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1 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 Apg 6 – Além de grávida... OBJ 1 – MORFOFISIOLOGIA DA MÃO A mão humana é a parte mais distal do membro superior. É uma estrutura admirável, do ponto de vista da engenharia e da evolução. Ela é forte o suficiente para permitir que alpinistas encarem uma montanha, mas também precisa o suficiente para a manipulação de alguns dos menores objetos do mundo, e para realizar tarefas complexas. A mão em si consiste de ossos específicos sobre os quais vários músculos se inserem, e uma coleção de estruturas neurovasculares responsáveis pela drenagem e inervação. Entretanto, os músculos intrínsecos da mão são responsáveis somente por parte de toda a sua amplitude de movimento. Os outros principais contribuintes são os músculos do antebraço, que projetam tendões em direção à mão através de uma estrutura igualmente complexa e flexível, chamada de punho. Uma compreensão sólida da mão exige uma pegada firme (piada proposital) sobre toda a sua anatomia, então nesta página nós vamos estudar as estruturas citadas acima. Fatos importantes sobre a anatomia da mão Ossos Carpo: escafoide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio, trapezoide, capitato, hamato Metacarpo: base, diáfise, cabeça Falanges: falanges proximal, média, distal Músculos Grupo tenar: abdutor curto do polegar, adutor do polegar, flexor curto do polegar, opositor do polegar Grupo hipotenar: abdutor do dedo mínimo, flexor do dedo mínimo, opopsitor do dedo mínimo, palmar curto Grupo metacarpal: lumbricais, interósseos palmar, interósseos dorsais Nervos Nervo mediano e seus ramos (nervos digitais palmares comum e próprio) inervam predominantemente os músculos tenares. Nervo radial fornece inervação cutânea ao longo da parte externa do polegar. Nervo ulnar e seus ramos (superficial, profundo e dorsal) inervam os grupos hipotenar e metacarpal Artérias Todos os ramos se originam das artérias radial e ulnar. Eles incluem: arcos palmar (superficial, profundo), artérias digitais palmares (comuns, próprias), arco dorsal do carpo, artérias metacárpicas dorsais, artérias digitais dorsais, artéria principal do polegar Veias Arcos venosos palmares (superficial, profundo), rede venosa dorsal da mão e veias digitais metacárpicas palmares, todas drenando para as veias radial e ulnar. Punho É capaz de vários movimentos, como flexão, extensão, abdução e adução. Ele também facilita a passagem de tendões e várias estruturas do antebraço para a mão. OSSOS DA MÃO Os ossos da mão podem ser divididos em três grupos distintos: Ossos do carpo Ossos do metacarpo Falanges O carpo é o termo anatômico para o punho, e conecta o rádio e a ulna do antebraço com os ossos do metacarpo na mão, sendo composto por oito ossos individuais que se encontram dispostos em duas organizadas fileiras de quatro. A fileira proximal dos ossos do carpo, vista de lateral para medial na superfície palmar, incluios ossos: escafóide semilunar piramidal pisiforme A fileira distal, vista do mesmo ponto de vista, inclui os ossos: trapézio trapezóide capitato hamato Cada osso do carpo possui uma forma única multifacetada, permitindo que ele se articule com diversos ossos, tanto da mesma fileira quanto da outra fileira, além dos ossos da mão e do antebraço. Como um todo, o carpo em sua superfície carpal é convexo proximalmente e côncavo distalmente, enquanto a superfície palmar é simplesmente côncava. O túnel do carpo é formado na face interna do punho devido à sua concavidade, e é coberto pelo retináculo dos flexores, que é uma bainha osteofibrosa. Ao nascimento, o carpo é cartilaginoso, entretanto iniciando-se no primeiro ano de vida até o décimo segundo, ele sofre um lento processo de ossificação. Deve-se notar que muitas variantes anatômicas e ossos acessórios foram descobertos, entretanto somente a presença de um osso central, um osso estiloide, um osso pisiforme secundário ou um osso trapezóide secundário são geralmente considerados como variações. A FILEIRA PROXIMAL DE OSSOS DO CARPO OSSO ESCAFÓIDE https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-do-membro-superior https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cotovelo-e-antebraco https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/ossos-do-carpo https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/cotovelo-e-antebraco https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-da-mao 2 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 O osso escafóide é o maior dos ossos do carpo da primeira fileira, e se encontra sob a tabaqueira anatômica. De um ponto de vista palmar, ele relaciona-se proximalmente com o rádio, na face distal lateral com o osso trapézio, e na face distal medial com o osso trapezóide. Superior e medialmente ele se articula com o osso semilunar, e inferior e medialmente com o osso capitato. Na palma da mão, seu tubérculo é facilmente palpável, se encontrando no tecido subcutâneo. Os vasos sanguíneos que chegam aos ossos do carpo entram no punho através da superfície lateral rugosa do osso escafoide. OSSO SEMILUNAR Os próximos três ossos do carpo, semilunar, piramidal e pisiforme se articulam todos com a cabeça do rádio, topografia que é conhecida como superfície articular do carpo. O osso semilunar possui formato crescente e uma grande superfície articular proximal, que se relaciona com a cabeça do rádio e seu disco articular. Ele se encontra medialmente ao osso escafoide, superiormente ao osso capitato e lateralmente ao osso piramidal. Pode ainda algumas vezes estar em contato com o osso hamato em seu ângulo inferomedial. OSSO PIRAMIDAL O osso piramidal possui forma correspondente ao seu nome e, de uma perspectiva palmar, seu ápice aponta distal e medialmente em direção ao osso pisiforme, que se posiciona sobre a sua faceta palmar. Ele se encontra sobre o osso hamato, que está na fileira distal do carpo, e sua base volta-se medialmente e se comunica com o osso semilunar. OSSO PISIFORME Finalmente, o osso pisiforme é o mais medial dos ossos proximais do carpo, de um ponto de vista palmar. Ele é também o menor de todos os ossos do carpo, e é classificado como um osso sesamoide. Sua superfície dorsal é facetada, permitindo que ele se articule com a superfície ventral do osso piramidal. É ainda palpável e se encontra no interior do tendão flexor ulnar do carpo A FILEIRA DISTAL DE OSSOS DO CARPO OSSO TRAPÉZIO O trapezio é o primeiro e mais lateral dos ossos da fileira distal do carpo, quando a mão é vista de um ponto de vista palmar. No aspecto palmar do osso, encontra-se um tubérculo palpável, e em seu lado medial cursa um sulco que leva o tendão flexor radial do carpo. O osso trapezio é limitado medialmente pelo trapezoide, e superiormente pelo escafoide. Inferior e lateralmente, sua principal articulação é com o primeiro metacarpo, através de uma faceta em forma de sela. Inferior e medialmente, entretanto, ele algumas vezes se articula ainda com o segundo osso do metacarpo. OSSO TRAPEZÓIDE O osso trapezóide pode parecer muito pequeno em comparação com os outros ossos de um ponto de vista palmar, entretanto ele é muito mais largo em seu lado dorsal. Se comunica através de sua faceta proximal com o osso escafoide, lateralmente com o osso trapézio, medialmente com o capitato e sua faceta distal permite que se articule com o segundo metacarpo. OSSO CAPITATO O osso capitato é o maior de todos os ossos do carpo, considerando-se tanto a fileira proximal quanto a distal. Ele encontra-se cercado pelo osso semilunar proximalmente, o terceiro metacarpo distalmente, o trapezoide lateralmente e o osso hamato medialmente. OSSO HAMATO O último dos oito ossos do carpo e da fileira distal é o osso hamato. Ele se encontra no tecido subcutâneo e é palpável, devido ao seu hâmulo, que é uma projeção óssea em seu aspecto palmar, que se curva lateralmente. Ele serve como auxílio para o flexorcurto do dedo mínimo e o ligamento piso- hamato. O osso hamato se relaciona em uma direção proximal e lateral com o osso semilunar, em uma direção proximal e medial com o osso piramidal. Lateralmente, ele se comunica com o osso capitato, e distalmente se articula com ambos o quarto e quinto ossos do metacarpo. MÚSCULOS DA MÃO Os músculos da mão consistem em cinco grupos: Músculos tenares https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-flexor-curto-do-dedo-minimo-da-mao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-tenares 3 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 Músculos hipotenares Lumbricais Interósseos palmares Interósseos dorsais Os músculos tenares são quatro no total; eles são evidentes e fáceis de se palpar na face radial da superfície palmar da mão, na base do polegar. Eles formam a 'bola' ou a parte mais volumosa do polegar, conhecida como eminência tenar, e são nomeados assim: abdutor curto do polegar, adutor do polegar, flexor curto do polegar e opositor do polegar (ou oponente do polegar). Abdutor curto do polegar Origem - tubérculos do escafoide e trapézio; retináculo dos flexores Inserção - base da falange proximal; osso sesamoide radial Inervação - nervo mediano Função - abdução do polegar Adutor do polegar Origem - base palmar do terceiro metacarpiano (cabeça transversa); grande osso e base palmar dos segundo e terceiro metacarpianos (cabela oblíqua) Inserção - base da falange proximal; osso sesamoide ulnar Inervação - ramo profundo do nervo cubital Função - adução do polegar Flexor curto do polegar Origem - retináculo dos flexores; tubérculo do trapézio (cabeça superficial); ossos trapezoide e grande osso (cabeça profunda) Inserção - osso sesamoide radial e base da falange proximal Inervação - nervos mediano e cubital Função - flexão do polegar Oponente do polegar Origem - retináculo dos flexores, tubérculo do osso trapézio Inserção - primeiro osso metacarpiano Inervação - nervo mediano Função - flexão, abdução e rotação medial do polegar num movimento combinado que se denomina de oposição Mnemônica All For One And One For All (Tradução: Um por todos e todos por um) Esta mnemónica ajuda a lembrar os músculos tenares e hipotenares de lateral para medial: Eminência tenar A: abdutor curto do polegar F: flexor curto do polegar O: oponente do polegar A: adutor do polegar Eminência hipotenar O: oponente do dedo mínimo F: flexor do dedo mínimo A: abdutor do dedo mínimo Os músculos tenares são capazes de vários movimentos do polegar; abdução, adução, flexão e oposição. Também na superfície palmar da mão, a eminência tenar possui uma região volumosa correspondente na face ulnar. Ela é facilmente palpável e visível na base do dedo mínimo. Esta região é chamada de eminência hipotenar, e consiste em quatro músculos hipotenares: abdutor do dedo mínimo, flexor do dedo mínimo, opositor do dedo mínimo e palmar curto. Este grupo de músculos é especializado em movimentar o dedo mínimo (quinto dedo); eles abduzem, flexionam e o trazem em direção ao polegar para realizar a oposição.Os últimos três grupos de músculos, os lumbricais, interósseos dorsais e interósseos palmares estão situados na camada mais profunda da mão, e são comumente considerados juntos como um grande grupo chamado de músculos metacárpicos da mão. Eles trabalham em uníssono para contribuir com a extensão, flexão, abdução e adução das falanges. Músculos interósseos palmares (Musculi interossei palmares) https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/os-musculos-hipotenares https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-lumbricais-da-mao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-interosseos-palmares https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-interosseos-dorsais-da-mao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-abdutor-curto-do-polegar https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-flexor-curto-do-polegar https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/os-musculos-hipotenares https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-lumbricais-da-mao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-interosseos-dorsais-da-mao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-interosseos-dorsais-da-mao https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculos-interosseos-palmares 4 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 Músculos lumbricais da mão (Musculi lumbricales manus) Músculo palmar curto (Musculus palmaris brevis) 5 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 Músculo flexor curto do polegar (Musculus flexor pollicis brevis Músculo abdutor do dedo mínimo da mão (Musculus abductor digiti minimi) Músculo abdutor curto do polegar (Musculus abductor pollicis brevis) Músculo adutor do polegar (Musculus adductor pollicis) Músculo flexor curto do dedo mínimo da mao (Musculus flexor digiti minimi brevis (manus)) 6 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 Músculo oponente do dedo mínimo da mão (Musculus opponens digiti minimi manus) Músculo oponente do polegar (Musculus opponens pollicis) Tendões do músculo extensor dos dedos (Tendo musculi extensoris digitorum) Tendão do músculo flexor profundo dos dedos (Tendo musculi flexoris digitorum profundus) Tendáo do músculo flexor superficial dos dedos (Tendines musculi flexoris digitorum superficialis) Vínculo longo (Vinculum longum tendinis) Vínculo curto (Vinculum breve tendinis) 7 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO DA MÃO INERVAÇÃO DA MÃO Os nervos que inervam os músculos da mão se originam bem superiormente, a partir de uma estrutura chamada plexo braquial. O plexo é formado pela combinação dos ramos anteriores do quinto ao oitavo nervos espinhais cervicais, e pelo primeiro nervo torácico. Os importantes nervos cursando no membro superior em direção à mão a partir do plexo braquial são os nervos medial, ulnar e radial. Na mão o nervo radial fornece apenas inervação cutânea ao longo da parte externa do polegar. Os outros dois nervos, ao contrário, inervam os músculos da mão; o nervo mediano inerva predominantemente os músculos tenares, enquanto o nervo ulnar é responsável pelos músculos hipotenares e demais músculos intrínsecos da mão. Os principais ramos se projetando para os músculos da mão são os seguintes: Nervo mediano o Nervos digitais palmares comuns o Nervos digitais palmares próprios Nervo ulnar o Ramos superficiais o Ramos profundos o Ramos dorsais VASCULARIZAÇÃO DA MÃO Como a mão é a região terminal da extremidade superior, numerosas anastomoses acontecem aqui, resultando em uma rede vascular bem complexa. Todas as artérias se originam de duas artérias principais; as artérias radial e ulnar. Estes dois vasos sanguíneos cursam inferiormente nos lados radial e ulnar do antebraço, respectivamente. As artérias radial e ulnar emitem os seguintes ramos específicos na mão: Arco palmar superficial Arco palmar profundo Artérias digitais palmares comuns Artérias digitais palmares próprias Arco carpal dorsal Artérias metacárpicas dorsais Artérias digitais dorsais Artéria principal do polegar As veias são muito similares às artérias, então se você entender estas o padrão de drenagem da mão fica fácil. Assista a videoaula mencionada acima para aprender tudo sobre as veias da mão. De forma geral, as veias da mão drenam para as veias radial ou ulnar, e consistem das seguintes: Arco venoso palmar superficial Arco venoso palmar profundo Rede venosa dorsal da mão Veias digitais metacárpicas palmares https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/plexo-braquial https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/plexo-braquial https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/anatomia-do-membro-superior 8 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 OBJ 2 – FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIAE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO A síndrome do túnel do carpo é um termo infame para uma condição conhecida como compressão do nervo mediano, e é a forma mais comum de neuropatia relacionada a compressão. Ela é causada primariamente por tendências ocupacionais, como flexão e extensão repetidas do punho, levando ao uso excessivo das estruturas anatômicas diretamente relacionadas a estes movimentos. Como resultado, um aumento no conteúdo e na pressão exercida no túnel do carpo comprimem o nervo mediano, levando a distúrbios sensitivos em suas áreas de inervação. A compressão crônica pode levar a dano neuronal permanente e atrofia tenar, que se traduz como fraqueza no polegar e no indicador. O tratamento inclui repouso do punho e restrição a sua movimentação por um período de tempo. Faixas e talas podem auxiliar na estabilização da área, enquanto medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos podem ser prescritos em casos extremos. Caracteriza-se por parestesia no território de inervação cutânea do nervo mediano, incluindo polegar, índex, dedo médio e face lateral do anular, em sua superfície palmar. Em geral piora à noite. É causada pela compressão do nervo mediano em seu trajeto pelo túnel do carpo, por neuropatia diabética ou pela combinação de ambas. Ocorre em 11 a 16% dos pacientes com diabetes. É mais comum em mulheres que em homens. De 5 a 8% dos pacientes com síndrome do túnel do carpo têm diabetes. O tratamento consiste em analgesia simples, talas e injeções locais de corticóides nos casos leves. Casos graves com atrofia da região tenar, envolvimento motor importante na eletroneuromiografia e refratariedade ao tratamento clínico devem ser tratados cirurgicamente. FONTE: CLINICA MÉDICA USP VOL 5 DEFINIÇÃO A síndrome do túnel do carpo é uma enfermidade clínica e eletrofisiológica decorrente da compressão do nervo mediano no nível do punho. FONTE: REUMATOLOGIA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO EPIDEMIOLOGIA A síndrome do túnel do carpo é a neuropatia compressiva mais frequente, apresentando incidência de 0,1o/oa1 ,5% na população geral e prevalência de 5% nas mulheres adultas. Pode manifestar-se em qualquer faixa etária, mas predomina em mulheres (3: 1) entre 40 e 60 anos. FONTE: REUMATOLOGIA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO FATORES DE RISCO Sexo feminino Obesidade IMC alto Idade acima de 30 anos Atividade motora repetitiva Algumas patologias sistêmicas ETIOPATOGÊNESE O túnel do carpo é um espaço ovoide, limitado ventralmente pelo retináculo flexor e dorsalmente pela superfície de 8 ossos do carpo, onde passam o nervo mediano e mais 9 tendões flexores (Figuras 10.2 e 10.3). O nervo mediano tem uma distribuição sensorial envolvendo a superfície volar dos 3 primeiros dedos e metade medial do 4° dedo da mão. Existem 2 mecanismos básicos de compressão do nervo mediano: elevação da pressão no interior do túnel, causada por edema ou lesões dos tecidos vizinhos (p. ex., fratura) ou aumento no volume do conteúdo do túnel (cisto sinovial). A compressão provoca a redução da perfusão microvascular do nervo mediano, desencadeando um complexo sintomático relacionado com o grau de acometimento das fibras nervosas, que se manifesta em 2 fases: 1. Alteração reversível das fibras nervosas, relacionada com a isquemia, ou também chamada bloqueio agudo fisiológico rapidamente reversível: o estudo da condução nervosa nessa fase está normal devido à ausência de anormalidades estruturais no nervo. 2. Anormalidade estrutural que se desenvolve lentamente nas fibras nervosas: o estudo da condução nervosa revela retardo na condução sensorial focal por desmielinização segmentar localizada; secundariamente, pode haver degeneração axonal, particularmente nos casos de compressão mais acentuada e por tempo mais prolongado, quando há retardo na condução motora. A análise anatomopatológica nessa fase mostra edema e espessamento dos vasa nervorum, fibrose, afilamento da mielina e degeneração e regeneração da fibra nervosa. A síndrome pode estar associada a fatores traumáticos, a doenças sistêmicas ou até mesmo a estados fisiológicos, como a obesidade e a gravidez, podendo em alguns pacientes não ser diagnosticada uma causa direta (Tabela 10.3). Em aproximadamente 50% dos casos, o envolvimento é bilateral, sugerindo a presença de uma doença sistêmica e contribuindo para a sintomatologia, como artrite reumatoide, hipotireoidismo e diabetes. Em diversas ocasiões, a síndrome do túnel do carpo é a primeira manifestação da artrite reumatoide, o que impõe, portanto, a realização de estudo histopatológico caso o paciente seja submetido a tratamento cirúrgico. A síndrome do túnel do carpo também tem sido associada a lesões que ocupam espaço, como cisto sinovial e sequelas de fraturas do punho, doenças induzidas por cristal, como gota e condrocalcinose, doenças de depósito como amiloidose e infecção, como osteomielite (ossos do carpo) bacteriana e por tuberculose. A relação da síndrome do túnel do carpo com o trabalho é controversa. Cerca de 2/3 dos pacientes com diagnóstico de síndrome do túnel do carpo relacionada com o trabalho são obesos ou têm alguma outra doença, o que sugere que as atividades profissionais não são a única causa do aparecimento dos sintomas. Aproximadamente 30% dos pacientes urêmicos submetidos à hemodiálise crônica 9 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 apresentam a síndrome do túnel do carpo, e o provável fator contribuinte seria a alteração hemodinâmica secundária à implantação da fístula arteriovenosa, que levaria a um distúrbio vascular do nervo mediano. Estudos, com dados limitados, sugeriram que alguns pacientes têm uma predisposição genética para a síndrome do túnel do carpo. FIGURA 10.2 Relação anatômica do túnel ulnar e do túnel carpal FONTE: REUMATOLOGIA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO QUADRO CLÍNICO A síndrome do túnel do carpo manifesta-se por dor em queimação e/ ou formigamento na face volar do punho e nos 3 primeiros dedos da mão e na face medial do 4° dedo, sobretudo à noite. Os sintomas geralmente são limitados aos dedos inervados pelo mediano, mas alguns pacientes descrevem sintomas na mão inteira, punho e antebraço distal. Os pacientes relatam melhora dos sintomas ao balançar as mãos com os braços abaixados. Os déficits motores envolvem os músculos da eminência tenar, que se manifestam clinicamente com dificuldade de abdução do polegar e, em casos graves, com atrofia da eminência tenar. Cerca de 15% da população geral apresenta dor e formigamento nas mãos, não relacionados com a síndrome do túnel do carpo, o que contribui para o excesso de diagnóstico clínico dessa doença FONTE: REUMATOLOGIA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO OBJ 3 – TESTE DE PHALLEN X TESTE DE ALLEN No exame físico, diversos testes podem auxiliar no diagnóstico da síndrome: • Teste de Tinel: Consiste na reprodução da dor e/ou da parestesia nos dedos inervados pelo nervo mediano, com ligeiras percussões no trajeto do punho. A confiabilidade do teste depende de como ele é realizado, por isso aconselha-se que o punho esteja em extensão e o martelo de percussão seja 10 Ially Mariana SOI V MED FASAI 2020.2 estreito. E menos sensível (50%), mas um pouco mais específico (77%) que o teste de Phalen. Apresenta valor preditivo positivo baixo (53%) (Figura 10.4). • Teste de Phalen: Consiste em reprodução da dor e/ ou da parestesia nos dedos inervados pelo nervo mediano, com a flexão forçada do punho por 1 minuto. Estudos de metaanálise mostraram uma sensibilidade média de 68% e especificidade de 73% na aplicação do teste (Figura 10.5) https://www.scielo.br/pdf/rbort/v49n5/pt_0102-3616-rbort- 49-05-0429.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbort/v49n5/pt_0102-3616-rbort-49-05-0429.pdf https://www.scielo.br/pdf/rbort/v49n5/pt_0102-3616-rbort-49-05-0429.pdf
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