chama esta idéia central de "componente crítico específico para o objetivo da pesquisa". O componente crítico procurado nos relatos continha as atividades do dia a dia que foram ou estavam sendo afetadas pelo problema de saúde mental, ou seja as atividades consideradas importantes para o bem estar do doente. Considerando que para ser crítico um incidente deve descrever uma situação que desencadeia uma ação e a conseqüência desta ação, procuramos descrever o conteúdo dos relatos segundo esses três componentes. a) Categorias gerais de Situações As categorias gerais de situações elaboradas descrevem o contexto do doente mental onde alguma atividade importante para a qualidade de vida tornou-se necessária. As situações foram agrupadas segundo a semelhança entre os contextos descritos. A ocorrência de termos semelhantes ajudou na concretização dos agrupamentos e na escolha dos títulos dados às categorias. Uma característica comum a todas as situações descritas nos relatos é que elas apresentavam um estado de desequilíbrio na interação do doente com os contextos que compõem seu ambiente. Na elaboração deste trabalho pudemos perceber também que muitas das situações relatadas se assemelham às situações de crise acidental relatadas na literatura e citadas por AGUILERA & MESSICK (1974) e por RODRIGUES (1986). Esta semelhança chamou nossa atenção para uma questão que, em nosso entender poderá ser aprofundada futuramente, que é a relação entre os termos situações críticas e situações de crise acidental. As situações relatadas nos incidentes críticos foram agrupadas em cinco categorias: Trabalho : dificuldade para iniciar e completar uma tarefa do trabalho remunerado; problemas de relacionamento com pessoas do ambiente de trabalho; demissão; aposentadoria por invalidez; acidente de trabalho; dificuldade para se inserir no mercado de trabalho; pobreza decorrente da falta de trabalho. Família : problemas de relacionamento entre o doente e membros do círculo familiar; o doente sente que perdeu seu papel junto aos seus familiares; eventos sociais propiciados pela família; separação ou divórcio; isolamento do doente em relação aos familiares; nascimento e morte de pessoa próxima. Saúde/doença : presença de problema de saúde física em pessoas de convívio do doente; características negativas da saúde mental (é uma pessoa impressionada, é desanimado, ouve vozes, é muito nervoso, bebe muito); tratamento da doença mental (toma remédio; parou de tomar remédio, aumenta a dose do remédio); piora dos sintomas de doença física e novo diagnóstico de doença física (diabetes, câncer, problemas cardíacos). Social : interações do doente com escola; armazém; igreja; vizinhos; festas; eventos; atividades de recreação e esporte; ausência de situações sociais; problemas legais e de segurança. Moradia : mudança de domicílio (veio da fazenda para a cidade, mudou de cidade, mudou de bairro, ganhou casa da cohab); falta de condições financeiras para garantir moradia. Moradia é uma categoria nova criada a partir do processo de elaboração do presente texto. Na pesquisa original (GALERA ,1994) os incidentes agrupados nesta categoria eram denominados de "Situações de Crise". Além dos Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG problemas relacionados com a moradia, as outras situações que compunham as situações de crise eram: a menopausa e o surgimento de novos problemas de saúde (problemas ginecológicos); nascimento e morte de pessoa próxima. Estas situações foram inseridas nas categorias Saúde/doença e Família respectivamente. b) Categorias gerais de comportamentos - Atividades críticas As categorias gerais de comportamentos descrevem cinco atividades humanas que foram exigidas nas situações e cujo desempenho foi ou é afetado pela presença do problema de saúde mental daquele doente. Descreve também uma categoria em que o doente apresentou exacerbação dos sintomas do seu problema de saúde quando o contexto exigia uma das cinco atividades anteriores. O desempenho destas atividades é crítico em relação à qualidade de vida e o não desempenho é indicador de que o doente está necessitando de ajuda profissional imediata. As atividades humanas afetadas foram: Relacionar-se com pessoas típicas do contexto : oferecer e receber ajuda de outros; brigar; pedir e dar conselhos; conversar com pessoas típicas do contexto. Cuidar da saúde : aderir ou não ao tratamento proposto por profissional de saúde; utilizar serviço de saúde;cuidar da higiene pessoal e do ambiente. Atividade social : fazer e receber visita; ir ao clube; ir jogar bola; participar de festas; aprender novas habilidades com pessoas da comunidade (aprender a dirigir automóvel; aprender a fazer comida vegetariana) Lidar com a situação percebida como problemática : não sabe como solucionar o problema; procura solucionar o problema conversando com as pessoas envolvidas nele; adota comportamentos com a finalidade de melhorar seu humor; está sem perspectiva de como solucionar o problema; procura antecipar-se frente ao problema que começa a perceber; desiste de tentar uma solução; está tentando uma nova solução; avalia que a solução adotada foi ruim e, tenta uma nova solução. Trabalhar: faltar ao trabalho para comparecer ao ambulatório; estar trabalhando; ir ao banco para receber salário; aposentadoria; procurar emprego; realizar trabalho doméstico e melhorias na moradia. Sintomas: sentir falta de ar; ficar nervoso; agressivo; esquecido; ouvir vozes; sentir um negócio ruim; ver vultos; sentir uma coisa e ficar sem saída frente às exigências do contexto. c) Categorias gerais de Conseqüências As categorias gerais de conseqüências referem-se aos resultados do desempenho das atividades exigidas nos contextos. O desempenho foi negativo quando piorou algum aspecto da vida do doente e foi positivo quando melhorou. No estudo original (GALERA,1994) elaboramos sete categorias gerais de conseqüências, mas para a elaboração deste texto reagrupamos todas em quatro categorias gerais de conseqüências: Piora/melhora do estado de saúde: presença de efeitos colaterais dos medicamentos; piora ou melhora de sintomas; satisfação/insatisfação com o serviço de saúde (quer mudar de médico e de hospital; gostava de conversar com aluna de enfermagem, o profissional de saúde não atendeu a solicitação do doente). Piora/melhora do relacionamento interpessoal: melhorou seu relacionamento com colegas de trabalho; as colegas se afastaram e a doente ficou sozinha; as vizinhas mostraram que são amigas; tem alguém que se preocupa com ela; passou a ter companhia; ficou uma pessoa sozinha. Piora/melhora do Status financeiro: começou a receber dinheiro de fonte própria; começou a receber aposentadoria; está vivendo de doações feitas por pessoas da comunidade e da família; descobriu que não tem direito a aposentadoria; foi demitido; ganha muito pouco porque poucas pessoas dão papel velho para o doente porque sabem que é doente mental; ninguém quer dar emprego ao doente; conseguiu emprego e moradia; deixou de contribuir financeiramente com a família que contava com este dinheiro. Passou ou deixou de viver em ambiente de maior ou menor conforto (casa em bairro servido por água e esgoto, casa de alvenaria, casa de favela e sem banheiro, bairro servido por transporte coletivo). Passou a ter um lugar para morar, ter comida e dinheiro para os remédios. Atividade/inatividade : está parado há 20 anos; não consegue fazer todas suas atividades como antes; está conseguindo fazer suas atividades; tem conseguido sair um pouco; não tem conseguido nem fazer as atividades de higiene pessoal; passa o dia todo na cama. 2 - Exigências Críticas A formulação das exigências críticas é o último procedimento preconizado pela técnica do incidente crítico e envolve determinar o nível mais apropriado de especificidade- generalidade a ser utilizado na apresentação e discussão dos resultados obtidos com a técnica. Segundo FLANAGAN (1973), o nível escolhido pode ser de somente uma dúzia de comportamentos muito gerais ou de centenas de comportamentos muito específicos. Esta decisão depende dos objetivos e da natureza da atividade investigada. DELA COLETA (1974) define exigências críticas como o conjunto de comportamentos positivos e negativos de uma dada categoria. Neste estudo, as exigências críticas descrevem atividades de vida importantes para a interação do doente mental em cinco contextos de seu ambiente. Estas atividades foram exigidas no contexto e o desempenho do doente se refletiu em alguns aspectos de sua vida. Quando o desempenho da atividade não foi satisfatório houve uma piora em algum aspecto da vida do doente e quando foi satisfatório houve melhora. Na Figura 1 apresentamos as exigências críticas ou fatores que contribuem para a qualidade de vida de pessoas portadoras de algum problema de saúde mental. Uma das premissas quando se discute qualidade de vida do doente mental é que ela reflete a qualidade da assistência que está sendo oferecida para essas pessoas. Neste estudo encontramos algumas pessoas que estavam vivendo em condições extremas de pobreza, de isolamento e de inatividade em conseqüência de suas dificuldades para desempenhar uma ou mais atividades importantes para a qualidade de vida. Em nosso entender, essas condições extremas necessitam urgentemente de assistência. ORLANDO (1978) alerta que quando o doente é capaz de satisfazer as suas necessidades e de efetuar as recomendações médicas sem ajuda, ele não depende da assistência do https://www.scielo.br/j/rlae/a/nRGGbGVLkncpcNppGJRhS9b/?format=html&lang=pt https://www.scielo.br/j/rlae/a/nRGGbGVLkncpcNppGJRhS9b/?format=html&lang=pt Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG enfermeiro. Mas, quando ele não pode satisfazer as suas necessidades e não é ajudado, fica desamparado. FONTE: https://www.scielo.br/j/rlae/a/nRGGbGVLkncpcNppGJRhS9b /?format=html&lang=pt Este estudo verificou uma prevalência de 24,5% de TMC e sua associação com uma pior qualidade de vida quanto a aspectos gerais de saúde em uma população de jovens entre 18 e 24 anos de idade. A prevalência de TMC neste estudo foi similar a outros inquéritos realizados no Brasil que apresentaram de 17% a 35% de TMC 2,3,4,5. As diferenças de resultados entre os estudos podem ser justificadas pelo ponto de corte utilizado. Além disso, nossos achados quanto às características sociodemográficas também estão de acordo com outros estudos. Um dos fatores que apresentou maior prevalência de TMC foi ser do sexo feminino 23,24,25,26. Um dos achados mais importantes na literatura é que as mulheres têm uma prevalência de ansiedade e de depressão duas a três vezes maior que os homens 3,24,27. Uma possível justificativa é o fato de que as mulheres têm uma autopercepção de pior saúde do que os homens, sendo assim, expressam com maior facilidade seus sintomas e procuram mais os serviços de saúde 4,28,29. Pertencer à classe socioeconômica D ou E também se mostrou significativo para o TMC. Segundo Costa & Ludemir 11, TMC estão relacionados diretamente a fatores socioeconômicos. Alguns estudos apontam que quanto mais avançada a idade maior a probabilidade de se desenvolver TMC 12,24. O que não se confirmou neste estudo, pois a idade foi a única variável testada que não se mostrou associada à ocorrência de TMC. Uma possível explicação talvez seja a nossa população deste estudo, que se limita a jovens de 18 a 24 anos. Em estudo realizado com jovens de 15 a 18 anos, a idade também não se mostrou associada 2. Provavelmente, isso seja consequência da pequena margem de idade avaliada em ambos. Com relação ao uso de substâncias, o uso de álcool esteve associado à presença de TMC como relatado por grande parte da literatura científica 30,31,32,33,34,35,36,37. O tabagismo também mostrou associação significativa para TMC, assim como em um estudo realizado em Pelotas com adolescentes de 15 a 18 anos (p < 0,001) 2. A dependência da nicotina pode refletir tanto na hipótese de que fumar pode levar ao desenvolvimento de TMC, quanto de que o transtorno aumenta a probabilidade de tornar-se um fumante regular, uma vez que tabagismo pode estar exercendo a função de automedicação, caso se considere sua ação sobre a atividade dopaminérgica e serotoninérgica 38. Assim como nos TMC, menor classificação socioeconômica 7, consumo de substâncias psicoativas 39,40,41,42,43 também são fatores que acarretam prejuízos à qualidade de vida. Quanto ao gênero, nosso estudo mostrou que as mulheres têm maior prevalênciade TMC juntamente com escores menores em sete dos oito domínios do SF-36. Estudos apontam uma similaridade quanto aos nossos achados 44,45. A qualidade de vida avaliada pelo SF-36 aborda as limitações na vida diária por conte de problemas de saúde, dando uma estimativa subjetiva do estado funcional do indivíduo que, por sua vez, está relacionada à saúde mental. Nos últimos anos há um aumento de pesquisas interessadas em avaliar a qualidade de vida em portadores de transtornos mentais, pelo impacto gerado na vida do indivíduo. Dentre os transtornos associados ao declínio da qualidade de vida está a depressão, por aumentar a sensação de dor e a incapacidade funcional, tornar a adesão ao tratamento mais difícil e diminuir a qualidade das relações sociais 46,47,48. No transtorno bipolar os episódios depressivos e os sintomas residuais de depressão, bem como os sintomas de irritabilidade e alterações de sono estão correlacionados à pior qualidade de vida, já que o funcionamento diário do indivíduo está alterado 49. No transtorno de pânico, fobia social e transtorno de ansiedade generalizada, problemas psicossociais e altos níveis de ansiedade podem comprometer a qualidade de vida 50,51. As comorbidades entre transtornos de ansiedade e de humor são comuns e apresentam maior prejuízo à qualidade de vida 52,53. Dessa forma, mesmo que o instrumento SRQ-20 não possibilite a identificação específica do(s) transtorno(s) mental(is) em questão, é provável que a grande maioria dos indivíduos que obteve escore indicativo de TMC apresente algum transtorno de humor e/ou de ansiedade. A utilização de tal instrumento define um conceito abrangente de TMC que pode indicar diferentes transtornos mentais ou condições que devem ser foco de atenção clínica. Ainda assim, o referido instrumento é amplamente utilizado em estudos epidemiológicos, possui aplicação simples e características psicométricas adequadas para o rastreamento de transtornos mentais. O presente estudo apresenta outra limitação que deve ser considerada na interpretação de seus resultados. Ela diz respeito ao seu delineamento transversal que impossibilita a avaliação de qualquer relação causal entre qualidade de vida e a presença de TMC. Porém, é importante ressaltar os aspectos biopsicossociais relacionados aos transtornos mentais, em que o papel da baixa qualidade de vida pode influenciar tanto no surgimento quanto na manutenção de transtornos. Cabe ainda salientar que os achados aqui expostos ganham em credibilidade científica por serem oriundos de uma amostra representativa de jovens. Os TMC são uma das maiores demandas da atenção em saúde nas classes menos privilegiadas 11,12. Estudo relata que em uma unidade de assistência básica, 50% dos pacientes apresentavam transtornos mentais 54. Há prioridade das políticas de saúde para maior atenção ao rastreio de transtornos mentais graves. Sugere-se, assim, que profissionais de saúde na atenção básica atentem para o rastreio dos TMC, sendo ele de alta prevalência na população além de trazer um prejuízo significativo na qualidade de vida da população. Deve-se trabalhar com atenção a prevenção de TMC a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida à população. FONTE: https://scielosp.org/article/csp/2011.v27n3/440-448/ É possível notar que os trabalhadores sentem dificuldades com as relações interpessoais no trabalho. Nos discursos, mencionaram a falta de entendimento e acolhimento por parte dos colegas de trabalho, o que torna o ambiente negativo e sobrecarregado emocionalmente, sendo possível acreditar que a falta do apoio social corrobora a percepção dos trabalhadores sobre os estressores no ambiente profissional. Sabe-se que os estressores presentes no ambiente de trabalho podem ser tanto de natureza psíquica quantitativa, quando se relacionam ao tempo e à velocidade de execução de tarefas, Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG ou qualitativa, quando envolvem conflitos que podem contribuir para as ocorrências de adoecimento psíquico. Assim, o apoio social, tanto de colegas de profissão quanto dos chefes e dos familiares, é importante para amenizar as situações estressoras, que são potencializadas quando esse apoio é diminuído14. Toda relação interpessoal partilha certas propriedades que formam sua estrutura e qualidades afetivas. Quando o indivíduo não consegue estabelecer boa interação no seu ambiente de trabalho, há uma sobrecarga emocional que dificulta o enfrentamento das situações de estresse durante a vida laboral15. Algumas das exigências que existem no ambiente de trabalho podem influenciar a saúde do trabalhador, como ocorre com os fatores psicossociais. Esses fatores englobam as cargas psíquicas, que são agrupadas em sobrecarga psíquica e subcarga psíquica. A primeira diz respeito às situações de tensão prolongada e a segunda, à impossibilidade de se desenvolver a capacidade mental, à falta de controle sobre o trabalho, ao distanciamento entre grupos de mandos e de subordinados, ao isolamento social no ambiente de trabalho, aos conflitos de papéis, aos conflitos interpessoais e à falta de apoio social16-18. Com relação ao estresse e os distúrbios de sono, os trabalhadores percebem-se estressados e atribuem o fato a um exercício de trabalho desgastante, a prejuízos ao sono e às atividades laborais em turno noturno, bem como à carga horária exaustiva. A propósito disso, as teorias sobre o estresse, em especial o work stress, preconizam a relação entre trabalho e adoecimento mental, sendo o primeiro um meio influenciador para o surgimento do segundo. Essa abordagem avalia os fatores estressores que envolvem o trabalhador e os métodos práticos para sua prevenção e tratamento3,4. No estudo em tela, verificou-se uma estreita relação do estresse com os distúrbios de sono. Nesse sentido, é válido destacar que o sono é bastante importante para o bem-estar mental do indivíduo. A atividade ocupa cerca de um terço da vida humana, sendo importante para o fortalecimento da memória, equilíbrio hormonal e melhora do desempenho motor. E o trabalho noturno favorece, além do surgimento de distúrbios do sono, a diminuição dos estados de alerta do indivíduo, sendo fator de risco para o estresse19. Profissionais que trabalham à noite estão mais expostos às patologias relacionadas ao sono, visto que a privação do sono provoca alterações no ciclo de vigília, interferindo no rendimento físico e mental dos indivíduos e repercutindo de forma emocional, social, física e laboral. Desse modo, influencia negativamente a qualidade de vida do trabalhador, sendo gerador de estresse, impaciência, irritabilidade, agressividade, desconforto, tristeza, isolamento e falta de ânimo e de energia20,21. Em geral, trabalhadores que apresentam sintomas de insônia ou uma má qualidade de sono se queixam de maior irritabilidade, ansiedade, depressão, cansaço e piora na qualidade de vida, com tendência a desenvolver mais facilmente transtorno depressivo e de ansiedade, doenças cardiovasculares e dependência de substâncias psicoativas21. Uma questão percebida e que gera inquietude nos trabalhadores diz respeito ao sentimento de incapacidade para atingir metas. Pelos discursos dos participantes, é possível compreender que há uma sobrecarga de responsabilidades e expectativas que, quando não alcançadas, geram frustração e sentimento de tristeza, fato que se agrava frente ao estresse ocupacional determinado pela percepção do profissional em relação às suas demandas de trabalho como estressores e por sua falta de habilidade para enfrentá-los. O estresse laboral pode ser gerado por diversas variáveis relacionadas ao trabalho, podendo ser decorrente da violência das atividades às quais o funcionário está exposto ou do desgaste físico vivenciado, por exemplo. O trabalho possibilita crescimento pessoal e profissional, além de reconhecimento e independência, porém, as constantes mudanças impostas aos indivíduos por um labor desgastante podem gerar, também, problemas como sintomas físicos do estresse e psíquicos. Quantoaos sintomas físicos, foram observados fadiga, dores de cabeça e insônia, entre outros. E dentre os sintomas psíquicos, mentais e emocionais, encontram-se a diminuição da concentração e de memória, indecisão, confusão, perda de senso de humor, ansiedade, nervosismo, depressão, raiva, frustração, preocupação, medo, irritabilidade e impaciência9,22. No que se refere à concepção dos trabalhadores sobre seu ambiente de trabalho pós-adoecimento, constatou-se que os participantes passaram a vê-lo de forma negativa. Atividades antes prazerosas e gratificantes se tornaram um fardo pesaroso e doloroso de carregar, pelo qual o local de trabalho tornou-se um ícone de sofrimento e o simples pensar na atividade profissional virou motivo suficiente para desencadear os sintomas ansiosos, levando a um intenso sofrimento. Ainda quanto à percepção do trabalhador com relação ao seu ambiente de trabalho, é importante destacar a subjetividade e trabalho como aporte teórico que analisa a concepção do trabalhador a partir de suas experiências e o ambiente laboral. Sendo assim, o trabalho pode ser apresentado como eixo norteador para o ser humano, transpassando as esferas culturais, sociais, econômicas e técnicas, dentre outras. Com isso, o trabalhador pode relatar ter uma vivência equilibrada para com o labor ou perturbada, sendo caracterizada por conflitos e angústia6. No que diz respeito ao sofrimento, o Brasil ainda é um país subdesenvolvido, no qual a problemática acerca do desemprego é recorrente e força os trabalhadores a continuarem exercendo atividades nas quais não se sentem satisfeitos por questão de subsistência. Se faz necessário que o trabalhador procure atividades que ressignifiquem sua vida pós-adoecimento laboral, com vistas a tentar encontrar algo que o satisfaça, mantendo sua qualidade física e mental. Com isso, viver o adoecimento mental pode levar o ser humano a valorizar mais as coisas simples e as pessoas queridas, a acessar a sua força, a reconhecer o seu limite e a ressignificar as situações ocorridas em sua vida23. Fato também destacado pelos trabalhadores relaciona-se à insatisfação com a atividade laboral exercida, sendo apontada como um dos fatores contribuintes para o desenvolvimento de depressão associada ao trabalho. Atualmente, com as novas formas que o trabalho vem adquirindo, os indivíduos encontram-se constantemente diante do conflito de exercerem funções que não lhes proporcionam prazer. A psicodinâmica do trabalho destaca a organização deste como fonte de insatisfação com a atividade laboral exercida, sendo esta geradora de adoecimento e sofrimento mental. Essa dinâmica também leva em consideração as estratégias Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG defensivas adotadas pelo trabalhador e a escuta qualificada como um método de intervenção para a interpretação desse problema6. No entanto, apesar das estratégias de defesa individuais dos trabalhadores desempenharem papel crucial no fenômeno de adaptação ao sofrimento, exercem pouca influência nesse grupo de pessoas, ao passo que as estratégias coletivas atuam para a construção de um elo entre o trabalho coletivo e o exercício de suportar as adversidades do grupo, possibilitando uma atuação na estruturação do trabalho8. A satisfação profissional, por sua vez, traz consigo a ideia de bem-estar e afeição para com a atividade laboral exercida. Todavia, existem fatores no ambiente de trabalho e na organização do processo desse trabalho que podem contribuir para que o trabalhador sinta-se satisfeito ou insatisfeito para com o labor exercido, sendo, portanto, também causadores de adoecimento profissional24,25. Assim, o trabalho vem deixando de ser uma atividade de realizações pessoais para tornar-se fonte de frustrações, que levam os indivíduos a não se reconhecem nas tarefas que executam e, por conseguinte, tornarem-se descrentes, distantes e sem envolvimento emocional, o que contribui para a depressão26-27. A inflexibilidade e a falta de apoio no ambiente de trabalho também estiveram presentes nos discursos dos participantes, que expressaram descontentamento com a forma como algumas empresas tratam seus trabalhadores. É possível observar que não há humanização e nem preocupação com o bem-estar dos empregados, além de cobranças demasiadas com relação ao cumprimento de tarefas e horários, o que gera no empregado o medo de ser dispensado de suas funções por não conseguir cumprir com as exigências impostas. As recomendações para os serviços de saúde ocupacional emitidas pela Organização Internacional do Trabalho e pela Organização Mundial de Saúde destacam a proteção do bem- estar físico e mental dos trabalhadores, visando a adaptar o labor a um ambiente saudável de convivência. Um funcionário com boas condições de saúde é mais produtivo e, por conta disso, há uma tendência global das empresas se preocuparem cada vez mais com essa questão, instituindo programas nesse sentido FONTE:http://www.rbmt.org.br/details/361/pt- BR/adoecimento-mental-e-as-relacoes-com-o-trabalho-- estudo-com-trabalhadores-portadores-de-transtorno-mental Burnout e depressão Dúvidas sobre a definição diagnóstica da síndrome de burnout, suas diferenças e correlações com a depressão ainda estão em estudo. Testou-se a validade discriminativa da síndrome de burnout em contraste com transtorno depressivo em professors pré- escolares, médicos-assistentes e familiares. Os resultados indicaram validade para o burnout, diferenciando-o da depressão (Reime e Steiner, 2001). Em outro estudo, os índices de burnout e a sintomatologia depressiva mostraram significativa associação entre essas patologias. A sobreposição à exaustão emocional é digna de nota (aproximadamente 20%). Já a baixa associação entre o Inventário de Depressão de Beck e as dimensões RP e DE não dá suporte à idéia de que o burnout é uma forma de depressão relacionada ao trabalho (Glass e McKnight, 1996). Alguns autores acreditam que a depressão seguiria o burnout e que altos níveis de exigência psicológica, baixos níveis de liberdade de decisão, baixos níveis de apoio social no trabalho e estresse devido a trabalho inadequado são preditores significantes para subseqüente depressão. Sugere-se também que os indivíduos jovens com burnout têm maior porcentagem de depressão leve do que ausência de depressão (Iacovides et al., 2003). Examinou-se a relação entre variáveis ocupacionais (predisponentes à síndrome de burnout) e os transtornos depressivos. Constatou-se que indivíduos que trabalham em condições de muitas demandas psicológicas associadas a baixo poder de decisão têm maior prevalência de depressão quando comparados aos trabalhadores não expostos a essas condições (Mausner-Dorsch e Eaton, 2001). Diante da hipótese de que a suscetibilidade para depressão associa-se ao aumento de risco para o desenvolvimento de burnout, avaliaram-se os índices pessoais e história familiar de depressão e sintomas de burnout, confirmando tal hipótese (Nyklicek e Pop, 2005). Outro estudo avaliou a associação entre transtornos psiquiátricos e nível do cargo ocupado em oficiais do governo japonês para detecção de estresse, transtornos psiquiátricos e síndrome de burnout. Como resultados, encontraram-se várias correlações. Primeira: quanto maior o nível de estresse associado a limitado apoio da organização ao funcionário, maior a probabilidade de desenvolver síndrome de burnout. Segunda: quanto mais forte for o suporte da organização, menor a tendência em se desenvolver depressão. Constatou-se que oficiais ocupando cargos de alto nível recebiam menor apoio organizacional e estavam mais severamente deprimidos quando comparados a oficiais em cargos hierarquicamente mais baixos (Nadaoka et al., 1997). Burnout e transtornos ansiosos Não se encontraram estudos que avaliassem a associação de transtornos ansiosos específicos (transtorno do pânico, fobia social, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo- compulsivo, transtorno do estresse póstraumático) e burnout. Estudo realizado em Sidney, Austrália, avaliou110 estudantes do primeiro ano do programa de graduação médica a fim de determinar a prevalência de desordens psiquiátricas e burnout no último ano de Medicina. Constatou-se que o número de participantes que preenchiam critérios tanto para desordens psiquiátricas (como transtornos de ansiedade) quanto para o burnout cresceu ao longo do período do estudo (Willcock et al., 2004). Em Chicago (EUA), constatou-se que dentistas se deparam com numerosas fontes de estresse profissional, iniciadas já na faculdade. Afirmou-se que estão propensos a burnout, transtornos ansiosos e depressivos em razão da natureza da prática clínica e dos traços de personalidade comuns aos que decidem pela carreira odontológica (Rada e Johnson-Leong, 2004). Burnout e suicídio Estudaram-se ideação suicida, tentativa de suicídio e os aspectos relacionados ao ambiente de trabalho. Quatro fatores foram relacionados: propensão ao suicídio, qualidade do trabalho, ambiente de trabalho negativo e burnout/depressão. A correlação entre esses fatores sugeriu que o ambiente de trabalho, quando negativo, estava associado a burnout/depressão, que, por sua vez, estavam relacionados a maior probabilidade de ideação suicida e tentativa de suicídio (Samuelsson et al., 1997). Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Burnout e abuso/dependência ao álcool e outras substâncias ilícitas O estresse causado nos médicos pelo seu trabalho pode levar ao burnout e à dependência química (Juntunen et al., 1988; Schifferdecker et al., 1996a; 1996b). Estudou-se o consumo de álcool em 2.671 médicos finlandeses como parte de uma pesquisa sobre estresse e burnout. O aumento do consumo de álcool estava associado, entre outros, a tabagismo, uso de benzodiazepínicos, estresse e burnout, pensamentos de morte, insatisfação geral. Hábitos de beber eram mais pesados entre médicos trabalhando nos centros comunitários de saúde, entre os que tinham licença prolongada devido à doença, jovens médicos desapontados com suas profissões ou com o ambiente de trabalho, e médicos mais experientes, imersos em suas tarefas diárias. Sugeriu-se que o uso pesado de bebida alcoólica poderia estar associado a estresse e burnout (Blair e Ramones, 1996). Avaliou-se a extensão de burnout entre 306 médicos generalistas franceses. Verificou-se elevado nível de burnout em 5% da população avaliada. De cada 3 médicos, 1 pensava em se submeter a novo treinamento, 5,5% declararam estar bebendo em excesso, 30% usavam psicotrópicos e 13% pensavam em suicídio. A qualidade de vida dos que sofrem com burnout foi considerada deteriorada, também levando a conseqüências deletérias no que se refere aos cuidados prestados aos pacientes (Cathebras et al., 2004). Burnout e transtornos psicossomáticos Há muitas indicações de que situações estressantes de origens familiar e laboral são fatores de risco para o desenvolvimento de desordens relacionadas ao estresse. Segundo evidencia o estudo, diagnósticos como síndrome de burnout, síndrome da fadiga crônica e fibromialgia representam modos diferentes de reagir a uma situação opressiva. O limite entre essas doenças e, de outro lado, depressão, doenças cardíacas, é freqüentemente impreciso; esses diagnósticos podem delinear os estágios preliminares de doenças como angina pectoris e infarto do miocárdio. Essas circunstâncias refletem sofrimento considerável dos indivíduos e um fardo econômico significativo para a sociedade (Anderberg, 2001). Em estudo realizado em Roma, avaliaram-se controladores de tráfego aéreo (CTA) e profissionais de serviços de saúde (PSS) usando-se o Rome burnout inventory (RBI). Os indivíduos que relatavam estar deprimidos, ansiosos ou com impulso descontrolado preenchiam critérios para burnout. Os maiores níveis de doenças psicossomáticas foram encontrados nos CTA que também tiveram maior pontuação em exaustão emocional (Venturi et al., 1994). Burnout e demência, retardo mental, transtornos psicóticos e de personalidade A literatura evidencia que a síndrome de burnout pode ocorrer em indivíduos que trabalham como cuidadores de pacientes portadores de quadros demenciais e de retardo mental (Duran et al., 2004; Hastings et al., 2004). Não se evidenciou relação de causa-efeito entre burnout e demência, retardo mental, transtornos psicóticos nem de personalidade. Conseqüências do burnout Muitos pontos permanecem não esclarecidos, mas os autores, de forma geral, concordam que o burnout interfere nos níveis institucional, social e pessoal. Para a organização A instituição tem um aumento em seus gastos (tempo, dinheiro) com a conseqüente rotatividade de funcionários acometidos pelo burnout, assim como com o absenteísmo destes (Gil-Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et al., 2001; World Health Organization, 1998). Há estudo afirmando que o burnout enfraquece o interesse de alguns membros da equipe de saúde por práticas inovadoras, contribuindo como fator impeditivo na disseminação de condutas baseadas em evidência (Corrigan et al., 2003; Gil- Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et al., 2001). Segundo Maslach e Leiter (1997): “[...] os indivíduos que estão neste processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, tanto psicológica quanto fisicamente. Eles investem menos tempo e energia no trabalho, fazendo somente o que é absolutamente necessário e faltam com mais freqüência. Além de trabalharem menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade e na quantidade de trabalho produzido é o resultado profissional do desgaste”. Para o indivíduo O indivíduo pode apresentar fadiga constante e progressiva; dores musculares ou osteomusculares (na nuca e ombros; na região das colunas cervical e lombar); distúrbios do sono; cefaléias, enxaquecas; perturbações gastrointestinais (gastrites até úlceras); imunodeficiência com resfriados ou gripes constantes, com afecções na pele (pruridos, alergias, queda de cabelo, aumento de cabelos brancos); transtornos cardiovasculares (hipertensão arterial, infartos, entre outros); distúrbios do sistema respiratório (suspiros profundos, bronquite, asma); disfunções sexuais (diminuição do desejo sexual, dispareunia/anorgasmia em mulheres, ejaculação precoce ou impotência nos homens); alterações menstruais nas mulheres (Araújo et al., 1998; Cherniss, 1980b; Dejours, 1992; Donatelle e Hawkins, 1989; Freudenberger, 1974; Goetzel et al., 1998; Lerman et al., 1999; Melamed et al., 1999; Nakamura et al., 1999; Pruessner et al., 1999; Silvany et al., 2000; World Health Organization, 1998). Em relação ao psiquismo, pode apresentar: falta de concentração; alterações de memória (evocativa e de fixação); lentificação do pensamento; sentimento de solidão; impaciência; sentimento de impotência; labilidade emocional; baixa auto-estima; desânimo (Araújo et al., 1998; Benevides- Pereira, 2001; Donatelle e Hawkins, 1989; Freudenberger, 1974; Goetzel et al., 1998; Goetzel et al., 2002; Silvany et al., 2000). Pode ocorrer o surgimento de agressividade, dificuldade para relaxar e aceitar mudanças; perda de iniciativa; consumo de substâncias (álcool, café, fumo, tranqüilizantes, substâncias ilícitas); comportamento de alto risco até suicídio (Araújo et al., 1998; Benevides-Pereira, 2001; Donatelle e Hawkins, 1989; Freudenberger, 1974; Goetzel et al., 1998; 2002; Murofuse et al., 2005; Silvany, 2000). Para o trabalho Ocorre diminuição na qualidade do trabalho por mau atendimento, procedimentos equivocados, negligência e imprudência (Dejours, 1992; Freudenberger, 1974; Gil-Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Murofuse et al., 2005). A predisposição a acidentes aumenta devido a faltas de atenção e concentração (Gil-Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997). Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG O abandono psicológico e físico do trabalho pelo indivíduo acometido por burnout leva a prejuízos de tempo e dinheiro para o próprio indivíduoe para a instituição que tem sua produção comprometida (Constable e Russell, 1986; Gil- Monte, 1997; Maslach e Leiter, 1997; Maslach et al., 2001; Ross e Russel, 1989; Schaufeli, 1999c). Para que seja possível, por exemplo, o estabelecimento de relações terapêuticas entre o profissional e o paciente, a prevenção ao estresse e burnout está entre as principais recomendações feitas pelo National Guideline Clearinghouse às organizações (National Guideline Clearinghouse, 2006; Registered Nurses Association of Ontario (RNAO), 2002; Registered Nurses Association of Ontario (RNAO), 2006). Para a sociedade O indivíduo acometido por burnout pode provocar distanciamento dos familiares, até filhos e cônjuge (Constable e Russell, 1986; Dejours, 1992; Ross Russel, 1989). Já os clientes mal atendidos arcam com prejuízos emocionais, físicos e financeiros que podem se estender aos seus familiares e até ao seu ambiente de trabalho (Dejours, 1992; Maslach e Leiter, 1997). FONTE: https://www.scielo.br/j/rpc/a/6CTppSZ6X5ZZLY5bXPPFB7S /?format=pdf&lang=pt Conhecer as principais causas de mortalidade precoce em pacientes com transtorno mental e como preveni-las (ex: comorbidades, estilo de vida, suicídio...). Até hoje, estudos diziam que pessoas com transtornos mentais correm maior risco de desenvolver doenças relacionadas ao envelhecimento, mas não necessariamente têm maior risco de envelhecer mais rápido. No entanto, uma nova pesquisa publicada na revista “JAMA Psychiatry” em 17 de fevereiro afirma que sofrer com transtornos de saúde mental no início da vida pode levar a uma pior saúde física e envelhecimento acelerado na vida adulta. Os participantes do estudo que tiveram uma maior variedade e persistência de sintomas de transtorno de saúde mental na idade adulta – ou altos níveis de psicopatologia geral – envelheceram biologicamente mais rápido por um fator de cerca de 5,3 anos entre as idades de 26 e 45 em comparação com os participantes com os escores mais baixos. Os transtornos que os indivíduos de maior risco experimentaram quando mais jovens incluem principalmente ansiedade, depressão, uso indevido de substâncias e esquizofrenia. Os indivíduos também apresentaram mais dificuldades com audição, visão, equilíbrio, funcionamento motor e cognição, que são fatores usados para medir o envelhecimento. Os resultados também ficaram aparentes: observadores independentes que viram as fotos deste grupo sem saber nada sobre eles classificaram-nos como parecendo mais velhos. Como os autores do estudo compararam os dados com outros fatores que poderiam levar ao envelhecimento acelerado, como sexo, índice de massa corporal, tabagismo, saúde infantil e maus-tratos e status socioeconômico, o resultado mostra que “há algo mais indicando algum tipo de processo biológico pré-existente”, disse Elizabeth Walker, professora assistente de pesquisa na Escola de Saúde Pública Rollins da Universidade Emory, em Atlanta, que não estava envolvida no estudo. As descobertas resultaram do estudo longitudinal Dunedin, que observou e testou a saúde biológica, física e mental de 1.037 neozelandeses desde seu nascimento em 1972 ou 1973 até os 45 anos. “Normalmente, as doenças crônicas relacionadas à idade aparecem anos mais tarde. Quando pensamos em envelhecimento, pensamos em pessoas mais velhas, que estão na casa dos 50, 60 ou mais”, afirmou a principal autora do estudo, a doutora Jasmin Wertz, da equipe Moffitt & Caspi da Universidade Duke, na Carolina do Norte. “Os resultados do envelhecimento nem chegam a ser medidos antes de as pessoas atingirem essa faixa. No entanto, ao medir esses fatores, notamos que as pessoas que viveram problemas de saúde mental já mostram um envelhecimento mais rápido no que parece uma idade relativamente jovem”. O estudo “ajuda ainda mais a conectar os pontos entre o que se sabe sobre a associação entre transtornos mentais e problemas de saúde física, incluindo mortalidade precoce”, disse o doutor Benjamin Druss, professor e titular da cadeira Rosalynn Carter em saúde mental da Universidade Emory em Atlanta, que não participou do estudo. Ligações com envelhecimento Existem alguns motivos potenciais pelos quais os transtornos mentais podem levar a um envelhecimento mais rápido, sejam eles hábitos prejudiciais à saúde e fatores estressantes relacionados aos transtornos mentais, sejam consequências da própria condição psiquiátrica. A doutora Wertz dá um exemplo: pessoas com problemas de saúde mental têm maior probabilidade de fazer menos exercícios ou ter uma alimentação ruim, o que está associado a um envelhecimento mais rápido. Pessoas com problemas de saúde mental e, às vezes, problemas físicos relacionados, muitas vezes têm dificuldade para encontrar cuidados adequados, que é uma “experiência estressante”, disse Wertz. O grupo também tem maior probabilidade de ser exposto à violência e ao estigma da doença. Além disso, só o fato de ter um transtorno mental pode causar danos ao corpo – muitas vezes, independentemente de como as pessoas cuidam de si mesmas. Segundo o estudo, a estafa aumenta a circulação dos hormônios do estresse e a inflamação, o que pode levar a um envelhecimento mais rápido e doenças subsequentes. “Pensamos na depressão como uma doença que se origina no cérebro com distúrbios químicos. Mas ela provavelmente é uma doença sistêmica que afeta todo o corpo”, opinou o doutor Brent Forester, membro do Conselho de Psiquiatria Geriátrica da Sociedade Americana de Psiquiatria e chefe do Centro de Excelência em Psiquiatria Geriátrica do Hospital McLean em Massachusetts. Uma limitação do estudo é que os autores deixaram de observar os adultos após os 45 anos, de forma que não se sabe se o envelhecimento acelerado continuaria e se manifestaria como doenças crônicas. “Mas eu diria que quanto mais velho você fica, é mais provável que alguns desses problemas médicos apareçam mais cedo do que tarde”, continuou Forester. Unindo saúde mental e física https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2776612?utm_campaign=articlePDF&utm_medium=articlePDFlink&utm_source=articlePDF&utm_content=jamapsychiatry.2020.4626 https://www.cnn.com/interactive/2020/10/health/mental-health-people-of-color-wellness/ Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Para a autora do estudo, a doutora Wertz, as descobertas sugeriram que, com uma melhor prevenção, identificação precoce e melhor tratamento de problemas de saúde mental, os profissionais de saúde podem ajudar a reduzir e retardar o envelhecimento e consequências físicas. “Há uma janela de oportunidade, especialmente porque esses problemas de saúde mental frequentemente ocorrem relativamente mais cedo no curso da vida do que as doenças físicas”. “As pessoas que experimentam esses problemas de saúde mental formam um grupo de alta prioridade que deve ser monitorado para sinais de envelhecimento mais rápido”, acrescentou. “Para fazer isso, é preciso ter uma grande integração entre os serviços que tratam a saúde mental e aqueles que cuidam da saúde física, já que, no momento, eles estão separados”. Os transtornos mentais podem ser debilitantes a ponto de a pessoa não conseguir manter hábitos saudáveis, e esse desafio pode ser agravado pela pandemia. Para quem não vive a doença, parece fácil falar que o melhor é buscar ajuda profissional para diagnóstico, terapia e gerenciamento de medicamentos. Ainda assim, a autora do estudo disse que o conselho deve ser reforçado, pois deixar que o próprio paciente “gerencie sozinho os problemas” pode não os resolver. Vale lembrar sempre que um “estilo de vida saudável é a chave para prevenir doenças relacionadas ao envelhecimento e evitar que ele chegue precocemente”, acrescentou Wertz. Qualquer quantidade de atividade física, a socialização com segurança com outras pessoas, a redução do tabagismo e uma alimentação saudável podem ajudar a diminuir inflamações no corpo, entre outros benefícios. FONTE: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/pessoas-com- transtornos-mentais-podem-envelhecer-mais-rapido-segundo-
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