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Piaget Nasceu em Neuchâtel, na Suíça em 1896. Obteve uma sólida formação em Biologia, apurou seu conhecimento de Filosofia e Sociologia, disciplinas das quais foi até professor e manifestou ainda uma compreensão segura de matemática. Desse modo, através de sucessivas pesquisas, foi definindo seu objeto de estudo e desenvolvendo seu método, trazendo, com isto, uma das mais relevantes contribuições à Psicologia e á Educação. Até 1921, Piaget frequentou os laboratórios de Binet, trabalhando na padronização dos testes de inteligência elaborados por este psicometrista. Sua observação concentrou-se, contudo, nos erros cometidos pelas crianças e concluiu que esses erros indicavam estruturas mentais características de determinadas faixas etárias. Alfred Binet (1857-1911) foi um pedagogo e psicólogo francês que ficou conhecido por sua contribuição no campo da psicometria, sendo considerado o inventor do primeiro teste de inteligência, a base dos atuais testes de QI. Psicometria (do grego psyké, alma e metron, medida, medição) é uma área da Psicologia que faz vínculo entre as ciências exatas, principalmente a matemática aplicada - a Estatística e a Psicologia. Sua definição consiste no conjunto de técnicas utilizadas para mensurar, de forma adequada e comprovada experimentalmente, um conjunto ou uma gama de comportamentos que se deseja conhecer melhor. O Psicólogo psicometrista possui, em seu espectro atuacional, características para levar a cabo a definição desta área, bem como para manusear os testes psicológicos de acordo com alguns critérios básicos. Estes são: Validade, Fidedignidade e Padronização. Qualquer teste que se preste à validação e, posteriormente ao uso, deve ser fruto de pesquisas nessa área. Teve contato, também, com os psicanalistas, inspirando-se no trabalho desses profissionais para moldar sua primeira versão de método clínico, que foi, nesta época, semelhante ao modelo de observação utilizado pela psicologia clínica, isto é, individual e casuística. Suas publicações, neste momento, são relatos de suas pesquisas. Casuística, registro de casos observados. Processo de discutir e analisar casos por meio de sutilezas e artifícios. Relacionada com um tipo de pesquisa denominada estudo de caso, ou seja, é um estudo caso a caso. De 1921 a 1930, Piaget procura a lógica da criança através do pensamento verbal e inicia algumas experiências com o uso do método não verbal. Estuda, também, as ideias espontâneas das crianças sobre o mundo físico e começa a interessar-se pelo desenvolvimento moral da criança, associando- o ao desenvolvimento da afetividade. O método clínico sofre uma alteração e passa a incluir uma conversa sobre questões dos testes de Binet-Simon, teste de Burt e testes de Claparède. Psicólogo inglês, Cyril Lodowic Burt nasceu a 3 de março de 1883. Foi amplamente reconhecido pelo seu trabalho sobre o desenvolvimento da análise fatorial nos testes psicológicos e também pelos seus estudos sobre o efeito da hereditariedade na inteligência e no comportamento. Édouard Claparède (1873-1940) foi um neurologista e psicólogo do desenvolvimento infantil, que se destacou pelos seus estudos nas áreas da psicologia infantil, da pedagogia e da formação da memória. Foi um dos mais influentes expoentes europeus da escola da psicologia funcionalista, tendo as suas teorias grande repercussão nos movimentos de renovação pedagógica da primeira metade do século XX. Em 1912 fundou em Genebra o Institut Jean-Jacques Rousseau, uma academia voltada para a investigação e o ensino da psicologia e da psicopedagogia, hoje integrada na Universidade de Genebra. De 1930 a 1940, Piaget estudou as primeiras manifestações da inteligência e o desenvolvimento das funções de representação. Detém-se, ainda, no estudo do desenvolvimento da percepção e da formação dos conceitos (conceito de número, de tempo, de espaço, de ordem, entre outros). A maioria desses trabalhos foi conduzida como verdadeira experiência, com hipótese enunciada, com o controle de variáveis e outros procedimentos característicos da experimentação. O método clínico piagetiano sofre, então, nova mudança, passando a mesclar a agilidade da observação aberta e o rigor do controle experimental. De 1940 a 1955, ocorre uma formalização do método clínico. O interesse de Piaget sofre uma mudança e a problemática na qual ele centra seu estudo é a operação lógica tanto concreta quanto abstrata ou formal. O método clínico se torna essencialmente crítico, pois estabelece a sistemática controvérsia das afirmações do sujeito, não para medir a solidez de suas convicções, mas para captar sua atividade lógica profunda. A novidade metodológica deste período é a convergência (direção em comum para um mesmo ponto) de um método experimental com um método dedutivo. Com essa orientação, Piaget se dedica a estudar a construção de modelos matemáticos que fundamentam as estruturas lógicas e a descrição sistemática dos agrupamentos de operações lógicas concretas e proposicionais. No último período de sua vida, que é posterior aos anos 1950, Piaget se dedicou aos estudos de Epistemologia genética, sendo responsável pela formação, a partir de 1955, de uma equipe multidisciplinar que no Centro Internacional de Epistemologia Genética desenvolveu estudos sobre a Epistemologia das diversas ciências. Para este centro convergem ainda hoje, especialistas de todo o mundo, que durante estágios ali realizados ampliam e divulgam a pesquisa iniciada por Piaget. O sistema piagetiano tem recebido inúmeras designações: epistemológico genético, estruturalista, interacionista, construtivista dialético, cognitivista. A questão que desde o início Piaget se colocou foi: Como tem origem e como evolui o conhecimento? Trata-se de uma pergunta que mereceu dele a abordagem própria de um ramo da teoria do conhecimento, denominado Epistemologia. Segundo o Dicionário Aurélio, Epistemologia significa: Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar seus conhecimentos, sistematizar suas relações, esclarecer seus vínculos e avaliar seus resultados. Epistemólogo é a pessoa que se dedica ao estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já construídas e que visa a determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas. Para Piaget, a Epistemologia compreende “o estudo da constituição dos conhecimentos válidos” Ele foi o criador de um ramo da Epistemologia que denominou Epistemologia Genética e que constitui uma forma de reflexão teórica, no interior das ciências, que estuda as passagens dos conhecimentos “menos estruturados” a estados de conhecimento “mais estruturados”. Procurar compreender o desenvolvimento do conhecimento desde o momento em que a pessoas nasce até o momento em que é capaz de um raciocínio complexo, próprio do filósofo ou do cientista. O objeto de estudo de Piaget era, portanto, o conhecimento e não o desenvolvimento. Como estudava a gênese deste conhecimento, Piaget tornou-se um estudioso do desenvolvimento cognitivo humano, trazendo uma contribuição valiosa para a Psicologia Genética, ramo da psicologia que estuda o psiquismo humano a partir de sua gênese. Piaget procurou descobrir as raízes e o processo de formação dos conceitos de tempo, espaço, causalidade, sem os quais o mundo exterior não seria assimilável e revelou o fato surpreendente de que cada criança desenvolve espontaneamente esses conceitos que, posteriormente, podem ser reencontrados sob a forma de uma elaboração formal e acabada no corpo das diferentes ciências. Devido ao interesse pelo conhecimento como objeto de estudo, Piaget não se deteve em analisar o efeito de muitas variáveis (como a história, a classe social e outros) sobre o desenvolvimento das crianças. Ele buscava compreender oprocesso de construção do conhecimento num sujeito universal, sem ocupar-se de sujeitos particulares, marcados por condições específicas. O sujeito estudado por Piaget é o sujeito epistêmico, isto é, o sujeito do conhecimento. Diferentemente de seus contemporâneos Wallon e Vygotsky. Para Wallon, o objeto de estudo era o sujeito concreto, isto é, o homem inserido em seu contexto de vida e trabalho, portanto pertencente a uma classe social, envolvido com determinados problemas, inserido nas relações de trabalho. Para Vygotsky, o objeto de estudo era o sujeito histórico, isto é, aquele homem marcado pelas condições materiais de sua existência. O sistema piagetiano é denominado, também de estruturalista. Influenciado inicialmente pelo gestaltismo, que combatia a atomização da vida psíquica e defendia seu caráter estrutural, Piaget considerou que esta corrente psicológica lidava com estruturas, mas não se preocupava com sua gênese. Era um estruturalismo sem gênese, enquanto o comportamentalismo constituía um estudo da gênese dos fenômenos psíquicos que não se ocupava das estruturas. Ele propunha um sistema estruturalista genético. “Uma estrutura é um sistema de transformação, que comporta leis ou propriedades de totalidade (por oposição às propriedades dos elementos), e que se conserva ou se enriquece pelo próprio jogo de suas transformações, sem que estas conduzam para fora de suas fronteiras ou façam apelo a elementos exteriores. Uma estrutura compreende características de totalidade, de transformação e autorregulação”. (Piaget, 1970) Um organismo implica uma estrutura que seja receptiva ao meio. A reação de um organismo não é, portanto, simplesmente uma resposta a um estímulo exterior, mas é também a resposta da estrutura subjacente do organismo e só se pode compreender de modo adequado à natureza de um estímulo depois de analisar a estrutura que está na base da resposta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50 Grandes Psicólogos. Noel Sheehy. Editora Contexto,2006. Convite à Filosofia. Marilena Chaui. Editora Ática, 2008. História das Idéias Psicológicas. Antonio Gomes Penna. Editora Zahar, 1981. O que é Psicologia. Maria Luiza S. Teles. Col. Primeiros Passos.Brasiliense. Os Filósofos e a Psicologia. Antonio Gomes Penna. Editora Imago, 2006.
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