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Processo de envelhecimento Módulo 12 Teorias biológicas do envelhecimento × As teorias que buscam explicar o processo de envelhecimento se agrupam em diversos grupos >> Porém, de forma geral, todas as teorias buscam explicar os aspectos genéticos, bioquímicos e fisiológicos do organismo × Teorias genéticas: apresentam especulações e evidencias sobre genes responsáveis pelo envelhecimento, acumulações de erros na estruturação genética, senescência programada e telômeros × Teorias bioquímicas: focam no metabolismo energético, geração de radicais livres e taxa de sobrevida associada à saúde mitocondrial × Teorias fisiológicas: explicam a senescência baseadas no sistema endócrino e o papel dos hormônios na regulação do processo de envelhecimento × Acredita-se que exista 3 grandes processos pelos quais as moléculas passam e causam a senescência: • O primeiro processo é secundário a reações químicas que ocorrem no ambiente intracelular • O segundo processo se associa a subprodutos de componentes da glicose e seus metabólitos • O terceiro se refere a presença de erros espontâneos nos processos bioquímicos, como a duplicação do DNA × Frequentemente, as teorias de envelhecimento são apresentadas em 2 grupos: teorias programadas, as quais se baseiam no conceito de relógio biológico, e as teorias estocásticas, que estão condicionadas a alterações moleculares e celulares × De acordo com Arking, a classificação das teorias de envelhecimento é feita em teorias estocásticas e teorias sistêmicas Teorias estocásticas × São teorias que sugerem que fenômenos diversos, os quais são oriundos de desordem do ambiente intracelular, promoveriam erros em diversos segmentos orgânicos, provocando o declínio fisiológico e estrutural progressivo × Teoria do uso e desgaste: baseia-se na ideia de que quanto maior o desgaste de uma célula, maior será o comprometimento da sua habilidade de sobrevida >> Dessa forma, o desgaste gradual em células somáticas é resultante do seu uso contínuo e ininterrupto. Isso significa que a causa principal do envelhecimento era a incessante replicação celular com consequente desgaste. • Atualmente, essa teoria é totalmente discordante da observação prática × Teoria das modificações proteicas: a produção de proteínas ocorre 2 momentos (transcrição e tradução) e erros podem ocorrer em qualquer uma dessas fases. Tais erros podem resultar em genes defeituoso, mRNA e proteínas produzidos de maneira inadequada >> Dessa forma, modificações pós-transducionais poderiam ser disseminadas e, por isso, esse mecanismo seria um mecanismo plausível de envelhecimento • Acredita-se que modificações oxidativas nas estruturas proteicas e um novo tipo de ligação cruzadas promoveriam alterações na conformação de célula e seu respectivo tecido • Exemplo de proteínas com essas alterações: colágeno e elastina >> Isso explicaria, por exemplo, a redução do tônus e maleabilidade no processo de envelhecimento • Também foi identificado uma certa redução da atividade proteica com o envelhecimento × Teorias de mutação somática e do dano ao DNA: A ideia principal dessa teoria é a de que fatores orgânicos podem causam alterações especificas na composição do DNA e células somáticas >> Falhas na reparação desses erros comprometeriam a expressão de grandes regiões cromossômicas ou até de cromossomos inteiros. A consequência seria o envelhecimento celular • Estudos apontam a importância do reparo do DNA na velocidade do envelhecimento • Se não houvesse mecanismos de reparo e regulação adequados, a alteração das bases nitrogenadas, por exemplo, poderia ocasionar erros na transcrição e tradução formando produtos inadequados e inviabilizando a vida da célula • A mutação e dano DNA foram postulados como possíveis mecanismo do envelhecimento × Teoria do erro catastrófico: baseia-se na ideia de que erros aleatórios e constantes podem gerar alterações drásticas nas atividades enzimáticas levando à limitação do funcionamento celular >> Por exemplo, erros aleatórios acumulativos na enzima aminoacil-tRNA-sintetase podem ocorrer e compromete de forma drástica ao induzir a gênese impropria de proteína e um processo de feedback com auto amplificação × Desdiferenciação: baseia-se no fato de que células diferenciadas possuem a habilidade de repressão seletiva da atividade de genes que são desnecessários para a sobrevivência >> Nesse caso, o envelhecimento normal ocorre pelo fato dessas células desviarem-se do seu processo de diferenciação × Dano oxidativo e radicais livres: O oxigênio possui capacidade de gerar danos por oxidação, ou seja, ele retira elétrons de substâncias inorgânicas e orgânicas, como o DNA, proteínas e lipídeos, causando instabilidade celular >> As ERO’s são geradas de forma fisiológica (90% são produzidas pela mitocôndria durante a fosforilação oxidativa). Quando ocorre falta de mecanismos contrarreguladores, a célula entra em processo de desequilíbrio • Teoria do dano oxidativo: o envelhecimento é consequência dos efeitos deletérios das espécies reativas de oxigênio nas organelas citoplasmáticas • Teoria de radicais livres: sugere que os radicais livres promovem oxidação de proteínas que se acumulam nas células e, a longo prazo, causa disfunções moleculares e falência da célula tendo em vista a sua capacidade de reduzir a capacidade de degradação Teorias sistêmicas × São teorias que acreditam que o envelhecimento estaria relacionado com o declínio dos sistemas orgânicos, o qual é desencadeado pela inabilidade de comunicação e adaptação inter e intracelular do organismo com o ambiente em que ele vive × Teorias metabólicas: são teorias que relacionam a influência da taxa metabólica com a longevidade >> Dessa forma, taxas metabólicas elevadas promoveriam ou estariam associadas a um tempo de vida curto. Por exemplo, níveis reduzidos de glicemia, menor temperatura corporal e declínio lento de alguns hormônios estariam associados com o tempo de vida mais longo de acordo com estudos • Teoria da taxa de vida: afirma que longevidade seria inversamente proporcional à taxa metabólica • Teoria de dano mitocondrial: danos oriundos das ERRO’s na mitocôndria promoveriam declínio das funções celulares durante o envelhecimento × Teorias genéticas: afirmam que as modificações na expressão gênica seriam as responsáveis pelas alterações observadas nas células senescentes >> Possui seu foco em 3 mecanismos básicos: defesa antioxidante, sistemas de controle da síntese proteica e mudanças na expressão gênica induzidas pela restrição calórica. Em relação a restrição calórica, ela possui 2 hipóteses principais: - O aumento da longevidade se associando à redução da gordura e, consequentemente, à redução da sinalização da vai da insulina - Menor dano oxidativo tanto nas células como em suas organelas citoplasmáticas Glicose oriunda da dieta → - estímulo às células betapancreáticas → - tecido adiposo, o qual, além de estocar energia, exerce funções endócrinas, como a produção de TNF e leptina → - substâncias liberadas → + sensibilidade periférica a insulina → Mudanças cardiometabólicas → + Longevidade • Teoria dos telômeros: acredita-se que esta estrutura funcione como um determinante para a replicação celular e um relógio genético responsável pela senescência × Teorias neuroendócrinas e imunológicas: acredita que o envelhecimento é decorrente de alterações ocorridas nas funções neurais e endócrinas, em especial no HHA (hipotálamo-hipófise-adrenal) >> Esse sistema em específico quando alterado limitaria a integração das funções orgânicas resultando na degradação das funções homeostáticas • Alguns autores acreditam que o envelhecimento resulta da redução da habilidade adaptativa do organismo ao estressepor uma queda da resposta simpática × Epigenética × Apoptose: sua relação com o envelhecimento humano ainda é pouco clara >> A taxa de apoptose é alta em células senescentes do cérebro e do sistema cardiovascular, por exemplo • Pouco apoptose permite a permanência de células disfuncionais que podem contribuir para o envelhecimento ou até mesmo doenças neurodegenerativas Fisiologia do envelhecimento × Senescência: efeitos naturais do envelhecimento sobre o órgão ou organismo × Senilidade: efeitos das doenças que ocorrem simultaneamente ao envelhecimento no órgão ou sistema × Homeostase: propriedade do organismo de manter o seu equilíbrio dinâmico necessário para realizar suas funções × No envelhecimento, ocorre um processo que chamamos de homeostenose, o qual refere-se a perda de reservas orgânicas e funcionais e da capacidade de adaptação a sobrecargas × Alterações teciduais: • Os tecidos tendem a ficar mais enrijecidos >> Aumento de fibras de colágenos e mais resistência a colagenase. Também ocorre diminuição e perda de qualidade das elastinas × Alteração na composição corpórea: • Ocorre diminuição da estatura: cerca de -1cm por década a partir dos 40 anos >> A maior perda é depois dos 70 anos • Aumento do diâmetro craniano e torácico • Fácies típica com crescimento do nariz e orelhas >> Devido ao crescimento das cartilagens • Aumento da gordura corporal >> Em especial nas mulheres. Isso altera a farmacocinética de remédios lipofílicos, por exemplo • Diminuição da água corporal (intracelular) e K+ >> Diminuição celular global. Também devemos nos atentar ao prescrever remédios hidrossolúveis, pois a farmacocinética também é alterada • Diminuição da massa renal, pancreática, hepática, cerebral e muscular × Alterações da pele e anexos: • Aparecimento de rugas devido a diminuição da espessura e elasticidade da pele • A pele fica mais seca e áspera >> Isso ocorre como resultado da diminuição das glândulas sudoríparas e sebáceas • Diminuição dos corpúsculos de pressão e temperatura >> Pacini e Meissner • Pele mais pálida em detrimento da diminuição dos melanócitos e da capilaridade • Pálpebra: pode ocorrer ptose palpebral em detrimento de edema superior da pálpebra >> Também pode ocorrer um lacrimejamento incomodativo devido a alteração do centro do canal lacrimal. Ademais, podemos ter edema palpebral inferior que cria bolsas • Uma das principais alterações que vemos em idosos é a melanose senil, a qual apresentam manchas hiperpigmentadas planas × Pelos: tendem a diminuir em todo o corpo, porém tendem a aumentar em regiões como narinas, orelhas e sobrancelhas. Na mulher, tende a aumentar no buço e mento >> Em relação aos cabelos, observamos diminuição no número de bulbos ativos (- cabelo) e perda de melanócitos nos bulbos capilares, o que favorece o embranquecimento. Também se observa fragilidade de unhas × Alterações no sistema osteoarticular • Perda do trabeculado ósseo e da massa óssea, em especial nas mulheres >> Ocorre devido a um desequilíbrio entre a formação e reabsorção. Isso aumento o risco de osteoporose • Perda de colágeno • Calcificação de suturas cranianas • Perda da qualidade nas cartilagens articulares • Achatamento das vertebras • Discas intervertebrais tendem a desidratar e perderem proteoglicanos × Alterações no sistema muscular: • Ocorre diminuição da massa muscular e das fibras musculares (branca e vermelha), em especial a do tipo II >> A diminuição é em tamanho e número • Perda de 30 a 40% de massa magra • Aumento do tecido adiposo • Hipotrofia conforme pouco uso >> Por isso, é necessário que os idosos realizem atividades físicas • Rigidez de tendões e ligamento • O diafragma não perde a sua força × Alterações no sistema cardiovascular • Menor volume e espessura cardíaca • Menos miocárdio >> Porém, existe um aumento no tecido fibroso • Aumento da gordura, substancia amiloide e lipuscina • Observa-se fibrocalcificação nas valvas • Aumento de colágeno e adipócitos no tecido de condução >> Ocorre perda de 90% das células no nódulo sinoatrial. Isso explica porque a fibrilação atrial é mais comum em idoso • Nas artérias, ocorre calcificação, deposição de colágeno e perda de elastinas • Diminuição de resposta a estímulos devido ao menor teor adrenérgico (menos respostas beta- adrenergicas) • Maior tempo na fase de ejeção da sístole e diástole >> Aumenta-se o risco de insuficiência cardíaca diastólica • Maior dependência da sístole atrial • Menor volume sistólico, débito cardíaco e fração de ejeção em situações de sobrecarga/estresse • Identificação da quarta bulha devido ao menor enchimento ventricular esquerdo e maior sístole atrial • Menor frequência basal e máxima >> FC máxima = 220 – idade • Maior risco de descompensação × Alterações respiratórias: • Mais calcificação das cartilagens • Menor atividade ciliar, menos produção do muco, IgA e o reflexo da tosse >> Isso gera menor proteção contra agentes estranhos • No pulmão, observa-se menor número de septos alveolares gerando menor superfície para a troca gasosa, aumento das fibras colágenas, o que gera menor elasticidade, e maior colabamento • Menor complacência da caixa torácica devido a ossificação das cartilagens articulares • Os músculos acessórios respiratórios diminuem a sua massa e com isso o diafragma assume papel mais importante • Dificuldade em respirar em decúbito dorsal por maior pressão intra-abdominal • Alterações de quimiorreceptores >> Isso gera menor resposta a variações da P02 e PC02 • Maior risco sob ação de drogas depressoras do SNC • - volume de reserva inspiratória e expiratória >> Maior volume residual • Não há alteração no volume corrente × Alterações no sistema nervoso • Menor peso e volume encefálico devido a perda celular >> As áreas mais afetadas são os giros pré-centrais, e com isso temos destaque aos giros temporais e cerebelo • Acúmulo de pigmento celular >> Lipofuscina • No hipocampo, observamos a presença de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares >> São alterações anatomopatológicas características do Alzheimer • Menor atividade global do sistema de acetilcolina e catecolaminas • Menor sensibilidade dos baro e quimiorreceptores • Menor velocidade de condução das fibras nervosas, alteração de neurotransmissores simpáticos e parassimpáticos × Alterações do sistema digestório • Perda de dentes • Atrofia das glândulas salivares e alteração da composição da saliva >> Ela tende a ficar mais espessa e menos funcional • Menor produção de hormônios e ácido no estomago • No intestino, diminui-se as microvilosidades (- absorção de nutrientes) e fluxo sanguíneo • Cólon: atrofia das túnicas da parede e alterações peristálticas >> Por isso, é frequente a ocorrência de constipação entre os idosos • Disfagia leve devido a dissicronia • Maior chance de divertículos • Menor número de neurônios do plexo miontérico • Perda de massa hepática >> - capacidade de metabolização e maior sensibilidade a drogas • O suco pancreático mantém sua qualidade × Alterações endócrinas • Hipófise: menor vascularização e mais tecido conjuntivo • Aumenta-se os microadenomas >> Podem ser produtores ou não de hormônios • Diminuição de IGF-1 e da pulsatilidade da prolactina • + relativo do ADH >> Tende a hiponatremia e SSIHAD • Suprerrenais: mais tecido conjuntivo e menos células. Tendem a aumentar os nódulos >> Ocorre diminuição de androgênicos e aldosterona e, por feedback, aumento de ACTH e cortisol. Em situações de estresse, a resposta de catecolaminas e glicocorticoides é prolongadas e com isso um estado de inflamação se mantendo por um maior tempo • Ilhotas pancreáticas:menor atividade • Tireoide: menor massa e mais tecido conjuntivo >> Alterações nos níveis de T3 e T4, mas mantendo função normal • Paratireoide: não há atrofia >> Aumenta-se o tecido adiposo e aumento de paratormônio × Alterações do sistema urinário • Ocorre diminuição de massa renal e néfrons totais • Fibrose e espessamento da membrana basal • Aterosclerose das artérias e arteríolas intra-renais • Queda progressiva da filtração glomerular e das funções tubulares • Menor resposta a alterações hidroeletrolíticas e ácido-base • Menor função endócrina-renal • A bexiga tende a diminuir sua elasticidade e perda de musculatura >> Ocorre diminuição da complacência e eficiência. Além disso, os receptores de volume estão menos eficientes • Uretra: menor musculatura >> Aumenta-se a urgência miccional e incontinência • Em relação ao sistema genital: × Alterações no sistema hematopoiético: • Aumento do tecido gorduroso intramedular • Hemoglobina normal: 12 g/Dl • A ferritina tende a aumentar, devido ao estado inflamatório causado pelo envelhecimento • No sistema imunológico, ocorre involução do timo e aumento de doenças neoplásicas
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