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Projeto Integrado de Segurança em Ambientes Laborais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Revisão Textual: Prof.ª Me. Luciene Santos As Normas Regulamentadoras – NRs • Portaria 25 de dezembro de 1994: Riscos Ocupacionais. · Entender o que significa NR; · Compreender quais e quantas são as NRs; · Identificar as atribuições de todas as NRs. OBJETIVO DE APRENDIZADO As Normas Regulamentadoras – NRs Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs Portaria 25 de dezembro de 1994: Riscos Ocupacionais As Normas Regulamentadoras – NRs Sabe-se que os problemas com doenças geradas por agentes ambientais existem desde que o homem surgiu no mundo. Em qualquer época da vida na terra, os seres vivos tiveram que correr riscos para sobreviver, haja vista os incontáveis acidentes que ocorrem até hoje, mesmo com o desenfreado avanço tecnológico. Documentalmente, foi a partir de 1700, com a publicação do livro “As Doenças dos Trabalhadores, escrito pelo pai da Segurança do Trabalho, o Médico Dr. Bernardino Ramazzini. No seu livro, Ramazzini relacionou 54 profissionais e descreveu os principais problemas de saúde causados por agentes ambientais. Após a Revolução Industrial, ocorreram grandes transformações nas condições de trabalho dos operários ingleses. A partir daí, foram criados os “Limites de Tolerância”, para estabelecer critérios de exposição aos riscos ambientais. O programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) foi criado em 1994, pela Portaria do Ministério do Trabalho, que passou a vigorar em 1995, e considerado um marco na legislação de riscos brasileira. A PPRA ganhou maior dimensão por meio da Instrução Normativa nº 99/2003. Pode-se dizer que, no Brasil, a legislação sobre exposição de agentes ambien- tais surgiu a partir de 1960. Depois desse fato, foram feitas várias mudanças. A lei nº 6.514, de 22 de setembro de 1977, alterando a Consolidação das Leis do Traba- lho e, em 1978, são aprovadas as Normas Reguladoras (NRs), relativas à segurança e medicina do trabalho. No início de sua implantação, eram 28, hoje temos 36. Entre as 28 existentes na época, a Norma Regulamentadora-9 – Riscos Am- bientais – tinha em seu contexto os riscos ambientais como físicos, químicos e biológicos. Nessa ocasião, o texto considerava agentes agressivos, insalubres ou perigosos que passaram a ser escritos na NR-15 (atividades e Operações Insalu- bres) e a NR-16 (Atividades e Operações Perigosas). Em 1997, a Legislação Previdenciária é criada, exigindo metodologia específica para cada agente avaliado. É o caso da Norma de Higiene Ocupacional (NHO). A Portaria nº 5 altera a NR-9 – Riscos Ambientais –, de 1992, que prevê a ela- boração do mapa de riscos pela CIPA, Comissão Interna de Prevenção de Aciden- tes, com origem na Itália e que a partir de 1992, graças a essa portaria também é elaborada pela CIPA no Brasil. Em 1994, é alterada a NR-9, que passa a ser chamada de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que prevê ações a serem desenvolvidas pelas empresas, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores. 8 9 A Presidência da República em 2003, determina que as avaliações ambientais deverão obedecer à metodologia e aos procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundacentro. No mesmo ano, foi aprovada a NR-17 sobre “Lesões por Esfor- ços Repetitivos (LER), ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, introduzindo o termo ‘riscos psicossociais’”. Em 2004, o Ministério do Trabalho e Empregos, altera a NR-10 que trata de Instalações e Serviços em Eletricidade. Assim passa a constar no texto, a análise de risco, que prevê que sejam adotadas medidas preventivas do controle de risco elétrico e de outros riscos adicionais, como: campo elétrico e magnético, explosivi- dade, umidade, poeira e outros. 2005 o MTE, aprova a Norma Regulamentadora 31 de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura • Agricultura; • Aquicultura (organismos aquáticos); • Exploração Florestal; • Pecuária; • Silvicultura (regenerar e melhorar os povoamentos florestais). No mesmo ano, é aprovado o texto da NR-32, de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimento de Saúde. A NR-32 especifica que serviços de saúde da população, qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade e, contém os requisitos para elaboração do PPRA. No ano de 2006, é aprovada a NR-33, que regulariza a Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados, que avalia e controla os riscos físicos, químicos e biológicos. O Presidente da República (2009) define a regra que prevê que o Programa de Pre- venção de Riscos Ambientais e de Doenças Ocupacionais será, exclusivamente, apli- cado por Engenheiro com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, devidamente registrada no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA). No mesmo ano, são acrescidos à NR-6 as normas técnicas de ensaio e os requi- sitos obrigatórios aplicáveis aos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). No ano 2010, foram inseridos riscos adicionais na NR-12, acrescentando ruído, vibração, calor, radiação ionizante e radiação não ionizante, combustíveis, inflamá- veis e substâncias que reagem violentamente. Em 2011, a NR-34 foi criada tratando de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval. A NR-35, Trabalho em Altura, foi criada em 2012 e a última alteração foi em 2016, com o acréscimo de: “[...] é obrigatória a utilização de sistema de proteção contra quedas sempre que não for possível evitar o trabalho em altura”. 9 UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs Em 2013, a NR-36, a última até os dias de hoje, foi criada: com objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentementea segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras. (BRASIL, 2013, p. 28) É possível perceber que as Normas Reguladoras no Brasil, comparativamente com outros países, são recentes e sofrem modificações ou são criadas, à medida das necessidades das atividades de trabalho. À medida que surgem problemas com as atividades trabalhistas, cria-se uma nova NR, ou insere-se novo texto à norma já existente. A Figura 1 mostra os riscos que correm os trabalhadores sem o cumpri- mento das devidas normas de segurança do trabalho. Figura 1 – Riscos de acidentes – trabalhadores sem equipamentos de segurança Fonte: iStock/Getty Images No Quadro 1, há um resumo de todas as NR e os principais dispositivos. Quadro 1 – NR NR Dispositivo NR 01 Disposições Gerais NR 02 Inspeção Prévia NR 03 Embargo ou Interdição NR 04 Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho NR 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes NR 06 Equipamentos de Proteção Individual – EPI NR 07 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional NR 08 Edificações NR 09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais 10 11 NR Dispositivo NR 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade NR 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais NR 12 Máquinas e Equipamentos NR 13 Caldeiras e Vasos de Pressão NR 14 Fornos NR 15 Atividades e Operações Insalubres NR 16 Atividades e Operações Perigosas NR 17 Ergonomia NR 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR 19 Explosivos NR 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis NR 21 Trabalho a Céu Aberto NR 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração NR 23 Proteção Contra Incêndios NR 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho NR25 Resíduos Industriais NR 26 Sinalização de Segurança NR 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB (Revogada pela Portaria GM n.º 262/2008) NR 28 Fiscalização e Penalidades NR 29 Segurança e Saúde no Trabalho Portuário NR 30 Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário NR 31 Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura NR 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde NR 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados NR 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval NR 35 Trabalho em Altura NR 36 Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados: NRR 1 - Disposições Gerais (Revogada pela Portaria MTE 191/2008) NRR 2 - Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (Revogada pela Portaria MTE 191/2008) NRR 3 - Comissão Interna De Prevenção De Acidentes Do Trabalho Rural (Revogada pela Portaria MTE 191/2008) NRR 4 - Equipamento De Proteção Individual – EPI (Revogada pela Portaria MTE 191/2008) NRR 5 - Produtos Químicos (Revogada pela Portaria MTE 191/2008) O Quadro 1 representa as Normas Regulamentadoras (NR) que têm como obje- tivo a melhoria das condições dos trabalhadores e prevenir acidentes. O dispositivo indica o nome da norma e constitui as obrigações, direitos e deveres que devem ser cumpridos por empregadores e trabalhadores para atingir os objetivos da mesma. 11 UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs A Figura 2 mostra um trabalhador com os itens de segurança (EPIs): Figura 2 – Trabalhador utilizando os EPIs. Fonte: iStock/Getty Images A NHO (Norma de Higiene Ocupação) Antes de descrever a NHO, é necessário conhecer a história da Fundacentro, fundada em 1966, devido aos altos índices de acidentes e doenças do trabalho no Brasil. Em 1960, o Governo brasileiro iniciou discussões com Organização Internacional do Trabalho (OIT), na tratativa, iniciam-se reuniões com o intuito de estudar e avaliar e encontrar soluções para os inúmeros acidentes trabalhistas. Depois do encontro no Brasil, em 1965, com os especialistas da OIT, o Gover- no Federal, após estudos, orientações e sugestões, sobre as condições dos traba- lhadores, principalmente, em São Paulo, grande polo industrial, resolveu criar um centro especializado, a Fundacentro. Foi em 1966 que a Fundacentro iniciou os primeiros estudos e pesquisas no país sobre: • os efeitos de inseticidas organoclorados na saúde; • da bissinose (doença ocupacional respiratória) do setor de fiação; • expostos à poeira de algodão e juta; • as consequências das vibrações e ruídos em trabalhadores que operam marteletes; • o teor da sílica nos ambientes de trabalho na indústria cerâmica; • os riscos da exposição ocupacional ao chumbo. Fonte: https://goo.gl/qCKMji. Acesso em: 12 de fev., 2018 12 13 Em 1974, a Fundacentro é vinculada ao Ministério do Trabalho, com isso ocorre a implantação do Centro Técnico Nacional, concluído em 1983, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Atualmente, a fundação atua em todos os estados, com um Conselho Curador representado por governo, os trabalhadores e empresários, por meio de suas organizações de classe. Sua atuação lhe deu a liderança na América Latina no campo da pesquisa na área de segurança e saúde no trabalho, é designada como centro colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), e colaboradora da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A Fundacentro publicou, em 1980, uma série de Normas Técnicas denominadas Normas de Higiene do Trabalho – NHT, posteriormente foram designadas Normas de Higiene Ocupacional – NHO, que normatizou ao público técnico que atua na área da saúde ocupacional, as regras para os trabalhadores. As NHOs – Normas de Higiene Ocupacional – são criadas para determinar limites de tolerância, metodologia de avaliação, critérios técnicos de equipamentos usados nas avaliações de riscos ocupacionais, bem como orientação sobre formas de controle de agentes de riscos ambientais (FUNDACENTRO, 2017). A seguir, o Quadro 2 mostra as NHOs, as determinações, criadas pela Fundacentro. E a Figura 2, demonstra um trabalhador utilizando um equipamento de vibração, que corresponde a NR- 09- Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacio- nal a Vibração de Corpo Inteiro. Quadro 2 – NHOs NHO Dispositivo 01 Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído O2 “Método de Ensaio - análise qualitativa da fração volátil (vapores orgânicos) em colas, tintas e vernizes por cromatografia gasosa / detector de ionização de chama”, está passando por reformulação. 03 Método de Ensaio: Análise Gravimétrica de Aerodispersóides sólidos coletados sobre Filtros e Membrana 04 Método de Ensaio: Método de Coleta e a Análise de Fibras Em Locais de Trabalho 05 Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional aos Raios X nos Serviços de Radiologia 06 NHO 06 - Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor 07 Calibração de Bombas de Amostragem Individual pelo Método da Bolha de Sabão 08 Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de Trabalho 09 Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional a Vibração de Corpo Inteiro 10 Procedimento Técnico - Avaliação da Exposição Ocupacional a Vibração em Mãos e Braços Obs: 1. Para elaboração do PPRA, nós podemos utilizar a metodologia de avaliação de risco prevista nas NHOs, mesmo sem ser obrigatório do ponto de vista normativo, porém, os limites de tolerância observados deverão ser sempre os da NR 15. Nem todos os anexos da NR 15 têm descrito o detalhamento da metodologia de avaliação ambiental dos riscos ocupacionais, por isso, na ausência por parte da NR 15, é melhor usar a metodologia da ACGIH ou das NHOs Fonte: https://goo.gl/15Vh5W. Acesso em 05 de fev., 2018 13 UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs Figura 3 – Trabalhador utilizando um equipamento que vibra para moer brita Fonte: iStock/Getty Images A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) O Brasil estava no período do Estava Novo, em 1º de maio de 1943, quandoa CLT foi sancionada pelo então Presidente Getúlio Vargas. A legislação trabalhista à época foi unificada, tornando de forma decisiva, os direitos do trabalhador. Dois anos antes, a “Consolidação das Leis do Trabalho e da Previdência Social”, foi criada. De lá para cá muitas mudanças ocorreram, como mostra o Quadro 3. Quadro 3 – Resumo das alterações/criação de Leis Trabalhistas Ano Período Ações 1888 Fim da escravidão Primeiras discussões sobre direitos trabalhistas. 1891 Regulamentação do trabalho menor de 18 anos Em 1891, o Decreto nº 1.313 regulamentou o trabalho de menores. 1891 Em 1891, o Decreto nº 1.313 regulamentou o trabalho de menores. 1903 Lei de sindicalização rural. 1907 Lei que regulou a sindicalização de todas as profissões. 1918 Departamento Nacional do Trabalho. 1923 Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio Criado o Conselho Nacional do Trabalho. Após 1930 Revolução de 1930 Consolidação da Justiça do Trabalho e a proteção dos direitos dos trabalhadores; Criado o Ministério do Trabalho. 1934 Constituição de 1934 Aplicação da Consolidação das Leis do Trabalho; Criação Justiça do Trabalho no capítulo “Da Ordem Econômica e Social”. Com o objetivo de conciliar conflitos entre empregadores e empregados. 14 15 Ano Período Ações 1934 Regulamentação das Leis do Trabalho; Instituiu o salário mínimo; A jornada de trabalho de oito horas; O repouso semanal; As férias anuais remuneradas; A indenização por dispensa sem justa causa; Reconhecimento de Sindicatos. 1937 Constituição de 1937 Consagrou direitos dos trabalhadores. 1946 Fim da ditadura de Getúlio Vargas. A Assembleia Constituinte criou: • Reconhecimento do direito de greve; • Repouso remunerado em domingo e feriados; • Extensão do direito à indenização de antiguidades; • A estabilidade do trabalhador rural; • Integração do seguro contra acidentes do trabalho no sistema da Previdência Social. 1967 Constituição Federal de 1967 • Aplicação da legislação trabalhista aos empregados temporários; • Valorização do trabalho como condição da dignidade humana; • Proibição da greve nos serviços públicos e atividades essenciais; • Direito à participação nos lucros das empresas; • Limitou a idade mínima para o trabalho do menor, em 12 anos, com proibição de trabalho noturno; • Direito ao seguro-desemprego; • Aposentadoria para a mulher após 30 anos de trabalho, com salário integral; • Previsão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), • Contribuição sindical, • Voto sindical obrigatório. 1988 Promulgação da Constituição de 5 de outubro de 1988 Legitimidade do poder normativo da Justiça do Trabalho. • Proteção contra a despedida arbitrária, ou sem justa causa; • Piso salarial proporcional à extensão; • Complexidade do trabalho prestado; • Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias; • Licença-paternidade; • Irredutibilidade salarial; • Limitação da jornada de trabalho para 8 horas diárias e 44 semanais; • Proibição de qualquer tipo de discriminação quanto a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. Muda o sentido da palavra “trabalho”, passa de “sofrimento e esforço” para “dignidade da pessoa humana”. A Atual CLT e a Reforma Trabalhista A reforma trabalhista, que entrou em vigor em 11 de novembro do ano passado, concretizou alterações na CLT. A mais comentada das alterações é a possibilidade de que “empregador e trabalhador estabeleçam regras próprias” dependendo da negocia- ção de ambas as partes. São várias alterações na legislação, porém, só foi descrito no quadro, as que dizem respeito à segurança e saúde do trabalhador. O Quadro 4, faz um paralelo na CLT até 2017 e o que mudou a partir de novembro do mesmo ano. 15 UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs Quadro 4 – Quadro comparativo das mudanças na CLT relacionadas à Segurança do Trabalho 1 – Terceirização Antes Período Possíveis consequências Não havia Sem restrições à atividades terceirizadas - fim dos empregadores. A mudança pode trazer maior dificuldade na fiscalização destas atividades, podendo ocorrer mais acidentes com funcionários destas empresas. 2 – Jornada de Trabalho 1 hora Horas extras pagas Poderá ser de 12 horas com direito a 36 horas de descanso, sempre respeitando o limite de horas semanais, estabelecido com 44 horas semanais e 220 horas mensais; Intervalo para almoço de no mínimo 30 minutos, ao invés de 1 hora. HORAS EXTRAS - banco de horas Quanto menor o tempo de descanso, maiores os riscos de acidentes do trabalho e de adoecimento ocupacional; Se, no final do contrato, o banco de horas não for compensado, as horas extras serão pagas sem juros, sem correção monetária e sem multa. 3 – Trabalho Home office Antes Período Possíveis consequências Não havia O trabalho home office, conhecido também como trabalho remoto, foi mencionado na nova legislação, a qual estabelece a obriga- toriedade da empresa em arcar com os cus- tos do trabalho feito remotamente, forma- lizado através de contrato, como também a mudança no controle das atividades, que serão controladas não mais pela quantida- de de horas trabalhadas (tempo) e sim pela quantidade de tarefas executadas. Pode ocorrer um excesso de horas trabalha- das, podendo ocorrer stress do trabalhador e, consequentemente, acidentes de trabalho ou doença ocupacional. 4 – Insalubridade para grávidas Grávidas ou lactantes não poderiam traba- lhar em ambientes com condições insalu- bres de qualquer grau, A nova regra permite que grávidas e lac- tantes trabalhem em condições insalubres, independente do grau, desde que a em- presa apresente um atestado médico que garanta que não haverá risco para mãe, nem para o bebê. São incalculáveis os problemas causados para o bebê e para a gestante ou lactante. O e-social O e-social é um banco de dados que foi criado pelo Governo Federal, que as empresas devem alimentar um sistema online, com informações trabalhistas e pre- videnciárias de seus colaboradores. Ele foi criado em 2015, para centralizar o envio de informações a respeito dos trabalhadores com o objetivo de otimizar a fiscaliza- ção da prestação de contas feita pelas empresas. Para elaborar o sistema e-social, foram envolvidas algumas instituições para colocar em prática todo sistema, como Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Ministério da Previdência, Ministério do Trabalho e Emprego e Secretaria da Receita Federal do Brasil. Anteriormente à sua criação, todas as informações relativas ao trabalhador, eram atualizadas mensalmente, ou anualmente extintas, agora serão enviadas apenas para o e-social de uma única forma, via sistema online. 16 17 O e-social é válido e obrigatório para todas as empresas, como: • Micro empreendedor individual com empregado; • Empresa de pequeno, médio e grande porte; • Pequeno produtor rural. Há uma variedade de informações que devem ser adicionadas ao sistema, que foi dividido em etapas para facilitar o gerenciamento do sistema. • 1ª etapa: chamada de carga inicial objetiva, com o objetivo de criar um banco de dados do governo. A empresa faz o cadastramento de dados de seus fun- cionários como: endereço, escolaridade, filiação, jornada de trabalho, duração do contrato, entre outras. • 2ª etapa: envio de informações por eventos. São chamados de eventos toda e qualquer situação que ocorra entre empregado e empresa de forma individualizada: » Admissão e demissão, » Férias, acidente de trabalho, » Datas, motivos, » Atestados, acordos etc. • 3ª etapa: envio de dados detalhados da folha de pagamento: » Salários, » Comissões, » Gratificações, » Descontos e benefícios. » Recolhimento de impostos, entre outros. Com o sistema do e-social a empresa deixa de enviar documentos como: • Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) • Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) • Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) • PerfilProfissiográfico Previdenciário (PPP) • Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e de Informações à Previdência Social (GFIP) • Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) • Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) • Seguro Desemprego (CD/SD) • Manual Normativo de Arquivos Digitais (MANAD) Com o novo sistema online, a unificação das declarações facilita o trabalho das empresas e melhora a eficiência da fiscalização pelos órgãos públicos. No que diz respeito à Segurança do Trabalho como: 17 UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs • Tabela de ambientes de trabalho, • Tabela de acidentes de trabalho, • Monitoramento da saúde do trabalhador, • Condições ambientais do trabalho. • Informações do Empregador (S-1000) - GILRAT (Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente de Riscos Ambientais do Trabalho) - FAP (Fator Acidentário de Prevenção), • Admissão de Trabalhador (S-2200) – que eram no ASO (Atestado de Saúde Ocupacional) admissional, • Comunicação de Acidente de Trabalho / CAT (S-2210) – notificação de quaisquer eventos referentes a acidentes de trabalho, detalhando, inclusive, aspectos como o agente causador do acidente (ou a situação geradora do acidente) e a natureza da lesão. • Monitoramento da Saúde do Trabalhador (S-2220) • Afastamento Temporário (S-2230). • Condições Ambientais do Trabalho – Fatores de Risco (S-2240) ( uso de EPI e emissão do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário). • Insalubridade, Periculosidade e Aposentadoria Especial (S-2241) – que permitirá a verificação imediata do pagamento da alíquota RAT (Risco Ambiental do Trabalho). • Desligamento (S-2299) – arquivo que conterá o registro de desligamento do funcionário do quadro da empresa e no qual estará incluído o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) Demissional. • A obrigatoriedade, no que se refere à Medicina Ocupacional, acontece a partir de 1º de julho de 2018, para as empresas que faturam R$78 milhões ou mais. Para as outras empresas começa a valer a partir de 1º de janeiro de 2019. Fonte: https://goo.gl/iXk2UG, acesso em 12 de fev., 2018. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Uma Metodologia para Auxiliar no Gerenciamento de Riscos e na Seleção de Alternativas de Investimento sem Segurança ALBERTON, A. Uma Metodologia para Auxiliar no Gerenciamento de Riscos e na Seleção de Alternativas de Investimento sem Segurança. 1996. https://goo.gl/GNg1dc Guia Trabalhista Norma Regulamentadora NR-10 . Programa de controle médico de saúde ocupacional. 2013. https://goo.gl/pFwqaN Guia Trabalhista Norma Regulamentadora NR 15. Programa de controle médico de saúde ocupacional. 2013. https://goo.gl/FCN6Fx Guia Trabalhista Norma Regulamentadora NRs 7. Programa de controle médico de saúde ocupacional. 2013. https://goo.gl/HxvK5q 19 UNIDADE As Normas Regulamentadoras – NRs Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.823, de 23 de agosto de 2012. Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder executivo, Brasília, ________. Ministério da Saúde. Portaria Nº 25, de 29 de dezembro de 1994. Estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, dez. 1994. Seção 1, p. 21.278 e 21.302. ________. Ministério da Saúde. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Estabelece diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. Ministério do Trabalho e Emprego. Brasília, v. 142, n. 219, nov. 2005. p.80-104. LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. (Org). Processo de Produção e Saúde – Trabalho e Desgaste Operário. São Paulo: Hucitec, 1989. MEDEIROS, A. L. et al. Gerenciamento de Riscos e Segurança no Trabalho em Unidades de Saúde da Família. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, São Paulo, v.17, n.4, p. 341-348, abril. 2013. 20
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