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O direito e o avesso - análise semiótica do discurso político e empresarial

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RESUMO: 
O direito e o avesso: análise semiótica do discurso político e empresarial 
 
Referência: BLIKSTEIN, I. O direito e o avesso: análise semiótica do discurso político e empresa-
rial. Organicom, v. 5, n. 9, p. 36, 16 dez. 2008. 
• Do ministro da defesa que diz que há fiscalização (para a aviação), ela só não é eficaz. 
• O ministro usou de uma estratégia discursiva para controlar a situação e acalmar os 
ânimos. 
• É preciso dizer algo. É uma falha não dizer nada. É preciso preencher o vazio. 
• Essa prática não é nova. 
• Traz exemplos de bullshits 
• O autor explica o funcionamento desse discurso do nonsense a partir do pressuposto 
de que “A besteira humana consiste em querer sempre concluir” (FLAUBERT, 1966) 
• De mesma maneira mesmo caso de situações embarasossas como a do ministro, busca-
se construir uma narrativa que contenha uma conclusão. 
• É preciso concluir para ter sentido: sensemaking 
• Pelo exposto, a função do discurso não é propriamente informar: do ponto de vista 
semiótico, o discurso tem, basicamente, a função de criar um efeito no receptor da 
mensagem. 
• No discurso empresarial: deve criar uma imagem positiva, a mostrando como 
• competente, ética e transparente. 
• Na prática: funciona de modo a esconder mais do que mostrar. Semioticamente, o 
discurso empresarial é articulado na superfície para transmitir uma imagem, quando, 
na verdade, ela pode ser o contrário do que se mostra – autoritária, conservadora e 
discriminatória. 
• O discurso empresarial manipula os signos por meio de uma narrativa marcada por 
esteiótipos e incoerências semânticas. 
• “técnica” de silêncio frente a aspectos essenciais da mensagem (fala, fala e não diz 
nada). 
• O discurso busca encobrir o essencial, dando ênfase a detalhes. 
• Para a semiótica, entretanto, “o pequeno conduz o grande”. 
 
A natureza dialógica do discurso 
 
• Ex: discurso do ex- presidente FHC, ao passar a faixa ao Lula, um operário. 
• Aparentemente, ele se diz contente em passar a faixa a um líder operário. Atentamente, 
possui vários significados implícitos. 
• FHC fala muito superlativos: mais mais mais: mais contente, imensa satisfação. 
• O mundo inteiro verá que ele é cordial. Todo presidente deveria ser cordial. Por talvez, 
não o ser, ele precisa dizer que é. Essa naturalidade, nesse caso, não é cordial. 
• Fica bem ilustrado o princípio fundamental da análise linguístico-semiótica do 
discurso: todo enunciado poderá ser lido em seu “direito” ou em seu “avesso”. 
• Dialogismo, intertextualidade e polifonia estão na própria essência do conceito de 
discurso. Para construir seu discurso, o enunciador tem de levar em conta outros 
discursos que estarão em oposição dialógica com seu próprio. 
• Nenhum discurso é totalmente autônomo, monológico e monofônico. 
• O discurso não é dito por uma única voz, mas por muitas vozes. 
• A tarefa linguístico-semiótica será, então, detectar a rede de isotopias ou eixos 
semânticos, como é o caso de cordialidade vs não cordialidade que governam as vozes, 
os textos e, finalmente, o discurso. 
• O sentido primeiro de um enunciado nem sempre corresponde à significação profunda 
do mesmo. 
• Parece falar de X, quando na verdade é Y. 
• Dois níveis de descodificação: 1) capta X (ilusório); 2) absorve “inconscientemente” 
Y; 
• A natureza do discurso tende a ser, destarte, intertextual, dialógica e polifônica 
 
Função do discurso: 
 
• Modelo de comunicação “emissor → código → mensagem → receptor → 
entendimento → retroalimentação” é insuficiente. 
• O discurso da comunicação vai além de transmissão de informações de um emissor 
para um receptor. 
• O discurso caracteriza: 
• por uma enunciação, a qual supõe um enunciador e um destinatário 
• pela intenção do enunciador em gerar um efeito no destinatário, a fim de obter-lhe a 
colaboração ou resposta desejada. 
• O efeito deve ser positivo, para produzir o efeito desejado pelo enunciador. 
• Enunciador pode conduzir o destinatário de forma sutil para o efeito e a resposta 
desejada. 
• Os ingredientes para gerar tanto o positivo quanto o negativo, estão no avesso, no não 
dito, no intertexto. 
• Função conativa da linguagem, em seis funções da linguagem: referencial, emotiva, 
conativa, metalinguística, fática e poética. 
• A resposta pode ser obtida por estratégias coercitivas (faça!), mas o dialogismo e a 
polifonia permitem a adesão do destinatário se realize de modo mais implícito, sutil e 
inconsciente. 
• Persuadir: “convencer de modo doce, suave”. O discurso teria, então, a função de 
persuadir o destinatário, convencê-lo de forma suave, velada de manipulação. 
• O discurso tem a função de “fazer crer” para depois “fazer fazer”. 
• Para os destinatários, o discurso não tem dois lados: ele é explícito, monológico e 
monofônico. 
 
O discurso empresarial 
 
• A comunicação empresarial deve produzir um discurso estratégico, qual seja o de gerar 
um efeito positivo nos acionistas, nos stakeholders, nos clientes, no mercado e na 
sociedade, de modo a preservar a identidade e a imagem da instituição. 
• O discurso deve ser: transparente, explícito e monofônico. 
• Na prática: Para gerar efeitos positivos, o enunciador constrói um discurso dialógico, 
criando uma relação entre o texto e o intertexto, entre o dito e o não dito. 
• Qualquer que seja a dimensão de uma crise, a empresa teria de ostentar uma imagem 
favorável. 
• Nem sempre a tentativa de buscar a positividade dá certo. 
• EX: alfa e funcionário de idade avançada. 
• Semiótica não é o visível, mas o inteligível 
• Deus se esconde nos detalhes

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