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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ UENP - CAMPUS LUIZ MENEGHEL CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA AMANDA PAREJA RELATO DE CASO ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS NO DIAGNÓSTICO GESTACIONAL EM CADELAS BANDEIRANTES-PR FEVEREIRO/2016 AMANDA PAREJA RELATO DE CASO ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS NO DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO EM CADELAS Relatório de Estágio Curricular Supervisionado e Relato de Caso apresentados para conclusão do Curso de Medicina Veterinária – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus Luiz Meneghel. Área de Concentração: Diagnóstico por Imagem e Clínica Médica e Cirúrgica de Animais de Companhia. Orientadora: Profª. Drª. Francielle Gibson da Silva Zacarias BANDEIRANTES-PR FEVEREIRO/2016 AMANDA PAREJA RELATO DE CASO ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS NO DIAGNÓSTICO GESTACIONAL EM CADELAS Relatório de Estágio Curricular Supervisionado e Relato de Caso apresentados para conclusão do Curso de Medicina Veterinária – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus Luiz Meneghel. Área de Concentração: Diagnóstico por Imagem e Clínica Médica e Cirúrgica de Animais de Companhia BANCA EXAMINADORA ____________________________________________________ Profª. Drª. Francielle Gibson da Silva Zacarias - U ENP – CLM ____________________________________________________ M.V. Maicon Alan Paiva dos Santos - UENP – CLM ____________________________________________________ Prof. Dr. Ademir Zacarias Junior - UENP – CLM Bandeirantes, 29 de Fevereiro de 2016 DEDICO Aos meus pais Seila Helena Caldeira Pareja e Rodolfo José Pareja, que me deram todo o suporte emocional e financeiro para que esse sonho fosse realizado. As minhas irmãs Fernanda Pareja e Juliana Pareja, que me aconselharam, e me apoiaram em todos os momentos da minha graduação. Aos meus cães Tungstênio, Áslam, Maria Clara, Pitucha, Chitus e Amora, que são uns dos maiores amores da minha vida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus, por me orientar e iluminar o meu caminho durante toda a minha vida, permitindo a graduação, e por não ter me deixado faltar fé e esperança para realizar todos os meus objetivos. Obrigada por estar presente em mim nos momentos de dificuldades, me guiando nas difíceis decisões. Com o teu amor, tudo foi possível. Aos meus pais, Rodolfo José Pareja e Seila Helena Caldeira que abdicaram de muitas coisas para que o meu sonho da graduação fosse realizado, pelo incentivo durante todo o curso, por serem os maiores responsáveis pela conclusão deste trabalho, porque é por vocês que estou exatamente aonde cheguei. Obrigada por nunca duvidarem da minha capacidade. A minha irmã mais velha Fernanda Pareja, que sempre foi o meu espelho e modelo de pessoa, por me transmitir todo o seu conhecimento de vida, pela paciência e dedicação, e por toda compreensão e cuidado. Deus não poderia ter me concedido presente maior. E também minha irmã mais nova Juliana Pareja, por ser muito além de irmã, e sim amiga companheira que me ensina a trabalhar em equipe, a ter responsabilidade, por me ensinar o verdadeiro valor da união e do amor. Eu as amo intensamente. A minha tia Maria Aparecida Nogueira, pelo incentivo e por me encorajar a seguir os meus sonhos, por me escutar durante os desabafos, nunca me deixando desistir, pelos conselhos dados e pela compreensão ao longo destes anos. Amo você tia Fia ! As minhas amigas Bruna Coelho, Taís Braniak, Bruna Araújo, Heloísa Eid e ao meu amigo Igor Sousa primeiramente pela amizade, e por todos os momentos de alegria que me proporcionaram em todo o período de graduação. Obrigada por serem a minha família, enquanto estava distante do meu lar. A todos da XXII Turma de Medicina Veterinária, que me acompanharam nesses cinco anos, colaborando com o meu amadurecimento e desenvolvimento pessoal. Vocês serão lembrados com muito carinho. A minha orientadora Francielle Gibson da Silva Zacarias, por confiar em mim, me orientar e por toda colaboração nesta fase final. Obrigada pela oportunidade e conhecimentos transmitidos na minha formação. A professora Liza, que não mediu esforços no curto espaço de tempo após a greve no auxilio das documentações de meus estágios, e por sempre estar disponível não só para mim, e sim para toda a turma nos ajudando e contribuindo com ensinamentos e conselhos. Aos amigos que conquistei no Pensionato Anglo, onde me instalei durante a segunda etapa do estágio, que me acolheram e me proporcionaram momentos felizes. Obrigada Marina, Efraim, Douglas e Igor. A Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” que me possibilitou durante o estágio adquirir experiência, e agradeço a atenção recebida e por todo conhecimento que foi compartilhado, pelos três residentes e pelo técnico em Radiologia. Obrigada Stefani, Bia, Bruno e Rafa pela paciência e dedicação. Gostaria de também agradecer á docente supervisora Drª Luciana Del Rio Pinoti, pela oportunidade de estágio e aprendizado. Ao CICAN pela hospitalidade, paciência e conhecimento compartilhado. Obrigada Rodrigo e Juliana. Agradeço a banca examinadora por terem aceitado o meu convite e pela disponibilidade em avaliar o meu trabalho, contribuindo na construção e realização do meu grande sonho profissional. Sou grata a todos os funcionários da UENP, principalmente a Dona Marcinha, que a cada conversa e conselhos tornavam os meus dias mais leves. Não me esquecerei de vocês! A todos os professores que fizeram parte da minha formação, em especial Mariza, Marcelo, Ademir, Mariana e Yuri que em várias etapas do curso foram muito importantes na minha construção profissional e pessoal. Muito Obrigada! A todos os meus amigos e colegas que me apoiam desde o começo desse sonho, que entraram na minha vida durante esse período, e que mesmo de passagem, contribuíram com algum gesto, alguma palavra, sem vocês teria sido muito difícil ter chegado até o fim. Obrigada! LISTA DE FIGURAS Figura 1 Unidade radiológica fixa da marca CRX1 modelo SHF 730®......... 13 Figura 2 Processadora automática de revelação digital do sistema CR DIRECTVIEW CLASSIC® da marca Carestream........................... 14 Figura 3 Sala com ultrassom moderno Mylab 70 VET XVision - Esaote®.... 14 Figura 4 Unidade radiológica LIMEX/EMIC modelo MKT-100®.................... 16 Figura 5 Cadastro em computador para o sistema de revelação a laser...... 19 Figura 6 Ultrassonografia de corno uterino com embrião ecogênico posicionado ao dentro da vesícula gestacional anecóica............... 42 Figura 7 Diâmetro biparietal (Crânio) com 0,70 centímetros de medida, com idade gestacional prognosticada de 30 dias............................ 43 Figura 8 Vesícula com o diâmetro estimado em 3,26cm x 2,53 centímetros, é possível ser delimitada pela parede ecogênica que circunda a estrutura................................................................. 43 Figura 9 Diâmetro do corpo avaliado por meio do comprimento fetal de 2,08 centímetros, observado em um das vesículas gestacionais... 44 Figura 10 Movimentos iniciais e batimentos cardíacos presentes e rítmicos, com freqüência em torno de 220-245 batimentos por minuto......... 45 Figura 11 Diâmetro biparietal (Crânio) com 1,44 centímetros de medida, com idade gestacional prognosticada de 41 dias............................ 46 Figura 12 Diâmetro torácico aproximado de 1,68 centímetros evidenciado entre as costelas, no ultrassom é possível observar o sistema ósseo articular em desenvolvimento, produzindotênue sombra acústica posterior............................................................................ 46 Figura 13 Diâmetro abdominal de 2,56 centímetros por 2,53 centímetros sendo possível observar as estruturas internas do feto, como, estômago, grandes vasos, fígado, vesícula biliar, rins e bexiga urinária............................................................................................. 47 Figura 14 Comprimento fetal de 8,23 centímetros, medindo o polo cranial até o polo caudal do feto................................................................. 47 Figura 15 Diâmetro renal com 0,79 centímetros ,com idade gestacional prognosticada em 41 dias............................................................... 52 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Frequência de diferentes espécies de animais atendidos no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro............ 21 Tabela 2 Frequência de exames acompanhados no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro............................... 22 Tabela 3 Frequência da técnica de radiografia no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro................................ 22 Tabela 4 Frequência de exames realizados de acordo com a região radiografada, no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro............................................................. 22 Tabela 5 Frequência de exames realizados de acordo com a ultrassonografia, no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no período de 28 de Setembro a 06 de Novembro................................ 23 Tabela 6 Frequência de suspeitas para os exames de ultrassonografia abdominal, no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no período de 28 de Setembro a 06 de Novembro................................ 23 LISTA DE SIGLAS 3D (Tridimensional) 4D (Bidimensional) Bpm (Batimento por minuto) CC (Comprimento corporal) CICAN (Centro Integrado de Cirurgia Animal) Cm (Centímetro) DBG (Diâmetro da bolsa gestacional) DC (Diâmetro cefálico) DT (Diâmetro torácico) DCCRA (Departamento de Ciências, Cirurgia e Reprodução Animal) FMVA (Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba) IG (Idade Gestacional) Kg (Quilograma) LH (Hormônio Luteizinante) kVp (Kilovolts-peak ou kilovoltagem) mA (Miliamperes) MHz (Mega-hertz) Mpm (Movimento por minuto) PR (Paraná) MSc (Mestre) RG (Registro) RM (Ressonância Magnética) S (segundos) SP (São Paulo) UENP (Universidade do Norte do Paraná) UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) TC (Tomografia Computadorizada) UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 11 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ..................................................... 11 2.1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita F ilho” (UNESP) - Campus de Araçatuba ............................................................................... 12 2.2 Centro Integrado de Cirurgia Animal – CICAN ........................................ 15 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................ 17 3.1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita F ilho” (UNESP) - Campus de Araçatuba ............................................................................... 17 3.2 Centro Integrado de Cirurgia Animal – CICAN ........................................ 20 4 TABELAS DOS CASOS ACOMPANHADOS ............................................. 21 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTÁGIO CURRICULAR ............. 24 6 REVISÃO DE LITERATURA: ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS NO DIAGNÓSTICO GESTACIONAL EM CADELAS .................................. 25 6.1 Introdução ................................................................................................... 25 6.2 Gestação ..................................................................................................... 26 6.3 Conceitos básicos da ultrassonografia ................................................... 28 6.4 Preparo do paciente e técnica de varredura ........................................... 29 6.5 Terminologia de descrição ........................................................................ 30 6.6 Modos de exibição ..................................................................................... 31 6.7 Ultrassonografia em 3D ............................................................................. 32 6.8 Efeito Doppler ............................................................................................. 33 6.9 Vantagens e Desvantagens do ultrassom ............................................... 34 6.10 Sistema reprodutor feminino .................................................................... 35 6.11 Diagnóstico de gestação e desenvolvimento fetal ................................. 37 7 RELATO DE CASO ..................................................................................... 41 8 DISCUSSÃO................................................................................................ 48 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 55 11 RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA Á REA DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 1 INTRODUÇÃO O presente relatório descreve as atividades acompanhadas durante o estágio curricular obrigatório, realizadas no 10º Semestre do curso de Medicina Veterinária pela acadêmica Amanda Pareja, discente da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) – Campus Luiz Meneghel, situado no município de Bandeirantes – PR, sob a orientação da Professora Drª Francielle Gibson da Silva Zacarias. O estágio curricular supervisionado foi realizado na área de diagnóstico. A primeira parte iniciou-se na Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho” - UNESP, Campus de Araçatuba, no período de 28 de setembro de 2015 a 06 de novembro de 2015. Neste local, o estágio foi realizado especificamente no setor de Radiologia e Ultrassonografia sob a supervisão da Professora Drª Luciana Del Rio Pinoti. A carga horária ao final deste estágio foi de 240 horas. A segunda parte do estágio iniciou-se no Centro Integrado de Cirurgia Animal - CICAN, localizado em Londrina-PR, no período de 09 de novembro de 2015 a 18 de dezembro de 2015. Neste local, o estágio foi realizado na área de Diagnóstico por Imagem, com foco especificamente no setor de Radiologia, sob a supervisão do Médico Veterinário MSc Rodrigo dos Reis Oliveira. A carga horária ao final deste estágio foi de 240 horas. 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO Os locais de estágio são parte de uma escolha muito importante, onde será possível o contato direto com a área de escolha bem como com a rotina profissional. 12 2.1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesqui ta Filho” (UNESP) – Campus de Araçatuba O Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira” da UniversidadeEstadual Paulista - UNESP, campus de Araçatuba, localiza-se à Rua Clóvis Pestana, número 793, no bairro Dona Amélia, na cidade de Araçatuba - São Paulo. O atendimento era realizado de segunda a sexta feira das oito horas ás doze horas, e das quatorze ás dezoito horas e aos finais de semana e feriados o hospital funcionava em regime de plantão das oito horas ás dezoito horas, recebendo apenas casos emergenciais. A estrutura do hospital veterinário consistia em um corredor central com uma sala para recepção e atendimento onde os pacientes eram cadastrados e encaminhados para o setor de triagem ou emergência. As últimas salas do corredor eram destinadas as especialidades diagnósticas, contando com um laboratório para patologia clínica e geral, onde eram realizados hemogramas, exames bioquímicos, citológicos, e histopatológicos. A última sala era para o uso do setor de diagnóstico por imagem, nela se encontravam dois aparelhos de ultrassonografia, em que um dos aparelhos era instalado numa sala fora do hospital, e o outro aparelho de ultrassom dentro do hospital para atendimento dos casos emergenciais, compartilhando o aparelho com o setor da cardiologia. Possuía também uma sala com o aparelho de radiografia, e nas suas dependências uma sala para o armazenamento de laudos e exames. O setor de diagnóstico por imagem oferecia serviços de radiologia e ultrassonografia, de animais domésticos e silvestres atendidos na rotina do Hospital Veterinário Luiz Quintiliano de Oliveira ou também de animais encaminhados pelos Médicos Veterinários de Araçatuba e região. Era equipado com uma unidade radiológica fixa da marca CRX1 modelo SHF 730® (Figura 1) com capacidade para 500 miliamperes (mA) e 150 quilovoltagem (kVp), com tempo de exposição de 0,05 a 5 segundos (s) e equipado com grade antidifusora Potter-Buckye. Também possuia uma processadora automática de revelação digital do sistema CR DIRECTVIEW CLASSIC® da marca Carestream (Figura 2), com impressão a laser DRYVIEW 6850 Laser Imager® da marca Carestream, além de dispor de um profissional especializado na área de radiodiagnóstico. 13 Dentro da Universidade o setor de diagnóstico realizava exames radiográficos simples dos diversos sistemas orgânicos e oferecia técnicas radiográficas contrastadas (somente com a monitoração da professora responsável pelo setor). Continha um aparelho de ultrassom moderno Mylab 70 VET XVision - Esaote®, (Figura 3) para os diferentes diagnósticos. Figura 1 Unidade radiológica fixa da marca CRX1 modelo SHF 730® Fonte: Pareja (2015). 14 Figura 2 Processadora automática de revelação digital do sistema CR DIRECTVIEW CLASSIC® da marca Carestream Fonte: Pareja (2015). Figura 3 Sala com ultrassom moderno Mylab 70 VET XVision - Esaote® Fonte: Pareja (2015). 15 Para a realização dos exames, cada médico veterinário agendava previamente o horário e as datas em que seriam realizadas as radiografias ou ultrassonografias, e no dia destes exames preenchiam uma requisição do paciente, e por meio destas fichas era possível organizar as ordens em que seriam realizados os exames. Foi observado que a maioria dos exames ultrassonográficos eram feitos para pesquisas de metástases encaminhados pelo setor de clínica médica, e os exames referentes aos acompanhamentos gestacionais, avaliação uterina e suspeitas de patologias do sistema reprodutor feminino encaminhados pelo setor de reprodução animal. Já os exames radiográficos na maioria das vezes eram solicitados pelo setor de clínica cirúrgica, para avaliação de fraturas e pesquisa de metástases, com o intuito de ser feito uma análise pré-cirúrgica, bem como uma avaliação do pós operatório. O setor de diagnóstico por imagem era composto por três residentes, sendo eles as Médicas Veterinárias Stefani Íris de Souza Ferreira e Beatriz Piva Vicentini e o Médico Veterinário Bruno Ribas Vieira, por um técnico em Radiologia, cargo ocupado pelo profissional Rafael Luiz Lima de Castro e pela docente supervisora Drª Luciana Del Rio Pinoti. 2.2 Centro Integrado de Cirurgia Animal - CICAN O Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN) localiza-se á Avenida Maringá número 1.966, no bairro Vitória na cidade de Londrina, Paraná. A clínica foi fundada em 2002 e a partir desta data tem se atendido pacientes da cidade e região nas especialidades clínicas e cirúrgicas, e diagnósticos radiográficos de cães e gatos. O Centro Integrado de Cirurgia Animal realizava os atendimentos de segunda a sexta-feira das oito às dezoito horas e aos sábados das oito ao meio dia, sendo o restante do final de semana realizado em regime de plantão, em que por meio de um telefone móvel o plantonista ficava à disposição para consultas e cirurgias de caráter emergencial. A estrutura física do CICAN consistia em uma residência principal que se constituía de recepção, sala de espera contendo balança, dois ambulatórios 16 (sendo um para cada veterinário da clínica), sala de radiografia com escritório para emissão de laudos, uma sala para banho e tosa de cães e gatos, e ao lado um banheiro. Também uma sala de paramentação, esterilização e armazenamento de materiais, um centro cirúrgico com aparelho de anestesia inalatória, sala de internamento, fluidoterapia e curativos. Em seu exterior dois canis externos e uma edícula, constituída de sala, cozinha, banheiro, lavanderia e despensa que era utilizado pelos veterinários, funcionários e estagiários. No setor de diagnóstico por imagem do Centro Integrado de Cirurgia Animal eram oferecidos serviços de radiologia para cães e gatos atendidos na rotina da clínica ou também dos pacientes encaminhados por outros profissionais que não possuíam desta técnica em seus estabelecimentos. Era equipado com uma unidade radiológica fixa da marca LIMEX/EMIC modelo MKT-100® (Figura 4), com capacidade para 100 miliamperes (mA) e 100 quilovoltagem (kVp), com tempo de exposição de 0,05 a 4 segundos (s) . Figura 4 Unidade radiológica LIMEX/EMIC modelo MKT-100® Fonte: Pareja (2015). 17 A impressão dos filmes radiográficos era por meio do método convencional de revelação manual pela técnica de câmara escura, que se alocava numa sala ao lado do aparelho de raio-x, contendo uma área de bancada seca que servia para descarregar e carregar os chassis e para guardar os filmes, e uma área de bancada úmida que servia para o processamento e a secagem dos filmes. Dentro da câmara escura possuía uma luz de segurança com o objetivo de promover uma quantidade suficiente de luz sem danificar o filme, já que a câmara em si era protegida da luz branca. Realizavam-se exames radiográficos simples dos diversos sistemas orgânicos e oferecia técnicas radiográficas contrastadas, suportando animais com menos de 10 quilos (kg). Para que os exames radiográficos fossem realizados, o Médico Veterinário agendava previamente o horário e as datas para que fossem realizados os exames, junto com o agendamento o proprietário recebia uma ficha com as instruções necessárias para jejum e termos de aceitação dos procedimentos, uma vez que, o paciente era submetido a anestesia e em alguns casos o risco de vida era considerado. Notou-se que a maioria dos exames radiográficos solicitados eram para avaliação da coluna vertebral, avaliação cardíaca, pesquisa de metástase, luxação e ruptura de ligamentos. Compunham o Centro Integrado de Cirurgia Animal dois médicos veterinários, sendo eles a Médica Veterinária Juliana Oliveira Gomes e o Médico Veterinário supervisor MSc Rodrigo dos Reis Oliveira. 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Competia ao estagiário o auxilio em todas as atividades realizadas na área do estágio, desde as situações mais simples como preenchimentos de fichas, até as mais complexas como técnicas de posicionamentos radiográficos.3.1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesqui ta Filho” (UNESP) – Campus de Araçatuba No setor de diagnóstico por imagem, o estagiário tinha livre acesso as áreas de ultrassonografia e radiografia. Sendo o número de casos realizados na 18 radiologia maior comparado ao número de ultrassonografias, e considerando que o paciente que era encaminhado ao ultrassom requeria um tempo maior durante o exame, o acompanhamento de todos os casos que chegavam ao setor não era possível, devido aos atendimentos concomitantes. A rotina do setor era de responsabilidade dos residentes, estes tinham autonomia para realização dos exames e emissão de laudos, cabendo ao estagiário auxiliar e acompanhar as etapas no decorrer dos exames. E quando necessário encaminhava para a supervisora os laudos externos com o intuito de colher assinatura. Competia ao estagiário a organização das pastas com os exames impressos de acordo com o tamanho do filme (pequeno, médio e grande), bem como a organização dos exames laudados de acordo com a numeração de registro em ordem crescente. Bem como a limpeza e desinfecção das mesas a cada novo paciente que entrava, recepcionando o proprietário até a sala referente ao exame e sempre que necessário realizava a tricotomia do animal. E ao final do exame liberava o proprietário e paciente, encaminhando-os a sala de espera ou ao médico veterinário responsável. O preenchimento do cadastro do paciente no livro controle também eram tarefas realizadas, nele eram colocados o número do registro (RG) do animal, o número do exame de radiografia ou ultrassonografia do presente ano, a região corpórea em que seria realizado o exame, a projeção utilizada para determinada região, a data do exame e o médico veterinário requisitante. Para os exames solicitados por clínicas externas eram anotados em outro livro os mesmos dados citados acima, para o controle interno. Também eram cadastrados (Figura 5) o paciente no computador para que os exames fossem arquivados no sistema do hospital veterinário, neste caso, os dados solicitados eram o nome do animal, a idade, a espécie, o sexo, a raça, e os números do RG e do exame radiográfico ou ultrassonográfico. 19 Figura 5 Cadastro em computador para o sistema de revelação a laser Fonte: Pareja (2015). Os proprietários com seus animais eram recepcionados pelos estagiários, e sempre que possível a presença de dois acompanhantes para cada animal de pequeno porte, e mais de duas pessoas para os grandes animais eram solicitadas, com o intuito de conter o animal no momento do exame, já que os estagiários e residentes não podiam se submeter a radiação em todos os exames. Assim que os proprietários entravam na sala era de competência do estagiário auxiliar no vestimento dos coletes de chumbo e protetores de tireóide, que são equipamentos de proteção contra a radiação eletromagnética, exigidos em todos que participam diretamente dos procedimentos radiográficos. Os residentes em determinadas ocasiões permitiam realizar os posicionamentos do animais, preparar o disparo e disparar os raios x para fins de aprendizagem, sempre supervisionando cada etapa até o final do exame, e em alguns dias da semana no período da tarde o estagiário podia acompanhar um residente na elaboração dos laudos radiográficos. Em síntese o estagiário acompanhava e auxiliava em todos os procedimentos realizados no setor de imagem, sempre com a supervisão de um residente responsável pelo caso. 20 3.2 Centro Integrado de Cirurgia Animal - CICAN No setor de radiologia o estagiário contribuia para a contenção dos animais, revelação dos filmes e acompanhamento da emissão dos laudos. Cabia ao estagiário a limpeza e desinfecção das mesas a cada novo paciente. Nas técnicas contrastadas, quando era necessário anestesia geral, o estagiário se responsabilizava pelo disparo do raio x, cabendo ao Médico Veterinário responsável o posicionamento correto para as projeções necessárias, bem como a coleta de materiais para cada caso. No setor de cínica médica e clínica cirúrgica os estagiários auxiliavam na rotina dos atendimentos ambulatoriais e acompanhavam os procedimentos cirúrgicos, e tinham por responsabilidade monitorar os pacientes internados. No primeiro horário, os estagiários auxiliavam o Médico Veterinário responsável pelo internamento a realizar a prescrição médica diária dos animais internados, como manter os animais na fluidoterapia, além de se responsabilizar pela alimentação, reposição de água e limpeza das gaiolas e dos animais durante todo o expediente. Em alguns casos os estagiários acompanhavam os proprietários nas visitas aos animais internados. Após realizar suas tarefas no setor de internamento, os estagiários acompanham o preparo dos animais para cirurgia e da sala cirúrgica para os procedimentos agendados no período da manhã. Os procedimentos cirúrgicos no período da tarde ocorriam em casos emergenciais ou exceções. Foi auxiliado o pré- operatório na indução do animal, a tricotomia adequada, a colocação de sonda traqueal para anestesia inalatória, e realizada a paramentação e anti-sepsia, monitoramento dos parâmetros do animal, com posterior limpeza dos instrumentais cirúrgicos, bem como na desinfecção do centro cirúrgico. Os estagiários acompanhavam todo o ato cirúrgico, auxiliando apenas quando necessário e monitorando os animais até a liberação para seus donos. Durante a consulta clínica, o estagiário acompanhava anamnese, exame físico, exames neurológicos, oftalmológicos e ortopédicos, administração de medicamentos, vacinação e prescrição médica. Além de exames complementares, como radiografias e citologia aspirativa com agulha fina. Também foi acompanhada e auxiliada a coleta de materiais para exames complementares como sangue, e raspado de pele. 21 Durante o atendimento clínico ambulatorial o estagiário observava as consultas e auxiliava na contenção dos animais para a realização dos exames físicos e coleta de materiais para exames laboratoriais. Nos atendimentos clínicos pelo Veterinário, o estagiário podia participar ativamente nas trocas de curativos, limpeza de feridas abertas, retirada de pontos e aplicações medicamentosas. 4 TABELAS DOS CASOS ACOMPANHADOS Nas tabelas abaixo (Tabelas 1 a 6), estão organizadas as atividades desenvolvidas durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 28 de setembro a 18 de dezembro. Tabela 1 Frequência de diferentes espécies de animais atendidos no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro ESPÉCIES UNESP CICAN Nº % Nº % CANINO 171 78,44% 17 89,47% FELINO 35 16,05% 2 10,52% EQUINO 4 1,83% 0 0% BOVINO 2 0,91% 0 0% OUTROS 6 2,75% 0 0% TOTAL 218 100% 19 100% 22 Tabela 2 Frequência de exames acompanhados no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro EXAMES REALIZADOS UNESP CICAN Nº % Nº % ULTRASSONOGRAFIA 72 33,03% 0 0% RADIOGRAFIA 146 66,97% 19 100% TOTAL 218 100% 19 100% Tabela 3 Frequência da técnica de radiografia no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro TÉCNICA RADIOGRÁFICA UNESP CICAN Nº % Nº % RADIOGRAFIA SIMPLES 140 95,90% 13 68,43 % RADIOGRAFIA CONTRASTADA* 6 4,10 % 6 31,57 % TOTAL 146 100% 19 100% *Mielografia; Epidurografia; Trânsito Gastrointestinal; Cistografia; Gastrografia; Sialografia. Tabela 4 Frequência de exames realizados de acordocom a região radiografada, no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e Centro Integrado de Cirurgia Animal (CICAN), no período de 28 de Setembro a 18 de Dezembro REGIÃO RADIOGRAFADA UNESP CICAN Nº % Nº % CRÂNIO 6 4,10% 0 0% TÓRAX 51 34,93% 6 31,57% ABDOME 19 13,01% 2 10,52% MEMBROS TORÁCICOS 19 13,01% 1 5,26% MEMBROS PÉLVICOS 31 21,23% 5 26,31% COLUNA VERTEBRAL 16 10,95% 5 26,31% CAVIDADE CELOMÁTICA 4 2,73% 0 0% TOTAL 146 100% 19 100% 23 Tabela 5 Frequência de exames realizados de acordo com a ultrassonografia, no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no período de 28 de Setembro a 06 de Novembro ULTRASSONOGRAFIA UNESP Nº % ABDOMINAL 69 95,83% ARTICULAR 1 1,38% OCULAR 2 2,77% TOTAL 72 100% Tabela 6 Frequência de suspeitas para os exames de ultrassonografia abdominal, no setor de diagnóstico por imagem do hospital veterinário da Universidade Estadual Paulista (UNESP), no período de 28 de Setembro a 06 de Novembro ULTRASSONOGRAFIA UNESP Nº % PESQUISA DE METÁSTASE 20 28,98 % ACOMPANHAMENTO GESTACIONAL 11 15,94 % PIOMETRA 8 11,6 % HEPATOPATIA 6 8,69 % CÁLCULO VESICAL 4 5,79 % MORTE FETAL 4 5,79 % CORPO ESTRANHO GÁSTRICO 3 4,34 % CISTITE 3 4,34 % HIPERADRENOCORTICISMO 3 4,34 % GASTRITE 2 2,89 % AVALIAÇÃO DO SISTEMA URINÁRIO 2 2,89 % AVALIAÇÃO UTERINA 2 2,89 % GASTROENTERITE 1 1,44 % TOTAL 69 100% 24 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O ESTÁGIO CURRICULAR No primeiro local de estágio a rotina de exames de imagem realizados em grandes animais e silvestres foi inferior aos exames realizados em pequenos animais, porém mostrou-se importante como diagnóstico complementar. Já no segundo local de estágio, as radiografias foram essenciais como exames complementares nas cirurgias ortopédicas, por fornecerem informações relevantes quanto á localização, aspectos e a extensão das lesões, contribuindo com a correção cirúrgica. Notou-se no decorrer do estágio, a diferença entre uma instituição pública (UNESP) e uma empresa particular (CICAN). Na instituição pública a didática dos professores para ensinar os estagiários estava presente em todos os momentos e procedimentos, os casos eram discutidos e os residentes e o próprio estagiário tinham maior autonomia para resolvê-los. Quanto aos clientes, percebeu-se grande diferença no quesito financeiro, prevalecendo os de menor poder aquisitivo, onde muitas vezes, por falta de dinheiro, o proprietário optava por realizar somente um dos exames de imagem, prejudicando o diagnóstico final. Na empresa particular o estagiário acompanhava os casos, não possuindo autonomia para decisões rápidas. Contudo, aprendia maneiras de como abordar os clientes, para criar vínculos com os proprietários, para que estes sejam fiéis e se sintam satisfeitos com os serviços prestados pela clínica, com isso foi possível um grande aproveitamento nas relações interpessoais. Portanto nos dois locais de estágio, foi possível o aprimoramento dos conhecimentos na área de diagnóstico por imagem, e foi essencial para experiência com a rotina profissional, criando oportunidades de expor o próprio trabalho e através dele criar contatos profissionais. 25 6 REVISÃO DE LITERATURA: ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICO S NO DIAGNÓSTICO GESTACIONAL EM CADELAS 6.1 Introdução No país a ultrassonografia na medicina veterinária começou de forma reservada, porém desafiadora em alguns lugares do Brasil, onde primeiramente foi aplicada com finalidades obstétricas em grandes animais visando o interesse econômico e posteriormente aplicado nos animais de companhia com diferentes finalidades possibilitando o reconhecimento dos órgãos seja em número, posição, formas, contornos, arquitetura, dimensões e ecotextura (SEOANE, GARCIA e FROES, 2011; CARVALHO, 2004). Os grandes avanços tecnológicos na modalidade em diagnóstico por imagem na Medicina Veterinária resultou na sofisticação dos aparelhos de ultrassonografia e como consequência em aprimoramentos nos processamentos das imagens, e juntamente com a habilidade do examinador de interpretação se torna peça fundamental para os diagnósticos veterinários. Os custos dos equipamentos diminuíram relativamente tornando-se uma opção viável para muitas práticas veterinárias em pequenos animais, e os proprietários estão cada vez mais bem informados e conscientes de que os exames ultrassonográficos são procedimentos seguros e confiáveis (THRALL, 2010; BABA, 2010; MANNION, 2006). Indica-se o uso da ultrassonografia aplicada ao sistema reprodutor feminino de cadelas, para diagnóstico e acompanhamento gestacional, aumento de volume abdominal, secreções vaginais ou qualquer sinal clínico que seja sugestivo de desregulação hormonal, na observação dos eventos normais (ovulação), assim como condições patológicas (cistos ovarianos e piometra) bem como tumores abdominais principalmente em animais não castrados (PENNINCK e D’ANJOU, 2011; DAVIDSON e BAKER, 2009). Diante da preocupação dos proprietários, e do atendimento freqüente de cadelas prenhes pelos clínicos veterinários, o diagnóstico da gestação normal ou patológica se tornou importante. Com isso, o estudo e conhecimento nesta área e espécie se tornaram indispensável (LUZ et al, 2005). A utilização da ultrassonografia é 94% confiável como método para detectar a gestação. Por meio dela também é possível avaliar a viabilidade e 26 desenvolvimento fetal, presumir as datas de parição e a idade do feto, e fazer a contagem estimada dos números de fetos. Esse procedimento é seguro para a constatação da gestação em cadelas, porém devido à dificuldade dos proprietários em relatar as datas de cruzamentos entre os animais e por não haver uma maneira prática de monitorar o pico de hormônio luteinizante, o diagnóstico precoce nem sempre é realizado nos primeiros dias (ALLEN, 1995; NYLAND e MATTON, 2004). Para que haja um acompanhamento gestacional, é necessário ter em mente a duração completa de uma gestação normal. Com isso Allen (1995) considera que a duração da gestação saudável varia de 58 a 72 dias para cadelas, Jackson (2005) calcula em média 63 dias para o período gestacional. Teixeira et al (2009) descrevem como tempo médio de 62 dias. Em Castro (2006) o tempo médio para uma gestação é de 61 dias, mas alega que pode variar de 57 a 65 dias. Já Prestes (2006) considera 60 dias, enquanto Thrall (2010) e Penninck e D’anjou (2011) afirmam uma variação de 63 a 68 dias de gestação a termo. Também considera Ferrari (2009) o tempo médio de 58 a 60 dias. Devido a controvérsias a respeito da média de duração, Carvalho (2004) considera como média 64 dias. Considerando que o exame ultrassonográfico permite dentre o 17º ao 23º observar sinais compatíveis com gestação, torna-o tão importante para o diagnóstico precoce de gravidez. E tratando-se de exames de imagem para o acompanhamento gestacional a radiografia tem papel coadjuvante nesse processo já que por meio dela identifica-se a mineralização fetal por volta dos 30 a 45 dias depois da ovulação da cadela. Devido a radiografia ser usada tardiamente usa-se desta técnica somente para contagem dos fetos e para classificar os valores dos diâmetros pélvicos (PENNINCK e D’ANJOU, 2011; THRALL, 2010; PÁFARO, 2007). Este presente trabalho tem por objetivo descrever os aspectos ultrassonográficos de uma gestação a termo em fêmeas caninas no diagnóstico e acompanhamento gestacional, elucidando os princípios desta técnica e relatando um caso de gestação em uma cadela da raça Blue Heeler em dois períodos gestacionais. 6.2 Gestação A gestação é considerada como um estado próprio em que as fêmeas se encontram, e para que ela ocorra um ou mais ovócitos devem ser 27 fecundados,e perdura até a eliminação no momento do parto deste concepto. E a cada ciclo estral, o útero vai se preparar para gestação e como conseqüência, para receber este embrião (PRESTES, 2006; HAFEZ, 2004). Segundo LUZ et al (2005) algumas particularidades devem ser salientadas no que diz respeito a fisiologia das cadelas, por isso ressaltam: “O ciclo reprodutivo da cadela apresenta aspectos únicos quando comparado ao dos demais animais domésticos. Alguns aspectos particulares incluem a duração da receptividade sexual e do período fértil, a ovulação de ovócitos imaturos, a longa viabilidade dos ovócitos e dos espermatozóides, e as diferentes taxas de clivagem embrionária dependentes da maturação ovocitária no momento da fecundação. Uma característica importante da gestação da cadela é a manutenção das concentrações plasmáticas de progesterona ser exclusivamente de origem luteal, e serem os corpos lúteos dependentes da ação luteotrófica da prolactina, especialmente na segunda metade da gestação” (2005, p.142). A vida pré natal é dividida didaticamente por Prestes (2006) em três etapas, a primeira é o período de ovo que corresponde desde a fecundação até a formação do zigoto. A segunda etapa é o período de embrião que corresponde a organogênese, que é o período mais crítico para o desenvolvimento do animal já que podem ocorrer mortes embrionárias e anomalias. E a terceira etapa é caracterizada como período de feto onde ocorre o crescimento da placenta até o momento do parto. Allen (1995) propõe uma sequência para o desenvolvimento fetal. Inicia-se onde os óvulos são ovulados como oócitos primários, e 3 dias depois já se tem o oócito secundário que poderá ser fertilizado (por volta de 4 dias após a ovulação), a fertilização ocorre nas tubas. Com a formação do zigoto começam as clivagens, quando composto por cerca de 30 células poderá ser considerado blastocisto. A partir daí, serão originados as membranas fetais e embrião. O embrião cresce em tamanho e se arranjam ao longo dos cornos uterinos, e por volta dos 21 a 40 dias vão adquirido formato esférico. Por volta dos 35 dias é possível visualizar várias vesículas, as quais vão se expandindo e o útero se torna uniformemente distendido. A partir daí o embrião já pode ser considerado feto, porque o processo de organogênese já esta completo, e a tendência é só aumentar o tamanho (ALLEN, 1995). 28 6.3 Conceitos básicos da ultrassonografia O ultrassom é uma onda sonora de alta frequência, que é emitida por um aparelho que age como transmissor e receptor, sendo o ser humano incapaz de ouvir essa onda. Ao examinar o paciente durante o ultrassom para algum diagnóstico, um pulso com ondas de ultrassom é emitido em direção ao interior dos tecidos. Essa onda sonora vai invadindo e atravessando os tecidos até obter uma superfície refletora, que retorna as ondas ao transmissor. O retorno que a onda percorre é chamado eco. Os ecos de retorno chegam até um computador, o qual capta os sinais retornados e os revelam em uma tela como a da televisão, assumindo uma imagem bidimensional (KEALY e MC ALLISTER, 2005). As ondas de ultrassom são geradas por uma agitação de cristais, pelo efeito piezelétrico (que é a capacidade da molécula de cristal em se movimentar ou vibrar transformando energia elétrica em sonora), essa agitação ocorre devido ao impulso elétrico que é transmitido aos cristais, com isso as ondas são geradas. Uns dos cristais utilizados são compostos de zirconato de chumbo, quartzo e cerâmicas. O equipamento onde o cristal é colocado é conhecido por transdutor ou sonda (KEALY e MC ALLISTER, 2005). Kevin Kealy e Hester McAllister descrevem que “o cristal age como emissor (1% do tempo), enviando ondas de ultrassom ao interior do corpo, e como um receptor (99% do tempo), recebendo ecos de retorno”. (KEALY e MC ALLISTER, 2005, p.7). A aparência sonográfica dos tecidos esta relacionada com a composição (tecido conjuntivo, adiposo e mineralização), quanto maior for a quantidade dessa composição maior será a onda sonora que bate na superfície refletora e retorna ao transdutor. Tecidos densos como o osso refletem muito som, já os pouco densos, como o líquido não reflete nada, assim serão lançados no monitor imagens em diversos tons de cinza, como sombras, e caso o eco de retorno seja forte e intenso aparecerá um ponto na tela, mais brilhante (KEALY e MC ALLISTER, 2005; ALLEN,1995; CARVALHO, 2004). Os transdutores são as partes mais frágeis do equipamento de ultrassonografia e também uma das mais caras, com isso deve-se usar de forma delicada e prestimosa porque qualquer impacto ou movimentos bruscos pode danificar de forma irreversível os cristais, e estes são extremamente sensíveis. Os 29 transdutores são construídos com configurações mecânicas ou eletrônicas, o campo de imagem quando aparece em forma de cone é chamado de plano setorial, e quando o campo de imagem aparece em forma retangular é chamado de plano linear (HAN e HURD, 2007). O transdutor linear possui vários cristais dispostos de forma reta, adquirindo uma face fina e longa, quando usados em animais de pequeno porte, a imagem pode ser comprometida devido ao contato entre a face do transdutor e a pele do animal. Já o transdutor setorial possui vários cristais disposto em forma cônica, como a face deste transdutor é menor comparada ao linear se obtém melhor contato com a pele do animal (ALLEN, 1995). É importante ressaltar que o que vai contribuir com a qualidade da imagem formada no ultrassom, é a frequência deste transdutor. Essa freqüência que determinará a quantidade de detalhe, portando quanto maior for ela mais curto será o comprimento da onda e melhor será a resolução (HAN e HURD, 2007). Na maioria das vezes para a realização do ultrassom abdominal nas cadelas recomenda-se transdutores de 7,5 ou 10 mega-hertz (MHz) por fornecerem melhores detalhes para avaliação de estruturas menores, mas os transdutores de 5 MHz são suficientes para observar o útero com conteúdo líquido, e estruturas fetais, bem como neoplasias abdominais (PENNINCK e D’ANJOU, 2011). 6.4 Preparo do paciente e técnica de varredura Normalmente recomenda-se que o paciente fique em jejum de no mínimo 12 horas antes do exame de ultrassonografia abdominal, para diminuir a quantidade de gás e alimento no trato gastrointestinal, os quais dificultam a visualização da imagem. Preocupa-se também com o grau de distensão da bexiga instruindo aos proprietários que não deixem os seus animais urinarem, permitindo que a bexiga fique repleta, pois a espessura da parede da bexiga e as lesões no lúmen são avaliadas melhor quando a bexiga esta cheia (O´BRIEN e BARR, 2012). Os pêlos são outro fator importantíssimo na qualidade da imagem formada, pois mesmo quando estão molhados com álcool ou água, aprisionam pequenas bolhas de ar, o que diminui a qualidade da imagem pela formação de artefatos. Portanto a tricotomia costuma ser necessária, e deve ser feita o mais perto possível da pele para que se atinja a melhor qualidade da imagem. A tricotomia deve 30 se estender do rebordo costal ao púbis, e para facilitar o deslizamento da probe e melhorar o contato com a superfície corporal, o gel condutor deve ser aplicado a pele garantindo o bom contato entre o transdutor e o animal (O´BRIEN e BARR, 2012). O animal deve ser colocado sempre que possível em decúbito dorsal posicionado do lado direito do examinador, com sua região cefálica paralelamente ao aparelho e a região caudal próxima ao braço direito do examinador (CARVALHO, 2004). Segundo O´brien e Barr (2012) a seqüência proposta para uma avaliação sistemática varia de cada operador, mas deve ser o mais preciso durante o exame ultrassonográfico, lembrando de manter sempre a mesma ordem de avaliação e cada órgão deve ser estudado por inteiro. Na maioria dosprotocolos o ínicio ocorre cranialmente e percorrem o abdome, mas qualquer protocolo é aceitável, desde que seja uma varredura completa. A avaliação abdominal pode ser realizada de acordo com a seguinte seqüência: Fígado, Rim direito, Adrenal direita, Linfonodos hepáticos, Pâncreas, Intestino, Ovário e corno uterino direito, Baço, Rim esquerdo, Adrenal esquerda, Pâncreas, Ovário e corno uterino esquerdo, Bexiga, Uretra (O´BRIEN e BARR, 2012). 6.5 Terminologia de descrição A ecogenicidade é o termo utilizado para descrever a interação dos tecidos com o som, que é definida na tela por níveis de cinza. Os níveis de cinza são determinados pelo brilho emitido na tela e pela concentração de pontos, lembrando que cada eco de retorno apresenta-se como ponto na tela (O´BRIEN e BARR, 2012). Os tecidos sofrem variações em sua ecogenicidade, pois refletem parte do feixe ultrassonográfico. Os ossos que são compostos por minerais causam completa reflexão, assim como o ar, causando artefatos de imagem (O´BRIEN e BARR, 2012). Anecogênico ou anecóico refere-se a maioria dos fluidos, as estruturas com essa ecogenicidade aparecerão na tela com coloração escura, 31 devido a completa transmissão do som e ausência dos ecos ou também chamados de reflexos do feixe ultrassonográfico (CARVALHO, 2004). Quando comparadas a ecogenicidade entre os órgãos, seja a relação entre o mesmo órgão e seu aspecto natural, ou entre dois órgãos, ou estruturas diferentes usam-se termos como hipoecogênico, isoecogênico e hiperecogênico (O´BRIEN e BARR, 2012). Em síntese, Carvalho (2004, p.26) descreve a ecogenicidade como Hiperecogênico se refere ás estruturas que interagem com o som refletindo intensamente e produzindo ecos brilhantes na tela em cor branca, como as interfaces acústicas entre órgãos, o osso, gás, cálculos, tecido conjuntivo e mineralizados. Hipoecogênico se refere ás estruturas que interagem com o som produzindo ecos esparsos, que são encontrados em diversos tipos tissulares como o linfonodo, útero, ovários e adrenais. Anecóico expressa a ausência completa de ecos ou a completa transmissão do som, as estruturas com essa ecogenicidade aparecem na tela com coloração escura, como por exemplo a vesícula biliar repleta, e a bexiga. A ecotextura é definida pelo padrão homogêneo e heterogêneo em que uma determinada estrutura é visualizada. Quando os ecos retornam de forma regular é possível a formação de uma imagem homogênea, como normalmente o baço aparece. Já quando os ecos retornam de forma irregular, remete a uma arquitetura celular imperfeita, como no caso de alguns tumores que são chamados de padrão heterogêneo. Mas em alguns casos órgãos saudáveis também apresentam aspecto textural diferente, por isso o caráter homogêneo do órgão deve predominar (CARVALHO, 2004). 6.6 Modos de exibição Os três diferentes modos de exibição são: modo-A (modo amplitude), modo-B (modo de brilho) e modo-M (modo de movimentação). O primeiro modo, não é usado para mostrar movimentações dos tecidos, ele é considerado a primeira forma de ultrassom, sendo o mais simples, e não requer um programa de computador sofisticado. Neste modo os ecos de retorno aparecem como um gráfico de picos, em que o pico mais alto refere-se a maior intensidade de sons (HAN e HURD, 2007). 32 O modo-B é o mais utilizado nos diagnósticos ultrassonográficos devido a atualização continua da imagem, permitindo uma visão instantânea do que acontece no interior do animal, aparecendo uma imagem bidimensional. Neste modo o eco de retorno aparece na tela conforme a sua profundidade, como pontos na tela ou também chamado de pixels brilhantes (MANNION, 2006). O modo-M é aplicado nas ecocardiografias, onde a movimentação das válvulas e do coração em geral é observada, com isso os tamanhos das câmaras também podem ser mensuradas. Este modo basicamente demonstra uma parte fatiada de um órgão ao longo de um período de tempo, e por meio dos ecos projetados se formam linhas de base orientadas pelo tempo (HAN e HURD, 2007). 6.7 Ultrassonografia em 3D A ultrassonografia tridimensional (3D) e Quadridimensional (4D) é um método já utilizado na medicina humana, no entanto a aplicação na medicina veterinária em animais gestantes não são relatadas na literatura devido aos elevados custos para realização deste exame, bem como as dificuldades em executar todos os procedimentos adequados para que os dados das imagens sejam processados corretamente (HILDEBRAND et al, 2009). As informações adquiridas por meio da tecnologia 3D e 4D indicam o estado da gravidez, avaliam a integridade embrionária e fetal, e permitem a previsão de nascimentos, gerando maior confiança no diagnóstico gestacional (HILDEBRAND et al, 2009). Esse método fornece uma imagem complexa, que permite a visualização completa do útero gravídico e de suas estruturas. Por meio de sucessivas fotografias em 2D, uma imagem 3D é formada e com o conjunto de dados gerados instantaneamente a situação do órgão é apresentada e os processos dinâmicos do órgão podem ser visualizados. Porém nos pequenos animais artefatos gerados pela movimentação do corpo por meio da respiração podem levar a uma má qualidade da imagem e ser um problema durante o exame (HILDEBRAND et al, 2009). Esta é uma ferramenta adicional para análise estrutural detalhada do desenvolvimento de uma gestação em cadelas e os artefatos de movimentos podem ser superados com o ajuste das técnicas, com isso, os acontecimentos no útero da 33 fêmea gestante podem ser estudados e os médicos veterinários utilizarem plenamente esta nova tecnologia (HILDEBRAND et al, 2009). 6.8 Efeito Doppler A arquitetura vascular e os aspectos hemodinâmicos da gestante, podem ser vistos em tempo real por meio deste método que fornece importantes informações registradas do movimento do sangue no sistema cardiovascular. A definição encontrada por Carvalho é “o princípio físico no qual se verifica a alteração da frequência de ondas sonoras refletidas quando o objeto refletor se move em relação a uma fonte de onda sonora” (Carvalho et al, p.872). Esta técnica pode ser usada para determinar se há um fluxo sanguíneo, em que direção o fluxo está, a sua velocidade e turbulência. Se o sentido do fluxo sanguíneo for em direção ao transdutor, o eco de retorno terá uma freqüência mais alta, podendo ser considerada positiva, geralmente quando usado o modo colorido aparecerá em vermelho. Se o sentido do fluxo sanguíneo se der em direção contrária ao transdutor a freqüência refletida é mais baixa do que aquela que foi transmitida, podendo ser considerada negativa, e aparecerá em azul quando usado o modo colorido (CARVALHO et al, 2008). O doppler contínuo é usado para auscultar os batimentos cardíacos fetais e avaliar o fluxo sanguíneo nos vasos periféricos, porem não diferencia as profundidades. Neste caso o transdutor possui um cristal para emissão da onda, e outro para recebê-las, mas ambas trabalham de forma continua. Também permite uma análise quantitativa e qualitativa, conhecendo as freqüências e velocidades em que o fluxo sanguíneo aparece (MURTA et al, 2002). O doppler pulsátil permite a localização com precisão da região mensurada, os contrário do que ocorre com o doppler contínuo. Combinando o ultra- som convencional mais a unidade Doppler, pode ser feito junto com a técnica de pulsátil o Doppler dúplex que facilita analisar o fluxo vascular, já que o vaso pode ser identificado por sua ecogenicidade e é selecionado, sem depender de sua profundidade, isso pode ser feito facilmente por meio de uma janela localizada no vaso desejado (MURTA et al, 2002). É vantajoso o uso por excluir sinais das estruturas fora do volume amostral, porém o doppler pulsado está contido a uma capacidade máxima de 34 velocidade, ou seja,no limite de Nyquist (que corresponde à freqüência máxima a partir da qual a freqüência Doppler não é mensurável). Se a velocidade do fluxo sanguíneo é alta, o efeito Doppler não é avaliado com rigor e qualquer freqüência que passe desse limite é expresso com polaridade inversa chamado de “aliasing”, sendo representado no lado oposto da linha de base na análise espectral, e no Doppler em cores, pela cor oposta (MURTA et al, 2002). O doppler colorido permite mapeamento em cores dos vasos sanguíneos de uma determinada região, isso torna possível identificar pequenos vasos em que por meio da escala de cinza passam despercebidos, como acontece no início da gestação com as diminutas distâncias entre os vasos fetais. A codificação da freqüência do fluxo é transmitida em duas cores (vermelho para as correntes que se aproximam da sonda e azul para as que se afastam). As variações de tonalidade aparecem em áreas de turbulência, e é representada por cores mais claras (amarelo e verde), e quando a velocidade é maior a tonalidade torna-se mais clara (MURTA et al, 2002). Quando comparada a medicina humana, o uso do ultrassom doppler ainda tem muito a ser desenvolvido na medicina veterinária, mas considera-se promissora a atuação deste efeito nas técnicas voltadas aos pequenos animais, já que a área de reprodução em cães esta cada vez mais crescente, e este efeito permite maximizar a eficiência reprodutiva das cadelas, permitindo o acompanhamento da gestação e do desenvolvimento fetal (BLANCO, ARIAS e GOBELLO, 2008). Desta forma, o doppler pode ser amplamente utilizado para observar o sistema reprodutor feminino, dando suporte para pesquisa de anormalidades do feto e da placenta, distinguir fetos em hipóxia, avaliar doenças cardiovasculares, hematomas placentários, possibilitando a intervenção caso haja sofrimento fetal. (BLANCO, ARIAS e GOBELLO, 2008). 6.9 Vantagens e desvantagens do ultrassom O uso da ultrassonografia é considerada vantajosa por ser um método não invasivo, e ainda permitir uma avaliação das funções orgânicas de forma dinâmica, e na maioria dos casos não necessita de anestesia geral ou 35 sedações quando um procedimento de biopsia com agulha fina ou até mesmo colheitas de material para análises são requeridos (KEALY e MC ALLISTER, 2005). Podem ocorrer falsos positivos quando o ultrassonografista por erro confundir a vesícula urinária com o útero, mas é pouco provável que aconteça. Ou quando há um diagnóstico positivo, e ocorre absorção fetal, e no próximo exame notar a ausência dos mesmos. E no caso de falsos positivos quando o exame é feito muito precocemente ou por serem ninhadas pequenas e ficarem obscurecidas pelo gás do intestino (ALLEN, 1995). Os artefatos também são desvantagens que podem levar a uma interpretação errônea e não permitir um estudo real da estrutura esquelética, bem como a dificuldade em atribuir mudanças na textura do eco e na ecogenicidade em certas causas de alterações fisiológicas ou patológicas (KEALY e MC ALLISTER, 2005). A superestimativa de números fetais também podem acontecer devido a reabsorções subseqüentes ou pela contagem do mesmo feto duas vezes e a subestimativa se torna mais provável quando nas ninhadas apresentarem número superior a quatro fetos (ALLEN, 1995). 6.10 Sistema reprodutor feminino O sistema reprodutivo da cadela é composto por dois ovários, dois cornos uterinos, corpo do útero, cérvix e vagina. Os cornos uterinos localizam-se inteiramente dentro do abdome e o corpo do útero parte no abdome e parte intra pélvico. O útero esta relacionado dorsalmente com o cólon descendente e ureteres e ventralmente com a bexiga e intestino delgado (CARVALHO, 2004). Os ovários localizam-se caudolateralmente próximos a porção caudal do rim, esta localização é muito importante para guiar o médico veterinário durante o processo de varredura, já que os rins são facilmente identificáveis, e servem como ponto de referência para identificar as gônadas. Normalmente apresentam-se de forma oval medindo aproximadamente 2 centímetros de comprimento nas cadelas (PENNINCK e D’ANJOU, 2011). O útero não gravídico quando se encontra em sua normalidade não é visualizado na ultrassonografia sendo difícil de identificar em cadelas e de ser visto em gatas. O tamanho do útero é proporcional ao tamanho do animal, bem como da 36 fase do ciclo estral e se houve gestação num período anterior. Está localizado no abdome caudal, e aparecerá quando puder ser visto de forma tubular entre a bexiga e o cólon descendente, na porção ventral e dorsal respectivamente. Após identificar a cérvix a varredura continua sendo feita até a bifurcação dos cornos uterinos (PENNINCK e D’ANJOU, 2011). O corpo do útero é pequeno medindo em torno de 2 a 3 centímetros, e os cornos são bem longos e finos, e em média possuindo de 12 a 15 centímetros nas cadelas. Esse diâmetro é uniforme ao longo de sua extensão e os cornos se separam do corpo formando um “V” seguindo os lados de cada rim. Como a cérvix é mais fibrosa do que a vagina usa-se essa textura para demarcar os espaços, pois as delimitações entre o útero e a vagina não são visíveis (JARRETA, 2004; EVANS e LAHUNTA, 2013). Em sua normalidade o útero é observado na imagem ultrassonográfica como uma estrutura de ecotextura homogênea e hipoecogênica, e como o lúmem não é visibilizado este às vezes aparece como uma faixa fina ecogênica central se houver muco, caso esteja com fluido aparece anecogênico. O miométrio normalmente não pode ser diferenciado do endométrio (NYLAND e MATTON, 2004). Considera-se que o útero gravídico aumenta de tamanho, e com isso a topografia em que se encontra é alterada, portanto no terço médio da gestação e no terço final de gestação o útero estará no abdome caudoventral, e as alças intestinais podem sofrer deslocamento craniodorsal, dorsoventral do colon descendente e por fim comprimir a bexiga ventralmente (THRALL, 2010; KEALY e MC ALLISTER, 2005). Nas fases do ciclo estral em que as cadelas apresentam em proestro e no estro o diâmetro do útero aumenta e na imagem são vistos o desenvolvimento de linhas hiperecogênicas no centro quando feito por um corte transverso, no qual pode ser melhor visibilizado e o tamanho depende de diversos fatores, com também do estado fisiológico e da presença ou não de alguma doença do trato reprodutivo (KEALY e MC ALLISTER, 2005). 37 6.11 Diagnóstico de gestação e desenvolvimento feta l Segundo Baba (2010) os exames de imagem são os mais utilizados entre os pequenos animais, e juntamente aos exames clínicos e observações nas alterações comportamentais da fêmea, aumentam a precisão num diagnóstico gestacional precoce, permitindo um acompanhamento pré-natal deste animal. Ainda ressalta que: O período gestacional em cadelas possuí uma variação considerável devido a sua fisiologia reprodutiva e á algumas variáveis envolvidas. A duração da gestação é relativamente constante entre as cadelas se for considerado o dia do pico de LH, sendo este o dia zero (idade gestacional = 65 + ou – 1 dia), e bastante variável se forem consideradas as datas das cópulas (idade gestacional = 56 a 68 dias), devido a longa presença do espermatozóide no trato reprodutivo da cadela. (2010, p.15). A gestação pode ser precocemente diagnosticada através da imagem ultrassonográfica com um aumento do corno uterino a partir do 7º dia após a cobertura. Mas esse aumento dos cornos uterinos podem ser decorrentes de influência hormonal, pois cadelas prenha ou não prenhas podem apresentar um aumento uterino somente pela ciclicidade (NYLAND E MATTON, 2004). Na ultrassonografia a primeira confirmação da gestação é dada pela detecção de vesículas embrionárias ou sacos gestacionais (blastócitos ou cavidade coriônica) que aparecem como estrutura anecóica muito pequenapor volta dos 17 a 23 dias após o pico de hormônio luteinizante (LH) (NYLAND E MATTON, 2004; ALLEN, 1995). Castro (2006), com base em um estudo feito com 27 cadelas de raças e portes diversos por meio de um exame ultrassonográfico em período gestacional concluiu que entre os animais avaliados a gestação foi confirmada precocemente entre 18 e 20 dias após a cobertura, sendo a estimativa do número de fetos com relação ao número de vesículas, mais precisa quando feitas na segunda fase gestacional, que variou dos 30 a 40 dias. Ferrari (2009) descreve um estudo em 12 cadelas feito por exame ultrassonográfico realizado por um único examinador para avaliar o período gestacional, em que os sacos gestacionais foram visualizados com 9 a 11 dias após o cruzamento, descrevendo-as como estruturas arredondadas, de bordos definidos e 38 com conteúdo anecóico homogêneo, que foram se desenvolvendo durante 14 dias seguintes até serem identificadas como embrião aos 17 dias (considerando a média de 15 a 20 dias). O saco gestacional começa a alterar a sua forma por volta de 28 dias, deixando de ser esférica e começando a se alongar. O embrião é visto entre os dias 23 a 25 como uma estrutura hipercogênica homogênea de alguns milímetros de comprimento inserida na membrana fetal que possui conformação esférica. A placenta em desenvolvimento envolve o saco gestacional aparecendo como uma imagem hiperecóica bem fina na região periférica, sendo reconhecida a partir do dia 27 e evidente no 36º dia (NYLAND e MATTON, 2004). Durante o período de desenvolvimento o embrião distancia-se da parede do útero e se prende pelo saco vitelínico (estrutura ecogênica linear em forma de “U”) a partir do 25º ao 28º dia. Do 27º e ao 31º dia apresenta-se como uma estrutura tubular e por volta do 31º para o 35º dia esta membrana se estende de um pólo ao outro do saco gestacional. Já o alantóide pode ser observado do 27º ao 31º dia como uma estrutura fina e menos ecogênica que a membrana que cerca o embrião e o saco vitelínico. Após o 30º dia, este passa a ser o líquido predominante e a partir deste período que o feto vai permitir o reconhecimento da organogênese pela técnica ultrassonográfica (NYLAND e MATTON, 2004; JARRETA, 2004). Os batimentos cardíacos são observados do 21º ao 29º dia após o pico de LH, é visualizada uma pequena estrutura anecóica que se movimenta rapidamente dentro do embrião, e a movimentação fetal por volta dos 33º ao 35º dia (CARVALHO, 2004). A movimentação e os batimentos cardíacos são indícios de viabilidade fetal. Considera-se normal que os batimentos cardíacos do feto sejam o dobro auscultados na cadela prenha, em média os batimentos cardíacos fetais são de 230 batimentos por minuto. O coração mais tarde vai apresentar septações lineares os quais determinam as paredes das câmaras e válvulas, só que somente por volta dos 40 dias que as câmaras completas poderão ser visualizadas (NYLAND e MATTON, 2004; CARVALHO, 2004). Castro (2006) também relatou que o coração fetal pode ser visto por volta dos 23 dias. E acrescenta Gil (2015) que o aumento ou a diminuição dos batimentos cardíacos indicam como o feto está se comportando no decorrer da 39 gestação, após um estímulo é esperado que o feto aumente seus batimentos, caso contrário a diminuição indica estresse e agonia. Dos 28 ao 33 dias após a cobertura Castro (2006) observou o crânio, a diferenciação do crânio e corpo bem como a movimentação fetal. Já Nyland e Matton (2004) descrevem que no 28º dia, a cabeça e o corpo dos fetos já são identificados. Na cabeça primeiramente é visualizado uma estrutura anecóica inicial, após alguns dias de desenvolvimento o cérebro aparece como uma estrutura ecogênica que chamamos de plexo coróide que é circundado pelo ventrículo cerebral anecóico. As primeiras formações referentes aos membros são identificados por volta do 35º dia. Já o esqueleto fetal é visibilizado dentre o 33º ao 39º dias (o crânio é a primeira parte do esqueleto a ser detectado, vindo após a mineralização acelerada da coluna torácica, costelas, coluna cervical e esqueleto apendicular) e por serem mineralizados formam artefatos de imagem como as sombras acústica, e os ossos são vistos como estruturas hiperecogênicas (NYLAND e MATTON, 2004). Nyland e Matton (2004) afirmam que os primeiros órgãos do abdome do feto que são identificados pela ultrassonografia são a bexiga e estômago e são vistos por volta dos 35 a 39 dias após o pico de LH, aparecendo como estruturas anecóicas focais. Durante o exame esses órgãos sofrem mudanças, devido a sua capacidade de distensão. E Castro (2006) descreve que a bexiga e o estômago são vistos por volta dos 30 aos 36 dias. No início o pulmão do feto e o fígado são isoecóicos, e durante o desenvolvimento fetal os pulmões acabam variando sua ecogenicidade, tornando-se hiperecóicos em relação ao fígado por volta de 38 a 47 dias. Para encontrá-los o ultrassonografista se guia pela localização do coração, estômago e bexiga (NYLAND e MATTON, 2004; CARVALHO, 2004). Os rins são visualizados entre o 39º e 47º dia de gestação, e possuem a região cortical e medular hipoecóicas com a pelve anecóica e dilatada, e conforme o desenvolvimento fetal o córtex e a medula renal diferem a ecogenicidade e a pelve diminui a dilatação (NYLAND e MATTON, 2004; CASTRO, 2006). Por ultimo detectam as alças intestinais por volta dos 57º dia e entre os 50º e 60º dias de gestação os líquidos fetais diminuem de forma acentuada, e o peristaltismo de alças intestinais é observado em torno de 57º e 63º dia indicando a fase final da gestação (CARVALHO, 2004; CASTRO, 2006). 40 Segundo Teixeira et al (2009), a idade fetal pode ser calculada de maneira retrospectiva, como método para estudos, contando como o dia zero a data de parto, a pesquisa foi realizada com 4 cadelas da raça Rottweiller com exame ultrassonográfico de gestação, foram identificados vesículas gestacionais como estruturas focais e esféricas de imagem anecóica no período de 39 a 24 dias antes do parto, o coração identificado com 32 dias antes do parto, e demais estruturas avaliadas com 32 a 3 dias antes do parto. Considerando que a gestação teve um tempo médio de 62 dias, as vesículas identificadas por volta dos 23 dias, o coração por volta dos 30 dias e as demais estruturas avaliadas dos 30 dias até a data de parto aos 62 dias. Considera-se a determinação da idade fetal importante para estimar a data provável de parto, e pode ser apontada baseando-se na aparência das estruturas e parâmetros embrionários observados na imagem ultrassonográfica. Com essas mensurações diretas podem ser presumidos a idade dos fetos (O´BRIEN e BARR, 2012; FARROW, 2007). É importante lembrar que cada animal possui particularidades, e devido as diferentes raças, conformações e tamanho da ninhada, a data provável de parto pode nem sempre ser precisa (ALLEN, 1995). São usadas algumas fórmulas de predileção para determinar a idade gestacional dias antes do parto em cadelas. Com menos que 40 dias, podem ser usados: IG = (6 x DBG) + 20 onde DBG é diâmetro da bolsa gestacional, ou então IG = (3 x CC) + 27 onde CC é comprimento corporal. Com mais de 40 dias, podem ser usadas: IG = (15 x DC) + 20 onde DC é diâmetro cefálico, ou IG = (7 x DT) + 29 onde DT é diâmetro torácico, bem como IG = (6 x DC) + (3 x DT) + 30. Para estimar os dias que antecedem o parto calcula-se por meio da regra 65 – IG, onde IG é idade gestacional (PENNINCK e D’ANJOU, 2011; NYLAND e MATTON, 2004). É recomendado que no final da gestação seja feito o exame radiográfico para contagem de fetos. Mas é importante lembrar que o paciente prenhe não é submetido ao exame de radiologia quando em período inicial de gestação, devido a ionização do DNA poder aumentar as taxas de mutação, abortos ou anomalias fetais quando o útero éirradiado, devido a divisão ativa das células do embrião. A ionização de tecidos causa formações de radicais livres que são quimicamente ativos e causam danos ao DNA, já que é um alvo relativamente grande quando comparado as estruturas intracelulares (THRALL, 2010). 41 A confirmação da gestação pela radiografia só pode ser dado mais ou menos com 45 dias de gravidez, porque os ossos fetais se calcificam e uma imagem nítida é formada (KEALY e MC ALLISTER, 2005). A determinação do sexo é possível entre 55 e 58 dias de gestação, por meio dos aspectos da genitália externa associada ao posicionamento dos fetos caninos. Esse aspecto não é muito relatado devido a dificuldade em diferenciar o sexo do feto, quando a gestante possui mais de dois conceptos bem como pela inexperiência do examinador em detectar as estruturas (GIL et al, 2015). 7 RELATO DE CASO Foi atendido no dia 02 de outubro de 2015, na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba (FMVA) da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” no hospital veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, uma cadela, fêmea, não castrata, raça Blue Heeler, com idade de 1 ano e 10 meses, com histórico de aumento do volume abdominal. Durante a anamnese foi descrito pelo proprietário que o animal apresentava-se em terceiro cio e foi submetido a inseminação artificial no dia 02, 03 e 04 de setembro. A fêmea era primípara, e o macho doador da mesma raça e fisicamente do mesmo tamanho. O animal nunca havia sido submetido ao uso de vacina anticoncepcional. O proprietário comprovou por meio da carteira de vacinação que as vacinas polivalente e antirábica estavam atualizadas, e relatou que o controle para endoparasitoses era feito a cada seis meses, e mencionou que não havia ectoparasitas. Na anamnese o proprietário declarou que a paciente possuía dois contactantes, e vivia em ambiente com chão de cimento e piso. O acesso a rua era somente com o uso de coleiras guias para passeios com o dono. O animal se alimentava somente com ração, e não foi evidenciado a presença de vômitos, diarréias e alterações de comportamento. Nos demais sistemas o proprietário não relatou alterações. Ao exame físico constatou-se a frequência cardíaca do animal em 92 batimentos por minuto, a frequência respiratória em 96 movimentos por minuto, a temperatura retal em 37,9 ºC, e o tempo de reperfusão capilar em 1 segundo, as mucosas apresentavam-se normocoradas, linfonodos não reativos, nível de consciência alerta, e bom estado nutricional. Considerando-se todos os parâmetros 42 normais para espécie e idade. Não houve evidência de ectoparasitas, como pulgas e carrapatos, e em relação aos demais sistemas, não foram evidenciadas alterações. Prosseguindo na investigação diagnóstica, optou-se em realizar o exame ultrassonográfico de abdome total. Na imagem ultrassonográfica (Mylab 70 VET XVision - Esaote®) foi observado a presença de vesículas gestacionais (Figura 6) cuja viabilidade dos fetos foi comprovada pelos movimentos iniciais. A placenta e líquido amniótico estavam normais para a fase e as medidas fetais aproximadas foram: a) Diâmetro biparietal (crânio) = 0,70cm (Figura 7); b) Diâmetro da vesícula = 3,26cm x 2,53cm (Figura 8); c) Comprimento dos fetos = 2,08cm (Figura 9); Devido aos achados ultrassonográficos compatíveis com a gestação e com a mensuração pelas fórmulas para determinar a idade gestacional sugeriu-se idade fetal de 30 dias com margem de erro 3 dias a mais ou 3 dias a menos. Considerando esse exame ultrassonográfico o primeiro período gestacional, foi possível a contagem de seis vesículas gestacionais, porém não pode-se confirmar que essas vesículas são compatíveis com o número de fetos. Figura 6 Ultrassonografia de corno uterino com embrião ecogênico posicionado dentro da vesicula gestacional anecóica Fonte: UNESP- FMVA (2015). 43 Figura 7 Diâmetro biparietal (Crânio) com 0,70 centímetros de medida, com idade gestacional prognosticada de 30 dias Fonte: UNESP- FMVA (2015). Figura 8 Vesícula com o diâmetro estimado em 3,26cm x 2,53 centímetros, é possível ser delimitada pela parede ecogênica que circunda a estrutura Fonte: UNESP- FMVA (2015). 44 Figura 9 Diâmetro do corpo avaliado por meio do comprimento fetal de 2,08 centímetros, observado em uma das vesículas gestacionais Fonte: UNESP- FMVA (2015). Mediante aos achados da ultrassonografia foi recomendado o acompanhamento gestacional, para avaliar o desenvolvimento dos fetos, bem como a viabilidade no próximo período gestacional. Com isso o retorno foi marcado para o dia 14 de Outubro de 2015. No retorno o proprietário relatou normúria, normodipsia, normoquezia e, que houve um aumento na quantidade de ração Royal Canin® fornecida. Não observou alterações de comportamento e locomotoras. O paciente continuou sem o acesso a rua, e não foi administrada nenhuma medicação. O proprietário queixou-se de ter observado uma secreção amarelada advinda da vagina, porém não abundante. No exame físico constatou-se que a mucosa vaginal apresentava-se hiperêmica, os linfonodos não reativos, as demais mucosas normocoradas. O paciente estava com bom estado nutricional, o nível de consciência alerta, e os parâmetros vitais aferidos em 92 batimentos por minuto em frequência cardíaca. Devido a taquipnéia não foi possível avaliar a frequência respiratória, temperatura retal de 38,1 ºC, e tempo de reperfusão capilar de 2 segundos. 45 Para a melhor avaliação dos fetos, foi feito uma requisição com um novo pedido de ultrassom. Foi observado presença de fetos cuja viabilidade foi comprovada pelos movimentos fetais e batimentos cardíacos presentes e rítmicos, com freqüência em torno de 220-245 bpm (Figura 10). A placenta e líquido amniótico apresentavam-se normais para a fase. O sistema ósseo articular apresentava-se em desenvolvimento, produzindo tênue sombra acústica posterior. No abdômen fetal era possível a individualização de: estômago, grandes vasos, fígado, vesícula biliar, rins e bexiga urinária. As medidas fetais aproximadas foram: a) Diâmetro biparietal (crânio) = 1,44 cm (Figura 11); b) Diâmetro torácico = 1,68 cm (Figura 12); c) Diâmetro abdominal = 2,56 cm x 2,53 cm (Figura 13); d) Comprimento fetal = 8,23cm (Figura 14); Devido aos achados ultrassonográficos, estimou-se idade fetal de 41 dias, com margem de erro 3 dias a mais ou 3 dias a menos. Figura 10 Movimentos iniciais e batimentos cardíacos presentes e rítmicos, com freqüência em torno de 220-245 batimentos por minuto Fonte: UNESP- FMVA (2015). 46 Figura 11 Diâmetro biparietal (Crânio) com 1,44 centímetros de medida, com idade gestacional prognosticada de 41 dias Fonte: UNESP- FMVA (2015). Figura 12 Diâmetro torácico aproximado de 1,68 centímetros evidenciado entre as costelas, no ultrassom é possível observar o sistema ósseo articular em desenvolvimento, produzindo tênue sombra acústica posterior Fonte: UNESP- FMVA (2015). 47 Figura 13 Diâmetro abdominal de 2,56 centímetros por 2,53 centímetros sendo possivel observar as estruturas internas do feto Fonte: UNESP- FMVA (2015). Figura 14 Comprimento fetal de 8,23 centímetros, medindo o polo cranial até o polo caudal do feto Fonte: UNESP- FMVA (2015). Após o segundo período gestacional, o retorno da paciente foi marcado para dia 26 de outubro, com o intuito de ser realizado o exame radiográfico 48 para a confirmação do número de fetos, e mensuração do diâmetro pélvico. Mas devido uma viagem do proprietário não foi possível radiografar o animal, bem como acompanhar o nascimento dos
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