Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves SÍNDROME EDEMATOSA DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DEFINIÇÃO Edema: é definido como acúmulo de líquido no espaço intersticial. → Inchaço palpável no paciente. Para que o edema ocorra, deve haver uma desregulação dos mecanismos que controlam a distribuição do volume de líquido no espaço intersticial. A desregulação pode ser: → Localizada: envolve apenas os fatores que influenciam o fluxo de fluido ao longo do leito capilar; ou → Secundária a alterações dos mecanismos de controle do volume do compartimento extracelular e do líquido corporal total, o que, normalmente, gera edema generalizado. Assim, existe edema de origem: → Cardíaca; → Renal; → Hepática; → Entérica. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS EDEMA GENERALIZADO Os distúrbios cardíacos, renais, hepáticos ou nutricionais são responsáveis pela maioria de pacientes com edema generalizado. Então o diagnóstico diferencial deve ser direcionado à identificação ou exclusão dessas várias patologias. Legenda: edema generalizado - diagnósticos diferenciais EDEMA CARDÍACO O que leva a formação desse edema é a queda do débito cardíaco, em consequência da falência do miocárdio. Resultando em: → da pressão venosa sistêmica ao mesmo tempo que o volume arterial efetivo de sangue (VAES) O controle da volemia é promovido por receptores de volume e pressorreceptores que acusam maior ou menor enchimento do lado arterial da circulação; assim, os locais críticos para esse controle são: → Átrios cardíacos; → Ventrículo esquerdo (VE); → Arco aórtico; → Seio carotídeo; a → Arteríola aferente renal. Desse modo, quando se fala em: → Redução do VAES, entende-se um enchimento deficiente do leito vascular; → Expansão do VAES, corresponde a enchimento supérfluo do leito cardiovascular arterial. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves A Figura 1 mostra que a queda do débito cardíaco (DC) na insuficiência cardíaca congestiva (ICC) promove: → Elevação da pressão venosa sistêmica; e → Distúrbio do equilíbrio das forças de Starling nos capilares periféricos. Sea pressão hidráulica intravascular prevalecer na extremidade venosa do capilar, fica dificultado o retorno do líquido intersticial para o capilar, e acumula-se água no interstício. → Essa redistribuição do fluido extracelular concorre para a formação de edemas. A figura também. que outra consequência da queda no DC é a diminuição do VAES, ou seja, ocorrer· um enchimento deficiente do leito vascular arterial, com sensibilização de volumerreceptores e/ou pressorreceptores (Figuras 1 e 2). Figura 1: Mecanismos formadores de edema na Insuficiência Cardíaca Congestiva. Figura 2: Vias relacionadas com a retenção de sódio para o controle do volume arterial efetivo A Figura 2 mostra a importante participação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, levando à retenção renal de sódio. Além disso, a retenção de água, desacompanhada de soluto (água-livre) - por ação do HAD - pode levar à diluição de sódio plasmático (hiponatremia). INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Segundo a American Heart Association (AHA), IC é a síndrome clínica resultado de qualquer disfunção cardíaca estrutural ou funcional que dificulta a ação do ventrículo em: → Se preencher; ou → Ejetar sangue. FATORES DE RISCO DIAGNÓSTICO A aplicabilidade clínica desse conceito é bem restrita, para isso há 3 critérios que devem estar presentes para o diagnóstico: Sintomas típicos Falta de ar ao repouso ou no exercício, fadiga, cansaço e edema de tornozelos. Sinais típicos Taquicardia, taquipneia, estertores pulmonares, derrame pleural, aumento da pressão venosa jugular, edema periférico, hepatomegalia. Evidência objetiva de alteração estrutural ou funcional Cardiomegalia, sopros cardíacos, B3, alterações no ecocardiograma, aumento do BNP. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves QUADRO CLÍNICO Os achados, normalmente, são: → Dispneia, em especial se aos esforços; e acompanhada de → Edema periférico ou congestão pulmonar. Entretanto, várias alterações semiológicas podem estar presentes: → Ortopneia → DPN → Edema MMII → Hepatomegalia → Estase jugular → Oligúria, nictúria → Taquicardia, bulhas patológicas e dopros cardíacos Clinicamente, é um edema gravitário por excelência, por causa da pressão venosa elevada nas extremidades e, portanto, acentua-se com a ortostase, no correr do dia (edema vespertino). Assim, em um paciente com edema generalizado, o diagnóstico de insuficiência cardíaca é realizado na presença de história de: → Dispneia progressiva, que se inicia aos grandes esforços e culmina com ortopneia; → Presença de episódios de dispneia paroxística noturna; → Nictúria, hemoptise, tosse ou cianose; → Antecedentes pessoais de doenças cardíacas (Chagas, doença isquêmica do miocárdio, miocardiopatias, hipertensão arterial e febre reumática entre muitas outras); Além dos achados do exame físico: → Taquicardia com ritmo de galope; → 3° bulha; → Desvio do ictus cordis; → Estase jugular; → Estertores pulmonares crepitantes; → Derrame pleural; e → Hepatomegalia. EXAMES COMPLEMENTARES Avaliação laboratorial: Hemograma completo; Urina tipo 1; Eletrólitos; Glicemia; Colesterol total e frações; Ureia; Creatinina; Hormônios tireoidianos. Exame de imagem: RX de tórax Sinais de congestão pulmonar (hilo ingurgitado, infiltrado em bases, linhas B de Kerley, derrame pleural bilateral ou pequeno, à direita); e Cardiomegalia Ecocardiograma É o exame de maior impacto na conduta clínica do paciente com IC; → Avalia funcionalmente estimando o desempenho de contratilidade cardíaca (função sistólica) e os sinais de alteração do relaxamento (função diastólica); Um dos índices ecocardiográficos mais tradicionalmente usados para quantificar a capacidade contrátil global do coração é a fração de ejeção. → Fração de ejeção: é a porção do volume diastólico final (fase do ciclo cardíaco em que o ventrículo esquerdo está com seu maior volume) que é ejetado durante a sístole . MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves Ecocardiograma com Doppler Pode indicar sinais indiretos de disfunção diastólica. Dosagem de peptídeo natriurético tipo B (BNP): A dosagem de BNP tem grande potencial no tratamento de pacientes com IC . Trata-se de substância produzida e liberada pelo coração. Níveis elevados de BNP estão associados a: → Menor fração de ejeção do VE; → Sobrecarga ventricular esquerda; → Aumento das pressões de enchimento do VE; e → Isquemia cardíaca. A!! Porém, essa alteração também pode ser encontrada em algumas condições não- cardíacas, como no tromboembolismo pulmonar e na DPOC. Atualmente, alguns trabalhos têm mostrado a eficácia desse marcador no atendimento de emergência, como auxiliar da avaliação clínica no diagnóstico diferencial de dispneia no pronto-socorro. CLASSIFICAÇÃO Existe um sistema de classificação, com base no desempenho funcional do paciente, que é utilizado tanto na IC quanto na insuficiência coronariana. Ele permite acompanhar, evolutivamente, a progressão dos sintomas de um paciente e sua resposta ao tratamento instituído. Classe I: Dispneia aos esforços não habituais (ex. subir ladeira) Classe II: Dispneia aos esforços médios (ex. caminhar do plano) Classe III: Dispneia aos esforços pequenos (ex. tomar banho, pentear-se) Classe IV: Dispneia no repouso EDEMA HEPÁTICO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA POR CIRROSE Assim como comentado para a insuficiência cardíaca congestiva, a cirrose hepática também será acompanhadade uma série de achados clínicos que facilitam seu diagnóstico diferencial (Tabela IV). O processo cirrótico - resposta hepática a vários tipos de agressão que leva à fibrose e regeneração nodular do fígado - afeta a função hepática em consequência de: A) Alterações do funcionamento dos hepatócitos por causa das lesões celulares (necrose, proliferação), comprometendo, assim, a síntese de albumina B) Destruirão da arquitetura lobular, canalicular e vascular, levando a distorções estruturais, que dificultam o livre fluxo de sangue e linfa nos sinusóides hepáticos, resultando em aumento da pressão no território venoso (portal) e linfático (intra-hepático), que se conhece por hipertensão portal. → A dificuldade de trânsito venoso pelo fígado faz com que o sangue busque vias alternativas de tráfego = circulação colateral venosa; → Essa circulação colateral promoverá um aumento da capacitância (venosa) esplâncnica, acarretando “aprisionamento” de sangue no território mesentérico. → O sangue sequestrado no leito venoso “ampliado”, irá prejudicar o enchimento vascular arterial, causando redução do volume efetivo de sangue levando a consequências mostradas na Figura 2. Além disso, como ilustra a Figura 3, a hipoalbuminemia, provocada pela deficiente síntese de albumina, reduz a pressão oncótica do plasma e concorre para a formação do edema. C) Formação de shunts arteriovenosos. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves A insuficiência hepática é acompanhada de um tônus vascular, deslocado para uma condição de relaxamento devido à: → Redução do metabolismo de várias substâncias vasodilatadoras; e → Aumento da produção de óxido nítrico. Assim, com a redução da resistência vascular periférica, há: → Redução do VAES; e → Ativação dos mecanismos de controle de volume extracelular (Figura 2) no sentido de retenção renal de água e sódio. Nesse sentido, são sólidas as evidências que mostram uma hiperatividade simpática e a ativação do SRAA, com consequente hiperaldosteronismo secundário, em pacientes cirróticos com ascite. A existência de hipertensão portal torna o território esplâncnico mais vulnerável na presença de hipoalbuminemia, daí a ocorrência de transudação líquida para a cavidade peritoneal, formando ascite com maior exuberância nos pacientes cirróticos - que é uma das características clínicas desse tipo de edema. Figura 3: Mecanismos formadores de edema na Cirrose Hepática QUADRO CLÍNICO Icterícia; Eritema Palmar; Encefalopatia Hepática Hálito Hepático; Equimoses; Hematêmese/Melena; Esplenomegalia; Aranhas Vasculares (Spiders); Hipotrofia Muscular; Alopecia, Ginecomastia e Atrofia Testicular (Homens); Ascite; Circulação Colateral ("Cabeça de Medusa"). EDEMA RENAL EDEMA NEFRÍTICO A causa fundamental do edema nas síndromes nefríticas agudas que se manifestam com edema, hematúria, hipertensão, sem proteinúria importante (>3,5 g/dia) é a: Redução da taxa de filtração glomerular (TFG) Essa queda da filtração pode ser discreta em alguns pacientes (com creatinina sérica normal), mas pode ser mais grave em outros, sendo que alguns ficam até anúricos (necessitando diálise). O edema é tão mais grave quanto maior for a redução da TFG, pois, como consequência, ocorrerá diminuição muito acentuada da carga filtrada de sódio (solutos) que será ainda mais reduzida após a maior reabsorção tubular desse íon. Assim, a pequena oferta distal de sódio permitirá a reabsorção quase total do Na+ tubular no nefro distal. Cai a excreção renal de sódio e acontece, desse modo, retenção de Na+ (e água, de equilíbrio osmótico). Essencialmente, é um rim com capacidade muito pequena de excreção de Na+. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves Se fizer uma rigorosa restrição dietética de NaCl, pode não formar edema, pois vai equilibrar a ingestão com a baixa excreção, sem retenção. Mas se o consumo de sódio for liberal, ocorrerá retenção de Na+ e expansão do volume do extracelular (VEC). Nessas condições, haverá edema e HAS. Nos casos de insuficiência renal aguda (necrose tubular aguda) pode ter ou não a formação de edema. Essa doença cursa com destruição das células tubulares e pode evoluir desde oligoanúria até poliúria. Assim, a presença de edema dependerá da associação entre a/o: Redução da TFG; Redução na carga excretada de sódio; e Aporte de sódio na dieta. A!! Cabe lembrar que a presença de IRA é comum em pacientes críticos, sujeitos a grande aporte de líquidos por infusão parenteral, ricos em sódio, fator que pode levar a expansão do volume extracelular, aumento da pressão hidrostática capilar e edema. Legenda: mecanismos formadores de edema na síndrome nefrítica e na IRA EDEMA NEFRÓTICO Sempre que uma doença renal tiver a presença de lesões específicas da membrana basal glomerular e/ou dos pedicelos das células epiteliais glomerulares, haverá um aumento da permeabilidade glomerular às macromoléculas. Nessas condições, as proteínas plasmáticas são filtradas em grandes quantidades e a perda urinária (proteinúria) ultrapassa 3,5 g/24 h. Clinicamente, a síndrome nefrótica manifesta-se por: Proteinúria (urina espumosa) >3,5g/24h; e Edemas. O edema reflete a redução na pressão oncótica do plasma, o que irá acarretar uma menor reabsorção do fluido intersticial, na extremidade venosa do leito capilar. A hipoproteinemia, resultante da perda urinária de proteínas é agravada pelo catabolismo aumentado da albumina, que acontece na síndrome nefrótica. A redução da pressão oncótica do plasma, resultante da hipoproteinemia, por si só, leva ao aparecimento de edema. Além disso, pode provocar contração do volume intravascular, que pode acarretar redução do débito cardíaco (redução da pré-carga) e consequente redução da perfusão renal. Esta, por sua vez, leva à ativação do SRAA, reduzindo a excreção renal de sódio. A queda da PA ou do volume plasmático pode, ainda, estimular a liberação de hormônio antidiurético, que irá provocar retenção de água e hiponatremia. Nessas condições, haverá maior reabsorção de Na+ e de água pelos túbulos renais, com retenção de sódio e água. Quando houver maior atividade antidiurética, poderá ocorrer retenção de água (livre de solutos), que promoverá diluição do extracelular, causando hiponatremia. Esse fluido retido representa um efeito diluidor das proteínas plasmáticas, agravando a redução da pressão oncótica MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves do plasma e reciclando o estímulo à formação de edema. Clinicamente, o edema renal caracteriza-se pela: Localização facial, particularmente com a presença de edema palpebral: edema matinal, que tende a dissipar-se com o correr do dia; Localização em MMII, que se exacerba com o passar das horas, constituindo um edema vespertino. Pacientes nefróticos com albumina plasmática muito baixa podem apresentar: Edema generalizado, intenso e extenso (anasarca), inclusive com derrames cavitários (serosites: ascite, derrame pleural e/ ou pericárdico). Legenda: mecanismos formadores de edema na síndrome nefrótica PLUS DE OUTRA REFERÊNCIA A alteração primária na síndrome nefrótica é uma diminuição da pressão oncótica coloidal devido às perdas de grandes quantidades de proteína (≥ 3,5 g/dia) na urina. Com a hipoalbuminemia grave (< 35 g/L) e a consequente redução da pressão osmótica coloidal, o sódio e a água que são retidos não podem ser mantidos no interior do compartimento vascular, e os volumes total e efetivo do sangue arterial diminuem. O edema é difuso, simétrico e mais significativonas áreas dependentes Como consequência, o edema periorbital é mais notável durante a manhã. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA A IRA pode ser definida como: Perda da função renal, de maneira súbita, independentemente da etiologia ou mecanismos, provocando acúmulo de substâncias nitrogenadas (ureia e creatinina), distúrbios do equilíbrio ácido-básico e alterações hidroeletrolíticas, acompanhada ou não da diminuição da diurese. Para padronizar e uniformizar IRA, foi criado critérios para a sua definição e classificação. Esses critérios receberam o acrónimo de RIFLE: Risk (risco, R); Injury (injúria 1); Failure (falência, F); Loss (perda mantida da função, L); e End-stage kidney disease (insuficiência renal terminal, E). Mas houve uma modificação dos critérios RIFLE. Legenda: classificação RIFLE O termo AKI (acure kidney injury) ajustado com as diretrizes do KDIGO (Kidney Disease lmproving Global Outcomes), agora representa o amplo espectro da insuficiência renal aguda. Os critérios diagnósticos incluem um: Aumento abrupto (em 48 horas) e absoluto da creatinina (≥0,3mg/dL) OU Aumento percentual acima de 50% ou oligúria (débito urinário < 0,5 mL/kg/H) por mais de 7 dias. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves A classificação para IRA ficou, então, definida em 3 estágios de progressiva gravidade, correspondentes a: R (estágio l); I (estágio 2); e F (estágio 3). As categorias L e E foram removidas do sistema de estratificação de gravidade e redefinidas como evolução, havendo relação direta com morbidade e mortalidade. Essa característica é relevante, porque muitos trabalhos já demonstraram que pequenas alterações na creatinina sérica são independentemente associadas com pior prognóstico em termos de recuperação da função renal e mortalidade. QUADRO CLÍNICO O quadro clínico da IRA está relacionado, principalmente, à/às: Doença de base do paciente; e Alterações metabólicas decorrentes. Em consequência dos quadros de oligúria e anúria, as funções principais dos rins estão comprometidas, sendo elas: Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico; e Excreção dos produtos nitrogenados. Esses pacientes podem ter uma variedade de apresentações clínicas. Alguns têm sinais ou sintomas diretamente relacionados aos rins: hematúria; ou Sintomas extrarrenais associados: edema, hipertensão, uremia; ou Assintomáticos. ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTLCAS SÓDIO E ÁGUA A hiponatremia é uma complicação frequente da IRA, sendo, em geral, decorrente do: Aumento relativo ou absoluto de água livre. A hipernatremia é menos comum, podendo ser encontrada em: Quadros de perdas de fluidos hipotônicos: sucção nasogástrica, diarreia, diabete insípido; Aumento de perdas insensíveis: grandes queimados; ou Administração de fluidos hipertônicos. A avaliação do volume intravascular, através de cateteres centrais com simples medidas de PVC (pressão venosa central) ou medidas hemodinâmicas mais completas pelo cateter de Swan-Ganz, às vezes é necessária para melhor manipulação dessas alterações. POTÁSSIO A hipercalemia é o distúrbio eletrolítico mais grave. Porém, sua cardiotoxicidade não se correlaciona estritamente com a magnitude do nível sérico, podendo ser agravada pela acidose, hipocalcemia e interações medicamentosas. A forma mais rápida de avaliação desse quadro é por intermédio do eletrocardiograma. As principais alterações são representadas por: Onda T pontiaguda e simétrica; Alargamento do complexo QRS; Achatamento ou desaparecimento da onda P; Arritmias ventriculares; e Fibrilação ventricular. EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO A acidose metabólica ocorre como resultado do: Acúmulo de fosfatos, sulfatos e ácidos orgânicos; e da Incapacidade do rim em regenerar bicarbonato e excretar ácidos. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves Pode causar: Alterações do SNC com rebaixamento do nível de consciência; Depressão miocárdica; e Resposta inadequada a aminas vasoativas. UREMIA Síndrome composta por: Distúrbios neurológicos: irritabilidade, sonolência, confusão mental, convulsões, coma; Distúrbios cardiovasculares: pericardite, tamponamento pericárdico, arritmias; Distúrbios pulmonares: congestão pulmonar, pleurite; Distúrbios digestivos: inapetência, náuseas, vômitos, gastrite, úlceras pépticas e enterocolites; Distúrbios hematológicos: anemia, alterações da função de neutrófilos e linfócitos e defeitos plaquetários, predispondo a infecções e hemorragias. PLUS DE OUTRA REFERÊNCIA O paciente com edema devido à insuficiência renal aguda comumente apresentam: Hipertensão arterial; Congestão pulmonar no rx de tórax geralmente na ausência de cardiomegalia, mas podem não desenvolver ortopneia. Os pacientes com insuficiência renal crônica também podem desenvolver edema devido à retenção renal primária de sódio e água. EDEMA INDUZIDO POR FÁRMACOS Muitos fármacos amplamente utilizados podem provocar edema. Os mecanismos consistem em: Vasoconstrição renal (AINEs e ciclosporina); Dilatação arteriolar (vasodilatadores); Aumento da reabsorção de sódio (hormônios esteroides); e Lesão capilar. Legenda: lista de fármacos que provocam edema EDEMA DE ORIGEM NUTRICIONAL Uma dieta francamente pobre em proteínas durante um período prolongado pode produzir: Hipoproteinemia e edema. O edema pode ser intensificado pelo desenvolvimento da cardiopatia devida ao beribéri, que também é de origem nutricional, em que: Múltiplas fístulas arteriovenosas periféricas reduzem a perfusão sistêmica e o volume sanguíneo arterial efetivos, aumentando, desse modo, a formação de edema. O edema pode se agravar quando indivíduos desnutridos recebem pela primeira vez uma dieta adequada - que caracteriza o edema de realimentação. A ingestão de mais alimentos pode aumentar a quantidade de sódio ingerida, que é então retida em conjunto com a água. Também pode estar relacionado com um aumento da liberação de insulina, que aumenta diretamente a reabsorção tubular de sódio. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves A!! Além da hipoalbuminemia, a hipopotassemia e o déficit calórico podem estar envolvidos no edema da desnutrição. EDEMA LOCALIZADO Nessa situação, a pressão hidrostática no leito capilar acima da obstrução (proximal) aumenta, de modo que uma quantidade anormal de líquido é transferida do espaço vascular para o intersticial. Como a via alternativa (i.e., os canais linfáticos) também pode estar obstruída ou preenchida no seu nível máximo, ocorre um aumento do volume do líquido intersticial no membro (i.e., ocorre o aprisionamento de líquido no interstício da extremidade). O deslocamento de grandes quantidades de fluido para um membro pode ocorrer em detrimento do volume sanguíneo no resto do corpo, reduzindo, portanto, o volume sanguíneo arterial efetivo e levando à retenção de NaCl e H2O até que o déficit do volume plasmático tenha sido corrigido. O edema localizado devido à obstrução venosa ou linfática pode ser causado por: Tromboflebite, linfangite crônica, ressecção de linfonodos regionais e filariose, entre outras causas. A!! O linfedema á particularmente intratável porque a restrição de fluxo linfático leva ao aumento da concentração de proteína no fluido intersticial, uma circunstância que agrava a retenção de líquido. Legenda: edema localizado - diagnósticos diferenciais OUTRAS CAUSAS DE EDEMA Essas causas incluem: Hipotireoidismo: mixedema; Hipertireoidismo: mixedema pré-tibial secundárioà doença de Graves; Hiperadrenocorticismo exógeno; Gravidez; e Administração de estrogênios e vasodilatadores, em particular as di- hidropiridinas, como a nifedipina. DISTRIBUIÇÃO DO EDEMA A distribuição do edema é um indício importante de sua causa. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA O edema associado à insuficiência cardíaca tende a ser mais extenso nas pernas e acentuado ao anoitecer, característica também determinada primordialmente pela postura. Quando os pacientes com insuficiência cardíaca são mantidos no leito, o edema poderá ser mais acentuado na região pré-sacral. A insuficiência cardíaca grave pode causar ascite, que pode ser distinguida da causada por cirrose hepática por meio da pressão venosa jugular, que geralmente se encontra elevada na insuficiência cardíaca e normal na cirrose. SÍNDROME NEFRÓTICA O edema resultante da hipoproteinemia, como ocorre na síndrome nefrótica, é normalmente generalizado, porém é evidente nos tecidos muito flácidos das pálpebras e na face, tendendo a ser mais pronunciado pela manhã devido à posição de decúbito assumida durante a noite. As causas menos frequentes do edema facial incluem: Triquinelose; Reações alérgicas; e Mixedema. MÓDULO FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIA – P4 | Luíza Moura e Vitória Neves O edema limitado a 1 perna ou a 1 ou ambos os braços em geral resulta de: Obstrução venosa e/ou linfática. A paralisia unilateral reduz a drenagem linfática e venosa no lado acometido e pode também ser responsável por edema unilateral. Nos pacientes com obstrução da veia cava superior, o edema limita-se: Face, pescoço e MMSS, nos quais a pressão venosa se mostra elevada em comparação com a dos MMII.
Compartilhar