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DOR Thalita Nobrega Alvarenga DEFINIÇÃO Experiencia sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial, que se descreve como causada por uma lesão (iasp) TIPOS DE DOR a. DOR AGUDA: Consequência imediata da ativação do sistema nociceptivo, geralmente um dano tissular somático ou visceral, sendo limitado, desaparecendo com a lesão que o originou. Tem a função de proteção biológica ao atuar como um sinal de alarme do tecido lesionado. Trata-se de uma dor de natureza nociceptiva e que aparece por uma estimulação química, mecânica ou térmica de receptores específicos. b. DOR CRÔNICA: Não possui fator de proteção, é em si mesma uma doença. Não é um processo autolimitado, podendo persistir por tempo prolongado depois da lesão inicial, incluindo a ausência de lesão periférica. c. DOR NOCICEPTIVA: aparece em todas as pessoas e é produzida por uma lesão somática ou visceral. A dor somática se origina por uma lesão ao nível da pele, musculo, ligamentos, articulações e ossos; caracteriza-se pela localização PRECISA da dor, ao redor da zona lesada, não senso acompanhada por reações vegetativas. A dor visceral afeta os órgãos internos, mesmo que nem todas as vísceras sejam sensíveis a dor. Caracteriza-se por ser de localização inespecífica e por se estender além do órgão lesionado. Frequentemente se localiza numa superfície do organismo distante da víscera que o origina, sendo denominada de dor referida. d. DOR NEUROPÁTICA (patológica): resultado de uma doença do SNC. Isso ocorre porque o sistema nociceptivo se comporta de forma anormal, não havendo relação causal entre a lesão tissular e a dor. Tem como característica a presença de ALODÍNEA (dor perante estímulos habitualmente não dolorosos) ANATOMIA DA DOR A dor compreende 3 mecanismos básicos: 1. TRANSDUÇÃO ➔ Mecanismo de ativação dos nociceptores ➔ Transformação de um estímulo nóxico- mecânico, térmico ou químico – em potencial de ação. ➔ Nociceptores são terminações nervosas livres mielínicas finas (A-delta) ou amielínicas (C). ➔ A estimulação isolada das fibras produz: - Fibras A-delta: dor em pontada (mielinizada, tocou doeu) - Fibras C: dor em queimação. - Fibras A-delta e C: dolorimento ou cãibra. ➔ Os receptores viscerais são mais sensíveis à DISTENSÃO, TRAÇÃO, ISQUEMIA, PROCESSO INFLAMATÓRIAS E CONTRAÇÃO ESPASMÓDICA. ➔ Os receptores tegumentares não são sensíveis à distensão e à tração. Neuroplasticidade → aumenta a magnitude da percepção da dor. Sopa sensibilizadora → Após a percepção de dor, neurônios de projeção transmitem a informação sensorial para centros supra-espinais como mesencéfalo, diencéfalo e córtex cerebral onde ocorre a percepção e formulação de uma resposta (BASBAUM et al., 2009). Após a lesão em um tecido, há presença de várias células inflamatórias, como basófilos, mastócitos, plaquetas, macrófagos, neutrófilos dentre outras que liberam mediadores químicos como histamina, bradicinina e interleucinas. Também são liberados citocinas, substância P, glutamato, fator de necrose tumoral α, fator de crescimento neural, prostaglandinas e serotonina. Essas substâncias atuam de maneira sinérgica e constituem o que é chamado de sopa sensibilizadora. Isso faz com que o limiar de ativação dos nociceptores diminua e as fibras nervosas DOR Thalita Nobrega Alvarenga aferentes se tornam excitadas levando ao quadro de hiperalgesia primária, que é a dor no local da lesão. Esse processo é conhecido como sensibilização periférica, e ativa nociceptores silenciosos de alto limiar das fibras aferentes primárias. Wind up → alterações de hiperexcitabilidade neuronal. 2. TRANSMISSÃO ➔ É o conjunto de vias e mecanismos que possibilita que o impulso nervoso, gerado ao nível dos nociceptores, seja conduzido para estruturas do SNC comprometidas com o reconhecimento da dor. ➔ As fibras nociceptivas (A-delta e C) são conduzidas por nervos sensoriais ou mistos. ➔ Fibras que provém das vísceras cursam por nervos autonômicos e parassimpáticos. ➔ Neurotransmissores envolvidos: glutamato (excitação rápida dos neurônios medulares) e substância P (excitação lenta). ➔ Existem duas vias de transmissão da dor: trato neoespinotalâmico e paleoespinotalâmico. I. TRATO NEUROESPINOTALÂMICO: - Ou trato espinotalâmico lateral - É a via que transmite a dor rápida e possui poucas sinapses (via mais evoluída). - Utiliza fibras A-delta. - Chega a pontos específicos do tálamo. - Sensação dolorosa epicrítica (precisa, bem definida e bem localizada) – Ex: dor dentária. - Dor em pontada. II. TRATO PALEOESPINOTALÂMICO - Via que transmite a dor lenta. - Fibras C (amielínicas). - Multissinápticas. - A informação é lenta, gradativa e prolongada/muito difusa. - Uma parte das fibras vai ao tálamo → córtex somestésico, Giro do Cíngulo e ínsula, mas a maioria se dirige à formação reticular → Córtex Límbico e frontal, hipotálamo, núcleos motores. - Esse tipo de dor não consegue ser analisada com precisão, nem sua localização, nem sua intensidade e nem características. - Dor em queimação/” cãibra” 3. MODULAÇÃO ➔ Além das vias e centros responsáveis pela transmissão da dor, há também os responsáveis pela sua supressão. ➔ Curiosamente, as vias modulatórias são ativadas pelas nociceptivas. ➔ 1sistema modulatório descrito – teoria do “portão da dor” ➔ Fibras amielínicas (C) e mielínicas finas (A- delta) conduzem a sensibilidade termoalgésica, enquanto as fibras mielínicas grossas (A-alfa e A-beta) conduzem as demais formas de sensibilidade (tato, pressão, posição e vibração). TEORIA DO “PORTÃO DA DOR” A ativação das fibras mielínicas grossas (A-alfa e A- beta) levaria a excitação de interneurônios inibitórios da substância gelatinosa de rolando (Lamina III) para os aferentes nociceptivos, impedindo a passagem dos impulsos dolorosos (ou seja, haveria um fechamento da comporta/portão e isso explica porque o massageamento ou leve fricção de uma área dolorosa proporciona alívio para dor. A ativação das fibras amielínicas (C) e mielínicas finas (A-delta) inibiria os interneurônios inibitórios, tornando possível a passagem dos impulsos nociceptivos. A estimulação da SBPA (substância cinzenta periaquedutal), da SCPV (substância cinza periventricular) e núcleo magno da rafe aumentam os opioides endógenos (encefalinas, endorfinas e DOR Thalita Nobrega Alvarenga dinorfinas) no líquor + serotonina e noradrenalina causando a analgesia. Conclui-se que a dor pode ser provocada tanto pela ativação das vias nociceptivas como pela lesão das vias modulatórias (supressão). Neutransmissor associado: GABA FISIOLOGIA DA DOR SISTEMA PERIFÉRICO Na maior parte dos órgãos e do sistema do corpo, existe um grupo especial de receptores sensoriais conhecidos como nociceptores. Sua principal característica é a capacidade de diferenciar estímulos comuns dos estímulos nocivos do organismo. Isso ocorre em função da capacidade dos nociceptores de codificar a intensidade de um estímulo doloroso, respondendo de forma irregular aos estímulos de baixa intensidade. Em relação a sua capacidade de responder a estímulos dolorosos, os nociceptores foram denominados de “receptores da dor”, aos quais são divididos de acordo com a sua localização e característica, sendo: a. Cutâneos: Propriedades → alto umbral à estimulação cutânea, capacidade de codificar a intensidade dos estímulos aparentemente nocivos e falta de atividade espontânea na ausência de um estímulo nocivoprévio. Tipos: Nociceptores A- delta: terminações sensoriais de fibras mielínicas que respondem quase que exclusivamente a estímulos nocivos do tipo MECÂNICO. Localizam-se nas camadas superficiais da derme apresentando ramificações que se estendem até a epiderme. Nociceptores C: terminações nervosas de fibras aferentes amielínicas de baixa velocidade. Apresentam-se como terminações simples na pele e que respondem a estímulos nocivos mecânicos, térmicos ou químicos. Também são ativados por substâncias liberadas pelo dano tissular: bradicinina, histaminas, acetilcolina e íons de potássio. b. Musculares e articulares: Nos músculos os nociceptores são terminações de fibras A delta (fibras do grupo III) e de fibras C (grupo IV). As do grupo III respondem aos íons de potássio, bradicinina, serotonina e a contrações mantidas do musculo. As fibras do grupo IV respondem a estímulos como pressão, calor e isquemia. As articulações são inervadas por nociceptores que respondem a movimentos articulares nocivos e são conhecidos como terminações de fibras aferentes amielínicas. São estimulados na presença de fatores liberados pelo dano tissular e podem ser sensibilizados pela inflamação local da articulação. c. Viscerais: são os receptores menos conhecidos, existem no coração, pulmão, vias respiratórias, testículos, sistema biliar, ureter e útero. Outras vísceras, especialmente as do trato gastrointestinal estão inervadas por receptores sensoriais não específicos. Os nociceptores viscerais respondem a estímulos capazes de causar dor visceral. A maior parte dos nociceptores viscerais é de terminações livres de fibras aferentes amielínicas, que participam de sensações geradas pela isquemia cardíaca, irritação da arvore traqueobrônquica, congestão e embolia pulmonar, lesões nos testículos, cólicas renais e biliares e na dor do trabalho de parto. Estas terminações nervosas não têm somente função receptora como também são capazes de liberar substâncias por ativação antidrômica”, dentre elas a sustância P e glutamato, e a proximidade destas terminações a pequenos vasos sanguíneos e aos mastócitos origina vasodilatação e extravasamento plasmático, que se é muito grande origina o edema. DOR Thalita Nobrega Alvarenga VIAS CENTRAIS DA DOR AFERENCIAS NOCICEPTIVAS AO SNC (neurônio de primeira classe): As fibras aferentes primárias que inervam os nociceptores periféricos têm seus corpos celulares nos gânglios raquídeos, alcançando seus ramos na medula espinhal através das raízes dorsais e terminando na substância cinzenta da raiz posterior. Por tanto, o primeiro neurônio das vias de dor tem sua extremidade distal na periferia, no corpo e no gânglio raquídeo e no extremo proximal até a região da medula espinhal. NEURONIOS NOCICEPTIVOS DA MEDULA ESPINHAL (neurônio de segunda classe): A maior parte dos neurônios nociceptivos da medula espinhal se encontram situadas na zona de terminação das fibras aferentes conectadas com nociceptores: lâminas I, II, I V e V. Existem dois grupos de neurônios nociceptivos, no que diz respeito às suas aferências cutâneas: a. De segunda classe: neurônios ativados por estímulos de baixo umbral (não nociceptivos), assim como por aferências nociceptivas, também denominados multirreceptores → recebem aferencias excitatórias de diversos tipos de receptores sensoriais cutâneos, musculares e viscerais. São incapazes de distinguir entre estímulos nocivos danosos dentre os estímulos banais, além disso, não localizam precisamente os estímulos periféricos. Porém, são capazes de sensibilizarem-se perante a estímulos repetidos, diferentemente dos neurônios sensoriais (1 classe) que tendem a se dessensibilizar diante de uma estimulação repetida. b. De terceira classe: neurônios ativados por aferencias nociceptivas denominados nocirreceptores (mecanorreceptores) → são responsáveis pela ativação das aferencias nociceptivas, no que tem um papel importante na sinalização do caráter nocivo de um estímulo. Possuem pequenas áreas receptoras por onde participam dos processos de localização fina dos estímulos periféricos nocivos ao organismo. VIAS ASCENDENTES (Neurônios de segunda classe) Grande parte dos neurônios nociceptivos medulares enviam seus axônios aos centros supraespinhais, talâmicos e bulbares (os mais importantes são o complexo medular reticular e o do mesencéfalo; a substância cinzenta e o núcleo ventro-póstero-lateral do tálamo). A maior parte da informação nociceptiva é transmitida por vias cruzadas ascendentes, situadas na região anterolateral da medula espinhal, sendo que existem fibras que ascendem de forma ipslateral. Os fascículos melhores definidos anatomicamente são os espinotalamicos, espinoreticular e espinomesencefálico. Os neurônios das lâminas profundas do corno posterior se projetam desde a área reticular do mesencéfalo e outras áreas relacionadas em respostas motoras e somatossensoriais perante os estímulos nociceptivos. Outros fascículos se situam ao nível da substância branca, do funículo dorsolateral e das colunas dorsais especialmente relacionadas com a dor de origem visceral. DOR Thalita Nobrega Alvarenga MECANISMO TÁLAMO-CORTICAL (neurônios de terceira classe) A sensação dolorosa compreende dois componentes diversos: o componente discriminativo-sensorial e o componente afetivo. Os primeiros estão mediados pelo complexo ventro-basal do tálamo, já o afetivo é mediado pelo núcleo talâmico medial e por zonas corticais pré-frontal e supra orbital. NEUROTRANSMISSORES E SISTEMAS NEUROMODULADORES DA DOR Durante a transmissão, o estímulo nociceptivo pode ser modulado por diversos mecanismos. A sensação de dor (final) dependerá da interação destas substâncias. A ativação dos receptores é necessária para a ação dos neurotransmissores e mediadores químicos. Alguns receptores são excitatórios enquanto outros são inibitórios, da mesma forma que uns produzem grandes mudanças na atividade neural, inversamente aos que produzem mudanças leves ou moderadas. A estimulação de receptores excitatórios produz uma ativação neuronal que aumenta a liberação de transmissores e a excitabilidade neuronal. Contrariamente, a estimulação de receptores inibitórios diminui a atividade neuronal, reduzindo a liberação de transmissores e fazendo com que os neurônios se tornem menos excitáveis. Os receptores excitatórios são peças-chaves no sistema de dor e sua transmissão, enquanto a analgesia pode ser produzida tanto por ativação de sistemas inibitórios como pelo bloqueio dos sistemas excitatórios. NEUROTRANSMISSORES A transmissão sináptica é mediada por neurotransmissores aminoácidos e aminas que agem em canais iônicos ativados por esses neurotransmissores, sendo que estes podem ter ações mais lentas, mais duradouras e diversificadas. As proteínas G, podem exercer seus efeitos através da ativação direta de certas enzimas. Essa ativação tende a liberar reações bioquímicas, tais como cascatas, que terminam na ativação de outras enzimas situadas mais abaixo que alteram a função neuronal. Entre a primeira e a última enzima existem vários segundos mensageiros. Uma vez liberados os neurotransmissores, eles devem interagir com os receptores pós-sinápticos e daí removidos da fenda sináptica para permitir um novo ciclo de transmissão sináptica. Isso ocorre através dos transportadores de neurotransmissores existentes nas membranas da glia que envolve a sinapse ou pela degradação enzimática da própria fenda sináptica. FISIOPATOLOGIA DA DOR Estímulo de dor → transformação em potenciais de ação, que, das fibras nervosas periféricas são transmitidas para o SNC. Os receptores nociceptivos são representados por terminações nervosaslibres presentes nas fibras mielínicas finais A-delta e amielínicas C das estruturas superficiais e profundas do tegumento, parede das vísceras e dos vasos sanguíneos e nas fibras correspondentes III e IV do sistema musculo esquelético. Os nociceptores relacionados com as fibras C respondem à estimulação mecânica e/ou térmica intensas. Quando ocorre o estimulo doloroso, um mecanismo de transdução, decodifica os estímulos nocivos transformando-os em potenciais de ação do nervo DOR Thalita Nobrega Alvarenga sensitivo, que são captados perifericamente pelos receptores do tipo nociceptores (receptores de dor). No processo de transdução, no caso da sensação dolorosa, ocorre uma amplificação dos eventos pela libertação total de substâncias algogênicas. A atividade dos receptores nociceptivos é modulada pela ação de substâncias algogênicas, liberadas em elevada concentração no ambiente tecidual em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou isquêmicos. São originadas de células lesadas, leucócitos, mastócitos, plaquetas e moléculas libres presentes no interior dos vasos sanguíneos. Dentre as substâncias algogênicas, destacam-se: acetilcolina, prostaglandinas, histamina, serotonina, bradicinina, leucotrieno, substância P, tromboxana, fator de ativação plaquetário, radicais livres e íons potássio. Esse processo de sensibilização local é fisiológico e denominado HIPERALGESIA PRIMÁRIA. Essa grande liberação de mediadores químicos leva a redução do limiar de sensibilidade e aumento da sensibilidade das terminações nervosas vizinhas. Assim é criado um processo de hiperalgesia que se estende progressivamente às regiões não envolvidas pelo estímulo nociceptivo inicial. Os estímulos desencadearão dor generalizada, por um estímulo dos receptores de fibras aferentes, que se tornam sensíveis à estímulos de baixa intensidade, como por exemplo, estímulos táteis, levando a uma dor “patológica”, isso caracteriza a HIPERALGESIA SECUNDÁRIA. Os nociceptores são terminações nervosas libres existentes em fibras mielínicas finas A-delta e nas fibras amielínicas C, presentes nas estruturas superficiais e profundas dos tegumentos, parede das vísceras e dos vasos sanguíneos e nos músculos. Os nociceptores ligados às fibras C respondem à estimulação mecânica, térmica/química intensa e os relacionados às fibras A- delta, à estimulação mecânica e térmica intensas. O processo de transmissão dessas mensagens da periferia até a medula espinhal é feito por fibras nervosas, originadas de neurônios situados nos gânglios espinhais da cadeia paravertebral, senso as fibras A-delta e C, envolvidas primariamente na nocicepção e, também, pelas fibras mielinizadas, de condução rápida A-beta, relacionadas à sensação do tato envolvidas na modulação do sinal doloroso e em algumas situações, participando de forma absolutamente anormal no processo doloroso. Do gânglio espinhal, as fibras se dirigem para o corno posterior da medula espinha, o qual apresenta uma organização laminar (lâmina de Rexed), numerada de I a X, cada lâmina com características morfofuncionais e de recepção das fibras advindas da periferia, distintas. Os estímulos nociceptivos prolongados e intensos, conduzidos pelas fibras A-delta e C, aferentes da periferia ao corno posterior da medula, acarretam a sensibilização central. Do neurônio do gânglio espinhal partem prolongamentos axônicos em direção às respectivas lâmina do corno posterior da medula. O ácido glutâmico e o ácido aspártico estão envolvidos com a veiculação da informação nociceptiva aguda e, a substância P, com veiculação da dor crônica. Estímulos dolorosos procedentes da periferia liberam na fenda sináptica, neurotransmissores, principalmente glutamato e substância P, os quais ocupam receptores específicos tipo NMDA e NK1, entre outros, na região pós-sináptica do 2 neurônio sensitivo. Dessa interação, canais iônicos são abertos, com grande permeabilidade aos íons cálcio. Também ocorre grande mobilização de cálcio de reservas intracelulares ocasionando em última análise, grande atividade excitatória do neurônio. Essa atividade pode levar a lesões, chamadas excitotóxicas da população neuronal envolvida. Resultante da grande liberação de cálcio no citoplasma do 2 neurônio sensitivo, umas das consequências será a formação de um segundo mensageiro, o oxido nítrico, de características gasosas, podendo se espalhar independentemente de relações sinápticas e estimular outros neurônios da vizinhança. Os receptores de NMDA sofrem estimulações repetitivas e participam do fenômeno de sensibilização central dos neurônios do corno posterior da medula. A somatória dos potenciais irá produzir progressivamente a uma despolarização dos neurônios, os quais se tornarão sempre mais excitáveis, levando a um fenômeno conhecido como “wind up”. Esse fenômeno levara a alterações de hiperexcitabilidade neuronal. DOR Thalita Nobrega Alvarenga Chegando na medula espinhal, as fibras aferentes são principalmente organizadas nos feixes ascendentes, principalmente o neoespinotalâmica (sensibilidade tipo discriminativa neurossensorial) e palioespinotalâmico (dimensão afetiva). Essas vias terminam no córtex sensorial e límbico, respectivamente, após sinapses no tálamo. A dor pode ser gerada por excesso de estímulos nociceptivos ou por hipoatividade do sistema supressor. ESCALAS DA DOR A escala Visual Analógica – EVA consiste em auxiliar na aferição da intensidade da dor no paciente, é um instrumento importante para verificarmos a evolução do paciente durante o tratamento e mesmo a cada atendimento, de maneira mais fidedigna. Também é útil para podermos analisar se o tratamento está sendo efetivo, quais os procedimentos têm surtido melhores resultados, assim como se há alguma deficiência no tratamento, de acordo com o grau de melhora ou piora da dor. A EVA pode ser utilizada no início e no final de cada atendimento, registrando o resultado sempre na evolução. Para utilizar o EVA o atendente deve questionar o paciente quanto ao seu grau de dor sendo que 0 significa ausência total de dor e 10 o nível de dor máxima suportável pelo paciente. Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a escala visual analógica (eva) ainda é o melhor parâmetro de avaliação da intensidade da dor. Solicita-se ao paciente que assinale a intensidade de seus sintomas em uma escala de 0 a 10. ASPECTOS PSIQUICOS DA DOR A dor aguda tem sintomas psicológicos associados escassos, habitualmente, causam ansiedade leve. As vias do trato paleoespinotalâmico não são somatotrópicamente organizadas e não contribuem organizadas e não contribuem nesse aspecto (fibras C – dor crônica), porém, estão relacionadas com estruturas como a formação reticular, hipotálamo, núcleos do tálamo e sistema límbico que, por sua vez, estão envolvidas na regulação das emoções e motivacional (ação causada pela sensação dolorosa – ex: reação de retirada) Córtex parietal e temporal são responsáveis pela integração das informações sensoriais, visuais e auditivas e apresentam íntima relação com a amigdala e hipocampo. Área pré-frontal = mais importante área associativa cortical, apresenta conexões diretas com o hipotálamo, giro do cíngulo e a FR. As informações que alcançam o sistema límbico são avaliadas e, quando significativas, as emoções e comportamentos são exteriorizados. ASPECTOS COGNITIVOS-AVALIATIVO DA DOR A sensação dolorosa passou a ser relacionada com certas polaridades como prazer/castigo e bom/mau. DOR Thalita Nobrega Alvarenga O impulso doloroso chega ao CÓRTEX SOMESTÉSICO pelas vias nociceptivas de condução rápida do trato neoespinotalâmico, nas quais a informação é processada. Essa informação, juntamente com outras de natureza tátil, proprioceptiva,auditiva e visual, também já processadas, é integrada nas áreas corticais associativas, sobretudo no neocórtex temporal. Então, os componentes da memória são ativados à procura de uma experiência prévia similar. Por fim, entra em ação o julgamento da experiência sensorial, momento em que é definida como dolorosa ou não (área pré-frontal) e, dependendo de sua intensidade e do risco que a situação representa para o organismo, pode ser utilizada como estratégica de resposta padronizada ou definida uma nova. Dadas as extensas conexões dos lobos temporal (com a amigdala e hipocampo) e frontal (com o hipotálamo, tálamo e cíngulo) com o sistema límbico, o sistema cognitivo encontra-se em situação ideal para interferir nas respostas do sistema afetivo-emocional. DOR NOCICEPTIVA Causada pela ativação dos nociceptores e pela transmissão dos impulsos gerados, que percorrem as vias da dor até as regiões do SNC, onde são interpretados. Exemplos: dor secundária a agressões externas (corte na pele, fratura de um osso, picada de um inseto), dor visceral (cólica nefrética, apendicite), neuralgia do trigêmeo, dor da artrite e da invasão neoplásica dos ossos. Começa simultaneamente ao início da atividade do fator causal; sua remoção frequentemente culmina com o alívio da sensação dolorosa. A distribuição da dor corresponde à das fibras nociceptivas estimuladas. Quanto menor o número dos segmentos medulares envolvidos na inervação de uma estrutura, mais localizada é a dor (dor somática superficial). Quanto maior o número de segmentos medulares, mais difusa é a dor (somática profunda e visceral). É classificada em: I. Espontânea: expressa como pontada, facada, agulhada, aguda, rasgando, latejante, contínua, profunda, vaga, dolorimento → todas essas denominações sugerem lesão tissular. II. Evocada: Pode ser desencadeada por algumas manobras como Lasègue na ciatalgia, a dor provocada pelo estiramento da raiz nervosa, pela elevação do membro inferior afetado, estando o indivíduo em decúbito dorsal e lavar o rosto e escovar os dentes, nos pacientes com neuralgia do trigêmeo. DOR SOMÁTICA É dividida em superficial e profunda. 1. Dor somática superficial: - Forma de dor nociceptiva decorrente da estimulação de NOCICEPTORES DO TEGUMENTO. - Tende a ser bem localizada e se apresentar de maneira bem distinta (picada, pontada, rasgando, queimando) - Intensidade é variável e, de certa forma, proporcional à intensidade do estímulo. - Decorre, em geral, de trauma, queimadura, e processo inflamatório. 2. Dor Somática Profunda - Dor nociceptiva consequente à ativação de nociceptores dos MÚSCULOS, FÁSCIAS, TENDÕES, LIGAMENTOS E ARTICULAÇÕES. - Suas principais causas são: estiramento muscular, contraçãomuscular isquêmica (exercício exaustivo prologado), contusão, ruptura tendinosa e ligamentar, síndrome miofascial, artrite e artrose. - É mais difusa que a dor somática superficial, apresenta localização imprecisa, sendo em geral DOR Thalita Nobrega Alvarenga descrita como dolorimento, dor surda, dor profunda e, no caso da contração muscular isquêmica, como cãibra. - Sua intensidade é proporcional à do estímulo causal, mas comumente vai de leve à moderada. - Às vezes, pode manifestar-se como dor referida. DOR VISCERAL É a dor nociceptiva decorrente da estimulação dos NOCICEPTORES VISCERAIS. É profunda, tem características semelhantes às da dor somática profunda (difusa, difícil localização e descrita como um dolorimento ou uma dor surda, vaga, contínua, que tende a acentuar-se com a solicitação funcional do órgão acometido). Pode estar relacionada com 4 condições: ➔ Comprometimento da própria víscera (dor visceral verdadeira) ➔ Comprometimento secundário do peritônio ou pleura parietal (dor somática profunda) ➔ Irritação do diafragma ou do nervo frênico ➔ Reflexo viscerocutâneo (dor referida) Embora a dor visceral verdadeira, em geral, apresente as características mencionadas anteriormente, ela tende a se localizar próximo ao órgão que a origina. Exemplos: ➔ Dor cardíaca = localização retroesternal ou precordial ➔ Dor esofágica = Retroesternal ou epigástrica ➔ Dor gastroduodenal = epigástrio e hipocôndrio direito ➔ Dor renal = flancos A dor das vísceras maciças e dos processos não obstrutivos das vísceras ocas é descrita como SURDA. A dor dos processos obstrutivos das vísceras ocas é do tipo CÓLICA. A dor por comprometimento da pleura parietal (dor somática profunda e não visceral) é em PONTADA ou FINCADA A dor por isquemia miocárdica é CONSTRITIVA ou EM APERTO A dor por aumento da secreção de ácido clorídrico (gástrica e ulceras) é do tipo EM QUEIMAÇÃO ou ARDOR. DOR REFERIDA Sensação dolorosa superficial, que está distante da estrutura profunda (visceral ou somática) cuja estimulação nóxica é a responsável pela dor. Obedece à distribuição metamérica. A explicação mais aceita é a convergência de impulsos dolorosos viscerais e somáticos superficiais e profundos para neurônios nociceptivos comuns localizados no corpo dorsal da medula espinal (sobretudo a lâmina V) Visto que o tegumento apresenta um suprimento nervoso nociceptivo maior do que o das estruturas profundas somáticas e viscerais, a representação talâmica e cortical destas é muito menor do que daquela. Por conseguinte, os impulsos dolorosos provenientes das estruturas profundas seriam interpretados pelo cérebro como oriundos do tegumento e o paciente apontaria a dor neste local. Exemplos: dor na face medial do braço em pacientes com infarto agudo do miocárdio / dor epigástrica ou periumbilical na apendicite / dor no ombro em indivíduos com doença diafragmática ou irritação do nervo frênico / colecistite O apêndice parece não ser sede de dor visceral verdadeira. A dor começa na região epigástrica ou periumbilical (dor referida) e, posteriormente, por irritação peritoneal parietal, passa a ser sentida na fossa ilíaca direita (dor somática profunda). DOR IRRADIADA É sentida a distância de sua origem, porém ocorre obrigatoriamente em estruturas inervadas pela raiz nervosa ou em nervo onde houve estimulação dos nociceptores. Exemplo: ciatalgia. DOR AGUDA Desempenha papel de alerta, comunicando ao cérebro que algo está errado. Acompanha-se de manifestações neurovegetativas e desaparece com a remoção do fator causal ou resolução do processo patológico. DOR CRÔNICA DOR Thalita Nobrega Alvarenga Persiste por um período superior ao necessário para a cura de um processo mórbido ou que está associada a afecções crônicas (câncer, artrite reumatoide, alterações degenerativas da coluna), ou, ainda, a que decorre da lesão do sistema nervoso. Não tem qualquer função de alerta e determina acentuado estresse, sofrimento e perda na qualidade de vida. DOR NEUROPÁTICA Dor por lesão neural, por desaferentação (privação de um neurônio de suas aferências) ou central (qual secundária às lesões do SNC). Etiologia variada: afecções traumáticas, inflamatórias, vasculares, infecciosas, neoplásicas, degenerativas, desmielinizantes e iatrogênicas. Início pode coincidir com a atuação do fator causal, porém, mais comumente, ocorre após dias, semanas, meses ou até anos. Em geral, o fator causal não pode ser removido por ter deixado de agir ou por ser impossível de interrompê-lo. A maioria dos pacientes apresenta déficit sensorial clinicamente detectável A distribuição da dor tende a sobrepor-se, pelo menos parcialmente, à perda sensorial. A dor neuropática apresenta-se pelo menos em uma das formas (constante, intermitente e evocada). Ainda não há certeza sobre quais mecanismos fisiopatológicos estão envolvidos, mas a lesãodo trato neoespinotalamico parece ser condição necessária para o seu aparecimento. Sabe-se também que esse tipo de dor é gerado dentro do sistema nervoso, independentemente de qualquer estímulo externo ou interno. A secção do trato neoespinotalamico é tão eficaz em eliminar a dor nociceptiva agrava a dor neuropática (COMPONENTE CONSTANTE). O mecanismo mais provável envolvido é a DESAFERENTAÇÃO. Quando um neurônio é privado de suas aferências, aparecem diversas alterações como: 1. Degeneração dos terminais pré-sinápticos 2. Reinervação do sítio desaferentado por axônios vizinhos 3. Substituição de sinapses inibitórias por outras excitatórias 4. Ativação de sinapses anteriormente inativas 5. Aumento de eficácia de sinapses antes pouco eficazes Essas alterações acabam tornando as células desaferentadas HIPERSENSIVEIS (células explosivas) Sua hiperatividade espontânea seria o substrato fisiopatológico para a dor constante (queimação ou formigamento) Outra hipótese é que o componente constante da dor neuropática se deva à hiperatividade das vias reticulotalâmicas e do tálamo medial (e hipoatividade do circuito modulatório) A dor constante ocorre em praticamente 100% dos casos sendo, em geral, descrita como DOR EM QUEIMAÇÃO ou DORMENTE ou FORMIGAMENTO ou como um DOLORIMENTO. Trata-se de uma DISESTESIA (sensação anormal desagradável) normalmente nunca experimentada pelo paciente. A dor neuropática INTERMITENTE decorre da ativação das vias nociceptivas pela cicatriz formada no foco lesional ou por ênfase (impulsos motores descendentes cruzam para as vias nociceptivas no sitio de lesão do sistema nervoso). A secção completa da via neoespinotalâmica elimina esse tipo de dor. Mais frequente nas lesões nervosas periféricas e da medicula espinal, sendo rara nas lesões encefálicas Relatada como DOR EM CHOQUE, AGUDA. A dor EVOCADA se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes de desaferentação. A reinvenção de células nociceptivas desaferentadas por aferentes táteis, por exemplo, poderiam tornar as células hiper-responsivas aos estímulos dolorosos, manifestando-se clinicamente sob a forma de hiperpatia. A secção do trato neoespinotalâmico pode aliviar essa dor. Presente em mais de metade dos casos Mais comum nas lesões encefálicas Também frequente nas lesões medulares e do sistema nervoso central periférico, podendo DOR Thalita Nobrega Alvarenga manifestar-se na forma de alodínia ou de hiperpatia. DOR MISTA É aquela que decorre dos 2 mecanismos anteriores (dor somática e visceral), como a DOR ONCOLÓGICA → se deve tanto ao estímulo excessivo dos nociceptores quanto à destruição das fibras nociceptivas. DOR PSICOGÊNICA Toda dor tem um componente emocional associado, o que varia é a sua magnitude. Porém, está dor é inteiramente distinta, para qual não há qualquer substrato orgânico, sendo gerada por mecanismos puramente psíquicos. Difusa, generalizada e imprecisa. Algumas vezes, pode ser localizada e, nesse caso, em geral, sua topografia corresponde à da imagem corporal que o paciente tem da estrutura que julga doente. Assim, se imagina ter um infarto do miocárdio, a área dolorida corresponderá ao mamilo esquerdo e não a região retroesternal ou à face medial do braço esquerdo. DOR DO MEMBRO FANTASMA Dor característica de pacientes que tiveram membros amputados. A teoria atual é que o cérebro reorganiza se o estímulo sensorial é cortado. Outros demonstraram que ocorre um remapeamento do córtex somatossensorial. SITUAÇÃO PROBLEMA 1 - QUEIMADURAS O que são queimaduras As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (energia térmica, química ou elétrica) capazes de gerar calor excessivo que danifica os tecidos corporais e gera morte celular. São lesões da pele provocadas pelo calor, radiação, produtos químicos, alguns vegetais e animais podem levar a infecções. Essas lesões de pele, a depender da gravidade, podem causar uma resposta inflamatória intensa com repercussão sistêmica. De acordo com a profundidade: 1º grau: epiderme, mais superficial. Deixa a pele vermelha, depois descama a pele e após 6 dias tende a melhoras. 2º grau: superficial (epiderme) e profunda. Apresenta aspecto de bolha e pode afetar alguma vascularização ou terminações nervosas. Já corre o risco de infecção. 3º grau: acomete toda a derme, e destrói as terminações nervosas, acometendo também tecidos subcutâneos, podendo atingir vasos sanguíneos e até músculos e tecidos ósseos. Não apresentam a regeneração. Alta possibilidade de infecção. DOR Thalita Nobrega Alvarenga De acordo com o agente causador: Agentes biológicos, químicos, físicos e elétricos. De acordo com a extensão da queimadura. Pequeno queimado: queimaduras de 1° grau (qualquer percentagem), 2° grau até 5% em crianças e 10% em adultos. Médio queimado: 2° grau 5-15¢ em crianças e 10-20% em adultos, qualquer queimadura de 2° grau em mão, pé, face, pescoço, axila ou grande articulação. Queimadura de 3° grau < 5¢ em crianças e <10% em adultos, que não envolvam mão, pé, face ou períneo. Grande queimado: 2° grau > 15% em crianças e >20 % em adultos. Queimaduras de 3° grau > 5% em crianças e > 10% em adultos. 2° ou 3° grau envolvendo períneo, 3° grau atingindo mão, pé, face, pescoço ou axila. Queimaduras elétricas, com acometimento de via aérea, trauma ou paciente com outras comorbidades. Regra dos 9% para avaliar os pacientes queimados: DOR Thalita Nobrega Alvarenga ARCO REFLEXO Queimou o dedo (estímulo) → informação de dor é recebida pelos nociceptores (fibras tipo A delta) → a informação é conduzida até a medula pelos cornos dorsais (raiz nervosa dorsal) e se ramifica para dois neurônios (raiz nervosa ventral): a. Interneurônio inibitório → inibe os motoneuronios que inervam a musculatura extensora b. Interneurônio excitatórios → excitam os motoneuronios que inervam a musculatura flexora → movimento de retirada. Cuidados Imediatos: Parar o processo da queimadura; Lavar com água corrente até a dor passar; Proteger com tecido seco, estéril ou limpo. Cuidados posteriores: Enxerto de pele, retirado de outras partes do corpo Outros cuidados: de acordo com o tipo, grau, e superfície corporal afetada pela queimadura Em alguns casos, acima de 15% da superfície corporal queimada, deve se resfriar a queimadura, mas aquecer o paciente, para evitar o risco de hipotermia. MEDIDAS GERAIS PARA O TRATAMENTO DE QUEIMADURAS: Limpe a ferida com água e clorexidina desgermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares. Administre toxoide tetânico para profilaxia/ reforço antitétano. Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse. Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo. Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico. Curativo exposto na face e no períneo. Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe. Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático apenas às queimaduras DOR Thalita Nobrega Alvarenga potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso. Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via. As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar deescarotomia para melhorar a expansão da caixa torácica. Para escarotomia de tórax, realize incisão em linha axilar anterior unida à linha abaixo dos últimos arcos costais. Para escarotomia de membros superiores e membros inferiores, realize incisões mediais e laterais. Habitualmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há necessidade de se proceder à hemostasia. Termorreceptores na pele: TRP Termorreceptores: Fibras C, não mielinizadas, dor lenta/crônica, reconhecem o calor (corpúsculo de Ruffini) Fibras A-delta, mielinizadas, dor rápida/aguda, reconhecem o frio (corpúsculo de Krauser) MECANISMOS FISIOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR Sistema de analgesia: é uma capacidade que o próprio encéfalo tem de suprir essa dor e depende de cada indivíduo. Neurotransmissores envolvidos: encefalina e serotonina A encefalina também inibe o sistema de arco- reflexo, e quando a pessoa apresenta muita encefalina pode não apresentar esse sistema Os neurônios serotoninérgicos também podem ativar a liberação de endorfina que ativa o sistema opióide de analgesia. O grau de reação da pessoa à dor varia muito. Isso resulta parcialmente da capacidade do próprio encéfalo de suprimir as aferências de sinais dolorosos para o sistema nervoso, pela ativação do sistema de controle de dor, chamado sistema da analgesia. O sistema de analgesia consiste em três grandes componentes: 1. as áreas periventricular e da substância cinzenta periaquedutal do mesencéfalo e região superior da ponte que circundam o aqueduto de Sylvius e porções do terceiro e do quarto ventrículo. Os neurônios dessas áreas enviam sinais para: 2. o núcleo magno da rafe, delgado núcleo da linha média, localizado nas regiões inferior da ponte e superior do bulbo, e o núcleo reticular paragigantocelular, localizado lateralmente no DOR Thalita Nobrega Alvarenga bulbo. Desses núcleos, os sinais de segunda ordem são transmitidos pelas colunas dorsolaterais da medula espinhal, para 3. o complexo inibitório da dor localizado nos cornos dorsais da medula espinhal. Nesse ponto, os sinais de analgesia podem bloquear a dor antes dela ser transmitida para o encéfalo. A estimulação elétrica, tanto na área cinzenta periaquedutal, quanto no núcleo magno da rafe, pode suprimir muitos sinais de dor fortes que entram pelas raízes espinhais dorsais. Além disso, a estimulação de áreas encefálicas, ainda mais altas, que excitam a substância cinzenta periaquedutal, também pode suprimir a dor. Algumas dessas áreas são: 1. os núcleos periventriculares do hipotálamo, localizados na região adjacente ao terceiro ventrículo, e 2. em menor grau, o fascículo prosencefálico média, também no hipotálamo. Vários neurotransmissores estão envolvidos no sistema da analgesia; em especial, destacam-se a encefalina e a serotonina. Muitas fibras nervosas, derivadas dos núcleos periventriculares e da substância cinzenta periaquedutal, secretam encefalina por suas terminações. Assim, como mostrado na Figura 48-4, as terminações de várias fibras, no núcleo magno da rafe, liberam encefalina quando estimuladas. As fibras que se originam nessa área enviam sinais aos cornos dorsais da medula espinhal para a secreção de serotonina em suas terminações. A serotonina faz com que os neurônios locais da medula também secretem encefalina. Acredita-se que a encefalina cause as inibições pré-sináptica e pós-sináptica das fibras de dor, os aferentes dos tipos C e A§, em suas sinapses nos cornos dorsais. Assim, o sistema da analgesia pode bloquear os sinais dolorosos, no ponto de entrada inicial para a medula espinhal. De fato, ele também pode bloquear muitos reflexos locais da medula espinhal que resultem de sinais dolorosos, especialmente os reflexos de retirada. Paracetamol Os seus efeitos analgésicos decorrem de se tratar de um potente inibidor da síntese de prostaglandinas, por diminuírem os níveis de PGE2 do sistema nervoso central (SNC) a partir da ciclooxigenase, e por atuar perifericamente bloqueando a geração de impulsos nos quimiorreceptores sensíveis à bradicinina, responsáveis pela ação dos impulsos nociceptivos. O seu efeito analgésico também é provocado por ser um antagonista do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA) e da substância P da espinal medula (neurotransmissor responsável pela modulação da dor), e por ter uma ação inibitória sobre os mecanismos do óxido nítrico espinal. a COX-2 é a principal isoenzima da COX envolvida na síntese de prostaglandinas quando as concentrações de ácido araquidônico são baixas. O paracetamol reduz a febre, bloqueando a formação e a libertação de prostaglandinas no sistema nervoso central (SNC) e inibe a ação de pirogênicos endógenos nos receptores N-metil-d-aspartato (NMDA) do hipotálamo, resultando em vasodilatação periférica, sudorese e dissipação de calor. O acetaminofeno, o conhecido paracetamol, apesar de algumas vezes ser classificado como AINE, não é tecnicamente um exemplo dessa classe de medicamentos. Para que um medicamento seja considerado um AINE ele necessariamente precisa ter efeitos: antipirético; analgésico e anti-inflamatório. O paracetamol não tem efeitos anti-inflamatórios, em razão da sua fraca inibição das COX, tendo somente efeitos de controle da febre (antipiréticos) e analgésico. O paracetamol é considerado como um dos analgésicos e antitérmicos mais seguro, quando utilizados em posologias e doses adequadas. Mas seu baixo preço e facilidade de aquisição tem provocado o aparecimento de alguns casos de superdosagem, onde a ingestão de altas doses de paracetamol (acima de 10g/dia) resulta em hepatotoxicidade. DOR Thalita Nobrega Alvarenga O paracetamol não inibe a agregação plaquetária, constituindo o analgésico de escolha quando existe tendência hemorrágica. O paracetamol, em doses terapêuticas, é metabolizado a conjugados glicuronídeos e sulfatos não tóxicos e é oxidado em pequena fração formando traços do metabólito altamente reativo, N-acetil-p- benzoquinona imina (NAPQI). Em dosagem terapêutica, o NAPQI se liga à glutationa nucleofílica, mas quando ocorre uma overdose (geralmente > 10 g de paracetamol), no entanto, pode ocorrer o esgotamento da glutationa, as principais vias metabólicas são saturadas e as concentrações hepatotóxicas de NAPQI podem ser formadas, gerando um quadro de necrose hepática. As doses diárias tóxicas do paracetamol são 150 mg/kg nas crianças e 7,5g em adultos. Em pacientes previamente hígidos, os sintomas da intoxicação só costumam aparecer em doses superiores à 250 mg/kg em crianças e 12g em adultos, no período de 24 a 48 horas. Doses tóxicas (10 a 15g - fatais) causam lesão hepática, potencialmente fatal, pela saturação de enzimas conjugadoras, fazendo com que seja convertido em oxidases, reagindo com proteínas celulares e levando a célula à morte (necrose) Os pacientes com doença hepática, hepatite viral ou história de alcoolismo correm mais riscos de hepatotoxicidade induzida pelo paracetamol. (Nota: a N-acetilcisteína, que contém grupos sulfidrila aos quais os metabólitos tóxicos podem se fixar, é um antídoto em casos de dosagem excessiva. O paracetamol deve ser evitado em pacientes com insuficiência hepática grave. Anti-inflamatórios Os fármacos anti-inflamatórios podem ser divididos, de forma conveniente, em sete grandes grupos: Fármacos que inibem a enzima ciclo-oxigenase (COX) – os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) e os coxibes Fármacos antirreumáticos – os chamados antirreumáticos modificadores da doença (ARMD), incluindo alguns imunossupressores Glicocorticoides Anticitocinas e outros agentes biológicos Anti-histamínicos utilizados para o tratamento da inflamação alérgicaFármacos usados especificamente para controlar a gota. ➢ AINES (anti-inflamatórios não esteroides) -Analgésico Diminuição de PG E2 e prostaciclina - diminui vasodilatação e edema (de forma indireta). Além da inibição da COX, alguns AINES tem efeito removedor de radicais de oxigênio - produzidos pelos macrófagos e neutrófilos. A aspirina inibe a expressão do fator de transcrição gênica NFkB (relacionado com citocinas pró-inflamatórias. -Antipirético no SNC a IL-1 (liberadas pelos macrófagos em decorrência de endotoxinas bacterianas, libera PG E2 que ajustam o termômetro hipotalâmico (pela dilatação dos vasos superficiais, sudorese). Com a ação do fármaco, essas PG são inibidas inibindo, por consequência, essa ação. Podem ter efeito antipirético adicional por efeitos ainda desconhecidos. -Anti-inflamatório Anti-inflamatórios Os tradicionais anti-inflamatórios não esteroides (AINES) atuam inibindo a COX, impedindo a síntese de eicosanóides pela via metabólica da cascata do ácido araquidónico. Estes anti-inflamatórios apresentam atividades analgésica, antipirética e anti-inflamatória. Constituem uma classe terapêutica muito utilizada no tratamento de leve ou moderada, dor aguda e crónica, no entanto em situações de dor intensa não são usados isoladamente, mas apresentam uma resposta bastante eficaz quando associados aos opióides (MacPherson, 2000) EFEITOS COLATERAIS: - Gastrointestinais: inibição das prostaglandinas, lesão na mucosa DOR Thalita Nobrega Alvarenga gástrica, náuseas, ulcerações, hemorragias. - Cardiovasculares: arritmia, aumenta chances de trombose. - Respiratórios: asma. - Renais (nefropatia analgésica - pela inibição da manutenção da vasodilatação compensatória, levando à vasoconstrição renal prolongada) - reações cutâneas ainda são incertas, mas pode ocorrer vermelhidão, fotossensibilidade. A COX1 é fisiológica e constitutiva e sua presença independe de estar acontecendo algum processo inflamatório, sendo responsável por produzir as protaglandinas com ações fisiológicas. Ela está mais presente na mucosa duodenal e nas plaquetas. A COX2 é inflamatória, sendo sua produção induzida por mediadores inflamatórios. Está presente nos rins, no sistema nervoso central (SNC) e no endotélio vascular. Já a LOX só existe em condições inflamatórias e produz os leucotrienos e lipoxinas DIPIRONA Atua em ciclooxigenase cerebrais inibindo COX-3 em corno dorsal da medula espinal. A dipirona (metamizol) é também um analgésico indicado no controle da dor de intensidade leve à moderada. Sua atividade analgésica, apesar de não ser completamente elucidada, é atribuída à depressão direta da atividade nociceptora; consegue diminuir o estado de hiperalgesia persistente por meio do bloqueio da entrada de cálcio e da diminuição dos níveis de AMP cíclico (AMPc) nas terminações nervosas. Efeitos adversos: A superdosagem deste medicamento pode causar vômitos, náuseas, problemas renais, dor abdominal e mais raramente convulsões, vertigem, sonolência, coma, queda da pressão sanguínea, podendo também ocasionar arritmias cardíacas. Agranulocitose provocada pela dipirona Apesar de ser um fármaco bem tolerado pela imensa maioria das pessoas, a dipirona/metamizol foi proibida em diversos países após alguns relatos de pacientes que desenvolveram agranulocitose. A agranulocitose é uma situação na qual há uma queda abrupta no número dos granulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos), que são algumas formas de glóbulos brancos, células do nosso sistema imunológico responsáveis pelo combate a germes invasores. A agranulocitose induzida pela dipirona, apesar de temporária e reversível, é um quadro potencialmente fatal, pois pode deixar o paciente completamente indefeso contra infecções. SITUAÇÃO PROBLEMA 2 – DOR NOCICEPTIVA E AGUDA LOMBALGIA Principais causas (principalmente Hérnia de Disco): Principais causas da Hérnia de Disco: A causa mais comum de hérnia de disco é um processo degenerativo DOR Thalita Nobrega Alvarenga no qual, à medida que os humanos envelhecem, o núcleo pulposo fica menos hidratado e enfraquece. Esse processo levará a uma hérnia de disco progressiva que pode causar sintomas. A segunda causa mais comum de hérnia de disco é o trauma. Outras causas incluem distúrbios do tecido conjuntivo e distúrbios congênitos, como pedículos curtos. A hérnia de disco é mais comum na coluna lombar, seguida pela coluna cervical. Osteofitose: o osteofito é uma formação óssea anormal, produzida na proximidade das articulações das vértebras, que traz como consequência dores fortes e queimação na região afetada e limitações de movimentos. Isso acontece devido a uma articulação sofrer uma sobrecarga de peso e, assim, a superfície articular aumenta para, consequentemente, diminuir a pressão sobre o joelho, por exemplo. Isso também acontece como consequência da má postura. Essas articulações deformadas são o resultado de uma ausência completa da cartilagem que funciona como amortecedor entre os ossos. A presença de um osteófito significa a presença de uma artrose. Artrose: é uma doença que ataca e prejudica as articulações, principalmente nas regiões a coluna, dos joelhos, dos quadris e das mãos. A artrose acomete as articulações, desgasta a cartilagem que reveste os ossos e ainda pode danificar os ligamentos, o líquido sinovial (lubrificante) e a membrana sinovial (que protege o osso na articulação). à Artrose primária: Esse tipo de artrose tem como principal causa o uso excessivo de uma articulação, embora também possa surgir devido ao envelhecimento do indivíduo. Esses danos à cartilagem também podem estimular calcificações em alguns pontos das articulações e, assim, são formados os osteófitos. FATORES DE RISCO Idade (entre 4a e 5a década, média 37 anos), falta de condicionamento físico, má higiene postural, ocupações que exigem movimentos bruscos/repetitivos na lombar. Fatores constitucionais, individuais, posturais e ocupacionais, exercem influência na ocorrência das lombalgias. Dentre os ocupacionais, destacam-se as sobrecargas na coluna lombar gerada pelo levantamento de peso, deslocar objetos pesados, permanecer sentado prolongadamente, expor-se a estímulos vibratórios prolongadamente, isoladamente ou combinadamente. Fatores individuais como o ganho de peso, a obesidade, a altura, a má postura, a fraqueza dos músculos abdominais e espinais e a falta de condicionamento físico são fatores de risco para o desenvolvimento da lombalgia. Transtornos psicossociais como depressão, hipocondríase, histeria, alcoolismo, fumo, divórcio, descontentamento, desmotivação com as atividades ocupacionais, entre outros são mais frequentes nos indivíduos com lombalgia. FISIOPATOLOGIA É uma dor neuropática Acredita-se que a fisiopatologia da hérnia de disco seja uma combinação da compressão mecânica do nervo pelo núcleo pulposo saliente e o aumento local das quimiocinas inflamatórias. A herniação é mais provável de ocorrer póstero- lateralmente, onde o anel fibroso é mais fino e não tem o suporte estrutural dos ligamentos longitudinais anterior ou posterior. Devido à sua proximidade, uma hérnia póstero-lateral tem maior probabilidade de comprimir a raiz nervosa. Por outro lado, a compressão da medula espinhal e a mielopatia clínica podem ocorrer se houver uma herniação de um grande disco da linha média. A dor nas costas localizada é uma combinação da pressão do disco herniado no ligamento longitudinal e irritação química devido à inflamação local. A origem da dor é provavelmente multifatorial, envolvendo estímulo mecânico das terminações nervosas da porção externa do anel fibroso, compressão direta da raiz nervosa (com ou sem isquemia) e uma sériede fenômenos inflamatórios induzidos pelo núcleo extruso. Em decorrência da compressão mecânica da raiz nervosa pela hérnia discal, há isquemia e fenômenos que sensibilizam a membrana à dor. Estudos DOR Thalita Nobrega Alvarenga demonstram que o limiar de sensibilização neuronal para uma raiz comprimida é cerca da metade do dos segmentos não comprimidos. Existe uma diferença nos níveis de infiltração celular inflamatória em hérnias discais extrusas e não extrusas, menores nestas últimas. Acredita-se que a ruptura do ligamento longitudinal posterior pelas hérnias extrusas as expõe ao leito vascular do espaço epidural, e células inflamatórias originadas desses vasos na periferia do material discal herniado podem ter um papel importante na irritação da raiz nervosa e na indução da dor ciática. Isso pode explicar por que hérnias extrusas têm maior compromisso clínico e maior frequência de reabsorção. Portanto, pode-se afirmar que em pacientes com hérnias contidas predomina o efeito compressivo mecânico e em pacientes com hérnias não contidas - extrusas - predomina o componente inflamatório. QUADRO CLÍNICO ■ Estenose de canal lombar: a clínica é a claudicação neurogênica, na qual o paciente apresenta perímetro de marcha, ou seja, distância percorrida determinada a partir da qual passa a apresentar sintomas. Repouso de poucos minutos melhora a dor. Tipicamente, melhora com flexão e piora com extensão da coluna lombar. Principal diferencial é com claudicação vascular. Como os pacientes apresentam características epidemiológicas comuns, para diferenciar as 2 condições, usa-se a palpação de pulsos periféricos e teste ergométrico em bicicleta: a dor piora na claudicação vascular e não se modifica na neurogênica. ■ Síndrome de cauda equina: hipoestesia em sela em região perineal e porções proximais das coxas; disfunção esfincteriana anal ou vesical; dor radicular com irradiação abaixo dos joelhos. Decorre de causa grave, pois não há elementos mecânicos que levem à compressão na topografia da cauda equina. Causas possíveis incluem tumores, hérnias extrusas, fraturas, infecções, traumatismos e sangramentos. Dessa maneira, os pacientes que apresentam a síndrome devem ser imediatamente encaminhados para avaliação neurocirúrgica. EXAME FÍSICO (exames clínicos e exames complementares necessários para diagnóstico diferencial) HISTÓRIA → Três perguntas devem ser feitas inicialmente: 1. Existe evidência de doença sistêmica grave (infecção, neoplasia)? – Usar os sinais de alarme. 2. Existe comprometimento neurológico? 3. Existe substrato psicossocial que favoreça a cronificação do quadro? Sinais de alarme A presença de 1 deles indica solicitação de exames: ■ história de neoplasia; ■ idade > 50 anos; ■ perda de peso; ■ febre; ■ dor de características inflamatórias – piora à noite, rigidez matinal, melhora com atividade; ■ uso de corticosteroides, outros imunossupressores ou drogas EV, presença de cateteres e invasões; ■ história de trauma recente; ■ história de osteoporose; ■ duração prolongada da dor (> 1 mês, pois essa é a duração da maioria dos quadros de lombalgia) ou sem melhora com medicação habitual; ■ alteração gastrointestinal ou geniturinária. Se houver presença de síndrome de cauda equina, sempre investigar, de preferência com o paciente internado. EXAME CLÍNICO Inspeção da coluna e postura observar simetria, trofismo muscular, ocorrência de lesões como hematomas, tumorações, cicatrizes. Observar se há simetria no ângulo do talhe, figura geométrica formada entre o contorno da cintura e o braço. TESTES O teste de Lasegue, realizado por meio de elevação passiva do membro inferior com o joelho em extensão, DOR Thalita Nobrega Alvarenga avalia a tensão do nervo ciático, que geralmente ocorre entre os 35º e 70º da flexão do quadril. Esse teste pode ser negativo em pacientes que apresentam hipermobilidade das articulações. Outra manobra que deve ser realizada é a de Patrick ou Fabere, executada com o paciente em posição supina, com o quadril e o joelho flexionados, e o pé apoiado sobre o joelho contralateral. O examinador fixa a pelve com uma das mãos e, ao mesmo tempo, com a outra mão, exerce pressão sobre o membro. Consideramos positivo causa ou intensifica a dor. De uma maneira geral, esses são os testes básicos para detectar a presença de hérnia de disco cervical ou lombar. EXAMES DE IMAGEM A radiografia da coluna visualiza as vértebras e seus processos espinhosos e permite avaliar a presença de protrusões, lesões e alterações ósseas. A tomografia computadorizada (TC) nos permite realizar um estudo da coluna em mais de uma dimensão, além de tornar o canal medular mais visível, entretanto expõe o paciente a altos níveis de radiação A Ressonância Magnética (PADRAO OURO), além de ser o melhor método para avaliar o disco intervertebral, é o exame mais específico dentre os utilizados, pois, além das informações dos exames anteriores, proporciona detalhes sobre a integridade dos nervos, vasos, ligamentos, medula espinhal e, ainda, permite um estudo cirúrgico para correção de compressões nervosas, níveis de desgastes e presença tumores. FÁRMACOS PARA DOR NEUROPATICA A combinação de dois ou mais fármacos é uma das estratégias terapêuticas atrativas e comuns na prática clínica. Recentes avanços na compreensão da fisiopatologia da dor neuropática sugerem que há diferentes mecanismos, tanto periféricos quanto centrais, indicando que a farmacoterapia combinada ou multimodal, direcionada a múltiplos mecanismos simultaneamente, podem propiciar melhor eficácia analgésica. Os efeitos sinérgicos entre os fármacos podem diminuir os efeitos adversos pela redução das doses dos fármacos combinados GABAPENTINÓIDES Os gabapentinóides, pregabalina e gabapentina, atuam como ligantes à subunidade alfa-2- delta dos canais de cálcio voltagem-dependentes pré-sinápticos. Esses fármacos regulam a entrada de cálcio no neurônio pré- sináptico diminuindo a liberação de neurotransmissores excitatórios na fenda sináptica. Ambos são bem tolerados e têm poucas interações farmacológicas, pois não fazem metabolização hepática, são excretados via renal, necessitando de ajuste de dose em nefropatas. Os gabapentinóides têm sido empregados com sucesso na DN de várias doenças, na profilaxia da dor crônica após eventos agudos, e diminuem o consumo de opioides no intraoperatório. São fármacos de primeira linha da farmacoterapia da DN. MECANISMO DE AÇÃO Os fármacos antiepilépticos têm como objetivo inibir a despolarização neuronal anômala, em vez de corrigir a causa do fenômeno. Três mecanismos de ação principais parecem ser importantes: 1. Potencialização da ação do GABA. 2. Inibição da função dos canais de sódio. 3. Inibição da função dos canais de cálcio. Potencialização da ação do GABA Vários antiepilépticos (p. ex., fenobarbital e benzodiazepínicos) potencializam a ativação dos receptores GABA, assim facilitando a abertura dos canais de cloreto mediados pelo GABA. A vigabatrina atua inibindo irreversivelmente a enzima GABA transaminase, responsável pela inativação do GABA, nos astrócitos e terminais nervosos GABAérgicos. A tiagabina é um inibidor equipotente de transportadores GAT1, neuronais e gliais, do GABA, inibindo assim a remoção do GABA das sinapses. Potencializa a concentração extracelular do GABA, conforme demonstrado em experimentos de microdiálise, potencializando e prolongando ainda as respostas sinápticas mediadas pelo GABA, no cérebro. Inibição da função dos canais de sódio muitos fármacos antiepilépticos afetam a excitabilidade da membrana por ação sobre os canais de sódio dependentes de voltagem, que possuem a corrente de entrada DOR Thalita Nobrega Alvarenganecessária para a geração de um potencial de ação. Sua ação bloqueadora mostra a propriedade de dependência do uso; em outras palavras, bloqueiam, preferencialmente, a excitação das células que estão disparando repetitivamente, e quanto mais alta a frequência dos disparos, maior o bloqueio produzido. Esta característica, relevante para a capacidade dos fármacos de bloquearem a despolarização de alta frequência que ocorre na crise epiléptica, sem interferir indevidamente nos disparos de baixa frequência dos neurônios no estado normal, origina-se da capacidade dos fármacos bloqueadores de discriminarem canais de sódio em seus estados de repouso, aberto e inativado. A despolarização de um neurônio (como ocorre no DDP descrito anteriormente) aumenta a proporção de canais de sódio no estado inativado. Os antiepilépticos ligam-se preferencialmente aos canais neste estado, impedindo-os de retornar ao estado de repouso e, desse modo, reduzindo o número de canais funcionais disponíveis para gerar potenciais de ação. A lacosamida potencializa a inativação dos canais de sódio, mas ao contrário de outros fármacos antiepilépticos, parece afetar os processos de inativação lentos em vez dos rápidos. Inibição dos canais de cálcio Todos os fármacos que são usados para tratar crises de ausência (p. ex., etossuximida e valproato) parecem compartilhar a capacidade de bloquear os canais de cálcio ativados por baixa voltagem do tipo T. A atividade do canal do tipo T é importante para a determinação da despolarização rítmica dos neurônios do tálamo associados às crises de ausência (Khosravani et al., 2004). A gabapentina, embora desenhada como um simples análogo de GABA, que seria suficientemente lipossolúvel para penetrar a barreira hematoencefálica, deve seu efeito antiepiléptico principalmente à ação sobre os canais de cálcio do tipo P/Q. Ao ligar-se a uma subunidade em particular do canal (α2δ(delta) 1), a gabapentina e a pregalabina (um análogo relacionado) reduzem o tráfego para a membrana plasmática dos canais de cálcio que contém esse subunidade, reduzindo, dessa forma, a entrada de cálcio nos terminais nervosos e reduzindo a liberação de diferentes neurotransmissores e moduladores. Gabapentina e pregabalina A gabapentina é eficaz nas crises parciais. Seus efeitos adversos (sonolência, cefaleias, fadiga, vertigens e ganho de peso) são menos intensos do que com muitos antiepilépticos. A absorção da gabapentina no intestino depende do sistema transportador de aminoácidos e mostra propriedade de saturabilidade, que significa que aumentar a dose não aumenta proporcionalmente a quantidade absorvida. Isso torna a gabapentina relativamente segura e livre de efeitos adversos associados à sobredosagem. Sua meia-vida plasmática é de cerca de 6 horas, exigindo posologia de 2-3 vezes ao dia. É livre de interações com outros fármacos. É usada também como analgésico para tratar dor neuropática. A pregabalina, um análogo da gabapentina, é mais potente, porém, em tudo o mais, muito semelhante. Como esses fármacos são eliminados inalterados na urina, precisam ser usados com cuidado nos pacientes cuja função renal esteja comprometida. IMPACTOS PSICOSSOCIAIS E OCUPACIONAIS (*) Considerando a dor no contexto/modelo biopsicossocial, as ações em saúde implicam tratar não somente a dor física, do ponto de vista sensitivo, com uso de drogas, mas dar apoio a outras dimensões da vida em que haja repercussão, para as quais não há medicamento. Relações familiares, de trabalho, em comunidade, renda, acessibilidade (física e social), aspectos psíquicos pessoais e experiências gerais ou história de vida, fé e religião, cultura, aspectos legais, qualidade do sono, dentre muitas outras dimensões que interferem na qualidade de vida devem ser avaliados e cuidados. Essas dimensões da vida, se não forem cuidadas, podem dificultar o tratamento da dor física. É por isso que o tratamento farmacológico da dor, exclusivamente, é insuficiente na maioria dos casos de dor crônica. Nesse sentido, a complexidade da dor exige assistência em saúde de forma multidisciplinar e bem estruturada, tanto do ponto de vista do ambiente profissional quanto da formação dos recursos humanos. SITUAÇÃO PROBLEMA 3 – FIBROMIALGIA DOR Thalita Nobrega Alvarenga Trigger points → MIOFASCIAL Tender points → FIBROMIALGIA PONTOS GATILHO Detalhadamente, os PGs consistem em uma disfunção focal dentro do músculo, onde a fibra muscular está contraída ao máximo (“nó de contração”). Os fatores que desencadeiam os PGs são a sobrecarga e fadiga muscular, devido ao excesso de trabalho e traumas locais. Com isso, é gerado um processo anormal de liberação de acetilcolina na placa mioneural, com despolarização sustentada e consequentemente encurtamento dos sarcômeros. Esse fato aumenta a demanda de energia local, e ao mesmo tempo, comprime os vasos sanguíneos locais, reduzindo os suprimentos de oxigênio e nutrientes, além de liberar substâncias nociceptivas, as quais contribuem para a liberação de mais acetilcolina no terminal nervoso. Chamamos isso de crise energética local, que consiste em um ciclo vicioso autossustentado. SINDROME DA DOR MIOFASCIAL Paciente se queixa de uma dor focal que é agravada pelo uso do musculo ou por fatores como o estresse psicológico que causam aumento da tensão muscular A dor se dissipa após repouso apropriado em poucos dias Os pontos gatilho miofasciais costumam desempenhar um papel nas mal caracterizadas síndromes da dor focal, como: dor lombar, maxilar, pélvica e cabeça. Um ponto gatilho miofascial é um ponto bem definido de hipersensibilidade focal em determinado músculo. A palpação revela enrijecimento do musculo adjacente (banda retesada), frequente pseudofraqueza do musculo envolvido e dor referida sob pressão contínua. Pacientes com síndrome de dor miofascial apresentam sensibilidade nos músculos e tecidos moles afetados. Os pontos-gatilhos que surgem nos músculos eretores da espinha, na fáscia glútea e na fáscia pré-sacral são comuns As características da SDM são: - Dor difusa em um músculo ou grupo de músculos; - Dor regional em peso, queimação ou latejamento, surtos de dor e referência de dor à distância; às vezes há queixas de parestesias (sem padrão neuropático); - Banda muscular tensa palpável contendo PGs; - Ausência de padrão de dor radicular ou neuropática; - Reprodução das queixas ou alterações das sensações durante a compressão do ponto miálgico; - Ocorrência de reação de contração local (RCL) durante a inserção da agulha ou palpação no sentido transversal do ponto hipersensível da banda muscular; - Alívio da dor após o estiramento do músculo ou após a infiltração no ponto sensível; - Possível limitação da amplitude de movimento; - Encurtamento muscular ao estiramento passivo; - Possível redução da força muscular ao teste manual. DOR Thalita Nobrega Alvarenga Tratamento farmacológico Analgésicos e anti-inflamatórios Relaxantes musculares Antidepressivos tricíclicos Inibidores de recaptação da serotonina Tratamento não farmacológico Fase aguda: crioterapia (imersão em água fria, compressas de gelo, sprays e recursos de importância no controle da dor) Iontoforese (introdução de radicais químicos nos tecidos, através de um campo elétrico) com histamina e eletroterapia. Cinesioterapia (cinesioterapia) - manter a amplitude articular. Fase subaguda e crônica: calor superficial (compressas quentes, banhos de parafinas, raios infravermelhos) ou profundo (ultra-som, ondas curtas e microondas) Terapia manual: Consiste no uso de técnicas de massagem tecidual. As técnicas de liberação miofascial, como a massagem transversa profunda, a massagem de zona reflexa, o shiatsu,a massagem de Rolfing, a de John Barnes e a miofascioterapia, entre outras, liberam o músculo e a fáscia e baseiam-se na pressão manual sobre as fáscias musculares, liberando as restrições fasciais. A dor muscular pode ocorrer após o tratamento, sendo recomendado o uso de gelo, de calor ou de corrente elétrica para seu alívio. A acupuntura e o agulhamento seco dos PGs são métodos eficazes no tratamento da dor musculoesquelética. Além de proporcionar relaxamento muscular, estimulam o sistema supressor endógeno de dor e, frequentemente, melhoram o sono e diminuem a ansiedade. Segundo consenso realizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos em 1997, a acupuntura é indicada como terapia adjuvante no tratamento da fibromialgia, da lombalgia e da SDM. FATORES DE RISCO Sexo feminino – meia idade Sexo masculino – idade avançada Sedentarismo Lesões recentes Estresse Ansiedade DIAGNOSTICO Diagnostico é feito por meio de exames físicos e da análise muscular dolorida. Regra: avaliação é baseada no histórico dos sintomas e na presença de pontos-gatilho, já que o local da dor não aparece em exames de imagem. Deve-se realizar o exame ortopédico do local acometido, avaliar amplitude de movimento e alinhamento articular, exame neurológico de força, sensibilidade superficial e reflexos, e depois realizar a palpação. Com a palpação plana muscular, procuramos a banda tensa (“cordão de tensão”) e nela, o PG. Os PGs ativos são identificados quando, ao aplicarmos a pressão com o dedo, é reproduzida “a dor que o paciente possui”. Durante a palpação, pode ocorrer uma reação contrátil (“twitch”) ou “sinal do pulo” – reação de retirada da palpação dos nódulos. FIBROMIALGIA QUADRO CLÍNICO E CARACTERISTICAS Polimorfo → anamnese cuidadosa e exame físico detalhado. Dor difusa e crônica → envolve o esqueleto axial e periférico Pacientes possuem dificuldade para localizar a dor → apontam para sítios periarticulares Caráter da dor → variado → queimação, pontada, peso ou contusão. Agravamento → frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico. Sintomas centrais de acompanhamento do quadro clínico → sono não reparador e fadiga Sintomas pertinentes → sensação de inchaço em MMII e MMSS DOR Thalita Nobrega Alvarenga Sintomas psicológicos/psiquiátricos → depressão (30 a 50%), ansiedade, alteração do humor e comportamento, irritabilidade. FATORES DESENCADEANTES Após lesão aguda Carga laboral repetitiva Estresse persistente Infecções Exposição a toxinas FATORES RELACIONADOS Artrite reumatoide Enxaqueca Dor lombar Lúpus eritematoso sistêmico Síndrome de Sjogren Doença inflamatória intestinal Endometriose Osteoartrite FATORES DE RISCO Não controláveis: Idade: > 45 anos Sexo: mulheres dobram a chance Histórico familiar Lesões recorrentes Outros problemas de saúde – exemplo: lúpus ou artrite Genétoca Controláveis: Obesidade FISIOPATOLOGIA A fibromialgia é descrita como um distúrbio do controle da intensidade sensorial. Processamento sensorial anormal do SNC referido como dessensibilização central que deriva de: A. Amplificação da sensibilidade dos estímulos sensoriais periféricos (calor, corrente elétrica e pressão) → interpretação pelo SNC como sensação desagradável → magnificação do input sensorial periférico → visualizada através do aumento da atividade nas áreas somatossensoriais do cérebro. B. Déficit do controle inibitório descendente do mesencéfalo → ocorre a sensibilização central → resultado da hiperexcitabilidade neuronal persistente que continua muito depois do input sensibilizante inicial ter desaparecido. A fisiopatologia, portanto, é, em partes, resultado do somatório dos impulsos neurais temporais → fibras da dor (tipo C desmielinizadas) são repetidamente estimuladas numa taxa superior a um impulso a cada 3 segundos. Ao nível bioquímico → estímulo → despolarização dos receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA) → alterações transcricionais → processamento da dor afetado Ao nível hormonal → ocorre devido a cronicidade da dor e a anormormalidades dos mecanismos nociceptivos do SNC → eixo hipotálamo-hipófise- adrenal → aumento do hormônio liberador de corticotropina (resposta sustentada ao estresse) MODULAÇÃO DA DOR FIBROMIALGICA O sistema de dor descendente (origem: núcleo cinza periaquedutal no mesencéfalo / terminação: corno dorsal) é um sistema inibitório, importante na modulação da transmissão dos impulsos nervosos para o cérebro, que está deficiente em pacientes com FM. Como ocorre: Ativação dos núcleos no mesencéfalo → responde aos opioides, endorfinas, emoções e resposta ao placebo → pode estimular ou inibir o processamento sensorial → influência da experiencia de dor DOR Thalita Nobrega Alvarenga DIAGNÓSTICO É realizado pelos critérios da ACR 2010 1. IDG: Marcar as áreas em que o paciente sentiu dor nos últimos 7 dias, contabilizar 1 ponto para cada área relatada (totaliza 19 no máximo) 2. EGS – marcar a gravidade de 0 a 3 dos seguintes sintomas nos últimos 7 dias: a. Fadiga (cansaço ao executar atividades) b. Sono não reparador (acordar cansado) c. Sintomas cognitivos (dificuldade de memória, concentração) Sendo que: 0 = ausente; 1 = leve ou intermitente; 2 = moderado: intensidade moderada, sintoma geralmente presente; 3 = grave: sintoma persistente, contínuo, com prejuízo da qualidade de vida e funcionalidade.). Sintomas somáticos (dor abdominal; cefaleia; depressão...): Considerar se o paciente apresentou, nos últimos 6 meses, nenhum sintoma (0 pontos), poucos sintomas (1 ponto), número moderado de sintomas (2 pontos) ou considerável número de sintomas (3 pontos). COMO CLASSIFICAR SE AS 3 CONDIÇÕES ESTIVEREM PRESENTES: 1) IDG ≥ 7 e EGS ≥ 5, ou IDG 3-6 e EGS ≥ 9; 2) Sintomas estáveis e presentes por pelo menos 3 meses; 3) Não haver outra causa que explique os sintomas DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Polimialgia reumática Artrite inflamatória Doenças do tecido conjuntivo conectivo: lúpus, síndrome de Sjogren Hepatite C Infeccao por HIV Doença de Lyme Infecção por parvovírus B19 Infecção pelo vírus Epstein-barr Doença degenerativa articular Sindrome da dor miofascial Bursite, tendinite, lesões por esforço repetitivo Hipo e hipertiroidismo Hiperparatireoidismo DOR Thalita Nobrega Alvarenga Esclerose múltipla Sindrome de dor neuropática Transtorno depressivo maior Uso de estatinas e inibidores da aromatase TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Objetivo: controle da dor, indução de sono e tratamento dos sintomas associados. Primeira linha: amitriptilina e ciclobenzaprina Segunda linha: tramadol, fluoxetina, sertralina, venlafaxina, duloxetina, pregabalina e gabapentina. Terceira linha: hormônio do crescimento (útil em pacientes com déficit desse hormônio) e opioides (apenas se nenhum dos fármacos de primeira e segunda linha falharem) OBS: analgésicos comuns não são efetivos no tratamento de sensibilização central, mas possuem papel importante no manuseio de alguns geradores de dor periférica. ANTIDEPRESSIVOS Os antidepressivos são os mais avaliados, em especial, os tricíclicos e seus derivados que realizam a inibição da receptação de serotonina e norepinefrina. Os medicamentos têm ação nociceptiva nas vias descendentes da medula espinal a partir da inibição da receptação de monoaminas ou pela inibição de sua degradação. POR QUE DEMORA PARA FAZER EFEITO??? Demora para resposta- uma das teorias Cientistas da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte (UNC) estudaram
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