Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Urgências em traumato-ortopedia Gabriela Brito Ortopedia: Especialidade que utiliza métodos clínicos, cirúrgicos e físicos para tratar, corrigir enfer- midades, lesões e deformidades ósseas, dos músculos, tendões, articulações e ligamentos, e tudo relacionado ao aparelho locomotor, sistema esquelético e estruturas associadas. Traumatologia: Parte da medicina que estuda e trata o conjunto de perturbações do organismo, pro- vocadas por agentes ou ações con- tundentes. Emergência: Situação em que a vida e a saúde do paciente enfrentam uma ameaça imediata, o paciente está em risco de morte imediata. Aparece de forma súbita, a solução deve ser imediata. Ex.: Fraturas instáveis da pelve. Urgência: Não há risco imediato de vida, porém pode se transformar em uma emergência se não solucionada rapidamente. Seu aparecimento pode ser previsto, a solução deve ser feita em curto prazo (não esperar demais). Ex.: Luxações, fraturas expostas. Emergência X Urgência em traumatologia Principais lesões Contusão- Simples trauma di- reto, uma "pancada". Entorce- Alteração traumática em uma articulação, onde houve uma hipermobilidade da mesma, porém não há lesão das estruturas ósseas e musculares. Luxação- Perda da congruência articular, a articulação sai do lugar. Ex.: A cabeça do úmero se desloca para fora da glenoide. Fratura- Perda da continuidade do tecido ósseo. Síndrome compartimental- Há um aumento da pressão dentro de um compartimento do corpo, podendo causar lesão e morte tecidual. Infecção osteo-articular- Oste- omielites e artrite séptica. Tipo I: Ferida- < 1cm; Tipo II: Ferida entre 1-10cm, Contaminação moderada; Tipo III A: Ferida- > 10cm Importante para o prognóstico e tratamento. Indica se a lesão tem maior ou menor gravidade. Leva em consideração: - Grau da lesão de partes moles; - Grau de contaminação; - Padrão da fratura; Conta-minação- Limpa; Lesão de partes moles- Mínima; Lesão óssea- Simples; Fraturas puntiformes. Lesão de partes moles- Moderada; Lesão óssea- Simples a moderada; Contaminação- Contaminada; Lesão de partes moles- Grave + cobertura cutânea possível; Lesão óssea- Multifragmentar; Lesões que merecem atenção Fratura exposta; Trauma da pelve; Síndrome compartimental; São fraturas em que uma ruptura da pele e dos tecidos subjacentes se comunica diretamente com o osso fraturado e/ou seu hematoma. O sangramento, provocado pelo osso, com comunicação com o meio externo, já é considerado uma fratura exposta. É considerado uma urgência. Contaminação por bactérias do meio externo que podem levar a quadros infecciosos (agravar ou comprometer o membro); Desvascularização tecidual; Perda de função por lesão tecidual; Deve ser tratada em até 6 horas. Significado de fratura exposta Classificação- Gustilo e Anderson Tipo III B: Ferida- > 10cm; Tipo III C: Ferida- > 10cm; Contaminação- Contaminada; Lesão de partes moles- Grave + cobertura de partes moles deficiente; Lesão óssea- Multifragmentar; Contaminação- Contaminada; Lesão de partes moles- Lesão vascular que requer reparo; Lesão óssea- Multifragmentar; Até 6 horas de exposição: Potencialmente contaminada. Faz antibiótico profilaxia por 24h. De 6-12 horas: Contaminada. Antibiótico profilaxia por mais tempo. Mais que 12 horas: Infectada. Antibiótico profilaxia prolongada + antibióticos de amplo espectro. Fratura exposta- ATLS Controle das vias aéreas e ressuscitação urgente; Imobilizar a extremidade lesionada e aplicar curativos estéreis; Administrar antibióticos intra- venosos; Desbridamento e irrigação do ferimento, deixar o ferimento aberto e estabilizar lesões instáveis; Repetir o desbridamento se necessário; Adiar o fechamento; Avaliação das condições gerais do paciente Insuficiência ventilatória; Choque hipovolêmico; Lesão neurológica; Lesão vascular; Lesão visceral; 1. 2. 3. 4. 5. Fases de seguimento Pré-hospitalar: - Controle das vias aéreas; - Controle do sangramento; - Alinhamento da fratura se possível; - Imobilização provisória e remo- ção para o hospital; Hospitalar: - Documentação visual e descritiva da lesão; - Exame completo da extremidade como pulso, perfusão, tempe- ratura, cor, sensibilidade, motri- cidade e deformidades; - Exames de imagem e labora- toriais; - Antibiótico-profilaxia e tetano- profilaxia; - Cirurgia: Limpeza cirúrgica ampla, fixação provisória ou definitiva; Cirúrgica- limpeza: - Limpa o ferimento com soro fisiológico; - Uso de solução degermante; - Retirada de corpos estranhos; - Tricotomia no local lesionado; - Solução alcoólica e campos estéreis; - Amplia a ferida com uma incisão para melhor exploração; - Faz o debridamento; - Remoção de corpos estranhos; - Remoção de tecidos desvita- lizados; - Redução da contaminação bacteriana; - Cria uma ferida vascularizada; Limpeza com soro fisiológico - Tração cutânea ou esquelética; - Talas ou gesso; - RAFI: placas ou hastes; - Fixadores externos: lineares ou circulares; Estabilização da fratura Imobilização com gesso- criança Fixador externo- Mais usado em adultos, alinha o osso, temporário. Fratura exposta com fixador externo Haste intramedular bloqueada (fixação interna) Amputação A- Lesão Musculoesquelética B- Isquemia dos membros C- Choque D- Idade A amputação pode ser reco- mendada em algumas fraturas expostas, sendo definida sua necessidade pela escala de MESS: Pontuação de 1-4 Pontuação de 1-3 Pontuação de 0-2 Pontuação de 0-2 Um total de 7 ou mais pontos a indicação de amputação é de 100% Antibioticoterapia endovenosa Fraturas tipo I e II: Cefa- losporina de 1ª geração; Fraturas tipo III-A,B,C: Cefalos- porina de 1ª geração + amino- glicosídeo; Área rural: Cefalosporina de 1ª geração + aminoglicosídeo + Penicilina Complicações Tecido ósseo: Tecidos moles: - Osteomielite - Infecções - Pseudartrose - Perdas ósseas - Contracturas - Perdas cutâneas - Deformidades É uma emergência, podendo levar ao choque hipovolêmico, causando morte do paciente, se não tratada rápido. A maioria é causado por acidentes de trânsito e em seguida quedas da própria altura (idosos). Existem vários órgãos vitais que são envolvidos pela pelve, que se lesados podem causar sangra- mentos importantes e também desequilíbrio da pressão interna dos órgãos pélvicos. Força AP: A pelve se abre, fazendo uma dobradiça. Direção da força sobre os ligamentos posteriores. Força de compressão lateral: Acidentes automobilísticos. Im- pacto sobre articulação sacro- ilíaca e do sacro. Trocânter maior: Pode ser lesado por uma fratura trans- versa do acetábulo. Força em rotação externa e abdução: Força ocorre através da diáfise e cabeça femoral quando o MI é rodado externamente e abduzido. Acidentes motociclístico. - Déficit neurológico envolvendo o PLEXO LOMBOSSACRAL. - Contusões, equimoses e abrasões na pelve, nos flancos e no períneo. - Sangue no meato uretral/hema- túria. - Sangue dentro ou ao redor da reto (toque retal). - Feridas abertas na virilha, nádega e períneo. - Comprimento desigual de algum dos membros ou rotação externa de uma extremidade. - Mobilização anormal da pelve em ântero-posterior ou lateral com- pression EIAS e crista ilíaca. - Discrepância (encurtamento importante de um membro); - Desvio rotacionais MMII em rotação externa; - Compressão das espinhas ilíacas anterosuperiores; Mecanismo das lesões do anel pélvico Exame físico Diagnóstico Sinal de destot Edema e hematoma importante dos grandes lábios na mulher. É patognomônico da lesão da pelve. Edema e hematoma importante do saco escrotal no homem. Toquevaginal; Toque retal; Hipovolemia + sépse (50% de mortalidade); Lesão perineal/retal (fazer colostomia); Necessário procurar a presença de algum sangramento. É feito: Pode ter: Exame físico L1-2: Flexores do quadril; L3-4: Extensor do joelho (qua- dríceps); L4-5: Dorsiflexão do tornozelo e dedos do pé; S1: Flexão plantar do tornozelo; S2-3: Flexão plantar dos dedos do pé; Miotomos do membro inferior Fratura exposta da pelve "oculta" Lesões associadas Urológicas - 12% Neurológicas- 8% Lesão em livro aberto É quando a região da sínfise púbica sofre uma disjunção, causando sangramento importante (hema- toma retroperitoneal). Primeiro pas- so nesse tipo de lesão, é a fixação da pelve. Os principais exames feitos são tomografia e ultrassom abdominal (líquido livre na cavidade abdominal). Lesões vasculares pélvicas Houve uma evolução no tratamento dessas lesões, que são a arteriografia e a embolização de vasos. Diagnóstico por imagem Radiografia da pelve em AP, inlet e outlet é de rotina. Padrão ouro é a tomografia e também é fundamental para planejar o tratamento cirúrgico definitivo. Ântero-posterior (ap) Inlet (entrada) Âmpola em 45º em direção cranial. Fixador externo (provisório); Vestimenta pneumática anti- choque; Embolização arterial; Clamp de Ganz; Atadura pélvica; São incidências oblíquas que avaliam as asas dos ilíacos e os acetábulos. Consiste na imobilização da pelve, com cintas pélvicas (é o essencial) e se não tiver a cinta pode usar um lençol para imobilização. Necessário fazer o protocolo ATLS. Outlet (saída) Âmpola em 45º em direção caudal. Alar e Obturatriz Tomografia É padrão ouro Tratamento inicial Tratamento na emergência Caso a fixação externa não surta efeito, é feita outras opções como embolização arterial. Fixador externo São colocados pinos dentro do osso do ilíaco. A fixação externa reduz o volume pélvico, limita a possibilidade de dissecção, acrescenta pouca agressão cirúrgica, é de rápida execução e permite a imple- mentação de medidas comple- mentares quando necessário. Estabilização anterior É a fixação definitiva, que consiste na estabilização dessa fratura com placas e parafusos. Fixação com parafusos. Lesões associadas Necessitam transfusão san- guínea nas primeiras 48h; Múltiplas lesões associadas que necessitam intervenção; Lesão do tórax; Fratura de outro osso longo; Lesão de cabeça ou cérebro; Lesão de baço ou fígado; Fratura da coluna; Complicações Síndrome compartimental em coxa; Trombose venosa profunda; Embolia pulmonar; Neuropraxias do nervo ciático, femoral, obturatório; Óbitos; Hemorragias pélvicas; Lesões da uretra e bexiga; Lesões do reto e vagina; Os músculos estão agrupados em compartimentos fasciais bem defi- nidos. As fáscias são estruturas que recobrem os músculos e tem capacidade elástica limitada. Algumas lesões podem levar a sangramentos ou edemas em tecidos, levando a compressão vascular dessa região podendo causar perda de irrigação de membro culminando em am- putação desse membro. Definição Aguda: Compressão externa, lesão arterial, queimaduras, mordedura de cobra, PAF e traumatismo (tíbia e ossos do antebraço). Consiste em uma condição na qual há o aumento da pressão dentro de um compartimento confinado e pouco expansivo que prejudica o aporte sanguíneo para as estruturas dentro desse com- partimento. Pode ser aguda ou crônico: Crônica: Atividade física (hipertrofia muscular e envoltório fascial tenso). Classificação clínica Aguda: Dor incompatível com a esperada para o tipo de lesão, piora com o alongamento passivo (em desenvolvimento), região do compartimento tensa à palpação, parestesia e paresia, edema de extremidade e alteração de coloração cutânea e 6 P's. Subaguda: Ausência de sinais e sintomas típicos. Crônica: Adulto jovem espor- tista, bilateral, pós atividade, dor como cãimbras, queimação ou incômodo, edema, tensão na musculatura envolvida e parestesia. Parestesia Pain (dor) Pressão Palidez Paralisia Pulselessness (ausência de pul- sos) 1. 2. 3. 4. 5. 6. - Inspeção: pele tensa, edema- ciada e fina; - Palpação: Tensão/Pressão; 6 P´s Fisiopatologia Diagnóstico São feitos exames laboratoriais, ultrassom com dopler, ressonância magnética e oximetria de pulso. O diagnóstico é clínico sendo confirmado pela aferição da pressão compartimental. Mensuração da Pic É utilizado transdutor de pressão modular (cateter intramuscular ou intravenoso, ligado a um monitor de pressão). É importante comparar com a pressão do membro saudável, se possível. Tratamento PIC > 30: Faz fasciectomia; PIC < 30: Monitora a PIC continuamente e acompanha. Pacientes com sinais claros de síndrome compartimental vai direto para uma fasciectomia. Em casos de suspeita, faz a medida da pressão do compartimento: Complicações Necrose; Rabdomiólise; Falência Renal; Insuficiência venosa (secun- dária à fasciectomia);
Compartilhar