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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TBL 9 
DANIELA FRANCO
DEFINIÇÃO DE TEA 
O transtorno do autismo era caracterizado pela presença de 
probl mas em três domínios: comunicação social, 
comportamentos restritos e repetitivos e desenvolvimento 
e uso de linguagem aberrante. Uma forma menos ampla do 
transtorno do espectro autista, o transtorno de Asperger, 
não inclui problemas de linguagem. Um consenso clínico 
recente mudou o conceito de transtorno do espectro autista 
onde os problemas diagnósticos básicos caíram em dois 
domínios: deficiências na comunicação social e 
comportamentos restritos e repetitivos. O transtorno do 
espectro autista se torna evidente no decorrer do segundo 
ano de vida. 
É frequente que as crianças com transtorno do espectro 
autista mostrem algum interesse idiossincrático intenso em 
uma pequena faixa de atividades, resistam a mudanças e, de 
forma típica, não reajam ao ambiente social conforme seus 
pares 
DSM V E CID-10 
TEA (baseado no DSM V), que atualmente inclui os 
subgrupos definidos pela CID-10 (Sd Asperger, Sd Rett, 
Transtorno desintegrativo da infância, transtorno global do 
desenvolvimento). 
Nos termos do DSM-5, os critérios diagnósticos para o 
transtorno do espectro autista incluem deficiências na 
comunicação social e interesses restritos, que se 
apresentam na fase inicial do período evolutivo; 
aproximadamente um terço das crianças que atendem aos 
critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno do 
espectro autista apresenta incapacidade intelectual (II). 
• Síndrome ou transtorno Rett parece ocorrer 
exclusivamente em mulheres e se caracteriza pelo 
desenvolvimento normal durante pelo menos 6 meses, 
seguido por movimentos estereotipados das mãos, 
perda de movimentos intencionais, redução no 
compromisso social, descoordenação e redução no uso 
da linguagem. 
• Transtorno desintegrativo da infância há um progresso 
normal no desenvolvimento durante cerca de 2 anos e, 
a partir de então, a criança começa a perder as 
habilidades previamente adquiridas em duas ou mais 
entre as seguintes áreas: uso da linguagem, 
responsividade social, brincadeiras, habilidades 
motoras e controle da bexiga ou dos intestinos. 
• Transtorno de Asperger caracteriza-se por problemas 
no relacionamento social e por um padrão repetitivo e 
estereotipado de comportamento sem retardo ou 
aberração marcante no uso e no desenvolvimento da 
linguagem. No transtorno de Asperger, as capacidades 
cognitivas e as habilidades adaptativas mais 
importantes são compatíveis com a idade, embora 
existam problemas na comunicação social. 
OBS: O transtorno do espectro autista é diagnosticado com 
uma frequência quatro vezes maior em meninos do que em 
meninas. Tem uma influência genética significativa. Meninas 
com TEA têm mais incapacidade intelectual. 
FATORES ASSOCIADOS 
O primeiro biomarcador identificado no transtorno do 
espectro autista foi um nível elevado de serotonina no 
sangue total, quase apenas nas plaquetas. Diversos estudos 
encontraram aumentos no volume total do cérebro em 
crianças menores de 4 anos com a condição. 
Os fatores pré-natais mais significativos associados a esse 
transtorno em descendentes são idade materna e paterna 
avançada no momento do nascimento do bebê, hemorragia 
gestacional materna, diabetes gestacional e bebê 
primogênito. Os fatores de risco perinatais incluem 
complicações no cordão umbilical, trauma no nascimento, 
desconforto fetal, feto pequeno para a idade gestacional, 
peso baixo ao nascer, baixo índice de Apgar no quinto 
minuto, malformação congênita, incompatibilidade do 
grupo sanguíneo ABO ou do fator Rh e hiperbilirrubinemia. 
Fatores imunológicos: 
• Relatos sugerindo incompatibilidade imunológica 
(anticorpos maternos direcionados ao feto) 
• Os linfócitos de algumas crianças autistas com anticorpos 
maternos permitem pensar que os tecidos neurais 
embrionários tenham sido lesionados durante a gestação. 
• Hipótese ainda em investigação. 
 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO 
Caracterizar o quadro clínico e saber como é feito o 
diagnóstico do TEA, bem como o diagnóstico diferencial 
(ex: esquizofrenia de início na infância, deficiência 
intelectual, surdez congênita). 
 
SINTOMAS CENTRAIS 
Deficiências persistentes na comunicação e interação 
social. crianças com transtorno do espectro autista não se 
adaptam ao nível esperado de habilidades sociais recíprocas 
e de interações sociais não verbais espontâneas. Os 
lactentes com esse transtorno possivelmente não 
desenvolvam sorrisos sociais e, mais tarde, como bebês mais 
velhos podem não ter a postura antecipatória de serem 
colocados no colo de uma cuidadora. Contato com os olhos 
menos frequente e mais fraco é comum durante a infância e 
a adolescência, em comparação com outras crianças. O 
desenvolvimento social de crianças com o transtorno 
caracteriza-se por um comportamento de apego atípico, 
embora esse tipo de comportamento não esteja ausente. 
É frequente as crianças com transtorno do espectro autista 
sentirem e demonstrarem uma ansiedade extrema quando 
sua rotina normal é interrompida. A partir do momento em 
que atingem a idade escolar, elas aprimoram as habilidades 
sociais, o que torna o isolamento social menos óbvio, 
sobretudo no caso das que têm nível mais elevado de 
desempenho. Nas crianças mais velhas em idade escolar, as 
deficiências sociais manifestam-se como uma ausência de 
conversas convencionais, menor compartilhamento de 
interesses e uma quantidade menor de gestos corporais e 
faciais no contato com outras pessoas. Uma das 
características observadas em crianças com transtorno do 
espectro autista é a deficiência na capacidade de perceber 
os sentimentos ou o estado emocional das pessoas a seu 
redor. 
Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, 
interesses e atividades. Essas crianças não usam brinquedos 
ou objetos da maneira habitual; em vez disso eles costumam 
ser manipulados de uma forma ritualística, com uma 
quantidade menor de características simbólicas. Em geral, as 
crianças autistas não apresentam o nível de brincadeiras 
imitativas ou de pantomima abstrata exibido pelas outras da 
mesma idade, nas quais essas características são 
espontâneas. As atividades e brincadeiras das crianças com 
o transtorno do espectro autista parecem ser mais rígidas, 
repetitivas e monótonas em comparação com os pares. 
Comportamentos compulsivos espontâneos, tais como 
alinhar objetos, são comuns; e, às vezes, uma criança com 
esse tipo de transtorno pode demonstrar um forte apego por 
determinados tipos de objetos inanimados. Crianças autistas 
com deficiência intelectual grave apresentam taxas elevadas 
de comportamentos autoestimuladores e autolesivos. 
Caraterísticas físicas associadas. À primeira vista, crianças 
não apresentam sinais físicos que indiquem a presença do 
transtorno. De maneira geral, elas realmente apresentam 
taxas mais elevadas de anomalias físicas de menor 
importância, como, por exemplo, malformações nas orelhas, 
e outras que podem ser reflexo de anomalias que ocorreram 
durante o desenvolvimento fetal dos órgãos, junto com 
partes do cérebro. 
Outros sintomas associados: perturbação no 
desenvolvimento e uso da linguagem, deficiência intelectual, 
irritabilidade, instabilidade de humor e afeto, fraca resposta 
a estímulos sensoriais, hiperatividade, desatenção, 
habilidade prodigiosa para cálculos e aprendizagem de 
memória, geralmente além das capacidades dos pares 
normais, insônia, infecções menores e sintomas 
gastrointestinais. 
Ferramenta de avaliação: O Autism Diagnostic Observation 
Schedule-Generic (ADOS-G) 
DIAGNÓSTICO 
Os sintomas característicos costumam estar presentes antes 
dos 3 anos de idade, com um diagnóstico possível por volta 
dos 18 meses. Normalmente, os pais começam a se 
preocupar entre os 12 e os 18 meses, na medida em que alinguagem não se desenvolve. 
• Essencialmente CLÍNICO. 
• Realizado pela observação direta do comportamento do 
paciente e uma entrevista com os pais. 
• Sintomas, geralmente, estão presentes antes dos 3 anos, 
com um diagnóstico possível aos 18 meses. 
• Normalmente, os pais começam a se preocupar entre os 
12 e 18 meses, na medida em que a linguagem não se 
desenvolve. 
• O M-CHAT é uma escala de rastreamento que pode ser 
utilizada em todas as crianças durante visitas pediátricas, 
com o objetivo de identificar trações de autismo em crianças 
com idade precoce – ela não fornece o diagnóstico. 
Diagnóstico DSM - V 
A. Déficits persistentes na comunicação social e na 
interação social em múltiplos contextos, 
 1. Déficits na reciprocidade socioemocional: dificuldade 
para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento 
reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para 
iniciar ou responder a interações sociais. 
 2. Déficits nos comportamentos comunicativos não 
verbais usados para interação social 
 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender 
relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldade em 
ajustar o comportamento para se adequar a contextos 
sociais diversos a dificuldade em compartilhar brincadeiras 
A gravidade baseia-se em prejuízos na comunicação social e 
em padrões de comportamento restritos e repetitivos. 
B. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, 
interesses ou atividades, menos dois dos seguintes: 
 1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala 
estereotipados ou repetitivos 
 2. Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a 
rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou 
não verbal 
 3. Interesses fixos e altamente restritos que são 
anormais em intensidade ou foco. 
 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou 
interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente 
C. Os sintomas devem estar presentes precocemente no 
período do desenvolvimento 
D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo 
no funcionamento social, profissional ou em outras áreas 
importantes da vida do indivíduo no presente. 
E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por 
deficiência intelectual ou por atraso global do 
desenvolvimento. Deficiência intelectual ou transtorno do 
espectro autista costumam ser comórbidos; 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Transtorno da comunicação social (pragmática) caracteriza-
se pela dificuldade de adaptação às narrativas; pela 
dificuldade em entender as regras de comunicação social por 
meio da linguagem, exemplificada pelo ato de não 
cumprimentar convencionalmente outras pessoas; pela 
dificuldade de se revezar nas conversas, respondendo às 
dicas verbais e não verbais de um ouvinte. Embora as 
relações possam ser afetadas de forma negativa pelo 
transtorno da comunicação social, esse tipo de transtorno 
não inclui comportamentos e interesses restritos ou 
repetitivos, que ocorrem nos casos de transtorno do 
espectro autista. 
Esquizofrenia com início na infância. A esquizofrenia é rara 
em crianças com idade abaixo de 12 anos e quase nunca 
ocorre antes dos 5 anos. A esquizofrenia com início na 
infância caracteriza-se pela presença de alucinações ou 
delírios e possui baixa incidência de convulsões, de 
incapacidade intelectual e de habilidades sociais fracas. 
Incapacidade intelectual com sintomas comportamentais. 
A principal diferença entre transtorno do espectro autista e 
incapacidade intelectual é que as crianças com síndromes de 
incapacidade intelectual em geral apresentam deficiências 
globais na área verbal e não verbal, enquanto aquelas com 
transtorno do espectro autista são relativamente fracas nas 
interações sociais, em comparação a outras áreas de 
desempenho. 
Surdez congênita ou deficiência auditiva. Os fatores 
diferenciadores incluem: lactentes com o transtorno do 
espectro autista não balbuciam com frequência, enquanto 
os lactentes surdos têm uma história bastante normal de 
balbucios, que diminuem de modo gradual até serem 
interrompidos por completo no período entre 6 meses e 1 
ano de idade. De maneira geral, as crianças surdas 
respondem apenas aos sons muito altos, enquanto aquelas 
com transtorno do espectro autista podem ignorar sons 
altos ou normais e responder aos suaves 
PROGNÓSTICO 
O transtorno do espectro autista é uma condição que 
costuma durar a vida toda, com um nível variável de 
gravidade nos prognósticos. Estes são melhores para 
crianças com transtorno do espectro autista com QI acima 
de 70 e habilidades adaptativas médias e que desenvolvem 
linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos. Ao longo 
do tempo, a maior parte desses jovens apresentou 
mudanças positivas na comunicação e nos domínios sociais. 
Descobriu-se que a aplicação imediata de inter venções 
comportamentais intensivas causou um impacto positivo 
profundo em muitas crianças afetadas, sendo que, em 
alguns casos, a recuperação e o desempenho ficaram na 
faixa média. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Citar os exames complementares utilizados para a 
diagnóstico diferencial do TEA. 
TRATAMENTO 
Caracterizar a abordagem terapêutica para o TEA (enfoque 
na equipe multidisciplinar). 
As metas principais dos tratamentos de crianças com 
transtorno do espectro autista são focar comportamentos 
básicos para melhorar as interações sociais e a comunicação; 
ampliar as estratégias de integração escolar; desenvolver 
relacionamentos significativos com os pares; e aumentar as 
habilidades para viver uma vida independente no longo 
prazo. As intervenções nos tratamentos psicossociais têm 
como foco principal ajudá-las a desenvolver habilidades nas 
convenções sociais, estimular comportamentos socialmente 
aceitáveis e prossociais com os pares e diminuir os sintomas 
de comportamentos estranhos. Além disso, as metas dos 
tratamentos costumam incluir a redução de 
comportamentos irritáveis e disruptivos que possam surgir 
na escola ou em casa e ser exacerbados nos períodos de 
transição. 
Crianças com incapacidade intelectual precisam de 
intervenções comportamentais apropriadas sob a ótica 
evolutiva para reforçar comportamentos socialmente 
aceitáveis e incentivar habilidades de autocuidado. É 
frequente também que os pais de crianças com o transtorno 
se beneficiem da educação psicológica, do suporte e da 
orientação para otimizar o relacionamento e a eficiência 
com suas crianças. Os componentes desses tratamentos 
abrangentes incluem expansão das habilidades sociais, 
comunicativas e linguísticas, geralmente pela prática de 
imitação, atenção conjunta, reciprocidade social e 
brincadeiras direcionadas às crianças de uma maneira 
centralizada. 
MEDICAMENTOS 
O foco principal das intervenções psicofarmacológicas no 
transtorno do espectro autista é melhorar os sintomas 
comportamentais associados, em vez das características 
básicas do transtorno. 
Irritabilidade. Dois antipsicóticos de segunda geração, 
risperidona e aripiprazol, tratamento de irritabilidade em 
indivíduos com transtorno do espectro autista. Observou-se 
que a risperidona, um antipsicótico com alta potência, em 
combinação com as propriedades da dopamina (D2) e do 
antagonista do receptor de serotonina (5-HT2), controla os 
comportamentos agressivos e autolesivos em crianças com 
e sem esse transtorno. 
Hiperatividade, impulsividade e desatenção. o 
metilfenidato (ritalina) é pelo menos moderadamente eficaz 
em doses de 0,25 a 0,5 mg/kg em jovens autistas e com 
sintomas de TDAH. Nessa população, a eficácia do 
metilfenidato foi menor do que em crianças com TDAH e 
sem o transtorno do espectro autista, sendo que aquelas 
com o transtorno do espectro autista desenvolveram efeitos 
colaterais com maior frequência, incluindo aumento na 
irritabilidade, comparadas às crianças com TDAH 
Comportamento repetitivo e estereotipado.Esses sintomas 
básicos do transtorno do espectro autista foram estudados 
com antidepressivos à base de inibidores seletivos da 
recaptação de serotonina (ISRSs), antipsicóticos de segunda 
geração (ASGs) e agentes estabilizadores do humor, como o 
valproato. 
 
 
Bibliografia básica: 
1. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e 
psiquiatria clínica. 11ª.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
Capítulo 31 (pg 1153-1170).

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