Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GOTA ENFOQUE GERAL 1. FISIOLOGIA BASES PÚRICAS Bases nitrogenadas que compõem o nucleotídeo. Adenina (A) e Guanina (G) são purinas que, por ponte de hidrogênio, se ligam às pirimidinas Timina (T) e Citosina (C) ● Hipoxantina: é um importante constituinte de ácidos nucléicos, encontrado no anticódon do RNAt (RNA transportador). É muito utilizada como aditivo em células e culturas de parasitas como substrato e fonte de nitrogênio. ● Xantina: é uma base púrica encontrada em vários tecidos do corpo humano e em vegetais, é um dos compostos responsáveis pela cor amarela da urina de animais (do grego, Xanthos = amarelo). Uma importante substância presente no grupo das xantinas é a Cafeína, composto químico de fórmula C8H10N4O2, encontrado em plantas e usado em bebidas sob forma de infusão como estimulante, é extremamente solúvel em água a altas temperaturas, não apresenta aroma e de sabor muito amargo. ● Teobromina: alcaloide primário, muito encontrado no fruto do cacau e, portanto, presente no chocolate. É utilizada pela Medicina como vasodilatador (que dilata o vaso sanguíneo) e estimulante do coração. Futuramente pode ser utilizada no tratamento de câncer também. Catabolismo das bases púricas O ácido úrico é formado como produto final do catabolismo das purinas. A via começa quando o AMP dá origem à inosina e depois a hipoxantina e o GMP à guanina e à xantina, respectivamente. E termina quando a hipoxantina se converte em xantina e finalmente em ácido úrico, pela ação da enzima, xantina oxidase. No homem, essa concentração está próxima da saturante e seu nível resulta do balanço entre a síntese do ácido úrico e sua excreção. Quando a concentração sérica atinge valores acima de 7mg/dL, podem ser formados cristais de urato que eventualmente se precipitam em certos tecidos, especialmente nas orelhas e extremidades dos membros que apresentam temperatura ligeiramente inferior às outras regiões. 2. ANATOMIA Orelha Estruturas anatômicas Orelha externa Consiste na orelha, no meato acústico externo e na membrana timpânica. Fixada à cabeça por meio de ligamentos e músculos. - Meato acústico externo é um tubo curvo, localizado na cartilagem da orelha e no temporal e que leva à membrana timpânica. - Membrana timpânica, é uma divisão semi transparente fina entre o meato acústico externo e a orelha média. Fixa-se por um anel fibrocartilagíneo ao temporal, na base do meato acústico externo, e estende-se através da abertura. A membrana timpânica é um tanto convexa em direção à cavidade da orelha média, formando o seu ápice o umbigo da membrana timpânica Fixado ao longo da face interna superior da membrana timpânica, até o ponto do umbigo está o martelo. Meato acústico externo contém alguns pelos e glândulas, glândulas ceruminosas. Impede a lesão da pele delicada do meato acústico externo por água e insetos e a entrada de poeira e objetos estranhos. Orelha média - Pequena cavidade cheia de ar na parte petrosa do temporal - Separada da orelha externa pela membrana timpânica e da orelha interna por uma divisão óssea delgada, onde estão as aberturas janela do vestíbulo (oval) e a janela da cóclea (redonda) - Martelo, a bigorna e o estribo, ossículos da audição se localizam ali, articulados entre si por articulações sinoviais. Martelo insere-se à face interna da membrana timpânica -- cabeça do martelo com o corpo da bigorna – bigorna com cabeça do estribo -- base do estribo encaixa-se na janela do vestíbulo (oval) -Dois músculos esqueléticos, músculo tensor do tímpano (limita o movimento e aumenta a tensão sobre a membrana timpânica para impedir o dano à orelha interna em decorrência de ruídos altos) e músculo estapédio (Ao amortecer as grandes vibrações do estribo produzidas por ruídos altos, o músculo estapédio protege a janela do vestíbulo, porém também diminui a sensibilidade da audição.) - Tuba auditiva, consiste tanto em osso quanto em cartilagem elástica, conecta a orelha média com a parte nasal da faringe. Normalmente, está fechada, a se abre, possibilitando a entrada ou a saída de ar na orelha média até que a pressão na orelha média seja igual à pressão atmosférica. Se a pressão não for igualada, podem ocorrer dor intensa, comprometimento da audição, zumbido e vertigem. A tuba auditiva também constitui a via pela qual os patógenos podem passar do nariz e da faringe para a orelha média, causando o tipo mais comum de infecção de ouvido. Orelha interna/Labirinto Duas divisões principais: labirinto ósseo externo, que envolve um labirinto membranáceo interno. - Labirinto ósseo consiste em uma série de cavidades na parte petrosa do temporal, divididos em canais semicirculares, vestíbulo e a cóclea. Revestido com periósteo e contém perilinfa, circunda o labirinto membranáceo. - Labirinto membranáceo consiste em uma série de sacos e tubos epiteliais dentro do labirinto ósseo, abriga os receptores para o equilíbrio e a audição. Contém endolinfa ível de íons potássio (K+) na endolinfa é acentuadamente elevado para um líquido intersticial, e os íons potássio participam na geração de sinais auditivos -Cóclea, canal espiral ósseo, faz quase três voltas em torno de um cerne ósseo central, denominado modíolo. Dividida em três canais: o ducto coclear, a rampa do vestíbulo e a rampa do tímpano - Ducto coclear é uma continuação do labirinto membranáceo e é preenchido com endolinfa Parede vestibular (membrana vestibular) separa o ducto coclear da rampa do vestíbulo - Rampa do vestíbulo, acima do ducto coclear, termina na janela do vestíbulo, Contém perilinfa, labirinto ósseo. Se conecta a rampa do tímpano no helicotrema - Rampa do tímpano, abaixo do ducto coclear, termina na janela da cóclea. Contém perilinfa, labirinto ósseo. Se conecta a rampa do vestíbulo no helicotrema A lâmina basilar separa o ducto coclear da rampa do tímpano. Repousando sobre a lâmina basilar, encontra-se o órgão espiral ou órgão de Corti Lâmina espiralada de células epiteliais, incluindo células de sustentação e ciliadas, constituem os receptores da audição Dois grupos de células ciliadas, na extremidade apical de cada célula ciliada, encontra-se um feixe ciliado, que se estendem na endolinfa do ducto coclear. - Internas, - Externas Fazem sinapse com neurônios sensitivos de primeira ordem e com neurônios motores do nervo coclear Membrana tectória: membrana gelatinosa flexível, sobre as células ciliadas do órgão de corti. Ciliadas estão fixadas na membrana tectória e o seu corpo na lâmina basilar. MÃO Tornozelo e pé 3. FISIOPATOLOGIA Fatores de risco ● Homens ● Afrodescendentes ● Obesidade ○ Reduz a excreção renal de ácido úrico e aumenta produção de purinas ● Síndrome metabólica ● Ingesta aumentada de carne vermelha e frutos do mar ● Bebidas alcoólicas ○ Cerveja principal ● Alimentos ricos em frutose ● DRC ● Medicamentos ○ Furosemida ○ Tiazídicos ○ AAS ○ Ciclosporina ○ Pirazinamida ○ Etambutol ○ Betabloqueador Fisiopatologia da gota Os cristais de urato desencadeiam a resposta inflamatória por meio de um mecanismo que aciona o sistema imune inato (Busso e So, 2010). Ele começa com o reconhecimento dos cristais pelos receptores (TLR e CD14) das células fagocíticas que induzem sua fagocitose e a ativação do fator de transcrição NFkB, que irá transcrever o precursor da citocina, pró- IL-1β. A fagocitose dos cristais estimula a formação de um complexo citoplasmático recém- descoberto chamado de inflamossomo, constituído de um precursor da protease caspase, da proteína recrutadora da caspase (ASC) e da NALP. O complexo ativa a caspase que atuará sobre o pró-IL-1β formando a citocina ativa que será liberada do monócito e captada pelo receptor IL-1β de células endoteliais próximas. Este sinal será amplificado resultando na liberação deoutros mediadores do processo inflamatório que permitirão a migração de neutrófilos para o foco da inflamação. Genes metabólicos Vários defeitos da enzima metabólica de purina bem definidos promovem a superprodução de urato, mas eles são incomuns. Genes que influenciam a formação de cristal e inflamação deflagrada por cristal A gota não se desenvolve em muitas pessoas com hiperuricemias. Além disso, os genes atualmente conhecidos por influenciar os valores de urato respondem por apenas uma pequena proporção da hereditariedade da gota (menos de 10% quando critérios estritos são aplicados). Isso sugere que mutações diversas ou uma combinação de muitos genes “fracos” individualmente contribui para a predisposição genética a gota. Apesar das poderosas técnicas epidemiológicas e genéticas atuais, as contribuições relativas dos genes versus ambiente (“natureza vs. alimentação”) ainda são incertas. Vários polimorfismos têm sido identificados nas regiões promotora e estrutural dos genes para citocinas inflamatórias, receptores de citocina e moléculas sinalizadoras celulares, incluindo NLRP3 e membros da família IL-1. A expressão de um ou mais desses genes pode modular a resposta inflamatória aos cristais de urato. ENFOQUE CLÍNICO a) QUADRO CLÍNICO ● Hiperuricemia assintomática ○ Urato sérico ≧7,0 mg/dL ■ Sem manifestações ○ 10 a 15% desses pacientes só vão ter crise após 20 anos ● Artrite gotosa aguda ○ Artrite de início agudo e rápida instalação ■ dor máxima em 4 - 12 horas ○ Inicialmente monoarticular ■ 50% dos casos a primeira articulação a ser envolvida é a primeira metatarsofalangeana ■ pode acometer ● joelho ● tornozelos ● tarso ● cotovelos ○ Quadro inflamatório exuberante ■ + sensibilidade ■ Calor ■ Edema ■ Eritema ● Pode se estender a região periarticular e mimetizar quadro de celulite ○ Descamação da pele ■ Após resolução do quadro ■ 3 - 14 dias ● Período intercrítico ○ Intervalo assintomático entre os ataques agudos de gota ■ 60% terão crise semelhante em 1 a 2 anos ○ Com o passar do tempo as crises são mais recorrentes ■ + duradouras ■ + articulações ● Gota Tofácea Crônica ○ Depósitos subcutâneo, sinovial ou subcondral de cristais de monourato de sódio ○ Locais ■ Orelhas ■ Joelhos ■ Bursa olecraneana ■ Tendão calcâneo ■ mãos ■ punhos b) DIAGNÓSTICO c) TRATAMENTO ● OBJETIVOS ○ Alívio rápido da dor e inflamação ○ Profilaxia de crises ○ Inibir evolução para GTC ○ Evitar formação de cálculos renais ○ Controle das comorbidades ○ Alvo de acido urico sérico ■ ≦ 6 mg/dL ou <5 mg/dL se tofos ● Medidas gerais ○ Educação do paciente ■ orientar início do tratamento imediatamente com o início da crise ○ MEV ■ Perda de peso ■ Atividade física ■ Cessar tabagismo ■ Dieta ○ Evitar fármacos que elevem uricemia ● Artrite gotosa aguda ○ Iniciar tratamento nas primeiras 24 H ○ Em caso de falha ■ troca monoterapia/ associa fármacos ○ AINES ■ Naproxeno, celecoxibe, indometacina, meloxicam ■ Podem ser suspensos 2 a 3 dias após fim da crise ○ Colchicina ■ 1mg → 0,5 mg após 1 hora ● Manter 0,5 mg 2 a 3 x ao dia até resolução da crise ○ Corticoide sistemico ■ prednisona ■ Dipropionato de betametasona + fosfato dissódico de betametasona ○ Corticoide intrarticular ■ MONOARTICULAR ■ Acetato de metilprednisolona ● Terapia redutora de ácido úrico ○ Indicações ■ 2 ou mais ataques no ano ■ nefrolitíase ■ gota tofácea ■ DRC ○ Monitorar urolitíase ○ Não iniciar tratamento redutor na crise ○ Inibidor da síntese acido urico ■ Alopurinol ○ Agente uricosúrico ■ Benzbromarona ● Hiperuricemia assintomática ○ Tratar em situações de aumento abrupto da produção de acido urico ○ Considerar tratamento se AU ≧ 10 mg/dL em mulheres e ≧ 13 mg/dL em homens i) Farmacologia ● AINES ○ Os AINEs são capazes de inibir as enzimas ciclo-oxigenases (COXs), responsáveis pela síntese das prostaglandinas e tromboxano. Os AINEs tradicionais inibem tanto a COX 1 (enzima dita constitutiva por ser encontrada em diversos tecidos do organismo) quanto a COX 2 (enzima dita induzida por mediadores inflamatórios). ○ A inibição da síntese de prostaglandinas explica os efeitos terapêuticos e colaterais comuns ao grupo, como efeito antiagregante plaquetário, lesão renal e da mucosa gástrica. ○ Existem os anti-inflamatórios não seletivos e os específicos para COX-2 (coxibe), uma vez que a inibição da COX-1 pode levar a úlceras gástricas, devido a participação da COX-1 na proteção da mucosa gástrica. Sendo assim, podem ser classificados em: ■ inibidores de COX-1 e 2: ibuprofeno, naproxeno, aspirina, cetorolaco; ■ inibidores preferenciais da COX-2: meloxicam, nimesulida; ■ inibidores seletivos da COX-2: coxibes; ■ inibidores da COX-3: dipirona e paracetamol. ○ Anti-Inflamatório: bloqueio da produção de prostaglandinas (PGs) ○ Ação Analgésica: bloqueio da produção PGs, principalmente PGE2, que é responsável pela diminuição do limiar de dor ao se ligar aos nociceptores ○ Ação Antipirética: bloqueio da produção PGs, principalmente PGE2, que atua no centro termorregulador no hipotálamo ○ Ação antiagregante plaquetária: devido a diminuição de tromboxano A2 (TXA2), sendo o AAS o único AINE com essa ação. ● COLCHICINA ○ inibe a função dos microtúbulos das células fagocitárias e, assim, sua mobilidade. ○ A fagocitose dos cristais fica impedida e, com isso, é eliminado o processo que gera as dores. ● CORTICÓIDE ○ ● ALOPURINOL ○ inibidor competitivo da xantina oxidase, que catalisa a síntese do ácido úrico. Inibida a enzima, acumula -se tanto a xantina quanto a hipoxantina, que são compostos mais solúveis e podem ser eliminados facilmente pela urina ● BENZBROMARONA ○ promovem a excreção renal de ácido úrico ○ saturam o sistema de transporte de ácido orgânico nos túbulos renais proximais, tornando-o indisponiv́el para a reabsorção do urato.
Compartilhar