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Patologias da placenta e gestação: ASPECTOS DA NORMALIDADE PLACENTÁRIA: Placenta é um órgão ovalado, que pode variar de peso e tamanho, correspondendo ao tamanho do feto. Ela apresenta um cordão umbilical, e possui duas faces, uma voltada para a mãe (face materna) e uma voltada para o feto (face fetal). Essas faces possuem aspectos diferentes, sendo eles: Face materna -> endométrio modificado (decídua) e parênquima placentário (contendo vilosidades coriônicas/vilosidades coriais). Essa face possui aspecto esponjoso e lobulado, formada pelos nódulos placentários, e de aspecto avermelhado; **Decídua possui camadas de fibrina, que permite com que seja criado um plano de clivagem entre a placenta e o útero da paciente, para que ocorra a dequitação (saída da placenta no parto -> importante para que o útero contraia, comprimindo os vasos da região e assim, evitando hemorragia no pós-parto). Face fetal -> revestida por membranas, sendo elas âmnio (mais próxima do feto) e cório (abaixo do âmnio), que normalmente são lisas, finas, transparentes e brilhantes e juntas formam a bolsa que abriga o líquido amniótico. Além disso, é nessa face que encontramos o cordão umbilical, contendo 3 vasos (2 artérias e 1 veia -> são envolvidas pela geleia de warton) com um tamanho médio de 50cm a 60cm de comprimento (caso seja longo demais pode ocorrer circular de cordão, e caso seja muito pequeno, pode limitar a movimentação do bebê, ou até mesmo, ser um fator predisponente para descolamento de placenta). **Alguns cordões umbilicais podem possuir apenas uma artéria no lugar de duas e não necessariamente é patológico. Porém, está muito relacionado a anomalias cromossômicas, e por isso, pode ser considerado um sinal de alerta. Circulação placentária: A placenta tem a função de passar oxigênio e nutrientes para o bebê, sendo que todos os vasos que levam sangue para a placenta, são artérias e todos os vasos que retiram são veias. FISIOLOGIA CIRCULATÓRIA: Sangue que sai do bebê -> vai para a placenta, por meio das artérias umbilicais, que ganham a região do córion e do parênquima placentário, onde se encontram as vilosidades coriônicas (contém vasos, tecido conjuntivo e no seu entorno possui trofoblasto) e o espaço inter-viloso; Sangue sai da mãe -> vai até a placenta por meio das artérias deciduais, e cai no espaço interviloso, banhando assim a região das vilosidades coriônicas, permitindo com que sejam feitas as trocas gasosas de maneira adequada; Sangue rico em oxigênio e nutrientes sai da placenta (vilosidades coriônicas) -> vai até o feto, por meio da veia umbilical; Sangue pobre em oxigênio e nutrientes sai da placenta (espaço inter-viloso) -> vai para a mãe por meio das veias decíduas. **Sangue materno e fetal, em condições normais, não entram em contato, eles apenas ficam próximos, permitindo que ocorram as trocas -> vasos fetais estão dentro das vilosidades coriônicas e vasos maternos estão dentro do espaço inter-viloso. Microscopia normal da placenta: Faculdade Ciências Médicas MG // Patologia Médica II Luísa Trindade Vieira (@medstudydalu) – 72D **ATENÇÃO: Os vasos representados na microscopia são os vasos DO FETO, pois eles estão localizados dentro das vilosidades coriônicas. Além disso, nessa microscopia, também podemos observar um nó sincicial (acúmulo de células do trofoblasto), que podem ser normais, mas em placentas que estão sofrendo de hipóxia e isquemia, eles são encontrados em maior quantidade. **2 tipos de trodfoblastos: CITOTROFOBLASTO e SINCICIOTROFOBLASTO (mais externo, e é o principal responsável pela troca de nutrientes e oxigênio). OBS: O exame da placenta é extremamente importante, devido ao fato da placenta ser um órgão presente apenas na gestação e por isso, ela acaba retratando muito sobre a saúde da mãe e do feto -> Em algumas situações específicas como em gravidezes gemelares, fetos hidrópicos... esse exame seria excelente de ser realizado, porém ele não é feito, muitas vezes, por falta de recursos/estruturas apropriadas para que ele ocorra. PRINCIPAIS DOENÇAS DA PLACENTA/GESTAÇÃO: SANGRAMENTO NA GESTAÇÃO: A primeira pergunta que devemos nos fazer, quando uma paciente apresentar o sangramento, é qual a idade gestacional que a mulher está, pois, algumas hipóteses são mais prováveis na primeira metade da gestação (gravidez ectópica, abortamento e mola), e outras na segunda metade da gestação (placenta prévia e descolamento de placenta). Primeira metade da gestação: Gravidez ectópica: Gravidez que ocorre fora do seu local habitual, sendo que de 90% a 98% dos casos ocorre na tuba uterina, porém, outros locais também são possíveis, como no ovário, peritônio... e a frequência estimada para esse evento é de 1 a cada 100 gestações. FATORES DE RISCO: DIP com salpingite crônica (salpingite crônica, pode distorcer a anatomia da tuba uterina, fazendo com que o ovo, depois de fecundado, não consiga continuar seu percurso e fique preso na tuba uterina se desenvolvendo e se implantando nesse local), presença de aderências (cirurgias prévias, endometriose). COMPLICAÇÃ0: Rompimento da tuba uterina (6 semanas), por não suportar o crescimento fetal no seu interior, acompanhada de dor abdominal, hemorragia, que progride para choque em poucas horas. PROPEDÊUTICA: Exame Beta-HCG alterado, sendo que estará elevado, com o aumento incomum da [ ] -> gravidez normal dobra o valor a cada 48hrs, já na gravidez ectópica, esse valor aumenta mais lentamente. Além disso, o ultrassom pode visualizar uma massa/estrutura alterada, em correspondência com a região da tuba uterina, ou até mesmo a laparoscopia, pois pode-se observar a tuba aumentada de tamanho. **Quando o Beta-HCG positiva, é realizado o ultrassom, e caso não ocorra a presença de saco gestacional, dependendo da idade da gestação (depois da 6ª semana) e do nível de Beta-HCG (saco gestacional aparece quando o nível de Beta-HCG ultrapassa 1500 a 2000), podemos inferir que é uma gravidez ectópica. MACROSCOPIA: Tuba uterina com diâmetro aumentado (diâmetro normal é em torno de 0,5cm), com possível área de ruptura com sangramento (circulado de verde) e presença de embrião (ponta da seta verde). **Para fazer diagnóstico de gravidez ectópica, não é necessária a visualização do embrião. MICROSCOPIA: Presença de vilosidades coriônicas (circuladas de verde) na microscopia da tuba uterina (apontado pela seta pontilhada), com possíveis focos de hemorragia (apontados pela seta verde preenchida), caso tenha ruptura da tuba. Abortamento: Perda do concepto, antes que ele seja viável (feto com 500g ou menos, ou então com menos de 20 a 22 semanas de gestação). Segundo a literatura, cerca de 10% a 15% das gestações resultam em abortamento, mas, após a realização de um estudo com dosagem de Beta-HCG aleatória na população, foi constatado que esses dados são subestimados e que o abortamento abrange cerca de 20% a 22% das gestações. FISIOPATOLOGIA: O abortamento pode ocorrer tanto por causa fetal (anormalidades cromossômicas -> principal causa de aborto precoce – até 12 semanas – sendo que a trissomia do cromossomo 16 está entre as mais comuns anormalidades cromossômicas causadoras de abortamento), como por causas maternas (leiomiomas volumosos, infecções maternas, síndrome do anti-corpo fosfolípede...). MACROSCOPIA: Não é possível trazer um padrão de aspecto macroscópicos, pois existem várias causas e apresentações de abortamento. Doença trofoblástica gestacional: Definida como a proliferação de vilosidades coriônicas, ou de trofoblastos associadas a gravidez. TIPOS DE DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL: - Mola hidatiforme parcial e completa: Pacientes com esse tipo de mola, tem maior chance de desenvolver mola invasiva, ou até mesmo coriocarcinoma. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Sangramento vaginal (massa de vesículas preenchendo o útero, leva ao sangramento), possívelexpulsão de vesículas pelo canal vaginal, elevação alta do Beta-HCG (níveis mais altos do que o esperado em uma gestação gemelar -> principalmente na mola completa). Além disso, ao realizar o ultrassom da paciente, podemos observar as vesículas no interior da cavidade uterina da paciente. FATORES DE RISCO: Pacientes adolescentes ou entre os 40 e os 50 anos de idade. Além disso, existe uma maior incidência da doença no extremo oriente do que no ocidente. PATOGÊNESE: A mola completa se forma, mais frequentemente, por fecundação de um óvulo vazio de material genético, por um espermatozoide 23X, e então, ocorre alguma reação que permite a duplicação desse material genético (exclusivo do pai). Outra possibilidade de formação da mola completa é um óvulo vazio de material genético ser fecundado por 2 espermatozoides 23X ou Y (tem a possibilidade do embrião se tornar 46XX ou 46XY). Já na mola parcial, um óvulo 23X é fecundado ao mesmo tempo por 2 espermatozoides, gerando uma estrutura triploide (69XXX ou 69XXY ou 69XYY -> raro). MORFOLOGIA MOLA COMPLETA: Ocorre a formação apenas de vesículas (aspectos em cachos de uvas -> vilosidades hidrópicas, com ausência de vasos e trofoblastos proliferados), não há a formação de feto, nem de membrana, nem de cordão. **Mola completa pode evoluir para coriocarcinoma. MORFOLOGIA MOLA PARCIAL: Tem áreas de vilosidades normais (apontado pela seta pontilhada) e áreas de vilosidades hidrópicas (apontadas pela seta cheia), além de podermos encontrar partes fetais. - Mola invasiva: Lesão localmente destrutiva, não gera metástase verdadeira, e podemos observar invasão do miométrio pelas vilosidades hidrópicas, associada a proliferação de trofoblastos. CLÍNICA: Sangramento vaginal com aspecto em água de ameixa e níveis séricos de Beta-HCG persistentemente elevados. MACROSCOPIA: Cavidade preenchida por vilosidades hidrópicas que infiltram a parede do útero; MICROSCOPIA: Vilosidades coriônicas no miométrio. - Coriocarcinoma (maligno): Menos comum que a mola hidatiforme (aparece em 1 a cada 20.000 gestações), e podemos observar a proliferação apenas das células trofoblásticas atípicas, malignas e que atingem a capacidade de ganhar corrente sanguínea e gerar metástase -> cerca de 50% dos casos se originam de mola completa, mas ele pode surgir a partir de abortamento, gravidez ectópica, gravidez normal (trofoblasto que continua no corpo da gestante e começa a se proliferar). CLÍNICA: BETA-HCG aumentado, mas não muito, diante da formação de uma massa sangrante e necrótica, fazendo com que os trofoblastos sejam destruídos (trofoblasto que eleva o Beta-HCG, e com a necrose deles, temos a queda dessa concentração). MACROSCOPIA: Massa que infiltra a parede uterina com aspecto necro-hemorrágico; MICROSCOPIA: Células trofoblásticas atípicas, com uma área mais rosa, representando a parte necrosada do tumor. Segunda metade da gestação: Placenta prévia: Placenta de implantação baixa, ou seja, ela se localiza muito próximo do óstio interno ou recobre o canal cervical -> Não tem decídua nessa localização, e ela se dispõe de uma maneira inadequada, podendo ocorrer uma espécie de separação do tecido placentário. CLÍNICA: Ocorre sangramento, por essa “separação” do tecido placentário, sendo que esse sangramento ocorre sem fator predisponente, além de ter uma tonalidade vermelho vivo, e ao palpar o abdome não existe hipertonia uterina, ou qualquer contratilidade uterina aumentada (paciente não se queixa de dor abdominal). **Placenta prévia só pode ser diagnosticada após o período de 28 a 32 semanas de gestação, pois até esse período, a placenta ainda migra sua localização, com o crescimento uterino (ela se implanta em localização mais baixa e vai subindo). TIPOS DE PLACENTA PRÉVIA: Marginal (implantação baixa e sua margem está muito próximo ao óstio interno do útero), Parcial (borda da placenta recobre parcialmente o óstio interno do útero) e Total (placenta recobre totalmente o óstio interno do útero -> não deve ser feito exame de toque de repetição nessas pacientes, para evitar predisposição de sangramento, além de não poder ser realizado o parto normal). MACROSCOPIA DE PLACENTA PRÉVIA TOTAL: Apontada pela seta verde cheia, está o óstio interno do útero, recoberto pela placenta da paciente. Descolamento prematuro de placenta: Separação de parte da placenta do útero, antes que ocorra o trabalho de parto, sendo que está diretamente associada a hipertensão ou a causa de hipertensão. FATORES DE RISCO: Pacientes usuárias de drogas (crack, cocaína), cordão umbilical muito curto (tração do cordão pode puxar a placenta), pacientes que passaram por trauma abdominal... CONSEQUÊNCIAS DO DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA: Forma uma coleção de sangue retro- placentário (entre a placenta e o útero), levando a um sangramento vaginal de tonalidade vermelho escuro, juntamente com hipertonia uterina e queixa de dor abdominal. EMERGÊNCIA OBSTÉTRICA -> Há uma grande chance de sofrimento fetal agudo e a complicações maternas, sendo essa patologia, associada a uma alta morbimortalidade materna (grande volume de sangramento, podendo evoluir para choque) e fetal (sofrimento por hipóxia, podendo evoluir a óbito, ou com sequelas para o resto da vida). DIAGNÓSTICO: Presença de hipertonia e o tipo de sangramento que diferencia o descolamento prematuro de placenta e placenta prévia. MACROSCOPIA: Presença de hematoma retro-placentário, com área de depressão da placenta. INFECÇÕES PLACENTÁRIAS: Divididas em 2 grandes grupos: Infecções ascendentes: São as mais comuns, sendo que são bactérias (E. coli é a mais comum) que entram pelo canal vaginal e sobem até o útero e atingem a face fetal da placenta, ocasionando a corioamnionite (inflamação do âmnio e do cório) e a funisite (inflamação de cordão umbilical. Esse processo é agudo, fazendo com que o líquido amniótico se torne turvo, fétido, amarelado (faz com que as membranas fiquem espessas, opacas e com aspecto amarelado) e à microscopia, observamos presença de infiltrado inflamatório de polimorfonucleares na região (figuras da direita -> figura de cima com menor aumento e a de baixo com maior aumento na região do âmnio e cório). Diante da liberação desse infiltrado na membrana, é comum que possa ocorrer ruptura de membrana, levando a um parto pré-termo ou até mesmo, dependendo da idade gestacional, a um abortamento. Infecções hematogênicas: A infecção vem do sangue materno e atinge o espaço interviloso, para ocorrer a troca gasosa e de nutrientes com as vilosidades coriônicas, por meio das artérias deciduais -> ocasiona a vilosite. DESTAQUE -> Dar destaque para as TORCHES (infecções maternas em que o neonato pode ser afetado pela infecção, causando ou não sequelas para o resto da vida). VILOSITE -> Aspecto crônico de infecção, com infiltrado inflamatório predominantemente de mononucleares (imagem abaixo). PRÉ-ECLÂMPSIA: Definida como uma doença sistêmica que pode ser caracterizada por disfunção do endotélio materno de maneira difusa. CLÍNICA: Doença se manifesta como uma hipertensão e proteinúria -> antigamente o edema difuso era considerado um dos aspectos clínicos dessa patologia, mas, atualmente não é considerado o edema como um achado da pré-eclâmpsia, pois as grávidas já possuem quadros de inchaço difuso, logo, não é uma característica típica da doença. Essa patologia afeta cerca de 3% a 5% das gestações, especialmente as primíparas (que estão na primeira gestação), e classicamente na segunda metade da gestação. **ATENÇÃO: Não confundir pré-eclâmpsia com eclampsia, pois para a patologia ser considerada eclampsia, a gestante deve ter convulsões. Síndrome HELLP: Ocorre em 10% dos casos e significa hemólise em pequenos vasos (hemólise microangiopática), elevação de enzimas hepáticas e baixa de plaquetas. PETOGÊNESE: Autores ainda nãosabem todos os fatores que desencadeiam essa doença, mas se sabe que a placenta é um causador essencial, visto que a única forma de cura da doença é a retirada da placenta (a doença pode ser controlada e observada durante a gestação, mas só se obtém a cura após a retirada). PROCESSO FISIOLÓGICO: Vasos deciduais e artérias espiraladas são modificadas durante o período da gestação para que ocorram as trocas gasosas e de nutrientes adequadas da mãe para o feto, e para isso, os citotrofoblastos invadem a parede das arteríolas espiraladas e destroem a camada muscular da parede, por meio das proteases e integrinas produzidas pelos citotrofoblastos -> COM ESSA DESTRUIÇÃO, ESSES VASOS SE TORNAM DE BAIXA RESISTÊNCIA E DE ALTO FLUXO. **Essa invasão citotrofoblástica ocorre 2 vezes na gestação, sendo 1 no início da gestação, realizando um processo parcial de adaptação e a outra entre 16 a 20 semanas de gestação, fazendo com que essa adaptação das artérias espiraladas se torne completa -> 20 semanas de gestação, a gestante já deve estar com a adaptação completa desses vasos. PROCESSO FISIOPATOLÓGICO: Na pré-eclâmpsia, por algum motivo, muitas vezes não explicado, o citotrofoblasto não invade de maneira eficaz a parede do vaso, fazendo com que as artérias espiraladas permaneçam com baixo fluxo e alta resistência, levando ao não abastecimento adequado da placenta. PLACENTA EM ESTADO DE HIPÓXIA -> libera fatores de maneira sistêmica para a redução da produção de NO, ocasionando a vasoconstrição em todo o corpo da mulher (possui repercussão variada, desde quadros mais brandos, até quadros mais graves), além de ocorrer a redução da vasogênese placentária. **OBS: Assim como explicado anteriormente, em azul, a adaptação total das artérias espiraladas ocorre apenas até a 20ª semana de gestação e é justamente por isso, que o quadro de pré-eclâmpsia é esperado apenas após a 20ª semana. MORFOLOGIA: Na macroscopia podemos observar uma parte brancacenta na placenta, que corresponde a uma área de infarto placentário (hipóxia). Já na microscopia, podemos observar uma área pálida, necrótica, em que não conseguimos perceber mais a delimitação adequada das vilosidades coriônicas -> também pode ser observada aterose aguda (arteropatia decidual -> região dos vasos deciduais, podemos encontrar macrófagos espumosos - com conteúdo lipídico - em seu interior) e alterações de Tenney-Parker (vilosidades coriônicas -> ficam reduzidas de tamanho, ocorre espessamento da membrana basal e aumentarão os números dos nós sinciciais -> esse aumento de nós sinciciais não ocorre somente em casos de pré-eclâmpsia, ele ocorre também em outras situações de hipóxia placentária). **Arteropatia decidual não é patognomônica da pré-eclâmpsia, pois ela aparece em outras situações de hipóxia placentária. Logo, ela é ENCONTRADA TAMBÉM na pré-eclâmpsia, mas não só nela. ACRETISMO PLACENTÁRIO: Vilosidades coriônicas aderidas diretamente no miométrio, ou seja, não existe decídua (endométrio modificado), logo não existe camadas de fibrina para servir como plano de clivagem (descolamento placentário após o parto) -> placenta fica em parte retida no útero da paciente no pós-parto, fazendo com que o útero não consiga se contrair, levando ao não “fechamento” dos vasos localizados nessa região, resultando em sangramento volumoso. FATORES DE RISCO: Presença prévia de cesária não possui endométrio, apenas fibrose), caso de placenta prévia (a região em que a placenta se instala não possui endométrio), pacientes que já foram submetidas a curetagem uterina profunda (não possui endométrio, apenas fibrose). TIPOS DE ACRETISMO PLACENTÁRIO: Placenta acreta (vilosidades aderidas superficialmente no miométrio), placenta increta (vilosidades aderidas profundamente no miométrio) e placenta percreta (vilosidades aderidas em toda a espessura do miométrio -> pode causar ruptura uterina). CLÍNICA: Paciente pode ter uma hemorragia volumosa, podendo em alguns casos levar a necessidade de retirada do útero após o parto. DIAGNÓSTICO: É possível ser detectada no ultrassom, em alguns casos -> Importante de ser diagnosticada anteriormente ao parto para um melhor preparo para lidar com a patologia e para um melhor preparo da paciente, principalmente com relação aos possíveis procedimentos necessários no pós-parto. - Placenta increta apontada pela seta cheia; - Colo do útero circulado de verde; - Parede do útero apontada com a seta pontilhada. A paciente em questão, possui 2 diagnósticos, visto que a placenta também cobre completamente o colo do útero -> Placenta prévia e acretismo placentário GESTAÇÃO GEMELAR: Ocorre cerca de 1 a cada 80 gestações, tendo como fatores predisponentes o histórico familiar, as técnicas de reprodução assistida e o uso de medicamentos indutores de ovulação. Esse tipo de gestação pode ser classificada de diferentes formas: Em relação ao ovo: DIZIGÓTICAS: 2 ovos, sendo 2 indivíduos geneticamente diferentes -> 70% das gestações gemelares, sendo que em todos os casos, são diamniônicas e dicoriônicas; MONOZIGÓTICAS: 1 ovo, que se dividiu formando 2 indivíduos geneticamente iguais -> 30% das gestações gemelares, sendo que se a divisão celular em 2 indivíduos ocorra até 4 dias após a fecundação, espera-se que estes sejam dicoriônicos e diamniônicos (ocorre separação das bolsas e das placentas), mas, caso essa separação ocorra entre 4 a 7 dias, serão 2 indivíduos, diamnióticos, mas monocoriônicos (ocorre separação das bolsas, mas não ocorre da placenta), ou caso a separação ocorra entre 8 a 12 dias pós fecundação, serão 2 indivíduos monoamniônicos e monocoriônicos (1 bolsa e 1 placenta). Em relação a placenta: DICORIÔNICAS: 2 placentas; MONOCORIÔNICAS: Apenas 1 placenta (é possível apenas em gêmeos monozigóticos). COMPLICAÇÕES RELACIONADAS A MÃE: Bebês nascidos com baixo tamanho, baixo peso, ou ambos, gestantes que apresentam com mais frequência hiperemese gravídica, pré-eclâmpsia... COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AOS FETOS EM SI: Quando a divisão, do ovo em 2 indivíduos, ocorre entre 13 a 15 dias após a fertilização, ocorre a formação dos gêmeos conjugados (pode ocorrer de diversas formas). Além disso, pode ocorrer anastomoses vasculares entre os fetos monocoriônicos -> SÍNDROME DA TRANSFUSÃO FETO- FETAL, ou seja, ocorre a transfusão de sangue de um feto para o outro, sendo 1 o doador, e o outro o receptor, levando a repercussões deletérias nos 2 fetos (DOADOR não recebe nutrientes adequadamente; RECEPTOR recebe sangue em excesso podendo levar a uma insuficiência cardíaca grave). Síndrome da transfusão feto-fetal, sendo que o feto à esquerda é o doador e o da direita o receptor. Gêmeos conjugados.
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