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1 O DANO EXISTENCIAL NO DIREITO TRABALHISTA BRASILEIRO FABIANE NICÁCIO DE MOURA RESUMO O presente artigo visa analisar o dano existencial no Direito Trabalhista Brasileiro e suas hipóteses de aplicação, uma vez que sua prática pelo empregador fere direitos fundamentais do trabalhador, gerando danos ao seu projeto de vida e, por consequência, direito à indenização. Será analisado o seu reconhecimento no Direito Brasileiro, suas espécies e os casos mais comuns em que se configura, como a sobrejornada excessiva de trabalho, não concessão de férias por longos períodos e assédio moral, demonstrando os danos que causa nas hipóteses apresentadas. Ao final restará demonstrado que o dano existencial causa prejuízos à vida que o obreiro projetou para si fora do ambiente laboral e que o Direito Brasileiro tem reconhecido o dano em comento como uma das hipóteses geradoras de responsabilidade civil por danos imateriais. Palavras-chave: Dano existencial. Direito do Trabalho Brasileiro. Sobrejornada excessiva de trabalho. Não concessão de férias. Assédio moral. ABSTRACT This article aims to analyze the existential damage in Brazilian Labor Law and its hypotheses of application, since its practice by the employer damages fundamental rights of the worker, generating damages to his life project and, consequently, the right to compensation. It will be analyzed its recognition in the Brazilian Law, its species and the most common cases in which it is configured, such as excessive work overrun, non-granting of vacations for long periods and moral harassment, demonstrating the damages caused in the presented hypotheses. At the end, it will be shown that the existential damage causes damages to the life that the worker has projected for himself outside the work environment and that the Brazilian Law has recognized the damage in comment as one of the hypotheses generating civil liability for immaterial damages. Keywords: Existential damage. Brazilian Labor Law. Excessive overwork. Non-holiday leave. Harassment. 2 INTRODUÇÃO O presente artigo foi desenvolvido com a finalidade de demonstrar o reconhecimento do dano existencial no direito do trabalho brasileiro, ou seja, o dano que traz prejuízos ao projeto de vida do trabalhador por atos ilícitos praticados pelo empregador, e qual a sua abrangência. Para demonstrar essa possibilidade far-se-á um estudo doutrinário e jurisprudencial sobre o assunto, elencando as diversas hipóteses em que o dano existencial pode ocorrer, a forma como atinge o projeto de vida do obreiro, bem como a sua aceitação no direito brasileiro, mais especificamente no ramo trabalhista. Inicialmente, será abordado o seu berço de origem no direito internacional, o direito italiano, e a evolução no direito trabalhista brasileiro, tendo em vista que, inicialmente, foi reconhecido apenas na esfera cível e, depois, gradativamente, na jurisprudência e doutrina trabalhistas, chegando, atualmente, a ser previsto expressamente na Consolidação da Leis do Trabalho (CLT), com o advento da reforma trabalhista. Em seguida, serão analisados o seu conceito, as formas como atinge o trabalhador e seus direitos fundamentais, sua diferenciação do dano moral, pois, mesmo com toda evolução, ainda há confusão na análise do caso concreto, e a possibilidade de cumulação com outros danos patrimoniais e extrapatrimoniais. Logo após, será demonstrado como pode ser vislumbrado em várias hipóteses, entre elas, a sobrejornada excessiva de trabalho, a não concessão de férias por longos períodos, a ocorrência de LER (Lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) decorrentes de movimentos repetitivos executados no exercício da atividade laboral, a prática de assédio moral e o trabalho degradante e/ou em condição análoga à de escravo. Por fim, restará configurado o que é o dano existencial, seu reconhecimento, evolução e abrangência no Direito Trabalhista no Brasil. 3 O DANO EXISTENCIAL NO DIREITO TRABALHISTA BRASILEIRO O reconhecimento do dano existencial é originário do sistema jurídico italiano e, desde 1950, vem percorrendo um longo caminho, chegando, hoje, a ganhar bastante espaço neste ordenamento jurídico. Inicialmente, foi chamado de “dano à vida de relação”, somente sendo reconhecido mundialmente como “dano existencial”, no ano 2000, em sentença proferida na Corte Italiana, onde restou reconhecido o direito de reparação pelo dano experimentado, sendo entendido como um dos tipos ensejadores de responsabilidade civil e espécie de dano imaterial.1 O direito brasileiro vem incorporando, gradativamente, o dano existencial no bojo de suas decisões, entretanto, ainda de forma tímida, tendo em vista a falta de legislação específica e de obras especializadas sobre o assunto. Inclusive, cabe observar, que em muitas condenações pode-se verificar que a descrição do fato gerador da indenização se refere ao dano existencial, mas é nomeado como dano moral. Nesse contexto, pode-se afirmar que vem sendo aplicado por parte dos doutrinadores e tribunais como uma espécie de dano moral, sendo que, neste ponto, a classificação dada ao dano existencial no Brasil e na Itália, seu berço de origem, são diferentes, pois para este ordenamento é entendido “como um terceiro tipo de dano, além do patrimonial e do extrapatrimonial”.2 Embora, como dito, inexista uma legislação específica e pacificação na doutrina e jurisprudência, o entendimento de alguns estudiosos tem sido que, diante da expressa tutela constitucional de reparabilidade aos danos extrapatrimoniais3, prevista no art. 5º, X da Carta Magna4, o dano em comento está devidamente 4 Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 3 JABONISKI, André Leonardo. PAVELSKI, Ana Paula. O dano existencial decorrente da delinquência patronal. Disponível em < http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-dano-existencial-decorrente-da-delinquencia-patronal > . Acesso em 02/04/2019. p.18. 2 OLIVEIRA, Rafael Niebuhr Maia de. D’ONÓFRIOPAZ, Andréa. Reparação de danos extrapatrimoniais decorrentes da relação de emprego e o reconhecimento da modalidade de dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 318. Dez/2015. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 02/04/2019. 1 OLIVEIRA, Rafael Niebuhr Maia de. D’ONÓFRIOPAZ, Andréa. Reparação de danos extrapatrimoniais decorrentes da relação de emprego e o reconhecimento da modalidade de dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 318. Dez/2015. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 02/04/2019. http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-dano-existencial-decorrente-da-delinquencia-patronal http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 4 fundamentado, podendo ser requerido, a qualquer momento, pelos indivíduos lesados. Ademais, o art. 186 do Código Civil5, cláusula geral dos danos imateriais, combinado com a restauração da democracia e a conscientização sobre os direitos humanos, através da anuência da jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos, permitem a associação do direito nacional e internacional, possibilitando uma tutela mais efetiva dos direitos humanos.6 Com a Reforma Trabalhista, houve algum avanço no que concerne ao reconhecimento do dano existencial na esfera laboral, pois o artigo 223-B7 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), prevê expressamente a indenização pela causação de tal dano, trazendo, assim, mais segurança jurídica aos obreiros que sofram prejuízos dessa natureza. No direito italiano, configura-se o dano existencial sempre que os direitos fundamentais forem lesionados e houver modificação negativano jeito de viver do indivíduo ou nas atividades que desenvolve para a realização do seu projeto de vida, sendo dispensável a confirmação de prejuízo financeiro.8 Destarte, o projeto de vida pode ser definido como uma espécie de sustentáculo aos planejamentos e metas do indivíduo e visa trazer significado à existência do sujeito, configurando assim, o sentido verdadeiro e pessoal da vivência de cada ser. Através das escolhas feitas entre o passado, presente e as que virão a ser feitas no futuro, o indivíduo poderá escolher se deseja ou não fruir das suas mais profundas aspirações.9 9 BIÃO, Fernanda Leite. Do terror psicológico à perda do sentido da vida: estudo de caso a respeito do assédio moral e do dano existencial no ambiente de trabalho. Revista Trabalhista e 8 SCHAFER, Gilberto. MACHADO, Carlos Eduardo Martins. A reparação do dano ao projeto de vida na corte Interamericana de Direitos Humanos. Disponível em < apps.unibrasil.com.br/ojs235/index. php/rdfd/article/download/340/315 >. Acesso em 18/03/2017. p. 185. 7 Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação. BRASIL. CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em 29/03/2019. 6 SCHAFER, Gilberto. MACHADO, Carlos Eduardo Martins. A reparação do dano ao projeto de vida na corte Interamericana de Direitos Humanos. Disponível em < apps.unibrasil.com.br/ojs235/ index.php/rdfd/article/download/340/315 >. Acesso em 18/03/2017. p. 185. 5 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. BRASIL. CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm >. Acesso em 02/04/2019. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm >. Acesso em 02/04/2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 5 Entre nós, Flaviana Rampazzo Soares tem se destacado doutrinariamente, pois com sua tese de mestrado se tornou uma das precursoras em obras literárias especializadas no assunto. Para ela, dano existencial é: a lesão ao complexo de relações que auxiliam no desenvolvimento normal da personalidade do sujeito, abrangendo a ordem pessoal ou a ordem social. É uma afetação negativa, total ou parcial, permanente ou temporária, seja a uma atividade, seja a um conjunto de atividades que a vítima do dano, normalmente, tinha como incorporado ao seu cotidiano e que, em razão do efeito lesivo, precisou modificar em sua forma de realização, ou mesmo suprimir de sua rotina.10 Para a Jurisprudência trabalhista tem sido definido como espécie de dano extrapatrimonial, por meio do qual, o trabalhador passa a sofrer prejuízos/limitações concernentes à sua vida fora do ambiente de trabalho, em virtude das condutas ilícitas praticadas pelo empregador. (TRT 4ª R., RO 0000105-14.2011.5.04.0241, 1ª Turma, Relator: Des. José Felipe Ledur, de 14/03/2012).11 Diante disso, pode se afirmar que advém do comportamento do empregador que impede que o trabalhador tenha uma convivência social, através das diversas ocupações que pode ter socialmente, quais sejam, “recreativas, afetivas, espirituais, culturais, esportivas, sociais e de descanso”, e que lhe trarão prazer, disposição e, consequentemente, a felicidade. Pode, ainda, decorrer do impedimento à execução, prosseguimento ou recomeço dos planos que o indivíduo havia traçado para si e que trarão crescimento ou satisfação no âmbito social, pessoal e profissional.12 Para a devida configuração é necessário que essa conduta por parte do empregador seja reiterada e perdure no tempo, alterando assim as metas que o indivíduo traçou para sua vida, acarretando-lhe prejuízos em seus relacionamentos pessoais. Dessa forma tem entendido o TST, quando proferiu decisão denegatória quanto ao pedido de dano existencial por excesso de horas extras, por não haver 12 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 11 TRT 4ª R., RO 0000105-14.2011.5.04.0241, 1ª Turma, Relator: Des. José Felipe Ledur, de 14/03/2012. Disponível em < http://www.trt4.jus.br/consulta-api/rest/download/complemento/NU FiBGy9dCYYDJ8P0NZNu5tK7RYG_1Kr1W1ImEbfNjQ >. Acesso em 02/04/2019. 10 SOARES, Flaviana Rampazzo. Responsabilidade Civil por Dano Existencial. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p.44. Previdenciária, nº 255. Set/2010. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f= templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 02/04/2019. http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.trt4.jus.br/consulta-api/rest/download/complemento/NU%20FiBGy9dCYYDJ8P0NZNu5tK7RYG_1Kr1W1ImEbfNjQ http://www.trt4.jus.br/consulta-api/rest/download/complemento/NU%20FiBGy9dCYYDJ8P0NZNu5tK7RYG_1Kr1W1ImEbfNjQ http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 6 comprovação de que a conduta do empregador durou por tempo suficiente para causar prejuízo à existência do trabalhador.13 Nesse sentido, o dano existencial se trata de mudança considerável na qualidade de vida do indivíduo, pois o mesmo não poderá mais cumprir seus projetos da forma como previa e gostaria, ou, no mínimo, terá que alterá-los para se adaptar à nova situação, o que poderá interferir de forma substancial e, até mesmo, definitiva, na existência da pessoa. Pode-se dizer ainda que, expressa uma redução danosa tanto na quantidade quanto na qualidade dos afazeres cotidianos desenvolvidos pelo sujeito.14 Dessa forma, o sujeito é afetado por esse dano quando indevidamente impedido de gozar de sua liberdade, já que esse impedimento pode tirá-lo do seu convívio familiar, por algum tempo, tempo este indispensável, principalmente, quando se considera a possibilidade de um ente querido estar enfermo, com poucas chances de vida e, ainda, por não poder estar junto em momentos festivos, ir ao cinema, às cerimônias religiosas e acadêmicas, entre outras.15 Isto posto, é possível afirmar que é um verdadeiro desrespeito a direito fundamental do indivíduo, não repercutindo, necessariamente, em sua esfera patrimonial, mas representando uma verdadeira afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana.16 Dignidade esta que, juntamente com os direitos fundamentais, deve ser assegurada e preservada em todo o âmbito de vivência do ser humano.17 Deste princípio decorre a prerrogativa “ao livre desenvolvimento da personalidade do trabalhador, nele integrado o direito ao livre desenvolvimento profissional, o que exige condições dignas de trabalho e observância dos direitos 17 BIÃO, Fernanda Leite. Do terror psicológico à perda do sentido da vida: estudo de caso a respeito do assédio moral e do dano existencial no ambiente de trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 255. Set/2010. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f= templates$fn= default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 02/04/2019. 16 OLIVEIRA, Rafael Niebuhr Maia de. D’ONÓFRIOPAZ, Andréa. Reparação de danos extrapatrimoniais decorrentes da relação de emprego e o reconhecimento da modalidade de dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 318. Dez/2015. Disponível em < http://www. bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2>. Acesso em 02/04/2019. 15 FROTA, Hidemberg Alves da. Noções Fundamentais sobre o dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll? f= templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 14 SOARES, Flaviana Rampazzo. Responsabilidade Civil por Dano Existencial. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p.44. 13 TST - RR 14439420125150010 (TST), 4ª Turma, Relatora: Maria de Assis Calsing de 17/04/2015. Disponível em < https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-1443 9420125150010 >. Acesso em 25/03/2019. http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=%20templates$fn=%20default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=%20templates$fn=%20default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?%20f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?%20f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-14439420125150010 https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-1443%209420125150010 https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-1443%209420125150010 7 fundamentais também pelos empregadores”18, tendo em vista que os direitos fundamentais possuem eficácia horizontal, ou seja, devem ser respeitados não apenas pelo estado, mas por todos os indivíduos. Por conseguinte, pode-se dizer que o contratante extrapolando seu poder diretivo e de comando, fere a dignidade humana do contratado, prejudicando os seus planos de futuro, ou mesmo atrapalhando as “suas atividades e relações interpessoais”.19 Assim, observa-se que o obreiro fica impossibilitado de exercer o direito, garantido pela nossa Constituição, de dispor, da forma que entender, do seu tempo livre, “fazendo ou deixando de fazer” aquilo que lhe apraz, podendo se afirmar que “ele se vê despojado de seu direito à liberdade e à sua dignidade humana”.20 Ademais, o dano em comento também atinge outras áreas da vida indivíduo, como suas “atividades biológicas de subsistência”, relacionamentos familiares e sociais, ocupações de cunho recreativo e demais atividades que visem garantir o direito à comunhão familiar, à um ambiente salubre e ao desenvolvimento das tarefas laborais e de entretenimento de forma equilibrada e tranquila.21 Segundo Boucinhas Filho e Alvarenga22 é por intermédio do direito ao lazer que o obreiro alcança o “direito à desconexão”, já que este direito está relacionado “com os direitos fundamentais relativos às normas de saúde, higiene e segurança do trabalho” elencados na Carta Constitucional, no que tange à determinação da quantidade de horas diárias de trabalho (art. 7º, XIII)23, ao direito ao repouso (art. 7º, 23 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante 22 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 21 FROTA, Hidemberg Alves da. Noções Fundamentais sobre o dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll ?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 12/10/2016. 20 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 19 OLIVEIRA, Rafael Niebuhr Maia de. D’ONÓFRIOPAZ, Andréa. Reparação de danos extrapatrimoniais decorrentes da relação de emprego e o reconhecimento da modalidade de dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 318. Dez/2015. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 02/04/2019. 18 TRT 4ª R., RO 0000105-14.2011.5.04.0241, 1ª Turma, Relator: Des. José Felipe Ledur, de 14/03/2012. Disponível em < http://www.trt4.jus.br/consulta-api/rest/download/complemento/ NUFiBGy9dCYYDJ8P0NZNu5tK7RYG_1Kr1W1ImEbfNjQ >. Acesso em 02/04/2019. http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll%20?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll%20?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.trt4.jus.br/consulta-api/rest/download/complemento/%20NUFiBGy9dCYYDJ8P0NZNu5tK7RYG_1Kr1W1ImEbfNjQ http://www.trt4.jus.br/consulta-api/rest/download/complemento/%20NUFiBGy9dCYYDJ8P0NZNu5tK7RYG_1Kr1W1ImEbfNjQ 8 XV)24 e às férias (art. 7º, XVII)25, uma vez que visam restaurar a energia e garantir a “incolumidade física e psíquica” do trabalhador. Inclusive, essas atividades de descontração e aquelas praticadas durante as folgas são de extrema importância na vida do trabalhador do mundo atual, principalmente porque nesse mundo pós-moderno, onde as relações são a cada dia menos pessoais, essa interação “física e material” com os demais indivíduos é de fundamental importância, pois os ajudam a contrabalancear o cansaço causado pelas atividades rotineiras, melhorando a produtividade laboral.26 A violação causada à existência do indivíduo, “enquanto ser humano dotado de projetos de cunho pessoal e profissional”, pode resultar em danos à sua saúde, gerando doenças do trabalho e podendo prejudicar a higidez física e mental do obreiro, pois proporcionalmente à agressão à saúde do trabalhador, cresce a ofensa ao seu sistema imunológico, o que o torna vulnerável aos males advindos do trabalho.27 Desta maneira, o trabalhador também ficará impossibilitado de gozar do seu direito à saúde, já que a Carta Magna elenca entre seus fundamentos, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, previsto no art. 1º, IV28, e a redução dos riscos inerentes ao trabalho, conforme exposto no art. 7º, XXII29, exatamente para 29 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em 01/03/2017. 28 Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm >. Acesso em 01/03/2017. 27 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 26 STEIGLEDER, Dérick Pivatto. O Dano Existencial e sua Responsabilidade no Âmbito do Direito Laboral Brasileiro. 2014. 58 fls. Monografia (Bacharelado). Curso de Ciências Jurídicas e Sociais, Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. p.30. 25 XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais doque o salário normal. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm > . Acesso em 02/04/2019. 24 XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm> . Acesso em 02/04/2019. acordo ou convenção coletiva de trabalho. BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm > . Acesso em 02/04/2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/%20constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/%20constituicao.htm http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/%20constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/%20constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/%20constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/%20constituicao.htm 9 prevenir que os empregadores ultrapassem os limites que garantem o exercício de um trabalho digno e hígido. Esse direito fundamental à saúde diz respeito ao bem-estar dos trabalhadores no âmbito laboral e busca favorecer a salubridade física e psíquica no momento em que desenvolvem suas atividades profissionais, para que estas sejam executadas “de forma saudável e equilibrada”, permitindo que os obreiros saiam de seu local de trabalho com disposição suficiente para o desenvolvimento das demais atividades que necessitarem realizar, de modo a usufruir “dos prazeres de sua existência como ser humano”.30 Nesse sentido, Lora31 entende que o obreiro tem esse direito violado quando for vítima de LER (Lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) decorrentes de movimentos repetitivos executados no exercício da atividade laboral, pois essas lesões e distúrbios abrangem doenças do sistema músculo-esquelético-ligamentar e podem se equiparar, em razão do nexo causal ocupacional, com a doença ocupacional, nos termos do art. 20, § 2º32, da Lei 8.213/1991. Dessa forma, trazem prejuízos às atividades laborais, corriqueiras e de lazer da vítima. No que tange a diferenciação entre o dano existencial e o dano moral pode-se dizer que este não possui natureza patrimonial, sendo dotado de subjetividade, pois atinge o moral do indivíduo, afetando de forma negativa o seu ânimo e trazendo desassossego ao seu íntimo, entretanto, embora não chegue a prejudicar efetivamente o dia-a-dia do indivíduo, pode tornar mais penosa a prática de atividades corriqueiras, uma vez que, estando desanimado não exercerá suas atividades com o mesmo entusiasmo que exerceria em seu ânimo habitual.33 33 SOARES, Flaviana Rampazzo. Responsabilidade Civil por Dano Existencial. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p.98. 32 Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas. [...] § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. BRASIL. LEI 8.213/1991. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213 cons.htm >. Acesso em 30/03/2019. 31 LORA, Ilse Marcelina Bernardi. O Dano no Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Set/2010. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.Dll?f =templates$fn =default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 18/03/2019. 30 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213%20cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213%20cons.htm http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.Dll?f%20=templates$fn%20=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.Dll?f%20=templates$fn%20=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 10 Em contraposição e fazendo menção a Sessarego, Soares34 afirma que o dano existencial pode ser identificado em toda mudança que cause prejuízo às atividades corriqueiras do indivíduo “em todos os seus componentes relacionais (impossibilidade de agir, interagir, executar tarefas relacionadas às suas necessidades básicas, tais como cuidar da própria higiene, da casa, dos familiares, falar, caminhar, etc)”, porém, sendo experimentado, pela vítima, somente em momento posterior, por se tratar de alteração sequencial e prejudicial ao seu cotidiano, perfazendo-se com o passar do tempo.35 Em suma, pode ser caracterizado como um dano que traz prejuízo não econômico, já que independe de a vítima ter tido lucros ou não; extrapatrimonial, pois não lesiona bens ou interesses materiais; e de extensão ilimitada, tendo em vista que a menor privação ou lesão às “atividades existenciais” da vítima pode ensejar a reparação.36 Assim, percebe-se que não há como confundir dano moral com dano existencial. Nesse sentido vem entendendo o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ao afirmar em um de seus julgados que tanto os pressupostos, quanto a comprovação de ambos são distintos, pois são independentes, mesmo que de um mesmo fato possa ocorrer ambas as formas de prejuízo.37 37 Ementa: RECURSO DE REVISTA - DANO EXISTENCIAL - DANO À PERSONALIDADE QUE IMPLICA PREJUÍZO AO PROJETO DE VIDA OU À VIDA DE RELAÇÕES - NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE LESÃO OBJETIVA - NÃO DECORRÊNCIA IMEDIATA DA PRESTAÇÃO DE SOBREJORNADA - NÃO CARACTERIZAÇÃO. [...] Embora exista no âmbito doutrinário razoável divergência a respeito da classificação do dano existencial como espécie de dano moral ou como dano de natureza extrapatrimonial estranho aos contornos gerais da ofensa à personalidade, o que se tem é que dano moral e dano existencial não se confundem, seja quanto aos seus pressupostos, seja quanto à sua comprovação. Isto é, embora uma mesma situação de fato possa ter por consequência as duas formas de lesão, seus pressupostos e demonstração probatória se fazem de forma peculiar e independente. No caso concreto, a Corte regional entendeu que não restou demonstrado o dano existencial, não podendo haver um corolário lógico de que a jornada prolongada em alguns dias causou efetivo prejuízo às relações sociais ou ao projeto de vida do trabalhador. Logo, conforme decidido pelo Tribunal Regional, o dano (...). TST - RR 13924220145120028 (TST), 7ª Turma, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, de 16/03/2016. DEJT: 18/03/2016. Disponível em < https://tst. jusbrasil.com.br/jurisprudencia/32209 1595/recurso-de-revista-rr-13924220145120028/inteiro-teor32209 1681 >. Acesso em 26/03/2019. 36 POSITANO, Gabriele, apud ALMEIDA NETO, Amaro Alves de. Dano Existencial a Tutela da Dignidade da Pessoa Humana. Revista de Direito Privado, nº 24, pgs 21-53, Out-Dez de 2005. p. 47. 35 STEIGLEDER, Dérick Pivatto. O Dano Existencial e sua Responsabilidade no Âmbito do Direito Laboral Brasileiro. 2014. 58 fls. Monografia (Bacharelado). Curso de Ciências Jurídicas e Sociais, Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. p. 25 e 26. 34 SESSAREGO, Carlos Fernández apud SOARES, Flaviana Rampazzo. Responsabilidade Civil por Dano Existencial. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p.99. http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-14439420125150010 http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-1443942012515001011 Dessa forma, embora distintos, é possível a cumulação tanto do dano moral com o existencial, quanto deste com qualquer outro tipo de dano patrimonial ou extrapatrimonial, conforme se depreende do texto do artigo 223-F, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)38, que determina, inclusive, que a sentença deve discriminar os valores de cada indenização, quando houver a condenação por mais de um dano. Para a doutrina, além dos elementos comuns aos demais danos ensejadores da responsabilidade civil, quais sejam, ato ilícito39, nexo causal40 e prejuízo41, para se configurar o dano existencial deve haver ainda o dano ao projeto de vida e o dano à vida de relações.42 O dano ao projeto de vida se trata de mudança de caráter não financeiro “nas condições de existência, no curso normal da vida da vítima e de sua família”, e representa admitir-se que, quando os direitos humanos são desrespeitados pode, por vezes, impossibilitar o desenvolvimento das “aspirações e vocações” da vítima, gerando insatisfações que, provavelmente, serão irreparáveis, mesmo com o passar dos anos. “[...] Atinge as expectativas de desenvolvimento pessoal, profissional e 42 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 41 Dano ou prejuízo é a “lesão de natureza patrimonial ou moral”. Na linguagem jurídica, dano e prejuízo são termos equivalentes [...]. ” NADER, Paulo. Curso de Direito Civil, volume 7: responsabilidade civil. - 6ª Ed. rev., atual. e ampl.- Rio de Janeiro: Forense, 2016. Disponível em < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530968724/cfi/6/10!/4/8/ 20@0:0 >. Acesso em 29/03/2019. 40 [...] É o liame que une a conduta do agente ao dano. É por meio do exame da relação causal que se conclui quem foi o causador do dano. Trata-se de elemento indispensável. A responsabilidade objetiva dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal. Se a vítima, que experimentou um dano, não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há como ser ressarcida. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Obrigações e Responsabilidade Civil.18ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. p.505. Disponível em < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books /9788597014570/cfi/ 6/46!/4/340@0:0 >. Acesso em 26/03/2019. 39 [...] são os que promanam direta ou indiretamente da vontade e ocasionam efeitos jurídicos, mas contrários ao ordenamento. O ato voluntário é, portanto, o primeiro pressuposto da responsabilidade civil. [...] O ato de vontade, contudo, no campo da responsabilidade deve revestir-se de ilicitude. Melhor diremos que na ilicitude há, geralmente, uma cadeia ou sucessão de atos ilícitos, uma conduta culposa. Raramente, a ilicitude ocorrerá com um único ato. O ato ilícito traduz-se em um comportamento voluntário que transgride um dever. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Obrigações e Responsabilidade Civil.18ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. p.470. Disponível em < https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597014570/cfi/6/46!/4/340 @0:0 >. Acesso em 26/03/2019. 38 Art. 223-F. A reparação por danos extrapatrimoniais pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo. § 1o Se houver cumulação de pedidos, o juízo, ao proferir a decisão, discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil03/decreto-lei/Del5452. htm >. Acesso em 29/03/2019. http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530968724/cfi/6/10!/4/8/%2020@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530968724/cfi/6/10!/4/8/%2020@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books%20/9788597014570/cfi/%206/46!/4/340@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books%20/9788597014570/cfi/%206/46!/4/340@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597014570/cfi/6/46!/4/340%20@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597014570/cfi/6/46!/4/340%20@0:0 http://www.planalto.gov.br/ccivil03/decreto-lei/Del5452.%20htm http://www.planalto.gov.br/ccivil03/decreto-lei/Del5452.%20htm 12 familiar da vítima, incidindo sobre sua liberdade de escolher o seu próprio destino”, constituindo-se censura ao significado que o indivíduo dá à sua existência, “ao sentido espiritual da vida”.43 Já o dano à vida de relações se caracteriza quando há agressão física ou psíquica, que impossibilita que o indivíduo goze, de forma total ou parcial, das alegrias proporcionadas pelas inúmeras atividades de entretenimento e pós-laborais, havendo alteração decisiva “no ânimo do trabalhador atingindo, consequentemente, o seu relacionamento social e profissional”, reduzindo, assim as possibilidades de adequação ou crescimento profissional do sujeito, “o que reflete negativamente no seu desenvolvimento patrimonial”.44 Embora o ordenamento jurídico brasileiro esteja aderindo ao dano existencial, percebe-se que o seu reconhecimento na esfera trabalhista é mais recorrente quando se trata de sobrejornada excessiva, como se vê em decisão do TST45, onde a obreira chegava a laborar por mais de 14 dias, inclusive aos domingos, sem folga compensatória, sendo privada de usufruir de sua vida fora do ambiente de trabalho, o que causou danos ao seu projeto de vida. Assim, é necessário enfatizar que não é apenas a falta de pagamento das verbas relativas à sobrejornada que faz com que o seu uso desregrado e excessivo, como estratégia comercial, seja algo maléfico para o empregado, pois mesmo que os valores devidos sejam pagos, o dano que essa política traz ao obreiro 45 Ementa: INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL. JORNADA DE TRABALHO EXTENUANTE. O dano existencial consiste em espécie de dano extrapatrimonial cuja principal característica é a frustração do projeto de vida pessoal do trabalhador, [...] Indubitável que um ser humano que trabalha por um longo período sem usufruir do descanso que lhe é assegurado, constitucionalmente, tem sua vida pessoal limitada, sendo despicienda a produção de prova para atestar que a conduta da empregadora, em exigir uma jornada de trabalho deveras extenuante, viola o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, representando um aviltamento do trabalhador. O entendimento que tem prevalecido nesta Corte é de que o trabalho em sobrejornada, por si só, não configura dano existencial. Todavia, no caso, não se trata da prática de sobrelabor dentro dos limites da tolerância e nem se trata de uma conduta isolada da empregadora, mas, como afirmado pelo Regional, de conduta reiterada em que restou comprovado que a reclamante trabalhou em diversos domingos sem a devida folga compensatória, chegando a trabalhar por 14 dias sem folga, afrontando assim os direitos fundamentais do trabalhador. Precedentes. Recurso de revista conhecido e desprovido. TST -RR 10347420145150002 (TST). DEJT 13/11/2015. Relator José Roberto Freire Pimenta. Disponível em < https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/255981707/recurso-de-revista-rr-10347420145150 002 >. Acesso em: 02/04/2019. 44 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 43 FROTA, Hidemberg Alves da. Noções Fundamentais sobre o dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll? f= templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/255981707/recurso-de-revista-rr-10347420145150002http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/255981707/recurso-de-revista-rr-10347420145150002 https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/255981707/recurso-de-revista-rr-10347420145150%20002 https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/255981707/recurso-de-revista-rr-10347420145150%20002 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?%20f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?%20f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 13 prevalecerá. Dessa forma, é perceptível o prejuízo, no que tange ao desfrute das coisas boas de sua existência, tanto quando dele são exigidas o cumprimento de horas extraordinárias acima do limite legal, como quando são exigidos uma quantidade tão grande de atribuições que o obriguem a continuar trabalhando mesmo nos períodos de “desconexão", mesmo fora do ambiente laboral, ou semelhantemente quando se sinta tão cansado que não consiga energia para aproveitar seus momentos livres.46 A verificação desses fatos se torna mais preocupante quando se percebe que esse abuso da mão de obra acontece, geralmente, contra a vontade do trabalhador, seja por necessitar desse pagamento extra, seja por não querer correr o risco de ser demitido. Fato é que, independentemente da hipótese, o obreiro estará abrindo mão dos seus momentos de descontração para majorar os lucros da empresa.47 Principalmente, porque segundo Jaboniski e Pavelski48 essas “novas instituições de sequestro privadas”, apoderam-se não somente do tempo de vida do obreiro, mas também de sua individualidade, modelando sua força física, seus pensamentos e atitudes. Outra forma de reconhecimento do dano ora estudado tem sido quanto a não concessão de férias ao trabalhador por um longo período, como pode se verificar em relevante decisão proferida pelo TST, em que o empregador foi condenado ao pagamento por dano existencial por não conceder férias à obreira durante todo o contrato de trabalho, ou seja, por 10 anos, violando, assim, direito personalíssimo e ofendendo a saúde física, psíquica e a vida particular da reclamante.49 49 (...) DANO MORAL. DANO EXISTENCIAL. SUPRESSÃO DE DIREITOS TRABALHISTAS. NÃO CONCESSÃO DE FÉRIAS. DURANTE TODO O PERÍODO LABORAL. DEZ ANOS. DIREITO DA PERSONALIDADE. VIOLAÇÃO. 1. A teor do artigo 5º, X, da Constituição Federal, a lesão causada a direito da personalidade, intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas assegura ao titular do direito a indenização pelo dano decorrente de sua violação. 2. (...) 4. Na hipótese dos autos, a reclamada deixou de conceder férias à reclamante por dez anos. A negligência por parte da reclamada, ante o reiterado descumprimento do dever contratual, ao não conceder férias por dez anos, violou o patrimônio jurídico personalíssimo, por atentar contra a 48 JABONISKI, André Leonardo. PAVELSKI, Ana Paula. O dano existencial decorrente da delinquência patronal. Disponível em < http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-dano-existencial-decorrente-da-delinquencia-patronal > . Acesso em 04/05/2019. p.02. 47 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. 46 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-dano-existencial-decorrente-da-delinquencia-patronal http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 14 Essa falta estratégica no cumprimento das leis trabalhistas por algumas empresas é conhecida como “risco calculado”, que ocorre quando as entidades preferem se sujeitar às cominações legais ao invés de se adequarem ao regramento trabalhista, por observarem que não cumprir as determinações do ordenamento jurídico é mais vantajoso do que as cumprir à risca, já que, por exemplo: Se, em determinada agência bancária, cem trabalhadores estiverem nessa situação e apenas cinquenta ajuizarem a ação, a empresa auferiu um lucro significativo. Ganho aumentado pelo fato de vinte e cinco dos cinquenta que propuseram a ação aceitarem, para outorgar quitação plena dos débitos, cinquenta por cento ou menos do valor que efetivamente lhe é devido. Por fim, quinze dos vinte e cinco trabalhadores recebem menos do que deveriam em razão de seu contrato de trabalho ter se prolongado por mais de cinco anos, deixando, portanto, de receber algumas parcelas alcançadas pela prescrição - de sorte que somente dez dos 100 trabalhadores que se ativaram em regime de sobrejornada efetivamente recebem o que lhes é devido. E ainda assim o empregador em questão lucra com a demora processual, vez que, durante o trâmite da ação, o débito da empresa esteve sujeito a juros de 1% ao mês e o valor contingenciado correspondente a ele estava sendo emprestado no cheque especial ou no cartão de crédito a um percentual superior a 10% ao mês.50 Dessa forma, é possível afirmar que a origem do dano existencial está na “delinquência patronal e no ativismo dos setores de direita”, atuando como se fosse mocinho, defendendo, entre outras coisas, a meritocracia, mas gerando consequências epidêmicas e agindo de forma subversiva, capturando a subjetividade do obreiro, precarizando as condições de vida e, não somente do trabalho, em nome do cientificismo e da eficiência, do economicismo que esconde por detrás dos lucros, expressados por valores numéricos não compreendidos pela maior parte da população, o desespero e a angústia do ser humano que não pode 50 BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 14/03/2019. saúde física, mental e a vida privada da reclamante. Assim, face à conclusão do Tribunal de origem de que é indevido o pagamento de indenização, resulta violado o art. 5º, X, da Carta Magna. Recurso de revista conhecido e provido, no tema. TST-RR-727-76.2011.5.24.0002, de 19/06/2013. Relator: Ministro Hugo Carlos Scheuermann, 1ª Turma Disponível em < http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/economista-que-passou-nove-anos-se m-ferias-sera-indenizada-por-dano-existencial. Acesso em 15/03/2019. http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/economista-que-passou-nove-anos-sem-ferias-sera-indenizada-por-dano-existencial http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/economista-que-passou-nove-anos-sem-ferias-sera-indenizada-por-dano-existencial 15 fazer as escolhas impostas por sua condição de ser livre, ou seja, a escolha de um mal menor, um projeto de vida que jamais se realizará.51 A doutrina vem entendendo que também há possibilidade de condenação ao dano existencial por assédio moral, ou mobbing52, pois quando sujeita a esse mal, a vítima vê sua autoestima ser posta em xeque, podendo vir a padecer de diversas doenças psicológicas, inclusive, perdendo ao longo dos anos o entusiasmo por aquilo que havia planejado, até mesmo quanto aos seus projetos profissionais.53 Ademais, podem haver outros danos à saúde do obreiro, que podem ir, segundo pesquisadores, de sintomas físicos, incluindo-se aqui dores generalizadas, entre outros, até sintomas psíquicos relevantes, como distúrbios do sono, depressão e desejo de suicídio. Causando, além do prejuízo patrimonial,sofrimento, angústia e abatimento, sintomas que caracterizam o dano moral, e também malefícios à tranquilidade, às atividades corriqueiras do indivíduo, podendo causar o dano existencial.54 Principalmente, porque o local de trabalho pode ser um ambiente onde as ofensas aos direitos fundamentais são constantes, não se tratando apenas de violações esporádicas à integridade moral, física, patrimonial e psíquica do obreiro, mas de real impedimento ao gozo do direito ao projeto de vida, bem como incontáveis prejuízos aos relacionamentos pessoais, profissionais e daquelas atividades que, geralmente, dão sentido à sua vida.55 55 BIÃO, Fernanda Leite. Do terror psicológico à perda do sentido da vida: estudo de caso a respeito do assédio moral e do dano existencial no ambiente de trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 255. Set/2010. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f =templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 05/03/2019. 54 LORA, Ilse Marcelina Bernardi. O Dano no Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Set/2010. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway. Dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 10/03/2019. 53 ALMENARA, Janete Aparecida. TST aponta Novo Tipo de Assédio: O Dano Existencial. Disponível em < https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/531976/tst-aponta-novo-tipo-de-assedio-o-dano-existen cial > Acesso em 02/04/19. 52 Assédio moral é a submissão do trabalhador a situações vexaminosas, constrangedoras e humilhantes, de maneira reiterada e prolongada, durante a jornada de trabalho ou mesmo fora dela, em razão das funções que exerce; determinando com tal prática um verdadeiro terror psicológico que resultará na degradação do ambiente de trabalho, na vulnerabilidade e desequilíbrio da vítima, estabelecendo sérios riscos à saúde física e psicológica do trabalhador e às estruturas da empresa e do estado. SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio Moral no Ambiente de Trabalho. Rio de Janeiro: Editora e Livraria Jurídica do Rio de Janeiro, 2005. p. 02. 51 JABONISKI, André Leonardo. PAVELSKI, Ana Paula. O dano existencial decorrente da delinquência patronal. Disponível em < http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-dano-existencial-decorrente-da-delinquencia-patronal > . Acesso em 04/05/2019. p.23. http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f%20=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f%20=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.%20Dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.%20Dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/531976/tst-aponta-novo-tipo-de-assedio-o-dano-existencial https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/531976/tst-aponta-novo-tipo-de-assedio-o-dano-existencial http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-dano-existencial-decorrente-da-delinquencia-patronal 16 Nesse diapasão, o assédio pode resultar no dano aqui tratado quando tomar uma proporção tão grande que afete as relações familiares e laborais, ou mesmo quando destrua projetos indispensáveis à realização pessoal da vítima, de forma a deixá-la sem perspectiva de “um presente e futuro minimamente gratificantes”.56 Destarte, Silva57 aduz que, devido à grande quantidade de perturbações que causa, via de regra, os resultados do mobbing furtam “da vítima possibilidades reais de continuidade de seus projetos de vida, dos mais simples, como a convivência sadia com familiares e amigos, aos mais complexos, vindo, nesse momento, caracterizar a geração do dano existencial”. Dessa forma, diante do poder nefasto que o assédio moral tem, a possibilidade de dano existencial é considerável, devendo sua indenização ser mais robusta que as provenientes de outros danos. Ocorrendo doenças profissionais, o trabalhador deverá, entre outras coisas, provar “(i) a existência da causa nociva reconhecida como assédio moral; (ii) a existência de uma patologia certa e que consiste em um dano indenizável, como o dano à saúde, à capacidade profissional, dano à personalidade; e (iii) o nexo causal entre o mobbing e a patologia”.58 Deve-se comparar o quadro atual e anterior ao evento danoso, visando observar em qual proporção as realizações do indivíduo foram comprometidas, quais as consequências prejudiciais que podem ser percebidas após aos acontecimentos, principalmente porque esse dano lesiona os direitos fundamentais do obreiro, podendo ser sintetizado em violação à dignidade humana.59 Todas essas precauções devem ser tomadas porque, diferentemente do dano moral, não há como se presumir que o dano existencial aconteceu, devendo a sua ocorrência ser devidamente analisada caso a caso, tomando-se os devidos cuidados para não incorrer em erros. 60 60 SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio moral e o dano existencial: breves comentários. Jornal Estado de Direito. < Disponível em http://estadodedireito.com.br/assedio-moral-e-o-dano-existencial-breves-comentarios >. Acesso em 02/04/2019. 59 LOPEZ, Teresa Ancona. Dano Existencial. Revista de Direito Privado, v.15, nº54, pgs 287-302, Jan-março de 2014. p. 292. 58 LOPEZ, Teresa Ancona. Dano Existencial. Revista de Direito Privado, v.15, nº54, pgs 287-302, Jan-março de 2014. p. 295. 57 SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio moral e o dano existencial: breves comentários. Jornal Estado de Direito. < Disponível em http://estadodedireito.com.br/assedio-moral-e-o-dano-existencial-breves-comentarios >. Acesso em 02/04/2019. 56 FROTA, Hidemberg Alves da. Noções Fundamentais sobre o dano existencial. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll ?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 30/03/2019. http://estadodedireito.com.br/assedio-moral-e-o-dano-existencial-breves-comentarios/ http://estadodedireito.com.br/assedio-moral-e-o-dano-existencial-breves-comentarios http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll%20?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll%20?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 17 Embora não haja amplo reconhecimento jurisprudencial sobre a condenação ao dano existencial por assédio moral, pode-se verificar a existência dessa possibilidade, uma vez que em julgado proferido pelo Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, o reclamado só não foi condenado pelo dano existencial porque o empregado não comprovou a ocorrência do assédio moral, entretanto, o magistrado reconheceu que toda a argumentação presente no recurso é de suma importância porque possibilita a reflexão sobre esse tema em ascensão no direito atual.61 Nesse diapasão, Silva62 pugna pela adoção de uma concepção mais abrangente do dano existencial do que a costumeiramente utilizada, possibilitando que o assédio moral seja devida e amplamente reconhecido como uma das hipóteses de ressarcimento pelo dano ao projeto de vida, principalmente pela devastação que esse tipo de assédio causa à dignidade da pessoa humana. Assim, vê-se que pode ser difícil obter êxito em um pedido de dano existencial por assédio moral, porém não impossível, desde que devidamente demonstrados todos os prejuízos causados à existência do trabalhador que sofreu assédio moral, pois como relatado esse fenômeno pode ser devastador na vida do indivíduo, 62 SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio moral e o dano existencial: breves comentários. Jornal Estado de Direito. < Disponível em http://estadodedireito.com.br/assedio-moral-e-o-dano-existencial-breves-comentarios >. Acesso em 02/04/2019. 61 “Assédio Moral: Dano existencial decorrente de terrorismo psicológico e degradação deliberada da integridade, dignidade, das condições físicas e psíco-emocionais do trabalhador mediante conduta de conteúdo vexatório e finalidade persecutória. Inocorrência. Ausência de comprovação de fatos tendentes à desestabilização do trabalhador em seu local de trabalho,em relação aos pares e a si mesmo, com o fim de provocar o despedimento, a demissão forçada ou induzida ou prejuízo das perspectivas de progressão na carreira. Mácula que só se considera existente quando perceptível ao senso comum de indivíduo médio e que possua o condão de afetar negativamente a auto-estima por seu potencial razoavelmente aferível como ofensivo ou degradante a algum dos direitos da personalidade. (.....). O recorrente se valeu de extensa e minuciosa narrativa de fatos supostamente ocorridos ao longo de quase quinze anos de contrato de trabalho para o fim de tentar convencer ter sido vítima do mal em referência, também denominado pela doutrina e jurisprudência como “mobbing”, “bullying” ou “harcèlement” moral. O tema assim denominado vem sendo entendido como espécie de dano existencial decorrente de terrorismo psicológico e degradação deliberada da integridade, dignidade, das condições físicas e psíco-emocionais do trabalhador mediante conduta de conteúdo vexatório e finalidade persecutória. (...) Muito embora o articulado recursal não tenha alcançado o mérito de convencer acerca da existência de fundamentos que justificassem as indenizações pretendidas, teve por aspecto positivo levar à reflexão sobre tema de importante repercussão no Direito atual, bem como quanto à conveniência de ser explorado em causa própria no frescor dos ensinamentos acadêmicos, motivados por desígnios insondáveis ou imperceptíveis à luz da persuasão racional. O julgado de origem não merece reparos.” (TRT- SP, RO - Acórdão Nº: 20070716948, Relator: Luiz Antônio M. Vidigal, de 23/08/2007). Disponível em < http://search.trtsp.jus.br/easysearch /cachedownloader?collection=coleta002&docId=6c5b701d2f559d3fe372a10db47eed1a4a662512& fieldName=Documento&extension=html > . Acesso em 02/04/2019. http://estadodedireito.com.br/assedio-moral-e-o-dano-existencial-breves-comentarios http://search.trtsp.jus.br/easysearch%20/cachedownloader?collection=coleta002&docId=6c5b701d2f559d3fe372a10db47eed1a4a662512&fieldName=Documento&extension=html http://search.trtsp.jus.br/easysearch%20/cachedownloader?collection=coleta002&docId=6c5b701d2f559d3fe372a10db47eed1a4a662512&fieldName=Documento&extension=html http://search.trtsp.jus.br/easysearch%20/cachedownloader?collection=coleta002&docId=6c5b701d2f559d3fe372a10db47eed1a4a662512&fieldName=Documento&extension=html 18 trazendo consequências que podem ser irreparáveis, mas que podem ser, no mínimo, remediadas com a devida indenização. Soares63 defende que o trabalho em condição degradante64 ou em condição análoga à de “escravo”65 pode ser fato gerador do dano ora em análise, uma vez que inviabiliza a autodeterminação do obreiro, impondo sérias limitações e privações a este, alterando, assim, inevitavelmente, a sua rotina, especialmente, nos momentos em que não está à disposição das suas atividades laborais. 65 Art. 1º Para fins de concessão de benefício de seguro-desemprego ao trabalhador que for encontrado em condição análoga à de escravo no curso de fiscalização do Ministério do Trabalho, nos termos da Portaria MTE n.º 1.153, de 13 de outubro de 2003, bem como para inclusão de administrados no Cadastro de Empregadores que tenham submetido trabalhadores à condição análoga à de escravo, estabelecido pela Portaria Interministerial MTPS/MMIRDH n.º 4, de 11 de maio de 2016, considera-se em condição análoga à de escravo o trabalhador submetido, de forma isolada ou conjuntamente, a: I - Trabalho forçado; II - Jornada exaustiva; III - Condição degradante de trabalho; IV - Restrição, por qualquer meio, de locomoção em razão de dívida contraída com empregador ou preposto, no momento da contratação ou no curso do contrato de trabalho; V - Retenção no local de trabalho em razão de: a) Cerceamento do uso de qualquer meio de transporte; b) Manutenção de vigilância ostensiva; c) Apoderamento de documentos ou objetos pessoais. BRASIL. Portaria 1.293 de 28 de dezembro de 2017. Ministério do Trabalho. < Disponível em http://www.in.gov.br/materia/-/assetpublisher/Kujrw0TZC2Mb/content/ id/1497798 >. Acesso em 31/03/2019. 64 Art. 2º Para os fins previstos na presente Portaria: III - Condição degradante de trabalho é qualquer forma de negação da dignidade humana pela violação de direito fundamental do trabalhador, notadamente os dispostos nas normas de proteção do trabalho e de segurança, higiene e saúde no trabalho. BRASIL. Portaria 1.293 de 28 de dezembro de 2017. Ministério do Trabalho. < Disponível em http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZ C2Mb/content/id/1497798 >. Acesso em 31/03/2019. 63 SOARES, Flaviana Rampazzo. Responsabilidade Civil por Dano Existencial. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. p.75. http://www.in.gov.br/materia/-/assetpublisher/Kujrw0TZC2Mb/content/%20id/1497798 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZ%20C2Mb/content/id/1497798 http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZ%20C2Mb/content/id/1497798 19 Corroborando com esse entendimento, a Jurisprudência condenou empregadores ao pagamento de danos morais66 e existenciais67 a trabalhador que laborou durante anos em condição análoga à de escravo, uma vez que, conforme fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, foi constatada a realização de grande quantidade de horas extras, não concessão de férias e de repouso semanal remunerado, bem como permanência obrigatória no local de trabalho, por meio de portaria com vigias, fatos que caracterizam o fato típico de “Redução à condição análoga à de escravo”, previsto no art.14968 do Código Penal Brasileiro. Dessa 68 Redução a condição análoga à de escravo. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I 67 Aduz o Reclamante que a Reclamada ao submetê-lo a uma jornada excessiva, causou-lhe dano existencial, eis que prejudicou suas relações interpessoais com sua família e nos mais diversos ambientes e contextos. [...]. Na análise do caso concreto, vislumbro a existência de um dano existencial, eis cabalmente comprovado que o Reclamante laborava em jornada extremamente exaustiva, comprometendo sua saúde e renunciado de convívio familiar e pessoal, eis que com a jornada que laborava, sem gozar de férias e repouso, tornar-se-ia impossível qualquer convívio social ou êxito em projetos pessoais. O prejuízo em sua vida social é presumido. Neste viés, julgo procedente o pedido de indenização por danos existenciais, condenando as Reclamadas no pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). TRT8-RT-0000718-29.2015.5.08.0129, 4ª Vara do Trabalho de Marabá/PA. Juiz do Trabalho Substituto: Francisco José Monteiro Júnior. 31 de julho de 2015. Disponível em < https://portal-std.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/Processo Conjulgado.aspx >. Acesso em 13/06/2019. 66 O reclamante postula o pagamento de reparação por danos morais [...] Inicialmente há que se registrar que conforme operação realizada em 09 de abril de 2013 pelo Grupo de Fiscalização Móvel nas reclamadas, foi constatada diversas irregularidades tais como excesso de horas extras, ausência de gozo de férias, ausência de repouso semanal remunerado, obrigatoriedade de permanência no local de trabalho mediante portaria com vigias, tendo tais fatos caracterizado o Trabalho na Reclamada como condição análoga a de escravo. [...] Frise-se que o Supremo Tribunal Federal ao analisar o delito em comento, asseverou veementemente que para a configuração do crime do art. 149 do Código Penal, não é necessário que se prove a coação física da liberdade de ir e vir ou mesmo o cerceamento da liberdade de locomoção, bastando a submissão da vítima “a trabalhos forçados” ou a “jornada exaustiva” ou “ a condiçõesdegradantes de trabalho”, condutas alternativas previstas no tipo penal. [...]. Examinando o TRCT acostado aos autos elaborado por Auditor Fiscal do Trabalho, o Reclamante laborava em jornada extremamente exaustiva, havendo 10.944 horas extras não pagas, além de ausência de repouso e férias. Não bastasse, a ação do Ministério Público do Trabalho acostado aos autos ratifica as inúmeras irregularidades na Reclamada que caracterizam indubitavelmente o trabalho em condição análoga a de escravo. Ora, o Réu deixou de garantir condições mínimas de conforto e higiene, submetendo assim, os seus trabalhadores a situação extremamente degradante. Na análise do caso em comento, houve manifestamente o abuso do direito, o que de acordo com o art. 187 do Código Civil configura ato ilícito. O dano restou também amplamente demonstrado eis que qualquer homem médio se sentiria psicologicamente abalado ao ter que laborar em jornadas extenuantes, sem repouso e férias. Por fim, restou comprovado o nexo causal e a culpa. Assim, uma vez comprovados todos os requisitos caracterizadores da responsabilidade civil, julgo procedente o pedido do autor para condenar as Reclamadas a pagar ao Reclamante o montante de R$ 100.000,00 (cem mil reais), considerando o porte da empresa, a gravidade da conduta e ainda o caráter pedagógico da medida. TRT8-RT-0000718-29.2015.5.08.0129, 4ª Vara do Trabalho de Marabá/PA. Juiz do Trabalho Substituto: Francisco José Monteiro Júnior. 31 de julho de 2015. Disponível em < https://portal-std.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/Processo Conjulgado.aspx >. Acesso em 13/06/2019. https://portal-std.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/Processo%20Conjulgado.aspx https://portal-std.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/Processo%20Conjulgado.aspx https://portal-std.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/Processo%20Conjulgado.aspx https://portal-std.trt8.jus.br/consultaprocesso/formulario/Processo%20Conjulgado.aspx 20 forma, entende-se que todas essas condutas geraram prejuízo à saúde do indivíduo e às suas relações pessoais e familiares, tornando impossível a obtenção de sucesso em seus projetos pessoais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dessa forma, vê-se que o dano existencial vem conseguindo, paulatinamente, ganhar espaço no âmbito do direito laboral brasileiro, sendo reconhecido mais amplamente na doutrina e de forma mais tímida na jurisprudência, no entanto, é possível notar seu avanço. Trata-se de dano à vida de relações e/ou ao projeto de vida do obreiro por causa da conduta ilícita do empregador, ferindo assim o direito do trabalhador à liberdade que deve ter para construir a sua vida, planejar e efetivar seus projetos pessoais e assim buscar a felicidade e bem-estar por meio dessas realizações, em qualquer esfera da sua vida privada. Para a sua configuração, é necessário que, além dos danos citados anteriormente, a conduta perdure no tempo e que haja nexo de causalidade entre tal ação ou omissão e o dano sofrido pelo trabalhador, sendo dispensável o prejuízo financeiro, uma vez que se trata de dano extrapatrimonial. É possível o seu reconhecimento quando o funcionário é vítima de LER (Lesões por esforços repetitivos) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho), pois estes males decorrem de movimentos repetitivos executados no exercício da atividade laboral, abrangendo doenças do sistema músculo-esquelético-ligamentar, podendo, assim, se equiparar, em razão do nexo causal ocupacional, à doença ocupacional. – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. BRASIL. CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado .htm >. Acesso em 14/06/2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado%20.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado%20.htm 21 Outra forma mais comum tem sido a condenação quando há sobrejornada excessiva, tendo em vista que, esse acúmulo de trabalho, quando mantido durante algum tempo, impossibilita o obreiro de gozar livremente de seu tempo fora do ambiente laboral. Quando se trata da não concessão de férias por algum tempo, verifica-se o seu reconhecimento, uma vez que o trabalhador tem a garantia do direito às férias exatamente para que possa se desconectar do trabalho e “recarregar as energias” para o próximo ciclo de trabalho e das demais tarefas rotineiras que deseja e/ou precisa efetuar. No que tange ao assédio moral pode-se vislumbrar o dano existencial, já que causa diversos danos à saúde do obreiro, direito fundamental garantido na Constituição da República, além de possíveis prejuízos ao patrimônio e à tranquilidade do indivíduo. Sendo que o trabalhador deve provar que o assédio moral é a causa nociva, que existe uma patologia passível de indenização e o nexo de causalidade entre a patologia alegada e o mobbing. Quando se trata da condição análoga à de escravo ou trabalho degradante pode-se vislumbrar dano existencial, uma vez que a autodeterminação do trabalhador restará limitada ou privada, o que gerará alteração de sua rotina, principalmente, quando fora do ambiente laboral. Ademais, é possível notar diferenças entre dano moral e dano existencial, já que este traz prejuízos às atividades corriqueiras e relacionais do obreiro, gerando efeitos apenas em momento posterior. Já o dano moral é subjetivo e afeta de forma negativa o moral e o ânimo, causando desassossego íntimo e podendo deixar o indivíduo desanimado para a prática de suas atividades diárias. Ambos podem ser cumulados ou reconhecidos individualmente, mas, como vê-se, não se confundem. 22 REFERÊNCIAS ALMENARA, Janete Aparecida. TST aponta Novo Tipo de Assédio: O Dano Existencial. Disponível em < https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/531976/tst-aponta-novo-tipo-de-assedio- o-dano-existencial > Acesso em 02/04/19. BIÃO, Fernanda Leite. Do terror psicológico à perda do sentido da vida: estudo de caso a respeito do assédio moral e do dano existencial no ambiente de trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 255. Set/2010. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:S P2 > Acesso em 02/04/2019. BOUCINHAS FILHO, Jorge Cavalcanti; ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. O Dano Existencial e o Direito do Trabalho. Revista Trabalhista e Previdenciária, nº 284. Fev/2013. Disponível em < http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f= templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 > Acesso em 20/03/2019. BRASIL. CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. Disponível em < http://www.planalto.gov.br /ccivil_03/ LEIS/2002/L10406.htm. Acesso em 02/04/2019. BRASIL. CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. 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Relator: Ministro Hugo Carlos https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/531976/tst-aponta-novo-tipo-de-assedio-o-dano-existencial https://www2.jornalcruzeiro.com.br/materia/531976/tst-aponta-novo-tipo-de-assedio-o-dano-existencial http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.bdr.sintese.com/NXT/gateway.dll?f=%20templates$fn=default.htm$vid=BDR:SP2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm http://www.in.gov.br/materia/-/assetpublisher/Kujrw0TZC2Mb/%20content/id/1497798 http://www.in.gov.br/materia/-/assetpublisher/Kujrw0TZC2Mb/%20content/id/1497798 http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-14439420125150010 http://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/182343323/recurso-de-revista-rr-14439420125150010 https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/322091595/recurso-de-revista-rr-13924220%20145120028/inteiro-teor32209%201681 https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/322091595/recurso-de-revista-rr-13924220%20145120028/inteiro-teor32209%201681 23 Scheuermann, 1ª Turma Disponível em < http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publi sher/89Dk/content/economista-que-passou-nove-anos-sem-ferias-sera-indenizada-p or-dano-existencial. 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