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VIAS DE TRANSMISSÃO DA DOR: Nessa aula iremos trabalhar os conceitos de vias de transmissão da sensação dolorosa, para que possamos entrar na parte de farmacologia da classe de analgésicos opioides: A dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável, que pode estar relacionada a uma lesão tecidual real ou potencial.ou seja, ela pode ter a função de avisar nosso organismo da ocorrência de uma lesão, ou de um dano potencial, pra que sejamos capaz de evitar a ocorrência desse dano. O mais importante dessa definição é que a dor tem esse componente dual, ou seja, ela tem o componente sensorial, também chamado se Nociceptivo, do qual fazem parte todas as terminações nervosas e o conjunto de sinapse e são responsáveis pela captação, transmissão e percepção do estímulo doloroso até o córtex cerebral. A dor também tem um componente Afetivo ou Reativo, que é muito importante. Esse componente está relacionado ao quanto uma dor afeta a qualidade de vida do indivíduo. Exemplo: uma dor no sapato em aperto em um dia em que tivemos sucesso no trabalho e nos estudos, não nos afeta tanto, apesar da dor existir. E a mesma dor do aperto do sapato em um dia em que nada dá certo no trabalho e nos estudos...é a mesma dor de aperto de sapato, mas que nos afeta muito mais. O que vamos trabalhar nessas aulas para entender o mecanismo dos fármacos que são utilizados para o manejo da dor está muito mais relacionado ao componente Nociceptivo ou Sensorial, que é a parte mais compreendida da percepção e transmissão desses estímulos dolorosos. A dor como uma experiência nociceptiva, ela pode ser classificada de diversas formas. Uma delas é de acordo com a origem do estímulo doloroso: Dor Nociceptiva de caráter não inflamatório : quando a dor é desencadeada por algum estímulo nocivo ao nosso organismo: esse estímulo pode ser: ● Variação de temperatura: altas temperaturas induzindo dor, ou temperaturas muito baixas(negativas) que também levam a sensação de dor. ● Força mecânica intensa: dor relacionada a pressão em membros ou estruturas periféricas ou internas. ● Dor causada por irritantes químicos: exemplo, substâncias ácidas de ph reduzido,que podem transmitir sensação dolorosa quando em contato com uma terminação nervosa sensível. Dor Nociceptiva de caráter inflamatório : Esse tipo de dor está relacionado a uma lesão tecidual, e essa lesão vai desencadear um processo inflamatório. Serão liberados diversos mediadores químicos, com características pró inflamatórias que vão levar o recrutamento e ativação de células do sistema imune para o local da lesão. Esses mediadores químicos pró inflamatórios, também vão ativar terminações nervosas sensíveis à dor, e vão desencadear a dor inflamatória, As duas dores que estudamos anteriormente a Nociceptiva inflamatória e não inflamatória geralmente são dores agudas e de curta duração, de causas bem definidas, por isso são caracterizadas por serem de fácil tratamento(isso em caso de processo inflamatório agudo e não o crônico). Porém temos outros tipos de dores, as consideradas patológicas. Nesses casos, a dor por si só, se torna em um transtorno que necessita de tratamento, tratamento este muito mais complexo do que as dores nociceptivas agudas. Dentre esses tipos de sensação dolorosa temos a dor neuropática e a dor disfuncional. Dor Neuropática: Está relacionada diretamente a um dano no tecido nervoso, seja nas fibras nociceptivas, ou uma pressão medular próximas a terminações dessas fibras que vai causar a dor de origem neuropática. Esse tipo de sensação dolorosa é muito mais difícil de ser tratada, uma vez que o dano está justamente nas vias de percepção da sensação dolorosa. Dores disfuncionais: sensação dolorosa em que não se consegue encontrar uma causa aparente. Geralmente são dores crônicas, de longa duração sem causa aparente(não há lesão ativa) . Exemplo: dor de membro fantasma, em pacientes amputados. Além Desses critérios existem várias formas de se classificar a dor: Critérios topográficos: ● Localizada: consegue-se precisar onde dói, geralmente uma dor na pele relacionada a uma lesão(um corte por exemplo) ● Generalizadas: exemplo uma dor de cabeça,(não sabemos onde exatamente é a dor na cabeça. ● Tegumentar/somática: é uma dor nos tegumentos, especialmente na pele onde temos um maior número de terminações nervosas, sendo muito mais fácil de a gente precisar onde está a dor ● Visceral: dor do tipo generalizada(dor de barriga) Critérios fisiopatológicos: ● Dor orgânica: incluem as dores nociceptivas inflamatórias e não inflamatórias, onde se tem causa aparente. As neuropáticas também são consideradas orgânicas. ● Dor psicogênica: Não se tem uma causa aparente, e podem ser frutos inclusive de um desequilíbrio do aspecto emocional da sensação dolorosa. Dor crônica de origem não determinada. Critérios de intensidade: leve, moderada e intensa. São extremamente subjetivos. Critérios temporais: Dor aguda, de curta duração . E a dor crônica, que são aquelas que permanecem no paciente por no mínimo 90 dias(já se considera crônica). São as que mais requerem intervenção farmacológica contínua.(40% dos brasileiros adultos referem se a algum tipo de dor crônica) (12min 40seg). Quando a gente trata a dor como um sintoma de alguma doença ou a dor propriamente dita, como um transtorno que interfere na qualidade de vida dos indivíduos, vamos utilizar fármacos chamados de analgésicos : Analgesia: abolição da dor sem suprimir outras propriedades sensitivas como, sentir calor, frio, tato. Ou seja, sem interferir nessas sensações que são percebidas pelas mesmas terminações nervosas que a dor. O estímulo doloroso, seja ele de origem inflamatória ou não, vai ser percebido nos diferentes tecidos do nosso organismo por terminações nervosas especializadas que são denominadas Nociceptores. Os nociceptores são terminações nervosas livres extremamente ramificados que vão possuir na sua membrana proteínas, ou seja, receptores capazes de identificar esses diferentes estímulos nociceptivos, e transduzir esse sinal, ou seja transformar esses estímulos no potencial de ação para que essa informação de dor seja transmitida, primeiramente até a medula espinhal(corno dorsal da medula), onde terá a primeira sinapse( do neurônio aferente primário, para o neurônio aferente secundário). Então a informação cruza o H medular e vai subir até as estruturas superiores do SNC, até atingir o córtex somatossensorial(que é onde a dor vai ser percebida). Vamos começar a olhar especificamente para a estrutura dessas terminações nervosas dos neurônios sensoriais primários, que são os nociceptores: Membrana dos nociceptores há diversas proteínas( receptores) que são capazes de perceber diferentes estímulos e traduzi-los em mudanças de potencial de ação que vão ativar os nociceptores, fazendo com que esse potencial de ação viaje até a medula espinhal. Temos nociceptores para transdução da sensação dolorosa relacionada a mudanças de temperaturas, principalmente receptores da família TRPV1(são ativados por aumento de temperatura, geralmente aumentos acima de 45 graus Celsius, e esses receptores também são ativados por substâncias picantes como as que estão presentes na pimenta) . Assim como temos receptores para alta temperatura, também possuímos receptores para para as baixas temperaturas, abaixo de 5 graus Celsius, são receptores principalmente da família TRPM8(mesmo receptor que é ativado pelo mentol, por isso a indução da sensação de refrescância) e TRPA1. Uma temperatura então muito baixa vai ser traduzida como uma sensação de dor relacionada ao frio. Temos também receptores ativados por pressão, principalmente os receptores da família TRPV4. Além desses receptores específicos, temos terminações nervosas com nociceptores com receptores polimodais(pode ser ativado por mais de um tipo de estímulo: temperatura,pressão, alterações de ph e substâncias químicas). Quando agente fala de uma dor de caráter inflamatório, vamos ter nos nociceptores receptores que são sensíveis aos mediadores inflamatórios como o NGF, Histamina, Bradicinina, Serotonina, Prostaglandina, ATP e íons H+(meio ácido que é característico do meio inflamatório); todos eles vão se ligar a seus receptores específicos (listados na tabela) e nos nociceptores induzindo a sensação dolorosa. A diferença que se tem numa dor inflamatória, é que existem alguns estímulos que são capazes de ativar os nociceptores, como por exemplo o pH ácido, causando dor e outros estímulos como a histamina e serotonina que são capazes de sensibilizar o nociceptor, causando alterações na forma como se percebe os estímulos dolorosos. Esses mecanismos de sensibilização nos nociceptores vão ser responsáveis por processos como a Alodinia( quando um estímulo que normalmente não é doloroso, passa a ser doloroso. Resposta a estímulos normalmente inócuo), está relacionada a alta sensibilização dos nociceptores. Há também a Hiperalgesia que é a resposta excessiva a um estímulo que já é doloroso. Essas são duas características muito importantes que encontramos nas dores do tipo inflamatória, que é essa sensibilização dos nociceptores, levando a processos como a alodínia e a hiperalgesia. Uma vez que a gente tem a ativação das terminações nervosas, dos nociceptores e o disparo do potencial de ação que vai ser conduzido até a medula espinhal por fibras nervosas. Os nossos nervos são compostos por diferentes tipos de fibras, representadas no slide a seguir como fibras A Alfa, fibras A betas, fibras A Delta e fibras C; que se diferenciam entre si de acordo com o diâmetro: As mais calibrosas são as A-alfas e as mais finas são as fibras C. Se diferenciam também pelo grau de mielinização: as fibras mais mielinizadas são as A-alfas e as menos mielinizadas são as A-deltas, as fibras C são não mielinizadas. Tais características vão interferir diretamente na velocidade de condução do potencial de ação, ou seja do estímulo sensorial. Sendo então as fibras A-alfas de maior velocidade de condução enquanto que as fibras C, seriam as de menor velocidade de condução do estímulo nervoso. Dentre os diferentes tipos de fibra, As que conduzem a sensação de dor são principalmente as A-delta(fibras de pequeno diâmetro e pouco mielinizados)e também as fibras C( pequeno diâmetro e Amielinizadas ). Cada um desses tipos de fibras são responsáveis pela transmissão de um tipo diferente de estímulo doloroso: As fibras A-deltas por serem mielinizadas, são responsáveis pela transmissão da resposta dolorosa mais rápida.(chegada mais rápida do estímulo a medula espinhal e consequentemente ao córtex somatosensorial de forma mais rápida). Elas são responsáveis, geralmente, pela transmissão de estímulos dolorosos dos tipos bem localizados, relacionadas a uma dor mais somática ou tegumentar. Já as fibras C, são responsáveis pela condução de estímulo doloroso de formas mais lentas, não é uma dor percebida tão rapidamente, de forma tão aguda. Tipo de dor que se sente após alguns segundos ao estímulo lesivo, mas é uma dor mais persistente e intensa do que os estímulos transmitidos pelas fibras A-delta. Por exemplo, as fibras C são responsáveis pela transmissão de estímulos de ardência, queimaduras, dores de pressão, inclusive as dores viscerais, ou seja, dores menos localizadas e de maior duração e intensidade. Uma vez que temos a ativação dos nociceptores e das fibras correspondentes, sejam elas do tipo C ou A-delta, os neurônios são sensoriais(bipolares), o corpo desses neurônios se encontram no gânglio(gânglio da raiz dorsal da medula). O estímulo então, como já comentado, vai ser transmitido diretamente desse neurônio aferente primário para um neurônio da medula espinhal, mais especificamente, no corno da raiz dorsal da medula. Nesse corno os neurônios(que são os neurônios secundários, que transferem essa resposta dolorosa para estruturas superiores), têm corpos organizados em camadas. São seis camadas que compõem o corno dorsal da medula, sendo que as fibras C fazem sinapse nas camadas 1 e 2, enquanto que as fibras A-delta fazem sinapse predominantemente nas camadas 1 e 5 do corno dorsal da medula espinhal. Que temos a chegada dos estímulos dolorosos na medula espinhal, temos então uma sinapse excitatória que ocorre entre um neurônio aferente primário(neurônio nociceptivo) e o neurônio aferente secundário, que vai fazer parte das via daquilo que a gente chama de uma das vias ascendentes nociceptivas( responsáveis por transmitir esse estímulo doloroso para área superior do sistema nervoso central, até atingir o córtex somatossensorial, que é onde a gente vai ter a percepção consciente da dor). Dentre as diferentes vias ascendentes nociceptivas, a principal delas é a via que é chamada de espinotalâmica(recebe esse nome porque os corpos dos neurônios se encontram no corno dorsal da medula espinhal, e se projetam diretamente até o tálamo). No tálamo eles então vão fazer sinapse com o neurônio aferente terciário, e esse neurônio então é que vai ser responsável por conduzir esse estímulo doloroso até o córtex somatossensorial. A via espinotalâmica pode ser subdividida em dois tratos: O trato Neoespinotalâmico e o trato Paleoespinotalâmico. Além da via espinotalâmica, temos outras vias ascendentes que também são responsáveis pela produção do estímulo doloroso,dentre elas podemos destacar a via espinoreticular, que é de onde os neurônios partem. Esses neurônios também tem.seu corpo no corno da raiz dorsal da medula, porém eles fazem sinapse na região da ponte e do mesencéfalo numa estrutura chamada de formação reticular, e dali partem neurônios aferentes terciários que podem se projetar pro tálamo e outras regiões encefálicas superiores. Como se tem uma via ascendente, também temos uma via descendente, e essa via descendente já tem uma função contrária são chamadas de vias descendentes antinociceptivas: Essa Via tem como função pela justamente, modular a percepção desse estímulo doloroso, parte do mecanismo de filtro que o nosso sistema nervoso central tem para que consigamos realmente valorizar, e só perceber aqueles estímulos dolorosos extremamente intensos. Essa via descendente tem como função modular até que ponto e intensidade que esses estímulos dolorosos chegam até o sistema nervoso central. Essas vias descendentes podem partir de diversas regiões encefálicas, incluindo o tálamo, sempre em contato com o córtex somatossensorial. Esses neurônios talâmicos vão fazer sinapses com diversas estruturas, em destaque, a substância cinzenta periaquedutal que é uma estrutura mesencefálica muito importante na modulação da sensação dolorosa. Dessa substância periaquedutal vai partir um novo neurônio, uma nova fibra, que vai então se projetar para outras regiões, agora, na altura do bulbo, na região do tronco encefálico. Que temos duas regiões bastante importantes, nessa modulação de estímulos Dolorosos, que são o Locus ceruleus(riquíssimo em neurônios que produzem noradrenalina) e os Núcleos da Rafe (núcleo magno da rafe), riquíssimo em neurônios que produzem o neurotransmissor serotonina. Tanto a noradrenalina quanto a serotonina têm papel importante nessa via descendente de modulação da sensação dolorosa ou via descendente antinociceptiva. Essas vias, sejam noradrenérgicas e serotoninérgicas ou que liberam outros neurotransmissores, elas vão chegar no corno dorsal da medula espinhal fazendo sinapse com o neurônio da via ascendente. Dessa forma então, controlando a ativação deste neurônio. Veremos então, como esses mecanismos de controle funcionam. CONTROLE DE COMPORTA MEDULAR: Essa figura é ampliação do corno dorsal da medula, demonstrando o que chamamos de sistema de controle de comporta medular(ou sistema de portão medular), pro estímulo e pra chegada e transmissão do estímulo doloroso. Temos a chegada das fibras nociceptivas, sejam elas C ou A-deltas, no destaque em verde a sinapse excitatória que ocorreentre essas fibras e o neurônio secundário, que faz parte da Via ascendente do estímulo doloroso (via espinotalâmico). Sendo esta então a via de transmissão direta do nociceptor até o tálamo para o estímulo doloroso. Essa mesma via receberá diversos mecanismos de controle, que são representados por sinapses que são realizadas por neurônios que vêm de outras origens. Uma dessas origens é justamente a via descendente inibitória, ou a via descendente antinociceptiva. Esses neurônios então vão fazer sinapse com o neurônio ascendente secundário da via ascendente(destacado em verde), e essa sinapse será uma sinapse inibitória, ou seja, a ativação da via descendente vai fazer com que haja inibição desse neurônio, limitando o disparo por parte do neurônio secundário, de um potencial de ação, e transmita a sensação dolorosa até o tálamo. Diversas substâncias(neurotransmissores), têm esse papel inibitório, entre elas a serotonina e noradrenalina. Além disso, existe um outro sistema de controle, ainda dentro do corno dorsal da medula(interneurônios), que estão localizados numa porção chamada de substância gelatinosa. (Um interneurônio é um neurônio cujo o celular está numa estrutura e ele vai fazer sinapse dentro dessa mesma estrutura). Diferente de um neurônio de projeção que seu corpo encontra-se em uma estrutura e ele faz sinapse numa outra estrutura. Geralmente esses interneurônios tem caráter inibitório, ou seja, esses interneurônios presentes na substância gelatinosa vão fazer sinapse com os neurônios ascendentes secundários, e também vão levar a inibição de sinônimo. Também dificultando ainda mais a transmissão do estímulo doloroso. Esses dois mecanismos inibitórios, seja através da Via descendente antinociceptiva ou através da ativação dos interneurônios da estrutura gelatinosa, compõem o controle de comporta da medula. Eles fazem com que somente estímulos extremamente significativos, ou fisiologicamente relevantes atinjam o SNC. Os interneurônios da estrutura gelatinosa, podem ser ativados ou desativados por diversos estímulos, por exemplo: a via descendente inibitória é capaz de estimular esses interneurônios então dessa forma potencializando a inibição da Via ascendente. As fibras C e as fibras A-deltas são capazes de inibir esses interneurônios, fazendo um mecanismo de feedback. Mecanorreceptores( fibras A-betas fibras de pressão) , são capazes desestimular esses interneurônios. Isso é o que justifica, quando a gente sente por exemplo uma sensação dolorosa quando prendemos o dedo na porta e balançamos(ou pressionamos) o dedo, para uma sensação de alívio, ou sentimos menos dores. É a ativação dos mecanorreceptores de pressão inibindo o estímulo doloroso. Diversos mediadores neuroquímicos são responsáveis por esse mecanismo de inibição, principalmente a classe dos peptídeos opióides. Esses peptídeos opióides são pequenas proteínas, produzidas pelo nosso organismo (por isso endógenos). Já foram identificadas quatro diferentes famílias de peptídeos opióides endógenos: A família das encefalinas: formada pela Met-encefalina e Leu-encefalina, que se diferem entre si apenas por um aminoácido na sua estrutura. A familia das Endorfinas que é composta pelas endorfinas- 1 e 2, e pelas neoendorfinas (alfa e beta). A família das dinorfinas, onde temos a Dinorfina A e a Dinorfina B E mais recentemente foi identificada a família das Endomorfinas, composta pela e Endomorfina-1 e 2. Como esses peptídeos são capazes de atuar no nosso organismo, controlando a sensação dolorosa? Peptídeos se ligam a receptores específicos que são chamados de receptores opióides, esses receptores fazem parte da Grande família de receptores metabotrópicos, com 7 segmentos transmembranares acoplados à proteína G ou GPcr's. Todos eles são acoplados majoritariamente a proteína Gi, ou proteína inibitória. Ativação de receptores opióides leva à diminuição da atividade da PKa , e consequentemente da fosforilação de alguns alvos intracelulares específicos. Além disso, temos uma atividade importante da subunidade Beta Gama desses receptores que vão interagir com canais de potássio, facilitando a condutância ao potássio, ou seja, facilitando a abertura desses canais (a vagabunda parou de explicar do nada e falou pra revisarmos esse mecanismo nas aulas anteriores). Existem três subtipos principais de receptores opióides, os receptores mu-opióides, os receptores kappa-opióides e os receptores delta-opióides, todos GPcr's acoplados a proteína Gi. Tendo funções diferentes, e locais onde são majoritariamente expressos, tanto nos tecidos periféricos, quanto no SNC. Os diferentes peptídeos endógenos apresentam afinidades diferenciadas para cada um desses receptores então, por exemplo, as encefalinas apresentam maior afinidade por receptores mu e delta, e praticamente não ligam a receptores Kappa. Já as endorfinas como a B-endorfina, tem altíssima afinidade por receptores Mu e Delta, e também não tem afinidade por receptores Kappa. No entanto as dinorfinas tem afinidade maior por receptores Kappa, baixa afinidade por receptores mu-opióides e não ligam a receptores delta. O principal receptor opióide envolvido na modulação da resposta de dor são os receptores Mu-opióides. Principais envolvidos na modulação periférica da dor, mas também na modulação espinhal e supra-espinhal. Os receptores kappa e delta possuem papel minoritário no controle da sensação dolorosa. Mais especificamente, em que ponto os receptores opióides são expressos, e como esses peptídeos opióides vão ser capazes de modular a percepção da dor no nosso organismo? ANALGESIA PERIFÉRICA: Encontramos receptores do tipo Mu-opióides nos nociceptores, onde as endorfinas outros tipos de peptídeos opióides podem ativar esses receptores acoplados a Gi; que vão então inibir a atividade da adenilato ciclase(AC), e dessa forma então dificultar a geração do potencial de ação a nível periférico, a nível de nociceptores. Já temos então um mecanismo inibitório periférico onde esses peptídeos são capazes de modular a transmissão dos estímulos nociceptivos. Os principais locais onde esses receptores são expressos, numa densidade maior, tendo então um papel fisiológico mais importante, são no SNC; onde eles vão modular os processos tanto de analgesia espinhal quanto de analgesia supra-espinhal. ANALGESIA ESPINHAL Temos então, no esquema do slide acima a analgesia espinhal, em que temos uma sinapse entre um neurônio nociceptivo(neurônio aferente primário,que pode ser uma fibra C ou uma A-delta) e um neurônio aferente secundário(neurônio cujo corpo está no corno dorsal da medula, que faz parte da via ascendente de transmissão do estímulo doloroso. ) A sinapse que ocorre entre o neurônio nociceptivo e o neurônio aferente secundário, é uma sinapse excitatória. Então uma vez que o potencial de ação chega até o terminal nervoso, teremos abertura de canal de cálcio, o influxo de cálcio, a fusão das vesículas sinápticas, levando a liberação de mediadores excitatórios que são o neurotransmissor Glutamato, que é o principal neurotransmissor excitatório do SNC, e no corno dorsal da medula espinhal ele vai agir através da ligação a dois principais receptores(ionotrópicos), que são chamados de NMDA e AMPA. Uma vez o glutamato se ligando a esses receptores, teremos um influxo de cátions, principalmente o sódio, levando então a despolarização do neurônio. O segundo mediador é a substância P, que vai se ligar a seus receptores(NK1), que são receptores metabotrópicos, levando a ativação desse neurônio e assim garantido a transmissão do estímulo nociceptivo, pela via ascendente. Onde os peptídeos opióides atuam? Os peptídeos opióides endógenos vão modular tanto a liberação do neurotransmissor, a nível pré-sináptico, quanto a excitabilidade do neurônio aferente secundário, a nível pós-sináptico. Modulação do mecanismo pré-sináptico: temos representado no neurônio pré sináptico, os receptores Mu-opióides(MOR), uma vez que um peptídeo opióide se liga esse receptortem-se a ativação da proteína Gi, que vai levar a cascata levando então a diminuição da atividade da PKa. Essa Pka vai deixar de fosforilar canais de cálcio dependentes de voltagem na membrana desses neurônios, e essa menor fosforilação faz com que haja um menor influxo de cálcio para dentro da célula. A diminuição do influxo de cálcio vai consequentemente diminuir a liberação de neurotransmissores, dessa forma então inibindo a transmissão dos estímulos nociceptivos. Modulação de mecanismos pós-sináptico: os neurônios pós-sinápticos também possuem receptores Mu-opióides expressos na membrana dos neurônios aferentes secundários. Uma vez que temos a ligação do peptídeo opióide a esses receptores teremos a ativação da proteína G, tendo aqui, um papel importante da subunidade Beta-gama, que vai interagir diretamente com os canais de potássio facilitando a abertura desses canais. Uma vez que o potássio se encontra mais concentrado do meio intracelular do que no meio extra-celular, essa abertura dos canais vai levar a maior efluxo de potássio(carga positiva saindo), levando a uma hiperpolarização neuronal. Ou seja, teremos uma mudança do potencial de repouso desse neurônio para valores mais negativos, assim então, dificultando com que se atinja o limiar para disparo do potencial de ação. Assim, tanto por via pré-sináptica quanto por via pós-sináptica, ativação de receptores Mu-opióides, vai limitar a transmissão dos estímulos nociceptivos. ANALGESIA SUPRA-ESPINHAL Além disso temos analgesia supra-espinhal, que é onde temos um papel importante dos receptores Mu-opióides na substância cinzenta periaquedutal: A substância cinzenta periaquedutal é uma estrutura mesencefálica, que faz parte da via descendente inibitória, ou da via descendente antinociceptiva. Teremos o papel de um interneurônio inibitório, que é capaz de liberar um neurotransmissor chamado GABA(principal neurotransmissor inibitório encefálico), uma vez liberado na Fenda sináptica ele vai se ligar seus receptores, principalmente a receptores do subtipo GABAa (receptores ionotrópicos aniônicos), receptor permeável ao íons cloreto. Com a abertura desses canais, há o influxo de cloreto. Tendo carga negativa entrando, teremos uma hiperpolarização da célula neuronal(já que há maior concentração de cloreto no meio extracelular), dificultando para que esse neurônio dispara um potencial de ação. Qual o papel dos peptídeos opióides e dos receptores mu-opióides na substância cinzenta periaquedutal? Os receptores Mu-opióides estão expressos justamente nos terminais desses interneurônios Gabaérgicos, e como já comentamos, esses receptores são acoplados a proteínas Gi, que leva a menor atividade da Pka, reduzindo o nível fosforilação de canais de cálcio dependentes de voltagem que estão presentes na membrana desses neurônios. O mecanismo aqui é muito similar com o que vimos na analgesia espinhal, só que ao invés de uma redução da liberação de glutamato, teremos a redução da liberação de Gaba. O que leva a uma desinibição da via descendente antinociceptiva, ou seja, essa via vai ficar mais ativa, e dessa forma teremos o mecanismo de analgesia supra-espinhal. OPIÓIDES parte 1. Aqui começamos, especificamente, na farmacologia de uma classe de fármacos de uso terapêutico extremamente importante, são analgésicos opióides, que vão atuar via receptores opióides. A história do descobrimento dos opióides é de grande relevância para o desenvolvimento da farmacologia como um todo. O ópio foi a planta da qual foram extraídos isolados os primeiros alcalóides com atividade analgésica potente, ela é uma planta das quais se tem um dos relatos mais antigos de sua utilização e cultivo. Relatos do cultivo da papoula para extração do ópio datam de até 4000 anos antes de Cristo. Em 1320 AC já se tem os relatos de exportação do ópio pelos egípcios. Em 300 a.c., a introdução desse ópio na Pérsia e na Índia por Alexandre o Grande. Primeiros relatos da utilização desse ópio na forma fumada. Utilização de cachimbos e narguilés de forma recreativa, ou religiosa. Chegando então na última ação do ópio na China agora, 400 anos depois de Cristo, também são dessa época os relatos de utilização medicinal do ópio, com propriedades terapêuticas, sendo descritas pela primeira vez nas medicinas persa ,indiana e também na chinesa. Porém o uso do ópio só foi introduzido na medicina Ocidental no século XVI, por Paracelso que descrevia o ópio como uma substância enviada por Deus. (Láudano era uma tintura de ópio, que começou a ser utilizado na medicina ocidental na forma de elixir contra tosse, tratamento de insônia e dores, além do tratamento da diarreia. Difundiu-se também na sociedade ocidental o uso não médico do ópio, uso para fins recreativos, esse uso foi disseminado por colonizadores da Ásia, especialmente na China, incentivada pelos ingleses. Isso levou o desenvolvimento de uma grande pandemia de abuso na China, que acabou culminando nas guerras do ópio. Mais especificamente sobre as substâncias, dentro desse ópio que tenha atividade farmacológica, em 1803 houve o isolamento da morfina, primeiro alcalóide isolado de produtos naturais. Uma curiosidade, a morfina recebeu esse nome em homenagem a morfeu, que é um Deus grego do sonho. 1974 tivemos a síntese da heroína, partindo da morfina de nada mais é do que a diacetil morfina, onde ocorre a circulação dessas duas hidroxilas presentes na estrutura da morfina. Ela foi comercializada a partir de 1897 pela Bayer, como uma morfina de menor potencial de abuso e dependência, não é o que a gente viu nos anos posteriores. Apenas em 1925 teve-se a elucidação da estrutura química da morfina com o desenvolvimento das técnicas de oxidação estrutural. Podemos ver que é uma estrutura pentaciclica, extremamente complexa. Na década de 30 tivemos os primeiros opióides sintéticos, e apenas em 1952 que se teve pela primeira vez a síntese completa da molécula da morfina, mais até os dias de hoje a morfina é obtida através de extração da papoula, ou seja do ópio. A morfina é considerada o protótipo dos analgésicos opióides em seu mecanismo de ação é considerado um agonista seletivo de receptores Mu-opióides. Induz o seu potente efeito analgésico através, principalmente, da ativação de receptores Mu-opióides, tanto nos terminais periféricos quanto no corno dorsal da medula, induzindo a analgesia espinhal, assim como os mecanismos de analgesia supra-espinhal: A morfina também tem uma baixa afinidade por receptores Kappa opióides, mas parece não contribuir para seus efeitos terapêuticos. Olhando para a estrutura da morfina a gente pode ver que ela é extremamente complexa, é pentaciclica, conseguimos observar cinco ciclos na sua estrutura. Esses ciclos acabam formando cinco centros quirais. Isso faz com que a morfina tenha 32 diastereoisômeros. Isso justifica a grande dificuldade para a síntese completa dessa substância, ainda mais em forma enantiomericamente pura.É o único estereoisômero que é ativo dentre esses 32, fazendo com que a morfina seja então obtida até hoje de fontes naturais. Outra característica importante da estrutura da morfina é a presença do nitrogênio básico, uma amina terciária, que é essencial para a ligação dos receptores mu-opióides, além disso, a fusão entre os anéis B e C é do tipo cis, enquanto que a fusão entre os anéis C e D é do tipo trans. Isso confere à molécula da morfina uma conformação específica, na forma de T. Quando olhamos a estrutura tridimensional da morfina enxergamos um T, e é isso que confere as propriedades histéricas que são necessárias para um bom encarte e ativação dos receptores mu-opióides. Ela ainda possui duas hidroxilas na sua estrutura, uma fenólica na posição 3 e uma na posição 6, que também são importantes para para ligação ao receptor e pontos de metabolização. Hidroxila da posição 3, se estiver livre, aumenta muito afinidade aos receptores mu-opióides. Já hidroxila na posição 6, não se tem tanta restrição quanto aos substituintes. SIMILARIDADE ESTRUTURALA morfina apesar de ter uma estrutura bastante diferente ela apresenta uma similaridade estrutural com os peptídeos opióides, mais especificamente com a metaencefalina, que tem uma alta afinidade por receptores mu-opióides. Podemos ver então a hidroxila fenólica da posição 3, que confere uma alta afinidade pelos receptores opióides, o anel aromático separados por dois átomos de carbono nitrogênio básico. Sendo exatamente o que a gente encontra nesse resíduo de tirosina na estrutura da Metaencefalina, o que faz com que a morfina e outros analgésicos opióides sejam considerados fármacos peptidomimético, ou seja, eles vão mimetizar no nosso organismo as ações dos peptídeos opióides, mas de uma forma mais potente. Por isso essa analgesia extremamente potente e eficaz desses fármacos. Com relação à farmacocinética a morfina é facilmente absorvida por via oral, porém ela sofre extenso metabolismo de primeira passagem, o que reduz drasticamente a sua biodisponibilidade. A biodisponibilidade da morfina é de apenas 24%, sendo assim, utilizada por via oral para o tratamento de dores moderadas. No ambiente hospitalar para o manejo de dores mais intensas, ou mesmo pós-operatórias, ela é preferencialmente administrada por via parenteral. Esse metabolismo de primeira passagem vai gerar três principais metabólitos da morfina, um deles é minoritário de menor importância farmacológica, que é o metabólito via N-desmetilação, catalisado pelas enzimas do complexo citocromo P450. Os outros dois metabólitos gerados, que são os principais, são os metabólitos via conjugação com o ácido glucurônico, uma reação de fase 2 de metabolismo. Essa conjugação pode acontecer tanto na hidroxila fenólica da posição 3, gerando a morfina-3-glicuronídeo, quanto na hidroxila alcoólica da posição 6, gerando a morfina-6-glicuronídeo. Essas reações de metabolismo fazem com que o tempo de meia-vida da morfina também seja extremamente curto(tempo de eliminação de 2h), O que leva à necessidade de administração constante de morfina então ela deve ser administrada de 4 em 4 horas, para obtenção de uma analgesia adequada. Qual a importância desses metabólitos??? O metabólito morfina-6-glicuronídeo é um metabólito ativo da morfina, é mais potente do que a morfina e tem uma afinidade maior do que o da própria morfina pelos receptores mu-opióides. A diferença é que por ter uma molécula de ácido glicurônico, que é uma molécula polar, ele tem uma menor capacidade de cruzar a barreira hematoencefálica e atingir o sistema nervoso central. Mas ele é um metabólito que contribui para os efeitos analgésicos da morfina, principalmente quando a gente pensa no mecanismo de analgesia periférica. Com a utilização de altas doses esse metabólito vai atingir concentrações significativas no sistema nervoso central, também contribuindo para os mecanismos de analgesia espinhal e supra-espinhal. Por outro lado, o metabólito Morfina-3-glicuronídeo, já é um metabólito inativo, ou seja, não apresenta afinidade pelos receptores mu-opióides e não liga a esses receptores. Porém, ele é um metabólito que apresenta ação estimulante do sistema nervoso central, ele possui propriedades pró convulsivantes, e acredita-se que o acúmulo desse metabólito seja um dos principais responsáveis pela ocorrência de convulsões em pacientes usuários crônicos de morfina, ou até pacientes adictos, pacientes que desenvolvem dependência química a morfina. As ações pró convulsivantes desse metabólito, de novo, só se tornam importantes com a utilização de altas doses de morfina. Mais uma vez a gente tem um ácido glicurônico pendurado na molécula, que limita a passagem através da barreira hematoencefálica mas em altas concentrações, altas doses administradas de morfina podem atingir concentrações significativas no sistema nervoso central, podendo causar essa reação adversa. Revisão Do mecanismo de ação da morfina e de diversos outros opióides: eles vão ativar principalmente receptores mu-opióides, induzindo analgesia periférica, ou seja, inibindo a ativação dos nociceptores em diversos tecidos periféricos, mais os principais locais de ação do sistema nervoso central, no nível do corno dorsal, induzindo a analgesia espinhal, inibindo tanto a liberação de glutamato e Substância P, pelo neurônio nociceptivo, mas também inibindo a ativação do neurônio ascendente secundário. E também o mecanismo de analgesia supra-espinhal, principal local de ação é a substância cinzenta periaquedutal, onde estão a ativação de receptores mu-opióides, levando a desinibição da Via descendente antinociceptiva, também contribuindo para um potente efeito analgésico da morfina e de outros analgésicos opióides. ( mandou voltar e revisar o vídeo anterior pra entender isso melhor😒) Não encontramos receptores opióides apenas nas vias de modulação de dor, temos a expressão de receptores Mu, Kappa e delta diversas estruturas do sistema nervoso central, que estão envolvidas no controle de outras funções, e também tecidos periféricos o que faz com que a morfina e outros analgésicos opióides tenham diversos outros efeitos: Começando com efeitos centrais: Começando com os efeitos centrais induzidos por esses fármacos temos como o principal o mais explorado clinicamente, analgesia, mas esses fármacos também são capazes de induzir uma sensação euforizante: essa sensação de bem-estar induzida pelos pelos opióides parece estar relacionado a uma ação no componente afetivo da sensação dolorosa. É comum muitos pacientes relatarem que a dor, ainda está ali, mas não incomoda mais. Acredita-se então que essa ação euforizante contribui para a eficácia analgésica desses fármacos. Porém essa mesma sensação euforizante é a base do abuso potencial de adicção, dependência química relacionada ao uso desses medicamentos. Existem relatos de que uma vez que esses fármacos são prescritos, e utilizados da forma correta para um manejo de sensações dolorosas moderadas a intensas, a chance de desenvolvimento de dependência é extremamente baixa, seria em torno de 3%. Porém, atualmente, o que se vê é uma epidemia de pessoas dependentes de analgésicos opióides, acionada super prescrição desses fármacos e o uso além do tempo necessário. Assim como também, a comercialização da heroína como droga de abusos. Sedação → esses fármacos têm uma potente ação sedativa, devido a inibição de alguns centros relacionados ao controle de sono-vigília. Lembrando que os receptores opióides são receptores acoplados à proteína G inibitória e essa ação sedativa pode até ser desejada em alguns casos para analgesia pós-operatória, em pacientes em câncer terminal. Supressão da tosse: os opióides apresentam uma potenciação antitussígena, eles agem nos centros bulbares de controle da tosse, e inibem o reflexo da tosse, também é um efeito Central. Miose: é a contração da pupila, e essa miose é um efeito que, apesar de não ser explorado clinicamente, é um efeito bastante importante porque é uma marca característica em pacientes intoxicados em caso de sobredosagem. Esse efeito também é mediado por via Central, não sendo um efeito direto sobre o globo ocular. Rigidez no tronco: através de ações na medula espinhal os opióides induzem uma rigidez do tronco, que está relacionada ao aumento do tônus muscular no tronco. Esse aumento é particularmente importante, quando a gente pensa em pacientes entubados, uma vez que essa rigidez pode dificultar a respiração desses indivíduos. Náuseas e vômitos: analgésicos opióides também estimulam a zona de gatilho Central, de controle do reflexo do vômito, então é bastante comum principalmente, nas primeiras doses os pacientes reportam a ânsia de vômito. Porém, se desenvolve rápido a tolerância a esses efeitos. Depressão respiratória: sonhos na utilização 2 analgésicos opióides, é a depressão respiratória essa depressão acontece via um mecanismo dual: Geralmente os analgésicos opióides suprimem a resposta bulbar aumento de concentrações de CO2 então mesmo que os níveis de CO2 estejam elevados na corrente sanguínea dessesindivíduos, eles não vão ter a resposta clássica de taquipneia, de aumento da frequência respiratória, justamente para eliminar o CO2. Acaba então resultando num acúmulo de CO2, em que se o paciente não for monitorado, isso pode agravar levando então a um quadro de hipóxia. Além disso, em altas doses esses fármacos vão agir diretamente no centro bulbar, centro de controle da respiração levando ao quadro de depressão dos mecanismos de controle da respiração. Para morfina, a dose de indução de analgesia é cerca de 50 vezes menor do que a dose que vai levar a depressão respiratória, então muitos fármacos são considerados com o uso adequado, relativamente seguro. Porém isso se torna perigoso quando se tem o uso crônico de analgésicos opióides, e para pacientes que desenvolvem dependência química, sendo assim o risco da depressão respiratória maior. Além dos efeitos centrais, temos os eleitos periféricos: O principal deles é a constipação; os analgésicos opióides são capazes de inibir o peristaltismo intestinal levando uma constipação bastante significativa. Eles também aumentam o tônus dos músculos do trato biliar, isso faz com que eles tenham uma eficácia bastante limitada para o tratamento de pacientes com cálculo biliar, para o manejo da dor associada aos cálculos biliares. Também induzem a retenção urinária, de forma bastante importante, também interferindo com o tônus da musculatura da bexiga. Leva um relaxamento da musculatura uterina, o que pode levar ao prolongamento do trabalho de parto Alguns opióides são utilizados para analgesia obstétrica, E isso tem que ser levado em consideração. Além disso a maioria desses fármacos causam a bradicardia leve, a bradicardia está relacionada principalmente à inibição do tônus do sistema nervoso simpático levando a uma diminuição da frequência cardíaca. E alguns fármacos, mais especificamente, a morfina e a petidina que também é chamada de meperidina, eles têm ação de induzir a degranulação de mastócitos levando a um aumento da liberação de histamina, histamina é um potente vasodilatador, que vai levar a uma queda da pressão arterial nesses indivíduos. Além disso, também leva uma sensação de rubor na face, que está relacionada também a essa vasodilatação mediada pela histamina, e pode levar a indução de broncoconstrição também. ( aqui alerta para os pacientes que estão em ventilação mecânica em pacientes intubados, essa broncoconstrição associada ao efeito de supressão da tosse pode levar ao acúmulo de secreção nas vias aéreas. Essa broncoconstrição pode dificultar bastante a oxigenação desses indivíduos, então requer um monitoramento) Prurido: Associação de coceira, induzida pelos analgésicos opióides, esse prurido pode ter duas origens: caso da morfina e da petidina, a própria liberação de histamina está relacionada a indução desse prurido. Também existe um prurido de origem neurogênica, que é mais comum com administração intratecal ou peridural de analgésicos opióides, que pode ocorrer por exemplo no trabalho de parto. Esses analgésicos também vão induzir alguns efeitos neuroendócrinos, alteração dos níveis de alguns hormônios, aumento de hormônios antidiuréticos, da Prolactina, da somatropina , diminuição do hormônio GNRH, LH, FSH, CRH,ACTH e cortisol. Não apenas receptores mu-opióides, mas Delta e Kappa opióides, estão envolvidos em grandes partes desses efeitos. Quando olhamos para os efeitos analgésicos da morfina ou outros analgésicos opióides podemos ver que a analgesia supra-espinhal encefálica, é mediada apenas por receptores mu-opióides. Porém para os mecanismos de analgesia espinhal, temos também uma contribuição importante dos receptores Delta e Kappa opióides, em menor magnitude. E para a analgesia periférica, o envolvimento de receptores Mu-opióides e Kappa. Apesar da morfina ser um agonista seletivo de receptores mu-opióides, a gente vai ter outros fármacos que vão apresentar afinidades diferentes frente aos diversos receptores opióides, a ativação dos receptores Delta e Kappa podem contribuir com os efeitos analgésicos desses fármacos. No caso dos outros efeitos induzidos por esses fármacos, temos a depressão respiratória, que é o principal risco de óbito, com a utilização de altas doses. Ela é mediada também principalmente por receptores mu-opióides, daí a dificuldade de se dissociar os efeitos analgésicos da toxicidade relacionada com a depressão respiratória. Mas também temos um envolvimento de receptores Delta. Pró miose, principalmente os receptores mu-opióides. Redução da motilidade gastrointestinal, receptores Mu-opióides e Delta. Os efeitos eufóricos, principalmente mediadas por receptores mu-opióides. A disforia, tem um outro efeito causado por algum desses analgésicos opióides, está relacionado a uma sensação de desconforto um aumento de ansiedade, não sendo comum com a morfina, porque ela está sendo relacionada a ativação de receptores Kappa opióides no sistema nervoso central. Sedação, a gente tem um envolvimento tanto de receptores Mu-opióides quanto de receptores Kappa. Para dependência física temos, principalmente, os receptores mu-opióides. TOLERÂNCIA Apesar da alta eficácia analgésica da morfina e outros analgésicos opióides, existem várias limitações com relação ao uso prolongado, uso crônico, desses fármacos. A primeira dela é o rápido desenvolvimento de tolerância farmacológica: A tolerância farmacológica é aquele fenômeno onde se necessita cada vez de doses maiores do fármaco para induzir um determinado efeito terapêutico, ou seja, a dose necessária para obtenção dos efeitos aumenta com o tempo de uso. E no caso da morfina tem-se uma rápida indução de tolerância, mesmo após 12 a 24 horas do início da utilização do fármaco a gente já consegue enxergar algum grau de tolerância. O principal mecanismo que parece estar envolvido nessa tolerância, tanto a curto prazo quanto a tolerância relacionada ao uso crônico, está relacionado aos receptores mu-opióides. Como já comentamos, os receptores mu-opióides, receptores acoplados à proteína Gi, quando a gente tem a ligação do agonista(bokinha com a letra A) ao receptor, que tem a dissociação da subunidade alfa, das subunidades Beta e Gama. Havendo a estimulação então das Cascatas de transdução de sinal, uma vez ativado, esse receptor então pode ser fosforilado por proteínas quinases, sendo pelas GRKs(proteínas quinases de receptores acoplados à proteína G) ou pela própria PKC. Essa fosforilação impede que haja o acoplamento da proteína G ao receptor, enquanto esse receptor está fosforilado, dizemos que esses receptores estão dessensibilizados. Mesmo que o agonista se ligue novamente a esse receptor, uma vez que ele está desacoplado da proteína G, não haverá a transdução do sinal, não havendo assim, os efeitos mediados pelo agonista. Esse mecanismo parece ser o principal mecanismo envolvido na tolerância de curto prazo, essa maior fosforilação dos receptores mu-opióides, presença do agonista, levando a esse desacoplamento da proteína G. Além disso, essa fosforilação ela aumenta o recrutamento de uma proteína e intracelular chamada de Beta-Arrestina, que serve como um sinal para internalização dos receptores, formando uma vesícula com parte da membrana celular, ocorrendo a endocitose dos receptores mu-opióides. Levando a um processo que também é chamado de Sub Regulação(down regulation) de receptores. Esse processo é potencializado na presença de agonistas. Tanto o desacoplamento da proteína age, quanto o aumento desse mecanismo de internalização, endocitose de receptores, estão envolvidos no desenvolvimento de tolerância rápida. Ou seja, há a necessidade de aumentar a dose de morfina administrada, uma vez que a diminuição do números de receptores disponíveis na membrana para essa morfina se ligar. Esses mesmos mecanismos parecem estar envolvidos com o desenvolvimento da tolerância de longo prazo, porém Além disso, o que parece é que ocorre uma maior dificuldade para que haja a reciclagem dos receptores. Os receptores que são endocitados eles podem rapidamenteretornar a membrana celular, e voltar a exercer suas funções, por esse mecanismo de reciclagem. Tolerância de longo prazo, o que parece ocorrer é um comprometimento desses mecanismos de reciclagem e um aumento então da degradação desses receptores, levando então a uma diminuição do número de receptores na membrana, de longo prazo. Esse mecanismo então parece explicar ao menos parcialmente, a tolerância de longa duração aos efeitos da morfina e de outros analgésicos opióides. Essa tolerância não se desenvolve na mesma velocidade, ou no mesmo grau para todos os efeitos induzidos pela morfina: Então, temos uma rápida tolerância aos efeitos analgésicos, aos efeitos eufóricos e disfóricos, para o efeito sedativo o antitussígeno, o efeito de supressão da diurese, e na indução de retenção urinária, os efeitos de estímulos da zona de gatilho do vômito e para depressão respiratória. Esses são os efeitos em que a tolerância se desenvolve mais rapidamente. Já se vê um desenvolvimento moderado de tolerância para o efeito bradicárdico, induzido pelos analgésicos opióides. E mínima ou nenhuma tolerância é desenvolvido para miose(por isso ela é um sinal tão importante da intoxicação por analgésicos opióides, uma vez que ela sempre vai estar presente nesses indivíduos), constipação, e convulsões. Um fenômeno que costuma ocorrer com fármacos que agem pelo mesmo mecanismo de ação, como é o caso da morfina e dos demais analgésicos opióides, é a tolerância cruzada, ou seja, quando o indivíduo desenvolve tolerância à morfina, e efeitos analgésicos da morfina, também se tornando tolerantes à efeitos de outros analgésicos opióides. Porém essa tolerância cruzada, no caso dos analgésicos opióides, é limitada, o que faz com que a rotação de opióides, a substituição de fármacos, seja uma alternativa no caso em que a necessidade do uso prolongado de analgésicos potentes. Como é o caso do manejo de dores oncológicas. Além disso, uma segunda alternativa, no caso de pacientes que desenvolvam alguma tolerância é importante aos efeitos analgésicos dos opióides, é a utilização de fármacos potenciadores de defeitos, dentre eles, a cetamina. A cetamina, é um fármaco com a Sônia estética geral, que tem uma potente ação analgésica e também. Essa tolerância de longo prazo, geralmente vem acompanhada dependência física a utilização destes opióides: A dependência física se caracteriza por alterações plásticas, que ocorrem no nosso organismo induzidas pelo uso constante do fármaco. A própria sub regulação de receptores opióides, é uma das responsáveis pelo desenvolvimento de dependência física a morfina e outros opióides. Um dos sinais clássicos de que um indivíduo desenvolveu um certo grau de dependência dessas substâncias, é o surgimento da síndrome de abstinência, ou dos sinais de abstinência com a interrupção abrupta da medicação. Esses sinais se caracterizam, geralmente, por ser o oposto do que o fármaco induz. Então se o fármaco induz a analgesia, o indivíduo terá uma hipersensibilidade à dor, se o fármaco induz um efeito De euforia ou efeito sedativo, o indivíduo vai ter insônia e um aumento de ansiedade. Basicamente é isso que vemos nas síndromes de abstinência. Especificamente, falando da morfina, a síndrome de abstinência com a utilização crônica de morfina, e após a interrupção abrupta; ela se desenvolve de forma extremamente rápida, cerca de 8 horas após a interrupção da utilização do fármaco, o paciente já apresenta os primeiros sinais. Principalmente inicia-se com uma ansiedade, efeitos disfóricos, sensação de desconforto, que vai levar então a fissura, que é a necessidade urgente do uso da droga. E essa fissura, já está relacionada muitas vezes à dependência química. Até 24Horas após outros sinais e abstinência vão se manifestar, haverá uma intensificação dos níveis de ansiedade, insônia, e ele vai ter distúrbios do trato gastrointestinal, aumento da motilidade podendo chegar a desenvolver diarreia, também haverá aumento da sudorese e,, aumento da secreção nasal e uma midríase bastante intensa, que vai levar a dificuldade de visão. Até três dias, no estágio mais grave, mais intenso dessa síndrome de abstinência o indivíduo vai apresentar taquicardia, essa taquicardia vai vir acompanhada de um aumento da pressão arterial; náusea, vômito, diarréia, micção aumentada. O indivíduo pode apresentar febre, hipertermia acompanhada de calafrios e tremores musculares, espasmos musculares, e até o desenvolvimento de convulsões. COMPLICAÇÕES DO USO CRÔNICO Já falamos sobre a questão da dependência química, ou psicológica a utilização dos opióides. Como já comentado os opióides induzem a um efeito eufórico, e esse efeito euforizante está relacionado ativação de um circuito cerebral O que é chamado de via da recompensa, Essa Via está relacionada a sensação de prazer, sensação de bem-estar o que se sente quando se faz alguma atividade prazerosa, como exercício físico, alimentação, entre outras. Os analgésicos opióides são capazes de ativar esse circuito de recompensa, que também é chamado de circuito mesolímbico ou de via mesolímbica. Essa via da recompensa é, principalmente, composta os neurônios dopaminérgicos, são neurônios que liberam o neurotransmissor dopamina os corpos desses neurônios estão localizados num núcleo no mesencéfalo, que é chamado de tegmentar ventral e ele se projetam para uma estrutura do sistema límbico que é chamado de núcleos accumbens. Esse aumento da liberação de dopamina núcleo accumbens, está relacionado a essa sensação de bem-estar e sensação de prazer após a uma atividade satisfatória. Os opióides são capazes de, se ligar a receptores mu-opióides, desinibirem dessa via de recompensa. Dessa forma então, aumentando a liberação de dopamina núcleo accumbens, e induzindo uma sensação de euforia e bem-estar bastante intensa, mais intensa do que as obtidas fisiologicamente, com as atividades prazerosas citadas. Vão repetir a utilização da morfina e outros opióides em busca dessa sensação de bem-estar. Esse efeito desinibitório, mais uma vez, se dá através da inibição de interneurônios da região da área tegmental ventral, esses interneurônios vão deixar de inibir os neurônios dopaminérgicos, e isso então, vai resultar no aumento de dopamina na via da recompensa. Isso parece ser então o estágio Inicial, que explica o fácil desenvolvimento da dependência de utilização da morfina e outros opióides, principalmente a heroína. A heroína tem um potencial de dependência maior do que a morfina porque aquelas duas acetilações que acontecem nas hidroxilas da morfina, aumentam a lipofilia da molécula sendo assim a heroína é uma molécula mais lipofílica que é morfina, isso significa que ela cruza a barreira hematoencefálica mais rapidamente, chega no sistema nervoso central mais rapidamente, e em uma concentração muito maior do que a morfina. Então a heroína vai induzir uma sensação euforizante mais intensa, e mais rápida do que a morfina, e por isso então, ela tem um potencial de abuso maior do que a própria morfina. OPIÓIDES PARTE II Além da morfina existem diversos outros fármacos que são utilizados como analgésicos, mas também com outras indicações terapêuticas que agem através da interação com receptores opióides, sejam eles receptores mu-opióides,Delta ou kappa. As principais diferenças entre esses fármacos são relacionados a potência e eficácia analgésica(sempre comparada à morfina), a seletividade frente aos receptores opióides(lembrando que a morfina é um ligante seletivo de receptores mu-opióides)e a farmacocinética( que estabelece principalmente a duração do efeito analgésico). Existem várias formas de se classificar os fármacos opióides, uma delas é a origem: Analgésicos opióides de origem natural: são aqueles que são isolados a partir do ópio, que temos como exemplo a morfina e a codeína. Fármacos de origem semi sintética: são aqueles obtidos a partir da estrutura da morfina, a morfina isolada do ópio e esses novos analgésicos são sintetizados através de modificações na estrutura químicada morfina, ou da codeína. Os principais exemplos são a heroína, que não é um fármaco, a hidromorfona, a hidróxicodona, a oximorfina, a oxicodona. Fármacos de origem sintética: são obtidos de forma integral, via síntese orgânica; dentre eles podemos citar a dextropropoxifeno, a Fentanila, a loperamida, a metadona, a petidina tapentadol, Tramadol. Uma segunda forma de se classificar os analgésicos opioides é de acordo com sua estrutura química: A primeira classe é a classe dos análogos a morfina, ou com fármacos com estrutura Fenantrênica. Todos eles têm em suas estruturas esse esqueleto pentacíclico que faz parte do arcabouço molecular da morfina, eles são o maior número de fármacos analgésicos opióides. Seguindo a estratégia de simplificação molecular através da retirada do Anel epóxido, temos origem à classe dos Morfinanos, cujo principal representante é o Dextrometorfano. Simplificando ainda mais, com a retirada do anel de seis membros, que tem uma instauração, tem se então uma estrutura tricíclica, ainda com o nitrogênio básico. Dando origem à classe dos Benzomorfanos, cujo principal representante é a Pentazocina. Simplificando ainda mais, a gente tem a classe das Fenilpiperidinas, como o próprio nome diz, mantém-se apenas o anel aromático e o anel piperidínico contendo o nitrogênio básico.(O que são considerados requisitos básicos para a ligação aos receptores mu-opióides). Os fármacos da classe fenilpiperidinas incluem: a Afebtanila, a Fentanila, a Petidina e Remifentanila. Por fim na última classe de fármacos, tem uma estrutura bem diversa, bem diferente da estrutura da morfina, porém ainda é possível nela, enxergar os requisitos básicos para ligação aos receptores opióides, O que é a presença de um anel aromático e o nitrogênio básico: Essa é a classe das Difenilheptanonas, incluindo os fármacos como o Dextroproxifeno, a Loperamida e a Metadona. A classificação que vamos utilizar para nos guiar nessa aula, é a classificação farmacológica, que se baseia num mecanismo de ação desses fármacos. De acordo com essa classificação temos os fármacos que são os agonistas puros ou agonista pleno, dos receptores opióides: são grupos de fármacos que podem ser subdivididos em fármacos de alta eficácia analgésica e fármacos de menor eficácia analgésica. O segundo grupo então, é o grupo dos Agonistas/Antagonistas, inclui fármacos com uma farmacologia mais complexa capaz de se ligar a diversos subtipos de receptores opióides. E por fim temos os fármacos Antagonistas de receptores opióides → Agonistas Puro de alta eficácia: Essa é a classe que inclui a morfina, alguns de seus análogos estruturais, como a hidromorfona e oximorfona alguns fármacos de origem sintéticas como a metadona piridina, a sufenila e seus análogos. Uma característica que todos esses fármacos têm em comum, é que todos eles são praticamente seletivos e bastante potentes para ativação de receptores Mu-opióides. Então todos eles são agonistas seletivos de receptores Mu-opióides. A maioria deles é mais potente do que a morfina, com a exceção da meperidina, a maioria deles também tem uma analgesia de curta duração(exceção a metadona). Como o nome da classe já diz, todos esses fármacos têm alta eficácia analgésica. Os primeiros fármacos, são a morfina e seus análogos semi sintéticos hidromorfona e oximorfona. Já discutimos o perfil farmacológico da morfina, hidromorfona e a oximorfona são análogos que se diferenciam da morfina pela oxidação da hidroxila da posição 6 agora gerando um grupamento cetona. Esses fármacos são cerca de 7 vezes mais potentes que a morfina, mas a duração do seu efeito analgésico é similar, sendo assim, necessitam também ser administrados de 4 em 4 horas. Essa modificação estrutural leva a um aumento da disponibilidade por via oral da hidromorfona, em comparação a morfina. A morfina apresenta uma biodisponibilidade em torno de 24%, enquanto a hidromorfona apresenta uma biodisponibilidade de 35%. A oximorfona apresenta uma biodisponibilidade oral ainda mais baixa devido a introdução dessa hidroxila, em torno de 10%, o que faz com que ela seja utilizada exclusivamente por via parenteral. A oximorfona não está disponível para comercialização no Brasil. METADONA: O segundo fármaco, é a metadona, Esse já é de origem sintética, a metadona ela tem como principais indicações terapêuticas o manejo de Dores intensas e ela é o fármaco de escolha para pacientes que abusam de analgésicos opióides ou heroína, na fase em que estão tentando se tornar evitar abstêmios (fase de desmame do vício). A metadona além de ser um potente agonista de receptores Mu-opióides, também é um antagonista de receptores glutamato dos subtipos NMDA. Esses receptores do glutamato, como já vimos, estão presentes no corpo dorsal da medula e estão envolvidos na modulação da via ascendente nociceptiva. Logo, esse mecanismo de bloqueio de receptores NMDA por parte da metadona, contribui para o seu efeito analgésico. Acredita-se que a metadona seja mais eficaz do que a morfina para o tratamento de algumas dores neuropáticas devido a esse mecanismo de ação adicional Outra característica muito importante da metadona, é o seu longo tempo de meia-vida, é um dos analgésicos opioides com maior tempo de meia-vida(o tempo de meia-vida pode chegar a 52 horas), então com que ela tenha uma lenta eliminação, e essa eliminação lenta faz com que os sintomas de abstinência, após administração deste fármaco, sejam muito mais brandos do que a morfina ou heroína, que rapidamente atingem um um pico de concentração plasmática e consequentemente no sistema nervoso central, e essa concentração cai abruptamente. Com a metadona tem-se uma eliminação mais lenta, logo os sintomas de abstinência se tornam mais brandos. Além disso, a metadona tem uma altíssima biodisponibilidade oral cerca de 80%. O desenvolvimento de tolerância aos efeitos analgésicos da metadona parecem ser mais lentos, quando comparados à morfina. Além disso, existe pouca tolerância cruzada entre esses dois fármacos, o que faz com que a metadona seja considerada um bom substituto para pacientes que têm dores terminais, como o caso das dores oncológicas, e que já estão tolerantes aos efeitos da morfina. FENTANILA: A Fentanila e seus análogos(Alfentanila e Remifentanila) também pertencem à classificação dos fármacos de agonista puros de alta eficiência. São os principais fármacos utilizados em ambiente hospitalar, nos Protocolos de anestesia geral, isso devido ao efeito extremamente potente( fentanilla é cerca de 50 a 100 vezes mais potente que a morfina), contudo a duração de ação da Fentanila é ainda menor tempo de meia-vida é cerca de 1-2h.). O tempo de meia vida de seus análogos chega ser ainda menor(30minutos). Então é um analgésico potente de rap da indução e curta duração, perfil ideal para uma manejo durante um procedimento cirúrgico longo, o que faz com que esses fármacos possam ser administrados via infusão contínua. A Fentanila também é utilizada para o manejo de dores intensas e analgesia obstétrica. (Também devido ao seu perfil potente de rápida eliminação e curta duração). PETIDINA(MEPERIDINA): É um fármaco que tem em comum com a morfina, capacidade de estimular a liberação de histamina através dos mastócitos, então ela vai induzir um efeito de diminuição da pressão arterial bastante potente.(a vermelhidão após a administração), além do prurido. A meperidina é o único fármaco analgésico desse grupo que tem uma potência menor do que o da morfina, tem cerca de 1/4 da potência da morfina, mas a duração do efeito analgésico é similar, em torno de 4 horas. A petidina, tem uma similaridade estrutural bastante grande com a molécula da atropina, o que faz com que essa substância além de ser um agonista de receptores opióides, ela também seja uma antagonista muscarínico. Logo, sua utilização vai estar relacionada a indução de Todas aquelas reações adversas antimuscarínicas clássicas, como boca seca, visão turva, constipação. Fazendo também com que ela seja contra-indicadapara pacientes cardiopatas, porque o bloqueio de receptores M2 no nodo sinoatrial pode levar a uma taquicardia, aumento do trabalho cardíaco, não sendo adequado para um paciente cardiopata. Além disso, o principal metabólito da petidina é a Normeperidina, que é oriunda da reação de N-desmetilação( retirada da metila), esse metabólito também tem ação pró convulsivante. Com utilização repetida, ou altas doses ele pode se acumular, e levar a efeitos indesejados que também limita a sua utilização clínica da petidina. A segunda classe dentro da categoria de classificação farmacológica, é classe de agonistas puros de menor eficácia analgésica: → Agonistas puros de menor eficácia: O principal representante dessa classe é a Codeína, existe toda uma discussão sobre a codeína ser um agonista parcial de receptores mu opióides, ou se simplesmente ela teria uma menor eficácia analgésica. Isso ainda não foi bem definido. Fazem parte também os análogos da codeína que são a hidróxido dona e a oxicodona, que tem uma potência um pouco superior a potência da codeína. E o propoxifeno, que foi retirado do mercado nacional devido a um metabólito tóxico que era gerado. CODEINA: A codeína é o análogo 3-metoxi da morfina, e essa metoxila na posição 3 faz com que haja uma queda na afinidade da codeína pelos receptores mu-opióides, isso então parece ser uma das explicações para a menor potência, para menor eficácia analgésica da codeína, em comparação com a morfina. Porém, a codeína sofre biotransformação hepática através de uma reação de desmetilação, gerando um metabólito como ativo a própria morfina. Então, cerca de 20% da codeína administrada é biotransformada gerando a morfina, isso é acredito então que essa morfina gerada seja a principal responsável pelas ações analgésicas. A presença dessa metoxila faz com que a codeína seja mais resistente ao metabolismo de primeira passagem, O que torna ela mais adequada para utilização por via oral, tendo uma biodisponibilidade de 53%. Suas principais utilizações terapêuticas são como antitussígenos, manejo de dores leves a moderadas em associação com analgésicos não opióides. ANÁLOGOS DA CODEÍNA Outros fármacos dessa classe são os análogos da codeína, a oxicodona e a hidrocodona. Todos eles com a hidroxilação na posição 6 e a metoxilação na posição 3. A oxicodona é disponível para comercialização no Brasil na forma de comprimidos de liberação prolongada, porque esses fármacos continuam tendo um tempo de meia-vida mais curto(em torno de 4 horas de duração do efeito analgésico), já hidrocodona, não está disponível no Brasil. Esses dois análogos tem uma potência analgésica cerca de 10 vezes superior a potência da codeína, porém eles são menos eficazes como analgésicos, quando comparados com a morfina, fármacos analgésicos de alta eficácia. São utilizados como monoterapia, e também em associação com analgésicos não opióides. A oxicodona é o principal fármaco envolvido no que se chama de atual epidemia de prescrição de analgésicos opióides, que ocorrem nos Estados Unidos, por ser um fármaco disponível para a administração via oral ele é prescrito de forma ambulatorial para os pacientes, isso acaba levando ao uso além do prescrito. Muitas vezes Tais pacientes se tornam dependentes químicos pois uso da oxicodona exige prescrição médica além de ter um custo alto, com isso os pacientes acabam migrando para o uso da heroína. Não se sabe se o potencial de abuso da oxicodona é maior do que o da codeína, que sabe é que potencial de abuso da codeína é muito inferior ao da morfina. Mas o que não se tem certeza é de que se a oxicodona tem um potencial de abuso maior do que o da codeína, ou sua prescrição que faz com que surjam um número maior de pacientes que acabam fazendo uso indevido desse fármaco. Por fim chegamos a classe dos agonistas antagonistas que são uma classe de fármacos que terão uma ação agonista frente a um receptor opióide e antagonista frente a outro, como por exemplo a pentazocina, entre outros. São fármacos com uma farmacologia mais peculiar, e tem características próprias: PENTAZOCINA: O primeiro representante dessa classe é a pentazocina, ela é um antagonista de receptores mu-opióides, mais um agonista de receptores Kappa. Lembrando que receptores Kappa estão envolvidos nos mecanismos de analgesia espinhal e analgesia periférica, então acredita-se que os efeitos da pentazocina sejam mediados por essa ativação de receptores Kappa, e durante muito tempo se imaginou que ela teria um menor potencial, e ela tem um menor potencial de indução de depressão respiratória, e de dependência, justamente por não ser um agonista mu-opióides. Lembrando que tantos efeitos sobre o centro bulbar, de controle da respiração quanto os efeitos sobre a via de recompensa, são mediadas por receptores mu-opióides. Esse efeito seletivo de ativação de receptores Kappa ele leva a uma analgesia incompleta, o que faz com que a pentazocina tenha uma eficácia analgésica bem inferior aos fármacos que a gente discutiu até agora, tendo cerca de 33% da atividade analgésica da morfina apenas, sendo apenas utilizada para o manejo de Dores agudas, dores de curta duração, isso porque principalmente, devido aos efeitos disfóricos desagradáveis e a sensação de mal-estar, de aumento de ansiedade que estão relacionadas com a ativação de receptores Kappa. A pena assassina é utilizada nos Estados Unidos e na Europa, e segundo a última pesquisa feita no site da Anvisa, não se encontrou disponível no Brasil. Segundo representante dessa classe é a Buprenorfina: BUPRENORFINA: A buprenorfina é um fármaco que tem ganhado destaque nos últimos anos, e que cada vez mais tem sido utilizada para o tratamento de pacientes dependentes de analgésicos opióides, isso está relacionado no seu perfil farmacológico, ao fato de ela ser um agonista parcial de receptores Mu-opióides, ou seja, ela vai ativar esses receptores mu, mas não vai induzir o efeito máximo como a morfina ou ou as encefalinas induzem. O perfil agonista parcial é considerado interessante para os pacientes que estão tentando se manter abstêmios, pois ao se ter um certo grau de ativação dos receptores mu-opióides, se ameniza o surgimento de sintomas de abstinência de longo prazo, mas ao mesmo tempo essa ativação de receptores não é intensa o suficiente para que o paciente associe a utilização da buprenorfina com efeito euforizante(que é bastante leve) , e assim então paciente não desenvolve padrão abusivo. Além disso esse efeito agonista parcial também se torna interessante Num caso de recaída, Digamos que o paciente está no uso de buprenorfina, digamos que ele recaia e utilize a heroína, a heroína vai ter que competir com a buprenorfina pelos receptores, assim, a euforia que o paciente vai sentir com o uso da heroína já não vai ser mais tão intensa porque a buprenorfina faz estar agindo como um antagonista de receptores, impedindo que a heroína ou a oxicodona se ligue. O perfil farmacológico desse tem sido Vista como bastante interessante para pacientes dependentes químicos de opióides e também tem sido explorado para pacientes alcoólicos. A buprenorfina tem uma baixa biodisponibilidade oral, só de 10%, sendo utilizada geralmente na forma de comprimido sublingual onde a sua biodisponibilidade é aumentada para 40%. Existem também a formulação de adesivos transdérmicos. É um fármaco de longa duração de ação, efeito dela é de cerca de 8 horas, o que permite duas administrações diárias e como analgésico é dez vezes menos potente que a morfina. Apesar disso, ela tem sido cada vez menos utilizada como analgésico e mais utilizada nesses Protocolos de auxílio a pacientes dependentes. ANTAGONISTAS OPIÓIDES Por fim temos a classe dos antagonistas opióides, os principais representantes são a Naltrexona e a Naloxona. Pela estrutura química esses fármacos se caracterizam pela presença de grupamentos volumosos, ligados ao nitrogênio básico Amina terciária, que é o quê faz com que eles deixem de ativar os receptores opióides mu-opióides, passe a atuarcomo antagonistas de receptores Mu-opióides. Principal diferença entre eles está na duração de ação, a Naltrexona liderar um fármaco de longa duração de ação, com o tempo de meia-vida de 10 horas enquanto que a naloxona tem tempo de meia-vida mais curto de 1 a 2 horas. Isso também se traduz no perfil de latência, a naloxona tem um efeito imediato enquanto que a naltrexona leva alguns minutos para chegar ao sistema nervoso central e antagonizar os receptores mu-opióides. A utilização de um antagonista opióide é interessante principalmente nos casos de overdose, sobredosagem, onde nós temos o papel importantíssimo da naloxona e seus efeitos rápidos. A Naloxona nos EUA, tem sido incluída nos kits de emergência, kits de redução de danos, que são fornecidos a indivíduos com problemas de abuso de oxicodona ou heroína, justamente para uma administração rápida nesses casos de sobredosagem. Esses fármacos também são úteis para antagonizar as convulsões causadas por morfina,metadona e até petidina. O principal cuidado na utilização desses fármacos, é que eles vão precipitar o surgimento dos sinais e sintomas da síndrome de abstinência, e como vimos no vídeo anterior esses sinais eles podem ser bastantes intensos e potencialmente fatais em alguns indivíduos, então tem que fazer a utilização com muito cuidado. Outra característica é que eles não parecem induzir a tolerância aos seus efeitos. FÁRMACOS DE AÇÃO MISTA: Alguns analgésicos que são considerados fármacos de ação mista, que além de agonistas de receptores Mu-opióides, eles também têm outros alvos terapêuticos, o principal exemplo é o Tramadol O Tramadol é um analgésico para dores moderadas a intensas, geralmente, em associação com paracetamol ou Diclofenaco, alguns analgésicos não opioides. Tem como mecanismo de ação complementares, uma ação de inibição da recaptação de serotonina, e da recaptação de noradrenalina, assim ele é capaz de aumentar os níveis tanto de serotonina quanto de noradrenalina no corno dorsal da medula espinhal. Lembrando que esses dois neurotransmissores são mediadores importantes na via descendente antinociceptiva. Esse efeito serotoninérgico e noradrenérgico do Tramadol, associado aço ação agonista de receptores Alfa 2 adrenérgicos, contribui para a sua ação analgésica. O Tramadol é comercializado no Brasil tanto em solução injetável quanto em comprimidos associados com outros analgésicos não opioides, porque ele tem uma boa disponibilidade por via oral. Um segundo exemplo dessa classe, dos fármacos com ação mista, é o Tapentadol. Tapentadol é um fármaco mais novo, também é um agonista mu-opióide, só que ele é só 50 vezes menos potente que a morfina, enquanto que o Tramadol é 6000 x menos potente que a morfina. Com tudo isso ele também inibe a recaptação de noradrenalina, então ele também tem essa ação analgésica potencializada por um mecanismo de ação adicional. Ele é comercializado aqui no Brasil como monoterapia para o tratamento de dores moderadas na forma de comprimido de liberação prolongada. Por fim, vamos discutir 2 fármacos que têm como mecanismo de ação o agonismo, ativação de receptores Mu-opióides, mais que tem como principal utilização clínica a não utilização como analgésico, e sim com outros objetivos. O primeiro deles é o Dextrometorfano, O que é um agonista parcial de mu-opióides, utilizado principalmente como antitussígeno, está presente em diversos xarope com indicação para controle da tosse, inclusive nesse xaropes favoritados, com sabores interessantes bastante atrativos para criança. Sendo assim, motivo de preocupação, pelo fato de ser um opióide e com ação no sistema nervoso central, uma vez que para exercer sua função antitussígena ele precisa chegar até o centro mesencefálico de controle da tosse. Ele tem uma duração de efeito antitussígeno de cerca de 45 minutos em média e apresenta como principais reações adversas a sedação, tonturas, constipação, náuseas e vômitos. Em altas doses pode levar a depressão respiratória. Segundo fármaco é a loperamida, fármaco utilizado principalmente como antidiarreico, fazendo uso da potenciação constipante, relacionado a ativação de receptores Mu-opióides, e tem como vantagem o fato de que não passa a barreira hematoencefálica, ela tem ação majoritariamente periférica. É óbvio que coma utilização de altas doses, uma certa quantidade significativa, pode chegar ao sistema nervoso central, podendo ser um problema. É um análogo estrutural da metadona, sendo um fármaco de longa duração, o tempo de meia-vida é de 11 horas. Justamente por não cruzar a barreira hematoencefálica ela tem um baixo potencial de abuso, porém ela pode causar constipação grave, e é contra indicada para indivíduos que tem uma diarreia relacionada a um quadro infeccioso, porque nesse tipo de situação o ideal é não interromper a manifestação da diarreia. UBS: é um fármaco que volta e meia é retirado do mercado tem uso bastante controverso no Brasil, mas atualmente vem sendo comercializado. Discutindo um pouco mais das indicações terapêuticas, e do uso Clínico dos fármacos opióides: INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: ● Tratamento de dores agudas, moderadas ou intensas, não responsivas à analgésicos menos potentes. Quando a gente fala em tratamento da dor algumas premissas precisam ser respeitadas, por exemplo, o tratamento da dor aguda: Geralmente deve se identificar a origem dessa dor, e se possível eliminar a dor com o tratamento da doença base. Por isso que os analgésicos opióides geralmente não são indicados para o tratamento de dores agudas leves, relacionadas a uma lesão bem identificada, uma vez que o principal manejo desse tipo de dor deve ser o tratamento da própria lesão tecidual. Uma cuidadosa investigação da intensidade da dor é extremamente importante, nunca se deve negligenciar como o paciente diz que está sentindo dor. O tratamento farmacológico sintomático, deve iniciar-se sempre com os analgésicos menos potentes e com menos efeitos adversos, essa dor referida pelo paciente é realmente intensa, não se recomenda adiar o uso de analgésicos mais potentes, que seria o caso dos opióides. Sempre recomenda seguir a escala de analgesia proposta pela OMS: Essa escala vai relacionar o tipo de analgésico que deve ser utilizado, de acordo com a intensidade da sensação dolorosa manifestada pelo paciente: No primeiro degrau dessa escada a gente tem as dores leves, para o tratamento de dores que geralmente se deve preferir o uso de analgésicos não opióides com ou sem fármacos adjuvantes. Como exemplo, anti-inflamatórios não esteroidais, paracetamol e dipirona. No caso do segundo degrau, encontramos as dores moderadas aqui a indicação é o uso de analgésicos não opióides associados a opióides de menor eficácia(codeína/tramadol). No terceiro degrau são listadas as dores intensas onde tem-se a prescrição dos opióides de alta eficácia analgésica, como a morfina, metadona, Fentanila, entre outras. Esse tipo de indicação geralmente vai ocorrer em ambiente hospitalar. Tipos de Dores geralmente tratadas com analgésicos opioides: Um dos usos mais indicados da morfina e da metadona como analgésico é para o tratamento das Dores oncológicas, dores crônicas relacionadas ao câncer, principalmente em pacientes em estágio terminal, com objetivo de aumentar a qualidade de vida e diminuir o sofrimento desses indivíduos nesse estágio do tratamento. Outras indicações terapêuticas: A morfina indicada para o tratamento do edema pulmonar agudo, essa indicação é bastante controversa, uma vez que a sua segurança eficácia são bem questionados nesse tipo de situação, o que se acredita que a morfina, uma vez que ela induz a liberação de histamina leva uma vasodilatação, e isso vai diminuir a pré-carga e a pós-carga cardíaca, diminuindo então o edema pulmonar, que pode estar relacionado há um acúmulo de sangue na circulação pulmonar. Temos também os opióides utilizados como antitussígenos, que é o caso da codeína, e dextrometorfano. Os que atuam como antidiarreicos, o principal deles a loperamida. Um dos componentes
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