Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Matos – 75A O coração: vaso sanguíneo modificado que possui duas bombas, a direita e a esquerda. A bomba direita do coração é formada pelo átrio e pelo ventrículo direito, os quais têm a função de bombear sangue para os pulmões. A bomba esquerda é formada pelo átrio e pelo ventrículo esquerdo, que bombeiam sangue para o restante do corpo. O músculo cardíaco: o músculo que compõe o coração é do tipo esquelético composto por células denominadas fibras cardíaca/cardiomiócitos. No interior dos cardiomiócitos, existem as miofibrilas, actina e miosina, que são as responsáveis pela contração. As fibras são interconectadas por meio dos discos intercalares e, por esse motivo, o coração é formado por dois sincícios isolados: sincício atrial e sincício ventricular. Assim, quando uma célula do sincício atrial é excitada, rapidamente um potencial de ação se propaga por todos os cardiomiócitos desse sincício. Isso permite que os átrios se contraiam um pouco antes dos ventrículos, o que é essencial para o ciclo cardíaco. Potencial de ação no músculo cardíaco: quando um cardiomiócito recebe um estímulo, canais de sódio voltagem dependentes (VD) abrem e o influxo desse íon no sarcoplasma causa a despolarização celular, elevando sua voltagem de -90 para +/- 20mV. Nesse momento, os canais de sódio VD fecham e canais rápidos de potássio VD abrem e começam a realizar uma pequena repolarização. Porém, pouco tempo depois, canais lentos de cálcio se abrem, causando a entrada de muito Ca++ extracelular no cardiomiócito. A abertura desses canais faz com que a membrana da fibra muscular apresente menor permeabilidade ao potássio. O resultado disso é o estabelecimento de um platô. Depois dessa fase, os canais lentos de cálcio se fecham e a permeabilidade da membrana dor cardiomiócitos pelo potássio aumenta bruscamente, resultando em um rápido efluxo de íons K+ até que o potencial de repouso seja reestabelecido. OBS: o platô é responsável por tornar o tempo de duração do PA no músculo cardíaco 15x maior que o tempo do PA no músculo esquelético. Estrutura e Função Cardíaca Júlia Matos – 75A Período refratário (PR) do miocárdio: o período refratário é um intervalo de tempo que um estímulo normal não é capaz de reexcitar um cardiomiócito. O platô existente no PA do músculo cardíaco garante que o PR da fibra muscular seja muito grande. Isso é importante, pois certifica que exista um período de relaxamento entre as contrações, o qual é chamado de diástole e é o momento em que o coração enche de sangue. Além disso, o PR ser grande assegura que o miocárdio não irá entrar em tetania. OBS: o PR dos átrios (0,15s) é menor que dos ventrículos (0,20-0,30s)! Ca++ na contração cardíaca: para que as miofibrilas actina e miosina estabeleçam ligação, é necessário que o cálcio se ligue às troponinas C, pois isso causa a exposição do sítio ativo da actina, onde a cabeça da miosina se liga. No musculo esquelético, esse cálcio é proveniente do retículo sarcoplasmático, porém, o músculo cardíaco, possui um retículo menos desenvolvido e que armazena pouca quantidade do íon. Desse modo, os cardiomiócitos utilizam outra fonte de cálcio: durante o PA, íons Ca++ se difundem do LEC para o LIC, por meio, por exemplo, de canais de cálcio presente nos túbulos T. Esses íons também são usados para realizar a contração muscular. Por esse motivo, os túbulos T do músculo cardíaco possui diâmetro +/- 5x maior que do músculo esquelético. (Imagem explicativa na última página). Sistema excitatório e condutor do coração: cardiomiócitos diferenciados, que geram e conduzem potenciais de ação. Esse sistema é formado por: • Nodo sinoatrial (SA) ou sinusal ou marca-passo: situado na parede posterolateral superior do átrio direito. Responsável por controlar a FC, pois gera os potenciais de ação que desencadeiam a contração do miocárdio. O nodo SA tem contato direto com as fibras musculares atriais, desse modo, qualquer PA, gerado no nodo, propaga-se para a musculatura atrial. • Vias internodais: conduzem o PA gerado no nodo SA até o nodo atrioventricular. • Nodo atrioventricular (AV): localizado na parede posterior do átrio direito, posteriormente à válvula tricúspide. É o responsável por retardar o impulso elétrico, fazendo com que os ventrículos contraiam depois dos átrios, garantindo o enchimento dos ventrículos durante a diástole. Esse retardo é causado devido ao menor numero de junções GAP entre as células condutoras, fato que aumenta a resistência existente contra o impulso elétrico. • Fascículo átrioventricular ou feixe de His e seus ramos direito e esquerdo: localizado no septo atrioventricular, responsável por conduzir o impulso vindo do nodo AV para as fibras de Purkinje. • Ramos subendocádicos ou fibras de Purkinje: localizados no subendocárdio do ápice do coração, responsável por propagar Júlia Matos – 75A o PA para as paredes dos ventrículos, causando a sístole; Autoexcitabilidade do nodo sinusal: as células do nosso SA possuem PA diferente do PA das fibras musculares, como é demonstrado na imagem: Primeiramente, é possível perceber que as células do nodo SA possuem menor eletronegatividade que as musculares, isso ocorre devido a alta permeabilidade de sua membrana pelos íons sódio e cálcio, fazendo com que esses íons entrem em seu citoplasma. O resultado é seu “potencial de repouso” variar entre -60 e -55mV. Além disso, essas células possuem canais rápidos de cálcio VD, canais rápidos de potássio VD e canais lentos de sódio. Dessa forma, a autoexcitabilidade ocorre da seguinte maneira: • Quando o nodo SA está no seu potencial de repouso, seus canais lentos de sódio estão abertos, liberando a entrada desse íon no citoplasma, causando um gradual aumento do seu potencial. Assim que o potencial chega a -55mV, a maioria dos canais de sódio fecham. Quando o limiar é atingido (-40mV) os canais rápidos de cálcio VD abrem, causando a entrada de muitos Ca++ no LIC e a consequente despolarização celular. Então, quando o potencial da célula atinge aproximadamente 0mV, os canais de Ca++ fecham e os canais rápidos de K+ VD abrem, deflagrando o efluxo de muitos desses íons, o que causa a hiperpolarização. Quando o potencial celular chega a -60mV novamente, os canais de K+ fecham e os canais de Na+ abrem. Desse modo, podemos afirmar que “é o vazamento inerente das fibras do nodo sinusal que causa a autoexcitação” (GUYTON). Fibras de Purkinje: ao contrário das células do nodo AV, suas células conduzem o PA com alta velocidade, cerca de 150x mais rápido que as células do nodo atrioventricular. Isso corre, pois as junções gap existentes nos discos intercalares entre os cardiomiócitos possui alta permeabilidade por íons, fato que facilita a passagem do PA. Transmissão unidirecional pelo nodo AV: o nodo atrioventricular permite que o impulso elétrico seja passado apenas dos átrios para os ventrículos, impedindo que PA direcionados aos ventrículos sejam passados para os átrios. Caso isso não ocorresse, o coração entraria em arritmia. Júlia Matos – 75A Outras partes do coração que apresentam excitação intrínseca rítmica: o nodo AV e as fibras de Purkinje também são capazes de se autoexcitar por meio de descargas intrínsecas quando não recebem estímulo. Caso não recebam estímulo • o nodo AV gera de 40 a 60 PA/min • as fibras de Purkinje, de 15 a 40 PA/min Pelo fato de o nodo sinoatrial gerar de 70 a 80 PA/minu, o normal é ele comandar a frequência cardíaca, uma vez que seu estímulo é gerado antes que o nodo AV ou as fibras de Purkinje sejam capazes de atingir seulimiar de autoexcitação. OBS: gerar 80 PA/min é a mesma coisa que dizer que o coração possui FC de 80 bpm. -> Essa imagem representa os intervalos de tempo entre a origem do estímulo, no nodo sinusal, e sua chegada em cada ponto respectivo do coração Marca-passo ectópico: quando uma outra parte do coração, sem ser o nodo sinoatrial, como o nodo AV ou as fibras de purkinje, desenvolve frequência rítmica maior que o nodo SA, essa parte se torna o novo marca-passo do coração, um marca-passo ectópico, ou seja, aquele que não é o nó SA. Essa troca de marca- passo também pode ocorrer quando, por algum motivo, o nodo SA para de funcionar, então o marca-passo do coração passa a ser o nodo AV. • Quando ocorre o bloqueio do nodo AV, os átrios continuam a contrair normalmente, pois ainda recebem estimulo vindo do nodo SA, porém, os ventrículos passarão a ser conduzidos pelas fibras de Purkinje. Após a parada do nodo AV, as fibras de Purkinje levam de 5 a 20s para começarem a se autoexcitarem, ou seja, nesse período de tempo os ventrículos não contraem e o fluxo sanguíneo sistêmico para. Caso essa situação não seja revertida, o individuo pode entrar em óbito. Controle autônomo do coração: Estimulação simpática: ramos de nervos simpáticos inervam diversas partes do coração. Quando o centro de controle cardíaco, localizado no bulbo, estimula os neurônios simpáticos, esses liberam norepinefrina, que é captada por receptores adrenérgicos β1. Isso resulta no aumento da permeabilidade das células cardíacas por cálcio e sódio, aumentado a excitabilidade de todo o coração (batmotropismo+) e da condução do PA (dromotropismo+). Assim, o potencial de repouso do nodo SA fica menos negativo e mais Na+ e Ca++ entram na célula, tornando o tempo para alcançar o limiar menor. No nodo AV, o aumento da permeabilidade por sódio e cálcio aumenta a velocidade de condução do impulso. Além disso, a maior entrada de cálcio na célula causa um aumento das contrações musculares. Efeitos: • Cronotropismo+: aumento da frequência cardíaca Júlia Matos – 75A • Ionotropismo+: aumento da força de contração • Aumento da pressão de ejeção do sangue • Aumento do volume de sangue bombeado (débito cardíaco) OBS: a inibição da estimulação simpática causa queda de 30% do bombeamento cardíaco, pois, em situação normal, as fibras simpáticas cardíacas realizam descargas contínuas e de baixa frequência, as quais aumentam em 30% o bombeamento cardíaco (diminui FC e força de contração muscular). Estimulação parassimpática/vagal: os nervos vagos tem ligação direta com os nodos SA e AV. Quando o centro de controle cardiovascular, localizado no bulbo, estimula os neurônios parassimpáticos, esses liberam o hormônio acetilcolina (ACh) perto dos nodos SA e AV. A ACh será captada por receptores muscarínicos, presentes nas células dos nodos. O resultado disso é o aumento da permeabilidade da membrana dessas células pelo potássio, desse modo, muito K+ começa a sair do LIC para o LEC, causando a hiperpolarização celular. Com isso, o potencial de repouso do nodo sinoatrial fica mais positivo, fazendo com que o tempo gasto para alcançar o limiar, por meio da entrada de sódio e cálcio, aumente muito. Além disso, torna-se mais difícil a condução do potencial de ação pelas fibras internodais, lentificando a chegada do impulso nos ventrículos. Efeitos: • Diminuição da frequência cardíaca, por meio da lentificação do ritmo nodo SA • Lentifica a transmissão do impulso para os ventrículos, por meio da redução da excitabilidade das vias internodais. • Tropismos negativos Escape ventricular: caso o vago seja muito estimulado, ocorre o bloqueio da excitação rítmica do nodo sino atrial e no nodo atrioventricular. Dessa forma, as fibras de Purkinje assumem o controle da frequência cardíaca, cerca de 5 a 20 s depois do bloqueio, fazendo com que os ventrículos contraiam com uma frequência de 15 a 40 bpm. OBS: o vago é um marca-passo fisiológico do coração, freando a autoexcitação do nodo SA. Júlia Matos – 75A Imagem explicativa do tópico “Ca++ na contração cardíaca”:
Compartilhar