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TOPICOS 3 - AULA 04 POLÍTICA NACIONAL URBANA

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TÓPICOS 
INTEGRADORES III
Contextualização
O Brasil é um dos países que mais rapidamente se 
urbanizou em todo o mundo. Em 50 anos nos 
transformamos de um país rural em um país 
eminentemente urbano, onde 82% da população 
moram em cidades. 
Este processo de transformação do habitat e da 
sociedade brasileira produziu uma urbanização 
LEGISLAÇÃO URBANA 
Contextualização
No estabelecimento da CF/88 o país alcançou um novo e promissor 
patamar com a incorporação, na lei fundamental, da participação 
popular nas decisões de interesse público. 
Este direito vem aos poucos sendo incorporado pelo poder público 
para levar adiante suas ações.
 
A inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo da Política 
Urbana foi uma vitória da ativa participação de entidades civis e de 
movimentos sociais em defesa do direito à cidade, à habitação, ao 
acesso a melhores serviços públicos e, por decorrência, a 
LEGISLAÇÃO URBANA 
O artigo 182 estabeleceu que a política de desenvolvimento urbano, 
executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em 
lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, definindo que o instrumento 
básico desta política é o Plano Diretor.
O artigo 183, por sua vez, fixou que todo aquele que possuir, como sua, área 
urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, 
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua 
família, adquirirá o seu domínio, desde que não seja proprietário de outro 
imóvel urbano ou rural. 
Este artigo abriu a possibilidade de regularização de extensas áreas de 
nossas cidades ocupadas por favelas, vilas, alagados ou invasões, bem como 
loteamentos clandestinos espalhados pelas periferias urbanas, transpondo 
POLÍTICA NACIONAL URBANA 
O Estatuto da Cidade surgiu como projeto de lei em 1989, 
proposto pelo então senador Pompeu de Souza (1914 - 
1991). Entretanto, a transformação do projeto em lei deu-se 
apenas em 2001, mais de 12 anos depois, com a aprovação 
do substitutivo de autoria do então deputado federal Inácio 
Arruda. Sancionado pelo presidente Fernando Henrique 
Cardoso, tornou-se a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. 
A Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2001 — Estatuto da 
Cidade — vem regulamentar os artigos 182 e 183 da 
Constituição Federal de 1988, que conformam o capitulo 
relativo à Política Urbana. 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), representa o encontro do país 
com sua face urbana, com um futuro que esperamos, irá transformar a 
herança do passado. Poucas leis na história nacional foram construídas com 
tanto esforço coletivo e legitimidade social.
Seus princípios fundamentais: 
a gestão democrática; 
a justa distribuição dos ônus e benefícios decorrentes do processo de 
urbanização; 
a recuperação dos investimentos do poder público que tenham resultado em 
valorização de imóveis urbanos e o direito a cidades sustentáveis; 
à moradia; 
à infraestrutura urbana e aos serviços públicos; 
confere aos municípios novas possibilidades e oportunidades de gestão e 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
A SEDU/PR - Secretaria Especial de Desenvolvimento 
Urbano da Presidência da República e a CAIXA - Caixa 
Econômica Federal, a Câmara de Deputados por meio da 
CDUI - Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior, no 
exercício de suas missões institucionais, promoverão 
esforços para, em conjunto, com municípios, estados e 
demais agentes públicos e privados, implementar o Estatuto 
em sua globalidade, inaugurando um novo marco na 
administração pública brasileira, de responsabilidades 
sociais solidárias, na busca e materialização de uma melhor 
qualidade de vida para as atuais e futuras gerações. 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade reúne importantes instrumentos urbanísticos, 
tributários e jurídicos que podem garantir efetividade ao Plano 
Diretor, responsável pelo estabelecimento da política urbana na 
esfera municipal e pelo pleno desenvolvimento das funções sociais 
da cidade e da propriedade urbana, como preconiza o artigo 182. 
Na esfera municipal, o poder público sempre teve privilegiado e 
destacado papel. Contudo, assume função de protagonista ao ser o 
principal responsável pela formulação, implementação e avaliação 
permanentes de sua política urbana, estabelecida no Plano Diretor, 
visando garantir, a todos, o direito à cidade e a justa distribuição 
dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização.
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade ao regulamentar as exigências constitucionais 
reúne normas relativas a ação do poder público na regulamentação do 
uso da propriedade urbana em prol do interesse público, da segurança 
e do bem estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
O Estatuto da Cidade fixa importantes princípios básicos que irão 
nortear estas ações. 
• O primeiro deles é a função social da cidade e da propriedade urbana. 
A Constituição Federal em seu artigo 5°, incisos XXII e XXIII, dispôs 
que é garantido o direito de propriedade em todo território nacional, 
mas também estabeleceu que toda propriedade atenderá a sua 
vocação social.
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade previu e regulou, nos arts. 25 a 
27, o direito de preempção em favor do Poder Público 
municipal. 
Com efeito, estabeleceu o primeiro desses dispositivos 
que "O direito de preempção confere ao Poder Público 
municipal preferência para a aquisição de imóvel 
urbano objeto de alienação onerosa entre particulares". 
(GÓMEZ, J. Miguel Lobato. Direito de preempção e 
política urbana, Revista de Direito Imobiliário, nº 56, 
Jan/Jun 2004, págs. 23 a 46).
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade estabelece a gestão democrática, 
garantindo a participação da população urbana em todas 
as decisões de interesse público. 
A participação popular está prevista e, através dela, as 
associações representativas dos vários segmentos da 
sociedade se envolvem em todas as etapas de 
construção do Plano Diretor — elaboração, 
implementação e avaliação — e na formulação, 
execução e acompanhamento dos demais planos, 
programas e projetos de desenvolvimento urbano 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
Na gestão democrática, o governo local e a população interessada nos 
processos de implantação de empreendimentos públicos ou privados, ou 
atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente 
natural ou construído, podem discutir e encontrar, conjuntamente, a melhor 
solução para a questão em debate, tendo em vista o conforto e a segurança 
de todos os cidadãos. 
Com este principio busca-se a garantia de que todos os cidadãos tenham 
acesso aos serviços, aos equipamentos urbanos e a toda e qualquer 
melhoria realizada pelo poder público, superando a situação atual, com 
concentração de investimentos em determinadas áreas da cidade, enquanto 
sobre outras recaem apenas os ônus. 
Em geral, estas áreas, onde já não se realizavam investimentos, coincidem 
com os setores urbanos ocupados pela população pobre, que permanecem, 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
Na busca da justa distribuição de benefícios e ônus 
decorrentes do processo de urbanização, o poder 
público passa a atuar em sintonia com outro 
importante principio do Estatuto da Cidade que é a 
recuperação de parcela da valorização imobiliária 
gerada pelos investimentos públicos em 
infraestrutura social e física realizados com a 
utilização dos impostos recolhidos — pagos por 
todos — que, até agora, vinham sendo apropriados, 
privadamente por parcela privilegiada da população.
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
Outro importante princípio do Estatuto é a adequação dos 
instrumentos de política econômica, tributária e financeira e 
dos gastos públicos aos objetivosdo desenvolvimento 
urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de 
bem-estar geral e a fruição dos bens de diferentes segmentos 
sociais. 
Neste item se evidencia a obrigatoriedade de ajuste de todos 
os instrumentos de gestão financeira da administração 
municipal aos objetivos do desenvolvimento urbano 
construídos, coletivamente, pelo poder público e pelos 
diferentes setores sociais. Este princípio se integra aos 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto indica, ainda, a conveniência de se evitar conflitos entre as esferas 
de governo na área urbanística e, ao mesmo tempo, aponta a necessária 
ação de Estados e Municípios na edição de suas legislações urbanísticas, 
complementando e implementando as disposições gerais produzidas pela 
União, dando assim plena concretude ao desenvolvimento urbano. 
O poder público municipal, por ser a esfera de governo mais próxima do 
cidadão, e portanto, da vida de todos — seja na cidade, seja na área rural — 
é o que tem melhor capacidade para constatar e solucionar os problemas do 
dia a dia. Essa proximidade permite, ainda, maior articulação entre os vários 
segmentos que compõem a sociedade local e, também, a participação e 
acompanhamento das associações de moradores, de organizações não -
governamentais, de representantes dos interesses privados na elaboração, 
implementação e avaliação de políticas públicas. 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade estabelece, ainda, outras 
diretrizes gerais para que a política urbana alcance o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e 
da propriedade. 
Tais como: a garantia do direito à cidades sustentáveis, 
ou seja, o direito de todos os habitantes de nossas 
cidades à terra urbana, à moradia, ao saneamento 
ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e 
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, não só para 
as gerações atuais, como também para as futuras. 
POLÍTICA NACIONAL URBANA – 
ESTATUTO DA CIDADE
O processo de transformação do habitat e 
da sociedade brasileira produziu uma 
urbanização predatória e desigual.
Áreas essas que passaram por 
uma urbanização acelerada: nas últimas 
seis décadas, passamos de 70,2 milhões 
para 209,3 milhões, e a população urbana 
subiu de 44% para os atuais 85% (2019).
PLANEJAMENTO URBANO
Surge uma discussão que a ideia de que as cidades 
brasileiras não foram planejadas, o que no centro do 
debate torna-se falsa. 
O que vimos ao longo da história foi um crescimento da 
população urbana que não foi acompanhado no mesmo 
ritmo por infraestruturas e serviços capazes de atender 
a esse contingente. 
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento se deu em alguns 
momentos sem a devida prioridade ao que deve ser o 
foco do planejamento urbano: o uso e a ocupação do 
PLANEJAMENTO URBANO
A maior parte das cidades concentrou seu crescimento 
entre as décadas de 1950 e 1980, fazendo destes 
anos o grande período de urbanização no Brasil. 
O processo teve início muito tempo antes, ainda no final 
do século XIX. 
Até o momento que vivemos hoje, o planejamento 
urbano no Brasil percorreu uma trajetória variada: 
desde modelos de inspiração europeia, passando por 
documentos extensos e tecnocratas, até planos que 
sequer apresentavam mapas da cidade.
PLANEJAMENTO URBANO
1ª fase (1875 – 1930) Planos de embelezamento
Planos baseados na tradição europeia, que tinham como objetivo o 
dito “embelezamento” das cidades. 
Isso significava ruas mais largas e a população e as habitações de 
baixa renda sendo empurradas para áreas distantes da região 
central.
Esta fase foi marcada pela chamada política de “higienismo” – 
acabar com os cortiços e deixar a cidade mais “bela” com base em 
modelos europeus. 
Em algumas cidades como o Rio de Janeiro, a referência era a Paris 
de Haussmann, e o processo deu início ao crescimento da cidade 
informal, com a ocupação dos morros pela população mais pobre. 
PLANEJAMENTO URBANO
1ª fase (1875 – 1930) Planos de 
embelezamento
Nessa época, ainda não havia uma denominação 
formal de “planejamento urbano” ou estruturas 
formais com esse fim na administração pública – 
o período foi marcado pela necessidade de 
rompimento com o passado colonial e a adesão 
ao chamado período “moderno”.
 
PLANEJAMENTO URBANO
2ª fase (1930 – 1965) Planos de conjunto
Os planos passam a olhar para a cidade de forma mais ampla, 
preocupando-se com diretrizes válidas para todo o território e não 
apenas determinadas regiões. Entram aqui os zoneamentos, a 
legislação sobre uso e ocupação do solo e a articulação dos 
bairros com o centro a partir de sistemas de transporte.
Começa a se falar em “caos urbano”, crescimento desordenado e 
a necessidade de planejar as cidades de forma mais consistente. 
Iniciativas como o Plano de Avenidas, de São Paulo, e o Plano 
Agache, no Rio de Janeiro, que abordam diversos aspectos do 
ambiente urbano, como legislação urbanística, habitação, 
ordenamento territorial.
PLANEJAMENTO URBANO
3ª fase (1965 – 1971) Planos de desenvolvimento integrado
Os planos começam a incorporar outros aspectos além dos 
relacionados ao território, como os econômicos e sociais. 
Documentos cada vez mais densos e complexos, tocando em 
questões sociais distantes dos interesses da classe dominante, 
o que passou a dificultar o processo de aprovação.
Neste momento, as questões metropolitanas e o planejamento 
não restrito somente aos limites de um município. Acarretando 
muitas vezes no surgimento de planos descolados da realidade, 
excessivamente técnicos e longos.
PLANEJAMENTO URBANO
4ª fase (1971 – 1992) Planos sem mapas
Como resposta à fase anterior, os planos 
passam a abrir mão de diagnósticos técnicos 
muito extensos e até mesmo dos mapas que 
ilustravam as medidas propostas.
Apresentavam diretrizes e objetivos gerais, 
ocultando conflitos de interesses em relação 
ao espaço urbano. 
PLANEJAMENTO URBANO
5ª fase (1992–1988/2001) Constituição de 1988 e Estatuto da Cidade
o processo de planejamento urbano deixa de ser tratado como “neutro” e 
passa a ser visto como um processo político e de participação social.
A Constituição de 1988 reconhece os planos diretores como principal 
instrumento de implementação da política de desenvolvimento e expansão 
urbana municipal.
E o Estatuto da Cidade, instituído em 2001, estabelece o “direito à cidade 
sustentável”, com princípios e diretrizes que devem ser adotados nos planos 
diretores, obrigatórios para cidades com mais de 20 mil habitantes. As novas 
legislações estabelecem uma nova fase na história do planejamento urbano 
brasileiro, com o objetivo de construir territórios que promovam ao mesmo 
tempo justiça social, desenvolvimento econômico e preservação do meio 
ambiente.
PLANEJAMENTO URBANO
Atualmente, temos 20 anos de planos diretores, 
e muitos estão entrando agora em processo de 
revisão. 
A elaboração, a implementação e a efetividade 
dos planos sempre estará sujeita à conjuntura 
de cada momento, ao contexto e às disputas 
políticas, aos atores e interesses envolvidos, à 
situação econômica e ao nível de envolvimento 
PLANO DIRETOR E LEI DE USO E 
OCUPAÇÃO DO SOLO
A revisão dos planos diretores e o avanço das discussões 
sobre sustentabilidade urbana nos colocam em um novo 
momento. O direto à cidade sustentável estabelecido pelo 
Estatuto da Cidade pode ser garantido por planos diretores 
que incorporem medidas que levem a esse resultado. 
A CF/88 especifica no artº. 30, o uso e ocupação do solo 
como item de extrema importância para o planejamento 
urbano. 
Define, ainda, como responsabilidade do município gerir 
seu espaço urbano havendo a participação da sociedade 
visando o crescimento sustentável. 
PLANO DIRETOR E LEI DE USO E 
OCUPAÇÃO DO SOLO
A lei de uso e ocupação do solo deve ser a responsável 
por organizar, planejar e controlar as formas como o solo 
urbano será ocupado, buscando um desenvolvimento do 
território sustentável e que de forma equitativa contemple 
os aspectos culturais,sociais, políticos, econômicos e 
ambientais.
A lei de uso e ocupação do solo e o plano diretor precisam 
estar devidamente alinhadas para que obtenham um 
crescimento controlado. Portanto, sempre que uma lei for 
reformulada a outra também deverá ser revisada para 
PLANO DIRETOR E LEI DE USO E 
OCUPAÇÃO DO SOLO
O plano diretor abrange de forma mais global essa organização 
municipal, enquanto que a lei de uso e ocupação do solo é 
responsável em cada setor da cidade. 
O plano diretor trata do desenvolvimento urbano sustentável para 
que atenda às necessidades da população no contexto atual e 
futuro.
A lei de uso e ocupação do solo define como ocupar terrenos, de 
forma que proteja o solo, os cursos d’água, a mobilidade urbana, o 
meio ambiente, o ar, etc., protegendo e garantindo a qualidade de 
vida da população.
É com a união das competências federais, estaduais e municipais que 
as leis de ordenamento do território são idealizadas para o pleno 
PLANO DIRETOR E LEI DE USO E 
OCUPAÇÃO DO SOLO

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