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AMADURECIMENTO DO SISTEMA IMUNE INFANTIL


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AMADURECIMENTO DO SISTEMA IMUNE INFANTIL 
 
 O corpo humano tem vários sistemas, sendo que cada tem sua função e 
participação especial para contribuir na homeostasia orgânica. Dentre os vários sistemas 
que possuímos, destaca-se o sistema imunológico, que é composto por barreiras 
anatômicas, como a pele, um revestimento mucoso, além de muitas células de defesa e 
substâncias inflamatórias. Lembre-se que o sistema imune possui uma divisão para a 
resposta aos agressores: resposta inata (natural) e a resposta adquirida (adaptativa): 
• Imunidade inata: não é necessário exposição prévia ao agressor. Para essa 
resposta acontecer, utilizamos leucócitos polimorfonucleares, células 
dendríticas e mononucleares fagocíticas, células NK (natural killer), 
receptores que reconhecem antígenos comuns de patógenos (receptores do 
tipo toll) e o sistema complemento; 
• Imunidade adquirida: é uma resposta mais específica, que inclui linfócitos 
T e B; 
Os RN e lactentes jovens possuem, bem como todos os sistemas, uma imaturidade 
imunológica e isso os torna mais susceptíveis aos agentes infecciosos presentes nesse 
momento da vida. Só pra você ter uma ideia: os especialistas acreditam que até 
completarem o segundo ano de vida, crianças podem apresentar, em média, pelo menos 
1 quadro infeccioso respiratório por mês. Somente a partir dos dois anos de idade, após 
tomar a maioria das vacinas fundamentais para o seu desenvolvimento, é que o sistema 
imunológico da criança estará mais fortificado. Mas, na real mesmo, o desenvolvimento 
imunológico somente estará completo lá para a adolescência 
INTRODUÇÃO 
 Primeira coisa que você precisa saber: quanto menor o período gestacional, menos 
desenvolvido é o sistema imunológico do bebê. Pra você ter uma ideia, os RN prematuros 
extremos (<28 semanas) apresentam 10 vezes mais chances de sofrerem uma infecção do 
que RN a termo. 
 Desde que é feto, o bebê é altamente dependente da transferência materna passiva 
de anticorpos. Durante o período fetal, a IgG materna é transportada através da placenta 
e, quando nasce, essa transferência passiva passa a ser através do leite materno. O leite 
materno possui funções antimicrobianas, anti-inflamatórias e imunorreguladoras. Além 
disso, contém a IgA secretora, que coloniza o TGI e o trato respiratório do neonato, 
células ativas (fagócitos, células NK e linfócitos), citocinas (IL-4, IL-6, IL-8, IL-10), além 
de lisozima, lactoferrina, peroxidase e lípides antimicrobianos. 
 E a origem das células de defesa? Bom, até a 4ª semana gestacional, os 
progenitores linfoide (originam as células da imunidade adaptativa) e mieloide (originam 
as células da imunidade natural) saem do saco vitelino e migram para o fígado, principal 
órgão hematopoiético durante esse período, no qual proliferam sofrendo somente discreta 
diferenciação. Posteriormente, são encontrados no baço, timo e medula óssea. 
 
IMUNIDADE INATA 
 De uma forma geral, o sistema imunológico inato é silenciado no nascimento, um 
preço provavelmente pago pelo feto não apenas para tolerar antígenos maternos, mas 
também para ignorar a quantidade considerável de estresse e remodelação que ocorre 
durante o desenvolvimento. Isso torna o RN, e particularmente o bebê prematuro, 
relativamente susceptível à infecções bacterianas e virais. 
Pele: Lembre-se que, a pele é nossa primeira barreira imunológica e serve para 
literalmente barrar microrganismos do seu meio interno. Para fazer isso, ela não deve ter 
uma alta permeabilidade e deve ser ácida (4,6-5,5), características que dificultam a 
proliferação e invasão da maioria dos seres microscópicos. Porém, ao nascer, o bebê 
apresenta pele com uma menor espessura de camadas. Aliado a produção inadequada de 
ácidos graxos livres e o pH alcalino, isso a torna mais permeável a muitas substâncias e 
invasores. Devido à essa incapacidade da pele (mais especificamente a epiderme) em 
realizar bloqueio adequado de microrganismos, as primeiras semanas são caracterizadas 
por um alto risco de infecções de pele. O completo desenvolvimento funcional da pele 
ocorre apenas 2 a 3 semanas após o parto. Cabe destacar que o bebê, nesse momento, 
conta com uma camada protetora hidrofílica chamada de verniz caseoso, que é secretado 
pelas glândulas sebáceas fetais e tem atividade microbicida e neutralizante de toxinas 
bacterianas. Essa atividade é devido às proteínas e peptídeos antimicrobianos, os quais 
têm expressão aumentada no RN quando se compara às crianças maiores e aos adultos. 
Por esses motivos, cabe a orientação do médico em sinalizar aos pais que evitem o 
excesso de banhos e limpeza desnecessária no bebê. 
 
 
 
Neutrófilos: olha que paradoxo interessante: nesse exato momento, se você sofrer um 
corte na mão, por exemplo, as primeiras células de defesa que chegarão ao local do corte 
serão os neutrófilos. Porém, quando falamos de origem, elas são as últimas a serem 
originadas. Pois é! Os neutrófilos só começam a aparecer no feto no finalzinho do terceiro 
trimestre e são produzidos em maior proporção somente após o nascimento, mais 
especificamente entre 12 e 24 horas após o parto. Porém, no RN, essas células estão 
reduzidas não somente em número, mas como também em efetividade. Observa-se que 
nos RN, a quimiotaxia é pouco estimulatória, além de que os processos de migração, 
rolamento e adesão dos neutrófilos até o sítio de infecção está bem atenuada. Acrescente 
ainda que essas células também apresentam sua atividade oxidativa mal feita nesse 
momento, ou seja, mesmo que os neutrófilos consigam chegar ao sítio infeccioso, a sua 
citotoxicidade não é eficiente em conter a proliferação microrgânica. Para finalizar, o RN 
é menos capacitado em elevar o número de neutrófilos circulantes em resposta a um 
estímulo. Como assim?? Bem, os neutrófilos naturalmente são células que passam pouco 
tempo na circulação sanguínea (cerca de 6 horas). Se nenhuma infecção acontece, eles 
morrem, mas se tiver algum problema, serão recrutados em massa não somente os que já 
estão na circulação, mas como também ocorrerá uma produção maçante dessas células. E 
é justamente isso que não ocorre no RN. 
Células mononucleares (monócitos e macrófagos): Essas células são as sentinelas 
do sistema de defesa contra os patógenos que vencem a barreira epitelial. Elas produzem 
TNF alfa, que recruta as outras células do sistema inato e modula a apresentação de 
antígenos aos linfócitos T. No RN, nota-se menor expressão de TLR4, uma proteína típica 
dos monócitos e macrófagos. Com menor expressão dessa proteína, ocorre uma má 
reparação tecidual, a fagocitose fica prejudicada e a secreção de citocinas, como a TNF 
alfa, fica encarecida. Saiba que os bebês nascem com uma frequência reduzida de 
macrófagos pulmonares, porém dentro de alguns níveis adultos dessas células já são 
alcançados. 
Células NK: são células que destroem células infectadas por vírus e células neoplásicas, 
com base na produção de inteferon gama. Sabe pra relembrar: interferon gama é a 
principal citocina liberada após a indução da resposta imune adaptativa. A ela é atribuída 
a função de atrair os macrófagos, que auxiliam na remoção de restos celulares e 
promovem a cicatrização e reorganização das áreas com inflamação. Mas 
voltando...quando ainda se encontra na barriga da mamãe, no início da gestação, as 
células NK são hipo-responsivas às células -alvo sem moléculas de classe I MHC (como 
o trofoblasto). Isso impede que as células NK fetais destruam não somente anexos 
embrionários, mas como também células maternas. Essa supressão se dá pelo fator de 
crescimento-β (TGF-β). Conforme o passar da gestação, a função citolítica NK aumenta, 
porém ainda é apenas metade do nível adulto ao nascimento (embora tenham números já 
equivalentes às dos adultos) e respondem menos a à ativação por IL-2 e IL-15, além de 
produzirem concentrações limitadas de IFN-gama. Porém, uma coisa boa é que olimiar 
de ativação dessas células é menor nesse momento da vida, o que fornece alguma proteção 
antiviral. 
Células dendríticas: Em comparação ao sangue de adultos e até mesmo de crianças, o 
sangue dos bebês contém menos células dendríticas. Elas expressão níveis mais baixos 
na superfície célular de HLA classe II, CD80 e CD86 do que uma célula dendrítica adulta, 
além de secretarem menor quantidade de IL-12 em resposta aos estímulos inatos. Por 
consequência, a iniciação das respostas das células T Th1 e CD8 é diminuída em 
comparação com os adultos, o que explica, por exemplo, o aumento na suscetibilidade a 
infecções causadas por vírus, como Mycobacterium tuberculosis e Salmonella spp. 
Entretanto, quando estimulados via TLR4 (receptor do tipo Toll que detecta 
lipopolissacarídeo de bactérias Gram-negativas), as células dendríticas do bebê secretam 
citocinas em concentração semelhante às de adultos, promovendo respostas imunes Th17. 
Proteínas do sistema complemento: as proteínas do sistema ativam-se em cascata e 
têm como função a opsonização de antígenos e a lise celular a partir de formação do 
complexo de ataque à membrana. Elas se encontram reduzidas nos RN. Durante a 
gravidez, há pouca transferência materna de proteínas do complemento. Ao nascimento, 
alcançam níveis próximos de 60 a 90% dos valores do adulto em RN a termo e 50 a 70% 
em RN pré-termo. Níveis semelhantes aos dos adultos somente são atingidos após um 
ano de idade. 
IMUNIDADE ADAPTATIVA 
 O déficit na imunidade inata acarreta redução da ativação da imunidade 
adaptativa, já que esses dois componentes estão interligados. Esta imunidade divide-se 
em duas: celular e humoral. 
Imunidade celular: Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos T já se encontram em número 
semelhante ao do adulto (até mesmo maior). No timo do feto, ocorre a formação do 
receptor de célula T, conferindo a essas células especificidade e capacidade de 
reconhecimento do que lhes é próprio. Embora tenha esse vasto número de células T, a 
maioria delas são imaturas e poucas são células de memória, uma vez que, no ambiente 
intrauterino, há pouca exposição a antígenos. A imunidade celular é feita pelos linfócitos 
T, com seus subtipos T helper ou auxiliares (CD3+ e CD4+) e T citotóxicos (CD3+ e 
CD8+). Os linfócitos T auxiliares ainda apresentam dois subtipos: Th1, que modula a 
imunidade celular, e Th2, que estimula a imunidade humoral. Lembre-se que, enquanto 
os linfócitos B podem reconhecer antígenos diretamente com seus anticorpos, os 
linfócitos T só reconhecem antígenos que lhe são apresentados pelas células 
apresentadoras de antígenos, por meio da histocompatibilidade de classe I e II. Porém, 
como no nascimento as células dendríticas, que são as que fazem esse papel de 
apresentação, estão imaturas, a resposta pelo linfócito fica prejudicada. Além disso, a 
produção de citocinas está desviada para o perfil de resposta Th2 até um ano de idade, 
isso porque a produção de IL-12, que é quem ativa os linfócitos T CD4 para o perfil Th1 
está atrasada no RN. Como consequência disso, a resposta celular fica muito prejudicada, 
não ocorre citotoxicidade e a propensão à infecções virais é maior nesse período. A menor 
produção de citocinas (IL-2, IL-4, IL-6 e IL-10) em respostas a antígenos ocorre, em 
parte, devido à baixa exposição intraútero, mas também devido à função secretória e 
inibitória da placenta. 
Imunidade humoral: Esta imunidade é feita pelos linfócitos B, que são estimulados por 
antígenos e diferenciam-se em plasmócitos produtores de anticorpos. Eles são 
reconhecidos por apresentarem em sua superfície os marcadores CD19 e CD20. Os 
precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua 
diferenciação. Após o nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. 
A produção de imunoglobulinas fetais já se inicia desde a 10ª semana de gestação, 
atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o nascimento. 
Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de 
imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento 
a criança apresenta baixos níveis de imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande 
maioria da IgG de origem materna. Após o nascimento, inicia-se a produção própria de 
imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e ambientais. O período 
compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de 
anticorpos próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre 
entre o terceiro e o quinto meses de vida, com resolução completa entre dois e cinco anos. 
Estudos em humanos e em animais têm mostrado que a efetividade dos anticorpos 
produzidos pelas células B nos recém-nascidos difere da observada em adultos. A 
resposta neonatal é atrasada, os anticorpos atingem menores picos séricos e têm curta 
duração. A produção reduzida de anticorpos pelas células B nesse momento deve-se 
parcialmente a: anticorpos maternos, imaturidade das células B e imaturidade das células 
T helper, seu estimulante. Para que ocorra o “switch” de classe, ou seja, que o linfócito B 
apresente outras classes de imunoglobulinas em sua superfície, é necessária a interação 
com linfócitos T CD4. Na interação entre o linfócito T CD4 padrão Th2 e o linfócito B, 
ocorre produção de citocinas e, de acordo com o predomínio de algumas delas, o linfócito 
B produz uma ou outra classe de imunoglobulina. No recém-nascido essa interação está 
prejudicada. 
MOMENTO DO PARTO 
Crianças nascidas de parto vaginal são inoculadas por bactérias da mãe, 
principalmente por Lactobacillus, que são consideradas bactérias “amigas”. Já os 
nascidos por cesariana têm o sistema imunológico colonizado por bactérias hospitalares, 
como os Staphylococcus, que são extremamente prejudiciais. 
Estudos comprovam as consequências do procedimento cirúrgico na formação do 
sistema imunológico do recém-nascido. Quando o sistema é formado por parto cesárea, 
aumentam as chances de a criança desenvolver doenças de origem inflamatórias como 
asma, problemas intestinais, diabetes tipo 1, alergias, alguns tipos de cânceres e até 
mesmo aumenta o risco de sobrepeso e obesidade. 
 
Autor: Mário Souza/Medicina Unime (3º semestre)