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Capsulite Adesiva do Ombro Condição de severa limitação e dor, considerada “ombro congelado”. •É uma doença idiopática, com duas características principais: dor e diminuição de mobilidade articular. •A Sociedade Americana de Cirurgia do Ombro definiu em 1992 como: “uma condição de etiologia incerta caracterizada por significante restrição de mobilidade ativa e passiva do ombro que ocorre na ausência de alterações intrínsecas do ombro”- Capsulite Primária. Etiologia Causa não foi esclarecida. Pode resultar de condições que levem a articulação glenoumeral a assumir determinada posição por tempo prolongado – pode desenvolver retração capsular. Fisiopatologia Além da cápsula articular, outras estruturas participam do processo: ligamento coracoumeral, os tecidos do intervalo rotador, o músculo subescapular e a bolsa subacromial. A dor parece ser neurologicamente mediada, sendo encontradas alterações distróficas do sistema simpático - reflexo (Síndrome da dor complexa regional ou Distrofia Simpático- reflexa), como sudorese palmar e axilar e alterações vasculares, como isquemia e hiperemia. Outra alteração presente é a hipovascularização dos tecidos, levando a liberação de radicais livres, os quais iniciariam um ciclo de hiperplasia fibroblástica e excessiva de posição de colágeno e glicosaminoglicanos. Estudos histopatológicos evidenciam um processo ativo de hiperplasia fibroblástica e excessiva secreção de colágeno tipo III, que leva à contratura da cápsula e das estruturas adjacentes, ocasionando progressiva limitação de mobilidade. Cápsula articular retraída, inelástica e espessada, com pouco líquido sinovial. Volume articular diminuído, em torno de 3 a 15ml, comparado a 20 a 25ml da capacidade articular normal. Faixa etária mais acometida – 40 e 60 anos Gênero – Mais comum no Feminino É conhecida a associação do ombro congelado com várias doenças. Incidência aumentada entre indivíduos diabéticos, com doenças neurológicas centrais, em uso de anticonvulsivantes (Ex: Fenobarbital, dislipidemias e tireoideopatias). Inicia com quadro doloroso e culmina com a rigidez articular Quadro Clínico •Dor mal localizada no ombro de início espontâneo •Dor tanto no movimento passivo quanto ativo •Dor intensa, mesmo em repouso e à noite, com caráter contínuo, e piora aos movimentos. •Limitação do movimento seguindo o padrão capsular •Lado mais envolvido é o não dominante •Quadro com evolução lenta não inferior a quatro ou seis meses, antes do diagnóstico definitivo. Classificação de Zuckerman e Cuomo (1993)/ Robert Leffert (2002): • Primárias – sem causa determinada. • Secundárias – decorrentes de outras condições como, por exemplo: rupturas do manguito rotador; tendinite calcária; luxações glenoumerais; fraturas; após cirurgia no ombro; cirurgia em região mamária; após traumas leves (gatilho);etc. Capsulite Primária segundo Nash e Hazelman: Perda idiopática, progressiva e dolorosa dos movimentos ativos e passivos do ombro, em particular da rotação externa, que leva a limitação do uso do braço. Paciente relata dificuldade para vestir uma jaqueta ou casaco, colocar objetos no bolso de trás ou fechar peças do vestuário nas costas, pegar algo no armário, outros. A inflamação e a dor podem causar defesa muscular no ombro, sem contratura verdadeira fixada da cápsula. O desuso do braço resulta em perda da mobilidade. O uso continuado do braço com dor pode resultar em impacto subacromial. Após algumas semanas apresentam movimentos compensatórios da cintura escapular – minimiza a dor. Ombro afetado torna-se rígido–perda funcional. A partir de estudos artroscópicos, foram relatados por Neviaser(1987) quatro estágios da CAO: 1. Estágio Pré-adesão ou Estágio I: (Aguda ou Hiperálgica) Sinais e sintomas suaves com menos de 3 meses de duração, descritos como dolorosos em repouso e agudos nos extremos da amplitude de movimento. Há uma reação inflamatória sinovial. Perda progressiva do movimento, secundária à sinovite dolorosa. Caracterizado por mínima ou nenhuma perda do movimento articular. Dor referida até a inserção do deltoide. 2. Estágio de Sinovite adesiva aguda ou Estágio II: (Enrijecimento ou Congelamento) Caracterizado por sinovite proliferativa e formação de aderências. Dor à palpação na cápsula posterior e anterior. Dor referida também até a inserção do deltoide. Infiltração intra-articular de analgésico pode ser útil no diagnóstico e na intervenção: o Se tiver melhora na dor e amplitude de movimento, confirma diagnóstico de Estágio I. o Se tiver melhora na dor e sem melhora significativa na amplitude de movimento, então o diagnóstico é de Estágio II. Os sintomas manifestam-se por 3 a 9 meses, com perda progressiva dos movimentos. Perda de movimento em todos os planos e dor em todas as partes do movimento. Deve-se fazer a diferenciação da perda da amplitude de movimento passiva: o Defesa muscular protetora, mudanças adaptativas nas estruturas musculotendíneas; o Aderências e contraturas capsulares. 3. Estágio de maturação ou Estágio III: (Ombro Congelado) Caracterizado por redução da sinovite, com perda da prega axilar. Rigidez dolorosa e perda significativa de amplitude de movimento. Sintomas presentes de 9 a 14 meses e modificam-se. Pacientes podem relatar história de uma fase extremamente dolorosa que passou, resultando em ombro relativamente livre de dor, porém rígido. Ritmo escápuloumeral deficiente, dominância do trapézio superior– movimento em bloco. Redução do deslizamento inferior da GU. 4. Estágio crônico ou Estágio IV: (Descongelamento) As aderências estão totalmente estabelecidas e são marcadamente restritivas. Conhecido com o estágio de “degelo”–pode levar de 15 a 24 meses (mas também é mencionado na literatura até 3 anos) Achados objetivos são: o Ombro rígido; o Com alteração acentuada da mecânica escapuloumeral; o Uso limitado do braço durante as atividades de vida diária; o Presença do padrão capsular; o Resistência na sensação final de movimento antes de perceber dor. Recuperação lenta e estável de alguma amplitude perdida, resultante dor e modelamento capsular em resposta ao uso do braço. A Capsulite Adesiva do Ombro apresenta três fases bem definidas: Fase Dolorosa – de início insidioso e gradual, a dor é o achado clínico mais importante; a dor causa ansiedade ao paciente; passa a usar o membro com menor frequência; sinais de distrofia simpático-reflexa. Fase de Rigidez (Congelado) – caracterizada por acometimento severo da amplitude articular, sobretudo para os movimentos de rotação externa e a elevação do braço. Dificuldade para realizar funções simples como vestir-se e pentear-se. A dor é caracterizada por constante e espontânea. Fase de Descongelamento – retorno lento, espontâneo e progressivo da amplitude de movimento. A evolução pode levar meses (mais de 12 meses), pode persistir alguma restrição articular. A dor se manifesta nos limites máximos dos movimentos restritos. O “ombro congelado” apresenta-se como um conjunto complexo de sintomas, em vez de uma entidade específica de diagnóstico. Diagnóstico Diferencial • Situações graves são chamadas, muitas vezes, de “Bandeiras Vermelhas” (“Red Flags”), e incluem situações sobre quais o fisioterapeuta não é capaz de agir sozinho, devendo encaminhar o paciente para outro profissional. São elas: Dor severa que não regride Dor não afetada por fármacos ou posições Dor noturna severa Dor severa sem história de lesão Espasmo severo Envolvimento psicológico Importante diferenciar de um ombro rígido e de um ombro dolorido. O ombro doloridoé caracterizado: Pela ausência de retração verdadeira da cápsula articular; Por evolução mais aguda e severa; Histórico de esforço repetitivo executado acima da cabeça ou de trauma inicial precedente; O limite articular patológico não apresenta sensação de bloqueio mecânico como na capsulite. Na fase de inflamatória e descongelamento os diagnósticos diferenciais são: Síndrome do Impacto, Rotura do manguito rotador e Tendinite calcária. Na fase de ombro congelado fazer diagnóstico diferencial com a Artrose glenoumeral. Diagnóstico essencialmente clínico Avaliar o quadro clínico e diferenciar de outras condições clínicas que podem levar a rigidez articular. Faz a avaliação seguindo as etapas clássicas, como por exemplo: •Anamnese–analisar se não há fatores predisponentes como, por exemplo, Diabetes; •Inspeção Estática – observar assimetrias, tensão muscular, e outros aspectos; •Inspeção Dinâmica – Ativo e Passivo (observar a sensação final de movimento; verificar o padrão capsular) •Testes Funcionais: Mão/Nádega Mão/Costas Mão/Ombro oposto Mão/Nuca Testes específicos: Teste de jogo articular (deslizamentos) o Avaliação acessória passiva Sinta resistência, espasmo e qualidade de movimento; Note relação entre dor e resistência Faça em pontos diferentes da amplitude de movimento fisiológica Reproduzir o sintoma • Palpação • Goniometria • Perimetria OBS: Atenção ao interpretar a descrição do padrão capsular: Padrão Capsular: Amplitude de movimento de rotação externa < Amplitude de movimento de abdução < Amplitude de movimento de rotação interna Ou Limitação da rotação externa > limitação da abdução > limitação da rotação interna
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